ManualApoioProf_9786556540610
ManualApoioProf_9786556540610
ManualApoioProf_9786556540610
à prática do professor
AUTORIA
Luciana Zampieri
Especialista da Comunidade
Educativa cedac
COORDENAÇÃO
Fátima Fonseca
Coordenadora da Comunidade
Educativa cedac
Material digital de apoio
à prática do professor
AUTORIA
Luciana Zampieri
Especialista da Comunidade Educativa cedac
COORDENAÇÃO
Fátima Fonseca
Coordenadora da Comunidade Educativa cedac
LIVRO
A queda dos moais
AUTORAS
Blandina Franco
Patricia Auerbach
ILUSTRADOR
José Carlos Lollo
CATEGORIA 2
Obras Literárias do 4o e 5o ano do Ensino Fundamental
TEMAS
Família, amigos e escola
Diversão e aventura
Encontros com a diferença
GÊNERO LITERÁRIO
Múltiplos gêneros
Conteúdo
cedac — Centro de Educação e Documentação para a Ação Comunitária
Revisão
Luciane H. Gomide
Ana Luiza Couto
Bibliografia
isbn 978-65-5654-059-7
[2021]
Todos os direitos desta edição reservados à
brinque-book editora de livros ltda.
Rua Bandeira Paulista, 702 Conjunto 72 Letra C
04532-002 – São Paulo – sp – Brasil
Tel.: (11) 3707-3500
Sumário
Carta ao professor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Estrutura do material digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Contextualização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Por que ler esta obra nos anos iniciais do Ensino Fundamental. . . . . . . . . . . 9
Bibliografia comentada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Bom trabalho!
5
ESTRUTURA DO MATERIAL DIGITAL
Este material serve como apoio para você trabalhar com o livro A queda dos moais.
Desde já, enfatizamos que as propostas aqui apresentadas são apenas sugestões e
não pretendem esgotar as possibilidades de leitura da obra. O material está organi-
zado da seguinte forma:
6
CONTEXTUALIZAÇÃO
Com certeza, o livro A queda dos moais vai divertir os estudantes e incentivá-los a
mergulhar no momento da leitura. Ao adentrar na narrativa construída com base
em diversos gêneros, as crianças terão oportunidade de acompanhar as desventu-
ras de Joaquim, um menino que queria passar as férias numa praia, entre esportes
radicais, mas que acaba indo, contra a vontade, claro, para um lugar muito distante,
a Ilha de Páscoa, que tem como principal atrativo gigantescas estátuas de pedra... O
pai de Joaquim escolheu esse destino só porque a agência Alçaprema Turismo esta-
va oferecendo pacotes com descontos incríveis! Mas ele não tentou saber o motivo
dessa promoção irrecusável.
Ilha de Páscoa
A Ilha de Páscoa é a última fronteira da América do Sul. Fascinante e
isolada do mundo, foi descoberta num domingo de Páscoa em 1722 e
posteriormente anexada pelo Chile, a 3500 quilômetros de sua costa.
Bravos navegadores do oeste do Pacífico aportaram na ilha por vol-
ta do ano 1000, estabelecendo uma civilização singular, repleta de
mistérios. O mais inquietante deles refere-se aos seus principais
símbolos, os moais: gigantescas estátuas de pedra vulcânica, de 1 a
10 metros de altura que pesam até 80 toneladas. Como foram cons-
truídas e qual é a função delas? Essas são questões que provocam
debates acalorados entre historiadores e curiosos sobre o assunto.
Para saber mais, acesse a reportagem disponível no link: https://bit.
ly/Ilha_Pascoa (acesso em: 22 nov. 2021).
O livro é dividido em três períodos: antes, durante e depois das férias da fa-
mília. Essa organização permite ao leitor entender as etapas do enredo, que se dá
entre diferentes tipos de texto.
Toda a narrativa é organizada e construída a partir da leitura sequenciada dos
múltiplos gêneros: folheto publicitário, história em quadrinhos, notícia, e-mail,
diário, mensagem de aplicativo de celular, receita, gráfico, parlenda, piada, entre
outros. Esses diferentes gêneros se encaixam perfeitamente na história, guiando
o leitor para os dias “inglórios” do menino, que busca resolver o conflito pedindo
7
ajuda à avó. Conforme avançam na obra, as crianças vão entendendo que para ler
a história é necessário estabelecer a relação entre os diferentes textos e imagens.
Em A queda dos moais, os personagens interagem e vivem seus dias de férias em
contato com uma cultura diferente, descobrindo assim os costumes das pessoas que
vivem na ilha, o que sensibiliza o leitor para os encontros com a diferença. Graças
à situação inusitada dos moais caídos, aos textos cômicos e às ilustrações que corro-
boram para caricaturizar as situações constrangedoras pelas quais Joaquim passa,
o livro se encaixa na temática diversão e aventura. Já pelo fato de explicitar as
hierarquias na família e o impacto dessa constituição para a origem do conflito da
narrativa, também se relaciona ao tema família, amigos e escola.
8
Para saber mais sobre os autores
• O casal Blandina e Lollo compartilha como criam seus livros:
https://bit.ly/CasaAutor.
• Para conhecer as obras nascidas da parceria Blandina e Lollo:
https://bit.ly/Blandollo
• Uma conversa descontraída entre Patricia, Blandina e Lollo sobre
como surgiu a ideia deste livro: https://bit.ly/QuedaMoais.
(Acessos em: 14 nov. 2021.)
Conhecer mais sobre quem escreveu e ilustrou e saber como são os percursos
de produção e as parcerias na criação dos livros aguça a curiosidade do leitor para
a obra a ser lida, além de oferecer exemplos de comportamentos que são típicos de
um leitor. Após pesquisar o material que sugerimos, você pode contar um pouco
desse processo para a turma.
Uma sugestão adicional é buscar na biblioteca da escola títulos desses autores e
disponibilizá-los para a leitura autônoma dos estudantes.
Ler é um verbo presente na escola, uma função essencial a ser ensinada — não de
forma circunscrita à decifração do texto, mas no sentido mais amplo e socializa-
dor. Assim, o ensino da leitura transcende seu significado mais comum e incorpora
os estudantes na cultura do escrito, oferecendo-lhes a oportunidade de entrar em
contato com diferentes tipos de texto e suas relações (entre as obras e seus autores,
entre os textos e seus contextos). Para que isso aconteça, é fundamental estar em
contato com os livros, e muitas vezes o professor é a maior garantia desse acesso,
por ser uma ponte entre a obra e o leitor.
Garantir na rotina escolar um horário nobre para a leitura em suas diversas
modalidades é essencial para a formação leitora — do ponto de vista do acesso à
estética do texto e também de um trabalho de análise direcionada, que oportuniza
outras aprendizagens relacionadas aos elementos que constituem o texto escrito,
como ressalta a pesquisadora catalã Teresa Colomer:
9
Grande parte da formação literária dos meninos e das meninas se pro-
duz através do seu contato direto com a literatura destinada à infância
e à adolescência. [...] com o manuseio e a leitura desses livros formam-
-se muitas expectativas acerca do que se pode esperar da literatura,
aprende-se a inter-relacionar a experiência vital com a experiência cul-
tural fixada pela palavra e domina-se progressivamente um grande nú-
mero das convenções que regem este tipo de texto. (Andar entre livros:
A leitura literária na escola. São Paulo: Global, 2007, p. 73.)
A queda dos moais é uma obra que favorece inúmeras aprendizagens e expe-
riências aos estudantes, sobretudo por não ter um gênero único que a caracteriza,
mas cerca de trinta gêneros textuais que se apresentam de forma integrada, com o
propósito de comunicar o que se passa no enredo.
A cada página, o leitor depara com um gênero que dialoga com a narrativa e
favorece o entendimento da história, e essa é uma das principais chaves de leitura
da obra.
10
de bordo encontrado pelo personagem informa o dia, o mês e o ano em que um
navegador chega à ilha e expõe o relato do que encontrou ali; aconselhado pela avó,
o menino se utiliza de uma receita com todos os “ingredientes” para bem se com-
portar em passeios muito chatos; cartas são trocadas entre a avó de Joaquim e o
Ministério de Turismo da Ilha de Páscoa; a parlenda, criada pela irmã de Joaquim,
expressa em versos seu contentamento com a situação inusitada dos moais caídos;
na comunicação por um aplicativo de mensagens instantâneas, vemos as particu-
laridades da escrita de textos breves em um celular, que inclui emojis e abreviações.
Esses e muitos outros gêneros foram explorados nessa obra de forma que ima-
gem e texto operam materializando as principais características de cada gênero.
Com esse recurso, os leitores têm mais condições de relembrar os gêneros já estu-
dados e de reconhecer os que não foram temas de estudo mas se tornam compreen-
síveis graças ao projeto gráfico da obra — que visa reproduzir visualmente o que é
de mais característico de cada gênero. Outro aspecto importante é a forma como
os textos são apresentados, exemplificando ao estudante a funcionalidade de cada
tipo de texto nas práticas sociais.
Pelo fato de se valer de tantos tipos textuais associados a imagens e a um pro-
jeto gráfico criativo e integrado à proposta dos autores, a obra apresenta um rico
campo de estudo na área de Linguagens (Língua Portuguesa e Arte), desenvolven-
do a seguinte habilidade específica da área de Arte, entre outras:
11
O léxico adotado pelas autoras não apresenta desafios de compreensão, mas é
bastante diverso, o que garante acesso a um vocabulário específico de acordo com
o gênero trabalhado. Esse recurso contribui para que os estudantes observem que
os diferentes textos (dos mais formais aos informais) são caracterizados por uma
estrutura básica e um léxico que varia conforme o gênero e a situação.
Um aspecto muito interessante de A queda dos moais, e que pode ser outra chave
de leitura da obra, é que o tom de humor está presente em todos os textos, tornando
a leitura bem prazerosa. Entretanto, talvez nem todos os aspectos do que é cômico
sejam entendidos de forma autônoma pelo leitor, já que essa é uma habilidade a ser
desenvolvida e que está relacionada ao aspecto da compreensão, da inferência do
que não está escrito, mas subentendido. Como ressaltado na Política Nacional de
Alfabetização (pna):
A compreensão de textos, por sua vez, consiste num ato diverso da lei-
tura. [...] Outros fatores também influem na compreensão, como o voca-
bulário, o conhecimento de mundo e a capacidade de fazer inferências.
(brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. PNA — Polí-
tica Nacional de Alfabetização. Brasília: mec/Sealf, 2019, p. 19.)
12
Propostas de atividades:
Este livro e as aulas de Língua Portuguesa
Muitas são as habilidades que podem ser desenvolvidas no percurso de ensino da
língua, e a leitura é um ponto determinante para que as demais aprendizagens
aconteçam. Para melhorar a leitura, é fundamental que haja na rotina da escola um
trabalho contínuo de leitura e que a organização curricular literária seja a base para
a reflexão das demais áreas de ensino da linguagem.
Variadas práticas de leitura precisam constar nas atividades escolares: a leitura
autônoma, realizada pelos próprios estudantes; leitura em pares ou pequenos grupos;
rodas de leitura com um leitor convidado; rodas de empréstimos de livros, entre outras.
O importante é que cada um desses momentos seja planejado com intencionalidade,
promovendo aprendizagem sobre o livro, a leitura e os comportamentos leitores.
A leitura pelo professor é fundamental, pois ele é o modelo leitor, que lê com
fluência e entonação, que caracteriza as falas dos personagens, que realiza as pau-
sas breves e necessárias de acordo com as emoções que o texto suscita. Ao vivenciar
essa experiência trazida por um leitor proficiente, os estudantes não só compreen-
dem melhor o que está sendo lido como também aprendem estratégias de leitura
que deixam o texto mais acessível e interessante a quem o ouve. Para isso, é essen-
cial haver uma preparação da leitura, assim como o planejamento das pausas que a
acompanharão. A esse respeito, Cecilia Bajour, traz valiosas considerações:
Como mencionamos antes, A queda dos moais apresenta algumas chaves de lei-
tura que suscitam perguntas e comentários que ajudam o leitor a avançar na com-
preensão do que se lê.
13
Considerando que as práticas de ensino relacionadas à leitura literária abor-
dem essas questões, espera-se que os estudantes possam desenvolver as seguintes
habilidades:
Considerando que a obra oferece gêneros variados e alguns deles com recursos
gráficos que corroboram para o desenvolvimento da narrativa, destacamos duas
habilidades que são especialmente contempladas neste trabalho:
PRÉ-LEITURA
14
Para dar início ao trabalho, podem-se organizar os estudantes em uma roda infor-
mando que numa próxima aula farão a leitura compartilhada do livro A queda dos
moais. Nesse momento, você pode mostrar a capa da obra e estimular uma conversa.
Talvez alguns estudantes já tenham ouvido falar sobre as estátuas, já que elas
são bem conhecidas mundialmente e, por essa razão, tema de documentários, re-
portagens e desenhos animados. Ainda que as crianças não tenham esse conheci-
mento prévio, ao observar a capa podem identificar, por exemplo, que moais são
estátuas, ou pedras com formato de rosto humano.
É fundamental valorizar cada participação das crianças, mas também é importan-
te que antes da leitura da obra a turma conheça o que são os moais, onde estão loca-
lizados, em que contexto histórico estão inseridos. Convém pesquisar as informações
básicas para que você possa ajustar os diferentes saberes trazidos pelos estudantes.
A partir das informações inicialmente compartilhadas pelas crianças, vocês po-
dem elaborar coletivamente um cartaz: “O que já sabemos sobre os moais”.
A segunda etapa do trabalho consiste numa breve pesquisa para descobrir mais
detalhes sobre os moais. Para isso, sugerimos separar antes alguns livros de História da
biblioteca da escola. Em pequenos grupos, as crianças podem escolher um dos livros
para exploração e análise. Depois de algum tempo, abra espaço para compartilharem
suas descobertas. A partir das informações trazidas, elas podem produzir o mural co-
letivo “O que descobrimos sobre os moais”, que dialoga com o que fizeram antes. Caso
não haja títulos suficientes para todos sobre esse tema, você pode adaptar a atividade,
lendo em voz alta algumas informações que pesquisar em outras fontes. Depois, como
na primeira proposta, façam coletivamente o cartaz com as descobertas.
Esses encaminhamentos contribuem para criar expectativas em relação à leitu-
ra do livro, além de favorecer o estabelecimento de relações entre os fatos históricos
e o jogo ficcional oferecido pelos autores da obra.
LEITURA
15
borativa supõe a mobilização de determinados procedimentos e habilidades, com
base nos conhecimentos prévios dos estudantes e das pistas que o texto oferece.
A leitura compartilhada e dialogada é defendida por Teresa Colomer, que
afirma:
Algumas condições para criar uma boa situação de leitura compartilhada são:
16
obra: a possibilidade de ampliar o conhecimento sobre quem escreveu, ilustrou o
livro e como foi o percurso de criação que permeia esse trabalho; que características
da formação acadêmica podem contribuir para a tarefa de escrever e ilustrar; como
surgem as ideias para as produções literárias; por que os autores fazem parcerias
para escrever uma obra.
Depois de abrir espaço para as crianças trazerem seus conhecimentos prévios
sobre os autores, é importante completar as informações com fatos adicionais e
curiosidades.
Sugestões de perguntas para análise da capa, considerando os conhecimentos
trabalhados na atividade de pré-leitura:
LEITURA DO MAPA
17
• O que vocês observam neste mapa? Que lugar será esse?
• Por que será que a palavra “antes” está grafada nesta página?
18
• O que chama a atenção ao ler esse folheto? (Tudo o que foi mencionado ante-
riormente e a informação do carimbo “Descontos especiais em virtude do boléu
dos moais”. Nessa frase há uma palavra incomum, que provavelmente as crian-
ças desconhecem. Nessas ocasiões é frequente que elas perguntem o significa-
do. Nesse caso, é importante devolver a questão: “Será que o contexto da frase
ou do texto pode nos ajudar a descobrir o significado?”. Caso não cheguem a
uma conclusão, pode-se sugerir: “Vamos aguardar as próximas páginas? Quem
sabe encontramos mais dicas para descobrir o que pode significar”).
COMPREENSÃO DE TEXTO
19
A cada pergunta, reserve um tempo para as crianças responderem e conversa-
rem entre si. A essa altura, talvez já façam a conexão entre o folheto que o pai apre-
senta à família com o que apareceu na página anterior. Nesse diálogo, aproveite
para voltar ao mapa inicial:
• Qual será a relação entre o mapa, o folheto e o destino de férias dessa família?
Essa notícia de jornal (pp. 10-1) traz informações sobre o mais novo mistério
que envolve os moais: eles estão caídos!
20
Supõe-se que o gênero escolhido, a notícia, contextualiza para o leitor o que
aconteceu aos moais e já lhes oferece pistas para descobrir o que significam os di-
zeres do carimbo “Em virtude do boléu dos moais”, naquele folheto do começo do
livro. Não é necessário dizer o que significa a palavra “boléu”, basta inferir que há
algo de errado com os moais. Com essa intervenção, as crianças podem concluir,
por meio da inferência, o que significa a palavra. Para finalizar esse trabalho, pode-
-se propor que pesquisem o significado de “boléu” e validem ou não as conclusões
trazidas anteriormente.
Alguns textos do livro, além de muito divertidos, são potentes para uma análise
sobre os recursos usados pelos autores para a elaboração do que intencionavam co-
municar. Por exemplo, quando na “Receita de comportamento ideal para passeios
muito chatos” (p. 20), um dos itens do modo de preparo diz: “Prefira frases do tipo
‘Mesmo com chuva, eu achei que valeu a pena conhecer mais sobre o ciclo reprodu-
tor das abelhas’”, pode-se perguntar aos estudantes:
• Para não desagradar aos pais, mas ao mesmo tempo emitir sua opinião, Joa-
quim usou uma expressão no início da frase. Qual é essa expressão?
PÓS-LEITURA
21
A literatura também servirá para aprender a comunicar oralmente um
texto: as obras são citadas, são dramatizadas ou são lidas em voz alta
para compartilhá-las com os demais. E também para memorizá-las e
convertê-las em parte de nossas lembranças, ou seja, de nós mesmos.
Além disso, os livros se oferecem como uma ocasião perfeita para
falar ou escrever sobre eles, a partir deles ou segundo eles, em uma
constante efervescência de atividades que inter-relacionam a leitura, a
escrita e a fala, e que contam com um grande número de experiências
escolares, que demonstram sobejamente seus benefícios no domínio
progressivo da língua... (Andar entre livros: a leitura literária na escola.
São Paulo: Global, 2007, pp. 159-60.)
22
Alguns encaminhamentos antes da produção escrita da turma:
Na escola, a leitura é sem dúvida um objeto de ensino, mas, como diz a pesqui-
sadora argentina Delia Lerner:
23
Outras propostas de leitura
e abordagem da obra
Compartilhar leituras é um caminho para ampliar experiências e conectar-se com o
outro por um interesse comum. Ler fora da escola, como resultado das ações da pró-
pria escola, ajuda a construir uma comunidade de leitores que envolva as famílias
dos estudantes e os demais integrantes da comunidade.
O desenvolvimento do leitor depende de oportunidades nas quais possa exer-
cer suas conquistas, ao mesmo tempo que amplia suas habilidades na relação com
o outro — quer seja mais ou menos experiente. As pessoas que convivem com os
estudantes, como os familiares, amigos ou pessoas da comunidade local, também
contribuem para a formação leitora das crianças, desde que haja oportunidades
para essa interlocução.
O grupo da sala de aula pode constituir uma comunidade de leitores quando é ofe-
recida a oportunidade de as crianças lerem e apreciarem histórias juntas. Sabemos,
no entanto, que é possível ampliar essa comunidade envolvendo mais pessoas, co-
mo outros professores, colegas, familiares e moradores do entorno escolar, consti-
tuindo a escola como uma comunidade de leitores. Para que isso ocorra, sugerimos
pesquisar se na comunidade escolar há pessoas que poderiam contar histórias para
as crianças ou se há grupos que organizam algum tipo de evento literário, como
saraus ou clubes de leitura. Também seria interessante saber se há bibliotecas pú-
blicas e/ou comunitárias próximas à escola. Engajar todos em prol da leitura leva os
estudantes a acreditar que ler é uma prática gostosa e importante.
LITERACIA FAMILIAR
A escola pode estimular algumas ações simples, mas muito potentes para aproximar
a família da escola e reforçar os vínculos entre a criança e os responsáveis. Uma de-
las é incentivar os estudantes a ler em casa em situações a princípio organizadas pe-
lo professor como extensão das intervenções que acontecem no ambiente escolar.
Em se tratando das trocas e possibilidades de leitura fora da escola, sabemos
como são significativos esses momentos de leitura compartilhados em família, por
24
diferentes motivos. Para as crianças, pode ser muito prazeroso prolongar bons mo-
mentos da leitura na escola, levando o livro lido para casa e assumindo um impor-
tante lugar de protagonista em casa ao apresentar um livro que conhecem bem para
ler com as pessoas de seu convívio doméstico.
Sabemos também que a leitura em casa, permeada de afeto, contribui muito
para estreitar laços entre a criança e sua família, assim como para valorizar a leitu-
ra. Ler um livro junto também significa um momento de parada no ritmo cotidiano,
para que se possa apreciar a beleza da língua e das ilustrações, imaginar e entrar em
contato com outros mundos e outras vidas.
Ao encaminhar o livro para a casa da criança, pode-se escrever um bilhete aos
familiares enfatizando a importância desse momento e incentivando-os a conversar
com a criança depois da leitura.
No caso do livro A queda dos moais, as crianças podem ser estimuladas a per-
guntar aos familiares se conhecem os moais e o que sabem sobre eles. E então, ao
contar o que aprenderam na escola, elas assumem um lugar de destaque, como al-
guém que sabe coisas importantes.
Ao fim da leitura, que tal as crianças relembrarem os passeios que fizeram jun-
tos com os familiares e quem sabe darem boas risadas? A leitura é um excelente
meio para nos aproximarmos não só dos personagens do livro, mas também de to-
dos aqueles com quem vivemos histórias reais. Depois que as crianças apresentarem
a obra em casa, sugira que produzam uma história em quadrinhos sobre um desses
passeios e compartilhem essa produção com outros familiares e amigos. Quem sabe
eles também não terão suas próprias histórias engraçadas para contar?
Propostas de socialização como essas contribuem para que o estudante se colo-
que no papel de quem precisa se comunicar e se fazer entender, portanto contribui
muito para o desenvolvimento de habilidades relacionadas à oralidade.
25
Bibliografia comentada
agência Riff. Blandina Franco. Disponível em: https://bit.ly/RiffBlandina. Acesso
em: 16 nov. 2021.
O site apresenta a autora Blandina Franco e o ilustrador José Carlos Lollo,
ressaltando a parceria que já resultou em mais de quarenta obras publicadas.
bajour, Cecilia. Ouvir nas entrelinhas: O valor da escuta nas práticas de leitura. São
Paulo: Pulo do Gato, 2020.
A autora fala da importância da conversa para a formação do leitor e como
essa troca entre leitores amplia as construções de sentido em uma leitura. Ela
também traz exemplos práticos, refletindo sobre o papel do adulto na media-
ção da conversa e a importância do registro desse momento.
colomer, Teresa. Andar entre livros: A leitura literária na escola. São Paulo: Global,
2007.
Uma contribuição valiosa tanto para ampliarmos as referências sobre a rela-
ção entre escola, leitores e livros, como para refletirmos sobre o potencial de
diferentes propostas escolares que envolvam a leitura.
26
ilha de Páscoa. Viagem e Turismo, 17 dez. 2015. Disponível em: https://bit.ly/
Ilha_Pascoa. Acesso em: 22 nov. 2021.
O artigo traz informações básicas sobre a Ilha de Páscoa, com informações
práticas destinadas a turistas.
lerner, Delia. Ler e escrever na escola: O real, o possível e o necessário. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
Quais são as tensões envolvidas no ensino da leitura e da escrita na escola?
A pesquisadora argentina explica aos educadores o que precisa ser ensinado
para formar leitores e escritores de fato. Para isso, oferece exemplos de pro-
postas de leitura e escrita.
machado, Ana Maria et al. Nos caminhos da literatura. São Paulo: Peirópolis, 2008.
A obra traz o registro do seminário Prazer em Ler de Promoção da Leitura,
realizado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (fnlij), que reu-
niu escritores e especialistas em leitura.
27
Sugestões de leituras complementares
Indicamos aqui alguns textos que podem contribuir com o seu trabalho por ampliar
os temas e as propostas abordados neste material.
britto, Luiz P. L. Ao revés do avesso: Leitura e formação. São Paulo: Pulo do Gato,
2015.
Nesse livro, o autor questiona diversos aspectos do senso comum relativos à
formação de leitores e ao ensino da literatura nas escolas. Vinculados à reali-
dade brasileira, os ensaios nos convidam a repensar as práticas e as concep-
ções idealizadas sobre leitores e leitura.
colomer, Teresa. Siete llaves para valorar las historias infantiles. Madri: Fundación
Germán Sánchez Ruipérez, 2002.
Nesse livro, a autora apresenta sete chaves que permitem analisar as histórias
infantis, tratando de elementos fundamentais, como apreciação de palavras
e imagens, até ampliação do mundo próprio do leitor.
28