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EXMO. SR. DR.

UIZ DE DIREITO DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS DE DEFESA DO


CONUSMIDOR DA COMARCA DE SALVADOR – BA.

JÚLIA KAROLINE SANTANA DE BAARROS, brasileira,


solteira, estudante, filha de Emanuele Bispo Santana e Fabrizio Sylvester de Barros,
portadora do CPF nº 090.452.275-09, residente e domiciliada na Travessa Jerusalém, nº
2ª, Boca do Rio, CEP 41.705-470, Salvador – Ba., vem, através de seu advogado que a
esta subscreve, com endereço profissional constante na procuração, à presença de V.
Exa., propor a pressente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MOARAIS E MATERIAIS
contra a NUBANK, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº
39.505.350/0001-45, com sede na Rua Capote Valente, nº 39, Pinheiros, São Paulo - SP, CEP:
05409-000, endereço eletrônico:todomundo@nubank.com.br, telefone: 4020-0185, consoante
os fatos e fundamentos jurídicos à seguir expostos:

DOS FATOS

Informa a autora ser cliente da acionada há mais de dois


anos, sendo titular da conta corrente nº

Contudo, informa que, sem nenhum aviso prévio, a


acionada cancelou a conta bancária e o cartão de crédito da Autora, mantendo
bloqueado um valor de R$ 100,00 (cem reais), bem como impedindo a mesma de ter
acesso ao sistema do banco através do aplicativo.
Impede destacar que a Autora é estudante, na sua conta
bancária tinha um valor de aproximadamente R$ 100,00 (cem reais), tendo esse valor
bloqueado a revelia da mesma, sem mesmo ter sido informada.

Vale ressaltar que a Autora entrou em contato diversas


vezes com a acionada, para saber o que houve e nunca obteve uma resposta que
justificasse tal ação do banco, conforme protocolos nº 00091993215, 00091829608,
00091517985, 00091007157.

Exa., como se não bastasse o cancelamento sem


comunicação prévia de sua conta, o bloqueio de valores lá constantes, e proibido o
acesso da mesma ao aplicativo do banco, a Acionada simplesmente efetuou a
negativação do CPF da Autora, sob a alegação de existia um débito em seu nome, porém
a autora desconhece tal débito.

Outrossim Exa., a autora está seriamente prejudicada, uma


vez que a única conta bocaria e cartão de crédito que possuía era da Acionada, estando
cerceada ilegalmente de utilizar os serviços e realizar compras de gênero de primeira
necessidade.

Não é crível a Acionada cancelar a conta bancária e o


cartão de crédito da Autora, bem como bloquear valores lá existentes e ainda por cima
negativar o CPF da mesma sem ao menos justificar tal ação, para que lhe fosse dado o
direito ao contraditório e a ampla defesa.

Desta forma, não restou outra opção a autora senão


ingressar no judiciário, a fim de conseguir uma liminar pra retirada do seu nome do
cadastro dos negativados, bem como a condenação da Acionada em danos morais, pelo
transtorno causado a Autora.

DO DIREITO

O réu, ao prestar serviço de má qualidade não solucionando o


problema, deve responder pelos danos morais e materiais causados ao autor. Tal
responsabilidade é objetiva, com fulcro no art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, “in
verbis”:
Art. 14- O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Em relação ao dano efetivamente causado, podemos recorrer à


legislação pátria a fim de embasarmos a causa de pedir em relação ao dano material e moral, na
presente ação, tendo em vista o artigo 5º, incisos V e X, da Constituição Federal, que dispõem:

Art. 5°- INCISO V-“ é assegurado o direito de resposta,


proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem;”

Art. 5°-INCISO X-“ são invioláveis a intimidade, a vida privada,


a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;”

Ademais, constata-se que o novo Código Civil acolhe de forma


mais expressiva a possibilidade de reparação dos danos causados a alguém, consoante se pode
verificar mediante o disposto no artigo 186, in verbis:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito."

DA INVERSÃO DO ONUS DA PROVA

É cediço que, sabiamente, o Código de Defesa do Consumidor -


artigo 6º, inciso VIII - prevê esta inversão do ônus da prova em favor do consumidor, pois é
evidente que, em determinados casos, o consumidor não terá acesso a outros dados que a Ré
detém, face ao seu monopólio de informações pertencentes em seu respectivo banco de dados.

Nesse desiderato, evidencia-se a necessidade de aplicação do


quanto preceituado no dispositivo supracitado, haja vista que apenas os acionados têm as
informações dos seus bancos de dados. Desta feita, o Código de Defesa do Consumidor
menciona:
Art.6º. São direitos básicos do consumidor: VIII – a facilidade da
defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova a seu favor, no processo civil,
quando a critério do juiz for verossímil a alegação ou quando for hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiência.

Além disso, segundo o Princípio da Isonomia, todos devem ser


tratados de forma igual perante a lei, mas sempre na medida de sua igualdade. Ou seja, no caso
ora debatido, a Autora realmente deve receber a supracitada inversão, visto que se encontra em
estado de hipossuficiência, uma vez que disputa a lide com Ré de grande poderio financeiro, que
possui maior facilidade em produzir as provas necessárias para cognição do Excelentíssimo
Magistrado.

Há de se ressaltar ainda a verossimilhança das alegações,


comprovadas através do robusto arcabouço probatório anexado aos autos deste processo.

DO DANO MORAL

Noutro giro, incontestáveis são os danos morais no caso


concreto, uma vez que o autor tem passado por sérios transtornos em virtude da conduta da ré
e que estão presentes na situação em análise todos os requisitos exigidos para fins de
responsabilização da ré pelos danos morais causados.

A conduta, qual seja a de fazer o lançamento antecipado de


todas as parcelas restantes em uma só fatura, mesmo após a parte autora ter contrato serviço
de parcelamento de compra, é notadamente passível de indenização.

Lado outro, no caso em questão é inegável o abalo psíquico


causado pela ré quanto a ele. Seja pelo cerceamento da liberdade de usar de controlar as suas
finanças e débitos mensais, já que foi surpreendido com o cancelamento da sua conta corrente,
bloqueio de valores lá existentes e sobretudo a negativação de seu CPF.

Ainda, a parte autora tentou por diversas e incansáveis vezes


solucionar a demanda pelas vias administrativas, mas não logrou êxito mesmo após esperar mais
de um mês.

O quantum indenizatório deve ser fixado de modo a não só


garantir à parte que o postula a recomposição do dano em face da lesão experimentada, mas
igualmente deve servir de reprimenda àquele que efetuou a conduta ilícita. Ou seja, enquanto o
papel jurisdicional não fixar condenações que sirvam igualmente de desestímulo e inibição de
novas práticas lesivas, situações como estas seguirão se repetindo e tumultuando o judiciário.

Neste sentido o Código de Defesa do Consumidor também


estabelece a possibilidade de reparação por danos morais e materiais causados ao consumidor
na relação de consumo, nos termos do seu artigo 14:

"Art. 14. O fornecedor de serviços responde


independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos."

Assim, o dano moral caracteriza-se pela negligência, descaso,


desrespeito, transtorno e desvio produtivo, o que autoriza a condenação pecuniária como meio
punitivo para que tal conduta não se torne a repetir.

Tendo em vista o valor da indenização a ser fixado pelo prudente


arbítrio do Juiz, é necessária a observância da Teoria do Desestímulo, onde o valor da
indenização terá que ser suficiente para inibir novas agressões à honra alheia, levando-se em
consideração a capacidade econômica da Acionada e o caráter tricotômico da indenização moral
(punitivo pedagógico e compensatório).

Deste modo, requer a parte autora a condenação da requerida


à indenização por danos morais no valor de R$ 20.000,00 para o requerente. Pois, ainda que
incomensurável seja a dignidade do ser humano, digna-se o requerente a pugnar por esse bônus
para estabelecer um jogo de soma zero com os ônus sofridos por parte do descaso e
desorganização da seguradora requerida.

DOS PEDIDOS

Diante de tudo que foi exposto, requer:

a) Pelo externado, requer a concessão de MEDIDA LIMINAR “INAUDITA ALTERA PARS” para
determinar que a parte ré, imediatamente, reative a conta bancária e o cartão de
crédito, tudo em 48 horas, sob pena de expressiva multa diária a ser arbitrada por este
douto juízo, em caso de descumprimento da ordem judicial, uma vez que presentes os
requisitos ensejadores de tal medida, quais sejam o “fumus boni iuris” e o “periculum in
mora”, bem como a retirada imediata do nome da autora do cadastro de restrição de
crédito que por ventura venha a contar.
b) Seja recebida a presente demanda, determinando a citação da requerida para,
querendo, oferecer resposta ao pedido, sob pena de aplicação dos efeitos da revelia;

c) A inversão do ônus da prova, segundo os ditames do art. 6º, inciso VIII, do Código de
Defesa do Consumidor;

d) A produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a documental anexa,


nos termos do art. 369 e seguintes do CPC;

e) A procedência da demanda, com a condenação do réu ao pagamento de indenização


por danos morais no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), pela negligência, descaso,
desrespeito e transtorno.

f) Condenar a ré a pagar as custas processuais e honorários advocatícios de sucumbência


no percentual de 20% sobre o valor da causa, em sede de segunda instância;

Dá a causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Termos em que,
Pede deferimento.

Salvador, 11 de setembro de 2024

Josemar Siqueira de Souza


OAB/BA 42.227

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