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RESUMO
O presente trabalho tem por tema principal a mediação e o futuro do profissional do Direito,
objetivando dissecar sobre os meios apropriados de resolução de conflito, especialmente
regulamentados na Resolução 125 do CNJ e também presente no Novo Código de Processo
Civil. Evidenciando a importância e a necessidade do estimulo pelas formas consensuais de
resolução de litígios, para sanar o problema de superlotação do judiciário e para dar ao cidadão
a oportunidade de ter uma participação mais ativa no tocante a busca de seus direitos, lhe
proporcionando mais qualidade de vida. Desta forma, ainda veremos que tal ordem jurídica
modificou a rotina e a forma de atuar dos profissionais do Direito. Também destaca-se que o
desafio da adoção dos meios apropriados de resolução de conflito, como melhor forma de
resolução de conflito é constante, já que se trata de um dispositivo legal relativamente novo.
Porém já é possível observar sua contribuição para o meio jurídico, como mostrou a pesquisa
realizada nos dois Cejuscs da cidade de Caxias-Ma. O resultado é conciso ao demostrar que os
estudos e números referentes aos meios apropriados de resolução de disputas são relevantes,
afirmando a crescente importância quanto aos novos meios de resolução de conflitos.
Palavras-chave: Mediação. Resolução de Conflitos. Litígio.
ABSTRACTC
The main theme of this work is mediation and the future of legal professionals, with the purpose
of dissecting on the appropriate means of conflict resolution, especially those regulated in
Resolution 125 of the CNJ and also present in the New Code of Civil Procedure. Highlighting
the importance and the need to stimulate consensual forms of dispute resolution, in order to
remedy the problem of overcrowding in the judiciary and to give citizens the opportunity to
have more active participation in the pursuit of their rights, providing them with a better quality
of life. Thus, we will still see that such legal system has changed the routine and the way of
acting of legal professionals. It is also important to highlight that the challenge of adopting the
appropriate means of conflict resolution, as the best way to solve conflicts, is constant, since it
is a relatively new legal device. However, it is already possible to observe its contribution to
the legal environment, as shown by the research conducted in the two Cejuscs in the city of
Caxias-Ma. The result is concise in showing that the studies and figures regarding the
1 Graduando em Direito pela Faculdade do vale do Itapecuru – FAI, Mediador Judicial. E-mail:
hayllan.heymonf@gmail.com
2 Advogada, mediadora e instrutora de mediação pelo CNJ, especialista em Direito e Processo do Trabalho,
INTRODUÇÃO
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
Toda pessoa tem direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal
contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza
civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer natureza (Artigo 8º, 1, da Convenção
Interamericana sobre Direitos Humanos - São José da Costa Rica).
Além disso, também foi encontrado este dispositivo jurídico no corpo do Novo Código
de Processo Civil (2015), mais especificamente em seu Art. 3°, que diz” Não se excluirá da
apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito, ressalvados os litígios voluntariamente
submetidos à solução arbitral, na forma da lei”.
Sendo assim, todo dispositivo jurídico citado, acerca da democratização da justiça e sua
inafastabilidade, bem como a implementação de normas processuais para estes fins que ainda
será visto, naturalmente compões o que pacificamente denominasse de cultura do litigio.
Tudo isso fez com que, a busca da efetividade da garantia constitucional do acesso à
justiça, o Estado tomasse providência, na construção de ações afirmativas capazes de tornar
fácil e célere o ingresso das pessoas no Poder Judiciário, bem como a efetividade à tutela
jurisdicional.
A título de exemplo, pode ser citado algumas leis que foram criadas com essa intenção.
a) Lei Complementar nº 80/94: que criou a Defensoria Pública, permitindo a assistência
jurídica, a garantia da busca pelos direitos humanos e a defesa, em qualquer que seja o grau de
jurisdição, judicial ou extrajudicial, tanto dos seus direitos individuais quanto coletivos, de
forma gratuita aos necessitados (art. 1º); b) Lei nº 1.060/50: que possibilita as pessoas em
situação de extrema pobreza, acessarem o judiciário de forma gratuita, através da concessão da
assistência judiciária (art. 1º); c) Lei nº 9.099/95: qual compõe os Juizados Especiais Cíveis, no
intuito de que sejam processadas e julgadas as causas cíveis que sejam de menor complexidade,
também de forma gratuita etc.
Tendo em vista essas ponderações, pode ser afirmado que a efetividade da garantia
constitucional de acesso à justiça, somada a cultura do litígio, esplanada na seção anterior, estão
intrinsicamente ligadas ao abarrotamento do poder judiciário. Na medida em que a justiça
brasileira está cada vez mais de fácil acesso, reflete facilmente nos números de ações que são
ajuizadas periodicamente.
Números esses que são demostrados no próprio portal do Concelho Nacional de Justiça-
CNJ, que a título de exemplo publicou em seu relatório anual os números de novas ações
ajuizadas no ano de 2018 “Em média, a cada grupo de 100.000 habitantes, 11.796 ingressaram
com uma ação judicial no ano de 2018” (2019, p.84). É importante ressaltar que “Neste
indicador, são computados somente os processos de conhecimento e de execução de títulos
extrajudiciais, excluindo, portanto, da base de cálculo as execuções judiciais iniciadas” (2019,
p. 84)
Perceba que não estamos aqui criticando a efetividade ou a democratização da garantia
constitucional do acesso à justiça, ou a ela tão somente atribuindo todos os problemas que são
hoje encontrados nos órgãos do Poder Judiciário. Na verdade, será abordado a cronologia, indo
desde os primeiros passos, que ocorreram no fim da década de 80, com a promulgação da
Constituição da República Federativa do Brasil, até hoje. Com a necessidade de aprimoramento
pelas outras leis citadas, é possível perceber que também foi um desafio para o Estado, bem
como para os construtores do Direito, tornar efetivo tal dispositivo jurídico, em uma sociedade
tão desigual.
Através da criação de novas leis com a finalidade de aprimorar tal garantia
constitucional, visando sua efetividade, deverá ocorrer a diminuição dos números exorbitantes
de processos que hoje são encontrados no judiciário para despacho. Como exemplo claro de
que, com a intervenção do Estado, através de ações afirmativas e de políticas públicas, que caso
usadas da mesma forma, pode ser elevado ainda mais o reconhecimento destes meios
apropriados de solução de disputas.
Exemplo claro e relevante sobre a necessidade da intervenção estatal, quanto a
modificação dos mecanismos jurídicos, dando ênfase à matéria da mediação, foi a do próprio
Código de Processo Civil de 73 (CPC/73) que em sua vigência, era preciso que o juiz atentasse
para o rito processual legal, não podendo flexibilizar a atuação dos sujeitos processuais. Desta
forma, as partes não tinham maior possibilidade de interação para negociação dentro do
processo, pois este não poderia alterar seu curso processual legal.
Trocando em miúdos, o processo, ou meio judicial em que se transforma o direito em
fato, deveria sempre ser regido pelo Estado, com pouco espaço para modificação pelas partes e
até mesmo pelo juiz, restando evidente a necessidade de alteração da legislação processual,
caso a intenção do legislador fosse algum dia dar vez às formas apropriadas de resolução de
disputas.
Mais tarde, com a criação da lei de número 9.307 de 23 de setembro de 1996,
proposta por Marcos Maciel, decretada pelo Congresso e sancionada Fernando Henrique
Cardoso de Melo, na época Presidente da República, em seguida validada pelo STF, por maioria
absoluta, vigorando efeito em 60 dias. Isso começou a se flexibilizar, era a criação da lei da
Arbitragem, que obteve relevância no direito brasileiro, pois o laudo arbitral ganhou status de
sentença judicial, isso significa que não carecia mais de homologação pelo judiciário, para sua
validade.
A etimologia é uma palavra que origina do termo concílio, advindo do latim concilium
que, segundo os romanos, significa um grupo de pessoas reunidas, uma reunião de conselheiros.
Concilium que origina dos termos latinos “com”, que é o mesmo que “juntos”, e “calare”, que
é o mesmo que “chamar”, de “convocar” ou de “conclamar”. Para SOARES:
Na mediação, o que se quer é recuperar o diálogo entre as partes, sanar possíveis ruídos
que podem estar impedindo a conversa delas. Desta forma, elas são quem tem o poder de
decisão. As técnicas da abordagem do mediador devem primeiramente reestabelecer o diálogo
para que em outro momento o conflito possa ser tratado. Na mediação não carece de
interferência ou intervenção, as partes conflitantes chegam a um acordo por elas mesmas, se
fazem construtoras de suas próprias soluções.
Os conflitos que envolvem família e vizinhança, a título de exemplo, por vezes são
resolvidos simplesmente por se sanar os ruídos de comunicação que há entre elas, estabelecendo
um diálogo respeitoso entre as partes.
Ao passo que a conciliação é mais adequada quando se tem uma vista mais clara quanto
ao litígio, ao problema que assola os envolvidos. A consequência é indiscutivelmente e
visivelmente a real causa do conflito, não havendo ruídos na comunicação, as partes têm
conversa estabelecida, não é isto que as impede de terem uma conduta positiva. Ao contrário
do mediador, o conciliador deve ter e usar de sua prerrogativa para sugerir um acordo entre
elas, sempre usando de imparcialidade. Sugestão de acordo está, que poderá ser acatada pelas
partes ou não.
É importante ressaltar que apesar de inicialmente à lei de nº 13.105 de 16 de março de
2015, ter sido o mecanismo jurídico que veio estabelecer de fato e regulamentar os meios
apropriados de resolução de disputas, porém na própria Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988, em seu Preambulo, já trouxe de forma sutil o assunto.
Para atender aos Juízos, Juizados ou Varas com competência nas áreas cível,
fazendária, previdenciária, de família ou dos Juizados Especiais Cíveis e
Fazendários, os Tribunais deverão criar os Centros Judiciários de Solução de
Conflitos e Cidadania (“Centros”), unidades do Poder Judiciário,
preferencialmente, responsáveis pela realização das sessões e audiências de
conciliação e mediação que estejam a cargo de conciliadores e mediadores, bem
como pelo atendimento e orientação ao cidadão.(BRASIL, 2010)
Com base na pesquisa vimos que, foram quase 400 (quatrocentos) processos que não
tramitarão no judiciário, quantidade essa de processos que foram resolvidos em sua fase pré
processual como prevê a resolução 125 do Conselho Nacional de Justiça, o que nos leva as
vantagens que os novos meios de resolução de conflitos podem trazer a uma sociedade,
distanciando as partes conflituosas do ambiente do poder judiciário, as poupando dos gastos
econômico, da morosidade e de todo e qualquer desgaste físico e emocional que envolvem este
processo de judicialização, as tornando protagonistas na hora da resolução de seu conflito,
contribuindo significativamente para a não superlotação do Poder Judiciário, consecutivamente
proporcionando qualidade de vida para seus munícipes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo aponta para a conquista de novas formas de agir através dos meios
culturais de solucionar conflitos, diante de uma sociedade que se estruturou com a visão de uma
cultura litigiosa e posterior de fácil acesso à justiça, contribuindo para a abarrotamento do
judiciário. Como apresentado, agora, é mais interessante no processo de busca por Direitos, no
momento em que se está diante de pretensões contrarias, que as próprias partes, possam optar
por meios mais apropriados de resolução de disputas, numa escolha civilizada e vantajosa na
hora de resolver contendas, dispensando a morosidade, os gasto econômico demasiado, bem
como o desgaste físico e psicológico de um processo judicial, afirmando a mediação como
melhor forma de resolução de disputa.
Da mesma forma os profissionais do Direito também possam a direcionar aqueles que
os avocarem, para o caminho da mediação sempre que possível, ou no mínimo informar para
os clientes sobre todas as formas de resolver conflitos deixando que o seu cliente escolha por
qual via seguir, cumprindo assim o disposto na legislação aqui apontado.
Diante da evolução histórica da mediação e conciliação foi possível ver que a CRFB/88,
mostrou iniciativa para o desenvolvimento destes meios, bem como posteriormente a Resolução
125 do Conselho Nacional de Justiça surgiu como marco legal para a matéria, tratando de
regulamentar a profissão de mediador judicial e intitulá-los auxiliares da justiça, estabelecendo
a criação dos Centros, demostrando cuidado separado do judiciário. Em seguida reafirmado no
Código de Processo Civil de 2015, desta forma, o construção legal do instituto da mediação
obriga os advogados bem como os demais profissionais do Direito, a promoverem essas
modalidades de solucionar contendas, para que se familiarizem a criar instrumentos próprios,
ou em consonância com a mediação, para a melhoria do desempenho do exercício da profissão.
Restando estabelecida denotada mudança necessária e exigida, para o engajamento do
profissional do Direito, para o futuro das formas de resoluções apropriadas de disputa. Drástica
mudança de comportamento, advinda da aceitação destas novas normas que conduzirão os
procedimentos no judiciário, agindo de forma menos formalista, e atentos à relevância das
novas técnicas de solução de disputas elencadas pelo Conselho Nacional de Justiça e pela
legislação brasileira, que estabeleceram uma nova maneira de proceder para estes profissionais.
Também restou clara a necessidade e importância do Estado, com relação a sua
necessidade e responsabilidade de realizar ações afirmativas adequadas e o suporte financeiro
preciso para que o novo sistema de resolução apropriada de disputas alcance os pontos
propostos, no constante anseio da construção de uma sociedade igualitária, pacificadora e com
qualidade de vida, em consonância com os preceitos pacifica e indiscutivelmente estabelecidos
na Constituição da República Federativa do Brasil, sobre cidadania e a dignidade da pessoa
humana.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, André Gomma (org.). Estudos em arbitragem, mediação e negociação: Brasília: Grupos
de Pesquisa, 2004. P.g. 3.
BRASIL, 2015, Novo Código de Processo Civil. Brasília: DF: Senado Federal, Vade Mecum,
Saraiva 2018, p. 298.