Como Desenvolver a Mediunidade - Paul Bordier
Como Desenvolver a Mediunidade - Paul Bordier
Como Desenvolver a Mediunidade - Paul Bordier
Como Desenvolver
a Mediunidade
Tradução e prefácio de
FRANCISCO KLÔRS WERNECK
a
8. Edição
Prefácio
—5—
Trata-se de um trabalho modesto e resumido, um
pequeno Guia de Mediunidade, com conselhos e ensina-
mentos sempre atuais e destinados principalmente aos
novos adeptos do Espiritismo, pois precisamos lembrar-
nos de que. a Doutrina Espírita vem conquistando adep-
tos principalmente nas classes pobres, humildes e sofre-
doras, quase sem cultura doutrinária e que estão, por-
tanto, em condições e necessidade de aprender um pou-
co do princípio
Precisamos também lembrar-nos de que, como diz
a Bíblia, "O espírito sopra onde e quando quer". Isto
quer dizer que, se em um lugar aparece um médium
de incorporação, já em outro há um vidente ou uma
pessoa possuidora de qualquer outra mediunidade. Não
desdenhemos, pois "os grandes princípios", como diz
ainda a Bíblia.
Allan Kardec, cujas obras estão comemorando os
seus centenários, foi iniciado no Espiritismo (nome por
ele dado à doutrina que codificou) por meio das "mesas
falantes", como lemos em "Obras Póstumas" e o Neo
Espiritualismo, como denominam os anglo-saxões ao seu
Espiritismo, nasceu dos raps (golpes, pancadas), batidos
nas paredes da humilde casa de madeira da família Fox,
em Hydesville, Estados Unidos da América, casa essa
hoje transformada em "Monumento Nacional do Espi-
ritismo".
Lembremo-nos, finalmente, de que, historicamente
falando, o Brasil é um país jovem, onde os seus hábi-
—6—
tardes encarnam espíritos cujas trajetórias espirituais
foram as mais diversas e precisam de uma orientação
preliminar, que é o primeiro degrau da escada de Jacó,
ou da evolução espiritual, melhor dizendo.
Estamos também certos de que o benévolo leitor
compreenderá bem o fim a que almejamos e nos auxilie
no que é bom e justo a fim de que chegue o mais breve
possível o dia em que haja um só Rebanho e um só
Pastor, dentro do lema kardecista "Trabalho, Solidarie-
dade, Tolerância", pois somos todos irmãos.
—7—
8
Introdução
A boa acolhida feita pelo público as duas primeiras
edições deste pequeno Guia da Mediunidade convida-nos
a completar, de modo útil, esta nova edição.
Assim é que os nossos leitores encontrarão nela
ensinos ministrados por dois pesquisadores consciencio-
sos, os srs. Rouxel e Ouiste, e um extrato do livro do
dr. Ely Star intitulado: "Astrologia Popular".
O sr. Rouxel, já falecido, se fêz notar por diver-
sas obras espíritas de grande valor e o sr. Ouiste por
uma experimentação e uma ciência bem aprofundada de
tudo o que concerne ao Ocultismo em geral e ao Espi-
ritismo em particular.
Nas linhas que se seguem e que foram escritas a
fim de servir de Prefácio a uma obra espírita, o sr.
Rouxel dá preciosos conselhos para a experimentação
espírita.
Tôda a medalha tem duas faces, diria Sancho Pan-
ça, o que quer dizer que, neste mundo, tôda coisa apre-
—9—
senta vantagens e inconvenientes-. A sabedoria consiste
em distinguir umas dos outros e a arte em tirar delas
um bom partido, isto é, em aproveitar as vantagens e
evitar os inconvenientes. O Espiritismo não faz exceção
à regra. Tôda a diferença é que uns exageram muitos os
seus perigos e negam, absolutamente, as suas vantagens,
ao passo que outros vêem tudo bem e não suspeitam
mesmo que possa existir nêle mal algum. Estes não
tomam nenhuma precaução e suportam as conseqüên-
cias de sua imprevidência, conseqüências raramente
graves, a bem dizer, todavia, mais ou menos desagradá-
veis. Aqueles não se contentam em abster-se, o que é
direito seu, mas vão até querer impedir os outros de
experimentar e estudar.
Importa, pois, esclarecer os pesquisadores sobre o
uso e o abuso das experiências espíritas e, em conse-
qüência, pôr em guarda os imprudentes contra os peri-
gos aos quais se expõem em se entregando a experiên-
cias inconsideradas.
Para se entregar a experiências espíritas é preciso
recolhimento, calma e paciência. "Deixai terminar a
frase começada antes de fazer reflexões que poderiam
prejudicar a comunicação desejada". Este preceito não
teria necessidade de ser lembrado se se pensasse, muito
simplesmente, que os espíritos são seres humanos de-
sencarnados e que, em conseqüência, devemos conduzir-
nos para com eles como entre nós. Mas quanto estamos
longe disto!
— 10—
Que os médiuns e todos os que velam por eles,
assim como os que vêm consultar, se compenetrem bem
disto: "Que nada se pode obter se se é impaciente, se se
deseja coisas fora das permitidas, que o médium é um
instrumento frágil de que é preciso poupar a suscetibi-
lidade, as excitações nervosas se não se quer vê-lo inuti-
lizado ou tornarse um frangalho humano".
Para se compreender a importância do preceito
da passividade do médium e dos assistentes é preciso
saber ou recordar que as leis do mundo espiritual são
as mesmas que as do mundo material. O que está em
cima é igual ao que está em baixo.
Se quereis apreciar um concerto não fazeis um ba-
rulho que cobriria as vozes e os instrumentos. Se que-
reis vêr algo no fundo d'água, não a agitais e se ela
assim se encontra, esperai que a calma seja restabeleci-
da. O mesmo sucede no mundo espiritual
Todo ato da inteligência e da vontade das pessoas
presentes provoca no fluído, que serve de veículo ás
comunicações interespirituais, ondulações concêntricas
que se estendem indefinidamente. Se, pois, essas ondu-
lações emanam de várias fontes ao mesmo tempo, elas
se contrariam, se neutralizam, formam-se "nós" das
interferências, donde se segue, qual seja o meio empre-
gado, que nada se obtém ou que as comunicações são
tanto mais defeituosas quanto os consulentes e os assis-
tentes estão inquietos"
— 11 —
12
As Principais Mediunidades
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SUAS DEFINIÇÕES E
SEUS CARACTERES
— 15 —
1919, uma nomenclatura devida ao sr. Guillot, secretá-
rio da Sociedade de Estudos Psíquicos, de Nice.
Ocupar-nos-emos, em seguida, das principais medi-
unidades e, especialmente, das mais suscetíveis de se
manifestarem nas pessoas predispostas.
A mediunidade tem sido observada em todas as
épocas da humanidade: desde a antigüidade mais remo-
ta até os presentes tempos, porém a ignorância, a su-
perstição e também a tirania dogmática de todas as re-
ligiões têm impedido o seu desenvolvimento e as suas
manifestações mais intensivas.
Na antigüidade, muitos povos conheceram o fe-
nômeno da mediunidade mas ela era ainda apanágio
dos iniciados e o segredo das suas manifestações ficou
encerrado na cripta dos templos, onde Os adeptos eram
admitidos depois de uma lenta e difícil iniciação.
O mistério e as dificuldades, que essa iniciação pa-
recia apresentar, afastavam todos os que não eram ca-
pazes de submeter-se à estreita disciplina instaurada
pelos padres superiores, guardiões fiéis e vigilantes dos
ritos e dos segredos.
Hoje não é mais assim porque todo o ser que ra-
ciocina logicamente e que está animado do amor do
bem pode, sem temor, estudar os fenômenos mediúnicos.
A porta do santuário está largamente aberta para
todos os que querem e desejam ardentemente instruir-
se nas coisas divinas.
A iniciação não é penosa nem longa. Ela sempre
requer uma certa paciência, é verdade, mas os que estão
— 16 —
animados do desejo de fazer o bem e de ser úteis aos
seus irmãos, em humanidade, têm toda a oportunidade
de obter êxito.
Os espíritos superiores estão prontos em acudir ao
seu apelo. Eles esclarecerão as suas almas e, graças a
esse apoio benfeitor, se tornarão porta-vozes do Além.
Por seu intermédio, esse Além, atento em nos trazer
um auxílio generoso, fará brilhar a todos a imortal e
divina luz da Verdade.
* * *
— 17 —
E, em toda a parte, em virtude das leis das afini-
dades, cujos exemplos são tão numerosos na Natureza,
eles atrairão sobre si maus espíritos que os impelirão
para o Mal. Obsedados, tiranizados, os infelizes médiuns
verão, pouco a pouco, se enfraquecerem as suas facul-
dades medianímicas e depois desaparecerem definitiva-
mente, muito felizes se grandes infelicidades, enormes
aflições, causadas por uma espécie de miséria fisiológica,
não os atingirem.
Se, ao contrário, tiverem a sua alma equilibrada pela
vontade de jamais se afastarem do caminho reto, a fim
de melhor ajudarem os seus irmãos desgraçados, experi-
mentarão intimamente uma alegria pura e serena, fa-
zendo jus à recompensa divina e gloriosa que os espera,
mais tarde, no Além, junto desses espíritos superiores
de que foram, na Terra, bons e fiéis intérpretes.
A mediunidade não é uma enfermidade. É uma
faculdade natural, comum a todos os seres humanos,
latente em uns e patente em outros, em diversos graus.
As faculdades medianímicas se desenvolvem pelo
exercício e é sempre desejável que toda a faculdade
seja cultivada e desenvolvida.
Todo o ser humano é, mais ou menos, médium.É
preciso descobrir o germem da mediunidade de cada
um e cultivá-lo.
A seguinte relação talvez surpreenda por sua ex-
tensão e variedade, mas ela nos parece necessária para
estabelecer a distinção entre as diferentes mediunidades.
— 18 —
A classificação adotada pelo autor desta nomencla-
tura é perfeitamente ordenada. Ela é, bem entendido,
suscetível de ser modificada e, sobretudo, aumentada,
visto que mediunidades novas poderão surgir ainda,
mas parece, para o momento, fixar muito exatamente o
caráter próprio de cada mediunidade.
Eis a relação em referência:
Médium de efeitos físicos ou motores, que, no esta-
do de transe, fazem mover ou transportar objetos mais
ou menos pesados, mesas, cadeiras, etc, uns facultativos
que produzem os fenômenos por um ato da sua vontade,
outros involuntários nos quais a influência se exerce à
sua revelia — com contato: Paracinésia; sem contato:
Telecinesia.
Médium tiptólogo ou tiptor ou sematólogo ou ainda
gramatólogo, que conversa com os espíritos por meio de
golpes batidos pelo pé de uma mesa, de uma cadeira,
com ou sem contato.
Médium de raps ou telacústico, que conversa com
os espíritos por golpes que batem numa mesa, num mó-
vel, numa parede etc.
Médium de levitação, que se eleva do solo sem
nenhum apoio ou que levanta um objeto sem que ne-
nhuma das suas partes esteja em contato com um ponto
de apoio aparente.
Médium de escrita direta, por meio do qual os es-
píritos escrevem diretamente sem a intervenção da mão
— 19 —
do médium cuja força psíquica é somente utilizada. A
mão que escreve é quase sempre invisível e o lápis é o
único que se vê; a escrita é, algumas vezes, também
obtida em papel colocado em um envelope fechado ou
entre duas ardósias ligadas.
Médium de escrita precipitada, quando as letras
parecem formar-se sem o auxílio de um lápis ou de uma
caneta.
Médium de escrita automática ou passiva ou
mecânica, quando a escrita independe da consciência
do escrevente e a mão obedece seja a alguma região
inconsciente do espírito do médium ou respondendo a
qualquer outra influência psíquica mais ou menos dis-
tinta de sua personalidade normal ou supranormal. Ela
corresponde à escrita mecânica da classificação de Allan
Kardec, obtida por meio de uma prancheta ou quando
o médium, segurando o lápis, ignora o conteúdo da
mensagem e algumas vezes não sabe ler nem escrever.
Médium de escrita intuitiva, que recebe o pensa-
mento dos espíritos, escrevendo espontaneamente o que
percebe em si, sem nenhum raciocínio anterior.
Médium de escrita em espelho, que escreve às aves-
sas, de modo que para se ler a comunicação é preciso
lê-la num espelho.
Médium escrevente, que escreve automaticamente
coisas inspiradas pelos espíritos.
Médium xenógrafo, que escreve em uma ou mais
línguas que desconhece.
— 20 —
Médium vidente ou clarividente, que possui o dom
de vêr através dos corpos opacos, que percebe o invi-
sível, principalmente os espíritos não materializados, e
vê cenas que estão fora do alcance dos seus órgãos
visuais.
Médium auditivo ou clariaudiente, que ouve a voz
dos espíritos.
Médium de aparição, que faz aparecer fantasmas
não materializados.
Médium materializador ou de teleplastia, que tem
c poder de desprender o seu perispírito e provavelmente
o das pessoas que o cercam e de condensá-los ao ponto
de torná-los tangíveis e poder formar mãos, pés, corpos
inteiros, etc, ou substância amorfa.
Médium de desdobramento ou exteriorização, que
projeta o seu espírito fora do corpo material, tornando-
se visível ou não aos percipientes.
Médium de incorporação, que reproduz o aspecto,
as maneiras, a voz, a linguagem da entidade ou espírito
que incorpora e fala por seu intermédio.
Médium de premonição ou vaticinador, que profe-
tiza, prediz o futuro.
Médium de transporte, que faz chegar, instantanea-
mente, de fora, muitas vezes de grandes distâncias, ob-
jetos, pássaros, flores, pedras etc.
Médium jalante ou conferencista, que se exprime,
em público, sob orientação de espíritos.
— 21 —
Médium glotólogo, que fala em uma ou mais lín-
guas que desconhece.
Médium de canto direto, que permite os espíritos
cantar sem a intervenção dos seus órgãos vocais.
Médium de voz direta, que permite os espíritos
falar, sem incorporação, de modo direto.
Médium cantor, que canta sob a influência de
espíritos.
Médium de trombeta, que permite os espíritos fa-
lar por meio de uma trombeta ou porta-voz.
Médium músico, que toca um instrumento sob a
influência de espíritos, sem qualquer conhecimento de
música.
Médium pintor, desenhista, que pinta ou desenha
paisagens, flôres, figuras, etc, sem nenhum conheci-
mento técnico, algumas vezes até de olhos vendados ou
em plena escuridão.
Médium escultor, que, no estado de transe, faz mo-
delos de mãos, pés ou figuras, em argila ou parafina.
Médium fotógrafo, cuja presença basta para fazer
aparecer um ou mais espíritos sôbre uma chapa foto-
gráfica.
Médium fotõgeno, cujo organismo emite clarões
mais ou menos vivos
Médium de eflúvios, de cujas mãos emanam eflú-
vios que impressionam chapas fotográficas.
— 22 —
Médium de eflúvios vitais, que, pela imposição das
mãos ou por passes magnéticos, pode acelerar a germi-
nação e o crescimento de sementes e plantas.
Médium de eflúvios esterilizantes, que, pela impo-
sição das mãos, pode esterilizar, mumificar, ressecar os
mais diversos produtos orgânicos: pássaros, peixes, fru-
tos, sem alteração da sua forma ou côr.
Médium imã, que atrai os objetos entre os seus de-
dos, sem contato e os mantém no ar.
Médium psicômetra, que, pelo toque de um objeto
que esteve em contato com uma pessoa ou com um lu-
gar qualquer, descreve a pessoa ou a região.
Médium curador, que faz curas por meios psíquicos
ou ocultos, impondo as mãos.
Médium autóscopo e heteróscopo, que vê os órgãos
internos e descreve as partes enfermas do corpo humano.
Médium sensitivo, que pressente a presença dos es-
píritos por uma espécie de roçar ou por um prurido
em sua pessoa.
Médium de bilocação, cujos corpos físico e psíqui-
co podem estar em dois lugares diferentes ao mesmo
tempo.
Médium rabdomante, que, por meio de uma vari-
nha, percebe as fontes, as cavidades, os metais e as minas
subterâneas.
Médium ideoplástico ou ectoplásmico, que modela
e reproduz, objetivamente, coisas postas em relação
com o seu cérebro.
— 23 —
Médium de estigmas, sobre o qual as sugestões po-
dem produzir estigmas tais como cruzes, letras, gotas
de sangue etc.
Médium telestésico, que parece ativamente experi-
mentar impressões à distância.
Médium gesticulador, que responde a perguntas for-
muladas por movimentos do corpo, da cabeça ou da
mão, ou passeando o dedo sobre as letras de um alfa-
beto com extrema rapidez.
* * *
— 24 —
A luz, todavia, é sempre necessária nas experiên-
cias com a prancheta de bilhas, dita Oui-já, e o quadro
alfabético.
Todos os fenômenos tiptológicos podem, igualmen-
te, produzir-se em plena luz, natural ou artificial.
Os movimentos de objetos (pêndulo, vareta, me-
sa) produzidos com o contato das mãos sem impulso
dos assistentes, são os fenômenos mais fáceis de se obter.
Basta que um grupo de quatro pessoas — duas che-
gam as vezes — se reúna em torno de uma mesa, pouco
importando que essa mesa seja redonda, quadrada ou
retangular e que essas pessoas pousem as mãos nuas
sobre o móvel.
Rapidamente, muitas vezes desde a primeira ses-
são, a mesa se anima, faz ouvir estalos, gira, levanta um
ou mais pés, executa movimentos compatíveis com a
sua estrutura, obedece às ordens que se lhe dá etc. Ela
dá respostas inteligentes, quando se combinou com o
espírito um código de sinais.
Recomendamos, muito particularmente para os pri-
meiros ensaios, o livrinho "Preces Espíritas", que con-
tém as fórmulas de evocações úteis e notadamente as
preces de abertura e de encerramento das sessões, preces
igualmente recomendadas por Allan Kardec.
Quando os fenômenos revestem um caráter inteli-
gente, eles apresentam os seguintes caracteres.
1º — As personalidades comunicantes se dão, elas
próprias, quase sempre, como "espíritos de mortos" e
— 25
afirmam categoricamente, que são desencarnados e que
conservam o seu eu consciente.
2º — Toda a personalidade que se manifesta, seja
na ordem psíquica, seja na ordem física, o faz sempre
de forma idêntica.
3º — Os diversos elementos de sua individualidade
se mostram claramente os mesmos, qualquer que seja o
modo de comunicação e o médium.
4º — A personalidade desses espíritos é tão fixa e
permanente quanto a dos vivos.
5º — Essa personalidade lembra exatamente, na
maioria dos casos, a do defunto de que se diz o espí-
rito desencarnado.
Ela apresenta a sua característica completa, as suas
particularidades originais, o seu idioma, os seus conhe-
cimentos, o seu timbre de voz e a sua escrita; em suma,
todos os elementos que pertenciam ao vivo e que po-
dem ser totalmente ignorados do médium.
6º — O espírito se mostra nas manifestações tal
como era nos últimos tempos da sua existência terrestre.
7º — A característica do defunto é, as vezes, mo-
dificada na comunicação do espírito. Isto se pode dar
de forma tal a se concluir que o comunicante não é o
mesmo que diz ser.
Ém certos casos, só encontra, na comunicação,
um reflexo dos pensamentos e conhecimentos dos
evocadores. Enfim, uma personalidade comunicante, re-
cordando, com uma exatidão suficiente, a do defunto
— 26 —
que ela diz ser, pode, as vezes, mostrar-se inferior ou su-
perior a que era quando viva.
8º — As provas mais completas de identidade são
muitas vezes fornecidas por espíritos desconhecidos do
médium e da assistência e achadas, depois de uma veri-
ficação, inteiramente exatas. Alias, não é muitas vezes
possível atribuir ao médium nem a forma nem o con-
teúdo de uma comunicação.
O valor intelectual das comunicações é dos mais
variáveis. Elas são sinceras ou mentirosas, mas, em um
ou outro caso, seu conteúdo é o mais freqüentemente
banal e sem grande importância.
Elas são, sobretudo, interessantes no que concerne
às provas de identidade pessoal fornecidas pelos comu-
nicantes e as satisfações particulares, de ordem privada
que nos podem trazer.
Não se lhes deve pedir uma informação difícil, nem
uma -previsão do futuro, ou pelo menos só fazê-lo com
muita reserva ou prudência.
Algumas vezes as comunicações não são apenas
banais, mas grosseiras, injuriosas ou bem obscuras ou
incoerentes.
"É preciso conhecer bem esses caracteres de insig-
nificância ou de inferioridade relativa ao conteúdo inte-
lectual de um grande número de comunicações. Eles
chocam muito os experimentadores novatos, bem incli-
nados a vêr nos espíritos dos mortos, sobretudo quando
— 27 —
esses mortos são seus parentes ou seus amigos, verda-
deiros semideuses". (1)
Mas obtêm-se, ao contrário, comunicações muito
elevadas revelando conhecimentos e uma inteligência
superiores aos dos médium ou dos assistentes. Elas po-
dem, então, dar-nos indicações inesperadas, conselhos
preciosos, mesmo previsões do futuro
A freqüência das comunicações inferiores ou pouco
elevadas é inevitável, seja porque a maior parte dos
espíritos que podem ou que querem pôr-se em relação
conosco não estejam ainda acima da humanidade encar-
nada, seja porque as leis que regem essas comunicações
os recolocam, fatalmente, em seu nível.
Demais, em conseqüência do obscurecimento rela-
tivo de sua consciência e da diminuição de sua vontade
livre, o espírito comunicante sofre, com facilidade, as
sugestões mais ou menos voluntárias dos assistentes, as
quais se refletem, muitas vezes, sobre os seus próprios
pensamentos.
O valor das comunicações, sob o ponto de vista in-
telectual, está em razão inversa do seu valor físico.
"É assim que as materializações completas de um
espírito são sempre acompanhadas de um obscureci-
mento considerável da sua consciência. Somente depois
de umas séries de materializações sucessivas é que êle
chega a habituar a sua inteligência a funcionar no orga-
— 28 —
nismo de empréstimo e que êle conserva, mais ou me-
nos, as lembranças do seu estado real". (1)
As comunicações elevadas são quase sempre dadas
pela escrita automática e é desta mediunidade que va-
mos ocupar-nos mais precisamente.
Certos fenômenos são atribuidos a um ambiente fa-
vorãvel, à presença de uma pessoa determinada que, às
vezes, ignora a faculdade de que é dotada, faculdade
que, entretanto, se liga a ela, de modo que, se essa
pessoa está presente e o ambiente não foi destruido, os
fenômenos se produzem.
Eles desaparecem com a destruição do ambiente e,
sobretudo, com a partida da pessoa ou com a neutrali-
zação do seu poder, precisando, ás vezes, da interven-
ção de outras pesosas.
Para a produção dos fenômenos medianímicos, é
impossível estabelecer regras absolutas quanto ao efeito
que produz o calor, a umidade, o frio, o vento, a luz,
etc... Existem fenômenos que um médium e um espí-
rito não podem jamas produzir juntos senão quando
esse mesmo espírito ou esse mesmo médium os execu-
tam com um outro médium ou com um outro espírito
mais facilmente, em condições que são idênticas.
É uma questão de aliança ou de acomodação fluílica.
A fim de evitar pesquisas (cuja extensão poderia
esfriar o zelo dos mais pacientes experimentadores),
— 29 —
vamos indicar-lhes o meio de reconhecer a faculdade
de médium escrevente mecânico.
Graças à Quiromancia, muitas coisas ocultas são
desvendadas. Outrora, unicamente aos iniciados era re-
servado o conhecimento dos Mistérios.
Também, quando os não iniciados tinham revela-
ções fora do meio, encerravam, em seus templos ou
noutras partes, os concorrentes atrapalhadores do seu
comércio religioso, tudo para o prestígio das coisas sa-
gradas que eles deviam conservar intactas, isto é, puras
de toda a aliança. E eram nas mãos que eles liam a
possibilidade ou não de se servirem utilmente desses
visionários que surgiam por todas as partes.
Pedimos aos nossos leitores lançar um olhar sobre
o esquema de mão que reproduzimos segundo Decrespe
(1) mas ao qual achamos dever ajuntar os sinais indi-
cadores da mediunidade de escrita mecânica, semime-
cânica ou ordinária. (2)
Esses sinais são visíveis na mão esquerda.
Se a pessoa examinada é médium escrevente ou
desenhista, veremos:
1º — Um X no começo do anel de Vénus do lado
do índice.
2º — Um 9 no meio deste anel, na intercessão do
médio e do anular.
— 30 —
1-1. Linha da vida, do sangue, da saúde ou Venusiana
2-2. Linha da sorte, da fortuna, da fatalidade ou Saturniana.
3-3. Linha da cabeça ou Marciana.
2-5. Linha do Sol, das artes ou Apolonia.
2-6. Linha da intuição ou de Mercúrio.
7-7. Linha do pulso, bracelete.
8-8. Anel de Vénus.
9-9. Via Láctea ou Via lasciva.
— 31 —
O médium que tem estas três linhas na mão é ge-
ralmente médium escrevente, auditivo e de incorporação,
porém comumente é o sinal X ou o sinal 9 que se acha
quase sempre repetido; mais raro se encontra a Pena
de Pato, substituída algumas vezes por um Estilete ou
um Buril.
Estes sinais para melhor distingüí-los, são repre-
sentados pontilhados, do mesmo modo que os Triân-
gulos da Mediunidade Vidente. Nossos leitores que os
vejam bem em nosso desenho.
Contentar-nos-emos em recomendar aos consulta-
dos que afastem de si e do consultante as pessoas que
forem com este último, pois a curiosidade as leva a ir
ouvir e ver o que um só deve saber e aprender. Ne-
nhuma pessoa estranha deve aproximar-se dos únicos
que estão interessados na consulta ou na comunicação:
um para prognosticar segundo o que vê, ouve ou sente;
outro para receber a comunicação que diz respeito só a
êle. Tanto pior para o médium quiromante se êle não
fôr prudente; as lições que receber lhe darão o que re-
fletir. Cremos ser úteis aos pesquisadores, dizendo-lhes
"Cuidado". Eles não deverão ir além. Um homem preve-
nido vale por dois, diz o adágio. Ouvi isto.
Se a pessoa estranha à consulta é sensitiva, o fluí-
do espiritual agirá sobre ela e ela poderá ressentir os
efeitos da exteriorização, o que obrigará o quiromante
(se êle conhece o magnetismo) a prestar os seus cui-
dados à imprudente curiosidade. Êle deverá interromper
— 32 —
a sua consulta, durante, pelo menos, 30 minutos e essa
consulta poderá bem não valer o que prometia ser antes
do incidente.
Se a pessoa consulente for impressionável, devera
ser afastada.
Isto dito e bem compreendido, pediremos ao cava-
lheiro ou à dama para mostrar a palma da mão esquerda.
"Por que a palma da mão esquerda", direis, quando a
célebre Madame de Thébes e outros autores justamente
apreciados dão preferência à mão direita? Por experên-
cia, aprendemos que a mão esquerda é mais reveladora
do que a mão direita. Em apoio de nossa asserção, da-
mos abaixo a opinião de uma quiromante, cuja facul-
dade é universalmente conhecida e apreciada.
A erudita quiromante "Madame Fraya" (1) escre-
veu o seguinte no Almanach de L'Echo du Merveilleus
de 1930: "A mão esquerda, desde a infância, está cla-
ramente desenhada para que seja possível decifrar o
esquema do Destino que ela anuncia. Esta mão pouco
muda. Ela simboliza as leis fatais da hereditariedade, as
oue guiam os nossos impulsos ou as nossas tendências
primordiais. A mão direita, ao contrário, se transforma
sob a influência da educação ou da cultura. Ela nos ad-
verte também dos perigos acidentais que nos ameaçam,
dos escolhos que poderemos evitar por meio da nossa
— 33 —
atenção prudente. Mais clara e mais pura, ela demonstra
uma alma perfectível, apta a melhorar-se. Mais confusa,
ela denota uma incapacidade das forças voluntárias,
uma preguiça de espírito prejudicial à feliz evolução do
Destino".
Não pretendemos estabelecer um curso de Quiro-
mancia e colocar-nos no grupo dos bons autores (anti-
gos e modernos) que trataram deste assunto tão larga-
mente quanto o merece ser, mas simplesmente para es-
clarecer certos pontos não percebidos ou advinhados por
autores que trataram do tema, antes materialmente
que psiquicamente, sem outra preocupação que a de
fazerem reclame, sob um pseudônimo, para ocultar o
seu jogo.
Só temos um desejo: o de ver aumentar os viden-
tes, e os intuitivos; um fim: o de permitir aos pesquisa-
dores aprender uma ciência de que se descuidam para
se ocuparem de coisas mais prejudiciais do que úteis;
um pensamento: dar a muitos dos deserdados da vida
a calma e a certeza de melhores dias; reconfortar, rege-
nerar as almas perdidas, transviadas.
Entre os autores que se especializaram na ciência
chamada Quiromancia, notamos entre os antigos: de
Lachambre e Jean Belot; entre os modernos: Desbarrol-
les, Papus, Edmohd, Madame de Thébes e Madame
Fraya, devendo assinalar ainda o autor desconhecido
que, sob as iniciais X. M. A., editou na Livraria Jules
Eouff & Cie., sob o título Ce qu' on lit dans la main (O
que se lê na mão), uma interessante e muito séria obra
— 34 —
de que pudemos apreciar o mérito e reconhecer a sin-
ceridade das observações. Sem querer criticar os autores
antes citados, notamos bastantes inexatidões e observa-
ções erradas, colhidas em obras de autores bibliófilos,
em vez de pesquisadores e experimentadores.
Decrespe, em sua obra popular, La main et ses
mystères (A mão e seus mistérios) se algum bem fêz
ainda que complicado, caiu, por vezes, nos mesmos erros,
apesar de sua boa-fé. Sua obra não merece pois ser
consultada.
Extrairemos as seguintes linhas do pequeno volu-
me de X. M, A., de que falamos antes. Elas mostrarão
aos nossos leitores por que nos estendemos sobre este
interessante assunto. A Quiromancia entrou no quadro
do nosso trabalho, muito resumida na edição anterior e
ampla na presente edição, em razão de observações fei-
tas depois de 1910, as quais dormitavam então e não
querem agora ser postas sob o alqueire, mas sim ilumi-
nar o caminho seguido pelos pesquisadores. Agradece-
mos a Deus nos ter feito entrever esta claridade e, de-
pois dele, aos bons espíritos que nos ajudaram na nossa
obra.
Nossos leitores, assim avisados, se certificarão: 1º
— que a Vidência e a Intuição não são dadas a todos
mas somente a seres privilegiados; 2º — que muitos
podem, estudando paciente e seriamente, tornar-se Vi-
dentes ou Intuitivos, se têm os germes dessas faculdades
(o que quase sempre ignoram) e adquirir um desses
dons.
— 35 —
Na pág. 13 do dito volumezinho Ce qu' on lit dans la
main, lemos: "As linhas da mão são como um alfabeto
que permite ler em nosso próprio coração e nos dos
outros. É um sinal moral e um sinal físico, o retrato
traçado pelos fios nervosos e extra-sensíveis do cérebro.
Se o cérebro e o coração pensam, é a mão que executa
e age. A mão é, pois, o Espelho da alma, a Imagem
do Espírito. Ela registra, como um telégrafo, os nossos
movimentos interiores e os nossos pensamentos. Há uma
corrente magnética perpétua entre estes dois pólos: o
cérebro e a mão.
"Antes de entrar na matéria, isto é, antes de dar
a explicação dos sinais traçados nas mãos, cujos dife-
rentes desenhos facilitarão os estudos dos pesquisadores,
não podemos deixar na sombra certas observações feitas
por nós e que temos o dever de indicar aos nossos leito-
res, ao mesmo tempo que os levar a fazer como temos
feito nós mesmos: estudar os bons autores que escreve-
ram sobre a Astrologia e também os que, sinceramente,
deram provas de sua vidência ou de sua intuição como
verdadeiros quiromantes. Diremos francamente e sem
medo da ironia que poderia nascer no pensamento de
alguns dos leitores quais os meios que temos empregado
com maior sucesso e os postos de lado, que só nos cau-
saram dissabores.
"Não podemos deixar os nossos leitores ignorar que
preferimos dar consultas aos nossos clientes durante as
luas novas e cheias (3 dias antes e 3 depois) e sobre-
tudo na terça-feira (dia consagrado a Marte) para os
— 36 —
homens, e na sexta-feira (dia consagrado a Vénus) para
as mulheres. De acordo com a nossa opinião e a dos
mais instruidos que nós na Teosofia e no Ocultismo, o
número 13 não é mais eficaz que um outro e êle só
pertence às pessoas superticiosas e ignorantes e, sobre-
tudo, às que vivem dessas, para lhes conceder mais
confiança para consultar no dia deste número, em vez
dos números 7 e 9 que têm, na Magia Branca e na
Teosofia, um valor real.
"Melhor seria estudar e pôr em prática o que, em
diversas obras, escreveu o Dr. Ely Star, astrólogo repu-
tado. Este autor definiu, escrupulosamente, as influên-
cias dos diversos planetas e nós compartilhamos das
idéias do Dr. Star, que conhecemos e estimamos. Tam-
bém aconselhamos os nossos leitores a 1er as seguintes
obras deste escritor: Les Mystères de l'Etre, Les Mys-
tères du Verbe, Les Mystères de l'Horoscope e o seu
compêndio de astrologia intitulado Astrologie Populaire,
obras tôdas de rara erudição e profundo interesse.
"Desta última obra, destacaremos, do capítulo Qu'
est-ce que l'Astrologie? as seguintes passagens que pro-
varão aos nossos leitores que a Astrologia e a Quiro-
mancia têm pontos de ligação e se explicam uma pela
outra. Se a Astrologia nos indica o planeta que mais
nos influencia, os que influenciam os nossos órgãos e
as faculdades da nossa alma, a Quiromancia tem por
missão mostrar-nos, na mão esquerda, sobretudo, as di-
versas influências que aí se acham inscritas em carac-
teres indeléveis.
— 37 -
* * *
— 38 —
ao contrário, as pessoas nascidas durante a estação das
neves se assemelham aos povos setentrionais, porque o
verão é análogo ao sul e o inverno ao norte. O mesmo
sucede, evidentemente, com as pessoas nascidas na pri-
mavera, em analogia com o este; e com as nascidas du-
rante o outono com os povos do oeste.
Sem querer mostrar, aqui a enorme diferença que
existe entre as tribos selvagens dos países tórridos e os
esquimós comedores de peixe cru, fiquemos na França
e comparemos os nossos meridionais entusiastas com
a natureza fleugmática dos Picardos prudentes, reserva-
dos, astutos, por causa da sua natureza interior; depois
com menos diferença, portanto, os Alsacianos juvenis e
crédulos; com os Bretões onde, em suas tristes aldeias,
tudo é pobre, sujo e velho, e poderemos judiciosamente
adaptar aos primeiros a fórmula: Para frente, e aos últi-
mos a fórmula: Para trás.
Em Astrologia, o Sol dá indicações sobre as opor-
tunidades subjetivas, mas, para se lerem os presságios
objetivos, os que dependem mais da influência do meio
e dos acontecimentos que do nosso livre arbítrio, é o
signo zodiacal do "Ascendente" que lhe é a interessan-
te gênese e o poderoso promotor.
Isto dito, compreender-se-á melhor o fundamento
da ciência astrológica e da Quiromancia, que a com-
pleta. O enunciado que se vai ler sobre a intrínseca
significação de cada planeta só é, em suma, a etiqueta
que assinala tal ou qual indivíduo porque, no momento
— 39 —
do seu aparecimento sobre a Terra, os planetas do fir-
mamento, colocados diferentemente entre os doze signos
zodiacais, estavam ou em bom ou em mau aspecto e,
conseqüentemente, não podiam dar às pessoas nascidas
sob influências diversas senão as de que dispunham no
momento."
Para maior clareza damos adiante, do capítulo da
Astrologie Populaire intitulado "Os Planetas no Univer-
so e na Humanidade", um trecho escolhido do autor
sobre as influências do Sol e da Lua. Não podemos
copiar inteiramente este interessante volumezinho e a
êle remetemos os nossos leitores. O nosso fim, dando
alguns trechos do mesmo, para fazer sobressair as rela-
ções existentes entre as duas ciências (Astrologia e Qui-
romancia) e buscar com o dedo, por assim dizer, o por-
quê das influências solar e lunar (sobretudo esta), é o
de responder, de uma vez para sempre, a perguntas que
nos fazem freqüentemente os consulentes, mencionando
a preferência que manifestamos a respeito das épocas
das Luas Novas e Cheias às dos -Quartos de Lua e por
quais razões cremos que é preferível dar consulta aos
Homens na Terça-feira e ás Mulheres na Sexta-Feira
que se achem antes ou depois dessas luas. Isto bem enten-
dido, está explicado nas diversas obras do Dr. Ely Star
e, notadamente, na sua Astrologie Populaire.
Damos a palavra ao Dr. Star:
— 40 —
Os Planetas no Universo
e na Humanidade
— 41 —
A Lua, reflexo do Sol, astro misterioso das noites,
é o símbolo da miragem, do erro, da idéia feliz ou va-
gabunda que tão justamente se denominou: a imagina-
ção (la folie du logis).
Ela governa as nossas quimeras, as nossas ilusões
e os nossos sonhos. Sem a luz do Sol, a Lua seria fria
e escura; sem o poder da vontade os frutos da imagina-
ção seriam sem vida.
No reino mineral, a Lua é representada pela prata.
As forças absorvidas por esse astro no grande oceano
cósmico são de tal natureza que elas podem, segundo
as influências de outros planetas, ser ou inteiramente
boas ou essencialmente más. É o planeta das contingên-
cias. Suas influências correspondem ao raio azul do es-
pectro solar. Ele confere aos súditos, que elas influen-
ciam, gostos estranhos, inconstantes, fantasiosos, sonha-
dores, caprichosos e volúveis. Mal disposta, ela propen-
de para a loucura. Na natureza, o influxo lunar age so-
bre as marés, a seiva, a germinação dos vegetais e,
também, sobre os mistérios da gestação, nos animais.
Sua influência é eminentemente magnética.
Ela é a grande iniciadora da alma nos sublimes
mistérios do espírito. Representa os atributos criadores
passivos da Luz Astral a que os cabalistas chamam:
OB.
Astrologicamente e em razão de sua proximidade
da Terra, de sua afinidade com ela, a Lua é um agente
poderosíssimo de influências astrais. Girando sempre no
— 42 —
espaço, em torno do nosso planeta, a Lua recebe dire-
tamente dos astros e do zodíaco múltiplas influências
que derrama, em seguida, sobre a Terra, como o faria
um grande espelho inclinado que recebesse a luz de
diversos pontos e a reenviasse, coletivamente ou isola-
damente, sobre um meio paralelo ao seu foco.
A Lua é o grande refletor sideral e é por isso que
ela tem, também, grande importância em Astrologia. As
pessoas, que nascem sob a sua influência exclusiva, são
indolentes, indecisas, indiferentes, ataráxicas, sonhado-
ras, submissas, inofensivas; o seu caráter é desprovido de
toda a iniciativa, não podem tomar por si mesmas ne
nhuma determinação viril, pois são somente "penas ao
vento", que o vendaval da vida voltija em loucos tur-
bilhões como um leve floco de neve arrastado pela tor-
menta dos aguilhões. Porém, se a Lua, símbolo das pas-
sividade, recebe do Sol um raio benéfico, então tudo
nela muda e ela se ilumina, vive e vibra harmoniosa-
mente.
Esse singelo contato de vitalidade poderosa basta
para degelar a estátua e ela, agora, terá aspirações, ten-
dências para a arte, para o ideal belo, aptidões defini-
das e elevadas, seja para a poesia ou para o misticismo,
mas sempre gostos apurados e uma sede insaciável de
contemplação solitária no seio da bela natureza, na
margem dos lagos, na sombra inspiradora das florestas
ou sob a abóbada celeste; cheia de inúmeras irradiações
estelares, ela irá procurar volúpias imateriais num vôo
d'alma, na doce embriaguez dos êxtases. A Lua é a
— 43 —
noite e o sonho e, segundo é clara ou sombria, colocada
num signo zodiacal benéfico ou malfazejo, provocará
um sonho encantador ou um pesadelo angustioso. É
ela que preside aos comas, às síncopes, às letargias, às
saídas em astral, que, por seu magnetismo, faz os so-
nâmbulos, os visionários, os videntes e os extáticos. To-
das as afecções ditas "nervosas", que fazem o desespero
dos médicos, dependem exclusivamente de sua misterio-
sa empresa.
Em nós, ela rege a imaginação material e, quando a
sua influência má é preponderante, infelizmente triunfa
da razão emanada do Sol, seu senhor e mestre. É o que
se produz, então, durante os eclipses totais do Sol.
No reino mineral, a Lua é representada pela prata.
Suas gemas são: a pérola, a selenita e a opala leitosa.
— 44 —
Discute-se ainda hoje sobre as ciências ocultas; sua
austera filosofia impõe-se aos espíritos timoratos ou alie-
nados pelo temor do Desconhecido. Teme-se o Espiritis-
mo, por exemplo, porque êle evoca a idéia de morte,
pondo-nos em relação com os que nos precederam no
Além e, sem mesmo ter-se o trabalho de refletir que,
cada noite, durante o sono, quando o nosso corpo insen-
sível é apenas regido pela vida orgânica, o nosso espí-
rito, momentaneamente liberto do seu envoltório mate-
rial, voa livremente pelo Espaço e vai em busca dos
que lhe são caros.
No plano astral, em que estivemos antes de nascer
na Terra (e para onde voltaremos todos dentro de pou-
co tempo, depois da expiação de nossas provas terres-
tres) , encontra-se a verdadeira vida, ao passo que, atual
mente, vegetamos tristemente no domínio estreito da
existência terrestre.
As ciências ditas ocultas não são utopias nem so-
nhos vãos; elas constituem o estudo mais útil que existe,
porque têm por fim a pesquisa dos princípios divinos
e das leis eternas que, emanadas de Deus, governam a
natureza e a humanidade em seus planos respectivos e
diametralmente opostos.
A atenção, a reflexão, a meditação e a contempla-
ção são os meios a empregar para atingir a tão subli-
me fim"
* * *
Vejamos, agora, o que diz Allan Kardec a respeito
dos médiuns escreventes, gênero de mediunidade o mais
— 45 —
comum, e, além disto, o mais simples, o mais cômodo e
o que dá resultados mais satisfatórios e os mais com-
pletos, no "Livro dos Médiuns", págs. 243 e seguintes:
"Como disposição material recomendamos se evite
tudo o que possa embaraçar o movimento da mão. É
mesmo preferível que esta não descanse no papel. A pon-
ta do lápis deve encostar o bastante para traçar alguma
coisa, mas não tanto que ofereça resistência. Todas essas
precauções se tornam inúteis, desde que se tenha che-
gado a escrever corretamente, porque então nenhum
obstáculo detém mais a mão. São meros preliminares
para o aprendiz".
"É indiferente que se use da pena ou do lápis. Al-
guns médiuns preferem a pena que, todavia, só pode
servir para os que estejam desenvolvidos e escrevem
pausadamente. Outros, porém, escrevem com tal veloci-
dade que o uso da pena seria quase impossível, ou pelo
menos, muito incômodo. O mesmo sucede quando a es-
crita é feita às arrancadas e irregularmente ou quando
se manifestam espíritos violentos que batem com a pon-
ta do lápis e a quebram, rasgando o papel."
"O desejo natural de todo aspirante a médium é
o de poder confabular com os espíritos das pessoas que
lhe são caras; deve, porém, moderar a sua impaciência,
porquanto a comunicação com um determinado espírito
apresenta, muitas vezes, dificuldades materiais que a tor-
nam impossível ao principiante. Para que um espírito
possa comunicar-se, preciso é que haja entre êle e o
médium relações fluídicas que nem sempre se estabele-
— 46 —
cem instantaneamente. Só à medida que a faculdade se
desenvolve é que o médium adquire, pouco a pouco, a
aptidão necessária para pôr-se em comunicação com o
espírito que se apresenta. Pode dar-se, pois, que aquele
com que o médium deseja comunicar-se não esteja em
condições propícias a fazê-lo, embora se ache presente,
como também pode acontecer que não tenha possibili-
dade nem permissão para acudir ao chamado que lhe é
dirigido".
"Convém, por isso, que, no começo, ninguém se obs-
tine em chamar um determinado espírito, com exclusão
de qualquer outro, pois geralmente sucede não ser com
esse que as relações fluídicas se estabelecem mais facil-
mente, por maior que seja a simpatia que lhe vote o
encarnado. Antes pois de pensar em obter comunicações
de tal ou qual espírito, importa que o aspirante leve a
efeito o desenvolvimento da sua faculdade, para o que
deve fazer um apelo geral e dirigir-se, principalmente,
ao seu anjo guardião. Não há, para esse fim, nenhuma
fórmula sacramental. Quem quer pretenda indicar
alguma pode ser taxado, sem receio, de impostor, visto
que, para os espíritos, a forma nada vale. Contudo, a
evocação deve sempre ser feita em nome de Deus. Po-
der-se-á fazê-la nos seguintes termos ou outros equiva-
lentes: Rogo a Deus todo-poderoso que permita venha
um bom espírito comunicar-se comigo e fazer-me escre-
ver. Peço, também, ao meu anjo de guarda se digne de
me assistir e de afastar os maus espíritos. Formulada a
súplica, é esperar que um espírito se manifeste, fazendo
— 47 —
escrever alguma coisa. Pode acontecer venha aquele que
o evocador deseja como pode ocorrer, também, venha
um espírito desconhecido ou o anjo de guarda. Qualquer
que êle seja, em todo o caso, dar-se-á a conhecer, escre-
vendo o seu nome. Então, porém, se apresenta a questão
da identidade, uma das que mais experiência requer,
por isso que poucos principiantes haverá que não este-
jam expostos a ser enganados".
"Quando quiser chamar determinados espíritos, é
essencial que o médium comece por se dirigir somente
aos que êle sabe serem bons e simpáticos e que podem
ter motivo para acudir ao apelo, como parentes ou ami-
gos. Neste caso, a evocação pode ser formulada assim:
Em nome de Deus todo-poderoso, peço que tal espírito
se comunique comigo, ou então: Peço a Deus todo-po-
deroso permita que tal espírito se comunique comigo, ou
qualquer outra fórmula que corresponda ao mesmo pen-
samento. Não é menos necessário que as primeiras per-
guntas sejam concebidas de tal sorte que as respostas
possam ser dadas por um sim ou não, como por exem-
plo: Estás aí? Queres responder-me? Podes jazer-me es-
crever? etc".
"Mais tarde essa preocupação se torna inútil. NO
princípio trata-se de estabelecer assim uma relação. O
essencial é que a pergunta não seja fútil, não diga res-
peito a coisa de interesse particular e, sobretudo, seja
a expressão de um sentimento de benevolência e simpa-
tia para com o espírito a quem é dirigida".
— 48 —
"Coisas ainda mais importantes do que o modo
da evocação a ser observado são a calma e o recolhi-
mento, juntos ao desejo ardente e a firme vontade de
conseguir-se o intuito. Por vontade, não entendemos aqui
uma vontade efêmera, que age com intermitencias e
que outras preocupações interrompem a cada momento,
mas uma vontade séria, perseverante, contínua, sem
impaciência nem febricitação. A solidão, o silêncio e o
afastamento de tudo o que possa ser causa de distração
favorecem o recolhimento. Então uma só coisa resta a
fazer: renovar todos os dias a tentativa, por 10 minutos,
ou um quarto de hora, no máximo, de cada vez, duran-
te 15 dias, 1 mês, 2 meses e mais, se preciso. Conhece-
mos médiuns que só se desenvolveram depois de 6 me-
ses de exercício, ao passo que outros escreveram, corren-
temente, logo da primeira vez".
"O primeiro indício de disposição para escrever é
uma espécie de tremura no braço e na mão. Pouco a
pouco a mão é arrastada por um impulso que ela não
logra dominar. Muitas vezes não traça senão riscos
insignificantes; depois, os caracteres se desenham cada
vez mais nitidamente e a escrita acaba por adquirir a
rapidez da escrita ordinária. Em todos os casos, deve-se
entregar a mão ao seu movimento natural e não lhe ofe-
recer resistência, nem impulsiona-lá.
Alguns médiuns escrevem, desde o princípio, cor-
rentemente e com facilidade, às vezes mesmo desde a
primeira sessão, o que é muito raro. Outros, durante
muito tempo, traçam riscos e fazem verdadeiros exercí-
— 49 —
cios caligráficos. Dizem os espíritos que é para lhes sol-
tar a mão. Em se prolongando demais esses exercícios
ou degenerando na grafia de sinais ridículos, não há
dúvidas de que se trata de um espírito que se diverte,
porque os bons espíritos não fazem nunca nada que seja
inútil. Em tal caso, cumpre redobrar de fervor no apelo
à assistência destes. Se, apesar de tudo, nenhuma altera-
ção houver, deve o médium parar uma vez reconheça
que nada de sério obtém'.
"O escolho com que topa a maioria dos médiuns
principiantes é o de terem de haver-se com espíritos
inferiores e devem dar-se por felizes quando não são
espíritos levianos. Toda atenção precisam pôr em que
tais espíritos não assumam predomínio, porquanto, acon-
tecendo isso, nem sempre lhes será fácil desembaraça-
rem-se deles. É ponto este de tal modo capital, sobre-
tudo no começo, porque, não sendo tomadas as pre-
cauções necessárias, podem perder-se os frutos das mais
belas faculdades".
"A primeira condição é colocar-se o médium, com
uma fé sincera, sob a proteção de Deus e solicitar a
assistência do seu anjo de guarda (1) que é sempre
bom, ao passo que os espíritos familiares, pelo simpati-
zarem com as suas boas ou más qualidades, podem ser
levianos ou mesmo maus,"
— 50 —
"A segunda condição é aplicar-se, com meticuloso
cuidado, a reconhecer, por todos os indícios que a ex-
periência faculta, de que natureza são os primeiros es-
píritos que se comunicam e dos quais manda a prudên-
cia sempre se desconfie. Se forem suspeitos esses indí-
cios, dirigir fervoroso apelo ao seu anjo de guarda e re-
pelir, com todas as forças, o mau espírito, provando-lhe
que não conseguirá enganar, a fim de que êle desanime".
Se é importante não cair o médium, sem o querer,
na dependência dos maus espíritos, ainda mais impor-
tante é que não caia por espontânea vontade. Preciso,
pois, se torna que o imoderado desejo de escrever não
o leve a considerar indiferente dirigir-se ao primeiro
que apareça, salvo para mais tarde se livrar dele, caso
não convenha, por isso que ninguém pedirá impune-
mente, seja para o que fôr, a assistência de um mau
espírito, o qual pode fazer que o imprudente lhe pague
caros os serviços".
"Algumas pessoas, na impaciência de verem desen-
volver-se em si as faculdades mediúnicas, desenvolvi-
mento que consideram muito demorado, se lembram de
buscar o auxílio de um espírito qualquer, ainda que mau,
contando despedí-lo em seguida. Muitas hão tido plena-
mente satisfeitos os seus desejos e escrito imediatamente,
porém o espírito, pouco se incomodando com o ter sido
chamado na pior das hipóteses, menos dócil se mostrou
em ir-se do que em vir. Diversas conhecemos que foram
punidas da presunção de se julgarem bastante fortes
para afastá-los quando o quisessem, por anos de obses-
— 51 —
são de toda a espécie, pelas mais ridículas mistificações,
por uma fascinação tenaz e até por desgraças materiais
e pelas mais cruéis decepções. O espírito se mostrou, a
princípio, abertamente mau, depois hipócrita, a fim de
fazer crer na sua conversão ou no pretendido poder do
seu subjugado, para repelí-lo à vontade".
"A escrita é, algumas vezes, legível, as palavras e
as letras bem destacadas, mas, com certos médiuns, é
difícil que outrem, a não ser êle, a decifre, antes de ha-
ver adquirido o hábito de fazê-lo. É formada, freqüente-
mente, de grandes traços, pois os espíritos não costumam
economizar papel. Quando uma palavra ou uma frase é
quase de todo ilegível, pede-se ao espírito que consinta
em recomeçar, ao que êle em geral aquiesce de boa von-
tade. Quando a escrita é, habitualmente, ilegível, mes-
mo para o médium, este chega quase sempre a obtê-la
mais nítida, por meio de exercícios freqüentes e demo-
rados, pondo nisso uma vontade forte e rogando ao es-
pírito que seja mais correto".
"Alguns espíritos adotam sinais convencionais que
passam a ser de uso nas reuniões do costume. Para
assinalarem que uma pergunta lhes desagrada e que não
querem respondê-la, fazem, por exemplo, um risco longo
ou coisa equivalente. Quando o espírito conclui o que
tinha a dizer ou não quer continuar a responder, a mão
fica imóvel e o médium, quaisquer que sejam o seu po-
der e a sua vontade, não obtém nem mais uma palavra.
Ao contrário, enquanto o espírito não conclui, o lápis
— 52 —
se move sem que seja possível a mão detê-lo. Se o espí-
rito quer espontaneamente dizer alguma coisa, a mão
toma convulsivamente o lápis e se põe a escrever, sem
poder obstar a isso. O médium, aliás, sente quase sempre
em si alguma coisa que lhe indica ser momentânea a
parada ou ter o espírito concluído. É raro que não sinta
o afastamento deste último".
* * *
— 53 —
prancheta de bilhas no ponto "?". A pessoa da direita
aí colocará a mão esquerda, a pessoa da esquerda colo-
cará a mão direita e é preciso nunca se fazer experiên-
cias a sós. De outra parte, como há aqui uma questão
de polaridade, fazemos observar que se os experimen-
tadores são de sexo diferente, o do masculino se colo-
cará à direita sendo positivo, e o do feminino se porá
à esquerda. Se os médiuns são do mesmo sexo, deverão
observar qual dentre eles tem na palma da mão esquer
da a letra M mais profunda. Esta letra é formada pelas
linhas da vida, da oportunidade, da cabeça e do coração.
Apessoa que tiver este sinal deverá colocar-se à direita.
Segundo tempo — Não apoiar as mãos; pousá-las
unicamente. Depois de um ou dois minutos de espera,
raps, estalidos na prancheta, no quadro alfabético ou no
móvel, que serve de suporte a este, se farão ouvir e uma
corrente fluídica será sentida se não pelos dois experi-
mentadores pelo menos pelo mais sensitivo (o da es-
querda, o negativo). Fazer silêncio e deixar arrastar as
mãos para as letras, os algarismos ou os sinais do quadro.
Terceiro tempo — A prancheta, depois de aparên-
cias de hesitação de pouco tempo, se decide a partir e
se põe a rodar, docilmente a princípio, depois com uma
velocidade que dá aos experimentadores bastante traba-
lho para seguí-la. Esse movimento rotativo tem por fim
misturar os fluídos do espírito com o de cada um dos
médiuns. Também não se deve parar a prancheta em seu
movimento, assim como não interrogar o espírito que se
quer comunicar, antes que ela tenha parado no ponto
— 54 —
"?", quando os experimentadores poderão fazer per-
guntas.
Quarto tempo — No princípio e para treino, as
sessões só deverão durar de 20 a 30 minutos. As per-
guntas deverão ser feitas mentalmente ou de viva voz,
ser claras e não de duplo sentido, de modo que a res-
posta seja breve e se traduza por Sim ou Não, palavras
impressas à esquerda ou à direita do quadro ou da me-
sinha com o alfabeto.
Se o espírito fôr bastante loquaz para se ouvir um
pouco, êle soletrará as palavras do que quiser dizer e
talvez indique aos médiuns uma forma de comunicação
mais rápida. Quando os médiuns estiverem mais treina-
dos e tiverem adquirido o grau de iniciação que importa
possuírem para chegar à paciência necessária para as
pesquisas e o discernimento das causas de que vêm
apenas os efeitos, o espírito instrutor lhes dirá como
devem proceder com tal ou qual espírito, lhes indicará
as armadilhas que lhes poderão ser estendidas e como
deverão frustá-las e delas se precaverem; um ensaiará
sobre eles o efeito dos seus fluídos, a fim de se fazer
reconhecer por eles, mesmo antes das sessões.
Quinto tempo — Os médiuns poderão evocar na
prancheta o espírito com o qual desejam entreter-se.
Cheios de bons pensamentos, sentirão a presença deles
ou de intrusos e agirão em relação com os mesmos. Se
não são videntes, que procurem encontrar pessoas aptas
a torná-lo. Por meio dos videntes, eles serão avisados
— 55 —
dos ardis dos espíritos perversos e tomarão medidas
para afastá-los de si.
Sexto tempo — Os experimentadores poderão en-
saiar obter nomes e sobrenomes, datas de falecimento,
etc, dos espíritos que se comunicam com eles. Não de-
verão agastar-se se não obterem sempre satisfação dos
espíritos que não gostam muito de perguntas terra-à-
terra, que lhes parecem ser uma dúvida disfarçada refe-
rente às provas já dadas de suas identidades. Se con-
sentem em responder favoravelmente a essas perguntas,
os algarismos de unidades colocados no meio das letras
e os números de 100 a 1000 colocados à esquerda e à
direita, acima das palavras SIM e NAO, serão utiliza-
dos por eles.
Sétimo tempo — Acontece, às vezes, que os espí-
ritos que, como nós, não conhecem tudo, ficam embara-
çados para responder certas perguntas; eles têm uma
maneira toda especial de exprimir a sua ignorância, a
dúvida, a afirmação e por vezes não desdenham ir
pedir conselhos a espíritos mais elevados ou mais ins-
truídos que eles.
Se ignoram o que se lhes pergunta, fazem deslizar
a prancheta para à esquerda entre o SIM e o 100. Se
vêem uma dúvida na resposta a dar, é para a direita
que eles dirigem a flecha da prancheta entre o NAO
e o 1000
Muitas vezes sucede que uma resposta, afirmativa
ou negativa, não seja a esperada pelo interrogante, que
se espanta; o espírito que vê e lê o que deseja o inte-
— 56 —
ressado, dirige a prancheta para o SIM, gira em torno
dessa palavra ou faz levantar a prancheta como o pè
de uma mesa e confirma a sua resposta. Se ela é nega-
tiva, é em torno do NAO que a prancheta girará.
Oitavo e último tempo — A sessão termina por
uma despedida do espírito que faz voltar a prancheta
ao ponto "?", a faz girar em torno e desfere váxios gol-
pezinhos que toma o cuidado de espaçar e distingue com
este rodeio o fim de o começo, que é mais acentuado
e que indica que se pode fazer perguntas.
Queremos crer que os nossos leitores contentar-se
ão com estas indicações, que poderão ser ampliadas ou
substituídas.
* * *
A visão através dos corpos opacos ou simplesmente
de um copo d'água é uma das mais curiosas modalida-
des da mediunidade. Em muitas circunstâncias ela re-
veste um caráter nitidamente profético e pode por si
só tomarem múltiplas indicações que as outras medi-
unidades só dão muito imperfeitamente.
A visão, com efeito, produz-se com completa abs-
tração de tempo e espaço e uma imagem projetada no
copo d'água, na bola de cristal, pôde relatar uma cena
que se passará dentro de alguns dias ou vários anos.
Esta particularidade era bem conhecida na Anti-
güidade e vemos José, tornado primeiro ministro do
Faraó, interrogar um copo d'água do Nilo.
O processo em uso, nesses tempos recuados, não
diferia provavelmente do empregado em nossos dias, to-
— 57 —
davia, faltam-nos informes precisos sobre este ponto, de
modo que só podemos dar, aqui, o processo moderno.
No começo da mediunidade e depois de um tempo
que varia de dois a dez minutos, pode-se perceber (na
massa liqüida, nas bordas ou no fundo do copo) um
pássaro, uma flor, uma planta, uma palavra, um nome,
uma frase ou uma imagem simbólica. Não espereis outra
coisa salvo a variedade de assuntos, no princípio.
Depois das primeiras experiências, vêem-se apare-
cer sítios maravilhosos, panoramas esplêndidos, paisa-
gens marinhas, caças movimentadas, cenas da vida hu-
mana ou de animais. Cenas grandiosas se desenrolam
nesse espaço restrito, materialmente falando, mas que
a vista do vidente aumenta, pois que os objetos e os
seres lhe parecem ser do tamanho natural.
As bolas de cristal substituem o copo d'água, do
qual não têm os inconvenientes. Esses inconvenientes são
múltiplos e indicaremos aqui os principais:
1º — Quaisquer que sejam as precauções tomadas
por quem dele se servir, o menor movimento dá ao
móvel, que o suporta, um impulso que faz oscilar a
água. Essa oscilação destrói, bastas vezes, a visão e não
é sempre possível fazê-la reaparecer.
— 58 —
pálpebras pestanejam com freqüência. Se o médium fôr
impaciente, êle logó abandonará as experiências.
— 59 —
60
A Vidência no Cristal
62
Método Anglo-Americano
— 63 —
duas horas depois de uma leve refeição. Fechai as cor-
tinas da janela de modo a fazer uma obscuridade mais
ou menos completa. Deixai cair sobre o cristal, por cima
dos vossos ombros, um pouco de luz que deve projetar
a janela ou a lâmpada. Podeis colocar o cristal na vossa
mão ou sobre um pequeno suporte; a distância deve ser
a mesma de quando se lê um livro.
Concentrai a vossa atenção no seu centro e fixai-o
bem dentro, não sobre a superfície, de uma forma a
não vos incomodar. Há pessoas que vêem logo e outras
somente depois de uma dezena de minutos. Se não con-
seguirdes vêr claramente, ponde o cristal de lado e ex-
perimentai no dia seguinte, na mesma hora. A luz do
gás vale a luz do dia, mas o luar é que serve melhor.
Certas pessoas obtêm melhor resultado com a luz do
dia, outras preferem a luz artificial.
Um outro método consiste em colocar o cristal na
luz e olhar através da transparência, tendo o azul do
céu por fundo.
A respiração deve ser lenta e profunda enquanto
se olha no cristal e é bom ficar, uns cinco minutos, de
olhos fechados antes de fixar o cristal e depois de tê-lo
mirado. Dessa maneira, evitareis a fadiga de que certos
clarividentes se queixam. Permanecei passivo e não pro-
cureis vêr qualquer coisa, particularmente na primeira
vez que ensaiais; por conseguinte escrevei num papel o
que desejais ver, dobrai esse papel e não penseis mais
nessa pergunta, porém conservai-vos tranqüilo e esperai
— 64 —
como se nada existisse. É preciso não mudar o cristal
de lugar, a menos que não desejeis mudar a cena que
estais vendo. Não presteis atenção aos raios refletidos,
olhai através deles; se êle é colocado como é preciso, o
cristal não deve reenviar os raios.
— 65 —
mesmo em pleno dia, perceber o movimento luminoso
no interior do ôvo de cristal.
Certo dia, voltando o ôvo entre as mãos, êle viu
alguma coisa e teve a impressão de que o objeto lhe
tinha, por um momento,-revelado a existência de uma
imensa e estranha região. Reproduzindo-se tal fenôme-
no à vontade, êle não duvidou mais de que estivesse
na pista de uma descoberta interessante. Esse foi o
começo de experiências em comum entre os senhores
Cave, médium, e o seu amigo Wace.
O Sr, Wace, menos favorecido ou menos dotado
que o Sr. Cave, só via nebulosidades, deslocamentos de
correntes, fosforescências. Certo dia, entretanto, veio-lhe
a idéia de encerrar o ôvo de crstal numa caixa onde
apenas praticara uma pequena abertura para o raio lu-
minoso e, substituindo por uma espessa tela preta as
cortinas de camurça da janela, êle melhorou, grande-
mente, as condições de observação, de forma que, em
pouco tempo, êle e o Sr. Cave puderam examinar o vale
que se mostrava na direção em que desejavam. Quando
o cristal ficava embaciado, era colocado em sua caixa
segundo sua posição conveniente e se acendia as lâm-
padas elétricas.
Os dois observadores viram assim formar-se, sob
suas vistas, um mundo novo, seres desconhecidos, árvo-
res de uma essência particular, e tiveram uma visão da
vida intensa do que eles creram ser os habitantes dessa
região maravilhosa que julgaram fazer parte do pla-
— 66 —
/
neta Marte, tanto mais que o sr. Cave, o médium, afir-
mou ter reconhecido, no céu, as seguintes constelações:
as Ursas, as Plêiades, Aldebarão e Sírio.
O Sr Cave é morto, porém o Sr. Wace, seu cola-
borador, tomou e conservou numerosas notas que êle
comunicou ao Sr. Wells, que delas falou e fez o assunto
de uma das suas interessantes novelas que figuram na
sua obra "Os Piratas do Mar".
* * *
Que hora é?
— 67 —
As nossas horas são contadas pelas tarefas que
devemos executar na vida terrena, mas se perde a me-
mória e os indiferentes dizem com calma: "O dia vem
e passa; depois, um dia, estendidos em um leito de dor,
torturados pelas enfermidade, perguntam com tristeza:
"Que hora é?" e se lhes responde: "É a vossa última
hora". E, cheios de surpresa, eles exclamam: "Mas nos
restam tantas coisas a fazer que não podemos morrer
ainda." O passado lhes volta à memória, eles contam
as horas perdidas ou mal empregadas e pedem, em vão,
alguns momentos de graça.
Ei-los no mundo dos Espíritos, com as mãos vazias
e o coração empedernido. A sua consciência está nos
tormentos que suporta na Terra o homem transviado
no meio de uma noite sombria, numa vasta planície,
onde não pode orientar-se para achar o seu caminho e
que, na aurora, reconhece que andou para trás em vez
de avançar e que não atingiu o seu fim. Tal é, no mun-
do dos Espíritos, a situação dos indiferentes".
A Humanidade
— 68 —
luta do bem contra o mal", respondem em coro vozes
que são como o anúncio de um grande dia. E logo o
teu sudário se rompe e os teus olhos espantados con-
templam um mundo novo e um exército de obreiros
prontos a recomeçar a sua jornada, na primeira hora.
É que, durante a letargia que tu vens de suportar,
as horas seguiram o seu curso regular, o tempo cami-
nhou a passos agigantados e uma outra época se acha
diante de vós; é a da emancipação intelectual, da ciên-
cia para todos e das grandes descobertas dos tesouros
da criação. Cada qual deve trabalhar, esclarecer-se, de-
senvolver a sua inteligência; não há mais lugar para os
indiferentes, é a atividade de todas as partes.
Desperta, Humanidade, do teu sono; deixaste en-
cerrar, nas dobras da indolência, a tua liberdade, a tua
honra, a tua razão; vendeste, a vil preço, à dissipação,
as tuas horas; esperdiçaste um tempo precioso. Acorda,
toma posse de ti mesma, lembra-te da tua origem e do
fim que deves atingir, sacode a poeira que te cobre
ainda e serás uma obra-prima de perfeição. Não extin-
ga a luz que brilha em ti, esta natureza sobrenatural
que deve ainda transformar-te e embelezar-te, elevándo-
te sempre mais. Podes tu então sempre, filha da Terra,
beber, comer, dormir, sem procurar outra felicidade?
Não, não foi para isto que fôste criada. Eu te vejo,
num futuro próximo, abrir os olhos espantados porque
uma forte sacudidela te fará sair do teu torpor e serás
forçada a marchar para a frente. As horas ser-te-ão de-
— 69 —
graus que subirás com glória, porque elas soarão o ad-
vento de uma grande transformação".
A Sra. Marie-Antoinette Bourdin, a médium que
obteve estas duas comunicações, recomendava, antes
das sessões, o maior silêncio aos assistentes, pedia-lhes
preparar um questionário só contendo perguntas de um
interesse geral, proibia a troca de vistas e apreciações
diferentes durante as suas vidências (que se tinha a
liberdade de discutir depois) e fazia a prece em voz
alta. Durante esta, colocava-se diante dela um copo
(forma de taça), cheio três quartos de água, e ela segu-
rava o copo entre as mãos e, continuando a sua oração,
aí lançava o olhar. Muitas vezes a prece não terminava:
a inspiração substituía a recitação.
O olhar mergulhado no copo, a médium era estra-
nha a tudo que a cercava; apenas o espírito-guia falava
pela sua boca, dando conselhos a todos, depois a cada
um particularmente. Durante as suas videncias, qual-
quer ruído a incomodava.
Que as médiuns e os que velam por eles assim
como os que vêm consultá-los se compenetrem bem dis-
to: Que nada se pode obter se se é impaciente, se se
deseja coisas fora das permitidas; que o médium é um
instrumento frágil de que é preciso poupar a suscetibili-
dade, as excitações nervosas se não quer vê-lo inuti-
lizado ou tornar-se um frangalho humano.
Reconhece-se que se é Vidente por um Triângulo
que nasce na linha da Sorte (2-2) e termina na linha
— 70 —
do Sol, das Artes ou Apolônia (2-5) para os candidatos
à Vidência, enquanto que para os que viram ou vêem
correntemente este Triângulo se estende da linha da
Sorte (2-2) à linha da Intuição ou de Mercúrio (2-6),
mesmo que ela corte a linha dita Via Láctea ou Via
Lasciva, o que indica, no caso, uma faculdade no seu
apogeu.
Se o Triângulo se dirige para o lado do Polegar,
isto quer significar Obsessão, Alucinação, Erro do Sen-
tido Visual, produzidos por um mau espírito.
— 71 —
que tenha notado diferenças individuais nos sensitivos,
creio poder dizer que, de um modo geral, cheguei, no
que concerne o processo operatório, às seguintes veri-
ficações: "A matéria do objeto não é indiferente. As
bolas de cristal de rocha me deram os melhores re-
sultados. Vi pessoas incapazes de ter visões no vidro
ordinário quando as obtiveram numa pequena bola de
cristal natural. Os objetos de cristal de rocha têm q
incoveniente de serem muito custosos.
"O vidro ordinário dá muito bons resultados, mas
é preciso evitar que a bola contenha bolhas de ar ou
outros defeitos. É necessário que ela seja tão homogê-
nea quão possível. A forma da bola pode ser esférica
ou ovóide. Eu creio que a forma elíptica é talvez a
melhor, porque ela permite evitar mais facilmente os
reflexos.
"O tamanho da bola é indiferente, mas eu prefiro
as bolas um pouco grandes. Tenho, todavia, obtido exce-
lentes resultados com bolas de 1 centímetro tão bem
como com bolas de 6 e 7 centímetros de diâmetro.
"A bola pode ser branca, azul, violeta, amarelada,
verde; ela pode ser opalina ou transparente, mas eu
creio que os melhores resultados se obtêm com as bolas
brancas transparentes. (1)
Para se olhar na bola é preciso colocá-la ao abrigo
de todo o reflexo, de maneira que ela ofereça uma côr
— 72 —
uniforme, sem pontos brilhantes. Para isto, pode-se en-
volvê-la num veludo escuro ou pô-la na concavidade da
mão ou mesmo mantê-la na ponta dos dedos, desde que
as condições indicadas mais acima sejam observadas. O
objeto deve ser colocado à distância da visão normal, o
olhar deve ser dirigido não sobre a superfície da bola
mas dentro da própria bola e, com um pouco de treino,
aí se chegará facilmente.
Os espelhos dão também muito bons resultados.
Eles podem ser feitos como os espelhos ordinários ou
ser pretos como os famosos espelhos de Bhatta que têm
uma composição especial. Eu não experimentei com
estes últimos. Observei que era preciso, no dizer dos
sensitivos, que o espelho não refletisse nenhum objeto
e apresentase uma côr uniforme, a do "céu" por exem-
plo, azul ou cinza, mas sem mistura de cores.
"Um copo d'água, uma garrafa, se ela apresenta
uma forma globular ou cilíndrica, um sifão de água de
Seltz, a unha de um dedo, podem servir de indutores
às alucinações, mas esses processos, salvos os dois pri-
meiros, não dão resultado senão com sensitivos muito
especiais.
"Nessas condições de operação, observei resultados
às vezes extraordinários e que confundem a imaginação.
Eles me pareceram tender para demonstrar a verdade
da idéia kantiana sobre a relatividade e a contingência
do tempo e do espaço. É bem difícil admitir que essas
duas ordenadas de nossas percepções sejam exatamente
— 73 —
o que elas nos parecem ser, a menos que repila a teoria
das coincidências até o absurdo, como vi fazer um pro-
fessor de amigos meus. É o caso de se fechar a porta
à toda discussão e a todo exame inteligente de um fato
na aparência anormal.
"Minhas observações foram feitas com diferentes
pessoas e me foi assinalado um grande número de ex-
periências que não fiz. As pessoas dotadas da faculdade
de ver no cristal não são raras. A análise dos fatos
observados por mim ou que tenho de primeira mão, isto
é, de pessoas que os observaram, permite enfileirar essas
"alucinações" nestas seis categorias de crescente inte-
resse:
— 74 —
conhecimento de fatos atuais desconhecidos pelo sensi-
tivo; conhecimento aparente de acontecimentos futuros.
Eu não tive ocasão de observar, claramente, senão os
fatos classificados sob os ns. 1, 2, 3, 4, 5, e 6".
— 75 —
76
A Vidência na Clara de Ôvo
78
Métodos usuais
_ 80 —
fazeis ou empreendeis. Se não sabeis ou não podeis ter
paciência, não deveis empreender coisa alguma.
— Que professor engraçado que vós sois!
—É possível que a vossa curiosidade vos impaci-
ente, mas eu tenho o encargo de almas e devemos, antes
de começar a luta contra as idéias preconcebidas de
certas pessoas, pôr em guarda os nossos leitores (e so-
bretudo as nossas leitoras) contra a vontade inconve-
niente de querer satisfazer os seus... desejos".
Devemo-vos uma explicação.
Se a mediunidade do copo d'água exige uma ins-
trução ou uma educação longa, maçante às vezes,
porque é preciso o auxílio de um espírito instrutor, a
mediunidade de clara de ôvo tem a necessidade de um
produto animal, o ôvo, de um produto terreno-solar, o
sal. Estes dois produtos se devem unir ao fluído vital
do homem e ao dito fluído universal que fornece o es-
pírito-guia do médium.
No primeiro dia, o produto animal absorve o pro-
duto solar e, no segundo, o fuído vital atrai o fluído
universal. Estes quatro elementos absorvem um ao outro
e desse todo sai o que se começa a perceber no ter-
ceiro ou no quarto dia, e, em seguida, todos os dias.
— Mas pode-se ver bem num copo assim prepa-
rado?
— Tudo o que um médium de copo d'água, um
médium cristálogo, um vidente qualquer pode ver num
objeto brilhante, faz o mesmo nas unhas.
— 81 —
— Mas, como fiscalizar as afirmações das pessoas
que dizem vêr se esse meio não pode ser utilizado por
todos?
É grande a diferença entre a vidência natural no
cristal, na água, nas unhas e em todo o objeto brilhante
e a vidência obtida por meio da clara de ôvo. Se poucas
pessoas vêem no copo d'água ou no cristal do vidente,
muitas são chamadas a vêr no copo destinado a um dos
consulentes da clara de ôvo e poderão verificar, como
este, o que lhes diz respeito".
Em apoio das nossas observações, citamos, aqui, os
dois seguintes casos:
1º — O tenente da Marinha J. R. Bellot, então guar-
da- marinha, em Rochefort-sur-Mer, encontrando-se com
uns amigos em casa de uma senhora vidente e um pouco
mágica (diz êle); esta fez preparar vários copos para
os seus jovens visitantes, preparativos esses que foram
objetos de gracejos, e o resultado, impacientemente espe-
rado, foi acolhido com chocarrices. Vários copos anun-
ciaram, aos seus donos, posições muito elevadas, o que
foi mais tarde verificado: um futuro almirante teve o
primeiro anúncio de sua promoção à mais alta posição
da Marinha; um jovem médico devia tornar-se diretor
da Escola, o que se realizou. Quando chegou a vez do
guarda-marinha Bellot, todos puderam ver, no copo, um
navio prisioneiro de dois icebergs (montanhas de gelo),
cuja equipagem estava bastante ocupada em se defen-
der com machadinhas, picaretas e outras armas, contra
ursos brancos.
— 82 —
Sabemos que Bellot foi chamado ao comando da
expedição enviada para procurar e trazer os restos mor-
tais de Franklin e seus companheiros, assim como os
documentos que teria deixado esse sábio e que Bellot
encontrou a morte lá onde deveria encontrar a glória.
Um monumento erigido em Rochefort-sur-Mer, em sua
— 83 —
que um oficial superior da Marinha, o capitão Lap.,
mostrou ao seu amigo, o Sr. You, advogado em Ma-
rennes.
Esse desenho, de que todos os detalhes ficaram
gravados em nossa memória, reproduzimo-lo, aqui, fiel-
mente, graças a um dos nossos guias que, vendo o nosso
embaraço, nos fazê-lo. Devemos confessar que nunca
aprendemos a desenhar e que a nossa mediunidade de
desenhista é intermitente.
2º — O outro caso passou-se em Paris. O vidente, um
magnetizador bem conhecido dos espíritas, ensaiou, sob
as nossas indicações, obter o que quer que fosse por
meio da clara de ôvo. Dos seus ensaios, êle obteve a
visão de uma soberba igreja, ornada de quadros de um
grande valor artístico, de tapeçarias maravilhosas, de
lustres de imensa beleza, de luzes de todas as cores do
prisma formando desenhos desconhecidos, de contínuas
variações. Êle observou estátuas que pareciam falar,
sorrir, de olhos vivos, de membros animados dos quais
os braços pareciam elevar-se acima da multidão de fiéis
ajoelhados a seus pés.
Outras visões tão belas e outras de menor interesse
foram obtidas por esse vidente, Sr. Cler , e vistas
por sua esposa e seus amigos (a título de observadores),
no mesmo covo.
Segundo processo — Em 1858, o mestre Allan
Kardec fundou La Revue Spirite. Os primeiros adeptos
se recordam do entusiasmo que as "mesas falantes" des-
— 84 —
peitaram, em pouco, por toda a parte. A nossa cidade-
zinha não podia escapar à moda do dia e podemos dizer
que poucas famílias se abstiveram de consultar mesas
(tables), mesinhas (guéridons), e cadeiras (chaises),
mas uma coisa imutável não convém, absolutamente, às
necessidades de nossa crédula humanidade que neces-
sita, sempre, de algo de novo.
Esse alimento novo para a curiosidade popular foi
indicado por um caixeiro viajante, o Sr. Augusto Bez,
que deveria ser o autor de Miracles de nos jours, depois
de ter sido diretor da Revue spirite bordelaise, depois
da Ruche spirite bordelaise.
Foi em 1893, em Marannes.
O Sr. Bez descia no hotel da Table Nationale cuja
hospedeira, a Sra. G., espírita convicta, fazia as honras
da casa e procurava distrair os seus freguezes eventuais
com interessantes pequenos saráus dançantes e às vezes
cantantes, cujas despesajs corriam por conta desses.
Essas reuniões eram precedidas de experiências de car-
tomancia, quiromancia e sobretudo de tiptologia.
Certo dia deteve-se no hotel um eletricista bordeies,
o Sr. Dubosc, inventor de uma escova elétrica contra o
reumatismo, e ainda grande magnetizador e espírita
militante. O Sr. Dubosc era amigo do Sr. Bez; eles se
encontraram no hotel.
Não podendo sempre fazer "falar" as mesas, ler na
mão ou deitar cartas, esses senhores tiveram a idéia de
— 85 —
fazer uma experiência com a clara de ôvo, o que, unani-
memente, foi aceito e resolvido para a manhã seguinte.
Três môças deveriam, sozinhas, fazer, para o 1/2 dia
e ao mesmo tempo, os ensaios indicados no nosso pri-
meiro processo, não sobre a janela de cada uma delas,
mas sobre um banco do jardim do hotel.
Atirados os grãos de sal no copo, e a clara de ôvo
pouco depois, foram todos almoçar não sem se rirem dos
resultados problemáticos que esperavam.
A hospedeira, tão curiosa quão inquieta, experimen-
tou a necessidade irresistível de ir ver o que se passava.
Que viu ela no copo de sua filha, pobre tísica conde-
nada, que todos se esforçavam por distrair? Ali, ela viu
um caixão e uma cova aberta ao lado (1). A mãe
esvaziou o copo sem nada dizer e um gato foi acusado
da proeza...
No segundo copo, o de uma môça empregada no
hotel, via-se um jovem manejando um serrote e um pu-
xavante. De fato, ela se casou com um fabricante de
cadeiras.
No terceiro, o da sobrinha do dono do hotel, a Srta.
Thècle L., via-se um pescador de caniço, na sombra de
um arbusto plantado no interstício do rochedo inclinado
sobre um rio, tendo ao lado uma caixa e um cesto. O
Sr. Dubosc explicou à Srta. T. L. que ela seria enga-
nada e morreria jovem. A môça foi cortejada por um
— 86 —
môço bem pouco delicado que a tornou mãe e a aban-
donou. As três predições traduzidas pela Sra. G. e o Sr.
Dubosc se realizaram em todos os pontos.
A partir desse dia, numerosos foram os ensaios ten-
r
tados pelos incrédulos para conhecer o futuro. Se un .
resultados foram muitas vezes nulos, temos a convicção
de que esses investigadores lhes ligaram pouca atenção,
divertindo-se em vez de pesquisar e zombando mesmc
dos efeitos.
Apesar desses resultados negativos asseguramo-vos
que fomos testemunhas de fatos preditos pela clara de
ôvo, que se realizaram pouco tempo depois.
Observações
— 87 —
A vossa alegria poderá, com efeito, mudar-se em
tristeza se não souberdes ser prudente. Eis-vos perple-
xos, caros leitores, outros o seriam menos. Prometemos
dar-vos conselhos úteis, experimentados por nós e outros
reconhecidos cientificamente exatos, por isto nada de-
vemos ocultar.
É certo que, durante o sono, o fluído vital de uma
pessoa preocupada com uma experiência qualquer se
exteriorize nesse momento e vá precipitar-se em glóbu-
los especiais na vasilha ou no copo d'água colocado
na proximidade de quem dorme. Esses glóbulos, vistos
por verdadeiros videntes, contêm, cada um, um pensa-
mento, um desejo, da pessoa adormecida.
Procurai espalhar algumas gotas da água do copo
da experiência; se houver glóbulos a pessoa experimen-
tará uma certa opressão, segundo o número dos glóbulos
derramados. Esvasiando o conteúdo do copo, o experi-
mentador corre o risco de cair em síncope e de não
poder andar senão depois de cuidados enérgicos e inte-
ligentes de poderoso médium curador.
Tomai, pois, todas as precauções ao transportardes
o vosso copo d'água de um lugar para outro.
A mesma água não pode servir indefinidamente; é
bom saber que ela contendo glóbulos pode servir oito
dias, depois dos quais deve-se vasá-la, pouco a pouco
(de hora em hora), sobre plantas ou grãos que ajudará
a crescer, sem prejuízo para o experimentador.
Se não houver nenhum glóbulo, atirai fora, sem
— 88 —
temor, o conteúdo do copo, enxugai-o cuidadosamente e
enchei-o, depois, com outra água.
Recomendamos no princípio só consagrar a essas
experiências trinta minutos e mais tempo se o espírito-
guia o permitir 'aos médiuns treinados.
Tomai nota do que ireis obtendo em cada sessão e
relei essas notas, de tempos em tempos, e ficareis espan-
tados dos resultados obtidos.
Processo misto — Não podemos deixar no olvido
o seguinte processo empregado pelas pítias modernas que
se especializam em todos os gêneros, que querem, antes
de tudo e sobretudo, conservar os seus clientes bastante
confiantes, antes crédulos, assaz preguiçosos deveríamos
dizer, para deixarem fazer para si, pelas damas em ques-
tão, a operação da clara de ôvo, seguindo elas as fases
da transformação e explicando o resultado e eles acei-
tando o augúrio (bom ou mau) sem lhe verificar a auten-
ticidade. É verdade que essas almas, tão confiantes quão
preguiçosas, pedem a essas damas,mediante remunera-
ção, para representá-las junto ao "gênio" (bom ou mau,
segundo o objeto dos seus desejos) tal como um peni-
tente se faz representar junto a Deus pelo seu confessor,
pago para dizer missas e recitar padres-nossos que êle
não quer ou não pode dizer ou fazer, porque está ocu-
pado em outro lugar... Sem trabalho, pensam eles po-
der obter tudo o que desejam, pagando.
Pobres mulheres, que desilusões preparam para si,
explorando as suas faculdades, com fins mercantis.
— 89 —
Com o risco de nos arrancarem os olhos, desven-
daremos os truques das pouco interessantes sibilas que
enganam os seus clientes em vez de ajudá-los honesta-
mente. Elas poderiam ser úteis e se tornam prejudiciais.
Desde que a sociedade está em perigo, ela deve
defender-se; quem quer uma sociedade forte, honesta,
deve correr com os seus inimigos.
Temos visto pretensos médiuns (de copo d'água,
da clara de ôvo) oferecer os seus serviços a desolados,
a desamparados, muitas vezes a estouvados (gênero cré-
dulo, o desejado) e prometer a esses infelizes fazer, para
eles, o necessário junto aos seus bons guias (que misé-
ria!), pois que eles não o podem fazer...
No terceiro ou quarto dia, uma palavra discreta
previne o consulente que tudo vai bem ou falta alguma
coisa... Se a coisa teve êxito (ou suposto êxito) ,é
raro que não haja, na clara de ôvo, uma cruz azul, uma
estrela amarela, um sinal benéfico (formado como?).
O consulente pode tudo ousar, tudo esperar e ouvir: o
êxito é certo, poucos dias o separam da felicidade so-
nhada... A emoção faz o resto e a.;, bolsa se abre.
Algumas semanas decorrem, nada se realizando, e os
consulentes vão dirigir as suas censuras à falsa médium
ou guardam o silêncio e... vão procurar outra mistifi-
cadora.
Se a coisa falhou, estejai certos de que isto proveio
da pouca confiança depositada no trabalho da pítia e
elas não devem ser censuradas se o resultado for nega-
— 90 —
tivo... É preciso, então, recomeçar mas também "regar"
a repetição da operação.
— 91 —
92
Como tornar-se Vidente
94
Os Dons
— 96 —
Em tudo isto, nada de demoníaco há: Renegue-
mos toda a cooperação com os demônios, com os espí-
ritos inferiores, desencarnados ou não encarnados. Nada
temos de comum com eles.
"Adoramos um Deus único e veneramos os santos,
canonizados ou não, que são os espíritos superiores. Que
eles nos ajudem na nossa sagrada missão! Que eles nos
abençoem e a vós que nos ledes! Glória ao Deus Único".
É preciso não confundir a Vidência ou dom de ver
com a Lucidez ou dom de prever.
A Lucidez é o resultado do fluído magnético hu-
mano sobre o cérebro de um sensitivo impressionável
cujo duplo se exterioriza facilmente, se afasta e vai
aonde se quer, onde o exige o consulente ou o magne-
tizador dessa pessoa, desse sujet.
A Vidência é um dom inato, pertencente à própria
pessoa que o possui muitas vezes por transmissão assim
como por hereditariedade. (1) Não é raro verem-se vários
videntes na mesma família (em graus diferentes), tendo
cada um uma especialidade própria. Um profetizará,
outro receitará, um terceiro verá as almas dos caros de-
saparecidos dos consulentes, os descreverá, transmitindo-
lhes conselhos, censuras etc.
— 97 —
As diversas categorias de videntes hão existido
em todos os tempos. A Tradição, os Velho e Novo Tes-
tamentos, as Vidas dos Santos e as Revistas Espíritas
ou Espiritualistas nos têm fornecido milhares de exem-
plos de vidências.
Todos os humanos não são videntes assim como
todos os sonâmbulos não são lúcidos, porém grande é
o número dos que ignoram que podem torná-lo e é
para estes que escrevemos este livro com um fim que
cremos tão louvável quão útil.
Escrevemo-lo sem pretensão, mas sinceramente, co-
mo o fruto de nossas pesquisas, de nossas experiências.
Indicaremos, simplesmente, como se pode reconhecer
um Vidente, quais sinais indeléveis desta faculdade se
distinguem dos outros sinais que indicam uma ou mais
faculdades.
Dissemos, nos precedentes capítulos, que todas as
faculdades do homem estão inscritas na mão esquerda,
que elas esperam uma ocasião para se manifestarem e
que como qualquer outra coisa deveriam ser estudadas,
que o possuidor de tal ou qual faculdade deveria pro-
curar desenvolvê-la, aumentar pouco a pouco o seu cam-
po de ação e conduzir, sem fadiga, a sua vontade instin-
tiva, os seus fluídos especiais para o fim a atingir e que
ela seja destinada à cura das moléstias, a dar esperança
aos deserdados, consolo as mães que privadas dos seus
filhos (muitas vezes na flor da idade) e que, em sua
dor, se revoltam contra Deus, que elas acusam de mal-
dade, Êle, o Bom, o Justo.
— 98 —
Esses videntes privilegiados têm também o dever
de se instruírem a fim de ficarem mais seguros de suas
predições proféticas, quando recebem a missão de anun-
ciar cataclismos, acidentes, impelidos que são a desven-
dá-los pelos espíritos superiores que velam por todos
nós, pobres humanos.
Amigos que quereis tornar-vos úteis aos vossos
irmãos, lêde, bem atentamente, as linhas seguintes e
compenetrai-vos delas.
Agi segundo a vossa consciência, conforme as vos-
sas faculdades e recebereis, como fruto da vossa abnega-
ção tanto quanto da vossa paciência, uma paz interior a
nenhuma outra semelhante, pois adquiristes um dom
precioso posto ao serviço dos sofredores, dos deserdados,
dos provados, que vos fará encontrar amigos lá onde
não suspeitais, ouvir hosanas lá onde havia gritos, mur-
múrios, prantos e lamentos.
Reconhece-se que se é Vidente por um Triângulo
que nasce na linha da Sorte (2-2) e termina na linha
do Sol, das Artes ou Apolônia (2-5) para os candidatos
à Vidência, ao passo que, para os que viram ou vêem
habitualmente, esse Triângulo se estende da linha da
Sorte (2-2) à linha da Intuição ou de Mercúrio (2-6)
embora ela corte a linha dita Via Láctea ou Via Las-
civa, o que indica, no caso, uma faculdade em seu
apogeu.
Se o Triângulo se dirige para o lado do Polegar,
guardai-vos, amigos, de crer em vossa vidência. Esse tri-
ângulo invertido quer dizer Obsessão, Alucinação, Êrro
do Sentido Visual, produzidos por um falso guia, o vos-
so mau gênio.
Se o Triângulo invertido contém uma Cruz de Santo
André, ficai prevenido de que as vossas falsas visões vos
conduzirão, talvez, à prisão, porém mais seguramente ao
suicídio. Sede, pois, prudentes.
Se o Triângulo (bem colocado) está sulcado de
arabescos, de ziguezagues bizarros, há exagero em vos-
sas visões e podeis ser tomado por impostor. Habituai-
vos, pois, a dizer simplesmente o que vedes, sem recorrer
a floreados.
Uma Cruz Latina no Triângulo indica que vos
especializareis em visões anunciando Morte, o que não
é nada alegre, na verdade, mas que tem a sua utilidade.
Talvez que os pesquisadores achem outros sinais
além dos que assinalamos, mas parece-nos ouvir recla-
mar os a quem o título deste capítulo pôs água à boca
porque anunciamos "Como tornar-se vidente" e só fa-
lamos dos que o são ou vão tornar-se em tal. Impacien-
tes quão inquietos leitores, vamos procurar satisfazê-los
e talvez mesmo reprovareis a nossa loquacidade... Com
efeito, só temos que vos falar dos diversos meios empre-
gados, em todos os tempos, para treinar na vidência:
bola de cristal, copo d'água, clara de ôvo etc.
Oxalá tenhamos atingido b fim a que nos propomos,
instruir divertindo, pôr em guarda contra os falsos mé-
— 100 —
diuns, defendendo, assim, a nossa causa contra os char-
latões, também contra os nossos irmãos muito crédulos,
mais prejudiciais que os materialistas, estes nilistas da
evolução para o Belo e o Bem"
J. Ouiste
* * *
A Predição do Futuro
— 101 —
imagem nos recorda, cada vez mais fracamente, à me-
dida que os dias se sucedem aos dias, os sonos aos so-
nos, a idéia primitiva ou a sensação recebida, mais óu
menos afastada da nossa percepção presente.
Mas, ao lado da memória, que é o tesouro das
idéias, há em nós uma outra faculdade cuja missão é de
olhar não para trás e sim para diante, não de ver ou de
recordar ao pensamento fatos já conhecidos mas sim de
evocar fatos desconhecidos no misterioso domínio do fu-
turo, faculdade essa que cada um possui em si, num
estado de desenvolvimento mais ou menos adiantado se-
gundo a idiossincrasia do sensitivo, seu temperamento,
seus dons inatos ou às influências do meio em que a
sua existência decorre, que tem, na realidade, vários no-
mes segundo o seu grau de desenvolvimento.
Nas naturezas puramente instintivas, essa faculda-
de não é outra coisa que o instinto, porém, em um grau
mais elevado, se chama pressentimento; nos seres ainda
mais afinados toma o nome de previdência; enfim, no
iniciado que se desenvolveu psiquicamente, ela toma o
nome de vidência.
A História nos revela que, em todos os tempos,
houve profetas e advinhos. A Bíblia conta que a pito-
nisa de Endor evocou a sombra de Samuel, antes de
batalha de Gelboé, diante de Saul espantado de ouvir
sair o prenúncio de sua morte dos lábios gélidos da sepul-
cral aparição.
Ela nos recorda, escrupulosamente, as predições,
sempre exatas, dos grandes e pequenos profetas e todas
— 102 —
essas profecias, quer antigas quer modernas, que sempre
tiveram a sua fonte na inspiração.
Todo o ser equilibrado pode ser inspirado em sua
hora, seja pelo pressentimento, a intuição, a dupla visão
sonambúlica ou a vidência espontânea.
O magnetizador provocando a segunda vista e o
Espiritismo, por meio dos seus médiuns, obtêm, às ve-
zes, revelações ou comunicações de surpreendente exa-
tidão.
Quanto às ciências divinatórias, qualquer que seja
o meio empregado, é quase sempre pela intuição que os
fatos a sucederem, quer concernentes ao destino de um
povo ou de um indivíduo, podem ser exatamente pre-
ditos.
Fora de suas necessidades materiais, de suas aspi-
rações cordiais e de suas ambições sociais, o espírito do
homem sempre instintivamente se voltou para as futu-
ras contingências que lhe reserva o seu misterioso porvir.
O dia de ontem nos é conhecido, mas sabemos o
que nos reservará o amanhã que não é senão o desco-
nhecido que nos atrai e nos preocupa mais? E sempre,
desde que êle existe e pensa, o homem teve a consciên-
cia desse meio astral onde êle estava antes de nascer,
onde, em cada noite, durante o seu sono, vai retemperar
as suas energias morais e a sua força física e para onde
êle pressente que voltará ao terminar a sua união for-
çada com a matéria, quando então a sua alma — como
uma radiosa borboleta que acaba de abrir a sua incô-
— 103 —
moda crisálida — evolará livremente no éter em busca
da Luz Espiritual!
A advinhação é nascida da fé no Futuro! Que é o
Passado? Um redemoinho tenebroso onde se sumiram,
misturadamente, as nossas ilusões fenecidas, as nossas
esperanças perdidas, as nossas ambições reduzidas ao
nada, ao passo que o Futuro, esse mágico prometedor,
esse falaz mercador de quimeras, esse hábil idealizador
de realizações, nos aparece, sempre, como um gênio ben-
feitor cuja rósea túnica flutuante se destaca sobre um
fundo azul, no meio da miragem encantadora para o
qual tendem as nossas mais íntimas aspirações e as nos-
sas mais caras esperanças!
Sabe-se que os livros santos, a Bíblia e a Imitação,
apresentam, algumas vezes, oráculos de uma justeza sur-
preendente.
Tudo se compensa neste mundo cá de baixo e, pes-
soalmente, seríamos bem levados a crer que, em ma-
téria de advinhação, a intuição natural irá mais longe
do que a Ciência e que quanto mais simples fôr o aju-
dante de que servirá mais se terá ocasião de roçar a
Verdade. E por que quereis que o espírito despreze as
pessoas honestas que não sabem ler? O espírito sopra
onde quer e quando quer. Quanto mais um ser humano
estiver perto da natureza mais instintivo e mais ser apto
estará a receber os influxos naturais em toda a sua
pureza.
— 104 —
Jeanne d'Arc não sabia 1er e o santo cura d'Ars,
o maior taumaturgo do último século, jamais pôde apren-
der o latim.
Um homem do mundo, imbuído dos preconceitos
da sua casta, um sábio cheio de logarítimos, um políti-
co cego pela ambição, não serão jamais intérpretes da
Luz! Para se ouvir a voz melodiosa do espírito inspira-
dor, é preciso ser um entusiasta das obras do Espírito:
todos os poetas, os filósofos religiosos, os inspirados, são
amantes das belezas da natureza e dos crentes.
Diz-se, com razão, que o ateísmo nunca produziu
senão dicionários e canções báquicas. Crer nas coisas ex-
traterrenas, colocar a sua confiança antes no Invisível
que nas coisas materiais, transitórias e puramente ilu-
sórias, admitir a possibilidade da revelação não é fazer
ato de loucura como muitos supõem, É ao contrário,
preferir a Verdade imutável à lógica, sempre recheiada
de erros.
A arte de predizer exatamente o futuro se reduz
à arte de conhecer a Humanidade, mas este conheci-
mento último depende exclusivamente da arte de se
conhecer a si mesmo. O que igncra a si próprio não será
jamais um vidente: advinho é sinônimo de divino; a
arte de predizer é ao mesmo tempo uma arte sacer-
dotal e real, não a arte de enganar e fazer dinheiro.
A vida dos santos está repleta de predições que o
tempo justificou. Não existe um adepto que conheça os
— 105 —
destinos futuros do seu país do mesmo modo que adivi-
nhará, se quiser, o futuro de tal ou qual indivíduo tão
bem quanto de suas próprias contingências individuais.
A intuição é para o pensamento o que a luz é para
a chama; os meios empregados para estimular a intui-
ção e fazer jorrar a Luz podem variar ao infinito, mas
a resplandecente Verdade é uma. Verdade e Unidade
são sinônimos.
O que nos leva naturalmente a conhecer o futuro
não é sempre uma vã curiosidade, é também e sobre-
tudo o instinto.
Para todos, ricos e pobres, ignorantes ou sábios, o
futuro é a esperança e a esperança é um empréstimo fei-
to à felicidade.
Quando o espírito não vem a nós expontâneamente
pela via intuitiva ou pêlos nossos pressentimentos, êle
está sempre pronto a consentir objetivamente em quais-
quer processos postos em jogo pela imaginação, o de-
sejo ardente e a boa-fé do interrogador. Tudo depende
da confiança deste último no método empregado. Quer
isto dizer, todavia, que seja preciso abandonar todos os
estudos especiais que cada um dos ramos da adivinha-
ção comporta? Não pensamos assim. Achamos, porém,
justo provar que, para o espírito, não há "alto" nem
"baixo" na sociedade e que se êle consente, às vezes, em
se manifestar em suntuosas moradas, parece se compra-
zer melhor, habitualmente, no meio de naturezas simples
— 106 —
e retas, de gostos modestos e de fé sincera, em suas po-
bres habitações, onde a pobreza toma o lugar do luxo
e onde os sentimentos maus, tais como a inveja e a
ambição, foram para sempre banidos.
A estrela que brilhava radiosa no alto do humilde
estábulo de Belém é uma garantia disto. Das profun-
dezas do Infinito, ela irradiava sobre o miserável teto
da cabana em que Redentor acabava de nascer, de
pais pobres e exilados, sobre a palha de um estábulo,
entre bois, símbolo do trabalho, e um asno, símbolo da
paciência resignada.
Diante desse quadro sobre-humano, três reis magos,
guiados pela estrela misteriosa, prestaram ao recém-
-nascido, todo aureolado de uma luz deslumbrante, a
tríplice homenagem com que o reconheciam por seu sa-
ber transcendental: como homem, com a mirra; como
rei, com o ouro; como Deus, com o incenso.
Nesse dia, sempre memorável, a Ciência Astroló-
gica, antiga como a Esfinge de Gizé, de humana que
então era, foi por esse fato, divinizada".
Ely Star.
— 107 —
108
Conclusão
Esforçamo-nos em examinar, fielmente, a parte
essencial das principais mediunidades. Contentar-nos-
emos, para terminar, em aditar algumas reflexões ra-
cionais.
Todos estes fenômenos foram observados por tes-
temunhas dignas de fé e cada um, com um pouco de
boa vontade, poderá renovar uma experimentação rela-
tivamente fácil, em condições de se cercar de todas as
precauções possíveis. Deve-se lembrar bem de que uma
curiosidade malsã deve ser afastada.
Se os investidores são de boa-fé e se acham ani-
mados do amor do Bem tirarão, sem dúvida, imensa
vantagem de sua experimentação conscienciosa.
Todo o mundo fala hoje de Espiritismo e de suas
diversas manifestações, porém, com exceção de todos os
iniciados e de um regular grupo de sábios e pensado-
— 109 —
res que tiveram o trabalho de estudá-lo, nada iguala à
ignorância do povo a seu respeito.
Quando, pela primeira vez, se estuda seriamente a
questão, experimenta-se uma verdadeira estupefação e
se percebe que a literatura especial do Espiritismo con-
tém numerosas obras de um valor inesperado e de um
grande interesse.
Quando se lê, se estuda e se instrui a respeito, ve-
rifica-se logo que muitos sistemas filosóficos que os en-
tretiveram durante tanto tempo são bem inferiores ao
Espiritismo.
Esta pequena obra é apenas uma breve compilação
destinada a despertar a curiosidade dos investigadores
para os levar a folhear, um pouco, os belos livros que se
têm escrito sobre o Espiritismo e as Ciências Psiquicas.
Afirmamos, peremptoriamente, que os leitores não
serão nunca enganados e que, sem esforços, chegarão a
compreender fatos considerados até aqui como sobrena-
turais, em conseqüência da ignorância, da tolice e do
dogmatismo religioso.
Oxalá possamos atingir o fim a que modestamente
nos propomos: desenvolver a emulação de todos para
melhor conhecerem as modalidades diversas das leis na-
turais que regem o mundo visível e o mundo invisível.
Nenhum homem, nenhum pensador, nenhum sábio,
pode desdenhar estes apaixonantes problemas.
A humanidade terrena está sempre trêmula diante
da pedra tumular e do perturbador mistério que ela pa-
rece encerrar.
— 110 —
Um pouco de lógica, um pouco de reflexão, um pou-
co de boa vontade, bastam para acalmar a alma inquieta.
Um pouco de esforço, um pouco de estudo, um pou-
co-de ciência, bastam também para torná-la forte e para
decifrar, em parte, o enigma da vida e da morte.
E não é apenas uma promessa formal que fazemos
aqui, é uma verdade, muito tempo desconhecida, que ofe-
recemos, na Terra, aos homens de boa vontade.
Paul Bodier
— 111 —
112
Objetos para desenvolver
algumas mediunidades
114
A PRANCHETA DE ESCRITA AUTOMÁTICA
— 115 —
Estas duas espécies de pranchetas apresentam, to-
davia, o inconveniente de uma mobilidade insuficiente
que, ocasionando certa fadiga aos médiuns, prejudica a
rapidez e a qualidade das comunicações.
Numa nova espécie de prancheta, o inventor da
mesma, um hábil mecânico, reuniu os característicos das
duas pranchetas precedentes e o aperfeiçoamento feito
consiste em quatro pés baixos munidos de um sistema
de bolinhas rolando sobre bolinhas, dando um movi-
mento fácil ao aparelho.
Uma flecha de metal desempenha o papel de índice
quando os experimentadores se comunicam com o Invi-
sível pelo alfabeto ou oui-ja. Se desejam obter a escrita
automática, só têm que retirar a flecha e substituí-la por
um lápis.
* * *
— 116 —
direção de números, letras e sinais, e não sobre um qua-
dro alfabético, como a prancheta de índice.
* * *
O QUADRO ALFABÉTICO
— 117 —
pésso e volumoso. Além disto, o material empregado na
sua construção favorece o deslocamento silencioso da
prancheta de bolinhas nos pés e os caracteres do alfa-
beto se destacam em preto sobre o branco e são mais
nítidos e legíveis.
* * *
A BOLA DE CRISTAL
— 118 —
A TROMBETA DE ALUMÍNIO
— 119 —
120
Pequeno Dicionário de termos
usados no Espiritismo
Com o fim de tornar mais útil o presente Guia
da Mediunidade, elaboramos este pequeno dicionário de
termos usados no Espiritismo, dicionário que poderá ser
ampliado e melhorado em qualquer oportunidade.
— 121 —
APARIÇÃO — fenômeno pelo qual os espíritos desen-
carnados se fazem visíveis.
ALUCINAÇÃO — falsa percepção causada por uma
sensação real no estado de vigília.
ADEPTO — profitente de uma doutrina espiritualista
e também sinônimo de iniciado.
AMBIENTE — nome que se dá ao que é formado pelas
mentes dos assistentes de uma sessão espírita e do
qual dependem os seus resultados.
— 122 —
CONTROLE — termo pelo qual os espíritas anglo-sa-
xões designam o espírito-guia e que corresponde,
no Catolicismo, ao anjo da guarda.
CURADOR — nome pelo qual se designa o médium
que cura pela imposição das mãos ou por meio de
passes.
I
IDENTIDADE — conjunto de elementos minuciosos
por meio dos quais se verifica, no momento ou pos-
teriormente, se o espírito, comunicante é realmente
quem diz ser, ao fornecer detalhes verificáveis de
sua vida terrena.
INTUIÇÃO — conhecimento antecipado de algo que
irá acontecer.
INVOCAÇÃO — prece, apelo espiritual.
L
LEVITAÇÃO — suspensão de uma pessoa ou coisa no
ar por meio de forças mediúnicas geralmente invi-
síveis.
LUCIDEZ — sinônimo de clarividência na maioria dos
casos, podendo verificar-se no estado normal ou so-
nambúlico, em que o sujet ou médium vê, a gran-
des distâncias, o que não vê normalmente.
LETARGIA — estado patológico em que a pessoa fica
privada do uso dos seus sentidos normais.
— 125 —
LIVRE ARBÍTRIO — diz-se da vontade concedida ao
espírito de escolher o seu próprio caminho na vida
terrena ou espiritual. Sinónimo de livre alvedrio
ou vontade própria.
LEI DE CAUSA E EFEITO — lei que se acha ligada
à do livre arbítrio, ou como se diz "Quem com ferro
fere com ferro será ferido", isto é, quem desejar
mal ao seu semelhante sofrerá o choque de retorno
ou volta do mal desejado contra si próprio. É a lei
do carma.
M
— 126 —
MOLDAGEM — fenômeno que consiste, em obter, na
parafina, formas de mãos, pés etc.
MORTE — separação do corpo físico e do espírito. Si-
nônimo de desencarnação.
O
OBSESSÃO — influência exercida por um espírito de-
sencarnado sobre uma pessoa viva por vingança e
muitas vezes por ignorância do seu estado espiritual.
OBSESSOR — espírito que exerce a sua ação maléfica
sobre um ser vivo.
OUI-JÁ — prancheta usada para o recebimento de co-
municações ou mensagens espirituais sem incor-
poração.
OCULTISMO — doutrina que estuda os mistérios da
natureza e os poderes psíquicos latentes na espécie
humana.
P
PERISPIRITO — envólucro semi-material do espírito
que serve de intermediário entre o espírito e a ma-
téria.
PERSONALIDADE MEDIÚNICA — sinônimo de espí-
rito manifestando-se por um médium.
PSICOGRAFIA — escrita mediúnica recebida pela mão
do médium.
PSICÓGRAFO — sinônimo de médium escrevente.
POSSESSÃO — domínio de um corpo humano por um
espírito estranho, com intuitos maléficos. Sinôni-
mo de obsessão.
— 127 —
PREMONIÇÃO — previsão ou precognição de um acon-
tecimento a realizar-se.
PSICOMETRIA — fenômeno pelo qual um sensitivo
revela fatos relacionados com pessoas ou coisas, se-
gurando, embrulhado, em uma das mãos e sem sa-
ber o quê, algo pertencente a tal pessoa, que pode
estar presente ou longe.
PSICÔMETRA — sensitivo que possui a faculdade de
psicometria.
PERCIPIENTE — pessoa que percebe o fenômeno me-
diúnico.
PNEUMATOLOGIA — escrita direta dos espíritos, isto
é, sem a intervenção de um médium.
PSICOLOGIA — parte da filosofia que trata da alma,
suas faculdades e manifestações no mundo.
PSÍQUICO — fenômeno que diz respeito à alma, como
fenômeno psíquico ou espírita.
PALINGENESIA — doutrina da reencarnação.
PARANÓIA — enfermidade mental semelhante à lou-
cura.
PARANÓICO — pessoa que padece de paranóia ou lou-
cura.
POLTERGEIST — palavra alemã que indica o espíri-
to barulhento ou assombrador, que perturba casas
atirando pedras nelas ou fazendo levitar objetos
domésticos etc.
PARAPSICOLOGIA — metapsíquica mental com a qual
se tenta explicar não só os fenômenos anímicos co-
— 128 —
mos os indiscutivelmente espíritas, isto é, produzi-
dos por espíritos já desencarnados.
PICTOGRAFÍA — variante da escrita automática, com
a qual se obtém um desenho ou uma pintura dita
espírita.
POLÍGRAFO — termo com que se designa o médium
escrevente que recebe mensagens com muitas cali-
grafias e sobre assuntos diversos.
PRECOGNIÇÃO — sinónimo de premonição ou previ-
são de acontecimento a realizar-se.
PREEXISTÊNCIA — vida anterior do espírito em sua
série ininterrupta de existências.
PRESSENTIMENTO — antevisão vaga de algo que irá
acontecer.
PRESCIÊNCIA — conhecimento prévio de coisas fu-
turas.
PROTETOR — sinônimo geralmente de espírito-guia,
porém um médium pode ter mais de um protetor.
PSICOFONIA — transmissão do pensamento dos espí-
ritos pela voz de um médium falante ou de incor-
poração.
— 129 —
RENASCIMENTO — sinônimo de reencarnação, que não
deve ser confundido com metempsicose ou reencar-
nação às vezes em animais, o que o Espiritismo não
admite.
REGRESSÃO DA MEMÓRIA — fenômeno magnético-
sugestivo pelo qual se faz um sensitivo voltar ao
passado em ordem inversa das idades, isto é, de ve-
lho a moço e de moço à criança, inclusive em vidas
anteriores.
— 130 —
TRANSPORTE — fenômeno pelo qual objetos são le-
vados de fóra para dentro (apport) e de dentro
para fóra (asport), em um recinto mesmo hermé-
ticamente- fechado.
TIPTOLOGIA — comunicação espírita por meio de-
golpes ou batidas na mesa mediúnica ou em outro
lugar.
TRANSFIGURAÇÃO — fenômeno pelo qual a fisiono-
mia de um médium se transforma na do espírito
que se manifesta por seu intermédio.
TRÍPODE OU TRIPÉ — mesinha mediúnica de ma-
deira ou vime usada nas experiências de tiptologia.
TROMBETA — instrumento usado nas experiencias
de voz direta, em que os espíritos falam como em
um microfone, sem a incorporação no médium.
— 131 —
VATICÍNIO — predição, prognóstico.
VIDÊNCIA — faculdade de ver o que os olhos huma-
nos não percebem no plano espiritual. Para haver
boa vidência é preciso bom ambiente.
— 132 —
ÍNDICE
Prefácio 5
Introdução 9
As principais mediunidades 19
Suas Definições e seus Caracteres
Os Planetas no Universo e na Humanidade
A Vidência no Cristal 61
Método Anglo-Americano
Outro Método (dito americano)
Que hora é?
A Humanidade
Método do Dr. Maxwell
A Vidência na clara de ôvo 77
Métodos usuais
Observações
Como tornar-se Vidente 93
Os Dons
A Predição do Futuro
Conclusão 109
Objetos para desenvolver algumas mediunidades 113
A prancheta de escrita automática
O comunicador dos espíritos
O quadro alfabético
A bola de cristal
A trombeta de alumínio
Pequeno Dicionário de termos usados no Espiritismo — 121