Licoes-Gotas-1a15

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CENTENÁRIO DO DESEMBARGADOR EDÉSIO FERNANDES

LIÇÕES 1 A 15

1977-2013

Realização

Belo Horizonte - 2013


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Presidente
Desembargador Joaquim Herculano Rodrigues
1º Vice-Presidente
Desembargador José Tarcízio de Almeida Melo
2º Vice-Presidente e Superintendente da EJEF
Desembargador José Antonino Baía Borges
3ª Vice-Presidente
Desembargador Manuel Bravo Saramago
Corregedor-Geral
Desembargador Luiz Audebert Delage Filho

Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes - EJEF


Comitê Técnico
Desembargador José Antonino Baía Borges
Desembargador José Geraldo Saldanha da Fonseca
Desembargador Herbert José Almeida Carneiro
Desembargadora Heloísa Helena Ruiz Combat
Juiz de Direito Marco Aurélio Ferenzini
Diretora Executiva de Desenvolvimento de Pessoas: Mônica Alexandra de Mendonça Terra e Almeida Sá
Diretor Executivo de Gestão da Informação Documental: André Borges Ribeiro

Produção editorial
Gerência de Jurisprudência e Publicações Técnicas - GEJUR/DIRGED
Rosane Brandão Bastos Sales
Coordenação de Publicação e Divulgação da Informação Técnica - CODIT
Lúcia Maria de Oliveira Mudrik
Centro de Publicidade e Comunicação Visual - CECOV/ASCOM
Solange Siqueira de Magalhães
Coordenação de Mídia Impressa e Eletrônica - COMID
Sílvia Monteiro de Castro Lara Dias
Projeto gráfico, capa e diagramação
Narla Prudêncio
Português

Português
Português

Apresentação
Português

Português
Português
Português

A permanente preocupação da Ejef de con-


Português

tribuir para o aprimoramento de magistra-


Português
Português

dos e servidores no uso do idioma pátrio fez


surgir, em 2012, a ideia de se implantar, no
portal do TJMG, um boletim quinzenal que
Português

cumprisse esse objetivo. Utilizando as técni-


Português

cas do português instrumental, a publicação


Português

deveria ser sintética e atraente, com infor-


mações essenciais, assimiláveis num menor
tempo possível. Entre os mentores mais
entusiastas da nova ideia, sempre esteve o
Desembargador Tiago Pinto, que atuou de
modo profícuo na sua implementação.

Assim, em 7 de dezembro de 2012, foi lan-


çado o GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA, no
auditório da Unidade Raja Gabaglia do Tri-
bunal, com a presença do Professor Evanildo
Bechara, membro da Academia Brasileira de
Letras e da Academia Brasileira de Filologia,
que na oportunidade falou sobre “Adequa-
ção da linguagem no texto jurídico”.
A elaboração das lições ficou a cargo do Pro-
fessor e Juiz de Direito aposentado José João
Calanzani, cujo inesperado falecimento, ocor-
rido em julho último, foi motivo de grande pe-

Português
sar para todos nós.

Além das edições eletrônicas, desde o início

Português
também se pensou em oportunas publicações
impressas das lições, o que agora se concretiza
pela primeira vez neste caderno, que contém
as 15 lições iniciais aparecidas no portal.

Uma boa leitura para todos!

DESEMBARGADOR JOSÉ ANTONINO BAÍA BORGES


2º VICE-PRESIDENTE DO TJMG E SUPERINTENDENTE DA EJEF
Português

Português
Português
Uma palavra do autor *
Português

Português

A prestação jurisdicional só se concretiza por meio do


Português
Português

uso da linguagem. E a principal característica da lingua-


gem jurídica é, justamente, a clareza do pensamento e
Português

da decisão.
Português
Português

Se o juiz diz, por exemplo, que houve a REMISSÃO


Português

da dívida, está declarando que o credor perdoou a


Português

obrigação do devedor. Se afirma, entretanto, que


ocorreu a REMIÇÃO da dívida, está declarando que o
Português

devedor pagou o débito.

Para recordar as normas da língua padrão, usamos a


metáfora da gota. O que fertiliza a terra não é a chuva
torrencial, formando a enxurrada, mas aquela que cai
em gotas, penetrando na terra.

Espera-se que, de gota em gota, possamos recordar


as principais informações gramaticais, segundo a
técnica da língua padrão, para que os operadores do
direito possam apresentar uma eficiente prestação
jurisdicional.

Professor José João Calanzani


AUTOR DAS LIÇÕES PUBLICADAS EM GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA

*Dias antes de seu falecimento, ocorrido em julho último, o Professor Calanzani


nos fez chegar estas linhas, redigidas especialmente para publicação neste caderno.

5
Sumário

Cognatos /9
Palavras-coringas /10
Sinônimos / 11
Prosódia / 12
Redundância / 13
Uso de MESMO/MESMA / 14
Emprego do hífen
- com os prefixos (I) / 15
- com os prefixos (II) / 16
- nas palavras compostas (III) / 17
- com as palavras BEM e MAL (IV) / 18
Acentuação dos ditongos EU, EI, OI / 19
Acento diferencial / 20
Acentuação do I e U tônicos no hiato / 21
Fonema e letra / 22
Uso do acento indicativo de crase (1) / 23
Respostas dos exercícios / 24
Matéria das cinco próximas lições / 27
Acesse as lições no Portal do TJMG/ 27

GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef 7


1 Cognatos
A PERGUNTA DA VEZ
Saber sobre palavras cognatas me ajuda a escrever bem?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


Palavras cognatas são aquelas que têm o mesmo radical. Tire os prefixos e sufixos
das palavras amor, amoroso e desamor, por exemplo, e você terá am, o radical.
Em ortografia, identificar o radical das palavras é importante para se saber se a
palavra é com s, ss ou ç.
Em direito, temos remissão e remição. São diferentes. Remição deriva do verbo remir
(livrar o ônus por meio do pagamento). Ex.: Houve remição da dívida (a dívida foi
paga). Remissão deriva de outro verbo: remitir (conceder o perdão da dívida). Ex.:
Houve remissão da dívida (houve o perdão da dívida).

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Use s, ss ou ç:
1. As palavras derivadas de verbos cujo radical termina em nd, rg, rt, pel ou corr
escrevem-se com ______: - expandir/expan__ão – submergir/submer__ão –
converter/conver__ão – impelir/impul__ão – percorrer/percur__o.
2. As palavras que possuem o mesmo radical de verbos terminados em ced, gred, prim
e tir grafam-se com ______: - proceder/proce__o – regredir/regre__o – comprimir/
compre__ão – admitir/admi__ão.
3. Já as palavras cognatas do verbo ter e seus compostos são grafadas com ______:
- reter/reten__ão – conter/conten__ão.

RESPOSTAS NA PÁG. 24

GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef 9


2 Palavras-coringas

A PERGUNTA DA VEZ
O uso de palavras-coringas me cria imprecisão no escrever?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


Vale insistir: em direito, deve haver precisão de linguagem.
Substantivos-coringas
Principalmente em Minas Gerais, os substantivos coisa e trem são sinônimos para
quase tudo. Veja este exemplo: “Na posição que ele ocupa, desrespeitar a lei é uma
coisa inconcebível” (atitude).
Verbos-coringas
Normalmente, sete verbos são usados como coringas: dar, dizer, estar, fazer, pôr, ter,
ver.

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Substitua a palavra-coringa de cada frase por outra mais precisa:
1 - Diante da prova colhida, é uma coisa evidente.
2 - Isso é uma coisa que eu jamais imaginei.
3 - Ele está tendo um trem esquisito.
4 - As instalações do prédio não dão o devido conforto.
5 - A defesa disse que os argumentos da acusação eram frágeis.
6 - O acusado estava de camisa verde e calça escura.
7 - A paróquia fez uma campanha para arrecadar alimentos.
8 - O devedor pôs o dinheiro numa caderneta de poupança.
9 - A faca usada pelo denunciado tem 20cm.
10 - Antes de sentenciar, o juiz deve ver se as partes estão corretamente representadas
e se o processo está em ordem.

RESPOSTAS NA PÁG. 24

10 GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef


3 Sinônimos

A PERGUNTA DA VEZ
Querendo escrever bem, incorro por vezes na imprecisão dos sinônimos?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


Em direito, deve haver precisão de linguagem. Sinônimos são arriscados, porque
nem sempre há identidade de ação ou ideia.
Roubar é furtar? Na linguagem coloquial, pode ser, mas não no direito penal,
principalmente pela existência do princípio da tipicidade.
Citar é intimar? No direito, não.
Pedido é requerimento? Não. Pedido é a pretensão a ser apreciada.
Requerimento diz respeito a algo a que a pessoa já tem direito.
O direito é uma ciência e tem linguagem própria.
É arriscado inventar sinônimos para a petição inicial, dizendo, por exemplo, petição
exordial, ou prefacial, ou proemial, ou vestibular, ou de introito. Basta verificar o que
significam os termos exórdio, prefácio, proêmio, vestibular e introito.
Não há razão, também, para chamar o Recurso Extraordinário de Recurso Extremo,
ou intitular o Habeas Corpus de Remédio Heroico.

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Empregue o termo preciso na acepção jurídica, evitando o que constitui erro comum
nas petições:
1. Do pedido: “Ante o exposto, _______ a citação do réu [...]” (requer/pede).
2. “Fulano de Tal, __________ em Belo Horizonte, __________ na Rua Carmo da Mata
[...]” (domiciliado/residente).

RESPOSTAS NA PÁG. 24

GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef 11


4 Prosódia

A PERGUNTA DA VEZ
Qual é a pronúncia correta?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


A língua portuguesa é filha da língua latina. Muitas palavras latinas proparoxítonas
transformaram-se em paroxítonas.
Veja: cathedra → cadeira
macula → mancha, mágoa
A mudança ocorreu pela fala do povo (vulgus), transformando o chamado latim
vulgar em diversas línguas, na fala que retrata a realidade concreta da vida.
Quando algum escritor queria mostrar erudição, criava nova palavra, diretamente da
origem latina.
Que sirvam de exemplo as próprias palavras latinas macula e cathedra, originando
mácula e cátedra.
Não é raro, entretanto, alguém pronunciar como proparoxítona uma palavra
paroxítona, para querer demonstrar erudição.
No meio jurídico, é comum alguém pronunciar “rúbrica”, quando o certo é rubrica
(bri).

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Prosódia é a parte da gramática que estuda a acentuação e a entoação vocabular.
Na lista a seguir, indique quais são as palavras paroxítonas e quais aquelas que
admitem duas pronúncias: rubrica, acrobata, avaro, alopata, pudico, bavaro,
autopsia, boemia, hieroglifos, ortoepia, projetil, reptil, ibero, necropsia.

RESPOSTAS NA PÁG. 24

12 GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef


5 Redundância

A PERGUNTA DA VEZ
Eu uso a redundância de modo correto?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


Redundância ou pleonasmo é a repetição de uma mesma ideia, com palavras
diferentes. É, também, conhecida como tautologia.
A redundância pode ser um vício de linguagem ou um recurso estilístico para dar
ênfase à ideia.
Se eu digo “sonhei um sonho”, uso um pleonasmo vicioso. Se, entretanto, houver
um adjetivo de caráter restritivo, o pleonasmo é estilístico: “Olha a rosa na janela, /
Sonho um sonho pequenino [...]”.
Alguns pleonasmos já são consagrados pelo uso: amanhecer o dia, multidão de
pessoas, compartilhar conosco, girar em torno, panorama geral, certeza absoluta...

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Indique a redundância nas seguintes frases e expressões:
1)“[...] mediante prévia e justa indenização” (art. 5º, inciso XXIV, CF).
2) “Há alguns anos atrás [...]”.
3) “Sentença de primeira instância”.
4) “Pessoa viva”.
5) “Não teve outra alternativa”.
6) “Quando furtava, o ladrão teve uma surpresa inesperada”.
7) “Em seu depoimento pessoal, o réu [...]”.

RESPOSTAS NA PÁG. 24

GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef 13


6 Uso de MESMO/MESMA

A PERGUNTA DA VEZ
Posso usar mesmo/mesma como pronome pessoal?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


Mesmo e mesma podem ser adjetivo, advérbio, substantivo e, até, pronome na
função demonstrativa, mas NUNCA na função de pronome pessoal ou possessivo.
Empregos corretos: a) A mesma testemunha foi arrolada pelo autor e pelo réu. (Ideia
de identidade.) b) Mesmo o seu irmão chegou a duvidar de sua sinceridade. (Ideia de
inclusão.) c) No ano seguinte, sucedeu o mesmo. (Ideia de coisa semelhante.) d) Foi
sempre o mesmo na defesa do meio ambiente. (Aquele indivíduo.)

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Substitua mesmo/mesma pelo respectivo pronome pessoal ou possessivo correto:
1) “Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é
facultado às mesmas [...]”. (art. 114, § 2º, da CF)
2) “Se o adquirente deixar de remir o imóvel, sujeitando-o à execução, ficará obrigado
a ressarcir os credores hipotecários da desvalorização que, por sua culpa, o mesmo
vier a sofrer [...]”. (CC, art. 1.481, § 3º)
3) “Todo aquele que desejar prevenir responsabilidade, prover a conservação e
ressalva de seus direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal, poderá
fazer por escrito o seu protesto, em petição dirigida ao juiz, e requerer que do mesmo
se intime a quem de direito”.
4) “Tentada a conciliação, não foi a mesma obtida”.
5) “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo se encontra no andar”.
6) “A autora dispensa a pensão para si e pede o arbitramento da mesma para a filha
do casal”.
7) “Não havia como a mesma perder o que nunca teve”.
8) “[...] e que a mesma se vê impossibilitada de trabalhar”.
9) “[...] devendo a autora manter em sua conta os respectivos fundos para a cobertura
do mesmo [...]”.
10) “Porém, deste ônus a mesma não se desincumbiu [...]”.

RESPOSTAS NA PÁG. 25

14 GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef


7 Emprego do hífen com os prefixos (I)

A PERGUNTA DA VEZ
Após o novo Acordo Ortográfico, em que circunstâncias devo eliminar o hífen?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


Em resumo, elimina-se o hífen quando ocorre a seguinte união: consoante + vogal,
vogal + vogal diferente, vogal + R e S, consoante + consoante.
 Super + amigo = superamigo
 Auto + ajuda = autoajuda
 Anti + racismo = antirracismo
 Micro + sistema = microssistema
 Super + mercado = supermercado

Obs.: No caso das letras R e S, elas são duplicadas para ser mantida a mesma
pronúncia.

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Faça a união do prefixo com o vocábulo:
1) Co + réu = / 2) Co + ré = / 3) Auto + escola = / 4) Mini + saia =
5) Micro + região = / 6) Anti + americano = / 7) Super + ego =
8) Macro + econômico = / 9) Hiper + legal = / 10) Anti + semita =
11) Contra + razões =

RESPOSTAS NA PÁG. 25

GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef 15


8 Emprego do hífen com os prefixos (II)

A PERGUNTA DA VEZ
Após o novo Acordo Ortográfico, em que circunstâncias devo usar o hífen?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


Os prefixos exigem hífen em cinco circunstâncias:
1) Os prefixos ALÉM -, AQUÉM-, EX-, RECÉM-, SEM-, SOTO-, VICE-, PRÉ-, PRÓ-, PÓS-,
sempre exigem hífen: além-mar; aquém-Pirineus; ex-prefeito; recém-nascido; sem-
teto; soto-mestre; vice-presidente; pré-olímpico; pró-americano; pós-operatório.

2) Quando o segundo elemento começar por H: anti-higiênico, super-homem, mini-


hotel.

Exceções: Com os prefixos DES- e IN-, não se usa hífen, porque o segundo elemento
perde o H: des + humano = desumano / in + hábil = inábil.
O mesmo ocorre com o prefixo SUB: sub + humano: subumano.

3) Quando os prefixos HIPER-, INTER-, SUPER- e SUB- se unirem a palavras que


começam com a mesma consoante com que termina o prefixo - hiper + requintado:
hiper-requintado / inter + racial: inter-racial / super + romântico: super-romântico /
sub +bibliotecário: sub-bibliotecário /.

Obs.: O prefixo SUB- também exige hífen, se o segundo elemento começar por R:
sub+região: sub-região.

4) Quando os prefixos CIRCUN- e PAN- se unirem a palavras iniciadas por vogal, M


e N: pan + americano: pan-americano / pan + nacional: pan-nacional / circum +
mediterrâneo: circum-mediterrâneo / circum + ambiente: circum-ambiente /.

5) Quando o segundo elemento começa com a mesma vogal com que termina o
prefixo: anti + imperialista: anti-imperialista / micro + ondas: micro-ondas / contra +
argumento: contra-argumento /.

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Faça a união do prefixo com o vocábulo:
Vice + rei: / 2) Des + honesto: / 3) In + habilitado: / 4) Super + honesto: / 5) Hiper
+ racista: / 6) Sub + racional: / 7) Pan + asiático: / 8) Micro + órgão: / 9) Semi +
importado: / 10) Sub + hemisférico: /.

RESPOSTAS NA PÁG. 25

16 GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef


9 Emprego do hífen nas palavras compostas (III)

A PERGUNTA DA VEZ
Após o novo Acordo Ortográfico, como devo usar o hífen nas palavras compostas?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


Os vocábulos compostos, de origem nominal, adjetival, numeral, verbal e
onomatopaica, formados por justaposição, podem ser agrupados assim:
- São separados por hífen:
a) Vocábulos sem nenhum elemento de ligação: médico-cirurgião; decreto-lei; guarda-
noturno; luso-brasileiro; primeiro-ministro; guarda-chuva; blá-blá-blá; zum-zum...

Exceção: Quando já se perdeu a noção dos elementos da composição, não se usa


hífen: girassol, pontapé, mandachuva...

b) Vocábulos com elementos de ligação (geralmente de e a), pertencentes ao reino


animal ou vegetal: joão-de-barro, pimenta-do-reino, bicho-de-pé, bem-te-vi...

Obs.: Se os vocábulos não se referem ao reino animal ou vegetal (fauna e flora), não
se usa o hífen: dia a dia, fim de semana, sala de jantar, cão de guarda, lua de mel,
mão de obra...
Mesmo não pertencendo à fauna ou à flora, algumas locuções exigem o hífen, porque
consagradas pelo uso: arco-da-velha, mais-que-perfeito, ao deus-dará, à queima-
roupa, água-de-colônia, pé-de-meia.

Como se conclui, algumas regras são claras e outras bem vagas. A única maneira de
não errar é consultar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia
Brasileira de Letras, que, por lei, indica a ortografia oficial.

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Nas palavras compostas e expressões a seguir, em quais é usado o hífen?
1) Pé de cabra (alavanca): / 2) Pé de galinha (planta): / 3) Pé de meia (poupança):
/ 4) Pé de pato (nadadeira): / 5) Pé de pato (árvore): / 6) Pé de chumbo (planta):
/ 7) Pé de ouvido: / 8) Pé de valsa (dançarino): / 9) Pé de cana (beberrão): / 10) Pé
de boi (esforçado):

RESPOSTAS NA PÁG. 25

GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef 17


10 Emprego do hífen com as palavras BEM e MAL (IV)

A PERGUNTA DA VEZ
Após o novo Acordo Ortográfico, como devo usar o hífen nas palavras compostas,
tendo por primeiro elemento bem e mal?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


O advérbio mal separa-se por hífen quando o segundo elemento começa por vogal ou
h: mal-estar, mal-humorado.
Já o advérbio bem, como regra geral, exige hífen, pouco importando se o segundo
elemento começa por vogal ou consoante: bem-aventurado, bem-criado, bem-falante,
bem-nascido.

Exceções: Há algumas exceções, especialmente se o segundo elemento começa por


d, f e q: bendito, benfazejo, benquisto.

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Faça a união de bem e mal com o segundo elemento:
1) mal + criado: / 2) mal + afortunado: / 3) mal + falante: / 4) mal + visto: / 5) mal
+ educado: / 6) bem + nascido: / 7) bem + feitor: / 8) bem + fazejo: / 9) bem +
mandado: / 10) bem + humorado.

RESPOSTAS NA PÁG. 25

18 GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef


11 Acentuação dos ditongos EU, EI, OI

A PERGUNTA DA VEZ
Após o novo Acordo Ortográfico, como devo usar a acentuação dos ditongos eu, ei e
oi abertos?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


Fica abolido o acento agudo nos ditongos abertos ei, oi nas palavras paroxítonas:
ideia, assembleia, heroico, estoico.
Os ditongos abertos ei, oi e eu continuam acentuados:
a) nas palavras oxítonas: anéi(s), herói(s), chapéu / chapéu(s);
b) nos monossílabos tônicos: léu, dói;
c) nas palavras proparoxítonas: alcalóidico;
d) nas palavras paroxítonas em que prevalece outra regra exigindo a acentuação:
destróier. (No caso, trata-se de paroxítona terminada em r, como líder, revólver.)

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Na lista a seguir, quais palavras recebem acento agudo nos ditongos ei, eu, oi?
Cananeia, estroina, bateia, moi, lençois, aracnoideo, papeis, estreia, jiboia, ceu.

RESPOSTAS NA PÁG. 25

GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef 19


12 Acento diferencial

A PERGUNTA DA VEZ
Após o novo Acordo Ortográfico, como devo usar o chamado acento diferencial?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


O novo Acordo Ortográfico trouxe, apenas, duas circunstâncias em que o acento
diferencial é obrigatório e uma em que é facultativo:

a) Obrigatório: o verbo pôr, para diferenciar da preposição por; pôde (3ª pessoa do
singular do pretérito perfeito do indicativo) para diferenciar de pode (3ª pessoa do
singular do presente do indicativo) do verbo poder.

b) Facultativo: forma (timbre fechado) de forma (timbre aberto): a fôrma do bolo


(vasilha onde é feito); a forma do bolo (como o bolo se apresenta). As outras
mudanças dizem respeito ao uso do acento diferencial em Portugal.

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Em que casos é possível usar o acento diferencial?
a) Ontem, ele não pode fazer aquilo que hoje já pode.
b) Cada um fala por si ao por o seu voto na urna.
c) “Já vai pra cinquent’anos
Que lhes dei a norma.
Reduzi sem danos
A formas a forma”. (Manuel Bandeira)

20 GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef


13 Acentuação do I e U tônicos no hiato

A PERGUNTA DA VEZ
Após o novo Acordo Ortográfico, como devo acentuar as vogais i e u tônicas
dos hiatos?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


Tais vogais tônicas só não recebem acento nas palavras paroxítonas, em duas
circunstâncias:
a) o segundo elemento do hiato é precedido de ditongo: bo – cai – u – va,
fei – u – ra;
b) após as vogais i e u, existe o dígrafo nh ou as consoantes l, m, n, r e z:
pa – ul; ru – im; con – tri – bu – in – te; sa – ir – mos; ju – iz.

Continuam recebendo acento:


a) Se a palavra é oxítona: Pi - au-í.
b) Se as vogais são tônicas (seguidas ou não de s) e não precedidas de
ditongo: sa - ú - va; ba - la - ús - tre; sa - í - da; sa - ís - te.
c) Se as palavras são proparoxítonas: feiíssimo, seriíssimo.
d) Nas formas verbais com os pronomes enclíticos ou mesoclíticos: atraí-lo,
possuí-la, excluí-lo-íamos.

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Em quais palavras as vogais i e u tônicas recebem acento:
Sauipe, Ipuiuna, seriissimo, teiu, tainha, egoista, juizes, destrui-lo-emos, saiste,
casuismo.

RESPOSTAS NA PÁG. 26

GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef 21


14 Fonema e letra
A PERGUNTA DA VEZ
As palavras possuem sempre o mesmo número de letras e de fonemas?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


Os seres humanos exprimem seus pensamentos e emoções por meio de sons chamados
de fonemas.
Os fonemas dividem-se em vogais e consoantes.
As vogais representam os sons que saem livres pela boca. Já as consoantes encontram
obstáculos (os lábios, os dentes, o palato, a língua...) e só são pronunciadas com o auxílio
de uma vogal.
Os fonemas constituem uma realidade acústica, que é representada visualmente por
uma letra.
A letra e, por exemplo, representa a vogal [é], que é aberta, e a vogal [ê], que é fechada.
A consoante x pode representar o fonema [xê], mas, também, pode representar o fonema
[cs]. Veja as palavras lixo e fixo.
Muitas vezes, também, é preciso que haja mais de uma letra, ou duplicação dela, para
representar um único fonema: rr, ss, qu, gu, ch.
Há casos em que as consoantes m e n funcionam como semivogais ou índice de
nasalidade.
Ex.: Também.
Na primeira sílaba, o m indica, apenas, que o som da vogal a é nasal [tã]. Na segunda,
é semivogal [bei].
Em muitas palavras, a letra h (agá) é muda: haver, Bahia.

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Identifique o número de letras e de fonemas nas palavras seguintes:
a – ficha ( ) letras ( ) fonemas
b – fixa ( ) letras ( ) fonemas
c – ninguém ( ) letras ( ) fonemas
d – mixaria ( ) letras ( ) fonemas
e – serra ( ) letras ( ) fonemas
f – fixação ( ) letras ( ) fonemas
g – pindamonhangaba ( ) letras ( ) fonemas
h – mixuruca ( ) letras ( ) fonemas
i – angústia ( ) letras ( ) fonemas
j – alguidar ( ) letras ( ) fonemas
k – honra ( ) letras ( ) fonemas

RESPOSTAS NA PÁG. 26

22 GOTAS DA LÍNGUA PORTUGUESA - 36º aniversário da Ejef


15 Uso do acento indicativo de crase (1)

A PERGUNTA DA VEZ
O que é crase?

UMA GOTA DE GRAMÁTICA


Crase é uma palavra de origem grega e significa “mistura”.
A crase é, portanto, um fenômeno fonético que se caracteriza pela união de sons
iguais.
No estágio atual da Língua Portuguesa, pode-se dizer, como regra geral, que ocorre
crase quando há união da preposição a com os artigos a e as. Os outros casos serão
estudados em outras gotas.
Ex.: Vou à praia.
O verbo ir exige a preposição a (“vou a ...”), e o substantivo praia vem acompanhado
do artigo a (“a praia”).
Houve a união da preposição a com o artigo a.
A crase é indicada pelo acento grave (`).

QUESTÕES BEM PRÁTICAS PARA VOCÊ


Em quais frases abaixo o “a” deve receber o sinal indicativo de crase?
1 – Atualmente, ele se dedica mais a leitura jurídica.
2 – Ele aspira a um cargo melhor.
3 – Ele aspira a aprovação no concurso.
4 – Ele estava a procurar um profissional competente.
5 – O namorado enviou flores a pessoa amada.
6 – Uma pessoa tão infantil não pode ser levada a sério.
7 – Confiei a solução de meu problema a uma pessoa especializada.
8 – A morte ninguém foge, pois somos finitos.
9 – Não fazemos restrições a pessoas idosas.
10 – É preciso adaptar-se a vida moderna.

RESPOSTAS NA PÁG. 26

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RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

LIÇÃO 1 - Cognatos
1. s: expansão – submersão – conversão – impulsão – percurso. 2. ss: processo –
regresso – compressão – admissão. 3. ç: retenção – contenção.

LIÇÃO 2 - Palavras-coringas
1. (conclusão, fato). 2. (pensamento, fato). 3. (comportamento). 4. (oferecem). 5.
(afirmou). 6. (vestia). 7. (promoveu). 8. (depositou). 9. (mede). 10. (verificar, constatar).

LIÇÃO 3 - Sinônimos
1. Requer. (Citação é requerimento, pois diz respeito a direito já existente. Não cabe
ao juiz decidir se o autor tem direito ou não de citar o réu. Em síntese: o direito será
apreciado. O requerimento será visto, apenas, quanto à oportunidade e conveniência
de sua concessão.) 2. Domiciliado na cidade, residente na rua. (A pessoa é domiciliada
na cidade, onde responde por suas obrigações. A residência é o seu endereço. O
domicílio não é na rua. O certo, pois, é dizer: “Fulano de Tal, domiciliado em Belo
Horizonte, residente na Rua Carmo da Mata [...]”.)

LIÇÃO 4 - Prosódia
1) Paroxítonas: rubrica, avaro, pudico, bavaro, ibero, necropsia; 2) Duas pronúncias:
acrobata e acróbata; alopata e alópata; autopsia e autópsia; boemia e boêmia;
hieroglifos e hieróglifos; ortoepia e ortoépia; projetil e projétil; reptil e réptil.

LIÇÃO 5 - Redundância
1) Indenização possui o mesmo radical do adjetivo indene (sem dano), que já contém
o conceito de justo. 2) O verbo haver já dá ideia de passado. É desnecessário o
advérbio atrás. 3) Não há sentença de 2ª Instância. A decisão é colegiada: acórdão.
4) O Código Civil diz que a personalidade começa com o nascimento com vida e
termina com a morte. Pessoa viva é redundância, porque não há pessoa morta, há
cadáver. Aliás, como curiosidade, há alguém que diga que cadáver é uma sigla: caro
data vermibus (carne dada aos vermes). 5) A palavra alternativa já possui o radical
latino alter, que significa outro. 6) Toda surpresa é inesperada. Se algo é esperado,
não é surpresa. 7) Não há depoimento que não seja pessoal.

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LIÇÃO 6 - Uso de MESMO/MESMA
1) é facultado a elas; 2) ele vier a sofrer; 3) que dele se intime; 4) não foi ela obtida;
5) se ele se encontra; 6) e pede seu arbitramento; 7) não havia como perder ela (o
pronome é posposto ao verbo, para evitar a cacofonia: “como ela”); 8) e que ela se
vê; 9) para a sua cobertura; 10) ela não se desincumbiu.

LIÇÃO 7 - Emprego do hífen com os prefixos (1)


1) corréu; 2) corré; 3) autoescola; 4) minissaia; 5) microrregião; 6) antiamericano;
7) superego; 8) macroeconômico; 9) hiperlegal; 10) antissemita; 11) contrarrazões.

LIÇÃO 8 - Emprego do hífen com os prefixos (2)


1) vice-rei; 2) desonesto; 3) inabilitado; 4) super-honesto; 5) hiper-racista; 6) sub-
racional; 7) pan-asiático; 8) micro-órgão; 9) semi-importado; 10) subemisférico.

LIÇÃO 9 - Emprego do hífen nas palavras compostas (3)


1) pé de cabra; 2) pé-de-galinha; 3) pé-de-meia; 4) pé de pato; 5) pé-de-pato; 6) pé-
de-chumbo; 7) pé de ouvido; 8) pé de valsa; 9) pé de cana; 10) pé de boi.

LIÇÃO 10 - Emprego do hífen com as palavras BEM e MAL (4)


1) malcriado; 2) mal-afortunado; 3) malfalante; 4) malvisto; 5) mal-educado; 6) bem-
nascido; 7) benfeitor; 8) benfazejo; 9) bem-mandado; 10) bem-humorado.

LIÇÃO 11 - Acentuação dos ditongos EU, EI, OI


Recebem acento: mói, lençóis, aracnóideo, papéis, céu.

LIÇÃO 12 - Acento diferencial


a) Ontem, ele não pôde fazer aquilo que hoje já pode.
b) Cada um fala por si ao pôr o voto na urna.
c) “Já vai pra cinquent’anos
Que lhes dei a norma.
Reduzi sem danos
a fôrmas a forma”.

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LIÇÃO 13 - Acentuação de I e U tônicos no hiato
Recebem acento: seriíssimo (proparoxítona), teiú (oxítona), egoísta, juízes (juiz não
recebe), destruí-lo-emos (verbo com pronome mesoclítico), saíste, casuísmo.

LIÇÃO 14 - Fonema e letra


a- 5,4;
b- 4,5;
c- 7,5;
d- 7,7;
e- 5,4;
f- 7,8;
g- 15,12;
h- 8,8;
i- 8,7;
j- 8,7;
k- 5,3.

LIÇÃO 15 - Uso do acento indicativo de crase (1)


Recebe acento indicativo de crase o a das frases:
1 – Atualmente, ele se dedica mais à leitura jurídica.
3 – Ele aspira à aprovação no concurso.
5 – O namorado enviou flores à pessoa amada.
8 – À morte ninguém foge, pois somos finitos.
10 – É preciso adaptar-se à vida moderna.

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Matéria das cinco próximas lições

16 – Uso do acento indicativo de crase (2)

17 – Uso do acento indicativo de crase (3)

18 – Uso do acento indicativo de crase (4)

19 – Uso do acento indicativo de crase (5)

20 – Uso do acento indicativo de crase (6)

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