Revista Egn v. 21 n. 1
Revista Egn v. 21 n. 1
Revista Egn v. 21 n. 1
1
NAVALE BELLUM NAUTIS DOCERE
A PARTICIPAÇÃO DE PORTUGAL NA
FORMAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS
Luis Manuel Brás Bernardino
COMANDANTE DA MARINHA:
Almirante-de-Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira
ISSN 1809-3191
CORRESPONDÊNCIA:
ESCOLA DE GUERRA NAVAL
CENTRO DE ESTUDOS POLÍTICO-ESTRATÉGICOS
Av. Pasteur, 480 - Praia Vermelha - Urca
CEP 22290-255 Rio de Janeiro/RJ - Brasil
(21) 2546-9394 revista@egn.mar.mil.br
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do Brasil.
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informado à Escola de Guerra Naval.
1. Brasil. Marinha – Periódicos. I. Brasil. Marinha. Escola de Guerra Naval. II. Título.
PALAVRAS DO DIRETOR
ARTIGO CONVIDADO
INOVAÇÕES EM PROL DA DEFESA E DO 15
DESENVOLVIMENTO DO BRASIL
Jaques Wagner
ARTIGOS
AMÉRICA DO SUL NO PÓS-GUERRA FRIA: 33
A GUERRA ÀS DROGAS E O REDIMENSIONAMENTO
DA AGENDA DE SEGURANÇA ESTADUNIDENSE
Rafael Duarte Villa
Thiago Rodrigues
Fabrício Chagas Bastos
COMUNICAÇÃO
A INFLUÊNCIA DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS 283
NO PODER NAVAL BRASILEIRO NO SÉCULO XXI
Wilson Barbosa Guerra
INVITED ARTICLES
INNOVATIONS IN SUPPORT OF BRAZILIAN 15
DEFENCE AND DEVELOPMENT
Jaques Wagner
ARTICLES
SOUTH AMERICA IN THE POST-COLD WAR ERA: 33
WAR ON DRUGS AND THE RESHAPING OF THE US
SECURITY AGENDA
Rafael Duarte Villa
Thiago Rodrigues
Fabrício Chagas Bastos
INAUGURAL CLASS
THE INFLUENCE OF THE TECHNOLOGICAL 283
ADVANCES IN THE BRAZILIAN NAVAL POWER IN
TWENTY-FIRST CENTURY
Jaques Wagner
Governador da Bahia de 2007 a 2014 e Ministro da Defesa de 2014 a 2015.
Thiago Rodrigues
Doutorado (2008) e mestrado (2001) e em Relações Internacionais pela
PUC-SP; com estágio doutoral, em 2007, no Institut des Hautes Études de
lAmérique Latine (IHEAL) da Université de la Sorbonne Nouvelle (Paris
III). É professor no Departamento de Estudos Estratégicos e Relações
Internacionais do Instituto de Estudos Estratégicos (INEST) da Universidade
Federal Fluminense (UFF). Na UFF é professor na Graduação em Relações
Internacionais e nos Programas de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos
da Defesa e Segurança (PPGEST) e Ciência Política (PPGCP). É, desde 1999,
pesquisador no Núcleo de Sociabilidade Libertária (Nu-Sol) do Programa
de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP. Pesquisador na
área de Relações Internacionais e Ciência Política, com ênfase em Conflito,
Guerra e Paz, atuando principalmente nos seguintes temas: narcotráfico,
teoria das relações internacionais, novos conflitos internacionais, segurança
internacional, relações internacionais da América Latina.
11
Marcelo M. Valença
Doutorado em Relações Internacionais pela PUC-Rio (2010). Professor
adjunto do Departamento de Relações Internacionais e do Programa de Pós-
Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (PPGRI/UERJ), aonde também coordena o curso de graduação em
Relações Internacionais. Bacharel em Direito (PUC-Rio, 2003). Membro do
Comitê Executivo da Active Learning in International Affairs (ALIAS/ISA) e
sub-coordenador da Área Temática de Ensino e Pesquisa da ABCP. Seus temas
de pesquisa se concentram principalmente na área de Estudos de Guerra e de
Paz, Segurança Internacional e Direito Internacional, como economia política
do conflito, gestão de conflitos armados, intervenção humanitária, segurança
humana, política externa brasileira e integração regional.
ARTIGO CONVIDADO
Jaques Wagner1
Senhoras e senhores,
Antes de mais nada, como o carioca que sou, gostaria de
compartilhar com os senhores o meu carinho por esta cidade e de fazer
menção ao seus 450 anos, que se completaram ontem com uma linda festa.
É com grande alegria que me junto a esta dileta audiência nesta
manhã para compartilhar ideias sobre a nossa política de defesa.
Quero falar-lhes não apenas dos rumos de nossa ação política no
campo da Defesa – o que deve ser a sua expectativa hoje.
Quero falar-lhes também de um conjunto de ações inovadoras que
vêm sendo empreendidas nos últimos anos e que serão continuadas ao longo
de minha gestão. Refiro-me a ações inovadoras não apenas no âmbito do
reaparelhamento com tecnologias de ponta, mas também, e principalmente,
a ações inovadoras diretamente relacionadas à interoperabilidade no
âmbito da formação de indivíduos e da administração de instituições.
Nosso Governo – os senhores bem sabem – elegeu a educação como
eixo de sua atuação nos próximos quatro anos, o que confere significado
especial a este evento.
1
Aula magna para os alunos do Curso Superior de Defesa da Escola Superior de Guerra
FORMAÇÃO E INTEROPERABILIDADE
CONCLUSÃO
ARTIGOS
ABSTRACT
The end of Cold War apparently put the South America
region out of the main concerns of the US security agenda.
After 9/11, such perception has gained importance
in literature, when US global strategy focused on an
otherness whose geographic position was nothing but
1
Rafael Duarte Villa is Associated Professor at the Department of Political Science and
the Institute of International Relations at the University of São Paulo. He is also Director
of International Relations Research Centre at the same university. Duarte Villa’s research
interests focus on Latin American Regional Security and IR Theory. Contact: rafaelvi@usp.br
2
Thiago Rodrigues is professor at the Institute of Strategic Studies (INEST) of the Fluminense
Federal University (UFF). Rodrigues got his PhD in International Relation at the Pontifical
Catholic University of São Paulo, Brazil, with a fellowship research period at the Université
de la Sorbonne Nouvelle, in France. He is an associated researcher at Nu-Sol/PUC-SP.
Rodrigues is head of the research project ‘Drug-Trafficking, Militarization and the National
Strategic Environment: lessons for Brazil’ supported by the Ministry of Defense and the
National Council for Research (CNPq). Contact: trodrigues@id.uff.br
3
Fabrício H. Chagas Bastos is Research Fellow at the Australian National Centre of Latin
American Studies at the Australian National University. Contact: fabricio.chagasbastos@anu.
edu.br.
RESUMO
O final da Guerra Fria aparentemente colocou a América
do Sul fora das preocupações centrais da agenda de
segurança dos Estados Unidos. Após os atentados
terroristas de 11 de setembro de 2001, essa avaliação
ganhou importância na literatura especializada, enquanto
a estratégia global estadunidense focava numa alteridade
cuja posição geográfica estava muito distante dos
territórios meridionais das Américas. Num outro sentido,
o objetivo central desse artigo é discutir o espaço ocupado
pela América do Sul nos atuais objetivos e preocupações
de segurança estadunidenses através da análise de sua
INTRODUCTION
disputes, neglects the existence in the region of the so-called new threats
to international security. This traditional grasp of security issues carries
the covert intention to keep military extra-regional interference away from
the sub-continent – and so does the military-diplomatic concert of states
around the UNASUR’s South American Defence Council.
The intention to avoid the association with a broader political
instability related to entrenched fluxes of, for example, transnational
crimes, such as drug trafficking, could be easily understood. By denying
their own relevance in these matters, South America’s states implicitly
recognize that, far from being outside of Washington’s geopolitical
concerns, it is, on the contrary, a preferential area for the United States’
preventive, and perhaps even hasty, unilateral interference.
Since no other state-actor would militarily rise up against the US
Foreign Policy in the region, as would Russia and China in their immediate
neighbourhood, initiatives such as the referred South American Defence
Council intend to affirm regional capacity to preventively deal with
security issues. Cooperation with the US is not completely averted, as the
3+1 Initiative on Money Laundry for the Southern Triple Border (common
borders among Argentina, Brazil and Paraguay) exemplifies.
On the one hand, these interactions build mutual confidence
and provide a perspective of control to the over Brazil’s, Paraguay’s
and Argentina’s intentions regarding sensitive issues to the US National
Security. On the other hand, this agreement enlarges the region’s space for
autonomy in other security issues.
The specific goal of this article focuses on the first general aim as it
follows a narrative that introduces South America’s shortcomings on drug
trafficking into the connection between the so-called US War on Drugs
and the War on Terror in the twenty-first century. Aware of the political
consequences of both denying and accepting the fragility of international
security in South America, this article does not intend to prescribe better
Foreign Policy approaches. However, it offers a rather constructivist
exercise of perceptions, identity and interests from the US toward South
America.
In its first part, we offer an overall grasp of the US security
framework to South America in the last decades. In the second part, we
present the specific cases of Andean countries perceived as key players
on the drug trafficking supply stage through the recognition that the
Since the end of the Cold War, the United States’ hemispheric
security agenda toward South America enregisterd some remarkable
changes. Despite the historical pattern based on certain levels of
standardization toward Latin America, the new US security agenda
established subtle differences between sub-regions: in the Caribbean the
persistent Cuban issue; in Central America, the recurring bloody civil wars
initiated during the Cold War era; and, in South America, the reshaping of
the guerrilla threat into some sort of hybrid menace –the narco-guerrilla–
and the emergence of drug trafficking organizations with transnational
capacity and variable levels of institutional penetration. Included in the
negotiations under the first 1994 Summit of the Americas, in Miami, the
attention to the war on drugs bypassed both other elements in the US
broader strategy to Latin America.
This emphasis, however, had their roots during the last Cold War
decade, when the Ronald Reagan Administration (1980-1988) retook the
Richard Nixon’s ‘war on drugs’ discourse (launched in 1971) and gave to it
a new dimension (RODRIGUES, 2012). In 1985, Reagan signed the National
Security Decision Directive 221, called ‘Narcotics and National Security’,
in which he assumed that the ‘old communist’ threat – the Andean leftist
guerrillas such as the Peruvian Sendero Luminoso (Shining Path) and
the Colombian Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC;
Revolutionary Armed Forces of Colombia) – had been connected to the
drug trafficking. This connection represented, according to the document,
a threat both to the stabilization of ‘fragile democracies’ and to the US
homeland security due to the articulation with local drug gangs and local
drug use rates (MARCY, 2010).
Reagan reinforced the war on drugs logic stating that drug
trafficking must be considered an issue of national and regional security.
This conception of the problem meant that the repressive tone traditionally
given to the illicit drugs issue would be complemented with a militarized
approach focused on the interception of illicit drugs flows through
the US. This attack must be complemented by supporting other Latin
American military troops to fight their own illegal drugs organization
(CIMADAMORE, 1997). Despite of the fact that the strict distinction
among consumer and producers countries do not correspond exactly to
all kind of illicit drugs, the political economic distinction between these
two categories has proved powerful as a security discourse while it places
the US as simple victims of greedy foreign illegal groups. The success
of this discourse is embedded in the American long-term tradition that
relates xenophobia, racism and prejudice against certain types of drugs
(RODRIGUES, 2015).
The emergence of a ‘drug trafficking security agenda’ during the
Reagan years continued into George H. W. Bush’s office (1989-1993), with
new projects that tried to push through the militarization as a general
solution to address the drug production and trade in the Americas
(CARPENTER, 2015).
In this context, if South America insisted to highlight its
problems as State-based and State-solved, following a period of rapid re-
democratization, the relevance of its security issues for the US post-Cold
war agenda were to plunge. However, authors like Buzan and Wæver
(2003) and Mares (2012) do not share this opinion.
According to their perspective, although Latin America does not
have the same strategic importance in comparison to other regions, such as
the Middle East, Western Europe and Asia, the US has not left the region
entirely off its geopolitical radar, having kept it in their strategic calculation
via coherent, yet usually underdeveloped, security policy for the sub-
continent. This policy is based on a solid consensus among Democrats
and Republicans that guarantees the continuity of some general goals
focused on the maintenance of friendly governments that could keep safe
environments for investments and stable political environments in highly
unequal societies (MARES, 2012).
Thinking specifically on strategic matters, the US has to deal now
with several threat perceptions different from the Cold War ones. The old
threats such as Communist states, leftist parties or social movements are
not taken anymore as main menaces, but actors and processes, such as
drug traffickers, migrations, money laundry, and terrorism. In order to
address these challenges, since the 1990s, the US government has promoted
the signature of both anti-drug and anti-money laundry agreements in
the Inter-American system. At the same time, it has promoted military
initiatives as Plan Colombia and the installation of military bases, like
the Manta one in the Ecuadorian Pacific, and developed operation bases
(Forward Operating Locations; FOLs) as a way of advancing the support
to tactical operations against drug traffickers and other agents considered
anti-drug initiative. The last stage of anti-drug policy that started under
Clinton’s second administration included an improvement of military
means in combating drugs. This phase was divided into two important
stages. The first one was the allocation of an enormous amount of financial
resources to purchase military equipment to be used in places like the
South of Colombia, where the large part of plantations and coca paste
processing labs are located, besides serving as a shelter for drug trafficking
groups. The second one was the installation of military bases that monitor
countries such as Ecuador, Panama, Paraguay and Venezuela; countries
considered escape routes for drug trafficking and money-laundry plazas.
The most significant movement that established the actualized
patterns of US militarism toward the drug-trafficking problem was the
Plan Colombia (DUARTE VILLA; OSTOS 2007). Negotiated in 1999
between President Clinton and Colombian President Andrés Pastrana, the
plan was thought as an anti-drugs package of US$ 1.2 billion. At first, the
plan aimed at deal only with drug trafficking organizations that remained
in operation after the dismantling of the Medellín and Cali “cartels” in the
first half of the 1990’s.
Seventy per cent of Plan Colombia’s resources was directed to
military aid, including purchasing of military equipment, training of troops
and eradication of coca-leaf plantations and cocaine processing labs (HERZ,
2006; SANTOS, 2011). Moreover, during Álvaro Uribe administrations
(2002-2010), the US took advantage of the political convergences between
both governments in security issues. Quoting Luis Alberto Restrepo (2004,
p. 50), “Uribe has put all the foreign policy to the service of the security.
And even though he has scored important political, financial and military
victories, on the other hand, his strategy complicated the Colombian
relations the neighbour countries”.
The 09/11 terrorist attacks also caused an impact in American
security policy toward South America. Indeed, one important change
after terrorist attacks was the emergence of conceptual and political shifts
in the way US decision makers perceived the relations between national
threats and terrorism. As part of its global strategy at that time, there
was a conceptual and practical overlapping between the “war on drug-
trafficking” and the “war on terrorism” both in the Americas and in the
South Western Asia, manly in Afghanistan (LABROUSSE, 2005). Therefore,
from the conceptual and practical perspectives, Colombian guerrillas, as
well as paramilitary groups, became synonyms of terrorists. President
the United States” (NSS 2002, p. 15). George W. Bush’s drug strategy focused
on the militarization (technically called ‘interdiction of crops’) and the
eradication and fumigation of coca and poppy illegal crops. Interdiction
refers to the displacement of US troops and civilians (‘security advisors’)
in foreign bases and a straight cooperation with local security forces, with
the objective of identifying centres of drug production and detaining drug
loadings by terrestrial, maritime or aerial means. Eradication is related to
the use of herbicides (through ‘fumigation’ of fields) whose function is to
destroy as much as possible those illegal crops (ISACSON, 2005, p. 44).
As for the interdiction, as Bruce Bagley defends, the National
Defence Authorization Act (NDAA)4, approved in the first year of
Reagan government, authorized the raise in the American Armed Forces
participation in the anti-drug strategy, as well as permitted its action in
foreign territory (BAGLEY, 1993, p. 183-184).
The US military involvement was no strange to controversy among
the US military staff. Accordingly to Marcy (2010) many of the engagement
against transnational criminal organizations was not part of the main core
of the military functions; representing a deviance of purposes. Besides of
that there were legal constraints that needed to be faced.
The main question was the avoidance of the military engagement
in public safety issues inside US territory related to the Posse Commitatus
Act, approved in 1878, which aimed to prevent the use of the military
in periods of political disruption within American borders. The law was
revisited by Reagan in order to allow the increasing involvement of the
military in counter-drugs operations not only abroad but also alongside
(and within) American borders.
4
This law is also known as Nunn Amendment because it was the Democrat Senator Sam
Nunn who proposed it to Congress.
This effort continued during the Clinton years when the concept
of “Shared Responsibilities” was diffused within. Latin America and the
Caribbean. The ability of this discourse was clear: the Bush’s brutalized
proposition to constitute a continental multinational army lead by the US
military gave space for a softer one which didn’t eliminate the previous
defined military approach but overlaid it with a more acceptable discourse
(RODRIGUES, 2015).
The collaborative approach involved the participation of several
US federal agencies, in from the Department of State, and the Drug
Enforcement Administration (DEA). from the Department of Justice. The
participation of the Department of State, up to INC, in anti-drug strategies,
gave greater relevance to the theme in Washington and in the American
embassies located in the affected countries (FREEMAN et al, 2005). Despite
this growing role of the Pentagon (Defence Department or DOD) in anti-
drugs policies during the 1980s and 1990s, the INC5 continued to be the
main source of military and police assistance to all American countries
(FREEMAN et al, 2005).
Nevertheless, according to Bagley (1993, p. 168), the more
discrete role in the DOD’s ‘anti-drug war’ has been calculated: “for
its part, the Pentagon has systematically expressed its reluctance to get
involved in the war on drugs, in part because of concern that the drug
effort would divert funding away from its central mission of defending
US interests abroad, and in part out of concern that an expanded
military role might expose US armed forces to corrupting influences”.
However, DOD’s role is not irrelevant. After the promulgation of
the law’s Section No.124 (1988), which defines the role of Armed Forces in
the defence, DOD monopolizes activities such as controlling illegal drugs
traffic on the US by air and marine forces, and in this sense, it is authorized
by the Section to carry out drug interdiction operations, such as radar
installations, air reconnaissance, Navy Coast Guard maritime patrolling
and intelligence meetings throughout Latin America and Caribbean.
The Section No. 124 also allowed the presence of American militaries
in anti-drug operations led in Latin America. DOD’s power was even more
strengthened in 1991, when the Bush administration approved Section No.
5
INC is considered to be the more versatile institution of American government to combat
illicit drugs. It aims at funding interdiction and eradication operations, as well as promoting
economic and social assistance, which include alternative development programs in areas
of drug production, judicial reform programs and humanitarian assistance to victims of
conflicts related to drug traffic (FREEMAN et al, 2005).
1004 of NDAA, which allowed that the DOD uses its budget for different
types of military assistance (training, intelligence, equipment supply)
aiming to combat drug trafficking without the participation of the State
Department (ISACSON, 2005).
In turn, the DEA dedicates to investigative operations against
drug-trafficking organizations. Although its goal is to coordinate anti-drug
information and intelligence abroad, it does not have the legal authority to
put investigations and detentions in practice in other countries, its action
occurs only through bilateral agreements with intelligence and police
agencies from other countries willing to cooperate (FREEMAN et al, 2005).
Despite of this, there are many claims and suspicions of DEA
agents acting undercover and disguised as diplomatic personnel (Rocken
2004). Finally, the Andean Strategy supported specific programs of the
State Department such as the Military Assistance Program (MAP), the
Foreign Military Financing (FMF) and the International Military Education
and Training (IMET), which had their apogee in the 1990’s. Created in
the 1970s and 1980s, these three programs were the principal means of
US military assistance to transfer funds during the Cold War, including
the greater military programs of Reagan administration toward Central
America in the 1980’s (ISACSON, 2005).
This information is interesting in order to identify how the security
and strategic structures conceived during the Cold War were, at least
partially, reconverted to anti-drug operations since the end of the Cold
War. Thus, the coordination among US agencies led to the training and
equipping of military special forces, as it happened in the case of Bolivia
anti-drug force – Unity of Anti-Drug Fight (UMOPAR) –, as strategy
supported by the US government simultaneously to Plan Dignidad
(‘Dignity Plan’). This plan aimed to eradicate the production of coca leafs
during the Bolivian presidency of former general and dictator Hugo Banzer
(Hargraves 1992). Peru also created its own anti-drug force, the División
Nacional Anti-drogas (DINANDRO; Anti-drugs National Division),
besides promoting assistance to the National Intelligence Service (SIN). In
Colombia, before the Plan Colombia, the US’ funding was directed to the
National Police of Colombia, elite squads and spray herbicide campaigns.
Mainly in Peru and Colombia, the militarized emphasis of the 1990’s was
articulated to the their internal civil conflicts: the Alberto Fujimori’s war
against Sendero Luminoso and Tupac Amaru guerrillas and the Cesar
Gaviria’s, Ernesto Samper’s and Andrés Pastrana’s combat to FARC, ELN
and the ‘drug cartels’.
6
IEEPA was approved in 1977 and allowed the President of the United States to announce the
existence of a threat to national security. It also gave to the American President the power to
block and freeze any transaction suspected to cooperate.
7
The INCSR are formulated anually by the INC of the Department of State, according to
the Foreign Aid Act (FAA). These INCSR contain information about the development of
programs and policies related to the drug combat, the American government assistance as
well as a outlook as regards the situation of the countries in this theme.
war on drugs in Colombia was connected to the global war on terror: “for
the Bush administration officials and their supporters in Congress the two
‘wars’ simply overlap” (VAICIUS; ISACSON 2003, p. 11).
In this direction, Andean countries – especially Colombia – were
identified as ground for the activity of this amplified concept of ‘terrorism’.
As the 2006 US Report on Terrorism pointed out, “terrorism in the Western
Hemisphere was primarily perpetrated by Foreign Terrorist Organizations
based in Colombia and by the remnants of radical leftist Andean groups”
(UNITED STATES OF AMERICA 2006, p. 12).
In this sense, the overlap between these two wars in the official US
diplomatic-military discourse was completed. In one hand, it provided the
push forward to the US to keep controlling this military bases in Colombia,
its main ally in South America and trampoline to project power over the
southern lands of the continent.
In the other hand, it gave the financial and political support for
the Álvaro Uribe Administration to strengthen this internal war against
the guerrillas, reversing the strategic situation that he inherited from
Pastrana’s. Uribe left to your successor – his previous Ministry of Defence
Juan Manuel Santos – a weakened FARC controlling less than 15% of
Colombian territory (PÉCAULT, 2010).
The drug-trafficking activities, however, did not cease. Instead,
the multitude of smaller groups – that arose after Medellín’s and Cali’s
fall – continued to produce coca leaf, cocaine and heroin. Nevertheless, the
impact of militarized repression over them displaced the centre of gravity
of the continental drug-trafficking economy to the Mexican cartels.
Then, the US started addressing the Mexico’s situation following
the same general recipe: the militarization of the fighting against ‘drug
cartels’. The Mexican history on the militarization of drug trafficking is
not new.
When the Cold War ended in the beginning of the 1990’s, it became
a common sense among scholars that Latin America, and South America
in special, would not have any significance in terms of security or defence.
The drug-trafficking problématique would be the only exception according
the diplomatic-military discourse by George H. W. Bush Administration
and William Clinton Administration.
century. The two new global initiatives here analysed, the Plan Colombia
and the Anti-drug Andean Initiative, could be taken as examples of this
shift, once they differentiate from the past policies because they are explicit
programs to fight by military means the guerrillas and the drug-trafficking
organizations taken as intertwined threats.
Above all, both initiatives, especially ACI, distinguish themselves
from the past ones for incorporating South America in the global strategy
of ‘war on terrorism’.It would be possible to support the general hypothesis
that South American is not a complete isolated area in terms of security
agenda for the US. The first element of this is the concrete connection
established between the “war on drugs” and the “war on terror”.
The second and subtler element is the conceptual and doctrinal
challenges put by this new kind of conflicts that involves non-state actors,
military private companies and military forces reshaped to face volatile
and agile targets. The French political philosopher Frédéric Gros (2010)
calls “states of violence” the current stage of conflicts in the world.
In his analysis the Clausewitzian way of warfare, based on fixed
temporalities, territorialities, jurisdiction and composition of fighters have
given path to undefined “states of belligerency” that do not present clear
beginnings and evident fighters.
A kind of global civil war emerges, mixing the ambiences of
security previously separated between the “internal security” and the
“international security”. The internal and the external has become
interconnected in a “continuum of security” (Bigo 2010) well represented by
the drug trafficking and the terrorism phenomena to their transterritorial,
both local based and transnational moved particularities.
This transnational character provokes an increasing process of
“policialization of the military” and the “militarization of police forces”
(RODRIGUES, 2012) to the fact that the enemies do not respect borders or
the traditional political limits of the nation-state.
In that sense, the inclusion of South America, through Plan
Colombia and the Andean Initiative – in the US security calculations would
not be seen as an odd movement. Instead, it would suggest how our region
is directly connected with the new security challenges of this century.
Our reflection stops on purpose when the relationship between
the ‘war on drugs’ and the “war on terror” was made by the US and the
Colombian diplomatic-military efforts. This process, nevertheless, did not
stop fifteen years ago. Instead, the general politics directed both to the drug-
trafficking issue and the terrorism still are militarized and securitized.
REFERENCES
GROS, Frédéric. States of violence: an essay on the End of War. Salt Lake
City: Seagull Books, 2010.
HARGRAVES, Claire. Snow fields: the war on cocaine in the Andes. New
York: Holmes & Meier, 1992.
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Littlefield, 2006.
MARCY, William L. The politics of cocaine: how the U.S. Foreign Policy
has created a thriving drug industry in Central and South America.
Chicago: Lawrence Hill Books, 2010.
MARES, David. Latin America and the Illusion of Peace. London: The
International Institute for Strategic Studies, 2012.
PÉCAULT, Daniel. As FARC: uma guerrilha sem fins? São Paulo: Paz e
Terra, 2010.
VAICIUS, Ingrid; ISACSON, Adam. 2003. The ‘war on drugs’ meets ‘the
war on terror’. The United State’s military involvement in Colombia
climbs the next level. In: INTERNATIONAL Policy Report (February, 2003).
Washington DC: Centre For International Policy, 2003. p. 1-20.
A INSERÇÃO INTERNACIONAL
BRASILEIRA POR MEIO DA
CONSOLIDAÇÃO DAS NORMAS
DE PREVENÇÃO DE CONFLITOS E
PROTEÇÃO AOS CIVIS EM CONFLITOS
ARMADOS: POSSIBILIDADES A
PARTIR DA RESPONSABILIDADE AO
PROTEGER.
Marcelo M. Valença1
Ana Paula Tostes2
RESUMO
Este artigo situa a proposta brasileira de uma
Responsabilidade ao Proteger (RwP) à luz dos objetivos de
longo prazo da política externa brasileira, revelando uma
coerente atuação política do país como um global player. A
Política Externa Brasileira (PEB) se caracteriza historicamente
pelo uso da diplomacia, o respeito ao direito internacional e o
1
Professor do Departamento de Relações Internacionais e do Programa de Pós-Graduação em
Relações Internacionais (PPGRI), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de
Janeiro, RJ, Brasil. E-mail de contato: mmv@uerj.br
2
Professora do Departamento de Relações Internacionais e do Programa de Pós-Graduação
em Relações Internacionais (PPGRI), Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil. E-mail de contato: mmv@uerj.br
INTRODUÇÃO
E, mesmo quando esta for autorizada e tida como necessária, seu uso deve
produzir o mínimo de violência e instabilidade, de forma a não agravar a
situação já existente.
É possível notar aqui a tensão entre os componentes pragmático
e idealista da política externa. A proposição de uma PwP representa um
importante movimento da diplomacia brasileira em direção a um papel
de maior destaque na política internacional em um momento quando
as questões humanitárias estão em evidência e o espaço político para o
envolvimento de Estados em ascensão está em aberto (WELSH et al., 2013).
Isso porque reforça o entendimento brasileiro de como as relações
internacionais devem se estruturar, além da RwP atender a uma lógica
economicista de custo-benefício efetivo, especialmente se considerarmos
um país com recursos limitados para promover sua projeção internacional.
Tanto a R2P quanto a RwP estruturam a ação internacional em três
pilares. O primeiro aponta que o Estado é responsável primário por proteger
sua população dos atos de violência previstos. Caso não seja capaz de fazê-
lo, entraria em ação o segundo pilar. Neste é previsto que a comunidade
internacional tem papel de cooperar e assistir os Estados a desenvolver
suas capacidades para cumprir com as responsabilidades deles esperadas.
Finalmente, e em circunstâncias extraordinárias, o terceiro pilar prevê
que a comunidade internacional estaria autorizada a agir coletivamente
para proteger as populações em situações de risco, desde que as medidas
previstas nos dois primeiros pilares falhem.
A interpretação usual do terceiro pilar o considera equivalente ao uso
da força ou a intervenções unilaterais, o que não é correto. Primeiramente, a
prevenção é uma dimensão essencial ao terceiro pilar porque permite uma
série de ações coletivas de natureza não-coercitiva sob o Capítulo VI da
Carta da ONU (HAMANN, 2012a, p. 26).
Ademais, ações coletivas internacionais baseadas no Capítulo VII
da Carta não implicam, necessariamente, o uso da força. Pode-se falar,
nesse caso, em suspensão das relações diplomáticas ou sanções econômicas,
por exemplo. Hamann também ressalta que mesmo o emprego de forças
militares não significa o uso da força: ela pode ser empregada como apoio às
operações de paz ou para monitorar o contexto social.
A proposição da RwP, que abre espaço para novas estratégias além
do uso da força como mecanismo para coagir os Estados praticantes de
violência contra a sua população serve como espaço político para o Brasil
promover seus valores e reforçar sua agenda política enquanto busca
seus objetivos de longo prazo. Ela aparece como uma oportunidade para
o país consolidar sua posição internacional e dialogar, de forma mais
intensa, com as grandes potências a partir de elementos que são caros aos
países do Sul Global. Como sugerido, a forma como o Brasil entende suas
relações internacionais se baseia em princípios como o da não-intervenção,
normatividade legal, a resolução não-violenta de disputas e a abstenção
quanto ao uso da força.
Uma abordagem mais abrangente das normas de prevenção de
conflito, que reforce esses princípios e ideais, evidencia a compatibilidade e
coerência da RwP tanto com os princípios norteadores da PEB quanto com
o papel internacional imaginado pelos formuladores de política externa
brasileiros.
A proposta brasileira sugere o desenvolvimento de um conjunto de
critérios a ser aplicado às intervenções militares, além do fortalecimento de
estratégias globais para a prevenção de crises regionais e internacionais. Tais
critérios deveriam ser observados quando da implementação dos mandatos
outorgados pelo Conselho de Segurança da ONU, bem como levados em
consideração quando da renovação e avaliação desses mandatos. Dentre
esses critérios e aspectos a serem observados estão (i) o uso da força como
último recurso, (ii) a proporcionalidade, (iii) o não-causar danos, (iv) a
legitimidade da ONU e (v) a accountability.
Nesse sentido, a RwP refletiria a tradição do modelo de conduta da
PEB ao destacar a importância de mecanismos normativos, o emprego de
ações multilaterais para garantir a estabilidade internacional e a preferência
por ações preventivas em detrimento ao uso da força. Isso porque, mesmo
quando devidamente autorizado pela ONU, o uso da força deve ser o último
recurso. Como exposto por Jeniffer Welsh et al, a RwP não configuraria o
pacifismo, mas reforça que o uso da força deve ser evitado a menos que seja
absolutamente necessário (WELSH et al., 2013).
A consideração às tradições e mecanismos legais de respeito à
soberania e ao direito internacional público são importantes para o Brasil,
assim como quaisquer instrumentos que possibilitem a preservação dos
Estados da influência e da dominância de outros. Nesse sentido, e como
crítico feroz do R2P desde 2005, o Brasil é um costumeiro oponente das
intervenções internacionais pautadas por uma agenda humanitária no Sul
Global (KENKEL, 2013, p. 284). Ao mesmo tempo, o país se manifestou em
diversas ocasiões sobre sua intolerância à impunidade de violadores dos
direitos humanos (WELSH et al., 2013). Finalmente, podemos concluir que
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
KENKEL, Kai Michael. Brazil and R2P: does taking responsibility mean
using force? Global Responsibility to Protect, Bedfordshire, v. 4, n. 1, p. 5-32,
2012.
_____. Five Generations of Peace Operations: From the ‘Thin Blue Line’
to ‘Painting a Country Blue’. Revista Brasileira de Política Internacional,
Brasília, v. 56, n. 1, p. 122-143, 2013.
THAKUR, Ramesh. The Responsibility to Protect: norms, law, and the use
of force in international politics. New York: Routledge, 2011.
A PARTICIPAÇÃO DE PORTUGAL NA
EDIFICAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS
ANGOLANAS
RESUMO
Num período conturbado da História da República de
Angola, em que após alcançar a sua Independência e na
sequência dos Acordos de Bicesse, procura-se edificar umas
Forças Armadas nacionais, integradoras e agregando os
movimentos armados dos três Movimentos de Libertação,
o papel de Portugal e mais concretamente da Comissão
Conjunta Político-Militar revelou-se decisiva e fundamental
para criar o embrião do que são atualmente as Forças Armadas
de Angola. Este artigo histórico-conjuntural procura analisar
as vicissitudes de um processo político-militar ainda pouco
estudado e que contribui para percebermos como surgiu o
embrião do que são as Forças Armadas Angolanas e qual foi
o contributo de Portugal nesse processo.
Palavras-chave: Angola; Forças Armadas Angolanas,
Acordos de Bicesse, Comissão Conjunta Político-Militar.
*
Doutor em história dos factos sociais, pós-graduado em estudos de paz e da guerra nas
novas relações internacionais integrado, no Curso de Estado Maior (IESN) - Universidade
Autônoma de Lisboa (2007), Lisboa, Portugal.
INTRODUÇÃO
Em meados de Junho de 1975, as novas Autoridades Portuguesas
saídas do processo revolucionário do 25 de Abril de 1974, tentaram
1
Portugal viria a reconhecer oficialmente no dia 22 de Fevereiro de 1976, a existência da
República de Angola e a legitimidade do Governo saído do processo de Declaração de
Independência em 11 de Novembro de 1975 (RIBEIRO, 2002, p. 391).
Figura Nº 2: Directiva Nº 4
Figura Nº 3 – Directiva Nº 5
3
Relatório da Missão refere que para além do equipamento administrativo e de construção
trazido de Portugal, salienta a utilização de uma Estação Purificadora de água que se revelou
de extrema utilidade para melhorar as condições de vida no Huambo.
4
Em 17 de Dezembro de 1991, só haviam sido rectificadas pela Comissão
Conjunta Político-Militar, as Diretivas (1, 2, 3 e 4) e continuavam em discussão
as Diretivas 5, 6, 7, 8, 9 e 10, que diziam respeito especificamente à organização
do Exército da Força Aérea e à Marinha de Guerra Angolana, o que constituiria,
em nossa opinião, um entrave político ao processo militar de formação das FAA.
pessoal (indigitação dos que eram para incorporar nas FAA e aqueles
que seriam desmobilizados) e ao material (a distribuir pelos Centro de
Instrução e a transferir para Depósitos Centrais de Material); preparação
de aquartelamentos para receber e acolher de forma condigna os militares
integrantes das novas FAA (o que obrigava à recuperação urgente de
infraestruturas, constituindo um significativo entrave ao processo de início
da formação); definição de Doutrina, Normas e Programas de Instrução;
definição de novos uniformes e respectiva simbologia e a manutenção de
confiança e segurança, quer pessoal quer social, dos militares que passaram
a constituir as Forças Armadas Angolanas.
Também nesse contexto, viria a ser elaborado um Plano Logístico
“provisório” para alimentar o Sistema de Formação, pois era necessário
não condicionar as ações formativas dos militares, os quais representava
o eixo central para se conseguir a junção (e uniformização) das FAPLA e
FALA, procurando-se dar um sentimento e corpo comum às FAA. A essas
Directivas (com o valor de Lei) seguiram-se outras seis, dizendo respeito à
Força Aérea e à Marinha, em que a Directiva Nº 11 (última a ser elaborada
pela Comissão) definia a organização do Ministério da Defesa Nacional de
Angola.
Elaboraram-se ainda no decorrer do período de formação, vários
Despachos próprios (com a força legal de Decreto-Lei), tendo em vista a
consolidação da organização, formação das unidades, além de 38 actas das
reuniões parcelares (a última realizada em 8 de Setembro de 1992) que
continham orientações político-militares dos representantes do Governo e
da UNITA, obtidas nas múltiplas reuniões realizadas no período intenso
da edificação das FAA na sequência dos Acordos de Bicesse.
O processo de negociação, planeamento e execução, era contínuo
e imprevisível, e os trabalhos aconteciam em paralelo no terreno e nos
gabinetes, sob a dependência permanente da evolução do processo
político, em que nem sempre os militares de um e outro lado estavam de
perfeito acordo. Contudo, importa salientar ainda que os princípios que
iriam reger a constituição das “novas” Forças Armadas Angolanas foram
definidos numa proposta conjunta apresentada pela CCFA (24 de setembro
de 1991) e aprovada em 9 de Outubro de 1991 pela CCPM5 e que passou
5
Faziam parte na Comissão Conjunta para a Formação das Forças Armadas (CCFA), pelo
Governo, o Coronel Francisco Higino Lopes Carneiro e pela UNITA, o General Demóstenes
Amós Chilingutila. Na Comissão Conjunta Político-Militar (CCPM), pelo Governo Angolano
fazia parte o Tenente-General António dos Santos França “Ndalu” e pela UNITA, o
Engenheiro Elias Salupeto Pena.
o seu designado por “Bases Gerais para a Formação das Forças Armadas
Angolanas”, constituindo a Directiva Nº 1.
Dava-se assim início ao processo de formação institucional das
FAA, onde tinha grande relevo os aspeto da Formação e da construção dos
normativos legais da Justiça e Disciplina Militar, e ainda aspectos logísticos
e de organização militar, que se constituiriam nos pilares da edificação das
“novas” Forças Armadas em Angola.
da CCFA, tendo sido apontado pela sua experiência e carisma junto dos
militares Angolanos como a pessoa (militar) mais indicada para levar a
efeito tão importante tarefa para o futuro de Portugal e de Angola.
6
Os Objetivos e Princípios gerais definidos para a formação das Forças Armadas
Angolanas, constante nos Acordos eram os seguintes: Garantir a Independência Nacional;
Assegurar a integridade do Território Nacional; Garantir o regular funcionamento
das instituições democráticas e a possibilidade da realização das tarefas fundamentais
do País; Contribuir para o desenvolvimento das capacidades morais e materiais da
comunidade nacional, de modo a que possa prevenir ou reagir pelos meios adequados
a qualquer agressão ou ameaça externa e salvaguardar a liberdade e a segurança
das populações, bem como a protecção dos seus bens e do património nacional. In
“Directiva Nº 1 - Bases Gerais para a Formação das Forças Armadas Angolanas”, 1991, 9.
7
Esta compilação de documentos está disponível na Obra do autor, designada por “A Posição
de Angola na Arquitectura de Paz e Segurança Africana. A Função Estratégica das Forças
Armadas Angolanas”, editado pela Editora Almedina (2013).
CONCLUSÕES
REFERÊNCIA
HARE, Paul. Angola’s last best chance for Peace: an insider’s account of the
peace process. Washington DC: United States Institute of Peace Process,
1998.
JAMES III, W. Martin. A Political History of the Civil War in Angola 1974-
1990. New Jersey: Transaction Publishers, 2011.
WAALS, Willem Van Der. Portugal’s War in Angola 1961-1974. Cape Town:
Ashanti Publishing, First Edition, 1993.
ENTREVISTAS
RESUMO
A Segunda Grande Guerra surpreendeu o Brasil e a
Marinha com o enfrentamento de um conflito mundial
quando antes só se cogitava dos contextos regional e
interno, forçando a dependência de forças estrangeiras
para a realização da defesa e para sua preparação no pós
Guerra. O esforço de atualização da Força que se seguiu,
nos anos 1960, procurou modernizá-la, mas atendo-se à
tradicional centralidade da proteção do tráfego marítimo
e ao condicionamento da bipolaridade vigente. O esforço
de atualização seguinte é o atual, com a legitimidade da
Estratégia Nacional de Defesa, sendo que a centralidade
da defesa contra ações de projeção de poder objetivando
plataformas e outros ativos litorâneos e a ausência de
condicionamentos externos constituem diferenças básicas
em relação ao anterior. Além disso, a necessidade de criar
novos meios e estruturas como o submarino nuclear e sua
base lhe confere muito maior complexidade.
Palavras-chave: Despreparo, antissubmarino, projeção,
globalização, plataformas
1
Escola de Guerra Naval/Programa de Pós-Graduação em Estudos Marítimos, jaamoura@
globo.com, Doutor em Ciência Política.
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112 TRÊS CICLOS DA MARINHA DO BRASIL
INTRODUÇÃO
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José Augusto Abreu de Moura 113
que pequena, não temos porque nos preocupar; além do mais, resolvemos
todos os pro-blemas de fronteiras até o início do século XX. Sobre essa
última afirmação poucos evocam, hoje, que o momento histórico imediata-
mente anterior à Segunda Guerra Mundial talvez tenha constituído o ápice
da descrença em ame-aças extrarregionais entre as elites nacionais, o que,
aliado a fatores econômicos e de Política Interna, conduziu ao grande
despreparo do País quando “alguém de fora veio aqui nos incomodar”,
sob a forma de submarinos alemães e italianos afundando mercantes
brasileiros em nosso litoral.
Com a guerra, aguçava-se o problema de manter o abastecimento
das grandes cidades – então realizado primordialmente pelo transporte
marítimo, pois o País era constituído por “arquipélagos populacionais” ao
longo da costa, carentes de ligações terrestres entre eles; havia que proteger
os navios mercantes nacionais contra as unidades da força submarina da
Alemanha, provavelmente a melhor do mundo na época; e dar resposta à
agressão sofrida, como o clamor popular – que então apareceu – passou a
exigir (PEREIRA, 2015; p. 141-181; p. 135-136).
Tais necessidades custaram ao Brasil a dependência total em relação
aos EUA, dada a precariedade das capacidades nacionais, numa condição
benevolamente tratada como aliança, o que, por si só já é uma situação
desgastante. O contexto, porém, envolveu outras questões sensíveis para
líderes e marinheiros brasileiros. Esses fatos devem ser lembrados com
o propósito de evitar situações semelhantes no futuro – em especial em
tempos de crise econômica como a atual (agosto de 2015), recordando o
que muito justamente o Ministério da Defesa fez constar do Livro Branco
da Defesa Nacional (LBDN): “...defesa não é delegável e (que) devemos
estar preparados para combater qualquer a-gressão.” (BRASIL, 2013, p. 8).
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114 TRÊS CICLOS DA MARINHA DO BRASIL
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2
A guerra contra o Japão só seria declarada em 6 de junho de 1945.
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116 TRÊS CICLOS DA MARINHA DO BRASIL
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3
Período de alto crescimento econômico: 9,3% em 1968; 9,0% em 1969; 9,5% em 1970; 11,3%
em 1971; 10,4% em 1972 e 11,4% em 1973.
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118 TRÊS CICLOS DA MARINHA DO BRASIL
pelo qual a Marinha, a partir do fim dessa década passou a negociar com
firmas da Europa a construção de modernos navios, submarinos e aeronaves,
recebidos até início dos anos 1980, fugindo dos padrões da assistência militar
norte-americana de enormes dificuldades para o militar norte-americana de
enormes dificuldades para o fornecimento de equipamentos sofisticados
(VIDIGAL, 1982, p. 123). Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945),
o Brasil era importador, não de petróleo, mas de seus derivados, pois a
primeira refinaria só começaria a operar em setembro de 1950 (Refinaria
Landulpho Alves, em Mataripe, BA), três anos antes da criação da Petrobrás
(Brasil, 2010). Na época da implementação do “Plano de Renovação”
(anos 1970), o País importava – em longas viagens por mar – mais de 80%
do petróleo que consumia, o que o tornava fortemente dependente do
contexto econômico internacional, e acarretava importância primordial à
defesa da navegação mercante nas considerações estratégicas (CORRÊA,
2010, p. 33), além dos aspectos ligados ao conflito Leste-Oeste.
Em coerência, o plano deu maior atenção à proteção do tráfego
marítimo, considerando como ameaças os ataques de submarinos e a
obstrução de portos e terminais por ações de minagem. Assim, os principais
navios construídos – as fragatas classe Niterói – tiveram priorizada sua
capacidade antissubmarino, em detrimento das capacidades antissuperfície
e antiaérea; e fo-ram também adquiridos navios varredores (de minas).
Além disso, reconhecida a incapacidade financeira de criar uma
força naval que satisfizesse todas as necessidades, considerou-se que
sua preparação previa a participação na proteção do tráfego marítimo
interamericano, em conjunto com meios navais das marinhas amigas, que
nela também estariam presentes por força dos tratados existentes.
Dessa forma, o Plano de Renovação, mesmo com os principais
meios construídos na Europa, continuava rigorosamente na linha de
pensamento estratégico norte-americano, preparando-se para a defesa
coletiva do Hemisfério contra os soviéticos (VIDIGAL, 1982, p. 120-123).
E essa foi a última vez que se investiu com peso na aquisição
de meios navais para o a-tendimento a necessidades estratégicas de um
contexto bem definido. É bem verdade que, em fins dos anos 1970 e nos
anos 1980, tentou-se dar-lhe continuidade com um “miniprograma”,
empregando os parcos recursos então disponíveis, pelo qual foram
construídas no País cinco corvetas aqui projetadas e cinco submarinos
de projeto alemão, mas com tal lentidão de desem-bolsos que o último
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AS ALTERAÇÕES GLOBAIS
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120 TRÊS CICLOS DA MARINHA DO BRASIL
ultrapassam a capacidade da maioria dos países, mas cuja falta trará graves
entraves ao desenvolvi-mento econômico (STRATFOR, 2015).
Pelo exposto, Geoffrey Till considera que existe atualmente um
“sistema globalizado de comércio marítimo”, pelo qual “o que acontece em
qualquer parte do mundo pode produzir consequências graves e imediatas
na segurança e na economia de qualquer outro país”, exigindo dos Estados
“provedores de segurança”, a capacidade de projeção de poder sobre terra
(ações militares sobre terra a partir de meios navais) a fim de restaurar ou
manter a estabilidade internacional, questão fundamental para o sistema
(TILL, 2006, p. 9-13).
Till fornece, assim, a fundamentação das estratégias navais dos
países desenvolvidos, de suas alianças e também de vários países em
desenvolvimento, como Portugal (que pertence a uma dessas alianças, a
Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN), (RODRIGUES, 2014,
p. 2-4). Seus argumentos, a par de procedentes, servem à manipulação
política da Ética, pela veiculação de ações para benefício de Estados mais
poderosos como realizadas em proveito do bem comum, aspecto previsto
na lógica da harmonização de interesses identificada por Carr (CARR,
1981, p. 52).
A Guerra Fria terminou formalmente com a “Paz de Paris”
quando, em novembro de 1990, os membros da Conferência de Segurança e
Cooperação da Europa (CSCE), entre eles os que haviam iniciado a Segunda
Guerra Mundial – Alemanha (já reunificada), URSS, França, Reino Unido
e EUA – firmaram um acordo estabelecendo instituições parlamentares
em todos os Estados, consagrando a vitória da superpotência ocidental.
O evento não foi muito noticiado em virtude da grande relevância dos
acontecimentos que se seguiram, concernentes ao colapso da URSS, que
veio a se dissolver em 25/12/1991 (BOBBITT, 2003, p. 56).
Neste mesmo ano, logo após a Guerra do Golfo (agosto/1990
-abril/1991), os EUA emitiram uma estratégia de segurança nacional
que transmitia o propósito de estabelecer uma “Nova Ordem Mundial”,
assumindo como indispensável a liderança norte-americana e incluindo
várias instruções prevendo a presença avançada e a projeção de poder por
suas forças onde fosse necessário (ESTADOS UNIDOS, 1991, p. 27-28).
O documento implicou profundas alterações para a Marinha e o
Corpo de Fuzileiros Navais norte-americanos, cujas estratégias, em vez
de uma ameaça global, passaram a focar os desafios e oportunidades
regionais, a fim de moldar o futuro de forma favorável aos interesses
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122 TRÊS CICLOS DA MARINHA DO BRASIL
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124 TRÊS CICLOS DA MARINHA DO BRASIL
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AS ALTERAÇÕES NO BRASIL
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126 TRÊS CICLOS DA MARINHA DO BRASIL
4
O conflito Norte-Sul é o que ocorre entre países pobres e ricos e aparece sob algumas formas,
inclusive a de colô-nia versus metrópole e varia de intensidade segundo alguns fatores, como ciclos
de crescimento econômico mundial, conflitos entre grandes potências e conflitos entre países ricos.
5
Trata-se de um submarino a ser empregado primariamente contra navios e forças navais,
cujo armamento básico consta de torpedos, minas e mísseis táticos não nucleares. Trata-se do
tipo em desenvolvimento pela MB.
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128 TRÊS CICLOS DA MARINHA DO BRASIL
A SITUAÇÃO ATUAL
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130 TRÊS CICLOS DA MARINHA DO BRASIL
AS PRIORIDADES
6
A revisão da END emitida em 2013 não alterou qualquer dos aspectos aqui citados.
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CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
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José Augusto Abreu de Moura 135
BRASIL. Agência Petrobrás de Notícias. Guia Oil & Gas Brasil. 2010.
Primeira Refinaria do Brasil completou Sessenta Anos. Disponível em:
<http://www.guiaoilegas.com.br/pt/site_extras_detalhes.asp?id_tb_
extras=151705>. Acesso em: 20 fev. 2015.
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136 TRÊS CICLOS DA MARINHA DO BRASIL
CARR, Edward. H. Vinte Anos de Crise: 1919-1939. Brasília, Ed. UnB, 1981.
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José Augusto Abreu de Moura 137
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138 TRÊS CICLOS DA MARINHA DO BRASIL
ÍNDIA. Ministry of Defence (Navy). Freedom to Use the Seas: India’s Maritime
Military Strategy. New Delhi: Integrated Headquarters, 2007. Disponível em:
<http://www.irfc-nausena.nic.in/irfc/ezine/maritime_strat.pdf> Acesso em: 25
jan. 2015.
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José Augusto Abreu de Moura 139
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140 TRÊS CICLOS DA MARINHA DO BRASIL
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Vitelio Marcos Brustolin 141
RESUMO
Neste artigo é formatado um conceito de “equipamentos
de uso individual, com base nos documentos
norteadores das Forças Armadas do Brasil. Em seguida
são apresentadas as maiores empresas do mundo desse
segmento, buscando oportunidades de mercado. Na
sequência é realizado um mapeamento das empresas
brasileiras que atuam na área, incluindo a sua estrutura
produtiva, porte, localização e capacidade de inovação.
A metodologia empregada é de: 1) análise de dados
governamentais; 2) questionário para empresários; 3)
entrevista presencial em uma amostra de empresas; 4)
pesquisa bibliográfica.
1
Professor adjunto do Instituto de Estudos Estratégicos (INEST) da Universidade Federal
Fluminense (UFF), Fellow e Visiting Researcher da Harvard Law School e do Harvard
Department of the History of Science, Lemann Fellow. Doutor em Políticas Públicas,
Estratégias e Desenvolvimento. E-mail: info@viteliobrustolin.com, website: < http://scholar.
harvard.edu/brustolin>. Endereço para correspondência: UFF/INEST - Alameda Prof. Barros
Terra s/n, Centro, Niterói-RJ, 24020-150.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 141 – 178, jan./jun. 2015
142 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 141 – 178, jan./jun. 2015
Vitelio Marcos Brustolin 143
INTRODUÇÃO2
METODOLOGIA
2
Registre-se o agradecimento pelo financiamento recebido da Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial (ABDI), bem como, pelos valorosos pareceres, comentários
e colaborações provenientes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do
Ministério da Defesa (MD), sem os quais esta pesquisa não teria sido realizada.
3
Deve ser considerada a ressalva de que os itens exportados e importados pelas empresas
podem ter sido decorrentes de outras unidades de negócio das firmas, e não diretamente
do segmento defesa. O mesmo raciocínio vale para os demais dados secundários.Note-se,
ainda, que a unidade de análise de todo o estudo é a firma, o que é compatível com o objetivo
central da pesquisa e com a disponibilidade de dados das fontes oficiais do país. A unidade
de análise para as discussões, portanto, não é a unidade de negócios de defesa da firma, com
exceção para os dados do websurvey, especialmente nas questões adstritas apenas à defesa.
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144 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
OBJETIVOS
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Vitelio Marcos Brustolin 145
CONTEXTUALIZAÇÃO DO SEGMENTO
4
O regime militar durou quase 21 anos: de 1o de abril de 1964 até 15 de março de 1985.
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146 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
CENÁRIO ATUAL
DELIMITAÇÃO DO SEGMENTO
5
Essa observação é devedora da contribuição dos pareceristas da Divisão de Logística de
Material da Marinha do Brasil, através do Of. Ext. 40-1419/2014 do EMA ao Ministério da
Defesa (anexo 12). Também foi relevante a contribuição da Diretoria de Abastecimento do
Exército Brasileiro, por meio do DIEx 8388 – SGLFE/D. Abst. (EB: 64488.018581/2014-05).
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Vitelio Marcos Brustolin 147
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148 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
6
No original: “1) introduction of a new good; 2) introduction of a new method of production;
3) opening of a new market; 4) conquest of a new source of supply of raw materials or half
-manufactured goods; and 5) implementation of a new form of organization”.
7
Ver, por exemplo, Willoughby (1990, p. 15-43).
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Vitelio Marcos Brustolin 149
8
No original: “I define a technology as dual use when it has current or potential military
and civilian applications”.
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150 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
CONTEXTO MUNDIAL
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Vitelio Marcos Brustolin 151
9
Os números de vendas de armas dessa empresa são estimativas e estão sujeitos a um grau
de incerteza, de acordo com o Sipri.
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152 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
Fonte: Sipri (2012). *Em US$ bilhões Elaboração própria, com apoio da Diset/Ipea.
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Vitelio Marcos Brustolin 153
GENERAL DYNAMICS
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154 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
RHEINMETALL
ELBIT SYSTEMS
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Vitelio Marcos Brustolin 155
ROCKWELL COLLINS
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156 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
ALLIANT TECHSYSTEMS
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Vitelio Marcos Brustolin 157
ORDNANCE FACTORIES
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158 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
HARRIS CORPORATION
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Vitelio Marcos Brustolin 159
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160 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
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162 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
QUALIFICAÇÃO DE PESSOAL
amplia renda do trabalho. Ipea, Brasília, 7 out. 2013. Disponível em: <http://goo.gl/4kFR4K>.
Acesso em: 10 jul. 2015.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 141 – 178, jan./jun. 2015
Vitelio Marcos Brustolin 163
SALÁRIOS E ESCOLARIDADE
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164 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
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Vitelio Marcos Brustolin 165
LOCALIZAÇÃO REGIONAL
INOVAÇÃO
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166 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
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Vitelio Marcos Brustolin 167
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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168 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
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170 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
11
Conforme dados de The SCImago Journal. Disponível em: <http://goo.gl/43Dycm>. Acesso
em: 10 jul. 2015
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Vitelio Marcos Brustolin 171
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172 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
REFERÊNCIAS
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Vitelio Marcos Brustolin 173
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174 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
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Vitelio Marcos Brustolin 175
LIMA, M. Senado aprova lei que obriga uso prioritário de armas não letais
em ações policiais. O Globo, Rio de Janeiro, 26 nov. 2014. Disponível em:
<http://goo.gl/UoRWbm>. Acesso em: 10 jul. 2015.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 141 – 178, jan./jun. 2015
176 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
PADILHA, L. Projeto Cobra. Defesa Aérea e Naval, Rio de Janeiro, 15 nov. 2013.
Disponível em: <http://goo.gl/ideC46>. Acesso em: 10 jul. 2015.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 141 – 178, jan./jun. 2015
Vitelio Marcos Brustolin 177
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
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178 BASE INDUSTRIAL DE DEFESA: A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS DE
EQUIPAMENTOS DE USO INDIVIDUAL
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Sandra Maria Becker Tavares 179
RESPONSABILIDADE CÍVICO-SOCIAL E
A MEDICINA MILITAR
RESUMO
As Ações Cívico-Sociais (ACISO) desenvolvidas
pelas Forças Armadas brasileiras têm conceitos de
Responsabilidade Civil e de Responsabilidade Social, mas
que isoladamente não as definem em sua completude.
A questão foi explorada e consolidada neste constructo
teórico sendo proposto o termo Responsabilidade
Cívico-Social, pois acredita-se que ser social é ser civil e
cabe ao Estado provocar a sociabilidade onde existe tal
fragilidade. Ao mesmo tempo que deve também fomentar
o amadurecimento social e os mecanismos sociais de
controle para evitar a dependência ou o ufanismo
nacionalista.
Palavras-chave: Responsabilidade; Civil; Medicina
militar.
1
Doutora em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva pela Fundação Oswaldo Cruz (2014).
É professora efetiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área
de Saúde Coletiva e Defesa Nacional atuando principalmente nas seguintes áreas: bioética,
logística e mobilização nacional e informação em saúde.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 179 – 196, jan./jun. 2015
T180 RESPONSABILIDADE CÍVICO-SOCIAL E A MEDICINA MILITAR
INTRODUÇÃO
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Sandra Maria Becker Tavares 181
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 179 – 196, jan./jun. 2015
T182 RESPONSABILIDADE CÍVICO-SOCIAL E A MEDICINA MILITAR
2
Stakeholders: qualquer indivíduo ou organização, instituição ou corporação que tenha
interesse em um mesmo Projeto.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 179 – 196, jan./jun. 2015
Sandra Maria Becker Tavares 183
MÉTODO E DISCUSSÃO
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T184 RESPONSABILIDADE CÍVICO-SOCIAL E A MEDICINA MILITAR
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Sandra Maria Becker Tavares 185
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T186 RESPONSABILIDADE CÍVICO-SOCIAL E A MEDICINA MILITAR
3
CFM: Conselho Federal de Medicina.
4
Responsabilidade Social: sem consenso definitivo na conceituação. Em geral, são ações de
cidadania preocupadas com a transparência e o meio ambiente.
5
Responsabilidade Civil: dever de responder à ação.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 179 – 196, jan./jun. 2015
Sandra Maria Becker Tavares 187
mais ampla. Isso foi constatado na tentativa de tomar estes conceitos por
empréstimo de outros saberes.
Igualmente a ideia de simplesmente mesclá-los pareceu
inapropriada à primeira vista, apesar de Manduca (2014, p. 2) afirmar a
existência de nexos entre eles. Para este autor, apesar de serem dois temas
distantes possuem nexos de ordem histórica decorrentes da complexidade
da sociedade moderna e também no campo político e ideológico,
condicionados por padrões éticos. Essa foi uma das razões para propor
o termo Responsabilidade Cívico-Social com a ideia de Responsabilidade
Social.
Nesta nova perspectiva, a Responsabilidade Cívico-Social
abrangeria tanto os conceitos de ações realizadas para o bem-comum da
coletividade, como abarcaria os fundamentos da Política e da Estratégia
Nacional de Defesa.
Tal concepção originou-se do fato de partilhar-se da ideia kantiana
de que a perpétua paz advirá da eliminação das fronteiras. Fronteiras essas
não apenas territoriais, mas decorrentes da diversidade cultural humana.
E, para isso, é preciso colocar-se no lugar do outro, aprender que cada um,
apesar de ser único, faz parte de um todo. Esse é um processo aprendido,
não inato, que se denomina civilidade, sendo construído no dia-a-dia do
convívio.
Para a paz sem fronteiras, a ideia da individualidade, de
pertencimento territorial, deve estar intrinsicamente aliada à ideia da
pluraridade do outro, nos mais diversos espaços culturais do coletivo.
Viver o cotidiano das atividades em grupos humanos é ser social. Viver
em sociedade requer civilidade. Logo, ser social é ser civil.
Quando a atrofia social existe, acredita-se, como Manduca, que
há necessidade do Estado provocar a sociabilidade (MANDUCA, 2014 p.
7-8) e ser preciso que seus agentes considerem os conflitos de interesse e
os riscos assumidos pelo próprio Estado de forma a não se perpetuarem
situações de dependência nem ser fomentado nacionalismo extremo.
Em outras palavras, para este autor, em espaços onde o tecido
social é frouxo, cabe ao Estado oferecer ferramentas para fomentar,
reforçar, a organização social, mesmo que os primeiros passos se deem
através de ações consideradas de caráter assistencialista, de forma que,
com o tempo encontrem autonomia, o respeito ao outro e a manutenção
da paz. Uma vez amadurecida, a sociedade desenvolverá mecanismos
de controle para evitar os dois extremos, com relação ao Estado: a
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 179 – 196, jan./jun. 2015
T188 RESPONSABILIDADE CÍVICO-SOCIAL E A MEDICINA MILITAR
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Sandra Maria Becker Tavares 189
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T190 RESPONSABILIDADE CÍVICO-SOCIAL E A MEDICINA MILITAR
6
CNS: Conselho Nacional de Saúde
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Sandra Maria Becker Tavares 191
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T192 RESPONSABILIDADE CÍVICO-SOCIAL E A MEDICINA MILITAR
profissão-corpo tem que ser justa com o todo (como parte de um corpo maior,
que é a sociedade) e que, de forma similar é passível de adoecer e provocar
adoecimento. E aí, para sua própria sobrevivência e sobrevivência do todo,
devem entrar as medidas protetivas ético-morais conforme pactos realizados
entre as profissões.
A precedência de uma sobre a outra, como no caso do médico
militar, acarreta que medidas protetivas sejam tomadas visando apontar
responsabilidades e em caso de dano ou efeito adverso, sejam avaliadas e
julgadas adequadamente. Caso contrário, a constante flexibilidade entre uma
e outra, determinará um limbo ético, gerando desconfiança por parte de quem
recebe o serviço e insatisfação para o profissional íntegro.
Logo, concorda-se com Gracia (2010) ao ponderar que o maior desafio
da ética profissional é universalizar a excelência fugindo do sentido paternalista.
Ou seja, é preciso harmonizar a busca da excelência à renúncia aos monopólios
e privilégios profissionais. Ao distinguir entre Ética do profissional, Ética nas
profissões e Ética na Ciência, Ribeiro (2001, p. 62) escreve que, na modernidade,
as questões éticas de um determinado âmbito das práticas sociais, surgem com
maior rapidez e implicam em outras esferas da vida coletiva.
Para ela, as reflexões éticas da vida profissional são momentos
incomuns da consciência pessoal e constituem-se em excepcionalidade da vida
diária. Surgem naquelas ocasiões em que ocorre o confronto entre os valores
e imperativos profissionais com a contestação do senso comum. Afirma ainda
(2001, p. 67-8) que, as profissões codificadas dos ambientes institucionais,
podem determinar afastamentos institucionais da Ética viva, em decorrência
da passagem do tempo.
Algumas tendências como os riscos de envelhecimento institucional;
as emergências de práticas profissionais distanciadas de reflexões éticas
compartilhadas e dependentes, e, a transformação das instituições em
instrumentos de defesa das corporações, quando afastadas dos anseios da
sociedade em geral podem vir a resultar no afastamento lento e até mesmo o
pleno esquecimento da Ética profissional.
Por isso, é necessário que existam outros mecanismos sociais de
controle, externos à própria corporação. Com o objetivo de exemplificar, cita o
caso do cientista e conclui que: “A Ética capaz de controlar e restringir a ação
profissional [...] não pode ser uma tarefa exclusiva dos próprios profissionais”.
Enfim, acredita-se também que a responsabilidade cívico-social deva ser
compreendida, por civis e militares, sob essa mesma perspectiva.
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Sandra Maria Becker Tavares 193
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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T194 RESPONSABILIDADE CÍVICO-SOCIAL E A MEDICINA MILITAR
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 179 – 196, jan./jun. 2015
Sandra Maria Becker Tavares 195
COADY, C. A. J. The Jus Post Bellum. In: TRIPODI, P.; WOLFENDALE, J. New
wars and new soldiers: military ethics in the contemporary world. Series II.
Farnham: Ashgate; 2012.
DIAS, J.C. Da responsabilidade civil. 12. ed. Rio de Janeiro: LumenJuris; 2011.
FIGUEIREDO, A.C.; FREIRE, H.; LANA, R.L. Profissões de saúde: bases éticas e
legais. Rio de Janeiro: Revinter, 2006.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 179 – 196, jan./jun. 2015
T196 RESPONSABILIDADE CÍVICO-SOCIAL E A MEDICINA MILITAR
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 179 – 196, jan./jun. 2015
Mariana Kalil 197
Mariana Kalil 1
RESUMO
No presente artigo, a Política Comparada é método que
pretende provocar debates epistemológicos mais amplos
a respeito das Relações Internacionais e dos Estudos
Estratégicos no Brasil.
1
Mariana Kalil é Doutoranda em História das Relações Internacionais do Brasil pelo Instituto
de Relações Internacionais (IRel) da Universidade de Brasília (UnB), Brasília, DF, Mestra
em Política Internacional e Comparada pelo mesmo Instituto, Representante da América
Latina no Comitê Executivo da International Studies Association (ISA), Nova Iorque, EUA,
e Professora Colaboradora do Instituto de Estudos Estratégicos (INEST) da Universidade
Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 197 – 222, jan./jun. 2015
198 Teoria Não Ocidental & Política Externa Brasileira
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Mariana Kalil 199
ABSTRACT
In this contribution, Comparative Politics is the method
that sparks broader epistemological debates regarding
the study of International Relations and Strategic
Studies in Brazil. While analyzing comparatively the
coinciding position among Brazil and Argentina over
the constitution of the South-American Defense Council,
the following were controlled: (a) the distribution of
power in the international system; (b) the party’s/the
regime’s/the leader’s ideology or the political preferences
of the delegates; (c) the US pressure and influence; (d)
the strategies of negotiation; (e) the domestic groups
of pressure. It came to a conclusion where the US
pressure and influence showed a higher potential
to explain such a coincidence. It was thusly verified
whether the understanding of the Brazilian Foreign
Policy may engender epistemological innovations for
the International Studies, based on reflections upon the
Non-Western Theory, in an effort that reached out to
Brazilian literature willing to yield national debates that
namely tackle matters of peace and security in Brazil, as
these intrinsically approach what Buzan & Little (2010)
highlight as hindrances for a truly internatiocal thought.
Keywords: Brazilian Foreign Policy; Non-Western
Theory; Comparative Politics
INTRODUÇÃO
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200 Teoria Não Ocidental & Política Externa Brasileira
como maneira de, por exemplo, determinar qual seria o fator que mais
teria peso para o resultado de certas posições. Diante disso, este artigo
propõe-se a fornecer análise comparada acerca das motivações para a
posição coincidente de Brasil e Argentina em torno da criação do Conselho
Sul-Americano de Defesa. A metodologia da Política Comparada aparece
como forma de transcender alguns debates que, tanto na literatura,
quanto no noticiário ou nos documentos fornecidos por ambos os Estados,
acabam por entoar semelhanças excessivas entre as estruturas estatais e
burocráticas, o que acaba por gerar determinadas denúncias, por exemplo,
de aproximação ideológica.
Ainda, este artigo pretende engajar-se no debate epistemológico
da Teoria das Relações Internacionais, por meio de abordagens que, no
século XXI, incorporam os avanços da Global History e transcendem as
constatações tanto da Teoria Crítica quanto do pós-colonialismo.
A emergência da noção de Teoria Não Ocidental é acompanhada
pelo interesse acerca do que se produz regional e localmente a respeito das
realidades regionais e locais. Nesse sentido, a perspectiva a seguir sintetiza
aquilo que autores como Tickner e Weaver (2009) percebem na literatura
local e regional acerca da política externa e das relações exteriores dos
países da América Latina:
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Mariana Kalil 201
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202 Teoria Não Ocidental & Política Externa Brasileira
das ideias pelo mundo não Ocidental. A autora (2003) ressalta, a respeito
da literatura Latino-Americana sobre políticas exteriores da região,
tendências a rechaçar a priori, por motivos de ressentimento político e
moral, propostas teóricas e metodológica especialmente derivadas do
que reconhecem como projeto de poder imperialista estadunidense para
conquistar corações e mentes no quintal latino-americano, impondo
interesses egoístas e necessariamente excludente de qualquer êxito ou
progresso econômico, político e social na América Latina.
No entanto, como demonstram Tickner e Weaver (2009) e Hey
(1997), tais autores apenas optariam por aplicar outras ideias, como a teoria
da dependência e a do sistema-mundo, em detrimento de debates centrais
da Teoria das Relações Internacionais. O objetivo específico deste artigo é,
por sua vez, observar, de acordo com a assunção de Hey (1997) de que o
realismo influencia a política e as análises a respeito da política na América
Latina, por meio da verificação da hipótese de que suas ontologias e seus
axiomas não são negados, tampouco inválidos no comportamento de
Brasil e Argentina em torno do Conselho Sul-Americano de Defesa (CDS).
Com base na noção de Hey (1997) de que, na literatura sobre as
políticas externas latino-americanas, “the research heavily focuses on the
nation-state and often takes the form of story-telling, albeit in an analytical
way which sometimes includes some loosely tested hypotheses”, serão
avaliadas as motivações das políticas exteriores brasileira e argentina
para engajarem-se na arquitetura do Conselho de Defesa Sul-Americano,
verificando a existência de tendências que Buzan e Little (2010) encontram
na maneira como a historiografia global tende a contar a própria história,
relacionando-a com o possível desenvolvimento de uma teoria das relações
internacionais não ocidental.
This underdevelopment is primarily the product
of theorists operating within a methodological
straitjacket (...) These shortcomings were
identified as presentism, or the tendency to view
the past in terms of the present; ahistoricism, or the
insistence that there are transhistorical concepts
that allow us to identify universal regularities;
Eurocentrism, or the privileging of European
experience in our understanding of international
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Mariana Kalil 203
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204 Teoria Não Ocidental & Política Externa Brasileira
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Mariana Kalil 205
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206 Teoria Não Ocidental & Política Externa Brasileira
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208 Teoria Não Ocidental & Política Externa Brasileira
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212 Teoria Não Ocidental & Política Externa Brasileira
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214 Teoria Não Ocidental & Política Externa Brasileira
AS ESTRATÉGIAS DE NEGOCIAÇÃO
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216 Teoria Não Ocidental & Política Externa Brasileira
CONCLUSÃO
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218 Teoria Não Ocidental & Política Externa Brasileira
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220 Teoria Não Ocidental & Política Externa Brasileira
REFERÊNCIAS
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Mariana Kalil 221
BRASIL. Livro Branco de Defesa Nacional. Brasília, 2012. Disponível em: <http://
www.defesa.gov.br/arquivos/2012/mes07/lbdn.pdf>. Acesso em: 3 jul. 2015.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 197 – 222, jan./jun. 2015
222 Teoria Não Ocidental & Política Externa Brasileira
WALTZ, K. Man the State and war. New York: Columbia University Press,
1957.
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Alexandre Rocha Violante 223
RESUMO
Alfred Thayer Mahan (1840-1914) e Julian Stafford Corbett
(1854-1922) são os mais conhecidos teóricos da estratégia
marítima e naval. Mahan era entusiasta de Antoine Henri
Jomini (1779-1869); já Corbett apoiava-se em Carl von
Clausewitz (1780-1831) ambos teóricos da guerra terrestre
e que não chegaram a pensar sobre as particularidades da
guerra no mar. Ao lançar, em 1890, “The Influence of Sea
Power upon History” (1660-1783), Mahan procurou discutir
a história naval britânica e entender os instrumentos
de ação empregados pelo estado que possibilitaram o
predomínio dos mares por mais de trezentos anos. Corbett,
contemporâneo de Mahan, também desenvolveu ideias
sobre a concepção do poder marítimo ao final do século
XIX. Sua obra fundamental “Some Principles of Maritime
Strategy” (1911) tinha como propósito formalizar uma
teoria que agregasse as teorias e preceitos já existentes da
guerra naval, entretanto, sob uma ótica clausewitziana, que
o livrava das simplificações e dos reducionismos da época.
*
Bacharel em Ciências do Mar pela Escola Naval (1993); Especialista em Direito Internacional
pela Universidade Cândido Mendes-RJ (2011); Especialista em Relações Internacionais pela
PUC-RJ (2012); Mestre em Ciências Navais pela Escola de Guerra Naval (2013) e, atualmente,
Capitão-de-Fragata professor vinculado à EGN. E-mail- rochaviolante@hotmail.com
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224 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
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Alexandre Rocha Violante 225
INTRODUÇÃO
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226 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
cem ensaios (CROWL, 2008). Em 1890, lançou o seu clássico The Influence
of Sea Power upon History (1660-1783) em que discutiu a história naval
britânica, procurando compreender como a Grã-Bretanha (GB) dominara
os mares por trezentos anos e entender quais os instrumentos de ação por
ela utilizados para manter esse predomínio (ALMEIDA, 2009b).
Ao elaborar sua estratégia, ele buscava auxiliar na transformação
dos Estados Unidos da América (EUA) em uma grande potência marítima
e mundial (MELLO, 1997).
O inglês Julian Stafford Corbett (1854-1922) também desenvolveu
ideias sobre a concepção do poder marítimo ao final do século XIX. Ele
foi influenciado pelo historiador John Knox Laughton que o orientou nos
estudos históricos. Nesse período, seus escritos tiveram grande influência
na Marinha da Grã-Bretanha (GB) (ALMEIDA, 2009d).
A obra fundamental de Corbett é “Some Principles of Maritime
Strategy”, escrita em 1911, e que tinha como propósito formalizar uma
teoria que congregasse teorias e princípios de guerra naval, derivada da
formulação teórica de Clausewitz de guerra terrestre. Isso não significou
que Jomini fosse por ele desprezado, no entanto, considerava Clausewitz
como um teórico mais consistente e dele utilizou muitas ideias, que foram
aplicadas à guerra naval (ALMEIDA, 2009a).
Portanto, este trabalho tem como objeto analisar os principais
pontos (fortes e fracos) da teoria do poder marítimo de Mahan (seus
aspectos político-econômicos, militares e geopolíticos) à luz das críticas
efetuadas por Corbett e outros autores contemporâneos, abordando,
de forma sucinta, como esses autores influenciaram o poder marítimo
brasileiro sob o pensamento do almirante Vidigal. Ao final, apresentar-
se-á uma breve conclusão que constatará a importância de Mahan que com
suas ideias continua sendo fundamental para o debate estratégico, não
mais por suas respostas, mas com certeza, pelas perguntas que formulou.
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Alexandre Rocha Violante 227
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228 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
1
Segundo o historiador Almeida (2009b), Mahan preferia chamá-lo de “controle do mar”.
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Alexandre Rocha Violante 229
2
A estratégia do corte da linha do “T” significava atacar em uma ou mais colunas a linha
de frente da esquadra inimiga. Essa estratégia tinha um ponto fraco que era a exposição
dos navios ao fogo melhor posicionado dos navios em linha de frente. Entretanto, após a
aproximação e o corte da linha inimiga, poder-se-ia atingir seus navios com canhões na popa
e na proa, para, posteriormente, ficar emparelhados com eles.
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230 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
a) Posição Geográfica
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Alexandre Rocha Violante 231
Triângulo do Caribe
3
Negociações entre os EUA e a URSS sobre o que fazer com relação à descoberta de mísseis
balísticos, com ogivas nucleares, em Cuba.
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232 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
b) Conformação Física.
c) Extensão do Território
4
Disponível em: http://estudiosdelaener.blogspot.com.br/2010/07/perforacion-en-aguas-
profundas-el.html). Acesso em: 20jan.2015.
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Alexandre Rocha Violante 233
d) Tamanho da População
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234 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
CARÁTER DA POPULAÇÃO
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Alexandre Rocha Violante 235
f) Caráter do Governo
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238 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
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Alexandre Rocha Violante 239
7
É uma guerra que atinge o seu extremo natural, quando está livre dos efeitos moderadores
que lhe são impostos pela política ou pela sociedade. Como as guerras não se podem
conduzir a si mesmas e carecem da política e das sociedades para existir, Clausewitz teorizou
a impossibilidade da “Guerra Absoluta” por não poder se evitar estas influências.
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240 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
8
A guerra limitada de Clausewitz (1984) se pautava na limitação de interesse pelo objeto da
disputa, estabelecendo limites ao empenho com que se travará a guerra.
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Alexandre Rocha Violante 241
do Chile fez com que a força aérea argentina, e não a marinha de guerra,
tivesse uma participação mais relevante e efetiva na guerra.
6 - Ele criticava também a ideia de que apenas os encouraçados
eram os navios mais importantes para a formação de uma esquadra. Para
Corbett, o exercício do controle do mar não dependia somente dos navios
de linha, mas sim das atividades de supervisão, controle, comunicação,
patrulhamento, regulação e proteção das LCM.
Para isso eram necessários outros navios que não os chamados
navios de linha, como os cruzadores, por exemplo (CORBETT, 1911)
(PROENÇA; DINIZ; RAZA, 1999). O Cruzador era um navio mais flexível,
sendo considerado um meio ideal para a patrulha e escolta de navios de
maior valor estratégico (ALMEIDA, 2009d). Hoje as fragatas, corvetas,
navios-patrulha, navios de apoio e anfíbios, porta-aviões e submarinos
compõem a panóplia de uma força naval equilibrada e moderna.
7 - A questão do bloqueio e do comboio. Para Mahan, o bloqueio
era desperdício de navios de linha. Para Corbett o bloqueio era o centro
da guerra no mar (CORBETT, 1911). Corbett considerava que a batalha
decisiva era relevante, no entanto, considerava difícil que ocorresse, pois,
a esquadra mais fraca evitaria o combate, realizando tarefas pertinentes a
sua dimensão e características, sem fornecer o controle do mar ao inimigo.
Assim o bloqueio era a única opção para a força mais forte.
O bloqueio seria de dois tipos: o aproximado para manter o inimigo no
porto e o afastado para atrair o inimigo para fora (PROENÇA; DINIZ;
RAZA, 1999). O bloqueio persiste até hoje como importante estratégia,
ainda dentro do conceito de guerra limitada de Clausewitz.
Ao finalizar algumas das críticas de Corbett à teoria de Mahan,
pode-se sublinhar que ele desejava alinhar as teorias e reflexões navais com
as sólidas estruturas clausewitzianas de seu tempo. Corbett concordava
com muitos de seus preceitos e escritos de Mahan, por isso não o renegou,
mas procurou enfatizar que o ideal seria que houvesse uma educação
aos oficiais de marinha que evitasse as simplificações excessivas e os
reducionismos de sua teoria.
As palavras de Corbett, em sua crítica após o lançamento de “The
Influence of Sea Power Upon History, 1660-178”de Mahan evidenciam
bem isso: “Pela primeira vez a história naval adquiria uma base filosófica,
que a partir de grande número de fatos históricos, grandes generalizações
foram possíveis, havendo poucos livros que tenham produzido efeito na
ação como no pensamento”.
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244 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
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248 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
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250 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
soft power e do hard power em uma estratégia que deve ser aplicada após
uma correta avaliação das diversas variáveis do sistema que ele chama
de novas áreas de importância a saber: alianças, parcerias e instituições,
desenvolvimento global, diplomacia pública, integração econômica.
Disso se pode perceber que os “novos campos da segurança” da
Escola de Copenhague, ou seja: militares, políticos, econômicos, societais
e ambientais se assemelham aos campos de segurança da estratégia smart
de Nye. Isso posto, esta seção, analisará criticamente o pensamento de
Vidigal no que tange aos preceitos de Mahan e sua trindade (shipping,
forte economia produtiva e colônias - que poderiam ser consideradas hoje
como parceiros comerciais privilegiados), de Corbett e dos demais teóricos
e estudiosos contemporâneos da estratégia marítima.
A TRINDADE MAHANIANA
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252 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
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254 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
9
Concepção do Almirante francês Theophele Aube no final do século XIX que com orçamentos
reduzidos estimulou a aquisição de novos meios para sua marinha que possuía condição de
inferioridade em relação à Marinha britânica.
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Alexandre Rocha Violante 255
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Alexandre Rocha Violante 257
REFERÊNCIAIS
_____. O Poder Marítimo sob o Ponto de Vista Estratégico entre 1540 e 1945:
uma Comparação entre as Concepções de Alfred Thayer Mahan (1840-
1914) e Herbert William Richmond (1871-1946). Dissertação (Mestrado em
História Comparada) - Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Rio
de Janeiro, 2009d.
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258 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 223 – 260, jan./jun. 2015
Alexandre Rocha Violante 259
FERES JR, João. A história do conceito de “Latin America” nos Estados Unidos.
Bauru, SP: EDUSC, 2005.
NYE JR., Joseph S. O futuro do poder. São Paulo, Benvirá: 2012. 334p.
SUMIDA, Jon. The Historian as contemporary analyst. Sir Julian Corbett and
Admiral Sir John Fisher. In: HATTENDORF, John; GOLDRICK, James. Mahan
is not enough. The proceedings of a Conference on the works of Sir Julian Corbett and
Sir Herbert Richmond. Newport: Naval War College Press, 1993, p. 125-140.
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260 A TEORIA DO PODER MARÍTIMO DE MAHAN- UMA ANÁLISE CRÍTICA À LUZ DE AUTORES CONTEMPORÂNEOS.
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Márcio Saldanha Walker 261
RESUMO
Logística de Defesa se refere a fornecer os meios para as
Forças Armadas, bem como sustentar as suas operações.
Na doutrina de Defesa Nacional brasileira, o nível político
é o responsável por estruturar os órgãos e planejar as
ações da logística militar dos demais níveis.
O mundo complexo atual, por sua natureza imprevisível,
exige a prontidão de todo o ciclo logístico, mantendo
a estrutura de defesa capaz de enfrentar as eventuais
ameaças às instituições nacionais e ao povo brasileiro.
A eficiência dessa estrutura logística de defesa depende
da recíproca e ampla interação entre civis e militares nos
assuntos da Política Nacional de Defesa.
Palavras-chave: Logística, Logística de Defesa, Integração
civil-militar.
1
Major de Cavalaria, Doutorando em Ciências Militares (IMM/ECEME), Mestre em Operações
Militares (EsAO), Aluno do Curso de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME).
Contato: <walker22ms@yahoo.com.br>
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262 A LOGÍSTICA DE DEFESA INTEGRADA À SOCIEDADE
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
Márcio Saldanha Walker 263
INTRODUÇÃO
1
Ver < http://www.defesa.uff.br/index.php/logistica-de-defesa >
2
O Livro Branco de Defesa Nacional (2012) pode ser acessado em < http://www.defesa.gov.
br/arquivos/2012/ mes07/lbdn.pdf >
3
Ver o Título IV da Organização dos Poderes da Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988.
4
Lei Complementar n. 97, de 9 de junho de 1999.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
264 A LOGÍSTICA DE DEFESA INTEGRADA À SOCIEDADE
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
Márcio Saldanha Walker 265
5
Conforme também verificado na redação dada pela Lei Complementar 136/2010.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
266 A LOGÍSTICA DE DEFESA INTEGRADA À SOCIEDADE
6
A UFRJ formou em 2015 a primeira turma de graduação em Defesa e Gestão Estratégica
Internacional. Disponível em: < http://www.ufrj.br/mostranoticia.php?noticia=14837_UFRJ-
forma-primeira-turma-de-graduacao-em-Defesa-e-Gestao-Estrategica-Internacional.html >
7
Ver sobre o Positivismo em TRINDADE, Hélgio (org.). O Positivismo: teoria e prática. 3ª ed.
Porto Alegre: UFRGS, 2007.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
Márcio Saldanha Walker 267
8
Peter Drucker, foi a primeira pessoa a chamar o momento que estamos vivendo de era da
informação. (DRUCKER, 1962)
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
268 A LOGÍSTICA DE DEFESA INTEGRADA À SOCIEDADE
O EFD refere-se ao resultado final após a ação militar planejada ser executada (EB20-
9
MF-10.103, 2014).
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
Márcio Saldanha Walker 269
10
Ibid.
11
Ibid., item 3.4.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
270 A LOGÍSTICA DE DEFESA INTEGRADA À SOCIEDADE
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
Márcio Saldanha Walker 271
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
272 A LOGÍSTICA DE DEFESA INTEGRADA À SOCIEDADE
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
Márcio Saldanha Walker 273
12
Ver sobre Faixa de Fronteira no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/fronteira.shtm >
13
Ver o sitie da Central Intelligence Agency (CIA) do Estados Unidos da América. Disponível
em: < https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/br.html >
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
274 A LOGÍSTICA DE DEFESA INTEGRADA À SOCIEDADE
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
Márcio Saldanha Walker 275
14
Ver item 2.7.1, MD30-M-01 - Doutrina de Operações Conjuntas 1º Volume (2011).
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
276 A LOGÍSTICA DE DEFESA INTEGRADA À SOCIEDADE
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
Márcio Saldanha Walker 277
CONSIDERAÇÕES FINAIS
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
278 A LOGÍSTICA DE DEFESA INTEGRADA À SOCIEDADE
REFERÊNCIAIS
____. Lei n. 8.666, de 21 jun. 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI,
da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da
Administração Pública e dá outras providências. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm> Acesso em: 11 maio 2015.
R. Esc Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 261 – 282, jan./jun. 2015
Márcio Saldanha Walker 279
DRUCKER, Peter F.; WILSON, George. The essential drucker. Vol. 81.
Oxford: Butterworth-Heinemann, 2001.
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280 A LOGÍSTICA DE DEFESA INTEGRADA À SOCIEDADE
GRAHAM, Stephen. Cities under siege: the new military urbanism. Verso
Books, 2011.
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COMUNICAÇÃO
*
Almirante-de-Esquadra Wilson Barbosa Guerra, Chefe do Estado-Maior da Armada
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INTRODUÇÃO
1
LONGO, W. P.; MOREIRA, W. S. Tecnologia e Inovação no Setor de Defesa: uma
Perspectiva Sistêmica. Revista da Escola de Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 19, n. 2, p. 227-304,
jul./dez. 2013, p. 278
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CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
2
Ibidem, p. 284.
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DOCUMENTOS CONDICIONANTES
7
MOREIRA, W. S. Ciência e Tecnologia Militar: “Política por outros Meios”? Revista da
Escola de Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p. 71-90, jul./dez. 2012, p. 74
8
LONGO, W. P.; MOREIRA, W. S. Tecnologia e Inovação no Setor de Defesa: uma
Perspectiva Sistêmica. Revista da Escola de Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 19, n. 2, p. 227-304,
jul./dez. 2013, p. 282.
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288 A INFLUÊNCIA DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS NO PODER NAVAL BRASILEIRO NO SÉCULO XXI
TECNOLOGIA DE PONTA
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caso, dos países centrais, por exemplo, dos EUA e seu modelo estrutural
de universalização da pesquisa e desenvolvimento (P&D) aplicada aos
sistemas militares.
Desde a criação da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais
norte-americanos, o Governo dos EUA busca empregar a tecnologia
de vanguarda na defesa dos interesses do País. Em 1946, por meio da
Public Law no 588, motivado pelas dificuldades enfrentadas na II Guerra
Mundial, o Congresso norte-americano estabeleceu o Office of Naval
Research (ONR) para “planejar, promover e encorajar a pesquisa científica,
em reconhecimento à sua importância para o futuro Poder Naval e a
Segurança Nacional”. A mesma Lei criou, também, o Comitê Consultivo
de Pesquisa Naval, para o assessoramento ao Secretário da Marinha, como
um órgão civil independente, dedicado a fornecer análises objetivas nas
áreas de ciência, pesquisa e desenvolvimento.
Posteriormente, em 1958, foi criada a Agência de Projetos de
Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA, da sigla em inglês), com o
propósito de antecipar-se a surpresas estratégicas que possam impactar
de forma negativa a segurança nacional e de criar surpresas estratégicas
contra os adversários dos EUA, por meio da manutenção de superioridade
tecnológica de suas Forças Armadas.
Essa agência utiliza abordagens multidisciplinares, tanto em
pesquisa básica quanto em pesquisa aplicada, direcionando-as para criação
de inovações que atendam a problemas práticos. Seus investimentos
são aplicados desde pesquisas de laboratório até a criação de produtos
conceituais, que podem evoluir para projetos militares. Atualmente a
DARPA seria a principal ferramenta de inovação do Departamento de
Defesa dos EUA.
Documentos estratégicos de alto nível, tais como a Cooperative
Strategy for the 21st Century Seapower (CS-21), que fornece os fundamentos
para o papel que as Forças Navais terão face aos desafios da atualidade e
do cenário prospectivo, combinados com outras publicações do Secretário
da Marinha, do Comandante de Operações Navais e do Comandante dos
Fuzileiros Navais estabelecem as orientações de alto nível que norteiam o
Plano Estratégico de C&T Naval.
O Secretário da Marinha ressalta a prioridade dos “investimentos
em pesquisa e desenvolvimento para garantir que as tecnologias mais
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MOREIRA, W. S. Ciência e Tecnologia Militar: “Política por outros Meios”? Revista da
Escola de Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p. 71-90, jul./dez. 2012.
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CONCLUSÃO
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10
MOREIRA, W. S. Ciência e Tecnologia Militar: “Política por outros Meios”? Revista da
Escola de Guerra Naval, Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p. 71-90, jul./dez. 2012.
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Muito obrigado
11
Formado na Escola Naval e na então Escola Politécnica, o Almirante Álvaro Alberto
presidiu a Academia Brasileira de Ciências. Trocou cartas e recebeu a visita de Albert
Einstein, Enrico Fermi, Otto Hahn e Alberto Santos Dumont. Fundou e presidiu o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), criou os Instituto Brasileiro
de Matemática Pura e Aplicada e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Foi
representante do Brasil na Comissão de Energia Nuclear da ONU e assessorou vários
Presidentes da República, de Eurico Gaspar Dutra a Juscelino Kubitschek.
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INDICAÇÃO DE RESPONSABILIDADE
No que se refere à indicação de responsabilidade pelo artigo,
caso não seja a mesma de todos os autores, deve ser indicada logo abaixo
do título ordenada segundo o critério abaixo: (1) Concepção e projeto
ou análise e interpretação dos dados; (2) Redação do manuscrito ou;
(3) Revisão crítica relevante do conteúdo intelectual. Com base nestes
critérios, os proponentes deverão indicar, em nota de rodapé na página
final do artigo, como ocorreu a participação de cada autor na elaboração
do manuscrito.
CONFLITO DE INTERESSES
A publicação segue as recomendações do Código de Boas Práticas
Científicas da FAPESP de 2014, no que diz respeito aos conflitos de
interesses:
“3.4.1. Há conflito potencial de interesses nas situações em que a
coexistência entre o interesse que deve ter o pesquisador de fazer avançar
a ciência e interesses de outra natureza, ainda que legítimos, possa ser
razoavelmente percebida, por ele próprio ou por outrem, como conflituosa
e prejudicial à objetividade e imparcialidade de suas decisões científicas,
mesmo independentemente de seu conhecimento e vontade.
3.4.2. Nessas situações, o pesquisador deve ponderar, em função
da natureza e gravidade do conflito, sua aptidão para tomar essas decisões
e, eventualmente, deve abster-se de tomá-las.
3.4.3. Nos casos em que o pesquisador esteja convencido de
que um conflito potencial de interesses não prejudicará a objetividade e
imparcialidade de suas decisões científicas, a existência do conflito deve
ser clara e expressamente declarada a todas as partes interessadas nessas
decisões, logo quando tomadas.”
Fonte:<http://www.fapesp.br/boaspraticas/FAPESP-Codigo_de_
Boas_Praticas_Cientificas_2014.pdf>
FORMATO DE APRESENTAÇÃO
A revista da Escola de Guerra Naval adota as regras da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), http://www.abnt.org.br/:
Artigo: NBR 6022 – Artigo em publicação periódica científica e
impressa.
Título e Resumo: em Português e Inglês (máximo de 200 palavras).
Incluir, no mínimo, três palavras-chave por idioma.
Identificação do autor: Nome completo dos autores na ordem
em que deverá aparecer no texto, titulação, instituição, endereço postal e
eletrônico.
Referências: NBR 6023/2002 – Referências – Elaboração.
Numeração de seções: não deverá haver numeração de seções.
Referências: as referências podem vir ao longo do texto no formato
completas por meio de notas de rodapé ou abreviadas pelo sistema autor-
data. Ao fim do texto devem constar todas as referências utilizadas pelo
autor em ordem alfabética e não numeradas.
Tipologia: Times New Roman 12, espaço 1,5 e margens de 2,5 cm.
Figuras e gráficos: o uso de tabelas e figuras deverá se restringir ao
mínimo necessário, podendo vir ao longo do texto. Solicita-se que as tabelas e
figuras sejam enviadas em separado para efeitos de diagramação, as mesmas
deverão estar digitalizadas em 300dpi e no formato JPG.