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VOLUME 1

História
Ciências
Geografia
9ano
O
Programa de Enfrentamento à Violência contra
Meninas e Mulheres da Rede Estadual de São Paulo
NÃO SE ESQUEÇA!

Buscamos uma escola cada vez mais acolhedora para todas


as pessoas. Caso você vivencie ou tenha conhecimento sobre
um caso de violência, denuncie.

Onde denunciar?
• Você pode denunciar, sem sair de casa, fazendo um Boletim de Ocorrência
na internet, no site: www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br.
• Ligue 180: você pode ligar nesse número – é gratuito e anônimo - para denunciar
um caso de violência contra mulher e pedir orientações sobre onde buscar ajuda.
• Acesse o Portal da Mulher Paulista: www.portaldamulherpaulista.sp.gov.br.
• Ligue 190: esse é o número da Polícia Militar. Caso você ou alguém esteja em
perigo, ligue imediatamente para esse número e informe o endereço onde a
vítima se encontra.
• Disque 100: nesse número você pode denunciar e pedir ajuda em casos de
violência contra crianças e adolescentes, é gratuito, funciona 24 horas por dia
e a denúncia pode ser anônima.
VOLUME 1

LIVRO
ESTUDANTE
História
Ciências
Geografia
9
ano
O

Nome:
Governador
Tarcísio de Freitas

Secretário da Educação
Renato Feder

Secretário Executivo
Vinícius Mendonça Neiva

Chefe de Gabinete
Juliana Velho

Coordenadoria Pedagógica
Daniel Barros

Coordenadoria de Infraestrutura e Serviços Escolares


Viccenzo Carone
Apresentação

É com grande satisfação que a Secretaria da Educação do Estado de São


Paulo apresenta sua nova coleção de materiais didáticos, que alia o melhor do
mundo digital com a facilidade dos livros impressos.
Desenvolvida com o objetivo de proporcionar uma educação de qualidade,
essa coleção foi cuidadosamente elaborada para atender às demandas do ensino
contemporâneo. Além de conteúdos atualizados, alinhados à Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) e ao Currículo Paulista, este livro oferece uma abordagem
prática e interativa, incentivando o protagonismo dos estudantes e apoiando os
professores com ferramentas que tornam o processo de ensino-aprendizagem
cada vez mais eficaz.
Conheça seu livro

Este livro foi criado para apoiar seus estudos, tanto em sala de aula quanto
de forma autônoma. Totalmente integrado ao material digital, ele oferece um
resumo dos principais conceitos abordados, atividades para praticar o que foi
aprendido e exercícios para aprofundar seus conhecimentos.

Abertura das aulas


Número da aula Título da aula

Resumo

Sistematiza os principais conceitos abordados na aula,


garantindo que você fixe o que aprendeu e construa uma
visão clara e estruturada do conteúdo.

Numeração lateral
Número das aulas nas laterais,
para localização rápida ao longo do livro.

Exercícios resolvidos

Apresenta a resolução detalhada de exercícios, passo a passo,


para que você compreenda o processo e desenvolva suas
habilidades de forma mais sólida.
Na prática

Oferece atividades que permitem aplicar e consolidar


os conhecimentos adquiridos na aula, ajudando a
transformar o que você aprendeu em habilidades
concretas.

Material digital
Sempre que uma atividade do material digital
apresentar a indicação “Veja no livro!”, significa que
ela estará aqui para sua resolução.

Referências às atividades
a serem realizadas no livro.

Aprofundando

Apresenta questões de avaliações externas para que


você possa se desafiar, testar seu entendimento e se
preparar ainda melhor para futuras provas.
Sumário

HISTÓRIA

Aula 1 O fim da Monarquia e o início da República no Brasil .......................................................... 10


Aula 2 Estrutura política e social no Brasil na Primeira República..................................................16
Aula 3 Arte e cultura na Primeira República.................................................................................................. 22
Aula 4 Conflitos e revoltas na Primeira República..................................................................................... 25
Aula 5 Urbanização e modernização na Primeira República e suas contradições..............29
Aula 6 Urbanização e a questão da "higienização" na Primeira República............................... 31
Aula 7 A inserção econômica e social dos negros no contexto pós-abolição........................34
Aula 8 Resistência negra após a abolição......................................................................................................38
Aula 9 A influência da cultura afro-brasileira para a identidade nacional.................................42
Aula 10 A imprensa negra no Brasil.......................................................................................................................45
Aula 11 Mobilizações sociais negras no Brasil republicano .................................................................55
Aula 12 Legado afro-brasileiro na economia, política e sociedade..................................................59
Aula 13 A questão indígena na Primeira República................................................................................... 64
Aula 14 Mobilizações sociais indígenas no Brasil republicano............................................................69
Aula 15 Protagonismo feminino na Primeira República........................................................................... 73
Aula 16 Lutas e conquistas das mulheres no Brasil republicano.......................................................78
Aula 17 Anarquismo no Brasil no início do século XX...............................................................................82
Aula 18 A Greve Geral de 1917.................................................................................................................................. 86
Aula 19 A Era Vargas: trabalhismo e o Estado Novo...............................................................................100
Aula 20 A Era Vargas: mudanças econômicas, políticas e sociais e o fim do
Estado Novo.................................................................................................................................................... 105
Aula 21 A Era Vargas: nacionalismo, oposição e crise política.........................................................109

CIÊNCIAS

Aula 1 O que é ciência?.............................................................................................................................................116


Aula 2 Etapas do processo de investigação científica...........................................................................119
Aula 3 Acesso à informação científica.............................................................................................................122
Aula 4 Desinformação na área das Ciências da Natureza.................................................................124
Aula 5 Átomos: conceitos e modelos (atomistas e Dalton).............................................................. 130
Aula 6 Átomos: o desenvolvimento dos modelos....................................................................................132
Aula 7 Mudança de estado físico da matéria: organização das partículas.............................134
Aula 8 Temperatura de fusão e ebulição das substâncias.................................................................. 137
Aula 9 Ciências da Natureza – Aula de aprofundamento..................................................................140
Aula 10 Organização dos elementos químicos – Classificação periódica.................................142
Aula 11 Grupos da classificação periódica.....................................................................................................145
Aula 12 Combinação dos elementos químicos: substâncias simples e compostas........... 148
Aula 13 Reações químicas (reagentes e produtos)...................................................................................152
Aula 14 Lei de conservação das massas: Lavoisier..................................................................................155
Aula 15 Lei das proporções definidas: Proust...............................................................................................158
Aula 16 Reações químicas.........................................................................................................................................162
Aula 17 Ondas eletromagnéticas e mecânicas........................................................................................... 164
Aula 18 Características das ondas: amplitude e comprimento de onda.................................... 168
Aula 19 Características das ondas: frequência, velocidade e período.......................................... 172
Aula 20 Interação das ondas: reflexão, refração e difração.................................................................. 174
Aula 21 Onda sonora: propagação do som.................................................................................................... 177
Aula 22 Propriedades da luz: cores primárias da luz e a cor dos objetos.................................180
Aula 23 Aula prática: propriedades da luz.......................................................................................................183
Aula 24 Espectro eletromagnético....................................................................................................................... 186
Aula 25 Das ondas de rádio ao infravermelho............................................................................................. 189
Aula 26 Radiação: do ultravioleta (UV) aos raios gama..........................................................................191
Aula 27 Aula prática: onda mecânica................................................................................................................ 194
Aula 28 Desastres com radiação ionizante.................................................................................................... 198

GEOGRAFIA

Aula 1 Das grandes navegações à globalização: a geografia e sua relevância.................204


Aula 2 Hegemonia europeia e demarcações: oriente e ocidente.................................................207
Aula 3 Da pedra ao touch: poder e informação na palma da mão................................................211
Aula 4 Hegemonia europeia e o sistema colonial – Parte 1...............................................................214
Aula 5 Hegemonia europeia e o sistema colonial – Parte 2 ............................................................218
Aula 6 Transformações territoriais e conflitos – Parte 1.......................................................................222
Aula 7 Transformações territoriais e conflitos – Parte 2......................................................................225
Aula 8 Guerra Fria........................................................................................................................................................229
Aula 9 Guerra Fria: Quiz...........................................................................................................................................233
Aula 10 Oriente Médio.................................................................................................................................................236
Aula 11 Oriente Médio: conflitos...........................................................................................................................239
Aula 12 Índia.......................................................................................................................................................................242
Aula 13 Eurásia.................................................................................................................................................................245
Aula 14 Ásia....................................................................................................................................................................... 248
Anexos ..................................................................................................................................................................................253
HISTÓRIA
1
AULA O FIM DA MONARQUIA E
O INÍCIO DA REPÚBLICA
NO BRASIL

Resumo

A Proclamação da República no Brasil, ocorrida em 1989, é tema de intenso debate


entre historiadores, que envolve afirmar ela ser ou não golpe. É importante ressaltar que a
historiografia brasileira tem debatido a pertinência dessa caracterização. Alguns historia-
dores preferem utilizar termos como “movimento”, “processo” ou “transição”.
Aqueles que defendem a visão de que foi um golpe destacam a ausência de parti-
cipação popular e o papel fundamental da elite militar, liderada pelo ma­rechal Deodoro
da Fonseca, na execução do evento, argumentando que foi uma ação im­posta à socie-
dade, sem qualquer processo democrático. Historiadores como José Murilo de Carvalho e
Hélio Silva reforçam essa perspectiva, descrevendo a Proclamação como um movimento
elitista e militar, sem envolvimento significativo da população, conforme ilustrado pela cé-
lebre frase de Aristides Lobo: “o povo assistiu bestializado à Proclamação da República”.
Em contrapartida, outros historiadores, como Lira Neto e Boris Fausto, argumentam que
a transição contou com apoio civil importante, destacando o papel dos cafeicultores
paulistas e dos intelectuais positivistas, bem como o crescimento das ideias republica-
nas, que já vinham moldando o cenário político brasileiro há décadas. Esses diferentes
pontos de vista geram questionamentos sobre a natureza da instituição da República,
incluindo o grau de participação popular e a influência de setores civis na legitimação do
novo regime.

10
AULA 1
Na prática

Atividade 1

Atividade prática – Análise de fontes históricas


1 Formação dos grupos:
Dividam-se em grupos de quatro a cinco pessoas.
˚
Cada grupo receberá uma fonte histórica.
˚
2 Objetivo da análise:
Analisem a fonte para identificar argumentos que sustentam ou contestam a
˚
legitimidade da instituição da República em 1889.
Preparem-se para debater se a República foi instituída de forma legítima ou se
˚
foi um golpe.
Roteiro de análise
1 Contextualização:
Qual é o contexto histórico da fonte?
˚
Quem é o autor e qual pode ser seu interesse ou viés?
˚
2 Identificação de argumentos:
Quais são os principais argumentos apresentados pela fonte?
˚
A fonte considera o processo que instituiu a República como legítimo ou ilegíti-
˚
mo? Justifique com trechos.
3 Comparação com outras fontes:
Como esta fonte se compara com outras analisadas pelo grupo?
˚
Identifiquem pontos de convergência e divergência.
˚
4 Impacto e consequências:
Quais foram as consequências apontadas pela fonte sobre a instituição
˚
da República?
Essas consequências sustentam a tese de golpe ou de proclamação legítima?
˚

11
Fonte I

Visconde de Ouro Preto

Deste porto, onde fui obrigado a deter-me, e do qual posso comunicar com os meus
compatriotas, é meu primeiro cuidado referir-lhes o que presenciei e a parte que tive nos
memoráveis acontecimentos de 15 de novembro, os quais privaram o Brasil das livres e
nobres instituições, que lhe deram tantos anos de paz e prosperidade e me arrojaram a
paragens tão distantes.
É esse um dever e ao mesmo tempo um direito de que não prescindo. Alvo principal
de todos os ataques, centro e direção da resistência que aqueles sucessos poderiam
encontrar, o alto cargo que ocupava na situação política, tão violentamente deposta, me
pôs a par de circunstâncias, que poucos conhecem, e são da maior importância para
bem se aquilatar como, em poucas horas, se mudou a forma de governo do meu sau-
doso país, quando geralmente a supunham fortemente consolidada.
OURO PRETO, V. Advento da ditadura militar no Brasil. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2017. p. 33.

Fonte II

Aristides Lobo

O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava.
Muitos acreditavam estar vendo uma parada militar, uma manifestação de rotina das for-
ças armadas. A República, que chegou de repente, imposta por um pequeno grupo de mi-
litares e civis, foi uma revolução sem a participação popular, um movimento de cima para
baixo que não contou com o envolvimento das massas. O país despertou sob um novo
regime, mas o povo, alheio ao processo, não compreendeu o alcance do que se passava. A
República foi, assim, uma transformação política imposta, que refletia as ambições de uma
elite, mas que não foi capaz de mobilizar ou conquistar o apoio popular imediato.
LOBO, A. Imprensa e o Império. Revista O Paiz, 18 nov. 1889.

Fonte III

Hélio Silva

A Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, foi um ato de força exe-


cutado por um pequeno grupo de militares, mas que encontrou respaldo na crescente
insatisfação popular e em setores da elite política. Embora tenha sido conduzida sem

12
AULA 1
a participação direta do povo, ela refletiu a crise do sistema monárquico, desgastado
e incapaz de responder às demandas de um Brasil em transformação.
SILVA, H. 1889: A República não esperou o amanhecer. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.

Fonte IV

Boris Fausto

A Proclamação da República não pode ser reduzida a um mero golpe militar, pois ela
foi o culminar de um processo político e social que se desenvolveu ao longo de décadas.
A insatisfação com o regime monárquico, as críticas à centralização do poder, e o desejo
de modernização do país foram fatores que alimentaram o crescimento das ideias repu-
blicanas entre intelectuais, militares, e setores urbanos. O movimento republicano, ainda
que liderado por militares, encontrou apoio em diferentes segmentos da sociedade, o
que mostra que a proclamação foi mais do que uma simples intervenção militar. Ela
representou uma ruptura significativa com o passado monárquico e o início de um novo
projeto político para o Brasil.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1995.

Fonte V

José Murilo de Carvalho

A Proclamação da República em 1889 deve ser interpretada no contexto de um com-


plexo processo de mudanças sociais, econômicas e políticas que marcaram o Brasil na
segunda metade do século XIX. Não se tratou simplesmente de um golpe militar, mas de
um movimento que refletia as aspirações de diversos grupos que se opunham à mo-
narquia, incluindo republicanos civis, setores da elite agrária descontentes com o fim da
escravidão, e membros do Exército que se sentiam marginalizados pelo regime imperial.
A proclamação representou uma resposta às transformações da sociedade brasileira,
como a urbanização e a crescente demanda por participação política, e pode ser vista
como um ato que buscou responder às necessidades de modernização e integração do
Brasil ao cenário internacional. Portanto, a República foi mais do que um movimento mi-
litar, ela foi um movimento social e político que expressou o desejo de mudança de uma
parte significativa da sociedade brasileira.
CARVALHO, J. M. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das
Letras, 1990.

13
Aprofundando

1 (UNESP – Adaptada) A Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889,


marcou o fim da Monarquia no Brasil e o início de um novo regime republicano. O
processo que levou à queda do Império envolveu diferentes grupos sociais e po-
líticos, como militares, intelectuais e proprietários de terras, descontentes com o
regime monárquico. Quais fatores contribuíram para a Proclamação da República
em 1889 e como o governo provisório enfrentou os desafios imediatos da transição
do Brasil monárquico para o regime republicano?
a) A insatisfação popular generalizada devido ao elevado número de impostos cobra-
dos pela Coroa e o forte apoio dos setores industriais ao regime republicano.
b) A aliança estratégica entre os militares e os grandes proprietários de terras, insa-
tisfeitos com a centralização do poder na figura do imperador, e a adoção imediata
de um regime democrático pleno.
c) O descontentamento dos setores militares com a falta de reconhecimento e
a abolição da escravatura, que enfraqueceu as bases de apoio da Monarquia,
além da implantação de um governo provisório que teve que lidar com revoltas e
disputas internas.
d) A crescente pressão internacional pela democratização do Brasil, principalmente
por parte de países europeus, e a transição pacífica para um sistema republicano
sem resistências internas significativas.
e) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento
de aglomerados urbanos marcados por péssimas condições de moradia, saúde
e higiene.

A Proclamação da República, em 1889, resultou de uma série de fatores que enfraqueceram a


Monarquia, sobretudo o descontentamento dos setores militares, que se sentiam desvalorizados
pelo imperador, e dos grandes proprietários de terras, que viram suas bases econômicas abaladas
pela abolição da escravatura em 1888. Essa aliança entre militares e proprietários foi fundamen-
tal para o movimento republicano. Após o golpe que instituiu a República, o governo provisório
enfrentou desafios imediatos, como revoltas internas e disputas políticas, refletindo as tensões de
transição entre o regime monárquico e o novo modelo republicano.

14
AULA 1
2 (FUVEST – Adaptada) Durante a segunda metade do século XIX, o Brasil experi-
mentou uma série de mudanças sociais, econômicas e políticas que gradualmente
enfraqueceram a Monarquia e pavimentaram o caminho para a Proclamação da
República. Como a atuação de diferentes grupos sociais contribuiu para o enfra-
quecimento da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil em 1889?
a) Os militares, com forte apoio dos trabalhadores rurais, lideraram uma revolta
que exigiu a imediata destituição do imperador e a formação de um governo
popular republicano.
b) A classe média urbana, apoiada pelos intelectuais republicanos, pressionou o go-
verno imperial a abdicar e liderou o processo de transição para a República, sem a
participação dos militares.
c) O movimento abolicionista e os intelectuais republicanos desempenharam papéis
centrais no enfraquecimento da Monarquia, ao passo que os militares, insatisfeitos
com sua posição no Império, lideraram a Proclamação da República.
d) Os grandes proprietários de terras, insatisfeitos com as políticas centralizadoras do
imperador, aliaram-se aos militares para derrubar a Monarquia e estabelecer uma
oligarquia rural republicana.
e) O movimento operário, influenciado por ideais socialistas, foi o principal responsá-
vel pela derrubada da Monarquia, organizando greves e manifestações que culmi-
naram na Proclamação da República.

Durante a segunda metade do século XIX, o Brasil passou por transformações que minaram
o apoio à Monarquia. Entre os principais agentes dessas mudanças estavam os movimentos
abolicionista e republicano, cujos intelectuais criticavam a lentidão das reformas sociais e a
centralização do poder. Além disso, os militares, insatisfeitos com sua falta de prestígio e com o
governo monárquico, desempenharam um papel preponderante na Proclamação da República.
Esse descontentamento, aliado ao impacto da abolição da escravatura, enfraqueceu o apoio ao
Império, culminando em um golpe militar que instituiu a República em 1889.

15
2
AULA ESTRUTURA POLÍTICA E
SOCIAL NO BRASIL NA
PRIMEIRA REPÚBLICA

Resumo

. Durante a Primeira República no Brasil (1889-1930), o po-


der político foi dominado pelas oligarquias rurais, espe-
cialmente por meio da "política do Café com Leite", que
garantiu a alternância de poder entre as elites de São
Paulo e Minas Gerais. Esse período foi caracterizado pelo
coronelismo, uma prática na qual os grandes proprietá-
rios de terras, conhecidos como coronéis, controlavam o
processo eleitoral por meio do "voto de cabresto". A cen-
tralização do poder nas mãos dessas elites resultou na
exclusão da maioria da população do processo político e
na manipulação das eleições para manter o domínio das
oligarquias. Assim, a Primeira República consolidou um
sistema de poder restrito, beneficiando poucos em detri-
mento da participação democrática ampla.

16
AULA 2
Na prática

Atividade 1

Observe a imagem abaixo e responda:

Charge da Revista
Careta que satiriza a
política Café com Leite
ao colocar os esta-
dos tentando subir a
montanha, enquanto
permanecem Minas
ALMANAQUE LUSOFONISTA/WIKIMEDIA COMMONS

Gerais e São Paulo


em cima, com a frase
"Tenham paciência,
mas aqui não sobe
mais ninguém". Os
dois estados estão
ao lado da cadeira da
presidência

17
1 O que a imagem satírica da revista Careta, de 1925, representa sobre a política
brasileira da época, especificamente em relação à alternância de poder entre São
Paulo e Minas Gerais?

A imagem é uma sátira da política do Café com Leite. Nela, vemos dois personagens representando

os estados de São Paulo e Minas Gerais, ambos segurando a cadeira da presidência da República.

Esse cenário representa a alternância de poder entre as elites cafeeiras de São Paulo e as elites

leiteiras de Minas Gerais, sugerindo que apenas esses dois estados tinham acesso ao poder político,

enquanto outros estados eram excluídos.

2 Como a imagem representa a exclusão de outros estados brasileiros no cenário


político da Primeira República, e o que a frase "Tenham paciência, mas aqui não
sobe mais ninguém!" sugere sobre essa dinâmica?

Na parte inferior da imagem, outros estados (representados por personagens que tentam subir a

colina) são mostrados em uma posição inferior, simbolizando a dificuldade e a exclusão de outras

regiões do Brasil na ascensão ao poder político. Isso reflete a concentração de poder nas mãos das

oligarquias paulistas e mineiras, deixando os demais estados marginalizados no cenário político da

Primeira República. A legenda da imagem reforça essa ideia de exclusão com a frase "Tenham paci-

ência, mas aqui não sobe mais ninguém!", indicando a resistência dessas oligarquias em permitir a

entrada de outros grupos no poder.

18
AULA 2
Atividade 2

Observe a imagem e responda:

Charge da época satiriza as


eleições fraudulentas ao co-
locar o eleitor como um burro
sendo carregado pelo candi-
dato por meio de uma corda.
Em cima está escrito: "As pró-
REPRODUÇÃO/INFOESCOLA

ximas eleições: de cabresto"


Ella- É o Zé Besta?
Elle- Não é o Zé burro!

1 Como a imagem satírica representa o conceito de "voto de cabresto”, e o que ela


sugere sobre a liberdade do eleitor no processo eleitoral da época?

A imagem retrata o “voto de cabresto”, representando o eleitor pela figura do burro, simbolizando a

falta de liberdade e consciência política. O eleitor é conduzido por uma figura política, o que sugere

que ele era manipulado e controlado pelas elites locais, sem autonomia para decidir o seu voto, evi-

denciando a coerção e a manipulação que caracterizavam as eleições durante a Primeira República.

19
2 Qual é o papel do "político" na imagem, e como isso reflete a relação entre as elites
e os eleitores durante as eleições na Primeira República?

O "político" na imagem é mostrado como a figura que controla o eleitor, simbolizando as elites que

usavam seu poder para garantir votos por meio do controle direto sobre os eleitores. Isso reflete

a prática do coronelismo, em que os coronéis (grandes proprietários de terra) exerciam influência

sobre as eleições, assegurando que seus candidatos fossem eleitos, perpetuando o domínio das

oligarquias sobre o cenário político da época.

Aprofundando

1 (ENEM 2016)
O coronelismo era fruto da alteração na relação de forças entre os proprietários ru-
rais e o governo, e significava o fortalecimento do poder do Estado antes que o predomí-
nio do coronel. Nessa concepção, o coronelismo é, então, um sistema político nacional,
com base em barganhas entre o governo e os coronéis. O coronel tem o controle dos
cargos públicos, desde o delegado de Polícia até a professora primária. O coronel hipo-
teca seu apoio ao governo, sobretudo na forma de voto.
CARVALHO, J. M. Pontos e bordados: escritos de história política. Belo Horizonte: Editora UFMG,
1998. (adaptado)

No contexto da Primeira República no Brasil, as relações políticas descritas


baseavam-se na:
1. O coronelismo foi um fenômeno caracte-
a) coação das milícias locais. rístico da Primeira República no Brasil (1889-
1930), que representava a aliança entre os
b) estagnação da dinâmica urbana. grandes proprietários de terras (os "coronéis")
e o governo. Esse sistema político se baseava
c) valorização do proselitismo partidário. em uma relação de troca de favores, na qual os
d) disseminação de práticas clientelistas. coronéis exerciam controle sobre o voto e, em
troca, recebiam do governo a gestão de cargos
e) centralização de decisões administrativas. públicos e a influência sobre políticas locais.

20
AULA 2
2 (UNESP – Adaptada)
Para os amigos pão, para os inimigos pau; aos amigos se faz justiça, aos inimigos
aplica-se a lei.
LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa Ômega.

Esse discurso, típico do contexto histórico da República Velha e usado por chefes
políticos, expressa uma realidade caracterizada:
a) pela força política dos burocratas do nascente Estado republicano, que utilizavam
de suas prerrogativas para controlar e dominar o poder nos municípios.
b) pelo controle político dos proprietários no interior do país, que buscavam, por meio
dos seus currais eleitorais, enfraquecer a nascente burguesia brasileira.
c) pelo mandonismo das oligarquias no interior do Brasil, que utilizavam diferen-
tes mecanismos assistencialistas e de favorecimento para garantir o controle
dos votos.
d) pelo domínio político de grupos ligados às velhas instituições monárquicas e que
não encontraram espaço de ascensão política na nascente República.
e) pela aliança política armada entre as oligarquias do Norte e Nordeste do Brasil,
que garantiria uma alternância no poder federal de presidentes originários
dessas regiões.

2. A frase “Para os amigos pão, para os inimigos pau; aos amigos se faz justiça, aos inimigos aplica-se a
lei” reflete uma visão clara sobre o funcionamento do poder político durante a Primeira República (1889-
1930), marcada pelo mandonismo e pela dominação das oligarquias regionais. Esse período foi caracteri-
zado pelo domínio político das elites agrárias, especialmente nas áreas rurais do interior, onde os chefes
políticos locais – os "coronéis" – exerciam um controle rígido sobre a população e o sistema político.

21
3
AULA
ARTE E CULTURA NA
PRIMEIRA REPÚBLICA

Resumo

A arte e a cultura tiveram um papel fundamental durante a Primeira República no


Brasil, refletindo as intensas transformações sociais e políticas do período. As manifesta-
ções artísticas, como a música, o teatro e a literatura, acompanharam essas mudanças e
serviram como forma de crítica social, evidenciando as desigualdades da época. Nesse
contexto, a Semana de Arte Moderna de 1922 emergiu como um marco histórico, conso-
lidando o modernismo no país. Influenciado pelas vanguardas europeias e pelo cenário
nacional, o movimento modernista, liderado pelo "Grupo dos Cinco", buscou romper com
as tradições estéticas vigentes e criar uma linguagem artística que expressasse a diversi-
dade e as particularidades do Brasil, impactando profundamente as gerações futuras de
artistas e intelectuais.

Na prática

Atividade 1

Formem duplas e escolham uma personalidade que fez parte do Grupo dos Cinco.
Realizem uma pesquisa aprofundada sobre a vida e obra de cada um, buscando identi-
ficar semelhanças e diferenças entre suas trajetórias e contribuições para a Semana de
Arte Moderna.

22
AULA 3
1 O que esse artista estava tentando mudar ou criticar?
Resposta aberta, produzida de acordo com a pesquisa dos estudantes.

2 Como a sociedade da época reagiu a essas novas ideias?


Resposta aberta, produzida de acordo com a pesquisa dos estudantes.

3 Houve resistência? O que, foi motivo de polêmica em sua obra? Por quê?
Resposta aberta, produzida de acordo com a pesquisa dos estudantes.

1. A Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, foi um marco cultural no Brasil, promovendo uma
renovação artística que buscava conciliar o nacionalismo e o internacionalismo. As alternativas A e D
são corretas, pois refletem essa combinação de influências nacionais e internacionais, com o desejo de
romper com o academicismo do século XIX, sem deixar de se inspirar nas vanguardas europeias. A B
também está correta ao destacar o anseio de modernização e a insatisfação com o estado das artes na
época, propondo um olhar voltado ao social e à inovação artística. A C está de acordo com a proposta
do movimento, que olhava para o futuro ao mesmo tempo em que resgatava as raízes culturais brasilei­
ras. No entanto, a E está incorreta; embora o movimento tivesse um
forte caráter nacionalista, ele não negava as influências externas.
Aprofundando Pelo contrário, os artistas da Semana se inspiravam nas vanguardas
euro­peias, mas queriam adaptá-las a um contexto brasileiro, criando
uma arte moderna e genuína ao mesmo tempo. Portanto, essa alter-
nativa não condiz com o espírito do evento.

1 (MACKENZIE 2013) Em 2012 completam-se 90 anos da Semana de Arte Moderna,


marco de renovações artístico-culturais do Brasil. A respeito desse acontecimento,
assinale a alternativa INCORRETA.
a) Internacionalismo e nacionalismo foram, simultaneamente, suas característi-
cas básicas. O nacionalismo, em especial, viria como decorrência de afirmação,
presente desde a implantação da República, em 1889, de uma arte e cultura
genuinamente brasileiras.
b) Tal Semana exprimia o anseio de uma nova mentalidade intelectual, insatisfeita
com o status quo das artes de então. Por isso, tinha como um dos objetivos cen-
trais a modernização, por meio de um olhar para o social e para o que havia de
mais avançado na criação artística.
23
c) Existia naquele movimento um olhar para o futuro, que trazia um desejo de ruptura,
de inovação e de experimentação. Mas, ao mesmo tempo, marcava presença um
sentimento de nostalgia, um retomar das raízes culturais que marcaram a formação
histórica do país.
d) Internacionalismo e nacionalismo foram, simultaneamente, seus aspectos bá-
sicos. As letras e as artes do período desejavam o rompimento com o século
XIX, e seu academicismo, sendo o exterior – em especial, a Europa – símbolo
desse rompimento.
e) Por partirem de concepções nacionalistas, esses artistas negavam as influên-
cias externas na cultura brasileira. Para eles, uma arte genuinamente brasileira
somente aconteceria por meio do total afastamento em relação às principais
vanguardas europeias.

2 (MACKENZIE 2013) A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um marco cultural e


a expressão da busca de um novo Brasil que conseguisse superar suas caracte-
rísticas arcaicas, refletindo mudanças em todas as áreas de nosso país. Em 1928,
Oswald de Andrade publicou o Manifesto Antropofágico, que procurou "traduzir o
espírito da cultura nacional. A respeito do contexto histórico e cultural da época, é
correto afirmar que:
a) como proposta de mudança para a Arte do século XX, ao se aceitarem as influ-
ências estrangeiras, sem se menosprezar a identidade nacional, e sim reforçan-
do-a, retoma-se a proposta da antropofagia como "ferramenta" na elaboração da
cultura nacional.
b) todas as novas correntes artísticas advindas da Europa, no início do século XX, são
fundamentais para a elaboração de uma cultura verdadeiramente nacional, pois
estavam engajadas na preocupação de favorecer as classes trabalhadoras dentro
da nova sociedade moderna mundial.
c) o Modernismo brasileiro surgiu com a intenção de promover uma atualização da
arte brasileira, capaz de ajudar na consolidação da identidade nacional de tal forma
que tiveram de se desligar da influência cultural externa para a dedicação única da
arte, considerada nacional e genuína.
d) reflete um novo posicionamento em relação à Arte no Brasil, reproduzindo as
ideias que, no plano político, eram defendidas pelo movimento Verde-Amarelismo
de Plínio Salgado que defendia a presença de estrangeirismos em nossa cultura.
e) mostra o rompimento de vários artistas nacionais, como Tarsila do Amaral e Di
Cavalcanti, com as influências externas, principalmente com o movimento futurista
italiano, profundamente aliado aos ideais fascistas e autoritários.
2. A Semana de Arte Moderna de 1922 e o Manifesto Antropofágico buscaram uma identidade cultural
24 brasileira que incorporava influências externas de forma criativa. A antropofagia era uma forma de absorver
influências estrangeiras sem perder a identidade nacional.
4
AULA
CONFLITOS E REVOLTAS
NA PRIMEIRA REPÚBLICA

Resumo

Durante a Primeira República no Brasil (1889-1930), diversos conflitos e revoltas


marcaram a história, revelando as profundas desigualdades sociais e a busca por justiça
e melhores condições de vida. Movimentos como a Guerra de Canudos, o Contestado,
o Cangaço e o Tenentismo refletiram as tensões entre as populações marginalizadas e
o governo central, cada um surgindo em contextos sociais e econômicos específicos.
Esses movimentos de resistência foram respostas, no início do século XX, à opressão e
ao abandono das populações rurais e urbanas. Por sua vez, as respostas governamentais
a essas revoltas, muitas vezes violentas, evidenciaram as prioridades políticas da época,
bem como deixaram marcas duradouras que ainda ressoam no Brasil contemporâneo.

Na prática

Atividade 1

Para estudar sobre o Cangaço, a critério de seu professor, dividam-se em duplas e leiam
este texto.

O cangaço teve como área de abrangência a região semiárida do nordeste brasileiro.


O sertão nordestino, compreendido pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, dominado pela caatinga (“mata
branca” na língua indígena), único sistema ambiental exclusivamente brasileiro, onde as
temperaturas e a evapotranspiração são muito elevadas.

25
Os coronéis, para garantirem sua segurança e a de seus familiares, bem como de
seu patrimônio, passaram a se utilizar de homens armados em suas propriedades, ten-
do-se em vista que as disputas pelas terras se prolongavam por gerações e gerações.
A abolição da escravatura em 1888 e a Proclamação da República em 1889, colocaram
um contingente de homens livres, sem terras e sem trabalho, em disponibilidade, aba-
lando a estrutura econômica do país, baseada no latifúndio.
Estes homens encontraram no banditismo uma forma de sobrevivência, seja como ca-
pangas (homens assalariados a serviço de um fazendeiro que formava seu exército privado),
ou como cangaceiros (homens independentes que se organizavam em bandos sob a dire-
ção de um chefe prestigioso). Os coronéis, como eram conhecidos, eram autoridade máxima,
tinham poder inclusive sobre as autoridades locais, que não ousavam enfrentá-los.
Em outras palavras, o cangaço se caracterizou como um movimento social, dentro do
contexto histórico pelo qual se passava o país. Esse movimento sofreu influência da abolição
da escravatura, e da Proclamação da República, mas não podemos deixar de considerar, que
muitos dos nordestinos que viviam nas regiões mais isoladas do semiárido se revoltavam
contra as exigências da classe dominante (coronéis), que queriam fazer valer seus interesses
em detrimento de valores humanos. Porém, não podemos deixar de relatar que muitos dos
cangaceiros agiam com extrema violência, o que os qualificava como bandidos, servindo,
desta forma, de pretexto para um discurso da oligarquia agrária desse período em convencer
autoridades e a própria população desinformada de que os cangaceiros eram apenas bandi-
dos, que deveriam ser caçados e eliminados, o que realmente ocorreu.

O fotógrafo Benjamin
Abrahão cumprimenta
Lampião, em foto tirada
pelo cangaceiro Juriti. Da
esquerda para a direita: Vila
Nova, não identificado, Luís
Pedro, Benjamin Abrahão
REPRODUÇÃO/BRASIL ESCOLA

(à frente), Amoroso,
Lampião, Cacheado (ao
fundo), Maria Bonita, não
identificado, Quinta-Feira

SANTOS, W. A. Cangaço: um movimento social. Revista Caribeña de Ciencias Sociales, fev. 2018. Disponível
em: https://www.eumed.net/rev/caribe/2018/02/cangaco-movimento-social.html. Acesso em: 11 nov. 2024.

Na sequência, discutam a seguinte pergunta:


• De acordo com o texto que vocês acabaram de ler, quais foram as principais causas do
surgimento do Cangaço e como esse movimento impactou a sociedade nordestina?

26
AULA 4
De acordo com o texto, as principais causas do surgimento do cangaço estão ligadas à opressão social

e às condições adversas enfrentadas pelos habitantes do semiárido nordestino no final do século XIX e

início do século XX. Em uma região alheia ao poder político e sujeita aos coronéis, muitos homens acaba-

ram migrando para o cangaço como uma forma de defesa ou mesmo de resistência.

O impacto do cangaço na sociedade nordestina foi significativo. De um lado, os cangaceiros aterroriza-

vam vilarejos e comunidades locais com suas práticas de roubo, sequestro e assassinato, o que gerava

medo e insegurança entre a população. De outro lado, a resistência à ação dos cangaceiros se conso-

lidou, com a formação de forças policiais e milícias locais, e até a criação de memoriais e museus em

várias cidades nordestinas para preservar a memória da luta contra essas invasões.

Além do impacto imediato na vida das pessoas, o cangaço também deixou marcas culturais profundas,

sendo representado na literatura de cordel, no cinema e nas artes plásticas, perpetuando a figura de per-

sonagens como Lampião e Maria Bonita como ícones históricos. O movimento refletiu as tensões sociais

e políticas da época, e suas histórias continuam a ser lembradas e discutidas na cultura popular nordes-

tina e brasileira.

Aprofundando

1 (ESPCEX 2024) O conflito ocorrido durante a República Velha, na área fronteiriça


entre os estados do Paraná e Santa Catarina, que apresentava características de
movimento messiânico e envolvia sertanejos, ficou conhecido como:
a) Guerra de Canudos.
Esse conflito ficou conhecido como Guerra do Contestado.
b) Guerra do Contestado. Aconteceu entre 1912 e 1916 e envolveu disputas de terra na
região fronteiriça entre Paraná e Santa Catarina. O conflito
c) Revolução Federalista.
teve características messiânicas, com a participação de
d) Guerra dos Farrapos. sertanejos que seguiam líderes religiosos locais.

e) Questão Christie.

27
2 (FGV 2006)
7 de julho [1922] – Com um saldo de 17 mortos, todos entre os rebeldes, tropas leais ao
presidente Epitácio Pessoa sufocaram hoje uma revolta de oficiais que há dois dias haviam
tomado o Forte de Copacabana. Eles protestavam contra o fechamento do Clube Militar e
a prisão de seu presidente (e também ex-presidente da República) Hermes da Fonseca.
Jayme Brener, Jornal do século XX

Sobre o tenentismo, é correto afirmar que:


a) apesar das divergências ideológicas em relação às correntes revolucionárias – como
o anarquismo –, o movimento dos oficiais fez uma série de alianças com o movimento
operário, como na greve geral de 1917.
b) esse movimento não tinha uma clara proposta de reformulação política e defendia um
poder centralizado e a purificação das instituições republicanas, além da diminuição
do poder das oligarquias regionais.
c) foi um movimento inspirado no nazifascismo, que defendia o fortalecimento das insti-
tuições liberais-democráticas, como as eleições gerais e diretas, ao mesmo tempo que
apoiava o federalismo.
d) teve como principal liderança em São Paulo o capitão Luiz Carlos Prestes, mais tarde
organizador da Ação Integralista Brasileira (AIB), defensor de uma ordem centralizada
e de uma economia internacionalizada.
e) a ação de julho de 1922 foi contida com facilidade pelas tropas leais ao governo federal
e se constituiu na única ação importante relacionada aos militares rebeldes, que pas-
saram a apoiar uma saída negociada para a crise.

O Tenentismo, apesar de não ter uma proposta política completamente definida, defendia a centralização
do poder, a moralização das instituições republicanas e a redução do poder das oligarquias regionais.
Esses ideais refletiam o descontentamento com a corrupção e o domínio oligárquico, e buscavam refor-
mas para fortalecer o controle federal sobre os estados.

28
URBANIZAÇÃO E

5
AULA
MODERNIZAÇÃO NA
PRIMEIRA REPÚBLICA E
SUAS CONTRADIÇÕES

Resumo

No início do século XX, o Brasil passou por intensos processos de urbanização e


modernização, especialmente em grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo.
Esses processos foram marcados por reformas urbanas inspiradas em modelos europeus,
visando modernizar a infraestrutura e transformar as cidades em metrópoles alinhadas
com o padrão internacional. No entanto, essas transformações também trouxeram à tona
profundas contradições, uma vez que a modernização urbana, enquanto beneficiava as
elites, marginalizava as populações mais pobres. As reformas no Rio de Janeiro, lidera-
das pelo prefeito Pereira Passos, e em São Paulo, voltadas para o desenvolvimento eco-
nômico, resultaram no deslocamento de moradores de cortiços para áreas periféricas,
contribuindo para o surgimento das favelas e ampliando as desigualdades sociais. Assim,
enquanto as cidades se modernizavam, as contradições sociais se acentuavam, revelando
o lado excludente do progresso urbano.

29
Aprofundando

1 (UFF 2017) A questão da qualidade de vida já aparecia, no início do século XX, na


reforma urbana realizada pelo prefeito Pereira Passos na cidade do Rio de Janeiro.
Identifique a opção que revela características dessa reforma.
a) Possibilitou que os grupos monarquistas fizessem da capital uma cidade-corte,
privilegiando o embelezamento em detrimento da utilidade econômica e política da
cidade do Rio de Janeiro.
b) Imitou as reformas de Paris realizadas pelo Barão Haussmann em 1850, trazendo
para o Rio de Janeiro um modo de vida europeu. Entretanto, os vestígios da ar-
quitetura colonial permaneceram no centro da cidade devido à força política dos
proprietários dos cortiços.
c) Associou beleza e saneamento ao considerar que, em uma cidade moderna, além
de se construírem avenidas e jardins, devia-se cuidar, também, das instalações de
água e esgoto, eliminando-se os odores fétidos e combatendo-se a falta de higiene
de seus habitantes.
d) Associou beleza e saneamento ao considerar que, em uma cidade moderna, po-
dia se construir avenidas e jardins, independentemente das instalações de água e
esgoto, uma vez que os maus odores fétidos e a falta de higiene de seus habitantes
não fariam nenhuma diferença.
e) Atendeu às reivindicações de engenheiros e médicos que queriam uma cidade
limpa, saneada, com características exclusivamente brasileiras e sem nenhuma
semelhança com Paris.
A reforma urbana conduzida pelo prefeito Pereira Passos no Rio de Janeiro, no início do século
XX, foi marcada pela busca de modernização e embelezamento da cidade, inspirada nas transfor-
mações urbanas que ocorreram em grandes capitais europeias, como Paris.

30
6
AULA
URBANIZAÇÃO E A QUESTÃO
DA "HIGIENIZAÇÃO" NA
PRIMEIRA REPÚBLICA

Resumo

A política de "higienização" da Primeira República buscava modernizar o Rio de


Janeiro e combater epidemias. As reformas urbanas incluíram a demolição de áreas
consideradas insalubres pelas autoridades sanitárias, e a implementação de medidas de
saúde pública, como a vacinação obrigatória, liderada pelo médico sanitarista Oswaldo
Cruz. No entanto, a maneira como essas medidas foram aplicadas gerou resistência po-
pular, culminando no evento que ficou conhecido como a Revolta da Vacina. Esse fato,
além de expor o conflito entre as políticas de modernização e as condições de vida da
população, elucida como a falta de informação e a disseminação de boatos podem minar
políticas públicas de saúde, como a vacinação. A falta de informação adequada gerou
medo e resistência entre os moradores. Assim, protestos eclodiram nas ruas, resultando
em confrontos violentos, depredação de patrimônio público, saques e interrupção de
serviços essenciais. Os distúrbios duraram cerca de uma semana, levando o governo a
decretar estado de sítio para retomar o controle da cidade.
A desinformação que gerou a Revolta da Vacina evidencia permanências na atuali-
dade, já que boatos e fake news continuam a prejudicar as políticas de vacinação. Hoje,
notícias falsas nas redes sociais alimentam movimentos antivacina, mostrando que a
desconfiança em relação à ciência e às autoridades de saúde podem gerar consequên-
cias graves para a saúde pública, tais como o medo em levar as crianças para serem va-
cinadas contra sarampo e poliomielite, o que pode ocasionar o reaparecimento de casos
dessas doenças até o momento consideradas erradicadas no Brasil.

31
Na prática

Atividade 1

Leia atentamente a charge abaixo:

REPRODUÇÃO/SINDMETAL

A partir de sua leitura, estabeleça qual a relação de permanência trazida pela


charge em relação a Revolta da Vacina, notícias falsas e movimentos antivacina no
contexto contemporâneo.
A análise da charge revela que a Revolta da Vacina, ocorrida em 1904, e os atuais movimentos antivacina

têm em comum a desinformação como fator central. Naquela época, rumores e a falta de informação ge-

raram medo e resistência à vacinação. Hoje, notícias falsas nas redes sociais alimentam esses movimen-

tos, demonstrando que a desconfiança em relação à ciência e às autoridades de saúde pode ter sérias

consequências para a saúde pública.

32
AULA 6
A Revolta da Vacina, ocorrida em 1904 no Rio de Janeiro, foi uma reação popular à

Aprofundando vacinação obrigatória contra a varíola, conduzida por Oswaldo Cruz. Esse episódio
mostra que a imposição de políticas de saúde pública deve considerar o engaja-
mento e a comunicação com a população.

1 (FUVEST 2014) Em 1904, a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, foi
palco de um dos episódios mais marcantes da história da saúde pública no país:
a Revolta da Vacina. Esse movimento de resistência popular surgiu em resposta à
campanha de vacinação obrigatória contra a varíola, implementada pelo governo
sob a liderança de Oswaldo Cruz. A Revolta da Vacina nos evidencia que a imple-
mentação de políticas de saúde pública deve levar em consideração:
a) o uso da força militar para garantir a aplicação das medidas sanitárias.
b) a realização de campanhas de vacinação apenas quando a população já estiver
completamente informada.
c) a necessidade de comunicação eficaz e do engajamento da população para o su-
cesso das medidas de saúde pública.
d) a suspensão de todas as campanhas de vacinação em caso de resistência popular.
e) a imposição de medidas sanitárias sem considerar o contexto social e as necessi-
dades da população.

2 (ENEM) O movimento antivacina não é um fenômeno exclusivo dos tempos atuais.


No início do século XX, a imposição da vacinação obrigatória contra a varíola no
Rio de Janeiro provocou uma revolta popular, marcada por desinformação, medo
e resistência às intervenções do governo. Hoje, o movimento antivacina ressurge
com força em diversas partes do mundo, impulsionado por notícias falsas e te-
orias da conspiração disseminadas nas redes sociais. Comparando o contexto
da Revolta da Vacina com os movimentos antivacina contemporâneos, podemos
concluir que:
a) a resistência à vacinação é um fenômeno recente, causado exclusivamente pelas
redes sociais.
b) o sucesso das campanhas de vacinação depende unicamente da obrigatoriedade
imposta pelo governo.
c) a desinformação e o medo têm sido fatores comuns na resistência à vacinação ao
longo da história.
d) a Revolta da Vacina e os movimentos antivacina atuais não têm nenhuma relação,
pois ocorrem em contextos totalmente diferentes.
e) a solução para a resistência à vacinação é a suspensão de todas as campanhas de
imunização em áreas com resistência.
A resistência à vacinação, como demonstrado pela Revolta da Vacina em 1904 e pelos movimentos antivacina atuais, é 33
um fenômeno que atravessa o tempo, sendo fortemente influenciado pela desinformação e pelo medo.
7
AULA A INSERÇÃO ECONÔMICA
E SOCIAL DOS NEGROS NO
CONTEXTO PÓS-ABOLIÇÃO

Resumo

Após a abolição da escravidão no Brasil em 1888, os afrodescendentes continuaram


enfrentando enormes desafios para se integrar à sociedade, tanto econômica quanto
socialmente. Embora a escravidão tenha sido oficialmente extinta, a realidade dos negros
não melhorou de forma imediata ou significativa. Sem acesso a terras, educação ou em-
prego, a população negra permaneceu marginalizada, perpetuando um ciclo de pobreza,
exclusão social e preconceito que ainda afeta seus descendentes. Além disso, teorias
racistas que na época eram apoiadas por supostos fundamentos científicos influenciaram
o pensamento social e as políticas públicas no final do século XIX e início do século XX.
Nesse contexto, o Estado falhou em implementar políticas de reparação para os recém-li-
bertos e incentivou a imigração europeia, com o objetivo de promover o "branqueamento
da população". Essa situação agravou ainda mais a exclusão dos afrodescendentes, resul-
tando em efeitos permanentes na sociedade brasileira, como o racismo, que gera estatís-
ticas que evidenciam a desigualdade de oportunidades entre negros e brancos.

Na prática

Atividade 1

O quadro A Redenção de Cam, de Modesto Brocos, é uma obra que retrata uma família
negra, ao longo de gerações, passando por um processo de clareamento da pele de
seus descendentes. Essa imagem representava a ciência, predominante no final do sé-
culo XIX, de que a “redenção” da população negra se daria através do branqueamento
racial, uma ideia que se alinhava com as teorias racistas da época. Com base nessa

34
AULA 7
análise, qual dos desafios enfrentados pela população negra após a abolição é mais
diretamente representado pelo conceito retratado no quadro?

REPRODUÇÃO/WIKIPEDIA

Quadro do espanhol Modesto Brocos, destaque em exposição


no Museu Nacional de Belas Artes, mostra o branqueamento da
população ao longo de três gerações

a) A dificuldade dos negros em acessar educação e trabalho remunerado.


b) A crença de que os negros eram uma raça superior, e, portanto, deveria haver um
“escurecimento” da população.
c) A persistência de linchamentos e outras formas de violência física contra a
população negra.
d) A crença de que existiam “raças superiores” e “inferiores”, ligando a condição social
e econômica a características naturais.
O quadro mostra uma gradação, da mulher negra, possivelmente avó da criança, à mãe negra
de pele clara, e o pai branco. A criança sendo branca, filha de pai branco, mostra a redenção
de “Cam” ao ser mais clara que seus ascendentes. Ou seja, a ideia que existiam raças inferiores
e superiores. 35
Atividade 2

A imagem abaixo configura uma representação da Lei Áurea, um marco jurídico im-
portante para o fim da escravidão no Brasil. No entanto, a assinatura da Lei Áurea é
frequentemente analisada criticamente por não ter sido acompanhada de políticas
efetivas para a inserção social e econômica dos negros na sociedade pós-abolição.
Com base nessa análise, qual dos desafios abaixo é o mais diretamente relacionado às
limitações da Lei Áurea?

REPRODUÇÃO/WIKIPEDIA

Lei Áurea

a) Discriminação racial institucionalizada.


b) Falta de políticas de reparação. Embora a Lei Áurea tenha libertado os escraviza-
dos, ela não previu políticas públicas de inserção
c) Marginalização cultural.
social ou mesmo de reparação pelos anos de es-
d) Urbanização descontrolada. cravidão. A consequência foi a marginalização da
população negra.

36
AULA 7
Aprofundando

1 (UFPR 2020 – Adaptada) Em 1888, a princesa Isabel, filha do imperador do Brasil,


Pedro II, assinou a Lei Áurea, decretando a abolição.

A decisão veio após mais de três séculos de escravidão, que resultaram em 4,9
milhões de africanos traficados para o Brasil, sendo que mais de 600 mil morreram
no caminho.
ROSSI A.; COSTA C. BBC Brasil: São Paulo. Disponível em:
https://www.bbc.com/ portuguese/brasil-44091469. Acesso em: 25 jun. 2019.

De acordo com o trecho, considere as seguintes afirmativas:


I a chamada “Lei Áurea”, assinada pela princesa Isabel, não pode ser vista como
uma concessão da monarquia, sendo resultado de um longo processo de luta e
resistência que contou com a presença ativa de escravizados e escravizadas para
sua libertação do cativeiro.
II no período imediato que sucedeu à abolição, os libertos puderam contar com me-
didas de apoio na forma de distribuição de pequenos lotes de terra, tal como acon-
teceu nos Estados Unidos após a Guerra Civil, com a chamada “Reconstrução”.
III escravizados e escravizadas receberam apoio de muitos setores da sociedade da
época ligados ao movimento abolicionista, sendo Luís Gama, filho de escravizada e
advogado autodidata, um dos personagens mais célebres e atuantes, empenhan-
do-se na libertação de centenas de cativos e cativas.
IV os segmentos da sociedade adeptos ao regime escravista defendiam a “emancipa-
ção gradual” e nutriam o profundo receio de que a abolição imediata da escravidão
trouxesse desorganização econômica e provocasse o caos social.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa III é verdadeira.
b) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
d) somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
Essa questão revela a complexidade da luta pela abolição da escravidão no Brasil e a influência de diferentes grupos e
personagens nesse processo histórico. É fundamental compreender que a abolição resultou de uma resistência ativa,
e não apenas de decisões impostas de cima para baixo. Além disso, é importante reconhecer o papel central de figuras
como Luís Gama e os desafios sociais e econômicos enfrentados pela população afrodescendente na transição para uma
sociedade sem escravidão. Assim, com base na análise das afirmativas, as únicas verdadeiras são as afirmativas I, III e IV.

37
8
AULA
RESISTÊNCIA NEGRA
APÓS A ABOLIÇÃO

Resumo

. Após a abolição a vida dos negros no Brasil foi marcada pela exclusão econô-
mica e social dos afrodescendentes, que enfrentaram dificuldades para se inte-
grar à sociedade no período pós-escravidão. Entre esses, alguns passaram a se
organizar nos campos das artes, da imprensa e também da política.

. A Revolta da Chibata, em 1910, é um exemplo significativo da resistência negra,


liderada por marinheiros afrodescendentes que se rebelaram contra os castigos
corporais na Marinha, uma prática que remetia à escravidão. Sob a liderança de João
Cândido Felisberto, a revolta expôs as contradições de uma República que, apesar
de abolir formalmente a escravidão, continuava a oprimir os negros. A revolta con-
tribuiu para o fim da aplicação de castigos físicos da Marinha e destacou a necessi-
dade de enfrentar as práticas discriminatórias ainda presentes na sociedade. Esses
eventos são fundamentais para entender a luta contínua dos afrodescendentes por
inclusão e justiça no Brasil.

Na prática

Atividade 1

Uma vez que a Primeira República explicitou as contradições de uma sociedade que
permanecia com uma mentalidade escravista, além de João Cândido, outras lideranças

38
AULA 8
lutaram em prol da busca por liberdade de forma plena. Assim, a missão de vocês será
ampliar o conhecimento pesquisando sobre pessoas negras que, assim como Cândido,
não aceitaram as imposições do sistema e lutaram, a seu modo, a fim de terem sua digni-
dade humana respeitada. Para cumprir esse desafio:
• a critério de seu professor, dividam-se em grupos e pesquisem casos específicos
de participação de lideranças negras na sociedade pós-abolição;
• cada grupo ficará responsável por pesquisar um personagem histórico;
• destaquem os desafios enfrentados por esses indivíduos e as
conquistas alcançadas.
Concluída a pesquisa, vocês deverão registrar como as experiências individuais dos
personagens pesquisados se relacionam com os processos de resistência negra no
Brasil pós-abolição.

Grupo 1: Juliano Moreira Grupo 2: Luciana Lealdina de Araújo

ARAÚJO E MARIA HELENA VARGAS DA SILVEIRA: HISTÓRIA DE MULHERES


MEMORIAL JULIANO MOREIRA/JULIANO MOREIRA: O MÉDICO NEGRO NA

ACERVO DIGITAL DO INSTITUTO SÃO BENEDITO/LUCIANA LEALDINA DE

NEGRAS NO PÓS-ABOLIÇÃO DO SUL DO BRASIL


FUNDAÇÃO DA PSIQUIATRIA BRASILEIRA

Grupo 3: Maria de Lourdes Vale Nascimento Grupo 4: Maria Helena Vargas da Silveira
REPRODUÇÃO/MARIA DE LOURDES VALE NASCIMENTO: UMA INTELECTUAL

HELENA VARGAS DA SILVEIRA: HISTÓRIA DE MULHERES NEGRAS NO PÓS-


ACERVO DA FAMÍLIA SILVEIRA/LUCIANA LEALDINA DE ARAÚJO E MARIA

-ABOLIÇÃO DO SUL DO BRASIL


NEGRA DO PÓS-ABOLIÇÃO

39
Grupo 5: Paulo Silva

ACERVO DA SOCIEDADE AMIGOS DO PROF. PAULO SILVA/PAULO SILVA: UM


CONTRAPONTO NAS RELAÇÕES RACIAIS NO BRASIL
Resposta produzida pelos estudantes. A fim de mediar a atividade e, portanto, a aprendizagem, é salutar

que o docente realize uma curadoria prévia das fontes para direcionar a pesquisa junto dos estudantes e,

assim, otimizar o tempo de execução da atividade.

40
AULA 8
Aprofundando

1 (ENEM PPL 2010 – Adaptada)


Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam nas costas dos negros pelas pontas das chibatas...
BLANC, A.; BOSCO, J. O mestre-sala dos mares. Disponível em: www.usinadeletras.com.br. Acesso em: 19 jan. 2009.

Na história brasileira, a chamada Revolta da Chibata, liderada por João Cândido e des-
crita na música acima, foi:
a) a rebelião de escravizados contra os castigos físicos, ocorrida na Bahia, em 1848, e
repetida no Rio de Janeiro.
b) a revolta, no porto de Salvador, em 1860, de marinheiros dos navios que faziam o
tráfico negreiro.
c) o protesto, ocorrido no Exército, em 1865, contra o castigo de chibatadas em soldados
desertores da Guerra do Paraguai.
d) a rebelião dos marinheiros negros, em 1910, contra os castigos e as condições de tra-
balho na Marinha de Guerra.

A música “O mestre-sala dos mares”, cuja letra e interpretação é de João Bosco, presta homenagem
a João Cândido e destaca sua luta por justiça e dignidade na rebelião conhecida como A Revolta da
Chibata. Sob sua liderança, marinheiros se rebelaram contra as condições desumanas de trabalho e a
prática de punições corporais, como a chibatada – uma forma de chicoteamento que remetia à escra-
vidão –, fato histórico que elucida que, mesmo após a abolição, permanecia na sociedade uma menta-
lidade escravista. Assim, contra essa mentalidade e as atitudes por ela geradas, em 1910, marinheiros
negros se rebelaram contra os castigos e as condições de trabalho na Marinha de Guerra.

41
9
AULA A INFLUÊNCIA DA CULTURA
AFRO-BRASILEIRA PARA A
IDENTIDADE NACIONAL

Resumo

. A cultura afro-brasileira foi fundamental na formação da identidade


nacional brasileira, influenciando profundamente diversos aspectos
da sociedade, como a música, a culinária, a religião, a linguagem e as
expressões artísticas. Desde a chegada dos africanos escravizados ao
Brasil, suas tradições e seus conhecimentos foram integrados e reinter-
pretados no contexto local, criando um mosaico cultural singularmente
brasileiro. Nesse sentido, o samba, a capoeira, a feijoada e as diversas
expressões religiosas de matriz africana são apenas alguns exemplos
de como essa herança africana enriqueceu o tecido social e cultural do
país. Além disso, a resistência e a resiliência das comunidades afro-
-brasileiras frente à opressão e ao racismo contribuíram para a luta
por direitos e igualdade, moldando o debate sobre cidadania e justiça
social. Assim, a influência da cultura afro-brasileira é uma força vital na
definição da identidade nacional, refletindo a diversidade e a complexi-
dade do Brasil.

Na prática

Atividade 1

Leia o trecho do decreto que regulamenta o procedimento para a identificação e o reco-


nhecimento das terras ocupadas por remanescentes das comunidades quilombolas:
42
AULA 9
Dispõe sobre a identificação, re- dotados de relações territoriais específicas,
conhecimento, delimitação, demarca- com presunção de ancestralidade negra
ção e titulação das terras ocupadas relacionada com a resistência à opressão
por remanescentes das comunidades histórica sofrida.
dos quilombos.
BRASIL. Decreto no 4.887, de 20 de novembro de
[...] Art. 2o – Consideram-se rema- 2003. Regulamenta o procedimento para identificação,
reconhecimento, delimitação, demarcação e
nescentes das comunidades dos quilom-
titulação das terras ocupadas por remanescentes das
bos, para fins deste Decreto, os grupos comunidades dos quilombos de que trata o art. 68
étnico-raciais, segundo critérios de auto do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2003.
atribuição, com trajetória histórica própria, Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/2003/d4887.htm. Acesso em: 18 set. 2024.

Após ter lido atentamente o trecho do Decreto no 4.887, de 20 de novembro de


2003, assinale V para afirmativas verdadeiras e F para afirmativas falsas.
( F ) O decreto dispõe sobre identificação, reconhecimento, delimitação, demarca-
ção e titulação das terras ocupadas por povos indígenas.
( V ) O decreto dispõe sobre identificação, reconhecimento, delimitação, de-
marcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das
comunidades quilombolas.
( V ) O decreto representa uma conquista histórica frente ao passado escravocrata
do Brasil.
( F ) A existência de decretos como esse inferioriza a população afrodescendente,
colocando-a em posição de submissão ao Estado para obter suas conquistas.
( V ) O decreto reconhece que as comunidades quilombolas são remanescentes dos
quilombos com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resis-
tência à opressão histórica sofrida.

A sequência de afirmativas que expressa corretamente as informações fornecidas é:


a) V, V, V, V, V.
1º é falso porque o decreto trata de terras quilombolas e não indígenas.
b) F, F, F, F, F.
2º O decreto trata de terras Quilombolas, por isso é verdadeiro.
c) F, V, V, F, V. 3º O decreto pode ser visto como uma conquista histórica, já que reconhece terras
que tinham como origem os Quilombos.
d) V, F, V, F, V.
4º Esses decretos não inferiorizam a população afrodescendente, mas garan-
tem direitos de ocuparem terras historicamente pertencentes aos descentes
de escravizados.
5º O decreto presume que os descendentes de escravizados têm o direito de ocu-
par as terras que seus antepassados ocuparam.

43
Aprofundando

1 (ENEM 2012)
Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito antes dos europeus,
foram os próprios africanos trazidos como escravizados. E esta descoberta não se res-
tringia apenas ao reino linguístico, estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive
à da religião. Há razões para pensar que os africanos, quando misturados e transpor-
tados ao Brasil, não demoraram em perceber a existência entre si de elos culturais
mais profundos.
SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil. Revista USP, n. 12, dez./jan./fev.
1991-92. (adaptado)

Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de diferentes partes da


África, a instituição da escravidão no Brasil tornou possível a:
a) formação de uma identidade cultural afro-brasileira.
b) superação de aspectos culturais africanos por antigas tradições europeias.
c) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.
d) resistência à incorporação de elementos culturais indígenas.

O texto menciona que os africanos, ao serem misturados e transportados para o Brasil como escravos,
perceberam elos culturais profundos entre si. Nesse sentido, a instituição da escravidão forçou o encon-
tro entre africanos de diversas etnias, e o contato contínuo entre eles favoreceu a troca e a ressignifica-
ção de elementos culturais, emergindo, dessa forma, uma identidade cultural afro-brasileira.

44
10
AULA
A IMPRENSA NEGRA
NO BRASIL

Resumo

A imprensa negra no Brasil completa 191 anos em 14 de setembro, comemorando


uma trajetória de resistência e reivindicações iniciada em 1833 com o jornal O Homem de
Cor, no Rio de Janeiro. Esse foi o primeiro periódico protagonizado e direcionado para a
população negra, marcando o início de uma luta pela visibilidade e pelos direitos civis e
sociais. Desde então, a imprensa negra se consolidou como uma importante plataforma
política de questionamento do Estado e exigência de direitos, multiplicando-se em veícu-
los e abrangendo várias regiões do país. Em São Paulo, jornais como O Menelick (1915),
Clarim d’Alvorada (1924) e A Voz da Raça (1933) ganharam destaque, o último sendo o
órgão oficial da Frente Negra Brasileira (1931-1937), a principal organização negra do perí-
odo. No Rio Grande do Sul, surgiram A Alvorada (1907-1965) e A Revolta (1925); em Minas
Gerais, circularam A Verdade (1904) e Raça (1935).

45
REPRODUÇÃO/FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL

Página do jornal O Homem de Cor, fundado por Francisco de Paula Brito, pioneiro
da imprensa negra, de 14 de setembro de 1833

46
AULA 10
Na prática

Atividade 1

Em duplas, vamos desenvolver habilidades de interpretação de fontes primárias,


análise de textos jornalísticos e construção de narrativas históricas por meio da análise
de jornais da imprensa negra. Ao explorarmos esses documentos, compreenderemos
o papel fundamental da imprensa negra na luta contra o racismo e na valorização da
identidade afro-brasileira.

Fonte I Fonte II Fonte III


O Menelik 1915 O Clarim da Alvorada 1924 A Voz da Raça 1933

Fonte I
O Menelik 1915

REPRODUÇÃO/FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL

Edição do dia 17 de outubro de 1915 do jornal O Menelik.


Em sua descrição, abaixo do título, lê-se: “Orgam mensal, noticioso,
literário e crítico dedicado aos homens de cor”

47
Qual é o título completo do periódico? Qual é a data de publicação desse exemplar
(informe o dia, mês e ano)? Quem era o redator-chefe e o secretário do jornal?
O título completo do periódico é O Menelick. Esse exemplar foi publicado em 1º de janeiro de 1916. O

redator-chefe era Deocleciano Nascimento e o secretário era Geralcino de Souza.

Qual é o propósito de O Menelick ao se autodenominar como "órgão mensal, noticioso,


literário e crítico dedicado aos homens de cor"?

Ao se autodenominar como "órgão mensal, noticioso, literário e crítico dedicado aos homens de cor", O

Menelick demonstrava seu propósito de ser uma publicação periódica (mensal) que abordaria notícias,

literatura e crítica, com o objetivo de atender e representar os interesses da comunidade negra.

Você sabe que Menelik II era um imperador africano que venceu uma grande batalha
contra os colonizadores europeus. Por quais motivos você acredita que os criadores
do jornal escolheram esse nome para o periódico?

Os criadores do jornal O Menelik escolheram esse nome para simbolizar a resistência e a luta

por liberdade.

Quais eram os temas e gêneros textuais abordados pelo jornal, como sugerido
pelo conteúdo visível na fonte? Qual a importância da diversidade de conteúdo
para o público leitor?

Com base no conteúdo visível, podemos inferir que o jornal O Menelick abordava temas relacionados à

cultura, literatura e política da comunidade negra. Os gêneros textuais provavelmente incluíam notícias,

artigos de opinião, poemas e contos. A diversidade de conteúdo era importante para atender aos diferen-

tes interesses dos leitores e fortalecer o senso de comunidade. Ao oferecer uma variedade de textos, o

jornal contribuía para a formação cultural e política da comunidade negra, além de promover o debate e a

reflexão sobre questões relevantes para a época.

48
AULA 10
Fonte II
O Clarim da Alvorada, 1924

REPRODUÇÃO/FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL

O Clarim da Alvorada foi um dos mais importantes jornais da história imprensa negra
brasileira. Inicialmente intitulava-se apenas O Clarim. Em maio do mesmo ano já apare-
cia com o nome O Clarim d'Alvorada, e em 1925 a grafia surge em sua forma moderna

49
O jornal O Clarim d'Alvorada foi um importante veículo de comunicação da comuni-
dade negra no Brasil. Analisando a imagem da primeira página, responda:
Quais os dois principais títulos de artigos que você identifica?

"Maldade ou mal entendido" e "A cor e a guarda civil".

Qual desses títulos mais chama sua atenção e por quê? O que você imagina que o
artigo aborda?
Resposta pessoal, mas deve demonstrar a relação entre a polícia e a população negra, demonstrando a

discriminação sofria por eles.

Na primeira página do jornal O Clarim d'Alvorada encontramos a seguinte frase: "Este


jornal que é uma vergontea (renovo) de esperança da raça, continua a alimentar a
nossa fé robusta, em torno da realização do primeiro congresso da mocidade negra
brasileira". A partir dessa frase, responda:
Qual a importância do jornal para a comunidade negra da época?

O jornal era uma ferramenta essencial para a mobilização e conscientização da comunidade negra, ser-

vindo como voz para suas demandas e aspirações.

Que sentimentos e expectativas essa frase evoca nos leitores?

A frase evoca sentimentos de esperança e determinação apesar das dificuldades. Sugere que a comuni-

dade negra, mesmo diante dos desafios, mantém a fé na luta por seus direitos.

50
AULA 10
O que o termo "vergontea (renovo) de esperança" revela sobre a situação da popula-
ção negra no Brasil naquela época?
O termo revela a complexidade da experiência negra, marcada por momentos de esperança e desilusão.

A "vergontea (renovo) de esperança" indica a existência de obstáculos e desafios significativos, mas tam-

bém a persistência da luta por um futuro melhor.

Como a ideia do "primeiro congresso da mocidade negra brasileira" se relaciona com a


luta por direitos civis?

O congresso representava um marco importante na luta por direitos civis, demonstrando a união e a

organização da juventude negra. Era um espaço para discutir estratégias e fortalecer a luta por igualdade

e justiça.

Fonte III
A Voz da Raça, 1933

51
Analisando a capa do jornal A Voz da Raça, identifique:
O título do jornal e seu significado:
A Voz da Raça indica que o jornal era um veículo de comunicação que representava e dava voz à

comunidade negra.

A periodicidade do jornal (mensal, semanal etc.):


O jornal era "Mensário Independente", ou seja, era publicado mensalmente e não estava vinculado a

nenhum partido político ou grupo específico.

A cidade de publicação:
São Paulo.

O ano e o número da edição:


Julho de 1937, número 87.

Quais os principais temas abordados pelo jornal A Voz da Raça, com base nas
informações disponíveis?
Direitos da população negra e notícias cujo foco pricipal era a população negra.

Qual a relação entre o jornal A Voz da Raça e outros movimentos sociais da época?
O jornal A Voz da Raça foi um importante veículo de comunicação da comunidade negra no Brasil, fun-

dado em 18 de março de 1933 pela Frente Negra Brasileira (FNB).

Atividade 2

Crie um jornal atual sobre as questões da população negra, inspirando-se em jornais


históricos como os analisados.

• Elabore manchetes e chamadas que chamem a atenção para as principais ques-


tões raciais do momento.
• Produza artigos, entrevistas, reportagens e outros materiais que informem, edu-
quem e sensibilizem a população sobre a importância da luta antirracista.
• Utilize o modelo presente aqui para pensar neste jornal.

52
AULA 10
Capa de jornal – Imprensa Negra

Título do jornal

Digite a data de publicação aqui

Digite o título aqui

Insira uma imagem aqui

Digite o texto ou Digite o texto ou


insira a imagem aqui insira a imagem aqui

Digite o texto ou Digite o texto ou Digite o texto ou Digite o texto ou


insira a insira a insira a insira a
imagem aqui imagem aqui imagem aqui imagem aqui

Modelo de capa de jornal para releitura dos jornais analisados

Atividade em equipe. Espera-se que os estudantes utilizem a criatividade


e o senso crítico nas suas produções.

53
1. A imprensa negra influenciou a mobilização política e a conscientização da
população afro-brasileira, por publicar em suas páginas casos recorrentes de dis-
criminação racial contra a comunidade negra, além dos abusos de poder e prisões
Aprofundando arbitrárias realizadas pelos representantes do Estado republicano.
A imprensa negra também fortaleceu a identidade negra ao oferecer páginas nos
jornais para que a cultura negra tivesse espaço de expressão.

1 Leia o texto a seguir e responda: 2 Leia o texto a seguir e responda:


A imprensa negra no Brasil foi rele- Durante o século XX, a imprensa negra
vante na luta por direitos e na promoção da no Brasil, através de periódicos como
identidade afro-brasileira durante o século O Clarim d’Alvorada e A Voz da Raça, teve
XX. Publicações como O Menelik e A Voz da um impacto significativo na sociedade.
Raça denunciavam a discriminação racial e Além de informarem, eles também educa-
também promoviam a cultura e a educação vam a população afro-brasileira sobre seus
da população negra. Elas surgiram em um direitos e a importância da resistência con-
contexto histórico marcado por intensas tra o racismo. A imprensa negra também
lutas sociais, no qual o racismo e a exclu- serviu como plataforma para promoção da
são ainda eram práticas comuns. Em um cultura afro-brasileira e articulação de mo-
período em que os meios de comunicação vimentos sociais que buscavam a inclusão
tradicionais muitas vezes ignoravam ou e a igualdade racial. Com as suas publica-
estereotipavam a comunidade negra, a im- ções, esses jornais se tornaram verdadeiros
prensa negra se tornou uma ferramenta de instrumentos de luta, unindo a comunidade
resistência e mobilização. negra em torno de causas comuns e forta-
lecendo sua participação política.
De que maneira a imprensa negra
influenciou a conscientização e a mo- Qual foi o principal impacto da im-
bilização política da população afro- prensa negra na sociedade brasileira
-brasileira durante o século XX? durante o século XX?
a) Ao promover apenas even- a) Estabelecer um diálogo permanente
tos culturais e artísticos sem com as elites políticas brasileiras.
engajamento político. b) Promover a exclusão da população
b) Ao denunciar as injustiças raciais e negra do cenário cultural e político.
incentivar a organização e a luta por c) Fortalecer a identidade negra e
direitos. mobilizar a luta por direitos civis
c) Ao atuar só como veículo de entrete- e sociais.
nimento para a comunidade negra. d) Restringir a publicação de notícias
d) Ao publicar matérias focadas na elite exclusivamente ao entretenimento.
branca e suas atividades políticas. e) Consolidar a segregação racial ao
e) Ao realizar eventos de lazer e diver- focar apenas temas controversos.
são para as pessoas esquecerem do 2. A existência de periódicos que divulgavam as ativida-
des e os eventos da comunidade negra, denunciavam
racismo estrutural. casos de racismo e publicavam autoras e autores negros
foi fundamental para fortalecer a identidade cultural
54 da população afro-brasileira e mobilizar a comunidade
negra para a luta por direitos civis e sociais.
11
AULA MOBILIZAÇÕES SOCIAIS
NEGRAS NO BRASIL
REPUBLICANO

Resumo

As mobilizações sociais negras no Brasil republicano foram importantes na


construção da identidade nacional e na luta por direitos e reconhecimento, em
um contexto de exclusão racial. Após a abolição da escravidão, esses movimentos
passaram a desafiar as estruturas de poder e promover uma sociedade mais justa
e igualitária. Figuras históricas, como André Rebouças, e grupos culturais, como os
Oito Batutas, exemplificam a resistência e a contribuição significativa da comuni-
dade negra para a cultura e os direitos civis no Brasil. A resistência cultural, espe-
cialmente no cenário artístico, contribuiu para a afirmação da identidade negra e
para a transformação social, ajudando a moldar o Brasil contemporâneo.

Na prática

Atividade 1

Vamos nos organizar em pares, conforme orientação do professor.

O tema da discussão é a importância de André Rebouças no movimento aboli-


cionista e sua luta por justiça social. Cada dupla irá discutir esse tema durante os
próximos minutos.

55
André Rebouças foi um dos líderes do movimento abo-
licionista, tendo participado da criação de diversas organi-
zações, como a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão,
a Confederação Abolicionista e a Sociedade Central
de Imigração.
Suas ideias eram avançadas para o período. Ele de-
fendia que simplesmente libertar a população escravizada,
sem que houvesse nenhum tipo de reparação, não surtiria
grande efeito. Para ele, a "escravidão não está no nome
e sim no fato de usufruir do trabalho de miseráveis sem
pagar salário ou pagando apenas o estrito necessário para
não morrer de fome […] Aviltar e minimizar o salário é
reescravizar" […].
André defendia que o Brasil pós-abolição implantasse
o que ele chamava de democracia rural – que as terras
improdutivas dos grandes proprietários fossem reparti-
das e doadas às populações de ex-escravizados. As ideias
progressistas de André Rebouças encontraram resistência
entre os grandes proprietários de terra que jamais aceita-
riam perder, além da mão de obra, as terras.

CAMARA DOS DEPUTADOS. André Rebouças, um abolicionista à frente


de seu tempo, 11 maio 2021. Plenarinho. Disponível em: https://plenarinho.
leg.br/index.php/2021/05/andre-reboucas-um-abolicionista-frente-de-seu-
tempo/. Acesso em: 17 set. 2024.

Cada aluno deve compartilhar suas ideias com seu parceiro, garantindo que ambos
tenham a oportunidade de falar, ouvir e fazer perguntas um ao outro.

Para essa discussão em dupla, siga o seguinte roteiro:


• Qual foi o papel de André Rebouças no movimento abolicionista e como sua traje-
tória pessoal influenciou sua atuação?
• Quais foram os principais desafios enfrentados por Rebouças durante e após o
movimento abolicionista, e como ele buscou contribuir para a inclusão dos ex-es-
cravizados na sociedade?
• De que forma o trabalho de André Rebouças é relevante para as questões de inclu-
são social e racial nos dias de hoje?

56
AULA 11
André Rebouças foi um abolicionista que lutou pelo fim da escravidão e pela inclusão social dos ex-es-

cravizados. Apresentou a importância do acesso à terra para o desenvolvimento da população negra no

Brasil pós-abolição.

Os levantamentos de Rebouças no final do século XIX são reflexões importantes para o debate de inclu-

são social e racial até os dias atuais, já que a luta por justiça social e a inserção do negro na sociedade

ainda não acabou.

Nesse longo processo, o movimento negro lutou pela inclusão


Aprofundando dos negros no mercado de trabalho formal desde o início da
República e, ao longo das décadas seguintes, reivindicou a
criação de políticas de ações afirmativas.

1 No final do século XIX, o Brasil passou por profundas transformações políticas


e sociais. A abolição da escravidão, em 1888, foi um marco importante, mas dei-
xou muitas questões sociais sem resolução. Qual das alternativas abaixo melhor
representa uma das principais contribuições das mobilizações sociais negras no
Brasil republicano?
a) Promoveram o retorno dos negros ao continente africano como forma de
resistência cultural.
b) Lutaram pela inclusão dos negros no mercado de trabalho formal e pela criação de
políticas de ações afirmativas.
c) Contribuíram para a criação de um sistema de ensino público exclusivo para a
população negra.
d) Estabeleceram alianças com partidos conservadores para manter a ordem
social estabelecida.
e) Definiram a segregação racial como forma de preservar as tradições
culturais afro-brasileiras.

57
2 A resistência cultural sempre foi uma importante forma de luta para a popu-
lação negra no Brasil, especialmente após a abolição da escravidão. Figuras
como Grande Otelo e grupos como os Oito Batutas contribuíram para a pre-
servação e promoção da cultura afro-brasileira. Grande Otelo, com seu talento
no cinema, no teatro e na televisão, desafiou estereótipos raciais e contribuiu
para a valorização da representatividade negra nas artes. De que maneira a
atuação de Grande Otelo e de outros artistas negros no cenário cultural brasi-
leiro contribuiu para a transformação social no país?
a) Ao restringirem suas atuações a produções de comédia, tais artistas mantive-
ram o status quo racial.
b) Ao promoverem o isolamento cultural das comunidades negras, esses artistas
evitaram a mistura de influências culturais.
c) Ao recusarem-se a participar de produções artísticas de grande escala, os
artistas negros reforçaram a segregação cultural.
d) Ao se destacarem em áreas tradicionalmente dominadas por brancos,
esses artistas quebraram barreiras raciais e abriram espaço para maior
representatividade negra.
e) Ao focarem exclusivamente a arte erudita, os artistas negros brasileiros afasta-
ram-se das raízes culturais afro-brasileiras.
As manifestações culturais de resistência da população negra desde o início da escravização
no Brasil Colônia ganharam uma nova dimensão no período republicano pós-abolição.
Figuras como Grande Otelo nas artes cênicas e grupos musicais como os Oito Batutas
quebraram barreiras raciais e fortaleceram a representatividade negra.

58
12
AULA LEGADO AFRO-BRASILEIRO
NA ECONOMIA, POLÍTICA
E SOCIEDADE

Resumo

Práticas, políticas e normas sociais Exclusão de grupos raciais de


que perpetuam desigualdades raciais. espaços de poder e decisão.
Impacto
Estigmatização de determinados social Acesso desigual a
Não se limita a atos isolados de empregos e salários.
grupos na sociedade.
discriminação – é um sistema
integrado.
Ciclos de pobreza
perpetuados por
DEFINIÇÃO EFEITOS discriminação
sistêmica.

Impacto
RACISMO econômico
Desproporcionalidade nas ESTRUTURAL
prisões e condenações. Sistema
Disparidades na judicial
aplicação da lei.
COMBATE
EXEMPLOS
Políticas
Discriminção racial em públicas
processos de recrutamento. Ativismo
Mercado Educação e Necessidade de
Diferenças de salários de trabalho Papel de organizações conscientização políticas inclusivas
e oportunidades. não governamentais e e afirmativas.
movimentos sociais. Importância da
educação sobre grupos Implementação de
Advocacia por raciais e racismo. programas
Desigualdade no acesso a
mudanças nas leis e voltados para a
recursos educacionais. Campanhas de
Educação práticas institucionais. equidade racial.
Diferenças nas taxas de conclusão conscientização para
escolar entre grupos raciais. promover a inclusão.

59
O legado afro-brasileiro permitiu reconhecer as significativas contribuições dos afro-
-brasileiros na construção de nosso país. Além disso, o conceito de racismo estrutural
é imprescindível para entender como a ideia de "democracia racial", que foi promovida
como uma suposta harmonia entre raças, mas contribuiu para invisibilizar as desigual-
dades raciais e as dificuldades enfrentadas pela população negra em vários setores da
sociedade. A fim de corrigir esses entraves, os negros se mobilizaram e lutaram ao longo
do tempo para que o governo promovesse políticas afirmativas como forma de corrigir
desigualdades, fruto de nosso passado escravocrata. No entanto, mesmo diante dessas
conquistas, a população afrodescendente ainda enfrenta desafios para que mudanças
efetivas ocorram e o racismo seja algo definitivamente superado.

Na prática

Atividade 1

Kabengele Munanga e o racismo no Brasil


A partir da leitura do texto do prof. Kabengele Munanga, reflita e responda:

[...] Nada foi feito, pois o negro liberto foi abandonado à sua própria sorte e as
desigualdades herdadas da escravidão se aprofundaram diante de um racismo sui
generis encoberto pela ideologia de democracia racial. Trata-se de um quadro de
desigualdades raciais acumuladas nos últimos mais de trezentos anos que nenhuma
política seria capaz de aniquilar em apenas duas ou três décadas de experiência de
políticas afirmativas. Por isso, a invisibilidade do negro, ou melhor, sua sub-representa-
ção em diversos setores da vida nacional [...]
MUNANGA, K. O 20 de novembro e o negro no Brasil de hoje. Jornal da USP, 14 nov. 2018.

1 Como a ideia de “democracia racial” contribuiu para a manutenção das desigual-


dades raciais e para a invisibilidade do negro na sociedade brasileira?

Os alunos devem reconhecer que a ideia de “democracia racial” no Brasil foi utilizada para promo-

ver a imagem de uma sociedade igualitária, em que o racismo não existiria de forma significativa.

Essa ideologia, no entanto, encobriu as profundas desigualdades raciais, ao negar ou minimizar o

racismo sistêmico e estrutural. Espera-se que os alunos identifiquem como essa falsa noção contri-

60
AULA 12
buiu para a sub-representação e a invisibilidade dos negros na política, na educação e no mercado

de trabalho.

2 De que maneira as políticas afirmativas têm buscado enfrentar as desigualdades


raciais acumuladas ao longo dos séculos, e por que elas não conseguem sanar
completamente o problema em curto prazo?

Os alunos devem compreender que as políticas afirmativas, assim como as cotas raciais em univer-
sidades e os programas de inclusão social, têm o objetivo de corrigir as desigualdades históricas e
oferecer oportunidades mais equitativas para a população negra. No entanto, espera-se que eles
reconheçam que essas políticas apresentam limitações, devido ao longo período de acúmulo de
desigualdades, que não podem ser revertidas em poucas décadas. Eles podem apontar que a trans-
formação de estruturas sociais e econômicas exige tempo e esforço contínuo para que mudanças
significativas sejam alcançadas, o que explica a persistência das desigualdades.

Atividade 2

Analise o gráfico a seguir e responda:

ADAPTAÇÃO/IPEA

Gráfico com dados levantados pelo projeto “Retratos das desigualdades de gênero
e raça”, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea)

61
1 Considerando o gráfico que mostra o rendimento mensal domiciliar per capita no
Brasil, entre 1995 e 2015, segundo cor/raça, é possível dizer que existe uma dife-
rença entre negros e brancos nesse sentido?

Existem diferenças consideráveis entre os rendimentos mensais domiciliares per capita, considerando

os grupos de cor/raça, ao longo do período de 1995 a 2015. A média para a população branca é supe-

rior à da população negra em todos os anos analisados. Essa disparidade sugere uma desigualdade

persistente nos padrões de renda entre brancos e negros no Brasil durante essas duas décadas.

2 Depois da sua análise, é possível dizer que essa diferença de rendimento está atre-
lada ao racismo?

Os dados apresentados indicam uma discrepância no rendimento mensal domiciliar per capita entre

brancos e negros no Brasil, de 1995 a 2015. A média de rendimento para a população branca é mais

alta do que para a população negra ao longo do período. Essa diferença de rendimento está relacio-

nada a fatores como discriminação racial, falta de oportunidades igualitárias no mercado de trabalho

e acesso desigual à educação. O racismo estrutural é uma das explicações para essa disparidade.

Aprofundando

1 O conceito de racismo estrutural, desenvolvido por pensadores como Silvio


Almeida, descreve um fenômeno em que as práticas e estruturas sociais perpe-
tuam desigualdades raciais de maneira sistêmica e profunda. No Brasil, a ideologia
da democracia racial foi amplamente difundida ao longo do século XX, promo-
vendo a ideia de que não haveria racismo no país devido à miscigenação e à
convivência pacífica entre diferentes grupos étnicos. Como o conceito de racismo
estrutural pode ser observado na formação e nas condições socioeconômicas
das favelas no Brasil?
A abolição sem políticas públicas compensatórias para a população negra, vítima por séculos
de escravidão, gerou intensa desigualdade social e racial no Brasil. As favelas, de modo geral,
representam esse espaço de exclusão, com ausência de infraestrutura, instituições educacionais
adequadas e pensadas para a população.
62
AULA 12
a) A formação das favelas reflete a livre escolha da população negra por estilos de
vida mais simples e autônomos.
b) As condições socioeconômicas das favelas resultam exclusivamente da falta de
políticas de controle de natalidade e imigração.
c) A presença de negros nas favelas é uma evidência de que não existe racismo no
Brasil, já que eles podem morar onde quiserem.
d) As favelas representam a miscigenação bem-sucedida entre brancos e negros no
Brasil, demonstrando a igualdade racial.
e) O racismo estrutural se manifesta nas favelas por meio da falta de acesso a servi-
ços básicos e oportunidades econômicas, perpetuando as desigualdades herdadas
da escravidão.

2 Desde a abolição da escravidão em 1888, a população negra no Brasil enfrenta


desafios relacionados à exclusão social e econômica, agravados pela falta de
políticas públicas eficazes para integrar os ex-escravizados na sociedade. O mito
da democracia racial, construído ao longo do século XX, contribuiu para ocultar
essas desigualdades, promovendo a falsa ideia de que o Brasil era uma sociedade
livre de preconceitos raciais. Qual das alternativas a seguir explica melhor a rela-
ção entre a ideologia da democracia racial e a perpetuação do racismo estrutural
no Brasil?
a) A ideologia da democracia racial promoveu a igualdade racial ao garantir oportuni-
dades iguais para todos os cidadãos, independentemente de sua cor.
b) A ideologia da democracia racial ajudou a perpetuar o racismo estrutural ao mas-
carar as desigualdades e negar a necessidade de políticas específicas para a
população negra.
c) A democracia racial evitou que o racismo se institucionalizasse no Brasil, resul-
tando em uma sociedade verdadeiramente igualitária.
d) A democracia racial foi responsável pela abolição da escravidão, eliminando todas
as formas de racismo no Brasil.
e) A ideologia da democracia racial reduziu as desigualdades raciais ao promover
políticas afirmativas em prol da população negra.
O longo processo de luta pelo fim da escravidão culminou com a abolição no dia 13 de maio de
1888; contudo, as condições sociais e econômicas que excluíam os afrodescendentes permanece-
ram, impedindo o acesso ao mínimo necessário para uma existência digna aos ex-escravizados.
Isso dificultou o desenvolvimento social e econômico dos afrodescendentes. A ideologia da “demo-
cracia racial” serviu para manter a questão negra como invisível, perpetuando o racismo estrutural
até os dias atuais.

63
13
AULA
A QUESTÃO INDÍGENA NA
PRIMEIRA REPÚBLICA

Resumo

Durante a Primeira República, a questão indígena no Brasil foi marcada por impor-
tantes mudanças nas políticas governamentais, com destaque para a criação do Serviço
de Proteção aos Índios (SPI) em 1910. Esse órgão foi instituído com o objetivo de prestar
assistência aos povos indígenas, enfrentando desafios relacionados à ocupação de áreas
rurais e à proteção dos direitos territoriais indígenas, em um contexto de crescente inte-
gração e exploração dos seus territórios. O SPI também foi alvo de críticas, especialmente
por adotar práticas de tutoria na pacificação das comunidades indígenas. A atuação de
Marechal Rondon se destacou durante esse período, sendo lembrado por sua abordagem
humanitária na defesa dos direitos indígenas, em contraste com as práticas violentas
comuns na época.
A importância do SPI reside no impacto duradouro sobre as comunidades indíge-
nas e na contínua luta pelo reconhecimento e pela preservação de suas culturas e seus
direitos no Brasil. A Fundação Nacional do Índio (Funai), criada em 1967, é uma autarquia
ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, que é responsável por proteger e
promover os direitos dos povos indígenas, demarcar e proteger terras indígenas e mediar
conflitos envolvendo essas populações. A Funai também trabalha para preservar a cultura
indígena, garantir o acesso à saúde e à educação, apoiando o desenvolvimento susten-
tável nas comunidades. Além disso, representa os povos indígenas junto ao governo e à
sociedade, assegurando seus direitos conforme a Constituição e a Declaração da ONU.

64
AULA 13
Na prática

Atividade 1

Leia o texto abaixo e responda às questões sobre Marechal Rondon.

Rondon e a política indigenista no século XX

Está escrito com letras a ouro no livro Da missão original, foram construídos
de visitantes da Sociedade de Geografia seis mil quilômetros de linhas telegráficas,
de Nova York: “Rondon – O homem que responsáveis por integrar a Amazônia às
mais se adentrou em terras tropicais onde demais regiões do Brasil. Tão importante
foi também descobridor.” A homenagem quanto a integração nacional foi o contato
é um reconhecimento, segundo a institui- com os indígenas da região, a compreen-
ção, a um dos cinco maiores exploradores são das culturas e o estabelecimento da
do mundo. convivência entre os povos.
Ao aceitar a tarefa que o governo Por intermédio de Rondon foi criado,
havia lhe confiado, em 1900, de construir em 1910, o Serviço Nacional de Proteção ao
a infra-estrutura de telégrafo que cobriria Índio, do qual viria a ser diretor. Em 1952,
de Mato Grosso e Amazonas, o mare- Rondon apresentou a Getúlio Vargas o
chal Cândido Mariano da Silva Rondon projeto de criação do Parque Nacional do
(1865-1958) acabou por realizar diversas Xingu, que viria a ser implementado no go-
ações e com elas ser reconhecido como verno do então presidente Jânio Quadros,
importante expedicionário. sob a direção dos irmãos Villas Boas. O
Museu do Índio foi também uma inspiração
de Rondon.
Assessoria de Comunicação do CEDEM. Rondon e a política indigenista no século XX. CEDEM, 17 jun. 2019.
Disponível em: https://www.cedem.unesp.br/#!/ noticia/367/rondon-e-a-politica-indigenista-no-seculo-xx/.
Acesso em: 11 nov. 2024. Adaptado.

1 Como ocorreu o encontro de Rondon com os povos indígenas?


O encontro de Rondon com os povos indígenas ocorreu devido à missão de construir seis mil quilô-

metros de linhas telegráficas, responsáveis pela integração da Amazônia às demais regiões. Devido

a isso, a integração nacional foi o contato com os indígenas da região, estabelecendo convivência e

compreensão com os povos autóctones.

65
2 Crie um título diferente para o texto e justifique a escolha.

É importante que o título demonstre o papel de Rondon e como ele tornou-se uma figura simbólica

nos primeiros tempos de república.

3 Crie uma frase que resuma o texto.


Resposta pessoal, mas é importante que demonstre como Rondon se relacionava com os indíge-

nas de forma pacífica e o fato dele transpor vários locais, permitindo que tivesse contando com

várias tribos.

4 Cite pelo menos três criações de Rondon em relação à política de valorização


dos indígenas.
1ª Criação do Serviço Nacional de Proteção ao índio;

2a Projeto de criação do Parque Nacional do Xingu;

3a Museu do Índio, inspirado nas ideias de Rondon.

5 Faça uma reflexão crítica sobre a relação de Rondon com os indígenas, demonstrando os
avanços e limites dessa relação.

Embora a ação de Rondon possa ser considerada positiva no relacionamento com os indígenas, é

importante destacar que essa visão tende a ver os indígenas como povos que precisam de tutoria e

que não são protagonistas de suas próprias vidas. No entanto, mesmo com essas limitações, a rela-

ção que Rondon teve com os povos foi positiva em diversos aspectos, principalmente por respeitar a

cultura e diversidade encontradas.

66
AULA 13
O surgimento de organizações indígenas que se manifestam em
Aprofundando defesa de seus interesses, juntamente com uma política de auto-
afirmação, tem contribuído para o crescimento e fortalecimento
dessas comunidades na atualidade. Essas organizações contribuem
com a luta pelos direitos territoriais, culturais e sociais dos povos
indígenas, ajudando a preservar suas tradições e identidades em
1 (UEFS 2010) um contexto de constante pressão e desafios.

Ao reconhecer a terra indígena Raposa Serra do Sol, situada em Roraima, [...], o


Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu 19 condições que podem criar um cenário
preocupante para os índios da região e para futuros casos de demarcação e homologa-
ção de terras indígenas. Uma delas prevê que os índios não precisariam ser consultados
pela União caso haja interesse do usufruto das riquezas naturais. Essa determinação é
conflitante com as normas da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), que o Brasil ratificou. Quando o país aceita as proposições de acordos e trata-
dos internacionais, consequentemente incorpora na sua legislação as recomendações
desses documentos. Entre as normas da OIT, está estabelecido que os índios devem ser
consultados antes que seja feita a exploração das riquezas de onde vivem. [...]
Para Ana Valéria Araújo, advogada e coordenadora-executiva do Fundo Brasil de
Direitos Humanos, o Supremo Tribunal Federal extrapolou o seu poder e criou leis que
deveriam ter sido discutidas no âmbito do poder legislativo. “Neste caso, o Supremo
atropelou a competência do Congresso Nacional”, considera. A advogada ressalta que é
no Congresso que os diversos setores da sociedade podem debater e defender os seus
interesses e a lei representa o resultado dessa discussão. “O STF não foi eleito e ele não
foi delegado pela sociedade para legislar. O que aconteceu é grave”, avalia.
Disponível em: https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=105036.

A questão indígena, como relatada no texto, tem adquirido maior atenção da so-
ciedade internacional, especificamente a questão indígena brasileira, a partir da
ampliação do modelo de desenvolvimento sustentável. Em relação às questões
indígenas, ao longo da história do país, pode-se afirmar:
a) a unidade étnica, linguística e cultural dos povos indígenas brasileiros contribuiu
para a sua rápida dizimação pelo colonizador.
b) a não adaptabilidade dos índios aos trabalhos escravo e compulsório, sua in-
dolência e aversão ao trabalho contribuíram para a sua substituição pelo
africano escravizado.
c) o surgimento de organizações indígenas que têm se manifestado em defesa de
seus interesses, associadas a uma política de autoafirmação, tem contribuído para
o crescimento vegetativo desses povos na atualidade.

67
d) as reformas estabelecidas pelo Marquês de Pombal, no período colonial, contrá-
rias à urbanização e ao povoamento do Brasil, contribuíram para a destruição das
comunidades indígenas.
e) a Constituição de 1988 inviabilizou a defesa das terras indígenas ao estender aos
quilombolas o direito de usufruírem das propriedades que originalmente eram pri-
vativas das famílias dos chefes indígenas.

2 (UFGD 2018)
[...] A partir da expulsão dos jesuítas por Pombal, em 1759, e sobretudo a partir da
chegada de d. João VI ao Brasil, em 1808, a política indigenista viu sua arena reduzida e
sua natureza modificada: não havia mais vozes dissonantes quando se tratava de es-
cravizar índios e de ocupar suas terras. A partir de meados do século XIX, com efeito a
cobiça se desloca do trabalho para as terras indígenas. Um século mais tarde, deslocar-
-se-á novamente: do solo, passará para o subsolo indígena.
CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Introdução a uma História Indígena. In: __ (org.). História dos índios no Brasil.
São Paulo: Cia das Letras, 1992. p. 16.

Ao analisar a relação do Estado com os povos indígenas no Brasil, a antropóloga


Manuela Carneiro da Cunha afirma a respeito da política indigenista brasileira,
abrangendo desde o período colonial até a atualidade, é correto afirmar que:
a) no Brasil, indígenas nunca foram escravizados.
b) as terras dos povos indígenas não foram objeto de esbulho por parte
dos colonizadores.
c) a Constituição Federal de 1988 abandonou as metas do indigenismo assi-
milacionista e reconheceu o direito originário sobre as terras de ocupação
tradicional indígena.
d) a mineração e a exploração de hidroeletricidade em terras indígenas amazônicas
proporcionam muitos benefícios aos povos indígenas afetados, inclusive no que diz
respeito à preservação da biodiversidade.
e) as terras indígenas passaram a ser protegidas pelo direito constitucional brasileiro
a partir de 1988.
Antes da Constituição de 1988, as políticas indigenistas eram amplamente baseadas no indigenismo
assimilacionista, que visava integrar os povos indígenas à sociedade nacional, muitas vezes à custa de
suas culturas e seus modos de vida tradicionais. No entanto, a Constituição de 1988 marcou um ponto
de virada ao reconhecer o direito originário dos povos indígenas às suas terras de ocupação tradicional,
estabelecendo que esses direitos são anteriores ao próprio Estado brasileiro.

68
14
AULA MOBILIZAÇÕES SOCIAIS
INDÍGENAS NO BRASIL
REPUBLICANO

Resumo

Na virada do século XIX para o XX, a expansão agropecuária e mineral no Brasil gerou
conflitos entre indígenas, fazendeiros, mineradores e empresas. Esses grupos buscavam
tomar territórios tradicionais indígenas, o que causou conflitos, mortes e perdas para
essas comunidades. Com isso, a expansão econômica no início da República ocorreu às
custas de terras e vidas indígenas.
Em 1910, o Serviço de Proteção aos Índios – SPI foi criado com o argumento de pro-
teger os indígenas, mas suas políticas criaram reservas que isolaram comunidades, limita-
ram suas tradições e tutelavam os povos originários. Essas ações do SPI foram criticadas
pela perda de autonomia dos povos indígenas e pelos processos de discriminação e assi-
milação cultural que ocasionaram. O SPI dizia querer integrar os indígenas à sociedade e
garantir sua sobrevivência econômica. No entanto, na prática, seguiu um modelo assimi-
lacionista, buscando que os indígenas adotassem hábitos considerados “civilizados”.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas – Funai foi criada para substituir o SPI,
que enfrentava diversas críticas por problemas de corrupção e ineficiência. A Funai é o
órgão do governo brasileiro responsável pela proteção e promoção dos direitos dos povos
indígenas no Brasil.
Foi através do movimento indígena, liderado pelos próprios povos originários e com
o apoio de não indígenas, que as reivindicações começaram a ser atendidas. Direitos his-
toricamente negados, como a posse das terras, os direitos à educação e à saúde passam
a ser paulatinamente conquistados.

69
Na prática

Atividade 1

Vamos analisar dois artigos da nossa Constituição e, a partir dos conhecimentos adquiri-
dos e dos questionamentos propostos, realizar uma discussão com os colegas de classe:

CAPÍTULO VIII
DOS ÍNDIOS
Art. 231 - São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas,
crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocu-
pam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. [...]
Art. 232 - Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para in-
gressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público
em todos os atos do processo.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 6 set. 2024.

1 Pode-se dizer que o entendimento do Estado em relação aos indígenas mudou ao


longo do tempo? Como?

Sim, o entendimento do Estado brasileiro em relação aos povos indígenas mudou significativamente
ao longo do tempo. Historicamente, as políticas estatais, como o regime de tutela e o modelo inte-
gracionista, viam os indígenas como incapazes de gerir seus próprios destinos, o que justificava a
interferência direta do Estado em suas vidas e territórios. Essa visão tratava os indígenas como um
"problema" a ser resolvido, muitas vezes buscando sua assimilação à sociedade nacional, desrespei-
tando suas culturas e identidades.
Com a promulgação da Constituição de 1988, houve uma mudança significativa nessa perspectiva.
A Constituição reconheceu explicitamente os direitos originários dos povos indígenas sobre as terras
que tradicionalmente ocupam e garantiu sua organização social, seus costumes, línguas, crenças
e tradições. Além disso, os indígenas passaram a ser reconhecidos como sujeitos de direitos, com
autonomia para defender seus interesses. Essa mudança reflete um avanço na compreensão dos di-
reitos humanos e no reconhecimento da importância de preservar as culturas indígenas como parte
fundamental do patrimônio cultural brasileiro.

70
AULA 14
2 De que forma a Constituição de 1988 posiciona os indígenas na sociedade
brasileira contemporânea?
A Constituição de 1988 posiciona os povos indígenas como cidadãos plenos, reconhecendo e pro-

tegendo seus direitos e sua autonomia. Ela estabelece que é responsabilidade do Estado demarcar,

proteger e fazer respeitar as terras indígenas, garantindo que esses territórios sejam preservados e

que os indígenas possam manter seu modo de vida tradicional.

Além disso, a Constituição assegura que os povos indígenas têm o direito de defender seus próprios

interesses, tanto judicialmente quanto por meio de suas organizações, sem a necessidade de inter-

mediários. Isso representa um marco na luta pelos direitos indígenas, uma vez que lhes confere um

papel ativo na defesa de suas terras e culturas, além de reconhecer a importância de sua participa-

ção nas decisões que afetam suas vidas.

Aprofundando

1 (UERJ 2022 – Adaptada)


A 14ª Vara Federal de Minas Gerais condenou a União, a Fundação Nacional do
Índio (Funai) e o governo do estado por violações dos direitos humanos e civis do povo
indígena Krenak, que vive na região do Vale do Rio Doce.
Em 1972, durante a ditadura militar, homens, mulheres e crianças foram expulsos
de suas terras pelo governo e obrigados a viver confinados na Fazenda Guarani, per-
tencente à Polícia Militar, em Carmésia, a mais de 300 quilômetros de distância de suas
terras. A medida teve o objetivo de facilitar a ação de posseiros vizinhos, que tomaram
os mais de 4 mil hectares dos indígenas.
Adaptado de g1.globo.com, 15 de set. de 2021.

71
Diante do fragmento da reportagem do G1 como texto de apoio, podemos perceber que o intuito das
políticas na década de 1970 era a retirada dos povos originários de seu território, com o objetivo de apro-

A ação do governo brasileiro à época revela a seguinte postura diante de


conflitos rurais: priar suas terras. O acontecimento
relatado envolve o povo Krenak na
a) contenção violenta da reforma agrária. região do Rio Doce e a ocupação
por posseiros na década de 1970.
b) expropriação arbitrária da comunidade tradicional.
c) redistribuição autoritária da propriedade fundiária.
d) modernização conservadora da estrutura produtiva.

2 (UFRGS 2018 – Adaptada) Leia o segmento abaixo, do escritor indígena


Ailton Krenak.

Os fatos e a história recente dos últimos 500 anos têm indicado que o tempo desse
encontro entre as nossas culturas é um tempo que acontece e se repete todo dia. Não
houve um encontro entre as culturas dos povos do Ocidente e a cultura do continente
americano numa data e num tempo demarcado que pudéssemos chamar de 1500 ou de
1800. Estamos convivendo com esse contato desde sempre.
KRENAK, A. O eterno retorno do encontro. In: NOVAES, A. (org.). A outra margem do Ocidente. São Paulo:
Funarte, Companhia das Letras, 1999. p. 25.

Considerando a história indígena no Brasil, a principal ideia contida no segmento é:


a) negação da conquista europeia na América, em 1500.
b) continuidade histórica do contato cultural entre ocidentais e indígenas.
c) ausência de transformação social nas sociedades ameríndias.
d) estagnação social do continente sul-americano após a chegada dos europeus.

A partir do fragmento de Ailton Krenak, percebe-se que ao longo da história do país o contato entre os
ocidentais e os indígenas vem ocorrendo permanentemente. Isso pode ser observado na exploração
colonial do litoral, que envolveu a extração de pau-brasil e a economia açucareira; nas missões jesuíti-
cas no Sul e na região amazônica ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII; e, posteriormente, no período
do Império, com a expansão da economia cafeeira para o Oeste. Essa relação continua nos dias atu-
ais na Amazônia e em tantas outras regiões onde os povos originários buscam o reconhecimento de
seus direitos.

72
15
AULA
PROTAGONISMO FEMININO
NA PRIMEIRA REPÚBLICA

Resumo

O protagonismo feminino na Primeira República no Brasil foi marcado pela luta das
mulheres pelo direito ao voto e por sua participação na política. No final do século XIX e
início do século XX, as mulheres eram excluídas das eleições pela Constituição de 1891.
Isso levou às primeiras manifestações femininas a favor do direito de votar.
Nísia Floresta foi uma das primeiras a defender os direitos das mulheres no Brasil
e inspirou outras a lutar por seus direitos políticos. Esse movimento levou à criação de
grupos feministas, como a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), liderada
por Bertha Lutz.
Nas décadas de 1910 e 1920, o movimento feminista cresceu, com Bertha Lutz
organizando campanhas e debates sobre o voto feminino. Em 1932, durante o governo
de Getúlio Vargas, as mulheres finalmente conquistaram o direito de votar, embora com
algumas restrições no começo. Essa conquista foi um marco importante na história da
participação política das mulheres no Brasil.
Além disso, mulheres como Antonieta de Barros, Carlota Pereira de Queirós e Luzia
Alzira Teixeira Soriano foram pioneiras na política brasileira. Elas abriram caminho para
futuras gerações de mulheres na política, fortalecendo a luta pela igualdade de gênero
no país.

73
Na prática

Atividade 1

Divididos em grupos, escolham uma das mulheres citadas: Antonieta de Barros,


Bertha Lutz, Carlota Pereira de Queirós ou Luzia Alzira Teixeira Soriano. Construam
uma linha do tempo, marcando pelo menos três datas importantes e suas respectivas
conquistas. Utilize o texto de apoio para auxiliar na pesquisa.

Antonieta de Barros

• Foi uma jornalista, professora e política brasileira, sendo a primeira mulher negra a ser
eleita no Brasil e a assumir um mandato político.
• Fundou e dirigiu o jornal A Semana e a revista Vida Ilhoa, e escreveu o livro Farrapos
de ideias, em 1937.
• Em 1934, foi eleita deputada estadual, a primeira mulher e negra a assumir tal cargo.
• Autora do Projeto de Lei nº 145, de 12 de outubro de 1948, que determinou a data de
15 de outubro como o Dia do Professor, em Santa Catarina. Vinte anos depois, a data
seria oficializada no país inteiro.
• Seu nome foi inscrito no Livro de heróis da Pátria, em 2023.

Bertha Lutz

• Tornou-se secretária e pesquisadora do Museu Nacional do Rio de Janeiro, em 1919, e


chefiou o Departamento de Botânica até sua aposentadoria, em 1964.
• Ficou conhecida pelo seu ativismo pelo sufrágio feminino, que foi alcançado em 1932.
Foi eleita para a Câmara dos Deputados em 1934, mas teve o mandato interrompido
no Estado Novo.
• Representou o Brasil na Conferência das Nações Unidas, em 1945, participando
da elaboração da Carta da ONU; fundou a Liga para a Emancipação Intelectual da
Mulher, em 1919; e presidiu a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF)
até 1942.

74
AULA 15
Carlota Pereira de Queirós

• Participou ativamente na Revolução Constitucionalista de 1932, liderando um grupo


de 700 mulheres para garantir assistência aos feridos, e atuou de maneira significativa
na conquista do direito de voto feminino no Brasil.
• Representou o estado de São Paulo na Constituinte de 1933, destacando-se como a
voz feminina no Congresso Nacional, focando a defesa dos direitos da mulher e das
crianças, buscando melhorias educacionais.
• A Câmara dos Deputados instituiu em 2003 o prêmio "Diploma Mulher-Cidadã
Carlota Pereira de Queirós" em sua homenagem, dedicado a mulheres que contri-
buem para o exercício pleno da cidadania no Brasil.

Luzia Alzira Teixeira Soriano

• Foi a primeira mulher a ser eleita prefeita na América Latina e, mesmo enfrentando
ofensas misóginas durante a campanha, venceu a disputa em 1929, com mais de 60%
dos votos.
• Em 1928, durante uma reunião política, chamou a atenção de Bertha Lutz e Juvenal
Lamartine de Faria, que a convenceram a se candidatar à Prefeitura de Lajes.
• Recebeu o Diploma Mulher-Cidadã Carlota Pereira de Queirós em 2018, concedido
pela Câmara dos Deputados.
• O Jardim de Angicos adotou como feriado municipal o dia do nascimento de Alzira
Soriano. Hoje há também um museu em sua homenagem, assim como uma repre-
sentação no brasão e na bandeira municipais.

Trata-se de uma resposta pessoal, baseada numa linha do tempo feita pelo estudante, usando
a criatividade.
Espera-se que ele consiga seguir os comandos e criar uma linha do tempo com três acontecimen-
tos históricos da personagem escolhida constando: data, fato histórico e imagem/ilustração.

75
O processo eleitoral no Brasil Império foi marcado por um sistema
de exclusão e patrimonialismo, não abrangendo uma parcela signi-
ficativa da população pobre, mulheres, escravizados e analfabetos.
Aprofundando No período da República Velha, o autoritarismo oligárquico se fez
presente com o "voto de cabresto" e a exclusão das mulheres e
analfabetos do direito ao voto. Porém, devido ao movimento social
feminista pelo sufrágio universal, as mulheres conquistam o direito
ao voto em 1932.
1 (UFPR 2019 – Adaptada) Atualmente, no Brasil, as eleições para os representantes
do povo nos Poderes Legislativo e Executivo são decididas pelo voto obrigatório,
direto, secreto e universal. Sobre as eleições e os direitos políticos em nosso terri-
tório, desde o período colonial até o século XX, considere as seguintes afirmativas:
I No período do Império (1822-1889), com a Constituição de 1824, para escolha
de representantes políticos legislativos, os homens de todos os grupos sociais
podiam votar.
II No início da República (1891), foi instituído o voto a descoberto, que podia ser co-
nhecido ou declarado, e logo foi apelidado de "voto de cabresto".
III Após mobilização do movimento sufragista feminino no início do século XX, as
mulheres receberam o direito de votar a partir de 1932.

a) Somente a afirmativa I é verdadeira.


b) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
d) Nenhuma afirmativa é verdadeira.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

2 (UFRGS 2017 – Adaptada) Considere as seguintes afirmações sobre a luta pela


emancipação feminina no Brasil da Primeira República e depois assinale a
alternativa correta.
I As demandas apresentadas pelas militantes feministas incluíam direito ao voto, à
participação política, defesa do controle de natalidade e melhores condições nas
relações de trabalho.
II A criação de associações nacionais, como a Federação Brasileira para o Progresso
Feminino, e o contato com associações internacionais, como a National American
Woman’s Suffrage Association, foram importantes fatores de organização do femi-
nismo no Brasil.
III O feminismo foi um movimento restrito às camadas menos favorecidas e escolari-
zadas da sociedade, uma vez que estava diretamente vinculado às classes traba-
lhadoras com tendências anarquistas e comunistas.

76
AULA 15
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas I e III estão corretas.
c) Apenas II e III estão corretas.
d) I, II e III estão corretas.
e) Nenhuma está correta.

A Primeira República foi marcada por um sistema político oligárquico e violento que controlava o pro-
cesso eleitoral e excluía, entre outros, as mulheres do direito ao voto. Contudo, as mulheres organizadas e
mobilizadas reivindicavam mais autonomia e participação política, melhores condições de trabalho e re-
muneração salarial, bem como a defesa do controle de natalidade. Essas reivindicações só foram alcan-
çadas porque as sufragistas criaram associações de alcance nacional, como a Federação Brasileira para
o Progresso Feminino, que estabeleceram contato com diversas associações feministas internacionais.

77
16
AULA LUTAS E CONQUISTAS
DAS MULHERES NO
BRASIL REPUBLICANO

Resumo

Lutas e conquistas das mulheres no Brasil republicano


1 Atuação das mulheres no mercado de trabalho no início da República
Participação majoritária de mulheres e crianças imigrantes nas fábricas.
˚
Condições de trabalho extenuantes e precárias.
˚
2 Movimentos e conquistas feministas na Primeira República
Organização das mulheres para reivindicar direitos.
˚
Papel de figuras históricas como Leolinda Figueiredo Daltro e Eugênia
˚
Álvaro Moreyra.
Criação do Partido Republicano Feminino em 1910.
˚
Luta pelo direito ao voto (1910-1932) culminando na conquista em 1932.
˚
3 Participação política e representatividade (1932 - presente)
Primeira deputada federal eleita: Carlota Pereira de Queirós (1934).
˚
Avanços na representatividade feminina na política brasileira.
˚
Impacto da luta feminina na transformação da sociedade e na conquista
˚
de direitos.
4 Reflexão e discussão
Questões sobre igualdade de direitos entre homens e mulheres.
˚
Importância da luta social para a conquista de direitos trabalhistas, sociais
˚
e políticos.
Discussão sobre a continuidade das lutas e desafios femininos no
˚
Brasil contemporâneo.
78
AULA 16
5 Análise de texto historiográfico – Margareth Rago
Condições enfrentadas pelas operárias nas fábricas.
˚
Tentativas de organização e união entre as operárias.
˚
Obstáculos enfrentados pelas mulheres tanto no ambiente de trabalho quanto
˚
na sociedade.

Na prática

Atividade 1

Análise de texto historiográfico – Margareth Rago

[...] Da variação salarial à intimidação física, da desqualificação


intelectual ao assédio sexual, elas tiveram sempre de lutar contra
inúmeros obstáculos para ingressar em um campo definido – pelos
homens – como "naturalmente masculino". Esses obstáculos não
se limitavam ao processo de produção; começavam pela própria
hostilidade com que o trabalho feminino fora do lar era tratado no
interior da família.
[...] A rotina de trabalho nas fábricas era muito pesada, variando
de 10 a 14 horas diárias, e estava sob a supervisão dos contrames-
tres e outros patrões. Em geral, na divisão do trabalho, as mulheres
ficavam com as tarefas menos especializadas e mal remuneradas;
os cargos de direção e de concepção, como os de mestre, contra-
mestre e assistente, cabiam aos homens.
[...] As anarquistas e socialistas procuraram organizar as tra-
balhadoras, nas primeiras décadas do século, convocando-as para
as assembleias sindicais ou para discutir os problemas femininos
dentro dos sindicatos e comitês a que pertenciam.

RAGO, M. Trabalho feminino e sexualidade. In: PRIORE, M. del.


História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004. p. 484-507.

79
1 Como as operárias eram vistas pela sociedade na época?
As operárias eram vistas pela sociedade como uma força de trabalho abundante e barata, composta

majoritariamente por mulheres e crianças imigrantes. Elas enfrentavam uma série de obstáculos,

tanto dentro quanto fora do ambiente de trabalho, sendo frequentemente subestimadas e relegadas

a tarefas menos especializadas e mal remuneradas.

2 Quais as principais dificuldades enfrentadas pelas operárias em seu cotidiano?


As principais dificuldades enfrentadas pelas operárias incluíam a desigualdade salarial, intimi-

dação física, desqualificação intelectual, assédio sexual e a hostilidade dentro do ambiente de

trabalho. Elas também lidavam com jornadas de trabalho exaustivas, variando de 10 a 14 horas

diárias, e eram relegadas a funções menos especializadas, com pouca ou nenhuma perspectiva

de ascensão profissional.

3 Segundo a autora, as operárias eram unidas ou não?


A autora menciona que as anarquistas e socialistas procuraram organizar as trabalhadoras para

que pudessem se unir e lutar contra as condições adversas. Embora enfrentassem diversas difi-

culdades, houve um esforço significativo para promover a união entre as operárias, incentivando

sua participação em assembleias sindicais e discussões sobre os problemas específicos das

mulheres no trabalho.

80
AULA 16
Apesar do comprometimento em várias questões sobre os direitos das
Aprofundando mulheres, como leis de regulamentação do mercado de trabalho, a reivin-
dicação central das sufragistas era acerca dos direitos políticos, especial-
mente o direito de votar e ser votada.

1 (UFMG 2006) A recente ascensão de algumas mulheres à chefia de governos


importantes – a exemplo de Michelle Bachelet, no Chile, e de Angela Merkel, na
Alemanha – confirma a tendência ao aumento da participação das mulheres no es-
paço público. Pode-se dizer que elas são herdeiras de campanhas e reivindicações
femininas que já têm mais de um século de história. Considerando-se os movimen-
tos femininos e feministas, bem como sua repercussão, é INCORRETO afirmar que:
a) o clima de rebeldia dos anos 1960 fortaleceu os movimentos feministas que reivin-
dicavam reformas igualitárias e liberdade sexual.
b) o movimento socialista europeu trazia, em sua pauta original, reivindicações femi-
ninas que enfatizavam as questões sociais.
c) as sufragistas foram líderes feministas que lutaram pela aprovação de reformas
legais que permitissem o divórcio e o aborto.
d) os fundamentalismos religiosos, apesar de suas diferenças, convergem na defesa
de papéis sociais tradicionais para as mulheres.

2 (UDESC 2018 — Adaptada) No ano de 1922 foi fundada a Federação Brasileira pelo
Progresso Feminino, a qual tinha como principais objetivos a batalha pelo voto e o
acesso das mulheres ao mercado de trabalho.
Analise as afirmações a respeito da participação das mulheres na vida pública e na
política nacional e assinale a alternativa correta.
I Em 1932, durante o governo de Getúlio Vargas, foi garantido o direito ao voto femi-
nino e à candidatura de mulheres.
II O acesso a métodos contraceptivos, saúde preventiva, proteção contra a violência
doméstica e equiparação salarial foram algumas das questões incorporadas pelo
movimento feminista, desde a década de 1960.
III A aprovação da lei Maria da Penha é considerada uma vitória do movimento fe-
minista na medida que visa punir, de forma efetiva, agressões sofridas no âmbito
social, familiar e doméstico.

a) Somente I e II estão corretas. c) Somente I e III estão corretas.


b) Somente II e III estão corretas. d) I, II e III estão corretas.
A mobilização das mulheres, como na Federação Brasileira pelo Progresso Feminino,
fundada em 1922, foi importante para a história do Brasil. Todas as afirmativas apre-
sentam pelo menos uma conquista que as mulheres obtiveram por meio de mobiliza-
ções sociais que garantem direitos individuais, sociais ou políticos. 81
17
AULA
ANARQUISMO NO BRASIL
NO INÍCIO DO SÉCULO XX

Resumo

O anarquismo no Brasil
Os anarquistas desenvolveram diversas atividades, como a fundação de escolas, cen-
tros de estudos, sindicatos e a realização de congressos operários.

As três principais fases:


1 1850-1888
• A imigração europeia passou a crescer com a proibição do tráfico de escravizados
em 1850. Nesse momento a classe trabalhadora enfrentou perseguições, devido às
crises políticas.
• A sociedade brasileira começou a ser influenciada por ideias anarquistas e so-
cialistas com a chegada desses imigrantes, especialmente portugueses, italianos
e espanhóis.

2 1889-1906
• Fim da escravidão e a Proclamação da República.
• Governo manteve os investimentos na imigração de europeus, que começaram a
manifestar seus posicionamentos políticos e a se rebelarem.
• Insurgência da imprensa anarquista, que contribuiu com a disseminação
desses ideais.

82
AULA 17
3 1907-1922
• Emergência da industrialização.
• Esforços para a disseminação do ideário anarquista, por meio de periódicos, esco-
las e centros de estudos populares.
• Fase de efervescência e lutas no movimento operário brasileiro (adoção
do anarcossindicalismo).
• Declínio devido à forte ação policial (prisões, torturas, deportações e expulsões
de líderes sindicais), além da fundação do Partido Comunista em 1922, que atraiu
mais atenção da classe operária.

Origem do termo
Do grego antigo anarkhia,
que significa sem Posicionamento político
governante. Historicamente ligado à
Ideal esquerda, também descrito
Abolição do Estado e como uma ramificação
criação de associações libertária das
comunais voluntárias. ideias socialistas.

Imprensa
Papel crucial de fomentar
e ampliar ideias,
Origens históricas ANARQUISMO mobilizando a opinião
Desenvolveu-se na primeira pública contra
metade do século XIX, a partir autoridades.
das ideias do anarquismo
individualista, de Max Stirner, e
do mutualismo, de Pierre-Joseph
Proudhon.
Auge do movimento

ADAPTAÇÃO/GETTY IMAGES
No século XIX até o início do
Correntes diferentes século XX, tendo mobilizado
Debate entre os estudiosos diretamente os movimentos
sobre as diversas correntes do sindicais de trabalhadores.
anarquismo, como o
individualista,
o mutualista, e até
mesmo o
anarcossindicalismo.

83
Na prática
O anarquismo buscava a abolição de qualquer forma de
intervenção estatal, em favor de uma sociedade descen-
tralizada e autônoma, baseada em associações voluntá-
Atividade 1 rias e princípios de autogestão.

(UFC 2002) A respeito do anarquismo, é correto afirmar que:


a) como doutrina, defendia a necessidade de eliminar qualquer forma de
intervenção estatal.
b) seus teóricos defendiam a intervenção do Estado na economia com o apoio
do operariado.
c) condenava a violência como meio de ação, angariando, assim, o apoio da
Igreja Católica.
d) sua difusão representou a primeira ruptura surgida no Partido Comunista da Rússia.
e) o movimento restringiu-se aos países da América do Sul.

Atividade 2

(UFF 2010 – Adaptada) Tomando como referência o fragmento de texto a seguir:

Os libertários – anarquistas e anarcossindicalistas – concentram sua atuação na vida


educativa, feita através da propaganda escrita e oral – jornais, livros, folhetos, revistas,
conferências, comícios, além de festas, piqueniques, peças teatrais –, no sentido de dis-
seminar o ideal libertário de emancipação social [...].
SFERRA, G. Anarquismo e anarcossindicalismo. São Paulo: Ática, 1987. p. 21.

1 Indique duas ideias ligadas ao movimento anarquista do século XIX e XX.


Duas ideias ligadas ao movimento anarquista que podem ser retiradas do texto acima são:

1. Participação da imprensa, com papel na divulgação do pensamento anarquista ao veicular ideias,

debates e manifestações de líderes e grupos anarquistas, ampliando sua influência na opinião pública.

2. Emancipação social, como ideal da criação de uma sociedade sem hierarquias e opressões, na

qual todos os indivíduos têm igual acesso aos recursos e à tomada de decisão, libertando os indiví-

duos das relações de exploração e dominação.


84
AULA 17
2 Analise a concepção de Estado defendida pelos anarquistas.
Os anarquistas veem o Estado como uma entidade opressiva que perpetua desigualdade e explora-

ção. Como apresentado no texto, é defendida a sua abolição em favor de uma sociedade descentrali-

zada e autônoma, baseada em associações voluntárias e autogestão.

O anarquismo é um sistema político e filosófico que não


Aprofundando prevê a presença do Estado, nem a divisão de classes
sociais ou instituições. O objetivo principal diz respeito
ao comunismo, entendido como a conquista de direitos
iguais para todos.

1 (ESPM 2011) Em conjunto com as grandes transformações econômicas, políticas e


sociais do século XIX, surgiram doutrinas e correntes ideológicas. Uma delas foi o
anarquismo, que pregava:
a) o respeito à propriedade privada, o controle demográfico e a observância da lei
natural da oferta e da procura.
b) a revolução socialista, o controle do Estado pela ditadura do proletariado,
o comunismo.
c) a erradicação do Estado, das classes, das instituições e tradições visando à ime-
diata instalação do comunismo.
d) a necessidade de um contrato entre os governados e o Estado, o imperativo da
moral e do bem comum como fundamentos do poder político.

2 (UERJ 2004 – Adaptada) No texto a seguir, está apresentado o seguinte princípio


do anarquismo:

Os anarquistas, senhores, são cidadãos que, em um século em que se prega por


toda a parte a liberdade das opiniões, acreditam ser seu dever recomendar a liberdade
ilimitada. [...] Os anarquistas propõem-se, pois, a ensinar ao povo a viver sem governo,
da mesma forma como ele começa a aprender a viver sem Deus.
Declaração dos Anarquistas, 1883.
VOILLIARD, O. et al. Documents d’Histoire Contemporaine (1851-1971). Paris: Armand Colin, 1964.

a) rejeição do poder instituído, negando a necessidade do Estado.


b) recusa das eleições, substituindo-as pelo sindicalismo revolucionário.
c) fim do Estado e da Igreja, favorecendo um partido cooperativista.
d) superioridade da ação profissional, buscando a independência da política.
A rejeição do poder instituído, negando a necessidade do Estado, é um dos princípios fun- 85
damentais do anarquismo.
18
AULA

A GREVE GERAL DE 1917

Resumo

Contexto geral
A greve fez parte de um contexto internacional de revoltas, de motins e de mobili-
zações grevistas, que ocorreu na segunda metade de 1917, e foi agravado pela Primeira
Guerra Mundial.
No cenário brasileiro, especialmente em São Paulo, a greve foi um movimento extre-
mamente complexo de reação dos trabalhadores às condições precárias de trabalho, ao
aumento dos preços dos produtos e à estagnação salarial. Associado ao anarcossindi-
calismo, o movimento coincidiu com a reorganização sindical e com a fundação de ligas
operárias. Entre suas demandas, estavam:
• o fim do trabalho noturno para mulheres;
• o fim do trabalho infantil;
• o estabelecimento de uma jornada de 8 horas de trabalho;
• o aumento salarial;
• o congelamento dos preços dos alimentos;
• a diminuição dos preços dos aluguéis.
De acordo com os jornais da época, a cidade de São Paulo ficou quase ingoverná-
vel, com manifestações, saques e confrontos de rua. Iniciada em São Paulo, a greve se
irradiou para várias partes do país, incluindo Porto Alegre e Curitiba. Ao todo, foram 109
greves em São Paulo, 32 no interior do estado, 63 no Rio de Janeiro, entre outras.

86
AULA 18
A Greve de 1917 foi bastante repri-
mida pelo governo, pelos empregadores
e pelas forças de segurança, levando a
prisões, torturas e mortes de líderes do
movimento. Contudo, suas revoltas sur-
tiram efeito, com conquistas e conse-

REPRODUÇÃO/COSTA NETO
quências exemplificadas pela ampliação
do debate trabalhista, pelo progresso na
legislação referente ao setor, pela per-
manência dos sindicatos e pela partici- Foto da Greve Geral de 1917
pação política dos trabalhadores.

Na prática

A divisão dos grupos


Vocês deverão se dividir nos três seguintes grupos temáticos:
• contexto socioeconômico no Brasil em 1917;
• a Greve Geral de 1917;
• as consequências da Greve Geral de 1917.
Cada um desses grupos trabalhará com momentos e, por consequência, com dados e
fontes diferentes.
Para ajudar na sua divisão interna, pensem nas três funções que seu grupo
deverá desenvolver:
• análise das fontes;
• interpretação das perguntas/roteiro (e outras perguntas pensadas por vocês!);
• confecção da resposta, seja ela em formato de resumo, de cartaz, de cena
teatral etc.
Vocês podem distribuir as tarefas dentro do grupo!

Grupo 1: Contexto socioeconômico no Brasil em 1917


Perguntas norteadoras que servirão como roteiro para a pesquisa:
1 Qual era a situação econômica do Brasil em 1917? Pensem na inflação, no cresci-
mento econômico, nos principais setores da economia etc.

87
2 Quais foram os principais problemas sociais e econômicos enfrentados pelos traba-
lhadores no Brasil nesse período? Observem os salários, as condições de trabalho,
as jornadas de trabalho etc.
3 Como a industrialização estava afetando as cidades brasileiras em 1917? Explorem a
urbanização, o crescimento das indústrias e a migração para as cidades.
4 Qual era o papel dos sindicatos e das associações trabalhistas em 1917? Procurem, nas
fontes, indícios das organizações, das suas demandas e dos seus posicionamentos.
5 Como o contexto político influenciou a situação socioeconômica do Brasil em 1917?
Pesquise brevemente sobre o governo da época e sobre suas políticas em relação
ao trabalho e à economia.

1º Congresso 1ª Guerra
Operário Mundial

REPRODUÇÃO/ATLAS HISTÓRICO DO BRASIL

Gráfico da quantidade de greves e de jornais operários em São Paulo, entre 1888 e 1923

88
AULA 18
[...] E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção
[...]
MORAES, V. O operário em construção. Letras. Disponível em: https://www.
letras.mus.br/vinicius-de-moraes/87332/. Acesso em: 19 set. 2024.

1 Qual era a situação econômica do Brasil em 1917? Pensem na inflação, no cresci-


mento econômico, nos principais setores da economia etc.
O Brasil, na década de 1910, estava enfrentando mudanças importantes em sua economia. O café

era o principal produto de exportação, e tinha um papel importante na nossa economia. A 1ª Guerra

Mundial teve efeitos ambíguos sobre a economia, pois, embora tenha estimulado a exportação de

café para os Aliados, também interrompeu o comércio com a Alemanha, além de acelerar a indus-

trialização para substituir produtos antes importados.

2 Quais foram os principais problemas sociais e econômicos enfrentados pelos tra-


balhadores no Brasil, nesse período? Observem os salários, as condições de traba-
lho, as jornadas de trabalho etc.
Os principais problemas enfrentados pelos trabalhadores das fábricas eram as condições de traba-

lho precárias, as jornadas exaustivas e a exploração das mulheres e das crianças. A população não

tinha acesso à educação nem à seguridade social mínima. A inflação era um problema que achatava

ainda mais os baixos salários dos trabalhadores.

89
3 Como a industrialização estava afetando as cidades brasileiras em 1917? Explorem a
urbanização, o crescimento das indústrias e a migração para as cidades.
A indústria de substituição, no início do século XX, no Brasil, gerou mudanças intensas nas cidades

brasileiras, especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, que passaram por uma rápida indus-

trialização. Essas cidades cresceram de maneira desordenada e passaram a acolher, em suas perife-

rias, os milhares de imigrantes europeus, além dos ex-escravizados, que mudaram para a cidade em

busca de melhores oportunidades.

4 Qual era o papel dos sindicatos e das associações trabalhistas em 1917?


Procurem, nas fontes, indícios das organizações, das suas demandas e dos
seus posicionamentos.
Os sindicatos e as associações de trabalhadores tinham um papel fundamental na organização e

na mobilização dos trabalhadores em busca de melhores condições de trabalho. Especialmente na

década de 1910, em que o movimento sindical estava passando por uma mobilização maior, devido à

industrialização acelerada e às condições precárias de vida, por causa da inflação dos produtos no

período de guerra. A presença dos sindicatos de tendências anarquistas propiciava ações sociais,

como escolas, atividades culturais e publicação de jornais.

5 Como o contexto político influenciou a situação socioeconômica do Brasil em 1917?


Pesquisem brevemente sobre o governo da época e sobre suas políticas em relação
ao trabalho e à economia.
O presidente do Brasil, entre 1914 e 1918, foi Wenceslau Brás. Ele foi eleito pelo acordo das oligar-

quias paulistas e mineiras, por meio da política do Café com Leite, que caracterizou a República

Velha. Ele enfrentou, no seu governo, uma série de revoltas populares, como a Guerra do Contestado

e a Greve Geral, todas reprimidas de forma violenta pelo Estado.

90
AULA 18
Grupo 2: A extensão da Greve Geral de 1917
Perguntas norteadoras que servirão como roteiro para a pesquisa:
1 Quais foram as principais cidades afetadas pela Greve Geral de 1917? Pensem nos
impactos específicos em cada uma delas.
2 Quais setores da economia foram mais impactados pela greve (ex.: indústrias,
transporte, comércio ou outros setores importantes)? Como?
3 Como a greve foi organizada e coordenada entre diferentes localidades e setores?
Explorem a logística da greve, desde a comunicação à coordenação.
4 Quais foram os principais protestos e ações durante a greve? Investiguem manifes-
tações, piquetes e outras formas de protesto.
5 Quais foram as reações das autoridades e dos empregadores frente à extensão da
greve? Pensem nas respostas do governo, dos empresários e das forças policiais,
em especial.

A Polícia entrou em ação. Começaram os choques com as multidões. Dos en-


contros resultaram vítimas de ambos os lados. Os operários não se podiam reunir
para tomar resoluções. Cada corporação lançava os seus memoriais de reivindi-
cações, quase todas coincidentes, na maioria delas. Mas uma ação de conjunto,
coordenada para a determinação do objetivo comum, não se tornava exequível
no momento, devido à impossibilidade de realização de assembleias sindicais. Foi
então que se constituiu o Comitê de Defesa Proletária, resultante de uma reunião
clandestina de militantes de várias categorias sindicais. Sua função não seria de
órgão diretor para expedir palavras de ordem. Sua missão seria de um núcleo de
relações e coordenador das reivindicações dos trabalhadores em agitação e priva-
dos de seus sindicatos e de seu organismo federativo.
CENTRO DE CULTURA SOCIAL (CCS). Traços biográficos de um homem extraordinário. Dealbar, ano 2, n. 17,
1968. Disponível em: https://ccssp.com.br/arquivos/Jornais/Dealbar/dealbar%2017.pdf. Acesso em: 19 set. 2024.
REPRODUÇÃO/WIKIPÉDIA

Operários e anarquistas marcham, portando bandeiras ne-


gras pela cidade de São Paulo, na Greve de 1917

91
REPRODUÇÃO/WIKIPÉDIA
Fábrica guardada por milícia do governo, durante a Greve de 1917,
em Porto Alegre

1 Quais foram as principais cidades afetadas pela Greve Geral de 1917? Pensem nos
impactos específicos em cada uma delas.
A Greve Geral de 1917 foi deflagrada no município de São Paulo, após uma série de mobiliza-

ções sindicais de associações de trabalhadores, em diversos bairros da cidade, especialmente no

Belenzinho, na Mooca, no Brás e no Cambuci. A greve se estendeu para outras cidades brasileiras,

como o Rio de Janeiro, Recife e Porto Alegre.

2 Quais setores da economia foram mais impactados pela greve (ex.: indústrias,
transporte, comércio ou outros setores importantes)? Como?
A Greve Geral do mês de julho de 1917 impactou fortemente a economia do país, afinal foram 50 mil

operários (10% da população de São Paulo) que paralisaram suas ações. Ela afetou intensamente o

setor de comércio, mas foi o setor industrial que mais sentiu o impacto, especialmente as fábricas

paulistas de tecidos, de chapéus, de sapatos, de móveis, de fósforos, de parafusos, de cerveja e

de farinha.

92
AULA 18
3 Como a greve foi organizada e coordenada entre diferentes localidades e setores?
Explorem a logística da greve, desde a comunicação à coordenação.
A Greve Geral de 1917 foi uma revolta contra a chamada “carestia da vida”, isto é, contra a alta de

preços. Contudo, ela ganhou a dimensão que teve devido à ação de uma série de militantes socialis-

tas e de anarquistas, e especialmente de uma imprensa operária e libertária. Entre as organizações

sindicais e associações de trabalhadores, destacaram-se: o Comitê Popular de Agitação, o Centro

Socialista Internacional, o Sindicato dos Canteiros de Ribeirão Pires, entre outros.

4 Quais foram os principais protestos e ações durante a greve? Investiguem manifes-


tações, piquetes e outras formas de protesto.
Os encaminhamentos da greve eram decididos por meio de assembleias populares, que ocorriam

periodicamente. Aconteciam também protestos e comícios nos bairros operários de São Paulo.

Contudo, a greve foi desencadeada pela paralisação dos funcionários (principalmente operárias) do

Cotonifício Crespi, que ganhou escala após a morte de alguns operários devido à repressão policial.

Muitas associações entraram em paralisação, optando por uma greve de “reivindicação” ou uma

greve de “solidariedade”.

5 Quais foram as reações das autoridades e dos empregadores frente à extensão da


greve? Pensem nas respostas do governo, dos empresários e das forças policiais,
em especial.
A reação da Força de Segurança Pública foi repressiva e violenta, com a perseguição das lideranças

grevistas (predominantemente anarquistas e socialistas). Os empregadores, por sua vez, aceita-

ram as reivindicações dos operários, mas muitos deles não as implantaram após a desmobiliza-

ção dos grevistas. Quanto às autoridades do Executivo, aumentaram o controle e a repressão das

lideranças sindicais.

93
Grupo 3: As consequências da Greve Geral de 1917
Perguntas norteadoras que servirão como roteiro para a pesquisa:
1 Quais foram as principais conquistas para os trabalhadores após a Greve Geral de
1917? Pesquisem as mudanças nas leis trabalhistas e na realidade dos operários.
2 Como a greve afetou o panorama político do Brasil? Ocorreram mudanças na le-
gislação ou na opinião pública?
3 Qual foi o impacto da greve nas relações entre trabalhadores e empregadores?
Pensem na burocracia da dinâmica entre as partes.
4 Como a Greve Geral de 1917 influenciou o movimento sindical no Brasil? Como
ficou a organização dos trabalhadores após a greve?
5 Quais foram as consequências sociais da Greve Geral para a população brasileira
em geral?

No enterro dessa vítima da reação foi uma das mais im-


pressionantes demonstrações populares até então verificadas
em São Paulo. Partindo o féretro da rua Caetano Pinto, no
Brás, estendeu-se o cortejo, como um oceano humano, por
toda a avenida Rangel Pestana até a então Ladeira do Carmo
em caminho da Cidade, sob um silencio impressionante, que
assumiu o aspecto de uma advertência. Foram percorridas
as principais ruas do centro. Debalde a Policia cercava os
encontros de ruas. A multidão ia rompendo todos os cordões,
prosseguindo sua impetuosa marcha até o cemitério. À beira
da sepultura revezaram os oradores, em indignadas mani-
festações de repulsa à reação [...] No regresso do cemitério,
uma parte da multidão reuniu-se em comício na Praça da Sé;
a outra parte desceu para o Brás, até à rua Caetano Pinto,
onde, em frente à casa da família do operário assassinado, foi
realizado outro comício.
CENTRO DE CULTURA SOCIAL (CCS). Traços biográficos de um homem
extraordinário. Dealbar, ano 2, n. 17, 1968. Disponível em: https://ccssp.com.br/
arquivos/Jornais/Dealbar/dealbar%2017.pdf. Acesso em: 19 set. 2024.

94
AULA 18
REPRODUÇÃO/WIKIPÉDIA
Funeral de José Martinez em direção ao cemitério do Araçá, no dia
11 de julho de 1917

Ao contrário do que prega a historiografia mais difundida, a proteção do trabalhador


não foi uma invenção de Getúlio Vargas, que assumiu o poder em 1930.
As primeiras leis trabalhistas do Brasil surgiram nas décadas de 1910 e 1920, na
Primeira República, depois que operários de diferentes categorias fizeram greves para
pressionar o empresariado e o poder público por direitos hoje corriqueiros, como o des-
canso no fim de semana. A mais célebre delas foi a grande greve de 1917, que paralisou a
cidade de São Paulo.
O que a CLT de Vargas fez foi compilar esses primeiros direitos trabalhistas e tam-
bém criar outras garantias que havia tempo eram pedidas.
O juiz Luiz Antonio Colussi, da Anamatra, entende que essa história, iniciada muito
antes de Getúlio Vargas e da CLT, deve servir de inspiração para os trabalhadores
de hoje:
— As garantias dadas ao trabalhador vieram à custa de muita luta e de sangue
derramado. Elas não caíram do céu. Os brasileiros têm que entender que, se desejam
conseguir novos direitos ou pelo menos não perder os atuais, precisam se informar, se
mobilizar, protestar e fazer pressão política. Os trabalhadores são, sim, agentes históricos
capazes de mudar a realidade.
WESTIN, R. CLT chega aos 80 anos com direitos do trabalhador sob disputa. Agência Senado, 28 abr. 2023.
Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2023/04/clt-chega-aos-80-anos-com-
direitos-do-trabalhador-sob-disputa. Acesso em: 19 set. 2024.

95
1 Quais foram as principais conquistas para os trabalhadores após a Greve Geral de
1917? Pesquisem as mudanças nas leis trabalhistas e na realidade dos operários.
A Greve Geral de 1917 conquistou uma série de direitos, que estavam sendo reivindicados pelos

proletários. Contudo, os acordos eram firmados por setores e pelas relações diretas entre patrões e

funcionários. Com isso, os acordos foram diferentes para cada área. No entanto, definitivamente, os

trabalhadores conquistaram, a partir dessa mobilização, um protagonismo maior e uma estrutura de

mobilização social, que possibilitariam novas conquistas políticas nas próximas duas décadas, até a

Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943.

2 Como a greve afetou o panorama político do Brasil? Ocorreram mudanças na legis-


lação ou na opinião pública?
O panorama político do Brasil mudou após 1917, porque um novo ator social se apresentou ao país,

o proletariado urbano. E as pautas reivindicadas pelo movimento dos trabalhadores passaram a

ser referências nos anos que se seguiram, desde a jornada de oito horas, até as acusações sobre o

trabalho infantil e a necessidade de uma seguridade social mínima. Essa mobilização foi decorrência

também dos jornais mantidos pelas associações de trabalhadores ou grupos anarcossindicalistas,

que passaram a expressar as pautas do movimento dos trabalhadores.

3 Qual foi o impacto da greve nas relações entre trabalhadores e empregadores?


Pensem na burocracia da dinâmica entre as partes.
O fim da greve foi acordado com empresários, que prometeram atender a algumas pautas dos grevistas,

como: elevar os salários em 20%, não demitir os grevistas, respeitar o direito de associação dos empre-

gados e “melhorar as condições morais, materiais e econômicas do operariado”. O poder público, por sua

vez, anunciou que libertaria os grevistas presos. Porém, a elite industrial paulista recuou de muitas reivin-

dicações após a desmobilização da greve. De qualquer forma, a greve de 1917 representou uma conquista

histórica: foi a primeira vez que o poder público brasileiro negociou com os trabalhadores.

96
AULA 18
4 Como a Greve Geral de 1917 influenciou o movimento sindical no Brasil? Como
ficou a organização dos trabalhadores após a greve?
A Greve Geral de 1917 deixou marcas entre os trabalhadores urbanos brasileiros. A principal delas foi

o desenvolvimento do movimento operário no Brasil, que já existia desde o início da industrialização,

mas ganhou outra escala após as ações de 1917. A greve impulsionou a formação de sindicatos e de

organizações que lutavam pela melhoria das condições de trabalho.

5 Quais foram as consequências sociais da Greve Geral para a população brasileira


em geral?
Os eventos de 1917 foram relevantes para consolidar os trabalhadores como sujeitos políticos e para

a formação de uma cultura de direitos, que incluiu tanto o direito civil de organização e associação

quanto o direito político de participar de uma democracia em que as organizações trabalhistas fos-

sem reconhecidas como entidades legítimas na sociedade.

97
Aprofundando

1 (UFPR 2018 – Adaptada)

REPRODUÇÃO/UFPR
Fotografia P&B. Domingo de julho de 1917. Operários em frente
à Sociedade Protetora dos Operários. Acervo Casa da Memória,
Curitiba

Sobre a questão operária e a Greve Geral de 1917, mostrada na imagem, assinale a


alternativa correta:
a) o operariado era composto principalmente por homens maiores de idade, já que o
trabalho infantil e o feminino haviam sido abolidos.
b) as greves tiveram pouca aderência popular, uma vez que o povo brasileiro queria
manter a ordem e evitar "excessos".
c) a frase "a questão social é um caso de polícia" se tornou bordão do governo, tendo
em vista a preocupação com os trabalhadores.
d) não há um consenso na História, mas é comum defini-la como uma
greve anarcossindical.
e) a participação do Partido Comunista Brasileiro foi fundamental na articulação dos
trabalhadores em 1917.
A passagem do século XIX para o XX foi marcada pelo fim da escravização no Brasil e pelo incipiente
processo de industrialização, que ganhou escala com a Grande Guerra na Europa, entre 1914 e 1918.
As condições dos trabalhadores eram terríveis, com baixos salários, jornadas de trabalho exaustivas,
sem direito a férias, à aposentadoria nem à assistência médica. Nesse contexto, os trabalhadores in-
tensificaram a mobilização social, utilizando jornais operários, sindicatos e associações de correntes
políticas diversas, mas que podem ser classificadas, de modo geral, como anarcossindicalistas.
98
AULA 18
2 (UNESP 2011 – Adaptada)
[...] 2.º Que seja respeitado do modo mais absoluto o direito de associação para
os trabalhadores;
3.º Que nenhum operário seja dispensado por haver participado ativa e ostensiva-
mente no movimento grevista;
4.º Que seja abolida de fato a exploração do trabalho dos menores de 14 anos
nas fábricas;
[...] 6.º Que seja abolido o trabalho noturno das mulheres;
7.º Aumento de 35% nos salários inferiores a 5$000 e de 25% para os mais elevados;
[...] 10.º Jornada de oito horas [...]
PINHEIRO, P. S.; HALL, M. O que reclamam os operários. A Plebe. A classe operária no
Brasil, 1889-1930. 21 set. 1917.

As reivindicações dos participantes da Greve Geral de 1917, em São Paulo,


indicam que:
a) os governos aceitavam os movimentos sociais, com convívio harmonioso.
b) o Brasil não tinha legislação trabalhista e, no geral, as condições de trabalho
eram ruins.
c) os trabalhadores já haviam conquistado os direitos plenos de associação e
de greve.
d) o Estado assumia o papel de intermediário, mantendo neutralidade nos conflitos.

Essa edição do jornal A Plebe é de 1917, ano da Greve Geral, em que o movimento operário tinha uma
série de reivindicações. Contudo, era considerado ilegal e duramente reprimido pelas forças policiais. As
reivindicações apresentadas pelo jornal comprovam que não havia proteção por leis trabalhistas mínimas
naquele ano.

99
19
AULA
A ERA VARGAS:
TRABALHISMO E O
ESTADO NOVO

Resumo

A chamada “Revolução de 1930”


Naquele ano, as eleições presidenciais haviam rompido com a chamada política
do Café com Leite, ou seja, com hegemonia das oligarquias cafeeiras no poder. Perante
a crise entre as oligarquias, a formação da Aliança Liberal lançou o candidato Getúlio
Vargas à presidência em oposição aos candidatos de São Paulo.
No final de julho, João Pessoa, que seria vice de Vargas, foi assassinado, levando ao
movimento político-militar que ficou conhecido como “Revolução de 1930”. Liderado por
Getúlio Vargas e com apoio dos tenentes, o movimento depôs Washington Luís em outu-
bro de 1930 e o poder foi transferido a Vargas.
A partir disso, Vargas ficaria no poder por 15 anos, divididos como: governo provisório,
governo constitucional e Estado Novo.
Ao longo de sua presidência, Vargas teve alguns feitos, como:
• suspenção da Constituição e dissolução do Congresso;
• aprofundamento da política trabalhista (com a criação do Ministério do Trabalho,
políticas favoráveis aos trabalhadores e concessão de direitos);
• constituição com direito ao voto feminino.
É importante destacar que o Estado Novo foi um momento da Era Vargas que con-
sistiu em um regime autoritário que centralizou o poder, suprimiu a oposição e censu-
rou a mídia.

100
AULA 19
FREDMODULARS/WIKIMEDIA COMMONS
Getúlio Vargas com outros líderes de 1930, em Itararé,
São Paulo, após a derrubada de Washington Luís

Na prática

Atividade 1

Observe a imagem abaixo e, na sequência, responda:

REPRODUÇÃO/BIBLIOTECA NACIONAL

Getúlio Vargas em uma corda bamba na qual está escrita a palavra “Constituição” é anunciado
pelo palhaço: “Respeitável público! O artista famoso, já conhecido em números arriscados
sobre o solo vai agora se exibir no arame”. “Um número novo”; charge da revista Careta de 1934

101
1 O que podemos afirmar sobre o início da Era Vargas?
O início da Era Vargas foi marcado pela Revolução de 1930, que teve origem na quebra da política do

Café com Leite e na crise entre as oligarquias paulistas e mineiras. Getúlio Vargas liderou o movi-

mento político-militar que resultou na deposição do presidente Washington Luís, inaugurando uma

fase de transformações políticas e sociais no Brasil.

2 Na charge “Um número novo”, publicada na revista Careta em 1934, você diria que
há crítica à Constituição? Por quê?

Na charge “Um número novo”, de 1934, Getúlio Vargas é representado equilibrando-se em uma

corda que simboliza a Constituição. A crítica na charge reflete as ações de Vargas ao suspender a

Constituição e dissolver o Congresso após assumir a presidência. A representação faz referência à ins-

tabilidade política e à incerteza quanto às mudanças no novo modelo de Estado proposto por Vargas.

Atividade 2

Com base no trecho a seguir, responda:

A sistematização e ampliação da legislação trabalhista se deu com a Consolidação


das Leis do Trabalho (CLT), em junho de 1943. [...]
Desde a Constituição de 1934, previa-se que a lei estabeleceria um salário-mínimo,
capaz de satisfazer às necessidades do trabalhador, conforme as condições de cada
região. Mas somente em maio de 1940 surgiu um decreto-lei nesse sentido. [...] Em um
primeiro momento, de fato, quando da fixação inicial, o salário-mínimo correspondia a
seus objetivos expressos. Foi com o correr dos anos que se deteriorou, até converter-se
em uma importância irrisória.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2024.

102
AULA 19
1 Durante a chamada Era Vargas foi criada uma série de reformas trabalhistas. Cite
algumas de suas consequências para a classe trabalhadora.

Durante a Era Vargas, várias reformas trabalhistas foram implementadas, trazendo benefícios para a

classe trabalhadora. Algumas consequências incluem a garantia da jornada de trabalho de oito ho-

ras, a regulamentação do trabalho da mulher e do menor, o direito às férias, a instituição da carteira

de trabalho e o estabelecimento do direito a pensões e aposentadoria.

2 Qual era o interesse de Getúlio Vargas em atender aos interesses da classe


trabalhadora? Explique.
O interesse de Getúlio Vargas em atender aos interesses da classe trabalhadora estava ligado à

necessidade de estabilizar a situação social e política do país. As mobilizações das organizações

sindicais e políticas da classe operária foram consideradas os principais fatores de tensão social que

contribuíram para a queda da Primeira República. Vargas buscou construir uma imagem de protetor

dos trabalhadores, utilizando medidas trabalhistas como forma de apaziguar as tensões e fortalecer

sua base de apoio político.

Aprofundando

1 (ENEM 2011 – Adaptada)


É difícil encontrar um texto sobre a Proclamação da República no Brasil que não cite
a afirmação de Aristides Lobo, no Diário Popular de São Paulo, de que “o povo assistiu
àquilo bestializado”. Essa versão foi relida pelos enaltecedores da Revolução de 1930,
que não descuidaram da forma republicana, mas realçaram a exclusão social, o milita-
rismo e o estrangeirismo da fórmula implantada.
MELLO, M. T. C. A república consentida: cultura democrática e científica no final do Império. Rio de Janeiro: FGV,
2007. (adaptado)

Os defensores da Revolução de 1930 procuraram construir uma visão negativa de 1889,


porque era uma maneira de:

103
a) valorizar as propostas políticas democráticas e liberais vitoriosas.
b) resgatar simbolicamente as figuras políticas ligadas à Monarquia.
c) criticar a política educacional adotada durante a República Velha.
d) legitimar a ordem política inaugurada com a chegada desse grupo ao poder.
e) destacar a ampla participação popular obtida no processo da Proclamação.
1. A Revolução de 1930 representa a insatisfação de grupos oligárquicos dissidentes da política do Café
com Leite. Ao obter o poder, o grupo político de Vargas pretende angariar o apoio de classes sociais que

2 (IMEPAC 2023 – Adaptada) estavam cada vez mais presentes em uma sociedade em processo de urbanização (proletários e uma
classe média em formação). Sendo assim, esse novo período, que será chamado de Era Vargas, busca
criticar e desqualificar todo o período da República
Velha para legitimar a nova ordem política e buscar a
adesão desses novos segmentos da sociedade.

2. A Revolução
REPRODUÇÃO/WIKIPÉDIA

Constitucionalista de 1932
foi um movimento liderado
pelas oligarquias paulistas em
prol da convocação de uma
Assembleia Constituinte que
resultasse na promulgação de
Cartaz paulista com a figura de um uma nova constituição para o
Brasil e, consequentemente,
bandeirante gigante, símbolo de na saída de Vargas do poder
São Paulo, segurando um minús- “provisório”. Essa mobilização
ocorreu devido à insatisfação
culo Getúlio Vargas em suas mãos da elite paulista por ter perdido
com a frase “Abaixo à Ditadura” a hegemonia e o protagonismo
político com a “Revolução
de 1930”.
O cartaz apresentado foi produzido pelo movimento paulista conhecido como
Revolução Constitucionalista de São Paulo, de 1932. Essa revolta foi motivada pela:
a) insatisfação da elite paulista com o golpe, que retirou a sua hegemonia política.
b) indignação com uma constituição que desagradava os interesses paulistas.
c) condução do Estado Novo, que adotava medidas de traços fascistas.
d) exclusão dos paulistas na elaboração da nova constituição, considerada autoritária.
104
A ERA VARGAS: MUDANÇAS

20
AULA
ECONÔMICAS, POLÍTICAS
E SOCIAIS E O FIM DO
ESTADO NOVO

Resumo

A Era Vargas: transformações


e desenvolvimento
Ocorrida entre os anos de 1930 e
1945, a Era Vargas trouxe novas bases
sociais e econômicas ao país, promo-
vendo a modernização, mas, ao mesmo
tempo, empregando estratégias de con-
trole. Algumas das principais medidas de
Getúlio Vargas foram:

REPRODUÇÃO/ WIKIPEDIA
. Política trabalhista
Transformações significativas
nas relações trabalhistas, com
leis trabalhistas inovadoras, esta- Propaganda de 1938 mostrando
belecendo jornadas de trabalho, Getúlio Vargas ao lado de crianças.
direito a férias remuneradas e a Transcrição do texto:
criação da Consolidação das Leis "Crianças! Aprendendo, no lar e nas es-
do Trabalho (CLT) em 1943. Essas colas, o culto da Pátria, trareis para a vida
prática todas as possibilidades de êxito.
medidas visavam melhorar as
Só o amor constrói e, amando o Brasil,
condições de trabalho e fortale- forçosamente o conduzireis aos mais al-
cer a imagem do governo perante tos destinos entre as Nações, realizando
os trabalhadores. os desejos de engrandecimento aninha-
dos em cada coração brasileiro."

105
. Modernizações
Durante a Era Vargas, o Brasil passou por significativas mudanças econômicas
e sociais. Vargas impulsionou setores industriais (criando algumas estatais) e
reduziu a dependência da economia agrária. Isso incluiu investimentos em infra-
estrutura, como estradas e energia, promovendo o desenvolvimento industrial e
tecnológico. Essa infraestrutura também impactou a vida social, contando com
políticas sanitárias, de bem-estar, habitação e reformas no ensino.

. Propaganda política e o DIP


. Vargas utilizou-se de maneira hábil dos recursos da propaganda política.
Controlando os meios de comunicação da época, como rádio e imprensa, ele cons-
truiu uma imagem de líder que se preocupava com as necessidades do povo.

A Crise de 1929 teve um efeito negativo na economia brasileira, de-


Na prática vido à redução da exportação de café (principal ativo econômico do
país no período). Essa quebra impactou diretamente na economia
brasileira, limitando a entrada de dividendos e reduzindo a capaci-
dade de importações que o Brasil poderia fazer. Assim, acentuou a
necessidade de produzir aqui o que não mais poderia ser comprado
Atividade 1 do exterior. Além disso, a industrialização fazia parte da política eco-
nômica varguista, defensor da intervenção estatal na economia.

(ENEM 2019) Perante o cenário econômico descrito, o Estado brasileiro assume, a par-
tir de 1930, uma política de incentivo à:

a) industrialização interna para


A depressão que afetou a economia substituir as importações.
mundial entre 1929 e 1934 se anunciou,
ainda em 1928, por uma queda gene- b) nacionalização de empresas
ralizada nos preços agrícolas interna- estrangeiras atingidas pela crise.
cionais. Mas o fator mais marcante foi c) venda de terras a preços acessíveis
a crise financeira detonada pela quebra para os pequenos produtores.
da Bolsa de Nova Iorque.
d) entrada de imigrantes para
CAPELATO, M. H. Propaganda política e controle trabalhar nas indústrias de
dos meios de comunicação. In: PANDOLFI,
D. (org.). Repensando o Estado Novo. Rio base recém-criadas.
de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1999.
Disponível em: https://repositorio.fgv.br/server/ e) abertura de linhas de financia-
api/core/bitstreams/9adafbd5-2e39-4da7-bfa8- mento especial para empresas do
d75558ba3344/content. Acesso em: 20 set. 2024.
setor terciário.

106
AULA 20
Atividade 2

Leia o trecho ao lado e, na sequência, responda:

A imprensa foi […] controlada e manipulada no varguismo. […] As empresas jornalísti-


cas só podiam se estabelecer se obtivessem registros concedidos […]. O chefe do Estado
Novo propôs estabelecer relação direta com as massas e levar em conta suas aspirações
para ganhar-lhes o apoio. […] Consulta dos anseios populares. Durante o regime autoritá-
rio, os meios de comunicação cumpriram esse papel; além disso, divulgaram as atividades
e qualidades do chefe e seus auxiliares, a fim de que fossem tomados como modelo de
virtudes pelos cidadãos. […] Havia íntima relação entre censura e propaganda […].
CAPELATO, M. H. Propaganda política e controle dos meios de comunicação. In: PANDOLFI, D. (org.).
Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999.

1 Qual era a estratégia do governo de Getúlio Vargas ao utilizar a imprensa como


meio de consulta dos anseios populares?

A estratégia do governo de Vargas ao utilizar a imprensa visava ganhar o apoio da população, então

ele usou a imprensa para se comunicar diretamente com as pessoas, buscando atender às suas

aspirações. Ao estabelecer a imprensa como um órgão de consulta, o governo procurava criar uma

imagem positiva de si mesmo, divulgando suas atividades e qualidades. Essa estratégia era parte do

esforço para consolidar o apoio popular ao regime autoritário.

2 Algumas das atribuições do Departamento de Imprensa e Propaganda eram promo-


ver, organizar e patrocinar atividades do governo. Pesquise imagens que revelem o
caráter de exaltação de Getúlio Vargas como chefe de Estado associado ao traba-
lhismo e, com base nas imagens, explique sua interpretação em um texto curto.
Apesar dessa resposta ser livre, ela deve conter elementos como:

• reforço de sua autoridade e patriotismo;

• identificação e apoio à classe trabalhadora;

• simbolismos de progresso e modernização.

107
Aprofundando

1 (ENEM 2017 – Adaptada) O controle sobre os meios de comunicação foi uma me-
dida do Estado Novo que visava:

Durante o Estado Novo, os encarregados da pro-


paganda procuraram aperfeiçoar-se na arte da em-
polgação e envolvimento das "multidões" através das
mensagens políticas. Nesse tipo de discurso, o signifi-
cado das palavras importa pouco, pois, como declarou
Goebbels, "não falamos para dizer alguma coisa, mas
para obter determinado efeito".
CAPELATO, M. H. Propaganda política e controle dos meios de
comunicação. In: PANDOLFI, D. (org.). Repensando o Estado
Novo. Rio de Janeiro: FGV, 1999.

a) estender a participação democrática dos meios de comunicação no Brasil.


b) alargar o entendimento da população sobre as intenções do novo governo.
c) conquistar o apoio popular na legitimação do novo governo.
d) ampliar o envolvimento das multidões nas decisões políticas.
e) aumentar a oferta de informações públicas para a sociedade civil.

O Estado Novo estabeleceu um Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Esse órgão


tinha como função realizar a propaganda oficial com o intuito de exaltar os feitos do governo
varguista. Era também o órgão responsável pela censura e pelo silenciamento dos opositores.
A propaganda política oficial mais a censura dos opositores buscavam garantir o apoio popular
ao governo e enfraquecer os grupos sociais contrários ao modo autoritário de governar.

108
21
AULA A ERA VARGAS:
NACIONALISMO, OPOSIÇÃO
E CRISE POLÍTICA

Resumo

Entre os principais motivos para o fim do Estado Novo, temos:


• Contexto internacional: pressões externas e a Segunda Guerra Mundial.
• Crise interna: descontentamento popular e militar com o regime autoritário, inte-
ressado no retorno à democracia.
• Queda de Vargas: pressão militar e sua renúncia em 1945.

As oposições políticas a Getúlio Vargas se concentravam em dois


principais grupos:
1 Ação Integralista Brasileira (AIB)
Liderada por Plínio Salgado, defendia a ideologia fascista, inspirada em regimes tota-
litários europeus, com valores nacionalistas, autoritarismo e anticomunismo. Colaborou
com o novo governo, alinhando-se aos interesses do Estado Novo e contribuindo para a
formação de um Estado mais centralizado.
Durante o Estado Novo (1937-1945), a AIB foi incorporada ao governo, perdendo a au-
tonomia. Com o fortalecimento do autoritarismo, as atividades da AIB foram suprimidas, e
o grupo perdeu relevância política.
2 Aliança Nacional Libertadora (ANL)
Liderada por Luís Carlos Prestes e pelo Partido Comunista, tinha orientação comu-
nista, buscando a defesa dos interesses populares, a justiça social e o combate à opres-
são. Com forte engajamento na luta contra as desigualdades e injustiças, era inspirada
nas ideias marxistas.

109
Inicialmente, a ANL apoiou o movimento contra a oligarquia, mas logo se colocou
contra o modo autoritário de Vargas. Tornou-se opositora do governo após a repressão à
Intentona Comunista de 1935, que era liderada por membros da ANL. Foi declarada ilegal
e perseguida pelo governo, o que marcou a repressão contra movimentos de esquerda
no Brasil.

O movimento internacional impactou muito a vivência


política brasileira:
No período da Guerra Fria, o Brasil passou a apoiar os EUA, com abertura ao capital
estrangeiro, mas houve aumento da inflação e congelamento de salários, sem melhoria
na condição de vida da população. Em 1950, Getúlio Vargas foi eleito presidente nas
eleições diretas, já que em sua campanha relembrou as realizações trabalhistas feitas
em seu governo. Ele iniciou seu novo mandato em 1951, mas havia uma ampla campanha
contra Getúlio. Acusado e pressionado, Vargas tirou a própria vida em 24 de agosto de
1954, deixando uma carta-testamento que explicitava suas razões.

Com acusações de fraudes Sob nova Vargas Vargas tira


eleitorais, o movimento Constituição, Vargas é É aprovada a retorna ao a própria
revolucionário coloca Getúlio eleito, indiretamente, Consolidação poder, por vida no
Vargas como chefe do presidente da das Leis do eleição Palácio
Governo Provisório. República. Trabalho. direta. do Catete.

1930 1934 1943 1950 1954

1932 1937 1945 1953


Revolução Vargas dissolve o Vargas é Criação da
Constitucionalista Congresso e deposto. Petrobras.
se contrapõe inicia o Estado
a Vargas, mas Novo.
movimento é
logo abafado.

Linha do tempo da Era Vargas na política

110
AULA 21
Na prática

Atividade 1

(UFPI 2008)

Os acontecimentos históricos ocorrem, sempre, em conexão com outros aconte-


cimentos, de modo que, quando falamos de uma época, estamos nos referindo a um
ambiente dentro do qual os acontecimentos expressam, limitam as ações dos sujei-
tos. Pode-se dar o seguinte exemplo para essa afirmação: em 1932, sob a liderança do
literato Plínio Salgado, foi organizado, no Brasil, um movimento político cuja inspiração
vinha da Europa, sendo profundamente influenciado por um movimento político europeu
em ascensão na época, o qual apresentava como uma de suas metas prioritárias comba-
ter um outro movimento político em expansão na Europa.

Os três movimentos referidos são, respectivamente:


Os acontecimentos históricos se
a) o liberalismo, o socialismo e o comunismo. conectam com a criação da Ação
b) o integralismo, o nazifascismo e o comunismo. Integralista Brasileira, sob comando do
jornalista Plínio Salgado, que possuía
c) o anarquismo, o comunismo e o integralismo. grande influência dos movimentos
nazifascistas da Europa, e tinha como
d) o integralismo, o fascismo e o nazismo. objetivo combater o comunismo
no Brasil.
Atividade 2

Após ler o trecho a seguir, responda:

Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente


se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e
não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação,
para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os
humildes. Sigo o destino que me é imposto. [...]
À campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se a dos grupos nacionais
revoltados contra o regime de garantia do trabalho. [...] Contra a justiça da revisão do salá-
rio-mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização
das nossas riquezas através da Petrobras e, mal começa esta a funcionar [...]. Tenho lutado
mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante [...]. Nada mais vos
posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém,

111
querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. [...].
Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente
dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.
Getúlio Vargas. Rio de Janeiro, 24 ago. 1954.
Carta-Testamento de Getúlio Vargas. Portal da Câmara dos Deputados. Disponível em: https://www2.camara.
leg.br/atividade-legislativa/plenario/discursos/escrevendohistoria/getulio-vargas/carta-testamento-de-getulio-
vargas. Acesso em: 25 set. 2024.

1 Por que a política econômica nacionalista de Vargas enfrentou oposição? Quem


seriam os opositores à sua política, que ele menciona na carta-testamento?

A política nacionalista de Vargas enfrentou oposição porque buscava controlar o capital nacional e

os recursos naturais pelo Estado, desagradando setores da elite empresarial e grupos insatisfeitos

com as medidas intervencionistas. Os opositores mencionados na carta-testamento incluíam grupos

nacionais que se opunham, por exemplo, à revisão do salário mínimo; e grupos internacionais que,

de fora do país, o pressionavam contra suas políticas nacionalistas.

2 Explique a relação entre o texto da carta e o trabalhismo. Qual era a avaliação de


Vargas de seu próprio governo?

A carta-testamento de Vargas reflete sua defesa do trabalhismo, evidenciando seu compromisso

com as classes populares e a potencialização das riquezas nacionais por meio da Petrobras.

Segundo a ótica de Vargas, ele enfrentou o ódio por tentar criar a liberdade nacional e resistiu a

pressões constantes em prol do povo brasileiro. Sua avaliação do próprio governo, expressa na carta,

indica uma narrativa de luta e resistência em favor do povo.

112
AULA 21
A Intentona Comunista de 1935 serviu de justificativa para o re-
Aprofundando gime varguista enaltecer a necessidade de defesa da Segurança
Nacional, para transformar o Estado Democrático em Estado po-
licialesco e autoritário. A concretização desse movimento político
ocorreu em 1937, com a criação do Estado Novo.
1 (UNESP) Decretada a extinção da Aliança Nacional Libertadora em 1935, seus
membros, os não moderados, organizaram a insurreição comunista que foi abafada
pelo Governo Vargas. Assinale a alternativa que apresenta a ação política subse-
quente e relacionada com a referida insurreição:
a) a proposta anti-imperialista e antilatifundiária, contida no programa da ANL, foi
completamente abandonada.
b) Vargas, em proveito de seus planos ditatoriais, explorou o temor que havia
ao comunismo.
c) dois meses após a Intentona, todos os presos políticos que aguardavam julga-
mento foram colocados em liberdade.
d) a campanha anticomunista das classes dominantes contribuiu para que Vargas
abandonasse seus planos continuístas.
e) os revoltosos só se renderam depois de proclamada a suspensão definitiva do
pagamento da dívida externa.

2 (ENEM 2021)
Quando Getúlio Vargas se suicidou, em agosto de 1954, o país parecia à beira do
caos. Acuado por uma grave crise política, o velho líder preferiu uma bala no peito à
humilhação de aceitar uma nova deposição, como a que sofrera em outubro de 1945.
Entretanto, ao contrário do que imaginavam os inimigos, ao ruído do estampido não se
seguiu o silêncio que cerca a derrota.
REIS FILHO, D. A. O Estado à sombra de Vargas. Nossa História. n. 7, maio 2004.

O evento analisado no texto teve como repercussão imediata na política nacional a


a) reação popular.
b) intervenção militar.
c) abertura democrática.
d) campanha anticomunista.
e) radicalização oposicionista. O suicídio de Vargas acirrou as tensões sociais e foi acom-
panhado de forte repercussão popular, sobretudo entre
os trabalhadores.

113
CIÊNCIAS
1
AULA

O QUE É CIÊNCIA?

Resumo

A Ciência, como processo investigativo, busca compreender o mundo natural por meio
de experimentos e observações, gerando conclusões provisórias e adaptando-se conforme
novas evidências surgem. Um exemplo desse processo é o trabalho de Ignaz Semmelweis
no século XIX, quando ele investigou a alta mortalidade entre puérperas em um hospital de
Viena. Semmelweis, mediante observação, formulou hipóteses para explicar o fenômeno,
atribuído a miasmas, superlotações e até rituais religiosos, mas todas foram descarta-
das. Ignaz pressupôs que a falta de higienização das mãos pelos profissionais, os quais
transitavam da sala de necrópsias para a sala de partos, era a causa da alta mortalidade,
e, ao implementar sua experimentação, a prática de lavar as mãos com cal clorado, no-
tou que as mortes diminuíram, concluindo então que essa prática impedia a ação das
“partículas cadavéricas”.
Embora Semmelweis tenha sido pioneiro, foi o trabalho de outros cientistas, como
Louis Pasteur e Robert Koch, que permitiu uma compreensão completa das causas das
infecções. Suas contribuições consolidaram a teoria dos germes e estabeleceram a prá-
tica de higienização como um consenso científico.
Além de resolver problemas específicos, a Ciência é essencial na formação de
consensos que aumentam a confiabilidade das informações e impulsionam o desen-
volvimento da sociedade. Exemplos contemporâneos incluem os consensos cien-
tíficos em torno das mudanças climáticas e da vacinação, que são fruto de anos de
pesquisa colaborativa.
Assim, a Ciência é um esforço coletivo e dinâmico que visa fornecer as melhores
explicações possíveis para os fenômenos naturais, utilizando as melhores ferramen-
tas e técnicas disponíveis.

116
AULA 1
Problema: alta mortalidade entre puérperas.

Formulação de hipóteses.

Hipótese 1: Hipótese 2: superlotação Hipótese 3: sino tocado Hipótese 4: falta de


miasmas. na ala das parteiras. durante a extrema-unção. higienização das mãos.

Experimentos e observações.

Descartadas as hipóteses 1, 2 e 3.

Implementação da prática de lavar as mãos com cal clorado.

Redução da mortalidade.

Rejeição inicial pela comunidade médica.

Trabalhos subsequentes de Pasteur e Koch.

Compreensão completa das infecções e consolidação da higienização.

117
1. O processo científico é caracterizado por sua natureza colaborativa e em cons-
Na prática tante aprimoramento. Os cientistas trabalham juntos para testar hipóteses, rea-
lizar experimentos e revisar os resultados. As conclusões que emergem dessas
investigações são provisórias e estão sempre sujeitas a revisões conforme novas
evidências e avanços tecnológicos aparecem. A ciência, portanto, busca consen-
sos científicos, que são acordos baseados nas melhores evidências disponíveis
Atividade 1 em um dado momento, mas que podem ser modificados com o tempo.

Qual das seguintes afirmações sobre o que é ciência é correta?


a) O processo científico busca encontrar verdades absolutas e imutáveis que não são
influenciadas por novos avanços tecnológicos nem por descobertas.
b) A Ciência é uma atividade dogmática que não aceita mudanças em seus consensos,
mesmo que novas evidências surjam.
c) O processo científico é coletivo e dinâmico, com conclusões provisórias que po-
dem ser modificadas com o tempo e com novos avanços tecnológicos, visando
estabelecer consensos.
d) Cientistas trabalham de forma isolada, desenvolvendo teorias pessoais que são adota-
das como verdadeiras sem revisão ou discussão coletiva.
e) A Ciência não considera o contexto histórico e social das suas descobertas, tratando-
-as como universais e invariáveis.

Aprofundando

1 Com base no caso de Ignaz Semmelweis, qual é a ordem correta do processo de


geração do conhecimento científico?
a) Observação > experimento > hipótese > resultados > conclusão.
b) Hipótese > observação > experimento > resultados > conclusão.
c) Experimento > hipótese > observação > resultados > conclusão.
d) Conclusão > observação > hipótese > experimento > resultados.
e) Observação > hipótese > experimento > resultados > conclusão.
O processo científico geralmente segue esta sequência:
Observação: o cientista observa um fenômeno ou problema que desperta curiosidade ou preocupação, como foi o
caso de Ignaz Semmelweis ao notar a alta mortalidade entre puérperas.
Hipótese: com base nas observações, o cientista formula uma hipótese, ou seja, uma possível explicação para o
fenômeno. Semmelweis levantou várias hipóteses, como a teoria dos miasmas.
Experimento: a hipótese é testada por intermédio de experimentos. Semmelweis testou suas hipóteses por meio de
mudanças práticas, como a interrupção do toque do sino ou a implementação da lavagem das mãos.
Resultados: o cientista coleta e analisa os dados obtidos durante os experimentos. Semmelweis observou que a
higienização das mãos reduziu drasticamente a mortalidade.
Conclusão: finalmente, o cientista tira conclusões baseadas nos resultados dos experimentos, que podem confirmar
ou refutar a hipótese original. Semmelweis concluiu que a falta de higienização era a causa das mortes.
118
2
AULA
ETAPAS DO PROCESSO DE
INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

Resumo

A Ciência é uma construção humana, e seu impacto na sociedade depende de como


os conhecimentos científicos e tecnológicos são aplicados e das pessoas que a desen-
volvem. Um exemplo histórico de impacto negativo é o Projeto Manhattan, liderado por
Robert Oppenheimer, que resultou no desenvolvimento da bomba atômica. Essa tecnolo-
gia, baseada na fissão nuclear, provocou a morte de 110 a 210 mil pessoas em Hiroshima e
Nagasaki, mostrando como o desenvolvimento científico pode ter consequências devas-
tadoras quando utilizados em contextos de guerra.
Além disso, existem práticas que se apropriam do prestígio da Ciência sem seguir
seus métodos de forma rigorosa, e são conhecidas como pseudociências. Um outro
exemplo, da história de nosso país, foram algumas práticas envolvidas com a eugenia hu-
mana, que tentavam justificar cientificamente algumas segregações sociais. Carl Sagan,
em seu livro O mundo assombrado pelos demônios, critica o processo anticientífico com
o exemplo do “dragão invisível”. Nesse exemplo, Sagan demonstra como afirmações não
testáveis e irrefutáveis são anticientíficas, sublinhando que a Ciência exige que as afirma-
ções possam ser verificadas e refutadas, com o ônus da prova recaindo sobre quem faz
a afirmação.
O método científico é essencial para a garantia da validade dos resultados e segue
um conjunto de etapas que incluem a identificação do problema, a formulação de per-
guntas específicas, a proposição de hipóteses testáveis, a experimentação e observação,
a coleta e análise de dados e, finalmente, a interpretação destes para confirmar ou refutar
a hipótese.
Vejamos as características a seguir:

119
 ­€ ­‚ ­€ ƒ„ ­€

    


   
      
      
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            
         
          
              ­ 
             €

Elaborada especialmente para a aula.

Na prática

Atividade 1

Um professor quer investigar o crescimento das plantas e coloca algumas em lo-


cais com diferentes intensidades de luz. Qual etapa do método científico está
sendo realizada?
a) Problema: identificação do baixo crescimento das plantas.
b) Questionamento: perguntar se a quantidade de luz está afetando o crescimento
das plantas.
c) Hipótese: as plantas crescerão melhor com mais luz.
d) Experimentação/Observação: colocar as plantas em diferentes condições de luz e
monitorar o crescimento.
e) Resultados: medir a altura das plantas após um mês.
A etapa de observação ou experimentação é aquela em que você
efetua a experimentação para a verificação das hipóteses.

120
AULA 2
Aprofundando

1 (FUVEST) O tema “teoria da evolução” tem provocado debates em certos locais


dos Estados Unidos da América, com algumas entidades contestando seu ensino
nas escolas. Nos últimos tempos, a polêmica está centrada no termo teoria que, no
entanto, tem significado bem definido para os cientistas. Sob o ponto de vista da
ciência, teoria é:
a) sinônimo de lei científica, que descreve regularidades de fenômenos naturais, mas
não permite fazer previsões sobre eles.
b) sinônimo de hipótese, ou seja, uma suposição ainda sem
comprovação experimental.
c) uma ideia sem base em observação e experimentação, que usa o senso comum
para explicar fatos do cotidiano.
d) uma ideia, apoiada no conhecimento científico, que tenta explicar fenômenos natu-
rais relacionados, permitindo fazer previsões sobre eles.
e) uma ideia, apoiada pelo conhecimento científico, que, de tão comprovada pelos
cientistas, já é considerada uma verdade incontestável.
A teoria é um conjunto de conceitos, definições e proposições que se relacionam entre si em uma
visão sistemática e que buscam explicar e prever fenômenos da realidade.

121
3
AULA
ACESSO À INFORMAÇÃO
CIENTÍFICA

Resumo

Atualmente, a ciência enfrenta novos desafios devido ao grande número de pessoas


envolvidas direta e indiretamente com a sua elaboração e divulgação, especialmente após
o advento da internet, que facilitou, e muito, a comunicação. Nesse contexto, é essencial
discutir a importância de acessar fontes de informação de qualidade e de analisar critica-
mente a produção científica. Temas como vacinas e mudanças climáticas estão frequen-
temente em debate público e são alvos de discussões que fogem do consenso científico
atual. Além dos interesses políticos e econômicos, o desconhecimento sobre o processo
científico e a falta de entendimento sobre a confiabilidade das informações contribuem
para essas descrenças.
Logo, é importante saber avaliar se uma informação é verdadeira ou falsa, e para nos
ajudar nisso é importante analisar alguns aspectos como:
1 Verificar a fonte: procure saber se a fonte é confiável e reconhecida.
2 Checar os dados: busque evidências que corroboram a informação, como dados
de pesquisa ou estudos.
3 Considerar o viés: analise se a informação apresenta um viés claro ou tem um
propósito específico.
4 Comparar com outras fontes: busque a mesma informação em diferentes veículos
de comunicação respeitados.
5 Data de publicação: confira se a informação é atual, pois dados antigos podem
estar desatualizados ou incorretos.

122
AULA 3
Na prática

Atividade 1

Qual das alternativas a seguir é uma maneira eficaz de avaliar a veracidade de


informações científicas, especialmente aquelas relacionadas a mudanças climáticas e
vacinas, que chegam ao público por redes sociais e aplicativos de mensagem?
a) Confiar em informações compartilhadas por amigos e familiares, sem verificar a
fonte original.
b) Verificar se a informação é respaldada por estudos revisados por pares e publicados
em revistas científicas reconhecidas.
c) Consultar apenas fontes de pessoas confiáveis e especializadas, de acordo com o
seu critério.
d) Analisar se a informação não é amplamente aceita pela comunidade científica, refle-
tindo um consenso científico.
e) Examinar se a informação é consistente apenas com dados e evidências científicas
disponíveis, sem estudos revisados. A revisão por pares garante que um dado conheci-
mento tenha sido validado por outros cientistas.

Aprofundando

1 Qual das alternativas a seguir reflete corretamente a posição científica sobre o


aquecimento global e as teorias que negam esse aquecimento, tentando deslegiti-
mar a sua existência e o fator antrópico como principal propulsor?
a) O aquecimento global é um mito criado por cientistas para obter financiamento.
b) As teorias da conspiração sobre o aquecimento global são amplamente aceitas
pela comunidade científica.
c) A maioria dos cientistas acredita que o aquecimento global é causado por ciclos
naturais da Terra, sem influência humana.
d) As evidências do aquecimento global são frequentemente atacadas por alguns
grupos, que não apresentam provas concretas para suas alegações.
e) O aquecimento global é um fenômeno natural e não há consenso científico sobre a
influência humana.
Alternativa D está correta, uma vez que a análise de dados e fatos
históricos datados provam as mudanças do clima e a intensificação 123
de certos fenômenos.
4
AULA
DESINFORMAÇÃO NA ÁREA
DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA

Resumo

2) Saber que crenças prévias impactam a avaliação


Nossas concepções prévias influenciam a maneira como interpretamos
uma informação, independentemente da qualidade dela.
É essencial que busquemos analisar as informações de forma neutra,
baseando-nos na ciência.

1) Lembrar que nem todo famoso


sabe o que diz 3) Validar as fontes
Não se deve confiar em uma informação COMO AVALIAR A Pesquise sobre a fonte da
apenas por ela ter sido dita por alguém CONFIABILIDADE DE informação, assim como sobre
famoso ou influente. Essas pessoas UMA INFORMAÇÃO a robustez do estudo,
frequentemente não têm assessoria CIENTÍFICA autoria e instituições.
técnica adequada e podem transmitir
informações baseadas em opiniões
pessoais ou interesses próprios.

5) Pesquisar como as coisas 4) Pesquisar as informações


são feitas em outras fontes
Além de verificar a fonte e outros
Realize uma busca mais aprofundada
detalhes sobre a informação, é em diferentes veículos de
importante investigar como o comunicação e consulte agências de
conhecimento compartilhado foi checagem de notícias.
desenvolvido, para avaliar sua
veracidade.

124
AULA 4
Na prática

Atividade 1

Texto I

Vacina do Butantan mostra 89% de proteção contra a dengue grave


Agência FAPESP – 13 de agosto de 2024

Agência FAPESP – Os mais recentes resultados do ensaio clínico de fase 3 da va-


cina contra a dengue desenvolvida no Instituto Butantan foram divulgados no início de
agosto na revista The Lancet Infectious Diseases. Além de uma proteção elevada (89%)
contra a dengue grave, o estudo demonstrou que o imunizante manteve a eficácia por
até cinco anos após a aplicação.
Segundo comunicado divulgado ontem (12/08) pelo Butantan, os novos dados cor-
roboram as análises anteriores (feitas com dois anos de acompanhamento) e atestam a
segurança da vacina para indivíduos de 2 a 59 anos, independentemente do histórico de
infecção prévia de dengue.
O artigo recém-publicado descreve os resultados da imunização de 16 mil voluntá-
rios que entraram no estudo entre fevereiro de 2016 e julho de 2019. A eficácia da vacina
contra a dengue grave ou com sinais de alerta foi de 89%.
De acordo com a série histórica do Ministério da Saúde, entre 2017 e 2018 (primei-
ros dois anos de seguimento), houve uma queda nos casos de dengue, seguida por um
surto de 1,5 milhão de casos em 2019. Mesmo durante o pico de casos, o imunizante
conseguiu fornecer proteção contra a doença.
Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde incorporou a primeira vacina contra
a dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS), destinada a crianças de 10 a 14 anos. Em
2024, até agosto, o Estado de São Paulo registrou 2 milhões de casos de dengue e 1 500
mortes, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

Estudos de mais de uma década


A vacina tetravalente contra a dengue começou a ser desenvolvida no Instituto
Butantan em 2010 com apoio da FAPESP, a partir de uma formulação criada por pesqui-
sadores vinculados ao National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos. O NIH foi
responsável pela fase 1 do ensaio clínico (2010-2012), enquanto a fase 2 (2013-2015) foi
realizada no Brasil. Em andamento desde 2016, a fase 3 também tem sido conduzida no
país, sob coordenação do Butantan, e seguirá até todos os 16 235 voluntários completa-
rem cinco anos de acompanhamento.

125
Os primeiros resultados da fase 3, publicados no New England Journal of Medicine
em janeiro deste ano, demonstraram uma eficácia geral de 79,6% ao longo de dois anos
de acompanhamento, sendo 89,5% para DENV-1 e 69,6% para DENV-2.

AGÊNCIA FAPESP. Vacina do Butantan mostra 89% de proteção contra a dengue grave.
Centro de Memória, São Paulo, 13 ago. 2024. Disponível em: https://agencia.fapesp.br/vacina-
do-butantan-mostra-89-de-protecao-contra-a-dengue-grave/52468. Acesso em: 17 set. 2024.

1 Vacina do Butantan mostra 89% de proteção contra a dengue grave.


a) Qual a fonte da notícia?

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) é uma das principais agên-

cias de fomento à pesquisa científica e tecnológica no Brasil.

b) Qual é o ponto central do texto e qual é a data de sua publicação?

Vacina do Butantan mostra 89% de proteção contra a dengue grave.

13 de agosto de 2024.

c) As instituições mencionadas reforçam a credibilidade da pesquisa? Justifique.

1. Instituto Butantan.
2. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
3. National Institutes of Health (NIH).
4. Ministério da Saúde.
5. Sistema Único de Saúde (SUS).
6. Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

d) Quais são os principais dados apresentados no texto?


•A
 vacina contra a dengue mostrou 89% de proteção contra a dengue grave e manteve a eficácia

por até cinco anos.

•O
 estudo envolveu 16 000 voluntários entre fevereiro de 2016 e julho de 2019, com análises até

julho de 2021.

•O
 desenvolvimento da vacina começou em 2010 e envolveu várias fases de ensaios clínicos,

incluindo as fases 1, 2 e 3.
126
AULA 4
Texto II

Será que o clima está mudando mesmo? Como podemos ter certeza?
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG/USP)

Existem diversos indicadores de que o clima vem mudando desde meados do


século XX; cientistas de diversas áreas do conhecimento e de todo o mundo já vêm
há algum tempo alertando a sociedade acerca destas mudanças e suas implicações.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, popularmente conhecido pelo seu
acrônimo em inglês, IPCC, foi criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial
e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente), na
tentativa de agregar esforços de especialistas de todo o mundo e melhorar a nossa com-
preensão sobre mudanças climáticas e todas as complexas questões científicas, técnicas e
socioeconômicas envolvidas. O IPCC é organizado em Grupos de Trabalho e lança perio-
dicamente relatórios detalhados e abrangentes, além de sumários para tomadores de deci-
são governamentais; toda a informação é também de livre acesso para o público em geral.
Evidências de que o clima está mudando incluem:
• Aumento da temperatura média na superfície da Terra, o qual pode ser comprovado
através de medições locais em todo o globo e através de dados provenientes de saté-
lites que orbitam a Terra;
• Aumento da acidificação dos oceanos, o qual ocorre em virtude da maior concentra-
ção de CO2 na atmosfera que acaba sendo absorvido pelos oceanos;
• Derretimento de geleiras em todo o mundo;
• Elevação do nível do mar, que em termos globais aumentou em cerca de 23 centímetros
desde 1980, em virtude tanto da expansão da água dos oceanos que vem se aquecendo
quanto do derretimento de geleiras e mantos de gelo sobre terra firme;
• Aumento da frequência e intensidade de eventos extremos, os quais estão relaciona-
dos a mudanças observadas no ciclo global da água (com secas longas e severas em
algumas regiões e com o aumento da precipitação anual em outras regiões).

Como sabemos que o Homem é responsável pela mudança climática?

Existem evidências empíricas de que o aumento de gases do efeito estufa que vem
sendo observado é um reflexo da elevada emissão de poluentes em nossa atmosfera
pelo Homem, associada à Revolução Industrial, que teve início em 1760. O avanço das
tecnologias industriais e de produção, ao mesmo tempo em que permitiu ao Homem
alcançar grandes conquistas, também acabou por gerar uma quantidade imensa de
poluentes em virtude da queima de combustíveis fósseis, a qual é utilizada para produzir
energia e trabalho mecânico. Nos tempos atuais, é possível constatar que quase tudo ao
nosso redor deriva de processos que envolvem a queima de combustíveis fósseis:

127
a produção de eletricidade, os meios de transporte, diversos produtos construídos atra-
vés de processos industriais, entre outros. E não é só a queima de combustíveis fósseis
que gera gases do efeito estufa; o desmatamento, o mau uso do solo no agronegócio em
geral (pecuária, solos agrícolas, produção de arroz), e a mineração do carvão também
são processos que contribuem para isso.
Já existe um majoritário consenso entre especialistas na comunidade científica de
que as mudanças climáticas estão sim ocorrendo, e de que as ações humanas são sim
responsáveis por isso. Um estudo publicado em 2013, liderado pelo Dr. John Cook do
Global Change Institute, University of Queensland, na Austrália, mostrou que a maio-
ria esmagadora (97%) dos cientistas concorda que o aumento antropogênico (isto é,
causado pelo Homem) da concentração de gases do efeito estufa é a principal causa
do aquecimento global que vem sendo observado. O quinto relatório do IPCC também
concluiu que a influência humana no clima da Terra é clara, sendo que há um alto grau
de confiabilidade (probabilidade de mais de 95%) de que as atividades humanas nos
últimos 50 anos são responsáveis pelo aquecimento observado em nosso planeta.

AMBRIZZI, T. et al. Mudanças climáticas e a sociedade. Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
da USP. Disponível em: https://www.climaesociedade.iag.usp.br/#mudancasClimaticas. Acesso em: 17 set. 2024.

2 Será que o clima está mudando mesmo? Como podemos ter certeza? Como sabe-
mos que a humanidade é responsável pelas mudanças climáticas?

a) Qual é a fonte do texto?

Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), um

dos principais centros de pesquisa do Brasil nas áreas de Ciências Exatas, do Universo e da Terra.

b) Qual é o ponto central do texto?

O clima está mudando, conforme evidenciam indicadores como o aumento da temperatura média

da Terra, entre outros. É clara a reponsabilidade humana por essas mudanças, considerando-se o

aumento dos gases de efeito estufa resultante das atividades humanas desde a Revolução Industrial.

c) Quais são as instituições citadas no texto?

Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

128
AULA 4
Organização Meteorológica Mundial.

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente).

Global Change Institute, University of Queensland.

d) Qual é o estudo científico citado? Quais dados e conclusões desse estudo


são fornecidos?

Um estudo de 2013 liderado por dr. John Cook do Global Change, da University of Queensland,

mostrou que 97% dos cientistas acreditam que o aumento dos gases de efeito estufa resultante

das atividades humanas seja a principal causa do aquecimento global. O quinto relatório do IPCC

também confirma que há alto grau de confiança (mais de 95%) de que as atividades humanas

dos últimos cinquenta anos sejam responsáveis pelo aquecimento observado na Terra.

O acesso à informação científica de qualidade é fundamental para combater a desin-


formação. Informações científicas com base em evidências e revisadas por especialis-
Aprofundando tas garantem sua confiabilidade. Quando as pessoas têm acesso a essas informações,
elas podem tomar decisões mais informadas e críticas, reduzindo a propagação de
fake news e mitos. Portanto, promover o acesso à informação científica é uma estraté-
gia eficaz para enfrentar a desinformação na sociedade.

1 Considerando a importância do acesso à informação científica de qualidade, assi-


nale a alternativa correta:
a) as fake news são inofensivas, pois a maioria das pessoas consegue identificar in-
formações falsas facilmente.
b) a desinformação não afeta a saúde pública, pois as pessoas sempre consultam
fontes confiáveis antes de tomar decisões relacionadas à saúde.
c) o acesso à informação científica de qualidade é essencial para combater a desin-
formação e promover decisões informadas na sociedade.
d) a disseminação de fake news é um problema exclusivo das redes sociais e não
afeta outros meios de comunicação.
e) a desinformação é um fenômeno recente, surgido apenas com o advento da inter-
net e das redes sociais.

129
5
AULA ÁTOMOS: CONCEITOS E
MODELOS (ATOMISTAS
E DALTON)

Resumo

No século XIX, o inglês John Dalton formulou um modelo para explicar a constituição
da matéria utilizando o conceito de átomos, minúsculas partículas indivisíveis e indestrutí-
veis. Dalton propôs que cada elemento químico é formado por átomos únicos e idênticos,
e que as reações químicas envolvem a reorganização dos átomos em novos compostos,
sem alterar o número total de átomos. Embora inicialmente rejeitada, a teoria de Dalton
foi aceita na segunda metade do século XIX, com a introdução do conceito de massa
atômica e a descoberta de novas propriedades dos átomos.

MARTINPEREZMOO/WIKIMEDIA COMMONS

Representação do modelo atômico da bola de bilhar


de Dalton, no qual o átomo é uma minúscula e indivi-
sível esfera maciça, sem carga

130
AULA 5
A alternativa C é a correta porque reflete com precisão que a teoria de
Na prática Dalton, embora inicialmente rejeitada, foi gradualmente aceita à medida
que evidências acumuladas na segunda metade do século XIX corrobo-
raram suas ideias sobre a natureza dos átomos.

Atividade 1

Dentre as seguintes afirmações, qual reflete com maior precisão as implicações das
ideias de Dalton para a ciência da época e como elas foram recebidas?
a) As ideias de Dalton foram amplamente aceitas desde o início, pois confirmavam as
crenças científicas estabelecidas sobre a imutabilidade dos átomos.
b) Dalton sugeriu que átomos de diferentes elementos poderiam se transformar uns nos
outros, o que foi rejeitado pela comunidade científica por falta de evidências.
c) A teoria de Dalton foi inicialmente rejeitada, mas, com o tempo, ganhou aceitação de-
vido ao crescente número de evidências na segunda metade do século XIX.
d) Dalton foi o primeiro a sugerir que os átomos não existiam realmente, mas eram uma
metáfora útil para explicar reações químicas.
e) A teoria de Dalton foi imediatamente celebrada como uma grande descoberta e nunca
enfrentou oposição significativa.

A alternativa E é a correta porque reflete com precisão a principal


Aprofundando hipótese de Dalton: ele sugeriu que as reações químicas envolvem
a reorganização dos átomos para formar novos compostos, sem
alterar o número total destes, uma ideia que revolucionou a com-
preensão da química na época.
1 De acordo com Dalton, como as reações químicas podem ser compreendidas em
termos de átomos e qual era a principal inovação dessa ideia em relação ao conhe-
cimento científico da época?
a) Dalton afirmou que as reações químicas envolvem a fusão de átomos em uma
nova substância, desafiando a ideia de que os elementos eram imutáveis.
b) Dalton propôs que as reações químicas consistiam na transmutação de átomos de
um elemento para outro, o que revolucionou o entendimento de química.
c) Dalton introduziu a ideia de que as reações químicas podiam criar novos tipos de
átomos, expandindo o número de elementos conhecidos.
d) Dalton acreditava que as reações químicas eram processos místicos que não po-
diam ser explicados pela ciência.
e) Dalton sugeriu que as reações químicas representavam uma reorganização dos
átomos em novos compostos, sem alterar o número total de átomos.
131
6
AULA ÁTOMOS: O
DESENVOLVIMENTO
DOS MODELOS

Resumo

MODELOS ATÔMICOS
-
-

1808 1897 1911 1913 HOJE


MODELO
ATÔMICO
ATUAL
JOHN JOSEPH ERNEST NIELS BOHR
• próton
DALTON THOMSON RUTHERFORD • nêutron
Modelo de
Rutherford-Bohr • elétrons
Átomo Modelo do pudim Duas regiões • estruturas
• esfera maciça de passas • núcleo (pequeno, • eletrosfera com
subatômicas
• esfera maciça com maciço e denso) "camadas
• indivisível
partículas negativas • eletrosfera energéticas"
incrustadas (maior volume) • transições de
(os elétrons) energia entre órbitas

132
AULA 6
A opção A descreve corretamente o modelo atômico de Niels Bohr, que
Na prática propõe que os elétrons ocupam órbitas fixas ao redor do núcleo e só
podem mudar de órbita ao absorver ou emitir energia em quantidades
específicas. Essa ideia é central para o modelo de Rutherford-Bohr, que
introduziu o conceito de órbitas quantizadas, diferenciando-se dos mo-
delos anteriores e dos modelos mais modernos que tratam de regiões de
Atividade 1 probabilidade e orbitais.

Qual das seguintes afirmações descreve corretamente o modelo atômico proposto por
Niels Bohr?
a) No modelo de Rutherford-Bohr, os elétrons ocupam órbitas fixas ao redor do núcleo, e
só podem mudar de órbita ao absorver ou emitir energia em quantidades específicas.
b) No modelo de Rutherford-Bohr, os elétrons estão localizados em regiões de probabili-
dade conhecidas como orbitais, sem órbitas fixas.
c) O modelo de Rutherford-Bohr propõe que o núcleo é composto por prótons e nêu-
trons, enquanto os elétrons estão distribuídos ao acaso ao redor do núcleo.
d) No modelo de Rutherford-Bohr, os elétrons giram ao redor do núcleo em órbitas alea-
tórias, sem níveis de energia definidos.
e) O modelo de Rutherford-Bohr sugere que os elétrons estão localizados em uma nuvem
ao redor do núcleo, sem posições fixas ou níveis de energia.

Aprofundando

1 (ESPM-SP) O átomo de Rutherford (1911) foi comparado ao sistema planetário (o


núcleo atômico representa o Sol e a eletrosfera, os planetas). Eletrosfera é a região
do átomo que:
A eletrosfera é a região do átomo
a) contém as partículas de carga elétrica positiva. onde se encontram os elétrons,
que possuem carga elétrica
b) contém as partículas de carga elétrica negativa. negativa. Portanto, a alternativa
c) contém nêutrons. correta é a B, que afirma que a
eletrosfera contém as partículas
d) concentra praticamente toda a massa do átomo. de carga elétrica negativa.

e) contém prótons e nêutrons.

133
7
AULA MUDANÇA DE ESTADO FÍSICO
DA MATÉRIA: ORGANIZAÇÃO
DAS PARTÍCULAS

Resumo

Os 4 estados físicos da matéria


Existem quatro estados conhecidos da matéria: sólido, líquido, gasoso e plasma.
Os estados se diferenciam quanto à densidade, liberdade de movimento e força de atração entre as partículas.

Não é um estado comum da


Nessa fase, as partículas de matéria aqui na Terra, mas
uma substância têm mais pode ser o estado mais preva-
energia cinética que as de lente no universo. O plasma
um sólido. Não são manti- consiste em partículas alta-
das em um arranjo regular, mente carregadas com ener-
mas ainda estão muito pró- gia cinética extremamente
ximas umas das outras, de alta. Estrelas são essencial-
modo que os líquidos pos- mente massivas esferas de
SÓLIDO suam um volume definido. GASOSO plasma superaquecidas.

No estado sólido, a força LÍQUIDO As partículas de gás têm PLASMA


coesiva da matéria é forte o muito espaço entre elas e
suficiente para manter as possuem alta energia ciné-
moléculas ou átomos nas tica. Se não confinadas, as
posições dadas, restringin- partículas de um gás se
do a mobilidade térmica. espalham indefinidamente;
se confinado, o gás se ex-
pande para preencher o
recipiente.

134
AULA 7
Observe a seguir o detalhamento dos processos de mudanças dos estados físicos da
matéria, bem como alguns exemplos próximos do nosso cotidiano.

De qual estado para


Processo Exemplos
qual estado?

Fusão Do sólido para o líquido Derretimento da cera da vela, quando acesa

Vaporização Do líquido para o gasoso Água fervendo

Liquefação Do gasoso para o líquido Gotas de água em uma garrafa fria

Solidificação Do líquido para o sólido Lava vulcânica se transformando em rocha

Sublimação Do sólido para o gasoso Gases formados pelo gelo seco (CO2)

Ressublimação Do gasoso para o sólido Vapor d’água atmosférico formando geada

Na prática

Atividade 1

Preencha o quadro abaixo com as respectivas caraterísticas de cada estado físico


da matéria.

Estado físico Forma Volume Energia cinética Agregação

Sólido Fixa Fixo Baixa Alta

Líquido Variável Fixo Intermediária Intermediária

Gasoso Variável Variável Alta Baixa

135
Atividade 2

Qual das alternativas abaixo descreve corretamente o comportamento da matéria na


formação do plasma?
a) O plasma é um estado da matéria que ocorre em temperaturas baixas e é composto
por moléculas neutras.
b) A matéria pode mudar de estado por meio de processos como fusão, solidificação e
evaporação, mas o plasma não é um estado físico que influencia a Terra.
c) O plasma é um estado da matéria formado a partir de gases em temperaturas muito
altas, em que ocorre ionização, e representa cerca de 99% da matéria no Universo.
d) A matéria sempre passa do estado sólido para o líquido e depois para o gasoso, antes
de se tornar plasma.
e) O plasma é um estado da matéria encontrado apenas em laboratórios e não tem influ-
ência em fenômenos naturais, como o Sol.
2. A alternativa C está correta porque descreve com precisão o compor-
tamento e a formação do plasma. O plasma se forma a partir de gases em
temperaturas muito altas. Nessas condições, os átomos se ionizam, ou

Aprofundando
seja, perdem ou ganham elétrons, resultando em um conjunto de partículas
carregadas (íons e elétrons livres). Esse estado é extremamente comum
no Universo, compondo cerca de 99% da matéria visível, incluindo estrelas
como o Sol e outros fenômenos astrofísicos.

1 (UNIFOR CE) Considere a tabela de pontos de fusão e de ebulição das substâncias


a seguir, a 1 atm de pressão. A 50 oC, encontram-se no estado líquido:

Material PF (°C) PE (°C)

Cloro -101,0 -34,6

Flúor -219,6 -188,1

Bromo -7,2 58,8

Mercúrio -38,8 356,6

Iodo 133,5 184

a) cloro e flúor. d) flúor e bromo.


b) cloro e iodo. e) mercúrio e iodo.
c) bromo e mercúrio. Para entender a resolução, primeiro partiremos do entendimento de que temperaturas
abaixo da temperatura de fusão denotam substâncias em estado físico sólido; temperaturas
entre a fusão e a ebulição denotam substâncias em estado físico líquido; e temperaturas
acima da temperatura de ebulição denotam substâncias no estado físico gasoso. Com base
nisso, a 50°C, o cloro e o flúor estarão no estado gasoso; o bromo e o mercúrio estarão no
estado líquido e o iodo no estado sólido.
136
8
AULA
TEMPERATURA DE FUSÃO E
EBULIÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS

Resumo

As temperaturas de fusão e ebulição das misturas são diferentes quando comparadas


às substâncias puras e, por isso, é possível usá-las para diferenciar uma da outra. Vamos
observar no resumo abaixo.

137
Na prática

Atividade 1

Como determinar o estado da matéria em cada temperatura?


Para isso, precisamos ter a informação sobre a temperatura de fusão e ebulição
de cada matéria. Com base nessa informação e na temperatura a ser avaliada, é pos-
sível determinar o estado físico.
Exemplo: considerando as substâncias da tabela abaixo, que apresenta as tem-
peraturas de fusão e ebulição, conseguimos determinar se o componente estará em
seu estado sólido, líquido ou gasoso.

Complete a tabela junto com o professor:

Temperatura Temperatura
Substância de de -110 °C -10 °C 50 °C
fusão (°C) ebulição (°C)

Água 0 100 sólido sólido líquido

Etanol -114,1 78,37 líquido líquido líquido

Cloro -101,5 -34,04 sólido líquido gasoso

Atividade 2

Considere as seguintes afirmações sobre o ponto de ebulição de substâncias puras,


misturas eutéticas e misturas azeotrópicas. Assinale a alternativa correta:
a) substâncias puras e misturas eutéticas possuem um ponto de ebulição constante, en-
quanto misturas azeotrópicas apresentam um intervalo de ebulição.
b) substâncias puras possuem um ponto de ebulição constante, enquanto misturas euté-
ticas e azeotrópicas apresentam um intervalo de ebulição.
c) tanto substâncias puras quanto misturas azeotrópicas e eutéticas possuem um ponto
de ebulição constante.

138
AULA 8
d) substâncias puras apresentam fusão e ebulição constante; misturas azeotrópicas pos-
suem apenas ebulição constante, e as eutéticas apresentam apenas a fusão constante.
e) misturas eutéticas e azeotrópicas possuem ponto de ebulição constante, enquanto
substâncias puras apresentam um intervalo de ebulição.
As substâncias puras apresentam temperaturas de fusão e ebuli-
ção constantes. Misturas azeotrópicas também têm a temperatura
de ebulição constante. Por outro lado, misturas eutéticas possuem
Aprofundando a temperatura de fusão constante, mas temperatura de ebulição
variável, de acordo com a composição da mistura.

1 (UFPA) Dado o diagrama de aquecimento de um material, a alternativa correta é:


Temperatura (ºC)

Y Vapor
210
200 Faixa de temperatura

REPRODUÇÃO/BRASIL ESCOLA
x Líquido
80

Sólido
10

Tempo (min)

a) a diagrama representa o resfriamento de uma substância pura.


b) a temperatura, no tempo zero, representa o aquecimento de um líquido.
c) 210 °C é a temperatura de fusão do material.
d) a transformação de X para Y é um fenômeno químico.
e) 80 °C é a temperatura de fusão do material.

A substância retratada no gráfico não é pura, visto que não apresenta temperatura constante no ponto
de ebulição, eliminando a alternativa A. No tempo zero, o material está sólido, eliminando a alternativa B.
A 210 °C, o material está no final de sua ebulição, e não de sua fusão, eliminando a alternativa C.
A transformação de X para Y não altera a constituição do material (fenômeno químico), apenas seu
estado físico, eliminando a alternativa D. A 80 °C ocorre a fusão do material, com a manutenção de uma
temperatura constante durante o processo, correspondente ao ponto de fusão.

139
9
AULA
CIÊNCIAS DA NATUREZA –
AULA DE APROFUNDAMENTO

Na prática

Tabela 1 – Temperatura medida a cada minuto da água pura e da solução salina.

Temperatura da solução
Tempo (minutos) Temperatura da água pura (°C)
salina (°C)

1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Resolução do experimento 1 (ebulição)
O experimento visou comparar as mudanças nos estados físicos da água pura e da solução salina (água com sal). A água
pura deve começar a ferver a 100 °C e mantém essa temperatura até a mudança do estado para gasoso. Já a solução salina,
por ser uma mistura, ferverá a uma temperatura mais alta devido à "elevação da temperatura de ebulição", um fenômeno que
ocorre quando um soluto, como o sal, é dissolvido na água, dificultando a formação de bolhas de vapor.
Esse fenômeno é uma propriedade coligativa das soluções e tem implicações práticas em processos como o preparo de ali-
140 mentos na indústria. A diferença de temperatura de ebulição entre a água pura e a solução salina demonstra como a adição
de solutos afeta as propriedades físicas do solvente.
Resolução do experimento 2 (fusão): no experimento, observou-se a fusão do gelo em dois recipientes, um com gelo puro e outro com gelo mistu-

AULA 9
rado com sal. Inicialmente, ambos os recipientes tinham gelo a cerca de 0 °C. No recipiente com gelo puro, o gelo derreteu lentamente, mantendo a
temperatura próxima de 0 °C, levando um tempo relativamente longo para se fundir completamente.
Tabela 2 – Observações acerca do experimento

Massa Temperatura Tempo até a Temperatura


Amostra
inicial (gelo) inicial (°C) fusão (min) final (°C)

Gelo sem sal

Gelo com sal

No recipiente com sal, a fusão ocorreu mais rapidamente. O sal reduziu a temperatura de fusão
da água, fazendo com que o gelo derretesse a uma temperatura inferior a 0 °C, acelerando o
processo. Assim, a fusão foi mais rápida e em uma temperatura mais baixa do que no recipiente

Aprofundando
sem sal. Esse fenômeno é denominado depressão do ponto de congelamento, que ocorre,
como no exemplo, com a interferência do sal (soluto) na estrutura cristalina regular das molécu-
las de água (solvente). Dessa maneira, verificamos uma temperatura de fusão menor do que em
relação a água sem o sal, explicando o evento visualizado no experimento.

1 (Mackenzie-SP) Pela análise dos dados da tabela, medidos a 1 atm, podemos afir-
mar que à temperatura de 40 ºC e 1 atm:

Substância Temperatura de fusão (°C) Temperatura de ebulição (°C)

Etanol –117 78

Éter etílico –116 34

a) o éter e o etanol encontram-se na fase gasosa.


b) o éter se encontra na fase gasosa e o etanol na fase líquida.
c) ambos se encontram na fase líquida.
d) o éter encontra-se na fase líquida e o etanol na fase gasosa.
e) ambos se encontram na fase sólida.
De acordo com as temperaturas de fusão e ebulição dos elementos, observa-se que o etanol per-
manece no estado líquido entre –117 °C e 78 °C, enquanto o éter etílico está no estado líquido entre
–116 °C e 34 °C. Portanto, a 40 °C, o etanol estará no estado líquido, mas o éter etílico não, pois sua
temperatura de ebulição é de 34 °C, inferior aos 40 °C mencionados no enunciado, fazendo com que
este último se encontre no estado gasoso.

141
10
AULA ORGANIZAÇÃO DOS
ELEMENTOS QUÍMICOS –
CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA

Resumo

ID118949_CIE_9AF_A10_oda_4_impresso

Átomo × Elemento Químico


Um elemento químico representa átomos com massas diferentes, mas que
apresentam o mesmo número atômico (Z), ou seja, o mesmo número de prótons!

1 2 3 O que esses átomos


1 H 1 H H
1 têm em comum?

Número de Os átomos de hidrogênio representados


Massa (A) apresentam o mesmo número de prótons (p);
logo, possuem o mesmo número atômico (Z).

1 Isso quer dizer que todos os átomos que

H
apresentam este número atômico são o
elemento hidrogênio. REPRODUÇÃO/GODOY; MELO

1
Número Os átomos que, sendo do mesmo elemento,
Atômico (Z) apresentam número diferente de nêutrons,
Representação de um são classificados como isótopos – mesmo
elemento químico. número de prótons.

142
AULA 10
Na prática

Atividade 1

Complete o quadro a seguir com a massa atômica (A) e o número atômico (Z) dos
isótopos do carbono.

No No No Massa No
Notação
de prótons de elétrons de nêutrons atômica (A) atômico (Z)
11
C
6
6 6 5 11 6

12
6
C 6 6 6 12 6

13
6
C 6 6 7 13 6

14
6
C 6 6 8 14 6

Atividade 2

Considere os átomos X e Y. O átomo X possui número atômico 12 e número de massa


25, enquanto o átomo Y possui número atômico 12 e número de massa 24. Com base
nessas informações, é correto afirmar que:
a) X e Y são o mesmo elemento e possuem o mesmo número de nêutrons.
b) X e Y são isótopos do mesmo elemento, com Y tendo um nêutron a mais que X.
c) X e Y não são isótopos, pois possuem números de massa diferentes.
d) X e Y são isótopos do mesmo elemento, com X tendo um nêutron a mais que Y.
e) X e Y têm o mesmo número de nêutrons e, portanto, são idênticos em todos
os aspectos.

A alternativa D está correta porque ambos os átomos, X e Y, possuem o mesmo número atômico (12),
indicando que pertencem ao mesmo elemento químico. A diferença está no número de massa, visto
que X tem um número de massa 25 e Y tem 24. Como o número de massa é a soma dos prótons e
nêutrons, essa diferença de massa implica que X possui um nêutron a mais que Y, caracterizando-os
como isótopos.

143
Aprofundando

1 (UCS-RS) Isótopos são átomos que apresentam o mesmo número atômico, mas
diferentes números de massa. O magnésio possui isótopos de números de massa
iguais a 24, 25 e 26. Os isótopos do magnésio possuem números de nêutrons, res-
pectivamente, iguais a: (Dado: Mg possui Z = 12)
a) 12, 13 e 14
b) 1, 12 e 12
c) 24, 25 e 26
d) 16, 17 e 18
e) 8, 8 e 8

A alternativa A está correta porque o número de nêutrons é calculado subtraindo o número de massa
de cada isótopo do número atômico (Z = 12). Para o isótopo com número de massa 24, o número de
nêutrons é 24 – 12 = 12; para o isótopo com número de massa 25, o número de nêutrons é 25 – 12 = 13; e
para o isótopo com número de massa 26, o número de nêutrons é 26 – 12 = 14. Portanto, as quantidades
de nêutrons são 12, 13 e 14, respectivamente.

144
11
AULA
GRUPOS DA CLASSIFICAÇÃO
PERIÓDICA

Resumo

Na tabela periódica, os elementos químicos estão organizados em ordem crescente


de número atômico e estão divididos em linhas e colunas.
Nas 18 colunas, estão representados os grupos, em que os elementos compartilham
propriedades químicas semelhantes.
Já as 7 linhas correspondem aos períodos, nas quais os elementos presentes apre-
sentam a mesma quantidade de camadas eletrônicas.
ID118950_CIE_9AF_A11_oda1_MI

1 18

1
2 13 14 15 16 17

3
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

4
PERÍODO

7
REPRODUÇÃO/TODA MATÉRIA

GRUPO

Fonte: TODA MATÉRIA, [s.d.].


Elaborado especialmente para a aula. 145
Na prática

Atividade 1

Utilize a tabela abaixo e siga as orientações de seu professor para descobrir qual o
elemento químico no jogo.

REPRODUÇÃO/SBQ

Para resolver a questão, é preciso identificar as categorias dos elementos Ba, Se e Cl, com base nos seus grupos, na tabela periódica:
Ba (Bário): pertence ao grupo 2 da tabela periódica, que é conhecido
como o grupo dos alcalinoterrosos.
Se (Selênio): pertence ao grupo 16, que é conhecido como o grupo dos calcogênios.
Cl (Cloro): pertence ao grupo 17, que é conhecido como o grupo dos halogênios.
Portanto, a classificação correta é:
Ba: alcalinoterroso
Se: calcogênio
Cl: halogênio

146
AULA 11
Aprofundando

1 (UFAM-AM) Na classificação periódica, os elementos Ba (grupo 2), Se (grupo 16) e


Cl (grupo 17) são conhecidos, respectivamente, como:
a) alcalino, halogênio e calcogênio.
b) alcalinoterroso, halogênio e calcogênio.
c) alcalinoterrosos, calcogênio e halogênio.
d) alcalino, halogênio e gás nobre.
e) alcalinoterroso, calcogênio e gás nobre.

147
12
AULA COMBINAÇÃO DOS ELEMENTOS
QUÍMICOS: SUBSTÂNCIAS
SIMPLES E COMPOSTAS

Resumo

Observe o mapa mental a seguir sobre substâncias químicas puras: simples


e compostas.

Substâncias puras
Possuem propriedades físico-químicas próprias e constantes.

Substância simples Substância composta


Único Dois ou mais
elemento químico elementos químicos
diferentes
H₂
S₈ H₂O C₂H₆O
He

O₃
O₂
CO₂

Substâncias químicas diferentes formadas


Substâncias pelo mesmo elemento químico e que
alotrópicas possuem o mesmo estado físico (gás
oxigênio e gás ozônio).

148
AULA 12
Exercícios resolvidos

1 (UFAC) Com relação às substâncias O , H , H O, Pb, CO , O , CaO e S , podemos


2 2 2 2 3 8
afirmar que:
a) todas são substâncias simples.
b) somente O2, H2 e O3 são substâncias simples.
c) todas são substâncias compostas.
d) somente CO2, CaO e S8 são substâncias compostas.
e) as substâncias O2, H2, Pb, O3 e S8 são simples.

As substâncias simples são formadas por átomos de um mesmo elemento químico,


ou seja, em sua fórmula há apenas um símbolo. O número ao lado, chamado de
atomicidade, indica a quantidade de átomos para formar a substância. Portanto, as
substâncias O2, H2, Pb, O3 e S8 são simples.

Na prática

Atividade 1

Ordene as fórmulas/símbolos a seguir de acordo com a classificação da tabela:


• C (carbono).
• MgCl2 (cloreto de magnésio).
• H2 (gás hidrogênio).
• C6H12O6 (glicose).
• NO2 (dióxido de nitrogênio).
• O2 (gás oxigênio).
• C (diamante).
• P (fósforo).

149
Elementos Substâncias Substância
químicos simples composta

H2 MgCl2

C
O2 C6H12O6
P

C(diamante) NO2

Atividade 2

Considere os sistemas a seguir, em que os átomos são representados por esferas:

1 2 3 4

Determine em qual ou quais deles encontramos:


a) substância pura.

Substância pura em 1 e 4.

b) mistura.

Mistura em 2 e 3.

c) duas substâncias simples.

Duas substâncias simples apenas em 2.

d) somente substância composta.

Somente substância composta em 4.

150
AULA 12
Aprofundando

1 (UNESP-SP) Alguns historiadores da Ciência atribuem ao filósofo pré-socrático


Empédocles a Teoria dos Quatro Elementos. Segundo essa teoria, a constituição
de tudo o que existe no mundo e sua transformação dar-se-iam a partir de quatro
elementos básicos: fogo, ar, água e terra. Hoje, a química tem outra definição para
elemento: o conjunto de átomos com o mesmo número atômico. Portanto, definir a
água como elemento está quimicamente incorreto, porque se trata de:
a) uma mistura de três elementos químicos.
b) uma substância simples com dois elementos.
c) uma mistura de dois elementos.
d) uma substância composta com dois elementos.
A molécula de água é formada por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio, sendo
então dois elementos químicos diferentes; portanto, uma substância composta.

151
13
AULA
REAÇÕES QUÍMICAS
(REAGENTES E PRODUTOS)

Resumo

A matéria pode passar por transformações que são classificadas como: químicas e
físicas. Cada uma delas apresenta características distintas que são fundamentais para
sua identificação.
As transformações físicas não provocam alterações na natureza química da matéria,
ou seja, não há alteração das moléculas que compõem a substância.

◉ Exemplos
O gelo é a água em seu estado físico sólido. Suas moléculas podem ser representadas pela
fórmula química H2O. Mesmo depois de alterar o seu estado físico para líquido, as moléculas
de água permanecem as mesmas.

Evidências de transformações físicas:


• alterações de estados físicos da matéria;
• alteração de tamanho;
• alteração de forma;
• alteração de aparência.
Já as transformações químicas são reações em que há quebra e a formação de
ligações químicas entre átomos, a fim de formar novas substâncias.

◉ Exemplos
O (NH4)2Cr2O7, dicromato de amônio, é um reagente que, ao ser aquecido, se transfor-
ma nos seguintes produtos: gás nitrogênio (N2), vapor d'água (H2O), e óxido de cromo III
(Cr2O3 ) ; substâncias diferentes do início da reação.
152
AULA 13
Evidências de transformações químicas:
• emissão de luz;
• mudança de cor;
• liberação ou absorção de energia;
• alteração de propriedades organolépticas (exemplo: cheiro);
• formação de gases ou de sólidos.

Na prática

Atividade 1

Leia as alternativas e escolha a única alternativa correta.


a) Reagentes são substâncias produzidas após um processo de transformação
química.
b) Os produtos são as substâncias formadas a partir de quebras ou ligações atômicas
que dão origem a novas substâncias, chamadas reagentes.
c) As substâncias iniciais de uma reação química são chamadas reagentes, e a partir
delas são formados novos compostos, chamados produtos.
d) As substâncias iniciais de uma reação química são chamadas de produtos, e são for-
madas a partir da quebra ou ligação atômica dos reagentes.

Atividade 2

Observe a reação a seguir e responda em seu caderno as perguntas a seguir:

Reagentes Produtos
Legenda
C
H
+ +
O

CH4 + 2 O2 CO2 + 2 H2O

a) em qual lado da reação química estão os reagentes e os produtos?


b) escreva a equação química com as fórmulas dos reagentes e produtos.
153
Aprofundando

1 (UFPI) Classifique as transformações a seguir como fenômenos físicos ou


fenômenos químicos:
I dissolução do açúcar na água;
II envelhecimento de vinhos;
III preparação de cal a partir do calcário.

a) físico, físico e químico, respectivamente. A dissolução do açúcar em água não altera


a composição molecular de nenhuma das
b) químico, físico e físico, respectivamente. duas substâncias. Entretanto, o processo
de envelhecimento do vinho transforma as
c) físico, químico e físico, respectivamente. moléculas de álcool em vinagre. Por fim, o
calcário também pode sofrer uma transfor-
d) físico, químico e químico, respectivamente.
mação química, formando cal com o ganho
e) químico, químico e físico. de calor.

154
14
AULA
LEI DE CONSERVAÇÃO DAS
MASSAS: LAVOISIER

Resumo

Antoine-Laurent de Lavoisier (1743-1794) é considerado o fundador da Química


moderna. Com a colaboração de sua esposa, Marie-Anne-Pierrette Paulze (1758-1836),
Lavoisier postulou uma das leis ponderais: a lei de conservação das massas.
Ao tentar aprimorar a pólvora, Marie-Anne e Antoine Lavoisier desenvolveram um
sistema em que se isolava o fósforo do ambiente, mantendo em seu interior apenas o
fósforo e o ar contido no interior do recipiente. Ao aquecer o recipiente, com a finalidade
de queimar o fósforo, Lavoisier notou que a massa não se alterava. Entretanto, quando ele
retirou o fósforo do recipiente para quantificar sua massa, observou que o material havia
ganhado massa com a queima. A partir desses resultados, foi elaborada a hipótese de
que o ar do recipiente continha substâncias em sua composição que reagiam e se liga-
vam ao fósforo, pois era a única coisa em contato com o material.
Com base nesse experimento, Lavoisier postulou a lei de conservação das massas:
• Em um sistema fechado, a soma das massas dos reagentes é igual à soma das
massas dos produtos.

A lei de conservação das massas e os modelos de sistemas fechados e abertos têm


papel fundamental, principalmente, na indústria química.
A utilização desses princípios reduz o consumo de reagentes e permite que a produ-
ção tenha menos resíduos ou contaminantes possíveis na indústria química. Isso favorece
o meio ambiente e contempla alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS), importantes para a sustentabilidade do planeta.

155
Exercícios resolvidos

1 O cálcio reage com o oxigênio, produzindo o óxido de cálcio, popularmente co-


nhecido como cal virgem. Foram realizados dois experimentos, cujos dados estão
listados de forma incompleta, a seguir. Calcule a massa de oxigênio nessa reação.
Cálcio + Oxigênio → Cal virgem
40 g ? 56 g

Segundo a lei de conservação das massas:


Massa total dos reagentes = Massa total dos produtos
Portanto, podemos considerar que:
40 g + X = 56 g
X = 56 g – 40 g
X = 16 g
A massa de oxigênio na reação acima é de 16 g.

Na prática

Atividade 1

Segundo a lei de conservação das massas, analise a reação a seguir e responda.


Qual a massa do produto desta reação (NH3)?
N2 + 3H2 → 2NH3
28 g + 6 g → Xg

28 g + 6 g = X g

34g = X g

156
AULA 14
Atividade 2

Com base na reação a seguir:


Dióxido de carbono + Hidróxido de sódio → Carbonato de sódio + Água
44 g ? 106 g 18 g
Qual é a massa de hidróxido de sódio necessária para que a reação ocorra sem
perdas, segundo a lei de conservação das massas?

Dado que: massa de dióxido de carbono = 44 g


Massa de hidróxido de sódio = X
Massa de carbonato de sódio = 106 g
Massa de água = 18 g
44 g + X = 106 g + 18 g
X = 124 g – 44 g
X = 80 g
Assim, a massa de hidróxido de sódio nessa reação é igual a 80 g.

Aprofundando

1 (UEFS BA 2011 – Adaptada) Com o objetivo de comprovar a lei de conservação das


massas em uma reação química – lei de Lavoisier –, um béquer de 125,0 mL con-
tendo uma solução diluída de ácido sulfúrico, H2SO4(aq), foi pesado junto a um vidro
de relógio, contendo pequena quantidade de carbonato de potássio, K2CO3(s), que,
em seguida, foi adicionado à solução ácida. Terminada a reação, o béquer com a
solução e o vidro de relógio vazio foram pesados, verificando-se que a massa final,
no experimento, foi menor que a massa inicial.
Considerando-se a realização desse experimento, a conclusão correta para a dife-
rença verificada entre as massas final e inicial é:
a) a lei de Lavoisier não é válida para reações realizadas em soluções aquosas.
b) a lei de Lavoisier só se aplica a sistemas que estejam nas condições normais de
temperatura e de pressão.
c) a condição para a comprovação da lei de conservação das massas é que o sistema
em estudo esteja fechado.
d) o excesso de um dos reagentes não foi levado em consideração, inviabilizando a
comprovação da lei de Lavoisier.
e) a massa dos produtos de uma reação química só é igual à massa dos reagentes
quando estes estão no mesmo estado físico.
Em um sistema fechado, a massa permanece constante, pois não há saída e nem entrada 157
de matéria.
15
AULA
LEI DAS PROPORÇÕES
DEFINIDAS: PROUST

Resumo

. Joseph Louis Proust (1754-1826) postulou a Lei das proporções definidas, tam-
bém designada por seu nome (lei de Proust). Essa lei descreve que, em uma
reação química, existe uma relação definida e constante entre as massas dos
produtos e as dos reagentes. Com base nesse princípio, podemos prever ma-
tematicamente o comportamento das distribuições de massas de reagentes e
produtos em uma reação química. A relação matemática dada é a proporção.

. De modo similar a uma receita de bolo, as transformações químicas seguem uma


relação definida de quantidade de massa de reagentes para obter uma determi-
nada quantidade de massa de um produto.

. Esse princípio é fundamental para estudos moleculares, assim como para aná-
lises de DNA, que requerem uma quantidade muito pequena de reagentes para
que as reações ocorram corretamente.

Exercícios resolvidos

1 Calcule o valor de x, y e z.

158
AULA 15
Cálcio Oxigênio Cal virgem

Experimento 1 6g x 10 g

Experimento 2 y 5,0 g z

Para calcular o valor de x:


Massa do cálcio + Massa do oxigênio = Massa da cal virgem
6 g + x = 10 g
x = 10 g – 6 g
x = 4 g (Experimento 1).
Portanto, a massa de oxigênio é de 4 g.
Para calcular o valor de y e z:
Nesse momento, temos um referencial para aplicar a proporção, achando, assim, as
6
massas de y e z: = 4 = 10 ; nesse caso, y = 0,75 g e z = 1,25 g.
y 0,5 z

Na prática

Atividade 1

Seguindo a lei das proporções constantes, vamos praticá-la na reação a seguir, encon-
trando os valores de W e K.

Cálcio Oxigênio Cal virgem

Experimento 1 12 g 8g 20 g

Experimento 2 1,5 g 1g 2,5 g

Experimento 3 W K 80 g

159
Para calcular o valor de W e K:
O valor da massa de cal virgem é 4 vezes maior no Experimento 3 do que no Experimento 1.
Logo, o valor da massa de cálcio é W = 12 g ⋅ 4 = 48 g.
Assim, o valor da massa de oxigênio é K = 8 g ⋅ 4 = 32 g.

Atividade 2

REPRODUÇÃO/TUDO GOSTOSO
Analise novamente a lista de ingredientes do bolo de caneca e responda às perguntas
a seguir:
1 Qual é a relação entre colheres de açúcar e colheres de farinha de trigo para uma
receita de 1 porção de bolo de caneca?

Uma porção de bolo de caneca terá uma proporção de 3:4.

2 Imaginando que não foram seguidas corretamente as medidas e quantidades dos


ingredientes para fazer o bolo de caneca, o que aconteceria?

Nesse caso, se as medidas não forem respeitadas, o bolo de caneca não terá textura, sabor ou
aspecto que remetam a um bolo de caneca.

160
AULA 15
Aprofundando

1 (UEL-PR – Adaptada) 46,0 g de sódio reagem com 32,0 g de oxigênio para formar
peróxido de sódio. Quantos gramas de sódio serão necessários para obter 156 g de
peróxido de sódio?
a) 23
Primeiro calculamos a massa de peróxido de sódio do primeiro expe-
b) 32 rimento ao somar 46 g + 32 g, resultando em 78 g de peróxido. No se-
gundo experimento, o problema quer 156 g, sendo esse valor o dobro
c) 92 de 78 g, logo temos que dobrar os valores dos reagentes, resultando
no valor de 92 g para a quantidade de sódio.
d) 69
e) 78

161
16
AULA

REAÇÕES QUÍMICAS

Resumo

Reações químicas são transformações químicas nas quais ocorrem a quebra e a for-
mação de ligações químicas entre os átomos, resultando na formação de novas substân-
cias. As substâncias iniciais são chamadas de reagentes, enquanto as novas substâncias
formadas são chamadas de produtos. As substâncias que atuam em uma reação química
respeitam as leis ponderais – as leis das massas.

• A lei de conservação das massas, ou lei de Lavoisier, estabelece que, em um


sistema fechado, a soma das massas dos reagentes é igual a soma das massas
dos produtos.

• A lei das proporções definidas, ou lei de Proust, estabelece que para uma deter-
minada reação química há uma proporção constante entre reagentes e produtos
dessa reação.

162
AULA 16
Aprofundando

1 (FUVEST 1997 – Adaptada) Os pratos A e B de uma balança foram equilibrados com


um pedaço de papel em cada prato e efetuou-se a combustão apenas do material
contido no prato A. Esse procedimento foi repetido com palha de aço em lugar de
papel. Após cada combustão, observou-se:

a) com papel = A e B no mesmo nível; com palha de aço = A e B no mesmo nível.


b) com papel = A abaixo de B; com palha de aço = A abaixo de B.
c) com papel = A acima de B; com palha de aço = A acima de B.
d) com papel = A acima de B; com palha de aço = A abaixo de B.
e) com papel = A abaixo de B; com palha de aço = A e B no mesmo nível.
No experimento da combustão do papel houve uma perda de massa, o que fez o prato A ficar mais
leve e, portanto, ficar mais alto que o prato B. Já na combustão da palha de aço, há um aumento de
massa no prato A, fazendo com esse fique mais baixo que o prato B.

163
17
AULA
ONDAS ELETROMAGNÉTICAS
E MECÂNICAS

Resumo

Ondas são o resultado de perturbações através de um meio, transportando energia


sem transportar matéria. Um exemplo disso é um pato em uma lagoa, que oscila com as
ondas, mas não é deslocado por elas.
As ondas podem ser classificadas em duas categorias:

. Ondas mecânicas: são ondas que se propagam apenas em meios materiais.


Exemplos: som, ondas sísmicas ou ondas do mar.

. Ondas eletromagnéticas: são ondas que não necessitam de um meio material


para se propagar.
Exemplos: luz, ondas de rádio e micro-ondas.

Por esse motivo, não é possível a propagação de ondas mecânicas, como o som, pois
elas não podem se propagar no vácuo do espaço. Por outro lado, ondas eletromagnéti-
cas, como a luz e as ondas de rádio, não necessitam de meio material para se propagar,
permitindo que a luz do Sol chegue até a Terra.

164
AULA 17
ADAPTAÇÃO/POLIEDRO
Ilustração esquemática de um movimento de
meio pulso em uma corda, formando uma onda

ADAPTAÇÃO/GETTY IMAGES

Ilustração esquemática dos espectros eletromagnéticos e algumas de suas aplicações


para a sociedade

165
Na prática

Atividade 1

Experimento 1, demonstrar um exemplo de ondas mecânica utilizando:


• um recipiente transparente com água, por grupo;
• um papel escuro para colocar embaixo do recipiente;
• um conta gotas e uma pedra pequena.
Modo de fazer:
• com seu grupo formado, pegue o recipiente disponibilizado e adicione água até
metade do seu volume;
• um dos colegas vai pingar gotas em três alturas diferente: 5 cm, depois 10 cm e,
por fim, em 15 cm. Observe o formato das ondas em cada uma das alturas e tente
representá-las em seu caderno;
• agora com a pedra ou objeto, deixe cair de uma altura de 5 cm. Anote em seu ca-
derno as informações sobre o formato da onda e tente representá-la.
Com base no experimento realizado, escreva abaixo um breve texto compartilhando
suas observações e conclusões, a fim de contribuir para a discussão entre os grupos.

É esperado que, quando a gota de água caia na água da bacia, seja possível observar uma perturbação

na água em forma de ondas concêntricas, que se deslocam do ponto de contato da gota até as extremi-

dades da bacia. A intensidade e o padrão dessas ondas podem variar dependendo da altura de onde a

gota é deixada cair, com ondas mais intensas e mais visíveis quando a altura é maior. Quando a pedra

é deixada cair, espera-se observar uma perturbação mais acentuada e com maior amplitude, gerando

ondas mais fortes e de maior alcance.

166
AULA 17
Atividade 2

Experimento 2, demonstrar um exemplo de ondas eletromagnética, utilizando:


um CD ou DVD.
• ainda com seu grupo, observe o CD/DVD em sua superfície reflexiva, deixando-a
virada para cima;
• manuseie o CD/DVD lateralmente, de um lado para o outro. Em seguida, anote
abaixo suas observações sobre as cores refletidas pelo objeto.

É esperado que os estudantes notem que, ao manipular o objeto, a luz refrata e se decompõe em seus

diversos espectros, de comprimentos de ondas visíveis, ou seja, apresenta cores distintas, dependendo

do ângulo que o objeto é colocado.

Aprofundando

1 (UTFPR) Para completarmos uma ligação telefônica utilizando um aparelho celular, é


necessário que ele se comunique com uma estação provida de uma antena, ligada à
central de telefonia. Entre as alternativas, assinale qual o tipo de onda indispensável,
entre o telefone e a estação, para que uma ligação telefônica via celular seja realizada.
a) Mecânica. d) Sonora.
b) Eletromagnética. e) Ultrassom.
c) Longitudinal. As ondas eletromagnéticas transportam informações sem a necessi-
dade de cabos ou fios, pois podem se propagar até mesmo no vácuo.
Por isso, são indispensáveis para a comunicação entre a estação de 167
transmissão, como uma torre de celular e o telefone.
CARACTERÍSTICAS DAS

18
AULA

ONDAS: AMPLITUDE E
COMPRIMENTO DE ONDA

Resumo
ID118958_CIE_9AF_A18_ODA1_MA_MI COM USO DE GETTY
As ondas longitudinais são aquelas que se propagam na mesma direção e sentido
do estímulo da onda. Já as ondas transversais são aquelas que se propagam em direção
perpendicular ao sentido de propagação do estímulo da onda.

Tipos de onda
Onda longitudinal Onda transversal
Amplitude Compressão Crista Amplitude

Expansão Vale Comprimento


Comprimento de onda
de onda

Ambas as ondas apresentam as características a seguir:


• Amplitude: é a distância entre a posição de equilíbrio e a crista ou o vale da onda.
• Cristas e vales: a porção mais elevada da onda é conhecida como crista, e a por-
ção mais baixa é chamada de vale.
• Comprimento de onda: é a distância entre um ciclo completo de oscilação
(exemplos: entre duas cristas, entre dois vales, entre duas posições de equilíbrios
sucessivos). É representado pela letra grega λ (lambda).

168
AULA 18
Na prática

Atividade 1

Imagine um show em que um operador de som precise regular os aparelhos de som


para otimizar a qualidade de áudio.
Ao avaliar o equipamento, ele notou que o "volume" estava baixo e que o som estava
muito agudo.
Responda em seu caderno:
1 Se você fosse esse operador de som, qual característica de onda você alteraria
para que o volume estivesse adequado? Como você alteraria essa característica?

Uma vez que o “volume” do som está intimamente relacionado à amplitude da onda sonora, para

aumentar o volume, o operador de som precisaria aumentar a amplitude das ondas sonoras, o que

resulta em um som mais alto.

2 Qual característica da onda você alteraria para que ela ficasse mais grave? Como
seria essa alteração?
O tom está relacionado com o comprimento de onda. Assim, o operador de som deve, então, regular

o aparelho de som para produzir ondas mais longas, que, consequentemente, são percebidas como

ondas sonoras mais graves.

169
Atividade 2

Nas águas de Nazaré (Portugal), encontram-se algumas das maiores ondas do planeta,
com alturas de até 28,5 m de altura.

RICHARDALOCK/GETTY IMAGES
Imagem de uma das ondas gigantes de Nazaré (Portugal)

Com base nos seus conhecimentos sobre ondas, escreva, em seu caderno, a qual pro-
priedade das ondas a informação acima se refere?
A altura das ondas de Nazaré refere-se à amplitude das ondas.

170
AULA 18
Aprofundando

1 Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) para as seguintes afirmações:


1 Ondas longitudinais são aquelas que se propagam na mesma direção e sentido.
2 Ondas sonoras não se propagam no vácuo, pois necessitam de um meio material
para a sua propagação.
3 Comprimento de onda é a distância entre um ciclo completo de oscilação.
a) V, V, V.
b) F, V, V.
c) V, F, V.
d) V, V, F.
e) F, F, F.

171
19
AULA CARACTERÍSTICAS DAS
ONDAS: FREQUÊNCIA,
VELOCIDADE E PERÍODO

Resumo

As ondas apresentam outras propriedades, além de comprimento de onda e ampli-


tude. É possível medir o período, a frequência e a velocidade de uma onda, e cada uma
dessas propriedades pode ser definida da seguinte maneira:
• Período: é o intervalo de tempo de uma repetição da onda. Representado pela letra (T).
• Frequência: corresponde ao número de vezes que um fenômeno acontece
em um determinado intervalo de tempo. Representada pela unidade de medida
(Hz = Hertz). F = 1
T REPRODUÇÃO/MEDIUM

Imagem esquemática de frequência, com-


primento, amplitude e período de uma onda

• Velocidade: distância percorrida pela onda em um intervalo de tempo.


Essas propriedades influenciam nossa percepção do ambiente, permitindo que iden-
tifiquemos diferentes tipos de sons e estimemos a distância de uma fonte sonora, como
o som de uma ambulância se afastando. Essas propriedades são essenciais para aplica-
ções na sociedade, como as frequências de ondas de rádio, que possibilitam o acesso a
estações de rádio, ou ainda o sinal de Wi-Fi.

172
AULA 19
Na prática

Atividade 1

(UFRGS 2017) A tabela a seguir apresenta a frequência f de três diapasões.


Considere as afirmações a seguir.

Diapasão f (Hz)

d1 264

d2 352

d3 440

I A onda sonora que tem o maior período é a produzida pelo diapasão d1.
II As ondas produzidas pelos três diapasões, no ar, têm velocidades iguais.
III O som mais grave é o produzido pelo diapasão d3.
a) Apenas I. c) Apenas III. e) I, II e III.
b) Apenas II. d) Apenas I e II.
A alternativa D está correta, pois a frequência é inversamente proporcional
ao período, o que significa que as menores frequências correspondem aos
maiores períodos. Sendo assim, o diapasão d1 possui o maior período. A
Aprofundando velocidade de propagação das ondas sonoras no ar será a mesma para os
três diapasões, desde que a temperatura do ar se mantenha constante. Além
disso, como sons graves têm baixas frequências, o som mais grave será
produzido por d1, e não por d3.

1 (PUC-RS 2020) O gráfico abaixo apresenta a forma de uma corda, em um determinado


instante, por onde se propaga uma onda cuja velocidade de propagação é 12 cm/s.

O comprimento de onda, a frequência e a amplitude da onda valem, respectivamente:


a) 12 cm – 1,0 Hz – 2,0 cm. c) 12 cm – 2,0 Hz – 4,0 cm.
b) 12 cm – 2,0 Hz – 4,0 cm. d) 24 cm – 4,0 Hz – 4,0 cm.
Alternativa A está correta pois o comprimento de onda possui 12 cm de uma crista a outra; de acordo com a aula a velo-
cidade de uma onda e o produto da sua frequência pelo seu comprimento. Como o comprimento é 12 cm e a velocidade é
173
12cm/s, temos que V= • F, substituindo os valores: 12 = 12 • F , em que F = 1 Hz. Já a amplitude é a altura da crista, 2 cm.
20
AULA
INTERAÇÃO DAS ONDAS:
REFLEXÃO, REFRAÇÃO
E DIFRAÇÃO

Resumo

As ondas podem ter interações entre si e com outros elementos do ambiente, sejam
materiais ou não. Destacam-se três interações básicas das ondas:
• Reflexão: é quando a onda incide sobre um obstáculo e volta ao ponto de origem,
ou desviada em ângulo complementar de sua incidência.
• Refração: é o fenômeno observado quando uma onda passa de um meio de pro-
pagação para outro, com propriedades físicas diferentes.
• Difração: é o fenômeno observado quando uma onda contorna um obstáculo ou
quando passa por uma fenda.

Reflexão Refração Difração

174
AULA 20
Na prática

Atividade 1

O eco é um fenômeno acústico produzido pela:


a) absorção das ondas sonoras. O eco é uma repetição das ondas sonoras;
portanto, efeito de reflexão, emitidas por
b) refração das ondas sonoras. alguém a uma determinada distância de um
obstáculo. Essa onda incide (bate) nesse
c) reflexão das ondas sonoras. obstáculo e retorna, com um atraso de, ao
menos, 0,1 s – a depender da distância da
d) transmissão das ondas sonoras.
pessoa e do obstáculo. O atraso no retorno
e) polarização das ondas sonoras. dessa onda é a sensação de um novo som,
o eco.

Atividade 2

(UFRGS 2019) Considere as afirmações abaixo, sobre o fenômeno da difração.


I A difração é um fenômeno ondulatório que ocorre apenas com ondas sonoras.
II A difração que ocorre quando uma onda atravessa uma fenda é tanto mais acentua-
da quanto menor for a largura da fenda.
III A difração que ocorre quando uma onda atravessa uma fenda é tanto mais acentua-
da quanto maior for o comprimento de onda da onda.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. Alternativa D está correta pois:
I está incorreta, pois a difração não ocorre apenas com ondas sonoras. Esse
b) Apenas II. fenômeno ocorre com qualquer tipo de onda, incluindo ondas sonoras, lumi-
nosas e de rádio.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

175
Aprofundando

1 (UFG 2010) Uma estação de rádio emite ondas médias na faixa de 1 MHz com com-
primento de onda de 300 m. Essa radiação contorna facilmente obstáculos como
casas, carros, árvores etc., devido ao fenômeno físico da:
a) difração. A difração é mais significativa quando o comprimento de onda da radiação
é comparável ao tamanho dos obstáculos. No caso das ondas médias de
b) refração. rádio, com comprimento de onda de 300 metros, elas podem facilmente
c) reflexão. contornar objetos do cotidiano, que são bem menores em comparação ao
comprimento da onda.
d) interferência.
e) difusão.

176
21
AULA
ONDA SONORA:
PROPAGAÇÃO DO SOM

Resumo

As ondas sonoras são ondas de propagação longitudinal, ou seja, as partículas do


meio vibram na mesma direção da propagação.
Nas ondas sonoras, a compressão corresponde à região onde as partículas estão
18964_CIENCIAS_9AF_AULA21_ODA1_MI
mais próximas umas das outras, enquanto a rarefação é a região onde as partículas estão
mais afastadas.

Variações de pressão

Compressão Rarefação

Representação da onda sonora


Crista da onda
Variação de pressão

U(IKI)TFPR/WIKIMEDIA COMMONS

Vale da onda

177
A intensidade do som está correlacionada com a amplitude das ondas sonoras. Dessa
forma, quanto maior a amplitude, maior a intensidade do som; consequentemente, maior
a energia transportada pela onda sonora.
A seguir, temos uma escala de intensidade de ondas sonoras em decibéis (dB):

ADAPTAÇÃO/GETTY IMAGES
Intensidade sonora

Na prática

Atividade 1

No “Na prática” desta aula, foram construídos telefones de fios. Após experimentar
uma boa conversa utilizando o telefone com fio, responda às questões a seguir:
1 Em qual meio o som se propaga?
Som se propagará ao longo do barbante.

2 O que acontece com a onda sonora quando falamos com uma tonalidade mais
grave?

Ao modularem as suas vozes para uma tonalidade mais grave, a frequência da onda se

tornará menor.

3 O que acontece quando falamos com uma tonalidade mais aguda?


Ao modular a voz para uma tonalidade aguda, a frequência de onda será maior.

178
AULA 21
Aprofundando

1 (UFT - PR) Sobre as ondas sonoras, considere as seguintes afirmações:


I As ondas sonoras são ondas transversais;
II O eco é um fenômeno relacionado com a reflexão da onda sonora;
III A altura de um som depende da frequência da onda sonora.
Está(ão) correta(s) somente:
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

As ondas sonoras são longitudinais e não transversais.

179
PROPRIEDADES DA LUZ:

22
AULA
CORES PRIMÁRIAS DA LUZ
E A COR DOS OBJETOS

Resumo

A luz se manifesta na forma de ondas eletromagnéticas. Embora o espectro das on-


das eletromagnéticas seja amplo, apenas uma parte dele é visível para nós como luz. As
fontes de luz podem ser primárias, como o Sol e o fogo, ou fontes de reflexão, como a Lua
e os objetos do cotidiano, que apenas refletem a luz emitida por outras fontes.
Luz e cor são conceitos distintos:
• Luz é uma forma de energia;
• Cor é a percepção que temos da luz quando ela é absorvida ou refletida
pelos objetos.
ID118966_CIENCIAS_9AF_AULA22_ODA1

ESPECTRO DE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS

ONDAS DE RÁDIO MICRO-ONDAS INFRAVERMELHO ULTRAVIOLETA RAIOS X RAIOS GAMA

ESPECTRO VISÍVEL
ADAPTAÇÃO/GETTY IMAGES

5 000 000 000 10 000 500 250 0,5 0,0005 NANÓMETROS

COMPRIMENTO DE ONDA
0,000000248 0,124 2,48 4,96 2480 2 480 000 ELÉTRON-VOLTS

ENERGIA
Elaborado especialmente para a aula com imagens © Getty Images.
180
AULA 22
ID118966_CIENCIAS_9AF_AULA22_ODA3

Vermelho
Alaranjado
Amarelo
Verde
Luz Azul
branca
Anil
Elaborado especialmente para aula.
Violeta
Prisma decompondo a luz branca. O prisma funciona da mesma
maneira que as gotas de água da chuva, ao decompor a luz branca
em sete cores

Na prática

Atividade 1

Com base no experimento 1, responda às questões a seguir:


• Ligue as lanternas vermelha e azul. Qual é a cor observada?
• Ligue as lanternas verde e azul. Qual é a cor observada?
• Ligue as lanternas verde e vermelha. Qual é a cor observada?
As cores vermelho, azul e verde são aditivas primárias, e, quando misturadas, geram novas cores.

Ao misturar vermelho e azul, surgiu o magenta; ao misturar verde e azul, surgiu o ciano; ao misturar

verde e vermelho, surgiu o amarelo.

181
Atividade 2

Com base no experimento 2, responda às questões a seguir:


• Ligue a lanterna vermelha. Qual é a cor observada?
• Ligue a lanterna verde e coloque o filtro azul. Qual é a cor observada?
• Ligue a lanterna branca e coloque o filtro vermelho. Qual é a cor observada?
Ao ligar a lanterna vermelha, observa-se apenas o vermelho. Ao ligar a lanterna verde com o filtro

azul, observa-se que o filtro absorve a cor emitida, não sendo observada cor alguma – ausência de

cor ou cor preta será observada. Ao ligar a lanterna branca com o filtro vermelho, observa-se apenas

a cor vermelha.

Aprofundando

1 (SARESP – Adaptada) O primeiro cientista a provar que a sensação de luz branca


era o resultado da existência simultânea de “luzes” foi Isaac Newton, por meio
de um experimento simples, que consistiu em fazer incidir um feixe de luz branca
sobre um prisma. A luz emergente do prisma, projetada num anteparo branco, re-
sultou numa sucessão de diferentes matizes, semelhantes aos observados em um
arco-íris. Tomando como referência as informações do texto e analisando a emis-
são de luz solar no seu ponto de partida, podemos concluir que o Sol:
a) emite luz branca. c) emite luz amarela.
b) emite luzes multicoloridas. d) emite luzes vermelhas e verdes.
A luz do Sol é considerada branca e pode ser decomposta em outras cores. Um exemplo dessa de-
composição é o arco-íris.

182
23
AULA
AULA PRÁTICA:
PROPRIEDADES DA LUZ

Resumo

A luz visível é uma onda eletromagnética que apresenta propriedades e está su-
jeita a fenômenos físicos, assim como o de qualquer onda. Vamos recordar quais são
esses fenômenos?

Reflexão:

A reflexão ocorre quando


uma onda incide sobre um
obstáculo e retorna ao ponto
de origem, ou é desviada em
ângulo complementar de
sua incidência.

Refração:

A refração é o fenômeno
observado quando uma onda
passa de um meio de propa-
gação para outro, com pro-
REPRODUÇÃO/BLOG DO ENEM

priedades físicas diferentes.

Difração:

A difração é o fenômeno
no qual as ondas podem Imagem de uma paisagem refletindo
contornar obstáculos. na superfície da água

183
REPRODUÇÃO/GETTY IMAGES
Ilustração demonstrando o fenômeno da refração: me-
nino olhando um peixe na água; entretanto, a posição do
peixe é diferente da imagem observada pelo menino

Na prática

Atividade 1

No experimento 1: água que inverte imagens.


Elabore uma hipótese para explicar o fenômeno observado e escreva em seu caderno.
O texto escrito no papel se inverte ao posicionar o frasco com água entre o objeto e o observador.

Isso acontece pelo fato de a luz refratar ao passar do meio aéreo para a água e novamente para o ar.

Consequentemente, a luz muda de direção antes de chegar aos nossos olhos.

184
AULA 23
Atividade 2

No experimento 2, foram exploradas algumas funções do simulador. E com base nos


resultados e nos seus conhecimentos sobre a luz, responda as questões abaixo:
1 O que você observa quando a luz passa do ar para a água?
A luz mudou de direção ao passar de um meio para outro.

2 Como o ângulo de incidência afeta o ângulo de refração?


O ângulo de incidência muda de acordo com o a posição da lanterna.

3 O que acontece quando a luz incide nos objetos disponíveis?


A luz pode mudar de direção ou até se decompor, dependendo do objeto que é colocado em

seu caminho.

Aprofundando

1 (PUC-MG) Um raio de luz branca atravessa um prisma de cristal, observando-se


várias cores após a emergência de luz. Esse fenômeno de separação em cores
é denominado:
a) difração. c) interferência. e) refração.
b) dispersão. d) polarização.
A dispersão da luz ocorre quando a luz branca, que é composta por diferentes cores (como verme-
lho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta), atravessa um material transparente como um prisma.

185
24
AULA
ESPECTRO
ELETROMAGNÉTICO

Resumo

Utilizamos as ondas eletromagnéticas em diversas atividades de nossas vidas.


O infravermelho é utilizado desde os controles remotos até aplicações na medicina,
como o uso de raios gama no tratamento de tumores.
As ondas de rádio são ondas longas, cujo comprimento pode variar de 1 mm a
100 km. Elas são utilizadas fundamentalmente para a comunicação desde o século XIX,
com os primeiros rádios, até hoje, com o uso de Wi-fi.
As micro-ondas são ondas com comprimento entre 1 a 300mm. São ondas utilizadas
principalmente nos fornos micro-ondas.
As micro-ondas têm a mesma frequência de vibração das moléculas de água.
Portanto, ela transfere energia para essas moléculas, consequentemente aumen-
tando a temperatura das moléculas de água presentes no alimento.
As ondas de infravermelho são ondas com comprimento de até 1 μm. São ondas
utilizadas para visualização térmica ou para assinalar algum dispositivo à curta distância,
como o controle remoto de uma TV.
As ondas ultravioleta estão na faixa entre 400 a 200 nm. As radiações ultravioleta
(UV) são divididas em três faixas de comprimento de onda: UVA, UVB e UVC. Embora
essa radiação seja bastante nociva para a biosfera, a camada de ozônio filtra grande parte
dessas radiações.
• As ondas de raio-X têm comprimento entre 10–8 e 10–11 m.
• A principal utilidade é a produção de radiografias para uso médico.
• As ondas de raios-gama têm comprimento de 10–11 m e são as menores
ondas eletromagnéticas.
Essas ondas podem ter efeito ionizante, ou seja, possuem a capacidade de arrancar
elétrons de átomos e moléculas.
186
AULA 24
ID118968_CIENCIAS_9AF_AULA24_ODA1_IMPRESSO

Atividade 1

Ondas de rádio Micro-ondas Infravermelho Ultravioleta Raios-X Raios gama

ADAPTAÇÃO/GETTY IMAGES
Energia

Comprimento de onda

Espectro eletromagnético

Na prática
Elaborado especialmente para a aula com imagens © Getty Images.

Atividade 1

Analise as alternativas a seguir referentes às unidades de medida estudadas em ondas


eletromagnéticas:
I A unidade de medida da velocidade da luz é metros por segundo.
II A unidade de medida do comprimento das ondas é tesla.
III A unidade de medida da frequência das ondas é hertz.

Escolha qual dessas afirmativas estão corretas e justifique sua escolha.


São verdadeiras as afirmações I e III, pois a unidade de medida do comprimento de onda é metro (m) e a

unidade de medida de frequência de ondas é hertz (Hz).

187
Atividade 2

Entre as ondas a seguir, qual não corresponde a uma onda eletromagnética?


a) Infravermelha.
b) Raios X. O som é uma onda do tipo mecânica e que necessita de um meio material para
c) Som. se propagar.

d) Ultravioleta.

Aprofundando

1 (ENEM 2013) Em viagens de avião, é solicitado aos passageiros o desligamento de


todos os aparelhos cujo funcionamento envolva a emissão ou a recepção de on-
das eletromagnéticas. O procedimento é utilizado para eliminar fontes de radiação
que possam interferir nas comunicações via rádio dos pilotos com a torre de con-
trole. A propriedade das ondas emitidas que justifica o procedimento adotado é o
fato de:
a) terem fases opostas.
b) serem ambas audíveis.
c) terem intensidades inversas.
d) serem de mesma amplitude.
e) terem frequências próximas.

Ondas emitidas pelos aparelhos de rádio possuem frequências próximas às dos aparelhos eletrôni-
cos, podendo interferir na comunicação.

188
25
AULA
DAS ONDAS DE RÁDIO
AO INFRAVERMELHO

Resumo

Existe uma correlação inversa entre o comprimento e a frequência de uma onda.


Ondas de menores frequências (como as de rádio) apresentam os maiores compri-
mentos, enquanto ondas com maiores frequências (como os raios gama), por sua vez,
apresentam menores comprimentos. Observe a imagem a seguir.

RÁDIO MICRO-ONDAS INFRAVERMELHO LUZ VISÍVEL ULTRAVIOLETA RAIOS X RAIOS GAMA

GABRIELA DE OLIVEIRA/BRASIL ESCOLA

COMPRIMENTO DE ONDA (m)

103 10-2 10-5 5x10-6 10-8 10-10 10-12

FREQUÊNCIA DE ONDA (Hz)

104 108 1012 1015 1016 1018 1024

189
Na prática

Atividade 1

Qual das seguintes aplicações utiliza raios infravermelhos? Raios infravermelhos são
usados para medir a radia-
a) Comunicação via rádio AM. ção térmica dos objetos,
permitindo a detecção de
b) Detecção de temperatura em termômetros sem contato. temperatura sem contato
c) Transmissão de sinais de TV via satélite. físico. As outras opções
utilizam diferentes tipos
d) Recepção de sinais de GPS. de ondas eletromagnéti-
cas, como ondas de rádio
e) Emissão de sinais de rádio FM. ou micro-ondas.

Aprofundando

1 (ENEM 2014)
Alguns sistemas de segurança incluem detectores de movimento [...] Quando uma
pessoa se aproxima do sistema, a radiação emitida por seu corpo é detectada por esse
tipo de sensor.
WENDLING, M. Sensores. Disponível em: www2.feg.unesp.br. Acesso em: 7 maio 2014. (adaptado)

A radiação captada por esse detector encontra-se na região de frequência:


a) da luz visível.
b) do ultravioleta.
c) do infravermelho.
d) das micro-ondas.
e) das ondas longas de rádio.
Os detectores de movimento que captam a radiação emitida pelo corpo humano geralmente utilizam
sensores que detectam a radiação infravermelha. A radiação infravermelha é emitida por objetos com
temperatura acima do zero absoluto e está na faixa de comprimento de onda que corresponde ao calor
irradiado pelo corpo humano. Assim, esses sensores são projetados para detectar variações na radiação
infravermelha para identificar movimentos.

190
26
AULA
RADIAÇÃO: DO ULTRAVIOLETA
(UV) AOS RAIOS GAMA

Resumo

LUZ ULTRAVIOLETA
INFRAVERMELHO LUZ VISÍVEL ULTRAVIOLETA
ULTRAVIOLETA
UVA UVB UVC A VÁCUO

780 nm 400 nm 315 nm 280 nm 100 nm 10 nm

(3 x 1011 - 4 x 1014)Hz (4,3 x 1014 – 7,5 x 1014)Hz (7,5 x 1014 - 9,5 x 1014)Hz (1,1 x 1015 - 3 x 1015)Hz

(9,5 x 1014 – 1,1 x 1015)Hz

Comprimento Grau de
Potenciais efeitos
Raios (nm) / Nível de absorção
em contato com o
UV Frequência energia pela camada
corpo humano
(Hz) de ozônio

Redução da firmeza da pele;


315 – 400 /
UVA Menor nível Baixo grau estimula a produção de
7,5 • 1014 – 9,5 • 1014
melanina (bronzeamento)

Absorvidos pela epiderme.


Em excesso podem gerar dor,
280 – 315 / Nível Grau
UVB inchaço e vermelhidão, além de
9,5 • 1014 – 1,1 • 1015 intermediário intermediário
aumentar o risco de catarata e
de câncer de pele

191
Comprimento Grau de
Potenciais efeitos
Raios (nm) / Nível de absorção
em contato com o
UV Frequência energia pela camada
corpo humano
(Hz) de ozônio

Alto grau
100 – 280 / Não atingem a
UVC Maior nível (maior parte
1,1 • 1015 – 3 • 1015 superfície terrestre
bloqueada)

Na prática

Atividade 1

Qual das alternativas a seguir descreve corretamente uma diferença entre os raios
gama e os raios X?
a) Os raios gama têm menor poder de penetração do que os raios X.
b) Os raios X são gerados por processos nucleares, enquanto os raios gama são gerados
pela desaceleração de elétrons.
c) Os raios gama são utilizados exclusivamente na medicina, enquanto os raios X são
usados apenas em pesquisas científicas.
d) Os raios X têm frequências mais altas do que os raios gama.
e) Os raios gama são emitidos por processos nucleares, enquanto os raios X são gerados
pela desaceleração de elétrons.
Isso se deve ao fato de que os raios gama são produzidos durante processos nucleares, como a desin-
tegração radioativa de núcleos atômicos e as reações nucleares, e são caracterizados por suas altas
energia e frequência, que resultam da transição de um núcleo atômico excitado para um estado de
menor energia. Em contraste, os raios X são gerados principalmente pela desaceleração de elétrons,
que são desviados por um núcleo atômico em um tubo de raios X. Embora ambos tenham alta energia,
suas origens são distintas. Portanto, a alternativa E descreve corretamente a diferença entre esses dois
tipos de radiação.

192
AULA 26
Aprofundando

1 (ENEM 2017) O avanço científico e tecnológico da Física Nuclear possibilitou co-


nhecer, com maiores detalhes, o decaimento radioativo dos núcleos atômicos
instáveis, desenvolvendo-se algumas aplicações para a radiação de grande pene-
tração no corpo humano, utilizada, por exemplo, no tratamento do câncer. A aplica-
ção citada no texto se refere a qual tipo de radiação?
a) Ondas de rádio.
b) Micro-ondas.
c) Raios gama.
d) Raios infravermelhos.
e) Raios ultravioleta.
Os raios gama têm a capacidade de penetrar profundamente nos tecidos humanos, o que os torna
adequados para tratar cânceres, que muitas vezes estão localizados em áreas profundas do corpo.
Eles são usados em radioterapia para destruir células cancerosas e reduzir tumores, devido às suas
altas energia e penetração. Em contraste, outros tipos de radiação mencionados, como ondas de
rádio, micro-ondas, raios infravermelhos e raios ultravioleta, não têm a mesma capacidade de pene-
tração, e, portanto, não são utilizados da mesma forma no tratamento de câncer. Assim, a alternativa
C é a que melhor descreve a aplicação citada no texto.

193
27
AULA
AULA PRÁTICA:
ONDA MECÂNICA

Resumo

As ondas mecânicas são definidas como oscilações que se propagam obrigatoria-


mente em meio material, ou seja, não se propagam no vácuo.
Um exemplo de onda mecânica é o som. O som se propaga em diversos meios
materiais, tais como: ar, água, madeira e tantos outros materiais que utilizamos em
nosso cotidiano.
Algumas propriedades das ondas são fundamentais para classificarmos e utilizarmos as
ondas mecânicas, como frequência e amplitude. A frequência do som determina a forma
como percebemos os sons: por exemplo, se é grave ou agudo. O timbre, por sua vez, é a
“identidade sonora”, sendo definido pelo formato da onda. Quanto maior a frequência, mais
agudo será o som. Quanto menor a frequência, mais grave será o som. A amplitude
determina a intensidade do som, popularmente conhecido como volume do som.
Ondomotriz: dispositivo que utiliza a variação de altura das ondas do mar, ou seja, a
amplitude das ondas para a produção de energia elétrica de forma limpa. Cada período da
onda gera um vale e uma crista: como não há transporte de matéria, os geradores on-
domotrizes possuem boias que oscilam conforme o movimento das ondas do mar. Esse
movimento move um sistema de bombeamento de água e gira as turbinas do gerador de
energia elétrica, sendo uma alternativa que corresponde ao Objetivo de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) 7.

194
AULA 27
LEONARDO BORGES/AUTOSSUSTENTÁVEL
Usina Ondomotriz em Pecém, Ceará

Engenharia e urbanismo de redução de poluição sonora: as grandes cidades apre-


sentam uma enorme poluição sonora gerada, principalmente, pela grande frota de auto-
móveis. Se cada automóvel for considerado uma fonte sonora, e as paredes dos prédios
e casas forem consideradas anteparos de reflexão do som, o resultado disso são mui-
tos sons refletidos aos ouvintes, produzindo ondas com muita interferência e grandes
amplitudes, ou seja, a poluição sonora. Dessa forma, considerar, na arquitetura e urba-
nismo, a redução de ondas sonoras como um fator de saúde e bem-estar é fundamen-
tal para a construção de cidades mais sustentáveis, indo ao encontro dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3 e 11.
PORTAL DA COPA/WIKIMEDIA COMMONS

Trânsito na Avenida Tancredo Neves, um dos


lugares que exemplifica a produção de som de
diversas fontes (os automóveis) com muitos
anteparos de reflexão (as paredes dos prédios),
causando uma grande poluição sonora no local

195
A seguir, observe os quadros dos ODS:

REPRODUÇÃO/GTSC A2030
Na prática

Atividade 1

Com base nas simulações utilizadas em aula e pensando nas propriedades e compor-
tamentos de onda observados nos experimentos qual aplicação, com o uso de ondas,
você utilizaria para um desenvolvimento mais sustentável? Qual aplicação, com o uso
de ondas, você utilizaria para um desenvolvimento mais sustentável?
Resposta pessoal.

196
AULA 27
Atividade 2

Elaborem possíveis aplicações e usos de ondas mecânicas que possam promover o de-
senvolvimento sustentável (utilizem os conceitos de frequência e amplitude).

Propostas de redução da quantidade de fontes emissoras de som em veículos com motor à combustão.

Redução de aparatos que possam ter efeito de reflexão das ondas sonoras para os ouvintes.

Aprofundando

1 (UFSCAR 2016) Um homem adulto conversa com outro de modo amistoso e sem
elevar o nível sonoro de sua voz. Enquanto isso, duas crianças brincam emitindo
gritos eufóricos, pois a brincadeira é um jogo interessante para elas. O que distin-
gue os sons emitidos pelo homem dos emitidos pelas crianças:
a) é o timbre, apenas.
b) é a altura, apenas.
c) são a intensidade e o timbre, apenas.
d) são a altura e a intensidade, apenas.
e) são a altura, a intensidade e o timbre.

A altura, a intensidade e o timbre conferem características ao som que permitem diferenciá-lo


de outros.

197
28
AULA
DESASTRES COM
RADIAÇÃO IONIZANTE

Resumo

A radiação pode ser classificada como radiação ionizante ou não ionizante.


A radiação ionizante é aquela que tem a capacidade de remover elétrons de átomos,
enquanto a radiação não ionizante não tem essa capacidade.
As radiações ionizantes são ondas eletromagnéticas de alta frequência, assim como
ID118966_CIENCIAS_9AF_AULA22_ODA1

os raios X e os raios gama.


ESPECTRO DE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS

ONDAS DE RÁDIO MICRO-ONDAS INFRAVERMELHO ULTRAVIOLETA RAIOS X RAIOS GAMA

ESPECTRO VISÍVEL REPRODUÇÃO/STAR

5 000 000 000


Espectros500das ondas250eletromagnéticas
10 000 0,5 0,0005 NANÓMETROS

COMPRIMENTO DE ONDA
0,000000248 0,124 2,48 4,96 2480 2 480 000 ELÉTRON-VOLTS

ENERGIA
Elaborado especialmente para a aula com imagens © Getty Images.

198
AULA 28
Radiação ionizante
Elétron livre

Elétron

Próton

Nêutron

ADAPTAÇÃO/GETTY IMAGES
A radiação ionizante incide sobre
o átomo e remove o elétron.

Imagem ilustrativa do fenômeno da ionização, na qual as


esferas representam partículas subatômicas

A radiação ionizante é capaz de atravessar a matéria, dependendo das suas proprie-


dades (comprimento de onda, frequência etc.).
Sendo assim, a radiação alfa é aquela que possui a menor capacidade de atraves-
sar a matéria, enquanto os raios gama e os nêutrons têm o maior poder de penetração
na matéria.

Radiação Alfa
α
Radiação Beta
β
Raio-X
Х
Raio Gama
γ
Nêutron
ADAPTAÇÃO/GETTY IMAGES

Papel Alumínio Chumbo Concreto

Imagem representando o grau de penetração dos diferentes tipos de


radiação, em diferentes materiais e superfícies

199
Uma das principais referências nos estu-
dos da radioatividade foi a cientista polonesa
Marie Skłodowska-Curie (1867-1934). Ela foi
ganhadora de dois prêmios Nobel: em 1903,
de Física, e, em 1911, de Química.
Seus estudos foram fundamentais para
a descrição da radiação, de elementos quí-
micos radioativos e de equipamentos de
utilidade para a saúde, como máquinas por-
táteis de radiografia, utilizadas na Primeira
Guerra Mundial.

REPRODUÇÃO/WIKIMEDIA COMMONS
Marie Curie e seu marido, Pierre Curie,
foram responsáveis por descrever elementos
radioativos como o polônio e o rádio.
Mas, infelizmente, a constante exposição
à radiação dos materiais, que lhe renderam
tanto sucesso, também foi responsável por lhe
Marie Curie (1867-1934)
causar leucemia, um tipo de câncer que afeta
as células da medula óssea.

Reações tecidulares (efeitos determinísticos)

Sindrome de radiação aguda Lesões na


medula óssea
Epilação (perda de pelos nas zonas expostas)
Efeitos Lesões
Esterilidade
agudos gastrointestinais
Anomalias no feto
Lesões
Efeitos Eritema cardiovasculares
somáticos

Catarata
Efeitos a
longo prazo Cancro
Efeitos estocásticos
(tardios) Leucemia
ADAPTAÇÃO/GETTY IMAGES

Efeitos Mutações cromossômicas


genéticos

Problemas de saúde causados pela exposição à radiação

200
AULA 28
Na prática

Atividade 1

(ENEM 2012) A falta de conhecimento em relação ao que venha a ser um material ra-
dioativo, e de quais os efeitos, as consequências e os usos da irradiação, pode gerar o
medo e a tomada de decisões equivocadas, como a apresentada no exemplo a seguir.

"Uma companhia aérea se negou a transportar material médico, por este portar um
certificado de esterilização por irradiação.”
Física na Escola, v. 8, n. 2, 2007. (adaptado)

A decisão tomada pela companhia foi equivocada, pois:


a) o material é incapaz de acumular radiação, não se tornando radioativo por ter
sido irradiado.
b) a utilização de uma embalagem é suficiente para bloquear a radiação emitida
pelo material.
c) a contaminação radioativa do material não se prolifera da mesma forma que as infec-
ções por microrganismos.
d) o material irradiado emite radiação de intensidade abaixo daquela que ofereceria risco
à saúde.
e) o intervalo de tempo após a esterilização é suficiente para que o material não emita
mais radiação.
A radiação pode ser utilizada para esterilizar equipamentos hospitalares, todavia estes não ga-
nham a capacidade de irradiar.

201
Aprofundando

1 (UFSM 2019) Relacione as radiações naturais alfa, beta e gama com suas respecti-
vas características:
1 alfa (α);
2 beta (β);
3 gama (γ).
• Têm alto poder de penetração, podendo causar danos irreparáveis ao ser humano;
• São partículas leves, com carga elétrica negativa e massa desprezível;
• São radiações eletromagnéticas semelhantes aos raios X, não têm carga elétrica
nem massa;
• São partículas pesadas, de carga elétrica positiva, que, ao incidirem sobre o corpo
humano, causam apenas queimaduras leves.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a) 1, 2, 3, 2
b) 2, 1, 2, 3
c) 1, 3, 1, 2
d) 3, 2, 3, 1
e) 3, 1, 2, 1

202
GEOGRAFIA
1
AULA DAS GRANDES NAVEGAÇÕES À
GLOBALIZAÇÃO: A GEOGRAFIA
E SUA RELEVÂNCIA

Resumo

As Grandes Navegações, iniciadas no século XV, marcaram o começo do capitalismo


mercantil. Essas expedições europeias conectaram continentes por meio de rotas co-
merciais, transformando profundamente as relações econômicas e culturais globais. O
modelo mercantilista, adotado pelas potências europeias, promoveu a exploração colo-
nial, com extração de riquezas e acúmulo de metais preciosos, garantindo a hegemonia
econômica de metrópoles europeias, como Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Países
Baixos. Houve um acúmulo de riqueza das metrópoles, mas um empobrecimento das
colônias, que eram utilizadas apenas como base de exploração. A Divisão Internacional
do Trabalho, consolidada nesse período, especializou diferentes regiões do mundo em
determinadas funções na produção, perpetuando a dependência econômica das colônias.
O acúmulo de riquezas possibilitou a algumas metrópoles, como a Inglaterra, avança-
rem para a etapa seguinte: a industrialização. Nessa nova fase, o modo de vida foi profun-
damente alterado, transformando desde os tipos de trabalho até a habitação.
No século XX, o desenvolvimento tecnológico avançou de forma acelerada, mas ficou
concentrado em poucos países. As disparidades globais se tornaram ainda mais evi-
dentes, consolidando a globalização e sua influência, a partir de mudanças econômicas,
do surgimento de novas tecnologias de comunicação e da concentração das pessoas
nas cidades.
Assim como no passado, o domínio tecnológico e informacional está concentrado
em poucos países. Esse controle lhes garante uma vantagem significativa em ter-
mos de desenvolvimento econômico e de poder global, contribuindo para a ampliação
das desigualdades.

204
AULA 1
Na prática

Atividade 1

1 Como as metrópoles se beneficiaram do modelo mercantilista?


As metrópoles se beneficiaram do acúmulo de riquezas que exploraram em diferentes áreas do
mundo. Esse acúmulo viabilizou a países como a Inglaterra o desenvolvimento que culminou na
Revolução Industrial. Esse processo transformou as relações humanas em diversos aspectos, como
trabalho, moradia, deslocamento e outros. Como a Inglaterra foi o primeiro país a se industrializar,
isso lhe garantiu um domínio ainda maior sobre as colônias e sobre as outras metrópoles, não so-
mente econômico, mas também cultural e político, por exemplo.

2 As Grandes Navegações também deixaram marcas nos locais colonizados. Cite um


exemplo de como as colônias, como o Brasil, ainda hoje sofrem as consequências
desse período.
Países que foram colônias de exploração têm sua base econômica dependente de setores primários,
exportando matéria-prima e importando tecnologia, o que dificulta que alcancem melhores níveis
econômicos e sociais, resultando muitas vezes em altos índices de desigualdade social.
Outro fator a ser considerado, especialmente em países como o Brasil, são os impactos do período
de escravidão nas colônias onde essa prática ocorreu. Grande parte da população negra continua
vivendo em situação de vulnerabilidade e enfrentando o racismo.

3 Segundo alguns autores, a globalização teve seu início nas Grandes Navegações.
Quais fatores evidenciam essa afirmação?
Durante as Grandes Navegações, as trocas comerciais entre diferentes regiões do mundo foram acentuadas.
Especiarias e outros produtos eram buscados além-mar, sobretudo por expedições de países europeus. Chás, teci-
dos, porcelanas e outros itens também eram comercializados, impactando não somente a economia, mas a cultura
também. Instaurou-se um modelo de colonização de exploração em continentes como América, Ásia e África, no
qual, muitas vezes, a cultura do colonizador era imposta aos povos originários, como no caso da catequização dos
povos indígenas no Brasil, além disso, ocorreu o extermínio de muitos povos da região e, consequentemente, de
suas culturas e tradições. Houve, em alguns países da América, a escravização de pessoas negras, trazidas à força
do continente africano. As manifestações culturais dessas pessoas foram subjugadas e muitas vezes proibidas.
Para conseguir manter viva algumas manifestações culturais, por vezes, elas acabavam se misturando com a
cultura do colonizador, o que resultou em uma grande diversidade cultural nesses países.

205
Aprofundando

1 (ENEM 2013)
Multinacionais japonesas instalam empresas em Hong-Kong
E produzem com matéria-prima brasileira
Para competir no mercado americano
[...]
Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos ingleses na Nova Guiné
Gasolina árabe alimenta automóveis americanos na África do Sul
[...]
Crianças iraquianas fugidas da guerra
Não obtêm visto no consulado americano do Egito
Para entrarem na Disneylândia
ANTUNES, A. Disponível em: http://www.radio.uol.com.br. Acesso em: 3 fev. 2013. (fragmento)

Na canção, ressalta-se a coexistência, no contexto internacional atual, das


seguintes situações:
a) acirramento do controle alfandegário e estímulo ao capital especulativo.
b) ampliação das trocas econômicas e seletividade dos fluxos populacionais.
c) intensificação do controle informacional e adoção de barreiras fitossanitárias.
d) aumento da circulação mercantil e desregulamentação do sistema financeiro.
e) expansão do protecionismo comercial e descaracterização de identidades nacionais.

A letra da canção retrata a integração e facilidade de fluxos econômicos e de produtos, além das dificul-
dades, barreiras e seletividade nos fluxos populacionais.

206
2
AULA HEGEMONIA EUROPEIA
E DEMARCAÇÕES:
ORIENTE E OCIDENTE

Resumo

Geografia - Cartografia Geografia - Sociedade

Ocidente Oriente Ocidente Oriente

Diversidade
Economia
cultural e
Oeste Leste capitalista e
religiosa,
religião cristã
tradições locais

A hegemonia europeia, consolidada por meio das grandes navegações e da coloni-


zação, contribuiu para a formação do mundo moderno. Esse processo levou à imposição
da cultura europeia em várias regiões do mundo, moldando o que hoje conhecemos
como Ocidente.
Ao longo da história, a interação entre Oriente e Ocidente resultou em uma complexa
teia de influências culturais, sociais e políticas que moldaram a identidade dos povos
ao redor do mundo. Essas influências mistas são parte integrante das culturas globais,
evidenciando que as divisões entre Oriente e Ocidente são construídas e constantemente
redefinidas por meio de trocas culturais.

207
Na prática

Atividade 1

Responda às questões a seguir.

1 O Brasil é um país ocidental? Explique como você chegou a essa conclusão.


Espera-se que os estudantes considerem os fatores geográficos, culturais e sociais na resposta.

Considerando a localização do país no mundo, o Brasil é classificado como ocidental por estar no

hemisfério oeste do Meridiano de Greenwich.

Ao considerar questões sociais e culturais, o Brasil também é visto como um país ocidental devido

à forte influência europeia em sua religião, cultura e nos modelos econômicos e políticos adotados.

Entretanto, ao considerar a visão eurocêntrica, tanto o Brasil quanto outros países da América do

Sul e da América Central não apresentam o mesmo nível de desenvolvimento dos países ocidentais

europeus. Por conta disso, alguns autores chamam essa região de "extremo ocidente", pois,

apesar de partilhar valores com a Europa, esses valores e/ou sua intensidade não são completa-

mente comparáveis aos da Europa. Ainda como exemplo, temos a Austrália, que é considerada uma

nação ocidental, apesar de estar no hemisfério sul e oriental, enquanto o Brasil não é considerado

ocidental por muitas nações.

208
AULA 2
2 Pense em elementos do seu cotidiano que têm origem na cultura oriental.
Considere alimentos, tecnologia, vestuário, tradições ou práticas que você co-
nhece. Quais desses elementos você identificou em seu dia a dia? Explique
como esses elementos chegaram ao Brasil ou ao Ocidente e como são
utilizados atualmente.
Os estudantes devem identificar e explicar elementos do cotidiano que têm origem na

cultura oriental.

Exemplos na alimentação:

Chá – Originado na China, foi trazido ao Ocidente através das rotas comerciais, como a Rota da

Seda. No Brasil, o consumo de chá é comum, embora diferentes culturas no país prefiram tipos varia-

dos (como, por exemplo, o chá-mate no Sul).

Arroz – Domesticado na Ásia, principalmente na China, o arroz é um alimento básico em várias

culturas, incluindo a brasileira. Chegou ao Brasil através dos colonizadores e escravizados africanos,

tornando-se um alimento central na dieta do nosso país.

Especiarias – Como canela, gengibre e pimenta, que vieram da Índia e outras regiões asiáticas. Essas

especiarias foram trazidas por comerciantes europeus durante as grandes navegações e se tornaram

ingredientes comuns na culinária brasileira.

Exemplos na tecnologia:

Papel – Invenção chinesa; o papel chegou ao Ocidente através de trocas culturais e comerciais. É

fundamental em todas as sociedades, incluindo a brasileira, para escrita, impressão e educação.

Bússola – Também de origem chinesa, foi indispensável para as grandes navegações europeias.

Hoje, é usada em várias formas de navegação, incluindo a digital.

209
3 Na sua opinião, essas influências culturais ainda são percebidas como orientais
ou já foram completamente integradas à cultura ocidental? Justifique sua resposta
com exemplos discutidos em sala.

Resposta pessoal. Alguns estudantes podem argumentar que muitos desses elementos culturais

orientais foram completamente integrados à cultura ocidental. Por exemplo, o uso do papel pode ser

visto como parte da vida cotidiana ocidental, sem que muitos reconheçam suas origens orientais.

Outros podem argumentar que certas influências ainda são percebidas como orientais, como o uso

de especiarias em pratos típicos asiáticos ou a prática de artes marciais, que são frequentemente

associadas à cultura oriental.

Aprofundando

1 (ENEM 2014)
O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originá-
rio do Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrional antes de ser transmitido
à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão cuja planta se tornou doméstica na
Índia. No restaurante, toda uma série de elementos tomada de empréstimo o espera.
O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A faca é de aço, liga feita
pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é inventado na Itália medieval; a colher vem de
um original romano. Lê notícias do dia impressas em caracteres inventados pelos antigos
semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha.
LINTON, R. O homem: uma introdução à antropologia. São Paulo: Martins, 1959. (adaptado)

A situação descrita é um exemplo de como os costumes resultam da:


a) assimilação de valores de povos exóticos.
b) experimentação de hábitos sociais variados.
c) recuperação de heranças da Antiguidade Clássica.
d) fusão de elementos de tradições culturais diferentes.
e) valorização de comportamento de grupos privilegiados.
O texto descreve o cotidiano de um cidadão norte-americano, enfatizando que diversos objetos e práticas
utilizados no dia a dia foram desenvolvidos em várias partes do mundo. Com isso, demonstra-se que os
costumes e objetos de uso diário resultam da fusão de diferentes culturas ao longo do tempo.
210
DA PEDRA AO TOUCH:

3
AULA

PODER E INFORMAÇÃO
NA PALMA DA MÃO

Resumo

A cartografia é uma ferramenta poderosa que, ao longo da história, tem sido usada
para construir identidades e conquistar poder.
Os mapas evoluíram desde blocos de argila – como o Ga-Sur – até mapas produzi-
dos em papel, que buscavam representar detalhadamente o mundo conhecido ou imagi-
nado por quem os elaborava.
Atualmente, as técnicas e tecnologias envolvidas na produção de mapas evoluíram.
Além dos mapas impressos, as representações espaciais ganharam modernas e precisas
versões digitais.
Ainda assim, não se pode afirmar que os mapas são representações neutras. Eles in-
fluenciam a forma de ver e interpretar o mundo, revelando perspectivas e pontos de vista
específicos na maneira como os territórios e áreas são representados.

Na prática

Atividade 1

Com base nas pesquisas realizadas e nos principais pontos levantados, cada grupo
deverá criar seu próprio mapa, fazendo uma releitura do mapa que foi atribuído e pes-
quisado. O objetivo é refletir identidades culturais e geográficas que não foram abor-
dadas no mapa selecionado.

211
212
AULA 3
Aprofundando

1 (ENEM 2016 – Adaptada)

REPRODUÇÃO/ENEM

A projeção cartográfica do mapa configura-se como hegemônica desde a sua ela-


boração, no século XVI. A sua principal contribuição inovadora foi:
a) redução comparativa das terras setentrionais.
b) manutenção da proporção real das áreas representadas.
c) consolidação das técnicas utilizadas nas cartas medievais.
d) valorização dos continentes recém-descobertos pelas Grandes Navegações.
e) adoção de um plano em que os paralelos fazem ângulos constantes com
os meridianos.

A projeção de Mercator, uma das mais utilizadas em todo o mundo, altera a forma dos continentes, priorizando manter a área
proporcional. Em alguns continentes, isso é mais notável, como os que estão próximos aos polos. Além disso, por ser um mapa
baseado em uma forma cilíndrica, mantém ângulos retos, facilitando a coordenação e a visualização.

213
4
AULA
HEGEMONIA EUROPEIA E O
SISTEMA COLONIAL – PARTE 1

Resumo

A partir das conquistas europeias nos séculos XV e XVI, foram estabelecidas colônias
em várias partes do mundo, incluindo as Américas, a África e partes da Ásia. Por meio do
Pacto Colonial, as metrópoles submetiam as colônias ao fornecimento de matérias-primas
com exclusividade e, em troca, exportavam produtos manufaturados.
Com o avanço dessas políticas, a Inglaterra se fortaleceu como potência colonial dos
séculos XVIII e XIX, dominando rotas comerciais de algodão, chá e especiarias; e estabe-
leceu colônias em todos os continentes. Isso permitiu a acumulação de grandes riquezas,
consolidando sua hegemonia global.
A Revolução Industrial, que se iniciou na Inglaterra no final do século XVIII, trouxe novas
demandas para as metrópoles europeias, como a necessidade de mais matérias-primas e
novos mercados consumidores. As independências na América Latina levaram as potên-
cias europeias a buscar novos territórios, especialmente na África e na Ásia.

Colonialismo Neocolonialismo

Época: séculos XV ao XVIII. Época: séculos XIX e XX.


Regiões dominadas: Américas, Regiões dominadas: principalmente África e Ásia.
partes da África e Ásia. Principais potências: Reino Unido, França,
Principais potências: Portugal, Bélgica, Alemanha e Itália.
Espanha, Reino Unido, França e Objetivo: garantir o fornecimento de matérias-primas e
Países Baixos. abrir novos mercados consumidores para as indústrias.
Objetivo: explorar recursos naturais,
estabelecer rotas comerciais e expandir
a influência cultural e religiosa europeia.

214
AULA 4
Na prática

Atividade 1

Monumentos coloniais: herança ou história?


Leia os textos a seguir para responder às perguntas propostas.

Criança se mobiliza para derrubar estátua de rei que massacrou o Congo

Noah, um menino belga de 14 anos, criou uma petição para pedir a derrubada das
estátuas do rei Leopoldo II, da Bélgica. O monarca ficou historicamente conhecido pela
cruel colonização que promoveu no então Estado Livre do Congo. Filho de congoleses,
Noah se sente menosprezado "porque são pessoas de minha origem e comunidade que
foram mortas“ [...].
CRIANÇA se mobiliza para derrubar estátua de rei que massacrou o Congo. UOL Notícias, 25 jun. 2020.

Derrubar todos os monumentos do mundo não muda o que aconteceu, diz


vencedor do Pulitzer

"Pode-se derrubar todos os monumentos do mundo, mas isso não muda necessa-
riamente o que aconteceu. Nós ainda somos obrigados a ter esse passado na memória",
diz David Blight, professor de história da Universidade de Yale, especialista em estudos
sobre afro-americanos e a guerra civil, em entrevista à BBC Mundo [...].
LISSARDY, G. Derrubar todos os monumentos do mundo não muda o que aconteceu, diz vencedor do Pulitzer.
BBC Brasil, 25 jul. 2020.

Debata com seus colegas a sua opinião sobre a retirada, manutenção ou recontextua-
lização de monumentos históricos. Baseie sua discussão nos trechos dos dois textos e
no conteúdo abordado em aula. Em seguida, responda às questões.
1 Escreva sobre um monumento em sua cidade ou no Brasil que representa o pas-
sado colonial ou escravagista.

O estudante deve identificar um monumento que tenha conexão com o passado colonial ou es-
cravagista. Exemplos: estátua de Dom Pedro I no Rio de Janeiro, monumentos a bandeirantes em
São Paulo, ou estátuas de figuras ligadas ao período escravagista, como o Monumento ao Barão do
Rio Branco.

215
2 Esse monumento deve ser mantido, removido ou recontextualizado? Justifique
sua resposta.
O estudante deve escolher uma das opções e justificar sua escolha.

3 Caso você opte pela remoção, para onde o monumento deve ser levado e o que
deve ser feito com ele? Se preferir mantê-lo, como ele pode ser recontextualizado?
Opinião 1 (Manter): o estudante pode argumentar que o monumento deve ser mantido como parte

da memória histórica, servindo como um lembrete das injustiças passadas e um ponto de partida

para discussões educativas. Critérios: a resposta deve incluir uma justificativa que considere a im-

portância da preservação da memória histórica, mesmo que dolorosa, e como isso pode contribuir

para a conscientização e educação pública.

Opinião 2 (Remover): o estudante pode defender a remoção do monumento, alegando que ele

glorifica figuras que cometeram atos opressores e que sua presença perpetua o trauma das co-

munidades afetadas. Critérios: a resposta deve apresentar argumentos sobre a sensibilidade das

vítimas e a necessidade de reavaliar os símbolos públicos, propondo a remoção como uma forma de

reparação histórica.

Opinião 3 (Recontextualizar): o estudante pode sugerir a recontextualização do monumento, adi-

cionando placas explicativas, colocando-o em um museu ou alterando o contexto em que ele é

apresentado para refletir criticamente o passado. Critérios: a resposta deve explorar como a recon-

textualização pode transformar o monumento em uma ferramenta educativa que oferece uma visão

crítica e completa do passado, sem removê-lo do espaço público.

216
AULA 4
Aprofundando

1 (UNESP 2022)
Estátuas famosas da cidade de São Paulo como a do bandeirante Borba Gato, em
Santo Amaro, na Zona Sul, e a de Bartolomeu Bueno da Silva, no Parque Trianon, na
Avenida Paulista, ganharam um “adereço macabro” nas últimas semanas.
Com o objetivo de ressignificar a história das figuras que elas representam, um grupo
de manifestantes colocou caveiras em frente a essas estátuas e as fotografou. As fotos
viralizaram nas redes sociais.
Bandeirantes como Borba Gato desbravaram territórios no interior do país e captura-
ram e escravizaram indígenas e negros. Isso quando não os matavam em confrontos que
acabaram por dizimar etnias, segundo historiadores.
VIEIRA, B. M. Crânios são colocados ao lado de monumentos de bandeirantes para ressignificar história de SP.
G1, 27 out. 2010. (adaptado)

Do ponto de vista histórico, a proposta de “ressignificar monumentos”, realizada


pelo grupo,
a) é uma transferência para a história e a historiografia da prática de cancelamento de
pessoas nas redes sociais.
b) entende a função da história como celebração dos mitos e heróis do passado.
c) representa uma análise crítica e um esforço de revisão da memória histórica.
d) demonstra uma percepção otimista e ufanista da identidade e do
passado brasileiros.
e) mostra clara descrença na história e a valorização do trabalho de
artistas consagrados.
O movimento de ressignificação busca reavaliar e reinterpretar o passado, em vez de simplesmente
cancelar ou glorificar figuras históricas.

217
5
AULA
HEGEMONIA EUROPEIA E O
SISTEMA COLONIAL – PARTE 2

Resumo

O neocolonialismo, iniciado no final do século XIX, marcou uma nova fase de domina-
ção europeia sobre a África e a Ásia, com potências como Reino Unido, França, Alemanha
e Bélgica expandindo seu controle sobre vastos territórios. A corrida por recursos natu-
rais e novos mercados consumidores levou à partilha desses continentes, com fronteiras
arbitrárias sendo traçadas sem consideração pelas complexas divisões étnicas, culturais e
sociais preexistentes.
Neocolonialismo europeu (século XIX)

Mar Wai-Hai-Wei
Me (GB)
CHINA
TUNÍSIA diterrâneo Kiaut-Cheu
MARROCOS (ALE)
30° N
ARGÉLIA LÍBIA
SAARA EGITO Chandernagor
ESPANHOL Macau FORMOSA
Diu ÍNDIA
(POR) BIRMÂNIA Hong Kong TRÓPICO DE CÂNCER
Yanaon Kuang-Tcheu (GB)
Damão (FRA) (FRA)
ÁFRICA OCIDENTAL FRANCESA (POR) SIÃO
SUDÃO
ANGLO-EGÍPCIO
ERITREIA
Áden GOA INDOCHINA
FILIPINAS OCEANO
Socotora Pondicherry (EUA)
GÂMBIA (GB) (FRA) Mar
GUINÉ
PORTUGUESA
SOMÁLIA FRANCESA
(GB) Mahé
Karikal da PACÍFICO
NIGÉRIA (FRA)
ÁFRICA
SOMÁLIA
(FRA) China
SERRA LEOA ETIÓPIA BRITÂNICA
EQUATORIAL
DO OURO

LIBÉRIA FRANCESA CEILÃO


COSTA

SOMÁLIA CINGAPURA SARAWAK


TOGO

CAMARÕES
UGANDA ÁFRICA ITALIANA
ÁFRICA EQUADOR
EQUATORIAL ORIENTAL SUMATRA 0°
CONGO BRITÂNICA BORNÉU
FRANCESA Célebes
BELGA ÍNDIAS HOLANDESAS
ÁFRICA
ORIENTAL
ALEMÃ
OCEANO JAVA
OCEANO TIMOR
ANGOLA
ÍNDICO
ATLÂNTICO RODÉSIA
DO NORTE
MOÇAMBIQUE
RODÉSIA
ÁFRICA DO SUL
DO SUDOESTE MADAGASCAR
ALEMÃ BECHUANALÂNDIA TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO
(NAMÍBIA) Potências dominadoras
SUAZILÂNDIA Grã-Bretanha

UNIÃO BASUTOLÂNDIA França


SUL-AFRICANA
Alemanha
REPRODUÇÃO/PUBLIFOLHA
MERIDIANO DE GREENWICH

Holanda
Portugal
N
NO NE Itália
O L
Espanha
SO SE
S
Bélgica
600 km

218
AULA 5
Na África do Sul, por exemplo, o neocolonialismo britânico impôs a língua inglesa e
aprofundou a segregação racial, culminando no regime de apartheid, que separou a po-
pulação com base na cor de sua pele por décadas.
Economicamente, a herança do neocolonialismo perpetuou a dependência dos
países africanos e asiáticos a diferentes tipos de monoculturas e à exportação de pro-
dutos primários, que possuem baixo valor agregado. Exemplos disso incluem a Costa do
Marfim, na África, maior produtora de cacau, e a Indonésia, na Ásia, maior produtora de
óleo de palma. Esses países são vulneráveis às flutuações de preços do mercado global
e têm as suas terras destinadas à exportação de produtos agrícolas, o que compromete a
segurança alimentar de suas populações.
Esses exemplos destacam como o neocolonialismo não só redefiniu as fronteiras e
economias das nações afetadas, mas também reforçou desigualdades sociais em muitos
países colonizados.

Na prática

Atividade 1

Com base nos dados e resultados obtidos na pesquisa realizada pelo seu grupo sobre
um conflito ou guerra pós-colonial recente em um país da África ou da Ásia, responda
as questões a seguir.

1 Em que país o conflito ocorreu e em que ano ele se tornou independente?


Os alunos devem identificar corretamente o país e o ano em que ele se tornou independente.

2 A que continente pertence esse país?


Os alunos devem localizar geograficamente o país dentro do continente africano ou asiático.

219
3 Qual foi o conflito e quem estava envolvido nele?
Espera-se que os alunos identifiquem o conflito, os grupos ou países envolvidos.

4 Quais foram as principais causas do conflito?


Os motivos devem incluir fatores econômicos, políticos e sociais, conectados ao histórico

do neocolonialismo.

5 Quais foram os impactos do conflito na sociedade, economia e política do país?


As respostas devem abordar os impactos econômicos, sociais e políticos do conflito.

6 Como o neocolonialismo contribuiu para a eclosão e a perpetuação desse conflito?


Os alunos devem explicar como o neocolonialismo contribuiu para o conflito.

7 O que poderia ser feito para solucionar ou mitigar tal conflito?


Os alunos devem sugerir soluções ou formas de mitigar o conflito, pensando em aspectos de

reconciliação, justiça e desenvolvimento.

220
AULA 5
Aprofundando

1 (UERJ 2019) O primeiro mapa apresenta o Oriente Médio em um cenário hipotético


no qual as reivindicações de autodeterminação das principais minorias fossem
atendidas; já o segundo mostra a divisão política atual do mesmo recorte espacial.

Mapa 1 - Oriente Médio das Minorias Mapa 2 - Oriente Médio Atual

Adaptado de libertsinternets.wordpress.com. Disponível em: https://www.revista.vestibular.uerj.br/arquivos/pdf/


questao/33.pdf. Acesso em: 22 ago. 2024.

A principal explicação para as diferenças entre os dois mapas, no que se refere à


configuração territorial, está indicada em:
a) predomínio numérico da etnia árabe.
b) ação intervencionista do governo estadunidense.
c) interferência histórica do imperialismo europeu.
d) homogeneidade religiosa da população regional.
A configuração territorial atual do Oriente Médio é resultado de uma série
de tratados e decisões políticas tomadas pelas potências europeias, espe-
cialmente após a Primeira Guerra Mundial, como o Acordo Sykes-Picot.

221
6
AULA
TRANSFORMAÇÕES
TERRITORIAIS E
CONFLITOS – PARTE 1

Resumo

Entre os principais motivos que levaram à eclosão da Primeira Guerra Mundial estão
as disputas territoriais e a formação de alianças militares entre as grandes potências eu-
ropeias, que estavam em busca de expandir suas influências e proteger seus interesses.
Na América Latina, a política imperialista dos Estados Unidos, consolidada pela
Doutrina Monroe, afastou a possibilidade de novos domínios europeus na região, aumen-
tando a hegemonia estadunidense.
Na Ásia, a disputa territorial foi intensificada tanto por potências europeias quanto
pelo Japão.
Na Europa, o sentimento nacionalista, que reforçava a identidade de pertencimento
a uma nação, colocou os interesses de alguns Estados nacionais acima de outros, acir-
rando ainda mais as rivalidades entre os países europeus. O assassinato do arquiduque
Francisco Ferdinando da Áustria, em 1914, em Sarajevo, foi o estopim que desencadeou a
Primeira Guerra Mundial. Esse evento catalisou as tensões acumuladas e levou as potên-
cias europeias a entrarem em guerra, utilizando as alianças militares.
Ao final do conflito, ocorreram transformações territoriais significativas em diversas
partes do mundo, incluindo o fim de impérios, a reconfiguração colonial (com novos
domínios e independências), fragmentações territoriais, surgimento de novos Estados e
início da ascensão de novas potências. Dessa forma, a Primeira Guerra Mundial não só
remodelou territórios, mas também redefiniu o poder hegemônico mundial.

222
AULA 6
Na prática

Atividade 1

Após explorar o site GeaCron, que oferece um Atlas Histórico Mundial Interativo desde
3000 a.C., você e seus colegas investigaram as transformações territoriais ocorridas
entre 1900 e 1930.
Durante essa investigação, foram observados a formação de novos Estados, o cres-
cimento e declínio de impérios, processos de independência, a manutenção de colô-
nias e a fragmentação de territórios. A comparação das fronteiras antes e depois da
Primeira Guerra Mundial permitiu compreender o impacto desse conflito na reconfigu-
ração geopolítica dos continentes.
Com base nas informações levantadas durante a navegação, responda às questões
a seguir.
1 Quais impérios desapareceram ao final da Primeira Guerra Mundial?
Exemplos: Império Austro-Húngaro, Império Otomano, Império Alemão e o Império Russo.

2 Quais novos Estados surgiram na Europa após o conflito?


Exemplos de novos Estados: Polônia, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Lituânia, Letônia, Estônia e

Finlândia. Além desses, em 1922, várias nações se uniram para compor um único bloco de países,

formando o mesmo Estado.

3 Como ficaram os países dos derrotados na Primeira Guerra Mundial?


Os países derrotados, como a Alemanha, perderam territórios para os países vencedores e foram

submetidos a severas condições impostas pelo Tratado de Versalhes.

223
4 O que aconteceu com algumas colônias na África e na Ásia?
As colônias do continente africano, que estavam sob o domínio alemão, foram repartidas principal-

mente entre os aliados, com destaque para o Reino Unido, a França e a Bélgica. Na Ásia, algumas

colônias, especialmente no Oriente Médio, foram colocadas sob mandatos da Liga das Nações. O

Japão também recebeu mandatos de várias ilhas.

5 A influência estadunidense na América Latina promoveu o fim das colônias euro-


peias já estabelecidas?
A influência estadunidense no Caribe e em outras regiões da América, por meio da Doutrina Monroe,

por exemplo, não interferiu diretamente nas colônias estabelecidas, mas limitou a expansão europeia

na região e fortaleceu a hegemonia estadunidense.

Aprofundando

1 (IFCE 2005) Este país foi criado numa região da Europa, chamada Bálcãs, após a
Primeira Guerra Mundial. Territorialmente, foi organizado em seis repúblicas que
abrigavam as etnias majoritárias. Trata-se, portanto, da:
a) Hungria. A Iugoslávia se formou a partir de povos que ocupavam a região da Sérvia,
b) Sérvia. Croácia, Eslovênia, Bósnia e Herzegovina, Macedônia e Montenegro.

c) Letônia.
d) Iugoslávia.
e) Eslovênia.

224
7
AULA
TRANSFORMAÇÕES
TERRITORIAIS E
CONFLITOS – PARTE 2

Resumo

1 O Tratado de Versalhes impôs à Alemanha o pagamento de reparações, resultando


em perda de territórios coloniais e problemas econômicos e sociais.
2 A Crise de 1929 contribuiu para o crescimento do nazismo, que explorou o crescen-
te descontentamento popular. Adolf Hitler aproveitou a insatisfação do povo para
ganhar apoio e subir ao poder na Alemanha.
3 A teoria do "Heartland" influenciou os planos de Hitler, pois ele acreditava que do-
minar a Eurásia era essencial para obtenção do poder global.
4 A União Soviética se tornou um alvo importante para a expansão nazista, já que
ocupava uma parte relevante da Eurásia.
5 O ataque japonês a Pearl Harbor, em 1941, motivou a entrada dos Estados
Unidos na guerra. A partir de então, o país se mobilizou tanto no Pacífico quanto
na Europa.
6 No leste europeu, os invernos rigorosos e a resistência dos soviéticos dificultaram
os planos de Hitler, contribuindo para a derrota da Alemanha.
7 O fim da Segunda Guerra trouxe grandes mudanças ao cenário mundial. A des-
truição deixada pelo conflito marcou a emergência dos Estados Unidos e da União
Soviética como as principais potências globais.
8 A Organização das Nações Unidas (ONU) foi fundada para substituir a Liga
das Nações, com o objetivo de promover a paz e buscar soluções para os
problemas globais.

225
Na prática

Atividade 1

Durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União Soviética usaram di-
versos recursos de propaganda para alcançar diferentes públicos e reforçar seu papel na
guerra contra o nazismo. Considerando isso, responda às questões a seguir.
1 Analisando a imagem a seguir, é correto afirmar que o "general inverno russo" der-
rotou sozinho a Alemanha nazista? Qual o propósito dessa narrativa?

LE PETIT JOURNAL/WIKIPÉDIA

Representação artística do general


inverno russo

Não é correto afirmar que o "general inverno russo" sozinho tenha derrotado a Alemanha nazista.

Embora o clima tenha sido um fator determinante, a resistência soviética, o contra-ataque militar e a

coordenação dos Aliados foram decisivos. Essa narrativa simplificada minimiza o esforço conjunto e

a contribuição dos diversos sujeitos envolvidos na derrota nazista.

226
AULA 7
2 Analise a imagem a seguir e indique qual era o público-alvo. Justifique sua resposta.

J. HOWARD MILLER/WIKIMEDIA COMMONS


Essa imagem foi desenvolvida para uma fábrica que empregava principalmente mulheres du-

rante a Segunda Guerra Mundial. O objetivo era que as mulheres sentissem que também estavam

contribuindo para o esforço de guerra, mesmo não estando em combate, como muitos homens

daquela época.

3 Quais eram as intenções dessas propagandas?


As propagandas tinham as intenções de glorificar o papel de cada nação na vitória contra o nazismo

e de moldar a percepção pública tanto interna quanto externamente. As imagens eram usadas para

reforçar o nacionalismo e destacar a importância de seu país durante e depois da guerra.

227
Aprofundando

1 (PUCSP 2018) Observe o gráfico e assinale a alternativa que apresenta uma inter-
pretação CORRETA dos dados.
Número de mortes por país durante a Segunda Guerra Mundial

a) Os países vencedores tiveram menos perdas humanas.


b) O número de mortes civis foi maior entre os perdedores do que entre
os vencedores.
c) Em todos os países, houve perdas militares maiores do que entre os civis.
d) Em vários países, as perdas humanas foram apenas civis.
A análise permite avaliar que alguns países, como Grécia e Mianmar, apenas tiveram mortes de civis.

228
8
AULA

GUERRA FRIA

Resumo

Após a Segunda Guerra Mundial, duas potências emergiram como protagonistas: os


Estados Unidos e a União Soviética. Com sistemas políticos e econômicos diferentes, as
duas potências iniciaram um período de rivalidade que estabeleceu uma ordem mundial
bipolar, conhecida como Guerra Fria, na segunda metade do século XX.
A União Soviética, formada em 1922 após a Revolução Russa de 1917, consolidou-se
como a principal potência socialista, sendo composta por 15 repúblicas. A URSS foi o
principal polo de oposição ao capitalismo, liderado pelos Estados Unidos.
“Cortina de ferro” foi um termo popularizado por Winston Churchill, para descrever a
divisão política e ideológica que separava a Europa em dois blocos: o bloco socialista, li-
derado pela União Soviética, no leste, e o bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos,
no oeste. Essa barreira não era apenas simbólica, mas também materializada em frontei-
ras militarmente fortificadas.
Entre os principais símbolos da Guerra Fria, destaca-se a construção do Muro de
Berlim, uma barreira física que separou a Alemanha, e a cidade homônima em Berlim
Oriental (socialista) de Berlim Ocidental (capitalista) por quase três décadas, simboli-
zando a divisão entre os dois blocos ideológicos.
A Guerra Fria foi caracterizada pela disputa ideológica entre os blocos capitalista e
socialista. Embora os Estados Unidos e a União Soviética nunca tenham se enfrentado
diretamente em um conflito militar, a rivalidade foi expressa em vários campos, incluindo
a corrida armamentista e a corrida espacial.

229
Na prática

A próxima aula será prática, então, com base nos seus conhecimentos sobre a
Guerra Fria, faça um mapa mental que o auxilie e facilite seus estudos para esse próximo
desafio! Para fazer uma boa pesquisa sobre o tema, siga estes passos:
1 Trabalhe os seguintes tópicos:
• Causas da Guerra Fria;
• Ordem mundial bipolar;
• Conflitos indiretos;
• Corridas armamentista e aeroespacial;
• Cortina de Ferro e Muro de Berlim;
• Pactos e acordos.

2 Busque fontes confiáveis: procure livros de Geografia e História, sites educacio-


nais ou documentários confiáveis que expliquem os temas.

3 Faça anotações resumidas: não copie todo o conteúdo. Faça resumos curtos e
claros para cada tema.

4 Organize as informações: separe as informações em categorias ou em blocos


que facilitem a criação do seu mapa mental.

5 Revise e complete: certifique-se de que não faltam dados importantes e de que


suas informações estejam corretas.

6 Organização das informações: agora que você já fez a pesquisa, é hora de orga-
nizar as informações em um mapa mental. Use o quadro em branco do material
impresso para desenhar e conectar as principais ideias da Guerra Fria.

7 Elaborando um mapa mental: no centro, coloque o tema principal: Guerra Fria.


Conecte as ideias principais ao redor do tema central.

230
231
AULA 8
Aprofundando

1 (ENEM 2013)
Embora o aspecto mais óbvio da Guerra Fria fosse o confronto militar e a
cada vez mais frenética corrida armamentista, não foi esse o seu grande im-
pacto. As armas nucleares nunca foram usadas. Muito mais óbvias foram as
consequências políticas da Guerra Fria.
HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Cia. das Letras,
1999. (adaptado)

O conflito entre as superpotências teve sua expressão emblemática no(a):


a) formação do mundo bipolar.
b) aceleração da integração regional.
c) eliminação dos regimes autoritários.
d) difusão do fundamentalismo islâmico.
e) enfraquecimento dos movimentos nacionalistas.

A Guerra Fria foi marcada pela formação de uma ordem mundial bipolar, com duas superpotências, os
Estados Unidos e a União Soviética, liderando blocos ideológicos opostos: o capitalismo e o socialismo,
respectivamente. Essa divisão afetou profundamente as relações internacionais e moldou os conflitos
geopolíticos ao longo do século XX.

232
9
AULA

GUERRA FRIA: QUIZ

Resumo

A Guerra Fria, iniciada após a Segunda Guerra Mundial, estabeleceu uma nova ordem
mundial bipolar. De um lado, os Estados Unidos, que seguiam uma política e economia
capitalista, e do outro a URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que, além
de uma política e de um modelo econômico socialista, abarcava não apenas um país, mas
quinze nações, distribuídas pela Europa e pela Ásia.
A Guerra Fria, que leva esse nome pois nunca houve um embate direto entre os
principais países envolvidos, foi responsável por algumas corridas, com destaque para a
armamentista, a tecnológica e a espacial. Durante décadas, EUA e URSS apresentaram
avanços significativos nessas três áreas. O avanço bélico, principalmente em armamen-
tos nucleares, gerava um sentimento de tensão e vigilância constante, não somente entre
EUA e URSS, mas em todo o mundo.

Na prática

1 Para iniciar o quiz, não se esqueçam de ter o mapa mental em mãos.


2 Utilizem as informações do mapa mental para organizar as ideias e verificar se
vocês abordaram os principais pontos da Guerra Fria.
3 Cada questão terá quatro alternativas, apenas uma é correta.
4 Escreva sua resposta na tabela destinada a isso.
5 Ao final, confira quantas questões acertou!

233
1- 6- 11 -

2- 7- 12 -

3- 8- 13 -

4- 9- 14 -

5- 10 - 15 -

Aprofundando

1 (FAMEMA 2018) A ordem geopolítica do pós-Segunda Guerra Mundial articulou a


bipolarização do poder entre:
a) Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental, com a instituição do Muro de Berlim.
b) Rússia e China, com a instituição do protecionismo econômico.
c) Estados Unidos e União Soviética, com a chamada Guerra Fria.
d) Coreia do Norte e Coreia do Sul, com a deflagração da Guerra da Coreia.
e) Estados Unidos e Reino Unido, com a proclamada Guerra ao Terror.
A Ordem Bipolar, estabelecida entre as décadas de 1940 e 1990, consolidou a oposição entre o
bloco capitalista e o socialista, liderados, respectivamente, pelos Estados Unidos e a URSS.

234
AULA 9
2 (IFSP 2017) Após o fim da Segunda Guerra Mundial, iniciou-se uma corrida econô-
mica armamentista e espacial entre americanos e soviéticos, a fim de influenciar
um maior número de países com seu modelo econômico.

Assinale a alternativa que apresenta características do período do mundo bipolar.


a) A Alemanha foi dividida em duas porções: ocidental – socialista e oriental
– capitalista.
b) Não havia representante do bloco socialista nas Américas.
c) O líder do bloco capitalista eram os Estados Unidos, e do bloco socialista era
a URSS.
d) A economia do bloco liderado pelos soviéticos tinha, dentre suas características, a
liberdade de mercado.
e) O modelo econômico que prevalece até os dias atuais é o difundido pela URSS.
A Ordem Bipolar foi marcada pela liderança dos EUA e da URSS, cada um defendendo suas polí-
ticas e seus modelos econômicos e sociais.

235
10
AULA

ORIENTE MÉDIO

Resumo

O Oriente Médio é uma região de grande relevância geográfica, histórica e econô-


mica, situada entre os continentes europeu, asiático e africano. O termo "Oriente Médio"
foi popularizado pelos europeus no século XIX para descrever uma área entre o Oriente
Próximo (mais próximo da Europa) e o Oriente Distante (como a China e o Japão), refle-
tindo sua posição estratégica entre o Ocidente e o Oriente.
Corpos d'água estratégicos, como o Golfo Pérsico e o canal de Suez, são relevantes
nas rotas marítimas e no comércio global, o que torna a região ainda mais estratégica.
A abundância de petróleo transforma o Oriente Médio em um centro energético glo-
bal. A região concentra quase metade das reservas mundiais de petróleo, sendo respon-
sável por cerca de 30% da produção global, tornando-se, assim, um foco de interesse
geopolítico. Além disso, o gás natural é outro recurso abundante, complementando a
riqueza energética da região.
A história de colonização e intervenções estrangeiras contribuíram para a instabili-
dade que persiste até os dias de hoje. A diversidade étnica do Oriente Médio é uma das
maiores do mundo, composta por árabes, persas, curdos e grupos menores, como armê-
nios e azeris. Esses povos estão distribuídos em diferentes partes da região, influenciados
pelas barreiras naturais.
O Oriente Médio é o berço das três grandes religiões monoteístas: judaísmo, cristia-
nismo e islamismo. Jerusalém, em particular, abriga locais sagrados para essas três fés,
sendo um ponto de convergência espiritual e, ao mesmo tempo, de conflitos históricos. O
islamismo, no entanto, é a religião predominante na região, com uma divisão importante
entre sunitas, que representam a maioria, e xiitas, presentes em menor número, mas com
influência significativa em países como Irã e Iraque.

236
AULA 10
A combinação de divisões religiosas, étnicas e disputas por recursos naturais, espe-
cialmente o petróleo, faz do Oriente Médio uma das regiões mais complexas e geoestra-
tegicamente importantes do mundo.

Na prática

Atividade 1

Vamos criar uma nuvem de palavras sobre o Oriente Médio. Para isso preencha o
quadro com os principais termos representativos dessa região. Considere aspec-
tos naturais, econômicos e a diversidade cultural e histórica abordados na aula para
sua elaboração.

1 No quadro a seguir, elabore uma nuvem de palavras com os principais termos re-
presentativos do Oriente Médio vistos na aula.

2 Compartilhe a nuvem de palavras com seus colegas e veja diferenças


e similaridades.

Entre as possibilidades, destacam-se:


Petróleo Curdos
Deserto Persas
Mesopotâmia Suez
Tigre Jerusalém
Eufrates Água
Islamismo Colonização
Sunitas Fronteiras estratégicas
Xiitas Montanhas
Árabes

237
Aprofundando

1 (ENEM 2003) Os dados abaixo referem-se à origem do petróleo consumido no


Brasil em dois diferentes anos. Analisando os dados, pode-se perceber que o Brasil
adotou determinadas estratégias energéticas, dentre as quais podemos citar:

a) a diminuição das importações dos países muçulmanos e redução do


consumo interno.
b) a redução da produção nacional e diminuição do consumo do petróleo produzido
no Oriente Médio.
c) a redução da produção nacional e o aumento das compras de petróleo dos países
árabes e africanos.
d) o aumento da produção nacional e redução do consumo de petróleo vindo dos
países do Oriente Médio.
e) o aumento da dependência externa de petróleo vindo de países mais próximos do
Brasil e redução do consumo interno.

Houve uma redução de 158 milhares de barris importados da Arábia Saudita, em 1990, para 60 em 2002.
Em compensação, a produção interna aumentou 20%, de 1990 para 2002.

238
11
AULA

ORIENTE MÉDIO: CONFLITOS

Resumo

Os conflitos no Oriente Médio têm raízes históricas, culturais, sociais e econômicas.


Curdos: na região, são a maior nação sem um Estado próprio e independente, com
aproximadamente 40 milhões de habitantes. A área onde vivem abrange territórios princi-
palmente da Armênia, Turquia, Síria, Iraque e Irã.
Iraque: esse país já enfrentou guerras com o vizinho Irã, deixando mais de um mi-
lhão de mortos dos dois lados. Em 2003 foi invadido pelos Estados Unidos da América,
que buscavam o general e ditador Saddam Hussein, que foi capturado e morto em 2006.
O país ainda vive em situação de vulnerabilidade, com boa parte da população sobrevi-
vendo de alimentos distribuídos pela ONU e pelo governo.
Irã: o país já entrou em discordância com alguns vizinhos, chegando a conflitos arma-
dos. É acusado de não colocar fim ao programa nuclear, iniciado na década de 1950 com
o apoio dos EUA, e de usar esse programa para fins bélicos, o que nega.
Palestina e Israel: esse conflito, que ocorre há décadas, em 2024 seguia em mais
uma guerra armada. A origem do conflito está relacionada ao Acordo Sykes-Picot, entre
outros fatores históricos e políticos.
Afeganistão: desde os atentados terroristas contra os Estados Unidos, em 2001, o
Afeganistão sofreu com repetidos conflitos, como o promovido pelos EUA para capturar o
homem apontado como responsável pelos ataques (Osama Bin Laden), e o causado pela
criação do grupo Talibã, que retornou ao poder, dando um golpe de Estado em 2021.
Síria: o país vive uma guerra civil desde 2011, na qual mais de 300 mil pessoas já per-
deram a vida. Além disso, o conflito gerou quase sete milhões de refugiados, em diferen-
tes países do mundo, como o Brasil, que recebeu cerca de quatro mil deles.

239
Na prática

Atividade 1

Responda as questões a seguir. Após responder, compare-as com as iniciais, que


estão em seu caderno pessoal, e analise as diferenças e as semelhanças entre elas.
Compartilhe-as e as compare com as de seus colegas.
1 Quais são alguns dos motivos pelos quais os curdos não têm um Estado próprio?
Apesar de os curdos terem cerca de 40 milhões de habitantes, vivem em um território predominan-

temente dividido entre a Turquia, o Irã, o Iraque e a Síria. Em 1923, durante a assinatura do Tratado

de Lausanne, o Estado curdo, previsto em acordos anteriores, não foi reconhecido. Desde então, os

curdos lutam pelo reconhecimento e pela autonomia do seu povo e por um Estado próprio.

2 Como os Estados Unidos influenciaram, e ainda influenciam, as relações políticas e


diplomáticas entre os países do Oriente Médio?

Os EUA exercem influência direta na região há algumas décadas, desempenhando papel impor-

tante em conflitos como Israel e Palestina. Além de oferecer apoio financeiro e militar a Israel, o

país também apoiou a Turquia contra os curdos e também se envolveu em conflitos diretos, como

os ocorridos no Golfo na década de 1990, além de outras intervenções em países como Iraque, Irã

e Afeganistão.

240
AULA 11
3 Do que o Irã foi acusado diversas vezes? Explique a origem dessa acusação.
O Irã foi acusado diversas vezes de deter armamentos nucleares, disfarçados de atividades nucle-

ares comuns. Durante a década de 1950, com o apoio dos EUA e de outros países europeus, o Irã

iniciou um programa de desenvolvimento e de pesquisa nuclear. Em 1979, com a Revolução Islâmica,

esse programa deveria ter sido encerrado, porém o país decidiu mantê-lo. O Irã rejeita as acusações

e declara que apenas faz pesquisas com fins civis, como a medicina e a energia elétrica.

Aprofundando

1 (ENEM 2023) Escrito durante a Primeira Guerra Mundial, o seguinte trecho faz
parte da carta enviada pelo secretário do exterior britânico Sir Arthur James
Balfour ao banqueiro Lord Rotschild, presidente da Liga Sionista, em 2 de novem-
bro de 1917. A carta ficou conhecida como Declaração Balfour:

O governo de Sua Majestade vê com aprovação o estabelecimento na Palestina


de um lar nacional para o povo judeu, e fará todos os esforços para facilitar tal objetivo.
Nada será feito que possa prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não
judaicas na Palestina.
GATTAZ, A. A guerra da Palestina. São Paulo: Usina do Livro, 2002. (adaptado)

A análise do resultado do processo em questão revela que o governo inglês tenha


sido incapaz de garantir seu objetivo de:
a) promover o bem-estar social.
Após décadas de conflitos, compreende-se
b) negociar o apoio muçulmano. que não houve um efetivo cumprimento
dessa declaração, visto que o território
c) mediar os conflitos territoriais. palestino se reduziu drasticamente em
comparação ao que era, antes da criação do
d) estimular a cooperação regional. Estado de Israel.
e) combater os governos autocráticos.

241
12
AULA

ÍNDIA

Resumo

A Índia é um país asiático, localizado ao sul do continente, banhado pelo oceano


Índico. Sua capital é a cidade de Nova Déli. O país atingiu a maior população do mundo
em 2023, com 1,4 bilhão de pessoas.
Na área econômica, o país vem se transformando. Houve um crescimento impulsio-
nado por indústrias de alta tecnologia, principalmente na região de Bangalore, que ficou
conhecida como o “Novo Vale do Silício”. Outro ramo de atividade que vem ganhando um
espaço cada vez maior é a indústria de entretenimento, como Bollywood.
Apesar dessas modificações e de um desenvolvimento econômico crescente, o país
ainda sofre com grande desigualdade socioeconômica, decorrente da disparidade de
renda, do desemprego, da crise agrícola, do analfabetismo, entre outras questões.
No campo político, a Índia se tornou uma potência emergente, pois vem reforçando
suas alianças internacionais.
A Caxemira é uma região que está localizada na fronteira entre a Índia, o Paquistão
e a China, e abriga as nascentes dos rios Indo e Ganges. Esse território pertenceu
ao Império Britânico, que, no processo de descolonização, dividiu-o entre a Índia e o
Paquistão. Desde então, essa região enfrenta alguns embates. Além disso, na década de
1950, a China tomou parte desse território.
O próprio povo da Caxemira reivindica a independência da região, mas a Índia re-
vogou sua autonomia constitucional em 2019. Atualmente, cerca de 40% do território da
Caxemira pertence à Índia, 35% ao Paquistão e 25% à China.

242
AULA 12
Na prática

Atividade 1

Após estudar sobre a Caxemira, vamos fazer um estudo de caso, que nos permitirá
conhecer, com mais detalhes, a questão sobre a região.
Tema: Caxemira: desafios para a resolução do problema.
Objetivo: identificar uma solução possível para a questão da Caxemira.

1 Em sala de aula, formem grupos de até três pessoas. Depois, elaborem perguntas
sobre o tema a ser pesquisado. Considerem as dificuldades, os problemas e os
aspectos relacionados às possíveis soluções para a região da Caxemira. Registrem
tanto as perguntas formuladas quanto as respostas pesquisadas para desenvolver
esse estudo de caso.

O estudo de caso visa desenvolver nos estudantes um olhar mais crítico e técnicas de pesquisa, de

argumentação e de elaboração de ideias.

243
2 Após essa pesquisa, façam uma análise das respostas e produzam, ao final, um
relatório sobre a Caxemira.
Não há gabarito, pois o relatório será único, baseado no desenvolvimento de cada grupo. Diferentes

pontos podem impactar a resolução da questão da Caxemira. A ideia da proposta é instigar os estu-

dantes para que eles possam ampliar seus olhares sobre o tema.

Aprofundando

1 (UNESP 2012) A Índia e o Paquistão disputam a região da Caxemira desde 1947.


Os intensos conflitos armados entre esses países levaram ambos a uma acir-
rada corrida armamentista, que culminou na sua entrada no grupo de países
detentores de armas nucleares. As causas dos conflitos na região da Caxemira
estão relacionadas:
a) ao imperialismo francês, que colonizou a região e juntou povos com diferentes
religiões e culturas.
b) à sua posição geográfica estratégica, localizada no sul da Índia, sendo a principal
rota marítima das grandes embarcações.
c) às diferenças religiosas entre a Índia, de maioria hindu, e a região da Caxemira, de
maioria muçulmana.
d) às rivalidades milenares entre povos paquistaneses, de origem báltica, e os india-
nos, de origem muçulmana.
e) à presença de fartas reservas de petróleo, que tornam a região estratégica para o
desenvolvimento da Índia.
Quando a Grã-Bretanha dividiu a região, beneficiou um governante de origem religiosa hindu
244 e a população minoritária que residia na região em detrimento da população muçulmana
majoritária da região, levando a tensões e conflitos há décadas.
13
AULA

EURÁSIA

Resumo

Região considerada estratégica


pela posição geográfica e por
seus recursos naturais diversos. A região é palco de guerras e
A disputa por gás e petróleo na disputas desde a Guerra Fria.
região é um dos principais Mais recentemente, destaca-se o
motivadores para o conflito confronto entre Rússia e Ucrânia.
Nagorno-Karabakh, que envolve
Armênia e Azerbaijão.

Eurásia

Abriga o Mar Egeo, rico em


A península dos Bálcās enfrentou recursos naturais e importante
diversos confrontos envolvendo rota de trocas comerciais. Por isso
sérvios, albaneses e se tornou um dos principais
kosovares. pontos de conflito entre Grécia e
ONU e OTAN ainda atuam na Turquia. Esses países disputam o
região para mitigar novos controle das fronteiras marítimas
conflitos. da região.

245
Na prática

Atividade 1

A Eurásia possui importantes recursos minerais, utilizados em larga escala e de grande


valor agregado. Além disso, abriga diferentes povos, tradições e culturas. Esses, entre
outros fatores, influenciaram para que a região se tornasse palco de diferentes confli-
tos, que repercutem e geram impactos no mundo todo. Pensando nisso, escolha um
dos conflitos apresentados na aula e responda as questões a seguir.
1 Em qual região esse conflito ocorre? Como a geografia física e humana influencia-
ram esse conflito? Considere os recursos naturais e questões políticas e culturais.
2 Quais os países ou grupos étnicos envolvidos nesse confronto? Cite um aspecto
militar ou econômico decorrente desse conflito e como isso impactou a região.
3 Considere as implicações desse confronto para a segurança global, incluindo a
reconfiguração das alianças internacionais e o impacto na geografia política oci-
dental e oriental.

Apesar de ser uma resposta pessoal, que dependerá do conflito escolhido, há algumas expectativas

de resposta e compreensão dos estudantes. Exemplo de resposta:

1. Confronto na região do leste europeu do oeste da Rússia. A Rússia se sente ameaçada pela apro-

ximação do ocidente com os países da região. Além disso, pode-se citar questões como a anexação

de territórios, sob a alegação que a tomada desses territórios visa à manutenção da paz na região.

2. A própria Rússia é um dos atores principais, assim como a União Europeia que está envolvida di-

retamente no conflito a partir de ações como sanções econômicas impostas visando, assim, pressio-

nar a Rússia pelo fim do conflito.

3. Um conflito armado sempre influencia na tensão dos países da região e ao redor do mundo. A

Rússia, por exemplo, tem um forte poderio militar, incluindo armas nucleares que aumenta a atenção

ao conflito.

246
AULA 13
Aprofundando

1 (UFPR) A Revolução Russa de 1917 foi um evento de grande impacto na história


mundial. Sobre as consequências desse evento, é correto afirmar que:
a) a Revolução Russa foi um exemplo de sucesso da democracia liberal, que se espa-
lhou para outros países do mundo.
b) a Revolução Russa levou à implantação do comunismo na União Soviética, que se
tornou uma potência mundial.
c) a Revolução Russa foi um exemplo de fracasso do socialismo, que foi abandonado
por outros países.
d) a Revolução Russa levou ao fim da Guerra Fria, com a vitória do capitalismo sobre
o comunismo.
e) a Revolução Russa foi um exemplo de fracasso da democracia, que foi substituída
por um regime totalitário.

A URSS se tornou uma potência mundial, sendo, anos mais tarde, uma das principais lideranças, ao
lado dos Estados Unidos, durante a Guerra Fria e a ordem mundial bipolar.

247
14
AULA

ÁSIA

Resumo

A Ásia é o maior continente em área terrestre, está localizado em sua totalidade no


Hemisfério Oriental, e possui grande importância estratégica.
A China é uma das maiores potências do mundo atual, sendo um país que se desen-
volveu de forma intensa e, hoje, é líder na produção de aço, eletrônicos e automóveis.
Taiwan é um território considerado rebelde pela China, que se constituiu no pós-
-Guerra Civil Chinesa, em 1949, e que até hoje vive sob tensões com a China nos aspec-
tos político, diplomático, econômico e militar.
Já as Coreias, até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, eram um único terri-
tório sob o domínio japonês. Após a derrota do Japão, a nação foi invadida ao sul pelos
Estados Unidos e ao norte pela URSS. Esse território foi, então, dividido de acordo com os
sistemas políticos:

• Coreia do Norte: governo comunista, altamente centralizado e autoritário, se de-


senvolveu por meio de uma economia planificada e com forte ênfase militar.
• Coreia do Sul: governo democrático, com rápido crescimento econômico e indus-
trial, tornando-se uma das economias mais avançadas da Ásia. Em 1953, assinam o
acordo de armistício e criam a Zona Desmilitarizada (DMZ) no paralelo 38°.

248
AULA 14
Na prática

Atividade 1

Atualmente, apenas treze países, mais o Vaticano, reconhecem Taiwan como uma
nação autônoma, apesar de ter uma economia forte, um presidente e poder militar.
Pensando nisso, responda:
1 Como a ilha de Taiwan é designada, segundo a China?
De acordo com a China, “Taiwan é uma província rebelde”. Apesar de ter presidente, sistema político

próprio, e até mesmo Exército, nunca apresentou formalmente uma declaração de independência.

2 O que significa o termo “Uma China”?


A política de "Uma China" é adotada pelo governo chinês para consolidar sua soberania sobre

Taiwan e outras regiões, como o Tibete, e impede que países estabeleçam relações diplomáticas ou

comerciais com a China caso reconheçam a independência ou a autonomia dessas áreas.

3 Quais são os interesses dos EUA em Taiwan?


Os EUA têm um grande interesse em Taiwan devido à sua tecnologia, especialmente no desen-

volvimento de microchips e circuitos utilizados em componentes eletrônicos, desde smartphones

até veículos. Atualmente, Taiwan responde por mais da metade de toda a produção mundial dessa

tecnologia. Caso passe a estar totalmente sob o domínio do governo chinês, isso poderia impactar

negativamente os investimentos dos EUA em diversos setores. Além disso, Taiwan faz parte de uma

área estratégica, junto com o Japão e a Coreia do Sul, cujos interesses e modelos econômicos e polí-

ticos estão mais alinhados aos dos EUA do que aos da China.

249
4 Como a China utiliza sua influência para frear o reconhecimento de Taiwan como
uma nação por outros países?

Resposta esperada: além da política de “Uma China”, que impede países que reconheçam Taiwan

como uma nação de fazer negócios com a China, o governo chinês aumentou seu poder militar na

região, realizando exercícios militares e demonstrações de força próximos à ilha.

Aprofundando

1 (FUVEST 2023)
A China enviou ontem navios de guerra e dezenas de caças para Taiwan, em reta-
liação a uma reunião entre a presidente da ilha, Tsai Ing-Wen, e o presidente da Câmara
dos Deputados do EUA, Kevin McCarty, na Califórnia.
O Estado de São Paulo, 08/04/2023. (adaptado)

A reportagem faz alusão ao aumento das tensões geopolíticas entre China e


Taiwan. Sobre este tema, é correto afirmar:
a) as tensões iniciaram-se no final de década de 1970, em decorrência das mu-
danças políticas e econômicas perpetradas pelo então presidente chinês Deng
Xiaoping, que resultaram na declaração de independência de Taiwan em relação
à China.
b) iniciadas ainda na primeira metade do século XX, as tensões entre China e
Taiwan aumentaram desde então em decorrência da presença militar dos
EUA no território taiwanês, o que contraria os interesses geopolíticos chineses
na região.
c) as tensões decorreram do aumento da influência russa sobre o território taiwanês,
com foco na exploração do potencial mercado consumidor, considerado estraté-
gico para o aumento das exportações do gás natural russo.

250
AULA 14
d) com apoio soviético, Taiwan conseguiu independência do território chinês no final
da década de 1960. Após o fim da Guerra Fria, tornou-se uma potência tecnológica,
o que ampliou o interesse geopolítico chinês na retomada desse território.
e) Taiwan é reconhecido como país independente pelos EUA e tem emergido na
rota dos conflitos entre os governos estadunidense e chinês, o que pode ser in-
terpretado como indício do deslocamento do eixo geopolítico do mundo para o
sudeste asiático. Após a Guerra Civil chinesa, Taiwan foi considerada uma província rebelde.
Por ter governo e decisões próprias, essa autonomia permitiu que a ilha
tivesse uma proximidade ao governo estadunidense, aumentando a tensão
2 (UNESP 2018) na região.

Kim Jong-un atravessou o paralelo 38 que divide a Península Coreana às 9h28, hora
local desta sexta-feira, e se tornou o primeiro governante do Norte a pisar no Sul desde
o fim da Guerra da Coreia, em 1953. Do outro lado da fronteira, ele foi recebido por Moon
Jae-in, o presidente eleito em 2017 com uma plataforma que defende a coexistência pa-
cífica e a cooperação entre os dois lados separados em zonas de influência comunista e
capitalista depois da Segunda Guerra.
TREVISAN, C. Em encontro histórico na Coreia do Sul, Kim fala em "novo capítulo" e "era de paz". Estadão, 26 abr.
2018. (adaptado)

TREVISAN C. “EM ENCONTRO HISTÓRICO NA COREIA DO SUL, KIM FALA EM ‘NOVO CAPÍTULO’ E ‘ERA DE PAZ’ ".
ESTADÃO. DISPONÍVEL EM: HTTPS://INTERNACIONAL.ESTADAO.COM.BR, 26 ABR, 2018 - ADAPTADO.

Descreva o contexto histórico em que ocorreu a Guerra da Coreia.


A Guerra da Coreia (1950-1953) ocorreu no contexto da Guerra Fria. Após a Segunda Guerra
Mundial, a península foi dividida entre EUA e União Soviética. Em 1950, tropas norte-coreanas
invadiram a Coreia do Sul, e os EUA enviaram tropas para o sul na intenção de evitar a dissemi-
nação do socialismo na região. Em 1953, foi assinado o armistício, que manteve as Coreias em 251
estado de guerra, já que um tratado de paz nunca foi assinado.
Caracterize a atual situação da Coreia do Norte e a da Coreia do Sul, in-
dicando para cada uma delas: regime político, organização econômica e
postura diplomática.
Regime político: regime ditatorial na Coreia do Norte e democracia presidencialista na Coreia
do Sul.
Organização econômica: socialismo na Coreia do Norte, cuja economia é centralizada e planificada,
com industrialização incipiente e menores taxas de urbanização; e capitalismo na Coreia do Sul,
com grandes investimentos vindos dos EUA e do Japão, o que fez o país se tornar um dos principais
Tigres Asiáticos. Possui altos níveis de industrialização e urbanização, e importantes transnacionais
espalhadas pelo mundo.
Postura diplomática: as principais relações e acordos da Coreia do Norte são com a Rússia e a
China. Mantém relações diplomáticas, ainda que conturbadas, com a Coreia do Sul, mas o programa
nuclear que vem sendo desenvolvido tem causado instabilidades geopolíticas na região. Em 2018,
a Coreia do Norte tentou uma aproximação com os Estados Unidos, que viabilizou a assinatura de
um acordo de desnuclearização da Coreia, mas sem metas para o cumprimento. Já a Coreia do Sul
tem relações com quase toda a comunidade internacional, e participa das principais organizações
mundiais como a ONU, Apec etc.

252
ANEXOS
90° 15°W 0° 15°E 30°E 45°E 60°E 75°E 90°E 105°E 120°E 135°E 150°E 165°E 180° 165°W

254
90° 15°W 0° 15°E 30°E 45°E 60°E 75°E 90°E 105°E 120°E 135°E 150°E 165°E 180° 165°W

OCEANO GLACIAL ÁRTICO


75°N
I A L Á RT I C O
O C E A N O G L A C75°N
75°N 75°N

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CÍRCULO POLAR ÁRTICO CÍRCULO POLAR ÁRTICO l ym a
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CÍRCULO POLAR ÁRTICO CÍRCULO POLAR ÁRTICO
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RÚSSIA A l da n
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OCEANO
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TRÓPICO DE CÂNCER Nanning BANGLADESH
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Fonte: ENVIRONMENTAL SYSTEMS RESEARCH INSTITUTE. ArcGIS Data and Maps. Redlands: ESRI, 2021.
Ásia político

15°N 15°N

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OCEANO
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30°E 45°E 60°E 75°E 90°E 105°E 120°E 135°E 150°E 165°E 180°

ESCALA 1:60 000 000


0 450 900 km
ESCALA 1:60 000 000
± 0 450 900 km
PROJEÇÃO DE ROBINSON

± PROJEÇÃO DE ROBINSON
53
0 400 800 km

± PROJEÇÃO DE ROBINSON

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120°E 135°E 150°E 165°E 180° 165°W 150°W

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Alice Springs Rockhampton TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO
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30°S 30°S

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OCEANO
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Fonte: ENVIRONMENTAL SYSTEMS RESEARCH INSTITUTE. ArcGIS Data and Maps. Redlands: ESRI, 2021.
Oceania político

Adelaide ^Canberra
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Tauranga
Melbourne
! Hamilton ! ! PACÍFICO
Ta s m â n i a
OCEANO NOVA ZELÂNDIA
^
Wellington
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ÍNDICO !
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45°S 45°S
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Dunedin

120°E 135°E 150°E 165°E 180° 165°W 150°W 135°W

ESCALA 1:43 000 000

0 400 800 km

± PROJEÇÃO DE ROBINSON
59

255
^
120°E 135°E 150°E 165°E 180° 165°W 150°W
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RÚSSIA
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Lago Ladoga Dublin
ATLÂNTICO
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ATLÂNTICO
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^ ^ Vitsyebsk
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^ Minsk Mahilyow Tver
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Mar
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REINOEdimburgo PAÍSES Hamburg


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50°N ! Arhus
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Smolensk
Kaluga Tula
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50°N
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Antwerpen
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Norte
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Dresden !
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BÉLGICA ALEMANHA ! ! !
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BAIXOS ^ ! Ostrava
Bydgoszcz ! ! Khmel'nyts'kyz Vinnytsya Kursk
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50°N
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Londres ^ Amsterdam ^!Strasbourg Hannover Brno
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Dresden ^Wroclaw
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Canal da Mancha BÉLGICA Berna ! LIECHTENSTEIN ÁUSTRIA


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Graz
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Dnipropetrovs'k Donets'k
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Paris
Lyon ^ LUXEMBURGO
TCHÉQUIA
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Rostov-on-Don
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CROÁCIA ESLOVÁQUIA Chernivtsi Andorr


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±
30°N
ESCALA 1:22 000 000
0 200 400 km
30°N 0°

±
ESCALA 1:22 000 000
Nilo

PROJEÇÃO ORTOGRÁFICA
0 200 400 km
0° 10°E 20°E 30°E
PROJEÇÃO ORTOGRÁFICA

±
ESCALA 1:22 000 000
0 200 400 km

±
ESCALA 1:22 000 000
PROJEÇÃO ORTOGRÁFICA
0 200 400 km

PROJEÇÃO ORTOGRÁFICA

Fonte: ENVIRONMENTAL SYSTEMS RESEARCH INSTITUTE. ArcGIS Data and Maps. Redlands: ESRI, 2021.

Fonte: ENVIRONMENTAL SYSTEMS RESEARCH INSTITUTE. ArcGIS Data and Maps. Redlands: ESRI, 2021.

256
93

Brasil político

±±
70°W 60°W 50°W 40°W
70°W 60°W 50°W 40°W

Boa Vista !
H
Boa Vista !
H
AMAPÁ
RORAIMA AMAPÁ
RORAIMA Macapá Equador
0° !
H
Macapá 0°
Equador
0° !
H 0°
!
H
Belém
!
H São Luís
Manaus Belém !
H São Luís
Manaus
!
H !
H Fortaleza
Arquip. de
Fernando
!
H !
HFortaleza deArquip.
Noronha
Fernando
de

A M A Z O N A S MARANHÃO !
H RIO GRANDEde Noronha
P A R Á CEARÁ RIONORTE GRANDE
A M A Z O N A S MARANHÃO ! H DO
P A R Á CEARÁ
Teresina
!
H DO NORTE
Teresina H Natal
!
H Natal
! João
PARAÍBA ! H Pessoa
João
PIAUÍ PARAÍBA ! H Pessoa
PIAUÍ PERNAMBUCO ! Recife
H
ACRE !
H
Porto TOCANTINS PERNAMBUCO H Recife
!
ACRERio Branco !
H ALAGOAS
!
H Velho
Porto TOCANTINS
H Palmas
! !
H MaceióALAGOAS
Rio Branco
10°S
! Velho H Palmas
! !
H Maceió 10°S
H
10°S RONDÔNIA H Aracaju
! 10°S
RONDÔNIA H Aracaju
SERGIPE
!
BAHIA SERGIPE
MATO GROSSO
MATO GROSSO BAHIA !
H
HSalvador
!
DISTRITO Salvador
DISTRITO
FEDERAL
!
H Cuiabá GOIÁS FEDERAL
!
H BRASÍLIA
!
H Cuiabá GOIÁS !
H BRASÍLIA
H Goiânia
!
H Goiânia
!
MINAS GERAIS
MINAS GERAIS

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MATO GROSSO Belo

O
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MATO
DOGROSSO
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Belo ESPÍRITO SANTO

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DO SUL !
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H ESPÍRITO SANTO

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H Vitória

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Campo
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20°S
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20°S SÃO PAULO
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30°S
30°S
30°S
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70°W
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50°W
PAULO
50°W
40°W
40°W
30°W
30°W

São Paulo Estado Escala 1:26 000 000


0 2501:26 000 000500 km
!
H Escala
0 250 500 km

São Paulo
Projeção Policônica
Meridiano de Referência: -54º W. Gr
Projeção
Paralelo Policônica0º
de Referência:
Meridiano de Referência: -54º W. Gr
Paralelo de Referência: 0º

SÃO PAULO
São Paulo Fonte: IBGE. Malha municipal
digital 2021. Rio de Janeiro,
!
H
2021. Disponível em: https://
São Paulo www.ibge.gov.br/geociencias/
organizacao-do-territorio/
malhas-territoriais/15774-malhas.
html?=&t=acesso-ao-produto.
Acesso em: jan. 2022.

257
Anotações
HISTÓRIA – CIÊNCIAS – GEOGRAFIA
LIVRO DO ESTUDANTE
ANOS FINAIS – ENSINO FUNDAMENTAL – 1° BIMESTRE

COORDENADORIA PEDAGÓGICA (COPED) Equipe pedagógica Geografia:


Coordenador: Daniel Barros Andreia Cristina Barroso Cardoso, Giselle Teles,
Rebeca Maiumi Deguti, João Paulo Fernandes dos
DEPARTAMENTO DE DESENVOLVIMENTO Santos, Milene Soares Barbosa, Sergio Luiz Damiati
CURRICULAR E DE GESTÃO PEDAGÓGICA
Diretor: Fabio de Paiva CONCEPÇÃO DO MATERIAL ORIGINAL
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
CENTRO DE ANOS FINAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL (CEFAF) PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
Equipe pedagógica História: Caixa de Design
Priscila Lourenço S. dos Santos, Rodrigo Costa Silva,
Anderson Felix dos Santos, Clarissa Bazzanelli Barradas ILUSTRAÇÃO DA CAPA
Diogo Ladeira
Equipe pedagógica Ciências:
Gisele Nanini Mathias, Sumaia Verusca Gomes Mesquita,
Robson Cleber da Silva, Beleta Baby de Lima

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