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Material digital de apoio

à prática do professor

AUTORIA
Luciana Zampieri
Especialista da Comunidade
Educativa cedac
COORDENAÇÃO
Fátima Fonseca
Coordenadora da Comunidade
Educativa cedac
Material digital de apoio
à prática do professor

AUTORIA
Luciana Zampieri
Especialista da Comunidade Educativa cedac
COORDENAÇÃO
Fátima Fonseca
Coordenadora da Comunidade Educativa cedac

LIVRO
A queda dos moais
AUTORAS
Blandina Franco
Patricia Auerbach
ILUSTRADOR
José Carlos Lollo

CATEGORIA 2
Obras Literárias do 4o e 5o ano do Ensino Fundamental
TEMAS
Família, amigos e escola
Diversão e aventura
Encontros com a diferença
GÊNERO LITERÁRIO
Múltiplos gêneros
Conteúdo
cedac — Centro de Educação e Documentação para a Ação Comunitária

Revisão
Luciane H. Gomide
Ana Luiza Couto

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)


Angélica Ilacqua crb-8/7057
Zampieri, Luciana
Material digital de apoio à prática do professor : A
queda dos moais / Luciana Zampieri ; coordenação de
Fátima Fonseca, cedac. — 1a ed. — São Paulo : Brinque-
-Book, 2021.

Bibliografia
isbn 978-65-5654-059-7

1. Literatura infantojuvenil – Estudo e ensino 2. Ma­­


terial de apoio ao professor i. Título ii. Fonseca, Fátima
iii. cedac iv. Franco, Blandina. A queda dos moais

21-5547 cdd 372.64044


Índice para catálogo sistemático:
1. Literatura infantojuvenil — Estudo e ensino 372.64044

[2021]
Todos os direitos desta edição reservados à
brinque-book editora de livros ltda.
Rua Bandeira Paulista, 702 Conjunto 72 Letra C
04532-002 – São Paulo – sp – Brasil
Tel.: (11) 3707-3500
Sumário
Carta ao professor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Estrutura do material digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Contextualização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Por que ler esta obra nos anos iniciais do Ensino Fundamental. . . . . . . . . . . 9

Propostas de atividades: Este livro e as aulas de Língua Portuguesa. . . . . . . . . . 13


Pré-leitura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Leitura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Pós-leitura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Outras propostas de leitura e abordagem da obra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24


Ampliação da comunidade de leitores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Literacia familiar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Bibliografia comentada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Sugestões de leituras complementares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28


Carta ao professor
Uma das funções mais complexas da escola é formar leitores proficientes (compe-
tentes e críticos) que façam uso da leitura em diversas circunstâncias e com diferen-
tes propósitos. Isso porque a formação de sujeitos para uma sociedade democrática
pressupõe, entre outros aspectos, um intenso trabalho de leitura.
Os textos literários são dotados de características que contribuem bastante para
uma formação que considera o plural e o diverso, fornecendo múltiplas possibilida-
des para o sujeito compreender o mundo em que vive, a partir de uma compreensão
de si mesmo e do outro. Os bons textos literários são polissêmicos, vigorosos e po-
dem levar o leitor a ter variadas experiências estéticas.
No artigo “Notas sobre a experiência e o saber de experiência”, Jorge Larrosa
Bondía explica que “a experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos
toca”. Num mundo caracterizado por tanta informação, mas pouca experiência, é
fundamental essa experiência que toca, atravessa e transforma o leitor, e que nesse
caso só é possível porque concebemos a literatura como arte. Sua matéria-prima é
a linguagem, utilizada pelos autores em toda sua potência, elasticidade e facetas.
Quantas vezes uma palavra que conhecemos tão bem tem seu sentido transformado
em textos literários, construindo novas imagens e ampliando nossa forma de olhar
as coisas? O ato de refletir sobre os usos e os efeitos de sentido é uma experiência
que desejamos que todos os estudantes tenham a oportunidade de vivenciar, am-
pliando assim seus conhecimentos sobre recursos linguísticos e, consequentemen-
te, a habilidade de se expressar no mundo.
Este material foi produzido sob a supervisão da Comunidade Educativa cedac,
instituição que atua na formação de educadores das redes públicas desde 1997,
com ampla experiência em projetos que visam à formação de leitores, por meio da
qualificação e institucionalização das práticas de leitura nas escolas. A coordenação
pedagógica da ce cedac acompanhou a produção e a edição do material escrito
por especialistas em educação, literatura e didática da leitura. Houve cuidado não
só em contemplar a análise dos aspectos literários da obra, mas também em propor
situações com o livro nos contextos escolar e familiar, situações que favorecessem o
diálogo com os estudantes e suas reflexões acerca da obra e de seu contexto sócio-
-histórico. A intenção foi indicar caminhos para que você possa mediar uma expe-
riência literária significativa para as crianças do Ensino Fundamental, contribuindo
para que o direito de acesso aos bens culturais — neste caso ao livro, à leitura e à
literatura de qualidade — fosse garantido, assim como a formação leitora a ser de-
senvolvida na e a partir da escola.

Bom trabalho!

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ESTRUTURA DO MATERIAL DIGITAL

Este material serve como apoio para você trabalhar com o livro A queda dos moais.
Desde já, enfatizamos que as propostas aqui apresentadas são apenas sugestões e
não pretendem esgotar as possibilidades de leitura da obra. O material está organi-
zado da seguinte forma:

■ Contextualização: apresentação de informações importantes sobre a obra,


as autoras e o ilustrador.
■ Por que ler esta obra nos anos iniciais do Ensino Fundamental:
subsídios e orientações sobre a importância da leitura deste livro nessa etapa
escolar e sua contribuição para a formação leitora das crianças, estabelecen-
do relações entre as práticas sugeridas e a Base Nacional Comum Curricular
(bncc) e a Política Nacional de Alfabetização (pna).
■ Propostas de atividades: Este livro e as aulas de Língua Portu-
guesa: sugestões para o encaminhamento do trabalho nos momentos da pré
e pós-leitura, e também para a interação verbal durante a leitura dialogada,
considerando momentos nos quais se possa, ao conversar sobre o lido, também
ampliar o contato com a língua e desenvolver uma construção coletiva da com-
preensão do que se lê.
■ Outras propostas de leitura e abordagem da obra: sugestões para
ampliar o trabalho de leitura na escola e para explorar a literacia familiar, a fim
de que as crianças entrem em contato com outros leitores, o que contribui para
se tornarem leitores autônomos.
■ Bibliografia comentada: lista das obras usadas para elaborar este mate-
rial digital, com breves comentários.
■ Sugestões de leituras complementares: lista de materiais que dialo-
gam com os conteúdos e temas abordados nesta obra e que contribuem para o
trabalho do educador.

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CONTEXTUALIZAÇÃO

Com certeza, o livro A queda dos moais vai divertir os estudantes e incentivá-los a
mergulhar no momento da leitura. Ao adentrar na narrativa construída com base
em diversos gêneros, as crianças terão oportunidade de acompanhar as desventu-
ras de Joaquim, um menino que queria passar as férias numa praia, entre esportes
radicais, mas que acaba indo, contra a vontade, claro, para um lugar muito distante,
a Ilha de Páscoa, que tem como principal atrativo gigantescas estátuas de pedra... O
pai de Joaquim escolheu esse destino só porque a agência Alçaprema Turismo esta-
va oferecendo pacotes com descontos incríveis! Mas ele não tentou saber o motivo
dessa promoção irrecusável.

Ilha de Páscoa
A Ilha de Páscoa é a última fronteira da América do Sul. Fascinante e
isolada do mundo, foi descoberta num domingo de Páscoa em 1722 e
posteriormente anexada pelo Chile, a 3500 quilômetros de sua costa.
Bravos navegadores do oeste do Pacífico aportaram na ilha por vol-
ta do ano 1000, estabelecendo uma civilização singular, repleta de
mistérios. O mais inquietante deles refere-se aos seus principais
símbolos, os moais: gigantescas estátuas de pedra vulcânica, de 1 a
10 metros de altura que pesam até 80 toneladas. Como foram cons-
truídas e qual é a função delas? Essas são questões que provocam
debates acalorados entre historiadores e curiosos sobre o assunto.
Para saber mais, acesse a reportagem disponível no link: https://bit.
ly/Ilha_Pascoa (acesso em: 22 nov. 2021).

O livro é dividido em três períodos: antes, durante e depois das férias da fa-
mília. Essa organização permite ao leitor entender as etapas do enredo, que se dá
entre diferentes tipos de texto.
Toda a narrativa é organizada e construída a partir da leitura sequenciada dos
múltiplos gêneros: folheto publicitário, história em quadrinhos, notícia, e-mail,
diário, mensagem de aplicativo de celular, receita, gráfico, parlenda, piada, entre
outros. Esses diferentes gêneros se encaixam perfeitamente na história, guiando
o leitor para os dias “inglórios” do menino, que busca resolver o conflito pedindo

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ajuda à avó. Conforme avançam na obra, as crianças vão entendendo que para ler
a história é necessário estabelecer a relação entre os diferentes textos e imagens.
Em A queda dos moais, os personagens interagem e vivem seus dias de férias em
contato com uma cultura diferente, descobrindo assim os costumes das pessoas que
vivem na ilha, o que sensibiliza o leitor para os encontros com a diferença. Graças
à situação inusitada dos moais caídos, aos textos cômicos e às ilustrações que corro-
boram para caricaturizar as situações constrangedoras pelas quais Joaquim passa,
o livro se encaixa na temática diversão e aventura. Já pelo fato de explicitar as
hierarquias na família e o impacto dessa constituição para a origem do conflito da
narrativa, também se relaciona ao tema família, amigos e escola.

QUEM ESCREVEU E ILUSTROU A OBRA

O livro é uma parceria entre as escritoras Blandina Franco e Patricia Auerbach e o


ilustrador José Carlos Lollo.
Patricia Auerbach nasceu em São Paulo, em 1978. Formou-se em arquitetura e
pedagogia com master em literatura infantil e juvenil pela Universidade Autônoma
de Barcelona. É escritora, mas como gosta muito de desenhar também ilustra vários
de seus livros, alguns dos quais receberam diversos prêmios, entre eles três edições
do Prêmio Crescer de Literatura Infantil, o Prêmio da Fundação Nacional para o Li-
vro Infantil e Juvenil (fnlij) de melhor livro de imagem, e o prêmio do Júri Infantil
para as ilustrações de O lenço, na Bienal de Ilustração da Bratislava, em 2015. Patri-
cia também ministra cursos para professores sobre o livro ilustrado e suas especifi-
cidades. Em São Paulo, foi professora do PróSaber, ong localizada na comunidade
de Paraisópolis, atuando com leitura para jovens em processo de alfabetização.
Blandina e Lollo, como são conhecidos, têm uma parceria no casamento e na
vida profissional. O casal já publicou mais de quarenta livros e recebeu importantes
prêmios literários, entre eles o Jabuti e uma menção honrosa do Bologna Ragazzi
Digital Award, concedido pela Feira de Bolonha, pelo livro digital Quem soltou o pum?.
A obra originou uma sequência de livros com mesma temática e se tornou um suces-
so entre crianças, jovens e adultos. Os livros do casal também foram publicados no
exterior; por exemplo, A raiva foi editado na China, na Turquia e em Portugal.
Blandina Franco nasceu em Barretos, no interior de São Paulo, em 1965. Filha
do dramaturgo José Andrade, cresceu entre livros, mas só começou a escrever perto
de completar quarenta anos. Teve sua primeira obra publicada em 2009.
José Carlos Lollo nasceu em 1962. Além de ilustrador, é diretor de arte e tra-
balhou em importantes agências de propaganda, ganhando prêmios nacionais e in-
ternacionais.

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Para saber mais sobre os autores
• O casal Blandina e Lollo compartilha como criam seus livros:
https://bit.ly/CasaAutor.
• Para conhecer as obras nascidas da parceria Blandina e Lollo:
https://bit.ly/Blandollo
• Uma conversa descontraída entre Patricia, Blandina e Lollo sobre
como surgiu a ideia deste livro: https://bit.ly/QuedaMoais.
(Acessos em: 14 nov. 2021.)

Conhecer mais sobre quem escreveu e ilustrou e saber como são os percursos
de produção e as parcerias na criação dos livros aguça a curiosidade do leitor para
a obra a ser lida, além de oferecer exemplos de comportamentos que são típicos de
um leitor. Após pesquisar o material que sugerimos, você pode contar um pouco
desse processo para a turma.
Uma sugestão adicional é buscar na biblioteca da escola títulos desses autores e
disponibilizá-los para a leitura autônoma dos estudantes.

POR QUE LER ESTA OBRA NOS ANOS INICIAIS


DO ENSINO FUNDAMENTAL

Ler é um verbo presente na escola, uma função essencial a ser ensinada — não de
forma circunscrita à decifração do texto, mas no sentido mais amplo e socializa-
dor. Assim, o ensino da leitura transcende seu significado mais comum e incorpora
os estudantes na cultura do escrito, oferecendo-lhes a oportunidade de entrar em
contato com diferentes tipos de texto e suas relações (entre as obras e seus autores,
entre os textos e seus contextos). Para que isso aconteça, é fundamental estar em
contato com os livros, e muitas vezes o professor é a maior garantia desse acesso,
por ser uma ponte entre a obra e o leitor.
Garantir na rotina escolar um horário nobre para a leitura em suas diversas
modalidades é essencial para a formação leitora — do ponto de vista do acesso à
estética do texto e também de um trabalho de análise direcionada, que oportuniza
outras aprendizagens relacionadas aos elementos que constituem o texto escrito,
como ressalta a pesquisadora catalã Teresa Colomer:

9
Grande parte da formação literária dos meninos e das meninas se pro-
duz através do seu contato direto com a literatura destinada à infância
e à adolescência. [...] com o manuseio e a leitura desses livros formam-
-se muitas expectativas acerca do que se pode esperar da literatura,
aprende-se a inter-relacionar a experiência vital com a experiência cul-
tural fixada pela palavra e domina-se progressivamente um grande nú-
mero das convenções que regem este tipo de texto. (Andar entre livros:
A leitura literária na escola. São Paulo: Global, 2007, p. 73.)

A queda dos moais é uma obra que favorece inúmeras aprendizagens e expe-
riências aos estudantes, sobretudo por não ter um gênero único que a caracteriza,
mas cerca de trinta gêneros textuais que se apresentam de forma integrada, com o
propósito de comunicar o que se passa no enredo.
A cada página, o leitor depara com um gênero que dialoga com a narrativa e
favorece o entendimento da história, e essa é uma das principais chaves de leitura
da obra.

A chave de leitura é exatamente como a chave que abre uma porta:


uma chave de leitura nos coloca dentro de uma obra literária. Pode-
mos escolher as formas de entrar numa casa, assim como podemos
ter diferentes formas de adentrar num texto para favorecer a com-
preensão leitora. E, durante o trabalho com o livro, ao longo da lei-
tura dialogada, pode ser que surjam outras entradas propostas pelas
crianças durante a interação verbal — aproveitar e agregar o sentido
da leitura do outro é também um comportamento leitor interessante
a ser considerado nesse processo.

Por exemplo, o folheto publicitário divulga a promoção da viagem à Ilha de


Páscoa, e é o motivo do infortúnio de Joaquim; a história em quadrinhos apre-
senta em palavras e desenhos organizados sequencialmente o momento em que o
pai anuncia a viagem à família; uma reportagem traz informações históricas sobre
os moais e o enigmático caso que envolve a queda daquelas estátuas gigantescas;
o e-mail é usado por Joaquim para pedir à avó que o salve da desventura; o diário

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de bordo encontrado pelo personagem informa o dia, o mês e o ano em que um
navegador chega à ilha e expõe o relato do que encontrou ali; aconselhado pela avó,
o menino se utiliza de uma receita com todos os “ingredientes” para bem se com-
portar em passeios muito chatos; cartas são trocadas entre a avó de Joaquim e o
Ministério de Turismo da Ilha de Páscoa; a parlenda, criada pela irmã de Joaquim,
expressa em versos seu contentamento com a situação inusitada dos moais caídos;
na comunicação por um aplicativo de mensagens instantâneas, vemos as particu-
laridades da escrita de textos breves em um celular, que inclui emojis e abreviações.
Esses e muitos outros gêneros foram explorados nessa obra de forma que ima-
gem e texto operam materializando as principais características de cada gênero.
Com esse recurso, os leitores têm mais condições de relembrar os gêneros já estu-
dados e de reconhecer os que não foram temas de estudo mas se tornam compreen-
síveis graças ao projeto gráfico da obra — que visa reproduzir visualmente o que é
de mais característico de cada gênero. Outro aspecto importante é a forma como
os textos são apresentados, exemplificando ao estudante a funcionalidade de cada
tipo de texto nas práticas sociais.
Pelo fato de se valer de tantos tipos textuais associados a imagens e a um pro-
jeto gráfico criativo e integrado à proposta dos autores, a obra apresenta um rico
campo de estudo na área de Linguagens (Língua Portuguesa e Arte), desenvolven-
do a seguinte habilidade específica da área de Arte, entre outras:

2. Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas


integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnolo-
gias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas
condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e
nas suas articulações. (brasil. Ministério da Educação. Base Nacional
Comum Curricular. Brasília: mec/Consed/Undime, 2018, p. 198.)

O leitor é implicado a entender como os múltiplos gêneros e a forma como


estão sequenciados contribuem para a construção da história de Joaquim e sua fa-
mília. Essa é uma das características marcantes do livro e constitui um primeiro de-
safio aos estudantes, já que se torna objeto potente para as propostas de leitura que
envolvam a habilidade de inferência. Vale ressaltar, entretanto, que numa primeira
leitura talvez não seja possível ao leitor entrever de que forma cada gênero está a
serviço da construção do que é narrado; o que exige, portanto, uma segunda leitura
com a finalidade de observar mais atentamente esse aspecto.

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O léxico adotado pelas autoras não apresenta desafios de compreensão, mas é
bastante diverso, o que garante acesso a um vocabulário específico de acordo com
o gênero trabalhado. Esse recurso contribui para que os estudantes observem que
os diferentes textos (dos mais formais aos informais) são caracterizados por uma
estrutura básica e um léxico que varia conforme o gênero e a situação.
Um aspecto muito interessante de A queda dos moais, e que pode ser outra chave
de leitura da obra, é que o tom de humor está presente em todos os textos, tornando
a leitura bem prazerosa. Entretanto, talvez nem todos os aspectos do que é cômico
sejam entendidos de forma autônoma pelo leitor, já que essa é uma habilidade a ser
desenvolvida e que está relacionada ao aspecto da compreensão, da inferência do
que não está escrito, mas subentendido. Como ressaltado na Política Nacional de
Alfabetização (pna):

A compreensão de textos, por sua vez, consiste num ato diverso da lei-
tura. [...] Outros fatores também influem na compreensão, como o voca-
bulário, o conhecimento de mundo e a capacidade de fazer inferências.
(brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. PNA — Polí-
tica Nacional de Alfabetização. Brasília: mec/Sealf, 2019, p. 19.)

Nesse contexto, podemos então considerar dois aspectos para as propostas de


leitura com esse livro:

• Vocabulário empreendido em cada gênero.


• Estratégias de leitura para a inferência nos textos e entre os textos.

Essa narrativa também favorece diálogos com a área de Ciências Humanas


(História e Geografia), pois os textos informam a localização dos moais, um pouco
da história que os envolve e uma de suas lendas, além de despertar a curiosidade
dos estudantes para a história desses monumentos e da civilização que ali viveu por
volta do ano 1000.
Essas e outras chaves de leitura podem ser exploradas para que os estudantes
tenham mais recursos para compreender a proposta da obra. Durante as situações
de leitura, é preciso assegurar momentos nos quais esses aspectos sejam levados à
reflexão por meio da interação verbal e de diálogos sobre o que foi lido.

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Propostas de atividades:
Este livro e as aulas de Língua Portuguesa
Muitas são as habilidades que podem ser desenvolvidas no percurso de ensino da
língua, e a leitura é um ponto determinante para que as demais aprendizagens
aconteçam. Para melhorar a leitura, é fundamental que haja na rotina da escola um
trabalho contínuo de leitura e que a organização curricular literária seja a base para
a reflexão das demais áreas de ensino da linguagem.
Variadas práticas de leitura precisam constar nas atividades escolares: a leitura
autônoma, realizada pelos próprios estudantes; leitura em pares ou pequenos grupos;
rodas de leitura com um leitor convidado; rodas de empréstimos de livros, entre outras.
O importante é que cada um desses momentos seja planejado com intencionalidade,
promovendo aprendizagem sobre o livro, a leitura e os comportamentos leitores.
A leitura pelo professor é fundamental, pois ele é o modelo leitor, que lê com
fluência e entonação, que caracteriza as falas dos personagens, que realiza as pau-
sas breves e necessárias de acordo com as emoções que o texto suscita. Ao vivenciar
essa experiência trazida por um leitor proficiente, os estudantes não só compreen-
dem melhor o que está sendo lido como também aprendem estratégias de leitura
que deixam o texto mais acessível e interessante a quem o ouve. Para isso, é essen-
cial haver uma preparação da leitura, assim como o planejamento das pausas que a
acompanharão. A esse respeito, Cecilia Bajour, traz valiosas considerações:

A preparação do encontro de leitura implica, em princípio, imaginar


modos específicos de adentrar e apresentar os textos, de apurar os ou-
vidos e o olhar do leitor para uma leitura aguçada e atenta. Por isso, não
existe uma fórmula única para penetrar nos textos. [...]
Os modos específicos de entrar nos textos podem partir de algu-
mas chaves que cada livro sugira, ou de algum aspecto que se queira
destacar ou no qual se queira intervir para a construção de saberes lite-
rários. (Ouvir nas entrelinhas: O valor da escuta nas práticas de leitura.
São Paulo: Pulo do Gato, 2012, pp. 63-4.)

Como mencionamos antes, A queda dos moais apresenta algumas chaves de lei-
tura que suscitam perguntas e comentários que ajudam o leitor a avançar na com-
preensão do que se lê.

13
Considerando que as práticas de ensino relacionadas à leitura literária abor-
dem essas questões, espera-se que os estudantes possam desenvolver as seguintes
habilidades:

(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do


mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de en-
cantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como pa-
trimônio artístico da humanidade.
(EF15LP16) Ler e compreender, em colaboração com os colegas
e com a ajuda do professor e, mais tarde, de maneira autônoma,
textos narrativos de maior porte como contos (populares, de fadas,
acumulativos, de assombração etc.) e crônicas.
(EF35LP26) Ler e compreender, com certa autonomia, narrativas
ficcionais que apresentem cenários e personagens, observando os
elementos da estrutura narrativa: enredo, tempo, espaço, persona-
gens, narrador e a construção do discurso indireto e discurso direto.

Considerando que a obra oferece gêneros variados e alguns deles com recursos
gráficos que corroboram para o desenvolvimento da narrativa, destacamos duas
habilidades que são especialmente contempladas neste trabalho:

(EF15LP18) Relacionar texto com ilustrações e outros recursos gráficos.


(EF02LP26) Ler e compreender, com certa autonomia, textos literá-
rios, de gêneros variados, desenvolvendo o gosto pela leitura.

PRÉ-LEITURA

Como mencionamos anteriormente, é importante o estudante ter acesso ao texto


por meio de um leitor experiente e participar de situações diversas envolvendo as
práticas de leitura para avançar em seu processo de formação como um leitor au-
tônomo. A queda dos moais apresenta um fator adicional quando pensamos em dar
mais condições à compreensão do que está sendo lido: o conhecimento de mundo.
Para que esse aspecto específico seja contemplado antes da leitura da obra, sugeri-
mos uma roda de conversa para dialogar sobre o que são os moais.

14
Para dar início ao trabalho, podem-se organizar os estudantes em uma roda infor-
mando que numa próxima aula farão a leitura compartilhada do livro A queda dos
moais. Nesse momento, você pode mostrar a capa da obra e estimular uma conversa.

• Vocês já ouviram falar dos moais?

Talvez alguns estudantes já tenham ouvido falar sobre as estátuas, já que elas
são bem conhecidas mundialmente e, por essa razão, tema de documentários, re-
portagens e desenhos animados. Ainda que as crianças não tenham esse conheci-
mento prévio, ao observar a capa podem identificar, por exemplo, que moais são
estátuas, ou pedras com formato de rosto humano.
É fundamental valorizar cada participação das crianças, mas também é importan-
te que antes da leitura da obra a turma conheça o que são os moais, onde estão loca-
lizados, em que contexto histórico estão inseridos. Convém pesquisar as informações
básicas para que você possa ajustar os diferentes saberes trazidos pelos estudantes.
A partir das informações inicialmente compartilhadas pelas crianças, vocês po-
dem elaborar coletivamente um cartaz: “O que já sabemos sobre os moais”.
A segunda etapa do trabalho consiste numa breve pesquisa para descobrir mais
detalhes sobre os moais. Para isso, sugerimos separar antes alguns livros de História da
biblioteca da escola. Em pequenos grupos, as crianças podem escolher um dos livros
para exploração e análise. Depois de algum tempo, abra espaço para compartilharem
suas descobertas. A partir das informações trazidas, elas podem produzir o mural co-
letivo “O que descobrimos sobre os moais”, que dialoga com o que fizeram antes. Caso
não haja títulos suficientes para todos sobre esse tema, você pode adaptar a atividade,
lendo em voz alta algumas informações que pesquisar em outras fontes. Depois, como
na primeira proposta, façam coletivamente o cartaz com as descobertas.
Esses encaminhamentos contribuem para criar expectativas em relação à leitu-
ra do livro, além de favorecer o estabelecimento de relações entre os fatos históricos
e o jogo ficcional oferecido pelos autores da obra.

LEITURA

A leitura compartilhada e dialogada do livro é a modalidade de leitura sugerida


para esse momento, porque, com o livro em mãos, os estudantes poderão, a partir
das intervenções do professor e da interação verbal com os colegas, analisar com
mais subsídios determinadas passagens e ilustrações dos textos. Essa leitura cola-

15
borativa supõe a mobilização de determinados procedimentos e habilidades, com
base nos conhecimentos prévios dos estudantes e das pistas que o texto oferece.
A leitura compartilhada e dialogada é defendida por Teresa Colomer, que
afirma:

Mas, para falar sobre os livros, precisamos de palavras, conceitos que


nos permitam ir além do “é divertido” ou “eu não gostei” e pensar o que
causou esse efeito, de modo que se possa começar a analisar a lingua-
gem para não ser dominado pelo discurso externo.
Esse espaço, pois, pede a entrada e extensão escolar de atividades
de discussão. Isso permite a passagem da recepção individual à recep-
ção no seio de uma comunidade que interpreta e valoriza. (Andar entre
livros: A leitura literária na escola. In: machado, Ana Maria et al. Nos ca-
minhos da literatura. São Paulo: Peirópolis, 2008, p. 28.)

Algumas condições para criar uma boa situação de leitura compartilhada são:

• Criar um ambiente favorável à escuta, no qual a criança possa expressar


suas ideias, opiniões e dúvidas.
• Elaborar perguntas a partir das colocações feitas pelas crianças, oferecendo
alternativas para que avancem em suas hipóteses ou as refutem.
• Validar a resposta de acordo com o que está no livro, mostrando no texto ou
na imagem os elementos que ajudam a construir a interpretação.
• Estabelecer relações entre a obra lida com outras que os estudantes conhecem.

A seguir, sugerimos algumas propostas que possibilitam trabalhar algumas das


chaves de leitura da obra em consonância com habilidades previstas na bncc para
os anos iniciais do Ensino Fundamental. São sugestões que você pode aproveitar ou
adaptar, a depender de seus objetivos com a leitura e considerando as necessidades
e os conhecimentos das crianças de seu grupo.

EXPLORAÇÃO DA CAPA, APRESENTAÇÃO DAS AUTORAS E ILUSTRADOR

Apresentar a obra e trazer as informações adicionais sobre ela, o escritor e o ilus-


trador é uma das atividades fundamentais no trabalho com leitura literária. Além
disso, oferece às crianças diversos aprendizados, entre os quais destacam-se, nesta

16
obra: a possibilidade de ampliar o conhecimento sobre quem escreveu, ilustrou o
livro e como foi o percurso de criação que permeia esse trabalho; que características
da formação acadêmica podem contribuir para a tarefa de escrever e ilustrar; como
surgem as ideias para as produções literárias; por que os autores fazem parcerias
para escrever uma obra.
Depois de abrir espaço para as crianças trazerem seus conhecimentos prévios
sobre os autores, é importante completar as informações com fatos adicionais e
curiosidades.
Sugestões de perguntas para análise da capa, considerando os conhecimentos
trabalhados na atividade de pré-leitura:

• O que vocês acham que pode acontecer nessa história?


• Vocês imaginam quem é este menino na ilustração?

À medida que os estudantes compartilharem suas hipóteses, oriente-os com al-


gumas perguntas: se os moais são grandes, pesados e difíceis de transportar, como
poderiam cair? Que fato pode ter desencadeado esse acontecimento? E o menino,
será um morador da ilha ou um visitante?
É importante que as participações das crianças sejam consideradas e, caso as hi-
póteses não estejam em consonância com a narrativa, apenas informe que ao longo
da leitura vocês poderão validar ou não essas ideias iniciais.

LEITURA DO MAPA

Possíveis encaminhamentos para a análise:

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• O que vocês observam neste mapa? Que lugar será esse?
• Por que será que a palavra “antes” está grafada nesta página?

Considerando o que os estudantes já sabem sobre a Ilha de Páscoa, a primeira


pergunta provavelmente pode ser respondida sem grandes desafios.
A palavra “antes” pode suscitar várias hipóteses relacionadas à queda dos
moais, mas dificilmente indicará que se trata do que aconteceu na ilha antes de os
turistas chegarem — não há problema. As respostas serão ouvidas e é importante
que sejam validadas ou não, na continuidade da leitura.

LEITURA DO FOLHETO PUBLICITÁRIO


A partir desse ponto é possível pensar em questões que colaborem para que os leitores
entendam a proposta dos autores. Antes de iniciar a leitura do folheto publicitário
(pp. 6-7), pode-se conversar um pouco sobre esse gênero: já viram algum texto seme-
lhante? Que tipo de informação trazia? Que local encontraram nesse material?

• Quais informações esse folheto publicitário oferece? (A intenção é que a


criança localize essas informações no texto, lendo autonomamente ou com
o auxílio de um colega.)
• Quais são os atrativos do lugar? (Os restaurantes, as lojas de souvenirs, 15 dias
em hotel 5 estrelas, os moais e a possibilidade de fotografá-los etc.)

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• O que chama a atenção ao ler esse folheto? (Tudo o que foi mencionado ante-
riormente e a informação do carimbo “Descontos especiais em virtude do boléu
dos moais”. Nessa frase há uma palavra incomum, que provavelmente as crian-
ças desconhecem. Nessas ocasiões é frequente que elas perguntem o significa-
do. Nesse caso, é importante devolver a questão: “Será que o contexto da frase
ou do texto pode nos ajudar a descobrir o significado?”. Caso não cheguem a
uma conclusão, pode-se sugerir: “Vamos aguardar as próximas páginas? Quem
sabe encontramos mais dicas para descobrir o que pode significar”).

COMPREENSÃO DE TEXTO

As próximas páginas do livro (pp. 8-9) apresentam o gênero textual história em


quadrinhos.

Aqui os leitores conhecem os personagens e têm mais subsídios para entender a


especificidade da obra. Possibilidades de intervenções:

• Quem são os integrantes da família?


• Por que o pai escolheu esse destino?
• Onde ele encontrou a informação sobre a promoção?

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A cada pergunta, reserve um tempo para as crianças responderem e conversa-
rem entre si. A essa altura, talvez já façam a conexão entre o folheto que o pai apre-
senta à família com o que apareceu na página anterior. Nesse diálogo, aproveite
para voltar ao mapa inicial:

• Qual será a relação entre o mapa, o folheto e o destino de férias dessa família?

Os estudantes muitas vezes nos surpreendem quando apresentam suas conclu-


sões, e é nesse ambiente propício à troca que se vão construindo os sentidos sobre
o que se está lendo.
É possível que as crianças concluam nesse momento que as próximas páginas
serão apresentadas de forma diferente, pois já terão percebido que na obra é preciso
compreender os textos e a relação entre texto e imagem para acompanhar o desen-
volvimento do enredo.
Nas próximas páginas, a forma que os autores escolheram para “contar” o que
está acontecendo oferece oportunidade para análise de outros aspectos da obra.
Um deles é como a influência do tipo de texto impacta no encaminhamento da nar-
rativa. Um exemplo:

Essa notícia de jornal (pp. 10-1) traz informações sobre o mais novo mistério
que envolve os moais: eles estão caídos!

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Supõe-se que o gênero escolhido, a notícia, contextualiza para o leitor o que
aconteceu aos moais e já lhes oferece pistas para descobrir o que significam os di-
zeres do carimbo “Em virtude do boléu dos moais”, naquele folheto do começo do
livro. Não é necessário dizer o que significa a palavra “boléu”, basta inferir que há
algo de errado com os moais. Com essa intervenção, as crianças podem concluir,
por meio da inferência, o que significa a palavra. Para finalizar esse trabalho, pode-
-se propor que pesquisem o significado de “boléu” e validem ou não as conclusões
trazidas anteriormente.
Alguns textos do livro, além de muito divertidos, são potentes para uma análise
sobre os recursos usados pelos autores para a elaboração do que intencionavam co-
municar. Por exemplo, quando na “Receita de comportamento ideal para passeios
muito chatos” (p. 20), um dos itens do modo de preparo diz: “Prefira frases do tipo
‘Mesmo com chuva, eu achei que valeu a pena conhecer mais sobre o ciclo reprodu-
tor das abelhas’”, pode-se perguntar aos estudantes:

• Para não desagradar aos pais, mas ao mesmo tempo emitir sua opinião, Joa-
quim usou uma expressão no início da frase. Qual é essa expressão?

As crianças não precisam, necessariamente, saber a classificação gramatical, mas


podem, por meio da experiência da leitura e do contexto, entender que algumas pala-
vras nos ajudam a nos expressar quando queremos passar uma ideia de concessão.
Com os estudantes, pode-se propor: se quiséssemos substituir esse início da frase
por outras expressões, quais poderiam ser usadas para passar a mesma ideia? Se eles
tiverem dificuldades, um recurso é oferecer algumas opções, escrevendo-as na lousa.
Vale destacar que essas são algumas sugestões para trabalhar a leitura dialoga-
da desta obra, e que há muitas outras possibilidades para desenvolver as habilida-
des relacionadas ao ato de ler.

PÓS-LEITURA

A experiência nascida de uma leitura não termina quando a atividade é encerrada,


pois ela se transforma e reverbera para outros momentos e experiências. Para A
queda dos moais, a proposta de atividade para esse momento relaciona-se com o que
nos diz Teresa Colomer:

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A literatura também servirá para aprender a comunicar oralmente um
texto: as obras são citadas, são dramatizadas ou são lidas em voz alta
para compartilhá-las com os demais. E também para memorizá-las e
convertê-las em parte de nossas lembranças, ou seja, de nós mesmos.
Além disso, os livros se oferecem como uma ocasião perfeita para
falar ou escrever sobre eles, a partir deles ou segundo eles, em uma
constante efervescência de atividades que inter-relacionam a leitura, a
escrita e a fala, e que contam com um grande número de experiências
escolares, que demonstram sobejamente seus benefícios no domínio
progressivo da língua... (Andar entre livros: a leitura literária na escola.
São Paulo: Global, 2007, pp. 159-60.)

Quando o leitor se identifica com a obra lida, realiza um movimento natural de


comentar, conversar sobre ela e também de indicá-la. Por essa razão, a proposta pa-
ra esse momento é que os estudantes produzam uma indicação literária de A queda
dos moais, escolhendo um dos gêneros apresentados na obra para estruturar e co-
municar essa indicação. Exemplo: podem escrever uma carta indicando o livro, ou
elaborar uma canção, criar uma parlenda etc. A seguir, explicaremos como orientar
essa atividade.
Antes, vale lembrar aos estudantes qual é o objetivo de uma indicação literária
e quais informações é preciso constar; depois vocês podem elaborar juntos um texto
coletivo com o que a turma sabe sobre esse gênero.
A indicação literária, por ser um texto que exprime opinião sobre um livro, um
filme, uma peça etc. com a intenção de divulgá-lo e emitir uma opinião, deve apre-
sentar: título da obra indicada, quem criou ou participa da obra (autor, ilustrador,
diretor, atores) e os motivos pelos quais está sendo indicada. Se julgar necessário,
leia algumas indicações como modelo para que as crianças, além de entrar em con-
tato com bons modelos, percebam os elementos que compõem esse tipo de texto.
Organize a turma em pequenos grupos e explique agora que, com sua orienta-
ção, cada grupo produzirá uma indicação literária do livro A queda dos moais. Para
isso, podem expressar a opinião sobre a obra usando um dos gêneros do livro.
Antes do início do trabalho, é fundamental que cada grupo defina o público pa-
ra o qual a obra será indicada: pode ser, por exemplo, para crianças de outras salas
da escola ou para adultos da comunidade escolar.

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Alguns encaminhamentos antes da produção escrita da turma:

1. Oriente as crianças a voltarem ao livro para relembrarem dos gêneros.


2. Abra espaço para conversarem sobre quais deles melhor atendem ao propó-
sito da tarefa.
3. Produzam coletivamente uma lista com as possibilidades: parlenda, receita,
gráfico etc. Depois da escolha dos gêneros pela turma, vale destacar para os es-
tudantes os suportes e as características formais de cada um deles: formatação
do texto (letra cursiva ou bastão), mídia (digital ou impressa), entre outros.
4. Relembre que no fim do livro (pp. 56-8) os autores apresentam de forma
criativa a descrição dos gêneros.
5. Reserve espaço na aula para a produção dos textos e oriente as crianças na
textualização se for necessário.
6. Quando tiverem o material escrito, sugira que o apresentem primeiro aos
colegas de sala como forma de ensaio. É uma oportunidade de ouvirem
eventuais dicas para melhorar algum aspecto do trabalho.

Na escola, a leitura é sem dúvida um objeto de ensino, mas, como diz a pesqui-
sadora argentina Delia Lerner:

Para que também se transforme num objeto de aprendizagem, é neces-


sário que tenha sentido do ponto de vista do aluno, o que significa — en-
tre outras coisas — que deve cumprir uma função para a realização de
um propósito que ela conhece e valoriza. (Ler e escrever na escola: o
real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002, p. 79.)

É importante que as diferentes práticas de leitura abarquem atividades diversi-


ficadas, pelas quais os estudantes se interessem e das quais se empenhem em parti-
cipar; dessa forma, a partir de uma necessidade real, sentem-se mobilizados a de-
senvolver seu percurso como leitor.

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Outras propostas de leitura
e abordagem da obra
Compartilhar leituras é um caminho para ampliar experiências e conectar-se com o
outro por um interesse comum. Ler fora da escola, como resultado das ações da pró-
pria escola, ajuda a construir uma comunidade de leitores que envolva as famílias
dos estudantes e os demais integrantes da comunidade.
O desenvolvimento do leitor depende de oportunidades nas quais possa exer-
cer suas conquistas, ao mesmo tempo que amplia suas habilidades na relação com
o outro — quer seja mais ou menos experiente. As pessoas que convivem com os
estudantes, como os familiares, amigos ou pessoas da comunidade local, também
contribuem para a formação leitora das crianças, desde que haja oportunidades
para essa interlocução.

AMPLIAÇÃO DA COMUNIDADE DE LEITORES

O grupo da sala de aula pode constituir uma comunidade de leitores quando é ofe-
recida a oportunidade de as crianças lerem e apreciarem histórias juntas. Sabemos,
no entanto, que é possível ampliar essa comunidade envolvendo mais pessoas, co-
mo outros professores, colegas, familiares e moradores do entorno escolar, consti-
tuindo a escola como uma comunidade de leitores. Para que isso ocorra, sugerimos
pesquisar se na comunidade escolar há pessoas que poderiam contar histórias para
as crianças ou se há grupos que organizam algum tipo de evento literário, como
saraus ou clubes de leitura. Também seria interessante saber se há bibliotecas pú-
blicas e/ou comunitárias próximas à escola. Engajar todos em prol da leitura leva os
estudantes a acreditar que ler é uma prática gostosa e importante.

LITERACIA FAMILIAR

A escola pode estimular algumas ações simples, mas muito potentes para aproximar
a família da escola e reforçar os vínculos entre a criança e os responsáveis. Uma de-
las é incentivar os estudantes a ler em casa em situações a princípio organizadas pe-
lo professor como extensão das intervenções que acontecem no ambiente escolar.
Em se tratando das trocas e possibilidades de leitura fora da escola, sabemos
como são significativos esses momentos de leitura compartilhados em família, por

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diferentes motivos. Para as crianças, pode ser muito prazeroso prolongar bons mo-
mentos da leitura na escola, levando o livro lido para casa e assumindo um impor-
tante lugar de protagonista em casa ao apresentar um livro que conhecem bem para
ler com as pessoas de seu convívio doméstico.
Sabemos também que a leitura em casa, permeada de afeto, contribui muito
para estreitar laços entre a criança e sua família, assim como para valorizar a leitu-
ra. Ler um livro junto também significa um momento de parada no ritmo cotidiano,
para que se possa apreciar a beleza da língua e das ilustrações, imaginar e entrar em
contato com outros mundos e outras vidas.
Ao encaminhar o livro para a casa da criança, pode-se escrever um bilhete aos
familiares enfatizando a importância desse momento e incentivando-os a conversar
com a criança depois da leitura.
No caso do livro A queda dos moais, as crianças podem ser estimuladas a per-
guntar aos familiares se conhecem os moais e o que sabem sobre eles. E então, ao
contar o que aprenderam na escola, elas assumem um lugar de destaque, como al-
guém que sabe coisas importantes.
Ao fim da leitura, que tal as crianças relembrarem os passeios que fizeram jun-
tos com os familiares e quem sabe darem boas risadas? A leitura é um excelente
meio para nos aproximarmos não só dos personagens do livro, mas também de to-
dos aqueles com quem vivemos histórias reais. Depois que as crianças apresentarem
a obra em casa, sugira que produzam uma história em quadrinhos sobre um desses
passeios e compartilhem essa produção com outros familiares e amigos. Quem sabe
eles também não terão suas próprias histórias engraçadas para contar?
Propostas de socialização como essas contribuem para que o estudante se colo-
que no papel de quem precisa se comunicar e se fazer entender, portanto contribui
muito para o desenvolvimento de habilidades relacionadas à oralidade.

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Bibliografia comentada
agência Riff. Blandina Franco. Disponível em: https://bit.ly/RiffBlandina. Acesso
em: 16 nov. 2021.
O site apresenta a autora Blandina Franco e o ilustrador José Carlos Lollo,
ressaltando a parceria que já resultou em mais de quarenta obras publicadas.

agência Riff. Patricia Auerbach. Disponível em: https://bit.ly/RiffPatriciaAuerbach.


Acesso em: 16 nov. 2021.
O site apresenta a escritora e ilustradora Patricia Auerbach, trazendo infor-
mações e curiosidades sobre sua carreira.

bajour, Cecilia. Ouvir nas entrelinhas: O valor da escuta nas práticas de leitura. São
Paulo: Pulo do Gato, 2020.
A autora fala da importância da conversa para a formação do leitor e como
essa troca entre leitores amplia as construções de sentido em uma leitura. Ela
também traz exemplos práticos, refletindo sobre o papel do adulto na media-
ção da conversa e a importância do registro desse momento.

brasil. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: mec/


Consed/ Undime, 2018. Disponível em: http://bit.ly/BaseBNCC. Acesso em:
30 out. 2021.
A bncc define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais,
competências e habilidades que se espera que todos os estudantes desenvol-
vam ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica.

brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. PNA — Política Nacio-


nal de Alfabetização. Brasília: mec/Sealf, 2019. Disponível em: http://bit.ly/
cadernoPNA. Acesso em: 30 out. 2021.
Documento produzido pelo Ministério da Educação, por meio da Secretaria
de Alfabetização (Sealf), que busca elevar a qualidade da alfabetização e
combater o analfabetismo em todo o território brasileiro.

colomer, Teresa. Andar entre livros: A leitura literária na escola. São Paulo: Global,
2007.
Uma contribuição valiosa tanto para ampliarmos as referências sobre a rela-
ção entre escola, leitores e livros, como para refletirmos sobre o potencial de
diferentes propostas escolares que envolvam a leitura.

26
ilha de Páscoa. Viagem e Turismo, 17 dez. 2015. Disponível em: https://bit.ly/
Ilha_Pascoa. Acesso em: 22 nov. 2021.
O artigo traz informações básicas sobre a Ilha de Páscoa, com informações
práticas destinadas a turistas.

larrosa bondía, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista


Brasileira de Educação, n. 19, pp. 20-8, jan.-abr. 2002. Disponível em: https://
bit.ly/notas_experiencia.
O autor propõe pensar a educação a partir da transformação pela experiên-
cia, aquela que acontece na relação entre o conhecimento e a vida humana.

lerner, Delia. Ler e escrever na escola: O real, o possível e o necessário. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
Quais são as tensões envolvidas no ensino da leitura e da escrita na escola?
A pesquisadora argentina explica aos educadores o que precisa ser ensinado
para formar leitores e escritores de fato. Para isso, oferece exemplos de pro-
postas de leitura e escrita.

machado, Ana Maria et al. Nos caminhos da literatura. São Paulo: Peirópolis, 2008.
A obra traz o registro do seminário Prazer em Ler de Promoção da Leitura,
realizado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (fnlij), que reu-
niu escritores e especialistas em leitura.

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Sugestões de leituras complementares
Indicamos aqui alguns textos que podem contribuir com o seu trabalho por ampliar
os temas e as propostas abordados neste material.

britto, Luiz P. L. Ao revés do avesso: Leitura e formação. São Paulo: Pulo do Gato,
2015.
Nesse livro, o autor questiona diversos aspectos do senso comum relativos à
formação de leitores e ao ensino da literatura nas escolas. Vinculados à reali-
dade brasileira, os ensaios nos convidam a repensar as práticas e as concep-
ções idealizadas sobre leitores e leitura.

colomer, Teresa. Siete llaves para valorar las historias infantiles. Madri: Fundación
Germán Sánchez Ruipérez, 2002.
Nesse livro, a autora apresenta sete chaves que permitem analisar as histórias
infantis, tratando de elementos fundamentais, como apreciação de palavras
e imagens, até ampliação do mundo próprio do leitor.

pennac, Daniel. Como um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.


Com um estilo a um só tempo irônico e poético, Daniel Pennac investiga as
chaves para o mundo da leitura e mostra que o elo se perde quando o livro
deixa de ser “vivo” e passa a ser uma ficha de leitura obrigatória para o bom
cumprimento do programa escolar.

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Você também pode gostar