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The Nanny - Lana Ferguson

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Sinopse

Uma mulher descobre que o pai da criança que ela está sendo
babá pode ser seu maior (Only) fã neste romance
contemporâneo de Lana Ferguson.
Depois de perder o emprego e estar à beira de ser despejada do
apartamento, Cassie Evans se vê com duas opções: conseguir um
novo emprego (e rápido) ou abrir sua conta no OnlyFans há muito
intocada. Mas não há empregos a serem encontrados, e quanto ao
OnlyFans… bom, há razões pelas quais ela não pode voltar. Bem
quando toda a esperança parece perdida, um anúncio para uma
vaga de babá residente parece a solução para todos os seus
problemas. É quase perfeito demais – até que ela conhece seu
possível empregador.
Aiden Reid, chef de cozinha e extraordinário pai gostoso, está
longe de ser o pai solteiro enfadonho que Cassie estava
imaginando. Ela ca chocada quando ele diz que ela é a candidata
mais quali cada que ele conheceu em semanas, praticamente
implorando para que ela aceitasse o emprego. Com mãos que
fazem seu cérebro uivar e olhos que gritam sexo, a ideia de morar
sob o mesmo teto que Aiden parece perigosa, mas sem outra
opção, ela decide car com ele e sua lha adoravelmente tenaz,
Sophie.
Cassie logo descobre que Aiden não é um estranho, mas alguém
que está muito familiarizado com ela – ou pelo menos, com seu
corpo. Ela ca sem saber o que fazer, já que ele não se lembra dela.
À medida que o relacionamento deles atinge temperaturas mais
altas do que qualquer cozinha em que Aiden já trabalhou, Cassie
luta para contar a verdade a Aiden e a possibilidade mais
aterrorizante – perder a melhor chance de felicidade que ela já teve.
À minha querida mãe, que certa vez me perguntou: “Você não
prefere escrever livros infantis em vez disso?”
Tabela de Conteúdos
Sinopse
Tabela de Conteúdos
Aviso – bwc
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Aviso de gatilho
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Epílogo
Aviso – bwc
Essa presente tradução é de autoria por um grupo de tradução.
Nosso grupo não possui ns lucrativos, sendo este um trabalho
voluntário e não remunerado. Traduzimos livros com o objetivo de
possibilitar a leitura para aqueles que não sabem ler em inglês.
Para preservar a nossa identidade e manter o funcionamento
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• Não publique abertamente sobre essa tradução em
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Caso esse livro tenha seus direitos adquiridos por uma editora
brasileira, iremos exclui-lo do nosso acervo.
Em caso de denúncias, fecharemos o canal permanentemente.
Aceitamos críticas e sugestões, contanto que estas sejam feitas
de forma construtiva e sem desrespeitar o trabalho da nossa
equipe.
Eu disse a mim mesma que não ficaria nervosa.
Eles não podem realmente me ver, então por que meu coração
está batendo tão forte?
Ajusto minha câmera pela quarta vez, verificando o ângulo
antes de avaliar o que estou vestindo novamente. É um sutiã
fofo com a calcinha combinando – o que vem a seguir não é
nada que eu já não tenha feito mil vezes antes.
Mas é que agora, estarei fazendo para espectadores invisíveis e
receberei por isso.
Respiro fundo, lembrando a mim mesma de que preciso do
dinheiro. Que é meu corpo, e estou tomando posse dele. Tudo o
que eu fizer a partir deste ponto é minha escolha e estou no
controle total.
Esse pensamento faz com que eu me sinta corajosa.
Respiro fundo. Verifico minha peruca. Ajusto minha máscara.
Eu posso fazer isso.
Eu ativo a câmera.
Capítulo 1
Cassie
— Eu serei uma sem-teto.
Eu escuto Wanda estalando a língua em sua cozinha (que, aliás,
não é tão longe em um apartamento de 65 metros quadrados), e
quando eu levanto meu rosto do veludo envelhecido de seu sofá,
posso vê-la sacudindo uma espátula para mim.
— Sem chorar pelo leite derramado — ela me diz. — Você não
vai ser uma sem-teto. Você pode car no sofá, se necessário.
Eu faço uma careta para o mencionado sofá de veludo,
olhando dele para a pilha de jornais no canto do estofado para a
televisão que desa a o tempo ao se recusar a morrer dentro de sua
casca de madeira.
— Eu não quero… atrapalhar — digo timidamente, não
querendo ferir seus sentimentos. — Vou dar um jeito.
Em meu terceiro ano de pós-graduação em terapia
ocupacional, perder meu emprego como assistente de terapia no
hospital infantil não fazia parte do plano. Eu mal tenho
conseguido pagar o aluguel com o salário que eles estavam me
dando, e agora que eles tiveram que reduzir a equipe, meu
apartamento menor ainda do outro lado do corredor da casa de
Wanda parece cada vez mais que será uma coisa do passado, muito
em breve.
— Bobagem — Wanda argumenta. — Você sabe que é bem-
vinda aqui.
Eu tiro um cacho ruivo do meu rosto, empurrando-me das
almofadas do sofá para car em uma posição sentada. Conheço
Wanda Simmons há cerca de seis anos; eu a conheci quando ela me
convidou para um chá depois que me tranquei para fora do
apartamento na minha primeira semana aqui. Uma mulher de
setenta e dois anos como minha melhor amiga não estava
exatamente na minha lista de coisas para realizar neste lugar, mas
ela pode ser mais interessante do que eu, então acho que pode ser
isso.
— Wanda — eu suspiro. — Eu te amo. Você sabe disso, mas…
você só tem um banheiro e não tem Wi-Fi. Nunca daria certo entre
nós.
— É a diferença de idade, não é? — Ela faz beicinho.
— Absolutamente não. Você sempre será a única mulher para
mim.
— Estou apenas dizendo. A opção está aberta.
— E o que você vai fazer quando trouxer para casa seus
homens do bingo e eu estiver sentada aqui no seu sofá?
— Oh, não vamos incomodá-la. Iremos para o quarto.
Eu faço uma careta.
— Eu sou totalmente a favor de você ter a sua diversão, mas eu
absolutamente não quero estar do outro lado dessas paredes muito
nas para isso.
Wanda ri enquanto mexe o molho para suas almôndegas.
— Você sempre pode voltar a fazer aquelas chamadas de
peitinhos.
Eu gemo.
— Por favor, não as chame de chamadas de peitinhos.
— O quê? Tem uma câmera. Você mostra seus seios. Você é
paga.
Deixo meu rosto cair contra seu sofá. Eu meio que me
arrependo de ter contado a Wanda sobre a minha… história com o
OnlyFans, mas eu não tinha previsto que ela seria capaz de lidar
com a tequila melhor do que eu na noite em que coloquei tudo
para fora. Não que eu tenha vergonha disso, de forma alguma. Era
um bom dinheiro. Receber dinheiro de pessoas que queriam se
divertir foi uma decisão fácil quando confrontada com uma conta
de mensalidade iminente que eu não poderia começar a pagar de
outra forma. Quero dizer, belos peitos realmente deveriam merecer
seu sustento. Acho que Margaret Thatcher disse isso uma vez.
— Você sabe que eu não posso — suspiro. — Eu deletei minha
conta completamente. Todos os meus inscritos sumiram. Levaria
mais dois anos para reconstruí-los.
Além disso, aprendi minha lição da primeira vez. Pelo menos
eu guardei essa parte para mim.
— Então o que você vai fazer? Você está procurando outro
emprego?
— Estou tentando — resmungo, percorrendo os mesmos
anúncios de emprego em meu telefone que, na maioria das vezes,
não dão certo. — Por que colocar anúncios procurando ajuda se
eles não vão retornar o contato?
— Tem muitas pessoas nesta cidade — Wanda diz. — Sabe,
quando me mudei para cá, você podia andar na rua e reconhecer as
pessoas. Agora é como uma colméia lá fora. Sempre zumbindo.
Você sabia que eles têm uma maldita mercearia onde você nem usa
seu cartão? Basta entrar e sair. Pensei que estava roubando o tempo
todo. Quase me deu palpitações cardíacas.
— Sim, conversamos sobre a nova loja Fresh, lembra? Eu
ajudei você a con gurar sua conta.
— Oh, sim. Daqui a pouco, eles levarão os mantimentos
voando direto para a sua porta.
— Wanda, eu odeio dizer isso a você, mas eles já fazem isso.
— Sem brincadeira? Hum. Você deveria con gurar isso
também. Me poupar de uma maldita caminhada.
— Acho que você não se opõe tanto ao futuro, a nal.
— É, é. E o restaurante na Quinta?
— Eles não vão me deixar sair mais cedo para as minhas aulas
de laboratório no campus.
— Sabe, Sal estava dizendo que precisaria de ajuda com…
— Eu não vou trabalhar na delicatessen — digo a ela, com
rmeza. — Sal é cheio de mão boba.
— Eu sempre gostei disso nele — Wanda ri.
— Você não está muito velha para sentir tanto tesão?
— Estou velha, Cassie — ela bufa. — Não morta.
— Sério, eu não sei o que vou fazer — gemo.
— Veri que os anúncios novamente. Talvez você tenha
deixado algo passar.
— Eu veri quei uma dúzia de vezes — bufo.
Wanda ainda está resmungando comigo da cozinha enquanto
eu me debruço de novo sobre a seção de procura de ajuda de
qualquer forma, pensando que se eu olhar várias vezes, algum
anúncio milagroso que eu não havia notado antes, saltará para
mim. Como pode ser tão difícil encontrar um emprego que me
deixe fazer meus trabalhos escolares à noite e car de folga a cada
dois ns de semana para meus cursos no campus? Quer dizer, aqui
é San Diego, não Santa Bárbara. Tem que haver algo que eu
possa…
— Oh, merda — eu digo de repente.
Wanda sai da cozinha com a espátula na mão.
— O quê?
— Procura-se: cargo de babá residente em tempo integral.
Experiência com crianças é imprescindível. Hospedagem e
alimentação grátis. Apenas solicitações sérias.
Wanda bufa.
— Você não quer car presa cuidando de outras…
— Salário inicial… Puta merda.
— É bom?
Eu olho para Wanda com a boca aberta, e quando eu digo a ela
o que eles estão oferecendo, Wanda diz uma palavra que ela
normalmente só reserva para quando os Lakers perdem. Ela solta
um suspiro depois, acariciando seus cachos brancos com aquele
seu jeito agitado.
— Eu acho que seria melhor você ligar para eles então.
■□■
Eu não esperava que Aiden Reid fosse me responder tão
rapidamente como respondeu depois que enviei-lhe um e-mail, e
certamente não esperava que ele parecesse tão ansioso em marcar
um encontro para uma entrevista. E por falar em encontro, eu
definitivamente não esperava que ele me pedisse para encontrá-lo
em um dos restaurantes mais chiques da cidade – um em que não
posso me dar o luxo de comer e no qual tenho certeza de que estou
mal vestida demais para entrar. É assim que as pessoas ricas fazem
entrevistas? Duvido que Sal me levaria a um restaurante cinco
estrelas para me fazer cortar peru para ele enquanto
acidentalmente passa a mão na minha bunda.
Ainda assim, coloquei meu vestido preto justo favorito, aquele
que usei na minha formatura da faculdade, e espero que isso me
faça parecer muito mais arrumada do que me sinto agora. Como
agora estou com a suspeita de que a família da qual estou tentando
ser babá é mais próspera do que eu achava, estou pensando que
um pouco de falsa con ança me fará um bem enorme.
Quero dizer, eu amo crianças. E aprendi trabalhando no
hospital infantil que elas são o público-alvo das minhas piadas
terríveis, então isso é uma vantagem. Além disso, todo o motivo
pelo qual estou seguindo a carreira de terapia ocupacional é para
tentar ser aquela pessoa que está ao lado das crianças quando
ninguém mais parece estar – então, com isso em mente, este
trabalho deve ser fácil, certo?
Isso é o que eu continuo dizendo a mim mesma.
Juro que a recepcionista pode sentir o cheiro do meu spray
corporal de baunilha da Target, e de alguma forma ela sabe que isso
signi ca que não posso pagar os aperitivos daqui, mas ela coloca
um sorriso no rosto, para seu crédito, e me leva a uma mesa depois
que eu dou a ela nome do meu possível empregador. É assim que é
ser importante? Sento-me na cadeira forrada de seda, sentindo-me
como um peixe fora d’água em meio às velas acesas e à música
elegante. Inferno, estou com medo de colocar meus cotovelos na
mesa.
Um garçom se aproxima para perguntar se eu quero começar
com algum aperitivo, e como a recepcionista com os olhos
judiciosos estava absolutamente certa, eu peço água enquanto
aguardo. Eu tomo um gole à medida que espero que esse tal de
Aiden apareça (parece meio rude chegar atrasado em sua própria
entrevista), tentando aparentar que eu totalmente como em
lugares como este o tempo todo.
O restaurante em si é o mais legal em que já estive. Nunca vi
tantos centros de mesa de cristal em toda a minha vida, e Wanda
perderia a cabeça se visse os preços no cardápio. Mal posso esperar
para contar a ela mais tarde e ver seus olhos saltarem das órbitas.
— Com licença — diz alguém.
A voz profunda murmurada tão perto do meu ouvido quase
me faz engasgar com a água, um pouco dela escorrendo pelo meu
lábio inferior, descendo pelo meu queixo enquanto tusso. Eu
pressiono as costas da minha mão para tentar limpar, notando
mãos grandes em minha visão, agora turva, quando um rosto
aparece.
Puta. Merda.
Meu cérebro entra em curto-circuito por alguns segundos,
tentando entender a aparição repentina de um homem grande
com cabelos castanhos grossos afastados da testa, mandíbula
de nida e maçãs do rosto marcadas, e sua boca parece mais suave
do que a minha? Ele é alto também. Não o tipo de altura que faz
você pensar que ele joga basquete ou algo assim (embora ele com
certeza pudesse, se quisesse), mas o tipo de altura que faz você
querer pedir a ele para pegar algo na prateleira de cima para você,
só para você pode observar a maneira como seus ombros se movem
sob a camisa. Percebo que esse processo de pensamento faz pouco
sentido, mas tudo que sei é que tenho 1,70m com peitos que
valem a pena pagar para ver, uma bunda construída com
agachamentos e uma conexão emocional com pão, e esse homem
me faz sentir pequena.
E se essas coisas não são su cientes para me deixar pasma (o
que estou, quero dizer, estou literalmente babando água com gás)
– seus olhos fariam o truque. Já ouvi falar de heterocromia; pelo
menos, tenho certeza de que meu professor de biologia
mencionou de passagem quando eu era estudante de graduação,
mas nunca vi pessoalmente. Seus olhos são uma mistura de um
castanho e um verde, as cores não são brilhantes, mas sutis, como
chá quente e água do mar, difíceis de desviar o olhar.
Percebo que é exatamente isso que estou fazendo. Encarando o
pobre rapaz.
— Desculpe — eu gaguejo. — Você meio que me pegou
desprevenida.
Pego o guardanapo para começar a limpar meu queixo,
percebendo agora que o homem está vestindo uma jaqueta branca
de chef com um avental combinando amarrado na cintura.
— Oh — eu começo de novo. — Eu não ia pedir nada ainda,
estou esperando alguém.
— Certo. — Ele mostra uma leira de dentes perfeitos que
deixariam meu dentista em êxtase, parecendo quase como se ele se
arrependesse de ter caminhado até a mesa. Ou talvez eu esteja
imaginando demais. — Eu acho que você está esperando por mim.
Você é a Cassie?
— Eu… — Oh não. Não, não, não. Eu não cuspi água em mim
mesma na frente do cara que estou tentando fazer com que me
contrate. — Você é o Sr. Reid?
Ele faz uma careta.
— Aiden, por favor. Sr. Reid faz eu me sentir velho.
O que ele não é. Eu acho que não. Quero dizer, ele é mais
velho que eu, mas não velho. Ele não pode ter mais de trinta anos,
aposto. Eu ainda estou meio que encarando ele.
— Certo — digo, tentando me recompor enquanto me afasto
da mesa e estendo minha mão desajeitadamente. — Eu sou Cassie.
Cassie Evans.
Sua boca se curva para minha mão estendida, fazendo-me
imediatamente me arrepender de tê-la estendido como se estivesse
fazendo uma versão o -Broadway do Homem de Lata em O
Mágico de Oz, mas não há como voltar atrás agora. Ele a sacode no
que só posso presumir ser uma tentativa de ser legal, gesticulando
de volta para o meu assento e esperando que eu me sente antes de
tomar o assento à minha frente.
Eu limpo minha garganta, tentando esquecer que um minuto
atrás eu quase cuspi água no homem mais gostoso do mundo, que
eu quero muito que me pague uma quantia ridícula de dinheiro
para cuidar da sua criança. Sua criança, eu me lembro. Esta é uma
entrevista de emprego. O que torna totalmente inapropriado que
eu ainda esteja pensando em suas mãos enormes. Mãos que, meu
cérebro realmente percebeu, não estão usando nenhum tipo de
aliança.
Pare com isso, cérebro.
Eu deveria parar de olhar para as mãos dele, de qualquer
maneira. Mesmo que sejam grandes o su ciente para fazer uma
garota calcular mentalmente quando foi seu último encontro.
— Então — eu tento desajeitadamente. — Você é um
cozinheiro. — Eu gemo, instantaneamente me arrependendo da
minha escolha de palavras. — Desculpe. Quero dizer, um chef.
Você é um chef. Certo?
Milagrosamente, ele não pede para me removerem do
restaurante, mas sorri.
— Sim. Eu cozinho aqui.
Oh, abençoado seja ele por seu humor.
— Isso é… incrível. Realmente incrível. — Eu aceno
apreciativamente enquanto olho ao nosso redor para os
candelabros brilhantes e o pianista em algum lugar atrás de nós. —
É um lugar elegante.
— É — ele concorda. — Sou o chef executivo daqui há alguns
anos.
— Mentira? Que chique.
— Chique — ele ecoa, parecendo divertido. — Certo.
Desculpe por pedir que me encontrasse no trabalho. Eu estive,
ah… bem. Tem sido uma loucura ultimamente.
— Não é grande coisa. Eu pensei que fosse estranho fazer uma
coisa assim durante o jantar, especialmente em um lugar como
este, mas eu imaginei… — Teria sido bom se eu tivesse percebido
antes de começar a gaguejar minhas bobagens, mas, no entanto, a
cha cai. As implicações do que ele disse. Minha boca se fecha
enquanto o calor inunda meu rosto, e eu me abaixo de vergonha
enquanto cubro meus olhos. — Oh meu Deus. Esta não é uma
entrevista com jantar. Você queria falar comigo no seu intervalo.
— Eu deveria ter… sido mais claro em meu e-mail.
Oh Deus. Ele está tentando me defender. Alguém me enterre.
— Eu sou inacreditável.
— Não, não — ele tenta. — Está tudo bem.
— Deus, eu sou uma idiota. Eu usei esse vestido idiota e…
— É um vestido muito bonito.
— Você provavelmente acha que eu sou louca…
— Realmente não.
— Eu posso ser tão estúpida às vezes, me desculpe.
Ele ainda parece divertido. Como se ele estivesse achando meu
colapso mental engraçado. Não sei se isso torna as coisas melhores
ou piores.
— Você pode pedir alguma coisa — ele oferece. — Se você
quiser. Eu não me importo.
— Hum, obrigada, mas talvez eu precise vomitar agora. Eu
deveria ir embora, certo? Isso já é um desastre.
— Espere, não. — Ele estende a mão quando me movi para
car de pé. — Não faça isso.
Eu paro de tentar fugir. Certamente ele não pode ainda estar
me considerando, pode? Talvez ele seja louco também.
— Você ainda quer me entrevistar?
— Para ser honesto — ele suspira — ninguém se inscreveu com
nada perto de suas credenciais. Treinamento em RCP, bacharelado
em terapia ocupacional com especialização em psicologia? Quero
dizer, seu último emprego foi em um hospital infantil. E eles não
tinham nada além de coisas boas a dizer sobre você quando
veri quei suas referências. Quase pareceu que eles odiaram deixar
você ir.
— Sim, quei muito chateada quando eles zeram isso —
admito. — Houve um problema de nanciamento, infelizmente.
Eu amava o trabalho.
— Bem — ele ri — espero que a perda deles seja meu ganho.
Não acreditei quando você me enviou seu currículo.
— Mas agora que você me conheceu, você está começando a
pensar que eu o forjei, certo?
Ele meio que ri, mal abrindo a boca enquanto desvia os olhos
para a mesa, como se estivesse com medo de me fazer pensar que
está rindo de mim, o que estaria dentro do seu direito,
considerando esta primeira reunião terrível.
— Não — diz ele. — Eu não acho que você forjou. No
entanto, estou curioso para saber por que você está procurando
uma posição de babá com seu histórico?
Eu afundo na minha cadeira, soltando um suspiro enquanto
me inclino sobre a mesa.
— Posso ser totalmente honesta com você?
— Eu pre ro que sim — diz ele, inclinando-se e parecendo
intrigado.
— Estou no último ano do programa de pós-graduação em
terapia ocupacional e, como disse em meu e-mail, fui desligada do
meu trabalho devido a redução de pessoal. O aluguel nesta cidade é
ridículo, e, para ser honesta, preciso do dinheiro. E sendo mais
honesta ainda, o quarto e a alimentação de graça também não são
nada para torcer o nariz. Seria ótimo não ter que me preocupar
com isso, acima de tudo.
— Certo. Sobre isso. — Ele franze a testa então, e presumo que
esta seja a parte em que ele me dirá que na verdade não pode
permitir que uma lunática tagarela como eu chegue perto da sua
criança. — É uma posição permanente, mas para esclarecer…
somos só eu e minha lha. Você teria seu próprio quarto, é claro,
praticamente seu próprio andar, até mesmo – total privacidade e
tudo mais, mas… quero ser completamente transparente com você,
caso isso a deixe desconfortável.
Com vinte e cinco anos, e na primeira vez que moro com um
cara bonito, é em um cenário como de Grande Menina, Pequena
Mulher. Estou morrendo de vontade de perguntar sobre a outra
pessoa responsável nesta situação, apenas para limpar minha baba
mental, mas meu cérebro está gritando que este é o movimento
errado. Ainda assim, ele tem um bom emprego, um belo sorriso e
não me dá a impressão de ser um assassino total.
Eu abro meu sorriso mais pro ssional.
— Eu não acho que isso será um problema. No entanto, no
clima de ser transparente… Estou em um programa híbrido na St.
Augustine’s em San Marcos.
— O que isso signi ca?
— Signi ca que a maior parte do meu curso é on-line, o qual
faço à noite depois do trabalho, mas dois ns de semana por mês
tenho que assistir às aulas no campus. Demora mais do que o
programa normal, mas como estou pagando minhas próprias
despesas, torna-se mais fácil ter um emprego. A maioria dos
empregos para os quais me candidatei não conseguiu trabalhar
comigo de acordo com minha agenda, o que é um empecilho. —
Eu solto uma risada. — Parece que você é o único que acha minhas
credenciais impressionantes. Lanchonetes e lojas de
departamento? Não muito.
Aiden franze a testa, pensando.
— Não vou ngir que chego em casa em um horário razoável
todas as noites. Meu trabalho é estressante – na verdade, isso é um
eufemismo. Meu trabalho às vezes é um pesadelo. Tenho folga na
maioria das manhãs e, às vezes, só preciso trabalhar à tarde… mas
minhas noites podem ser longas. Você acha que seria um
problema? Sophie normalmente vai para a cama às nove. Tenho
certeza de que, desde que ela esteja alimentada e pronta para
dormir, você pode fazer seus trabalhos escolares.
— Sophie? Sua lha?
Aiden dá um novo tipo de sorriso, que parece caloroso e
orgulhoso, mas que se choca com o lampejo de tristeza que brilha
em seus olhos.
— Sim. Ela é… muito boa. Ela tem nove anos, mas parece
muito mais velha do que isso. Ela é muito esperta para o seu
próprio bem.
— Meninas geralmente são — eu rio, pensando em mim
mesma. — E os ns de semana que tenho aula? Eu poderia estar
em casa no nal da tarde. Então ainda posso cobrir o jantar, com
certeza.
Aiden considera isso.
— Eu posso fazer funcionar. Quero dizer, eu tenho feito até
agora, de qualquer maneira. Se o pior acontecer, talvez você possa
buscá-la aqui nesses dias? Ela poderia jogar em seu joguinho no
escritório enquanto espera. Ela está, ah, acostumada com isso
agora, infelizmente.
— E sua lha? Ela está bem com tudo isso? Em ter uma babá?
Aiden acena com a cabeça, pensativo.
— Ela já teve antes. Nenhuma realmente… deu certo. Eu…
Posso ser honesto com você de novo?
— Eu pre ro que sim — digo a ele, ecoando seu sentimento
anterior.
Aiden ri novamente, e eu determino que vou ter que fazer
questão de não fazê-lo rir com muita frequência para o bem da
minha própria sanidade, se vou morar com ele. É uma risada
muito boa, ok?
— Eu só… Eu preciso de ajuda, Cassie, sendo direto. Estou
fazendo isso sozinho e é muito mais difícil do que pensei que seria.
Ou talvez seja exatamente tão difícil quanto pensei que seria. Não
sei. Sophie pode ser muito… obstinada, e isso torna difícil
encontrar alguém que esteja disposta a car. Estou procurando
uma substituta para a última babá há semanas, porque queria
encontrar a que melhor se adaptasse a Sophie, e absolutamente
ninguém se candidatou para o emprego com metade das
quali cações que você. Foram semanas de malabarismo com
agendas e, neste momento, estou desesperado.
— Isso é… muito honesto.
— Você pode fugir gritando a qualquer momento.
Estranhamente, não tenho vontade de fazer isso. Algo sobre
esse homem de aparência cansada com seus lindos olhos e sua
risada que me dá borboletas no estômago faz com que seja difícil
dizer não para ele. Sem mencionar que ainda há a quantia ridícula
de dinheiro que ele está oferecendo.
— Então, como seria isso? Se eu disser sim.
— Bem, eu adoraria que você começasse o mais rápido possível
— ele me diz. — Talvez você pudesse ir neste sábado? Eu poderia
apresentá-la a Sophie e mostrar a casa. Onde você caria e tudo
isso… Se você aceitar o trabalho, claro.
Eu seria boba se não aceitasse, certo? Quero dizer, quando é
que algo tão bom vai aparecer? Claro, é assustadora a ideia de ser
diretamente responsável pela lha de alguém, para não falar em
morar na casa deles… especialmente a casa desse cara… Ainda assim.
Não acho que seja uma oferta que eu possa recusar na minha
situação.
— Ok.
Eu aceno para a mesa enquanto tomo uma decisão,
encontrando os olhos de Aiden e mais uma vez estendendo minha
mão de uma forma impensada da qual me arrependo
imediatamente.
Sério, por que continuo fazendo isso?
Felizmente, Aiden suspira de alívio, pegando minha mão
novamente e envolvendo-a na sua muito maior.
— Então você quer o emprego?
— Contanto que você me queira — digo, com o que espero ser
con ança.
Eu tento não pensar sobre a forma como seus olhos se
arregalam com o meu fraseado estranho; agora não adianta
lamentar meu vômito nervoso de palavras. Graças a Deus ele está
tão desesperado.
E de nitivamente não estou pensando em como a mão dele
engole a minha.
Bate papo com @alacarte

@alacarte
te enviou uma gorjeta de $20

Eu amo o jeito que você goza.


Capítulo 2
Cassie
Quando o sábado chega, Aiden e eu já de nimos minha agenda e
os detalhes do meu salário. Nesse meio tempo, consegui me
convencer de que esse seria um ótimo trabalho, mesmo que fosse
apenas para aliviar os nervos de ter que viver sob o mesmo teto de
um cara gostoso e torcendo para que sua lha não me odeie. Tão
certa quanto eu estou sobre minha nova carreira, por outro lado,
Wanda não está tão convencida. Durante o tempo em que passei
terminando de empacotar minhas roupas na manhã em que eu
deveria ir para a casa de Aiden (uma tarefa fácil, já que há tão
pouco do que obtive ao longo dos anos que até considerei válido
guardar além do essencial), Wanda assumiu a responsabilidade de
me entrevistar sobre minha entrevista, interrogando-me sobre
todos os detalhes a respeito do homem misterioso com quem
estou indo morar de mala e cuia. (Palavras dela, não minhas.)
— E se ele nem tiver uma lha?
Reviro os olhos.
— Ele tem uma lha.
— Tudo isso pode ser um esquema elaborado para atrair você
para a casa dele para que ele possa trancá-la em seu porão.
— Ele mora em uma casa na cidade — digo a ela. — Eu não
acho que elas tenham porões.
Não tenho muita certeza disso, visto que nunca estive em uma,
mas Wanda não precisa saber disso.
— Precisamos pensar em algum tipo de palavra-chave.
Eu paro de en ar as meias na minha bolsa para passar a noite.
— Palavra-chave?
— Exato. — Wanda acena pensativamente no meu sofá/cama
(todos saúdam o futon). — No caso de ele não deixar você falar
livremente.
— Quantos lmes da Lifetime você assistiu?
— Você não vai achar tão engraçado quando ele estiver te
alimentando com papinha de bebê e fazendo você brincar de se
fantasiar.
Eu rio disso.
— Você sabe que isso é na verdade um fetiche, certo?
— Você está brincando.
Sua expressão chocada me faz rir ainda mais.
— As pessoas pagam um bom dinheiro para alimentar garotas
bonitas com comida de bebê e brincar de se fantasiar.
— Droga. — Wanda balança a cabeça. — Por que não existia
isso quando eu era mais jovem? Poderia ter me poupado muitos
turnos na biblioteca.
— Você adorava trabalhar na biblioteca — eu a lembro.
— Eu adoraria muito mais se alguém tivesse me pago para car
nua dentro dela.
— Em outra vida — eu rio — você teria dominado todo o
cenário de camgirls.
— E tenha sempre isso em mente — ela reclama.
Mesmo quando jogo as últimas roupas do meu armário em
uma bolsa, sinto seus olhos me observando do outro lado da sala.
Espero até que a bolsa esteja cheia e amarrada antes de dar atenção
a ela.
— O quê?
— Eu só quero que você tome cuidado — ela diz, um pouco
mais gentilmente. — Há muitos esquisitos por aí.
— Eu vou car bem — eu asseguro a ela, ngindo que sua
preocupação não me dá vontade de sorrir. Ela pode ser rabugenta
noventa por cento do tempo, mas Wanda se preocupa comigo mais
do que minha própria mãe jamais se preocupou. — Eu prometo. É
um bom dinheiro, e ele foi incrivelmente legal. Também examinei
o Facebook dele e ele tem uma lha. — Uma lha bonita também.
Sério, os genes dessa família. — Além disso, se a vibe estiver ruim,
posso ir embora, ok?
— Vocês crianças e suas vibes — ela resmunga. — Quando eu
tinha sua idade, não tínhamos vibe, tínhamos instinto.
— Você percebe que é praticamente a mesma coisa, certo?
Além disso, você poderia parar de reclamar e me ajudar a arrumar
alguma coisa.
Wanda cruza os braços.
— Preciso descansar minhas costas. Tenho uma partida de
bingo hoje à noite.
Não peço elaborações, não querendo saber se ela precisa
descansar para o bingo ou para quem ela inevitavelmente trará para
casa depois. Ela e Fred Wythers brigaram na semana passada, então
imagino que ele foi descartado.
— Não é você que sempre diz que está velha, não morta? —
Ela mostra o dedo do meio para mim e eu rio. — Ei, você sabia que
a unha do dedo do meio é a que cresce mais rápido?
— Oh, vai à merda com seus malditos fatos que vem de
Snapples.
Eu mordo meu sorriso enquanto volto minha atenção para
fazer as malas. Quando o pequeno espaço está lotado com várias
caixas e sacolas, eu aceno apreciando um trabalho bem feito,
pensando que o lugar parece maior de alguma forma quando está
quase vazio assim. A mobília vai car, visto que já estava aqui
quando cheguei. Além disso, não vou precisar, já que tenho meu
próprio quarto mobiliado na casa de Aiden.
Há apenas um pequeno bater de asas de borboletas em meu
estômago quando me lembro de que estarei sob o mesmo teto que
Aiden Reid.
— Acho que é isso — digo a Wanda.
— Eu acho que sim. — Wanda olha as malas espalhadas pelo
chão. — Tenho certeza de que eles vão deixar um esquisito morar
aqui.
— Talvez seja sua alma gêmea.
Wanda bufa.
— Não preciso de uma dessas.
A independência dela é de se admirar, com certeza.
Wanda nunca se estabilizou com alguém em sua longa vida, até
onde eu sei, sempre pulando de um homem para o outro. Ela faz
com que pareça divertido, não me interpretem mal, mas com
certeza deve ser solitário às vezes. Gosto de pensar que nós duas
precisávamos uma da outra da mesma forma quando tropeçamos
na vida uma da outra. Ela se tornou uma improvável mãe
substituta e melhor amiga, tudo em uma, me adotando em sua
vida e me tratando como a lha que ela nunca teve. Não tenho
certeza se tinha noção de como era o verdadeiro afeto antes de
conhecê-la.
— E você tem certeza de que esta é uma boa ideia? Você ainda
pode fazer as chamadas de peitinho.
Eu considero isso, sabendo que Wanda gosta de viver
indiretamente por meio de meus empreendimentos no OnlyFans
(sério, essa mulher perdeu sua verdadeira vocação), e seria um
dinheiro fácil se eu pudesse construir seguidores novamente, mas
não consigo. Não depois do que aconteceu.
— Tenho certeza. — Eu aceno, principalmente para mim. —
Você poderia me dizer que vai sentir minha falta, sabe.
— Sentir sua falta? — Ela bufa enquanto me dá um tapinha no
ombro. — Se você não vier me visitar, eu vou caçar a sua bunda.
Eu a puxo para um abraço, respirando o cheiro familiar de seu
perfume White Diamonds e um pouco de pó de talco ao fundo
que sempre achei estranhamente reconfortante.
— Vai ser ótimo. Você vai ver.
Wanda ainda não parece convencida quando ela se afasta, e
quando começo a empilhar minhas coisas, deixando organizado
para o serviço de mudança que levará tudo o que sobrar amanhã,
faço o possível para parecer tão con ante em relação a tudo isso
quanto estou ngindo ser.
■□■
A casa da cidade de Aiden está localizada em um condomínio
fechado, uma área residencial tranquila com casas de três andares
ao longo da rua. A de Aiden, em especí co, tem um pequeno
quintal bonito, alinhado com uma parede de blocos e fechado com
um portão de ferro. Meu velho Toyota estacionado na frente
parece deslocado em meio às leiras e leiras de casas geminadas,
mas para ser justa, eu também pareço. Veri co o número da casa
mais uma vez em meus e-mails enquanto o portão destranca, me
sentindo um pouco nervosa ao passo que me aproximo da porta da
frente.
Eu puxo a alça da minha bolsa com mais força contra o meu
ombro quando nalmente crio coragem para tocar a campainha,
tendo empacotado apenas o essencial para passar a noite até que
todo o resto chegue aqui amanhã. De repente, estou percebendo
que estarei morando com desconhecidos, e se Aiden for algum tipo
de esquisito?
Deus.
Eu tento pescar meu telefone do meu bolso para avisar Wanda
que eu cheguei, consigo puxá-lo pela metade antes que minha
bolsa escorregue do meu ombro e caia no chão, fazendo com que
uma parte que estava meio fechada esparrama-se minhas coisas na
varanda. Eu caio de joelhos para começar a recolher os itens
espalhados de volta, pensando que esta é a última coisa que eu
preciso, que meu novo chefe me encontre pegando minha calcinha
do lado de fora de sua porta.
— Porra, porra, porra.
E porque o universo é uma cadela inconstante, é exatamente
assim que Aiden Reid me encontra. No meio de um asco pessoal,
xingando em sua varanda e segurando minha calcinha. Mas,
novamente, a julgar pelas manchas de farinha cobrindo sua
camiseta preta (justa, bastante justa), seu avental preto
combinando e até em suas bochechas, sem mencionar a coisa…
pegajosa que está pingando na frente de suas calças (menos justa,
mas não menos perturbadora), acho que talvez desta vez estamos
iguais.
— Você está — meus olhos percebem sua aparência
desgrenhada — bem?
Seus olhos passam da minha forma ainda agachada para a
calcinha verde neon com estampa de coração na minha mão para o
meu rosto.
— Você está bem?
— Oh. — A parte de trás do meu pescoço esquenta enquanto
en o apressadamente minha calcinha de volta na bolsa, puxando a
alça por cima do ombro enquanto me levanto. — Estou bem.
Apenas um acidente. — Estou optando ativamente por não pensar
em como Aiden acabou de ver minha calcinha, apontando para a
gosma em suas calças. — Parece que você também teve um.
Aiden faz uma cara de desamparo, e o suspiro silencioso que
escapa dele faz meu estômago revirar.
— Sim. — Ele olha para a bagunça em sua camisa antes de me
dar um sorriso tímido. — Você… — Ele morde o lábio. Eu não
devo remoer isso. — Por acaso você sabe alguma coisa sobre
panquecas?
— Panquecas?
Aiden sacode a cabeça em um aceno, apontando para a escada
atrás dele.
— Vamos subir.
Eu o sigo para fora da entrada e subo as escadas para o segundo
andar, o topo da escada se espalhando pelo que parece ser a sala
principal e a cozinha. Quando nos aproximamos, reconheço uma
garotinha na bancada da cozinha, com o cabelo no mesmo tom do
de Aiden e a boca formando um beicinho. Ela parece mais concisa
do que no Facebook de Aiden. Também noto que a bagunça na
camisa e na calça de Aiden se estende até o chão da cozinha e
metade da bancada.
— Nós, hum… queríamos fazer algo legal para você — Aiden
me diz. — Para o seu primeiro dia aqui.
— Papai queria — a garotinha reclama de seu lugar na
bancada, alto o su ciente para que eu entendesse.
Aiden lança um olhar severo para ela. Fica bem nele. Também
não devo car remoendo isso.
— Nós pensamos que você poderia gostar de panquecas, mas,
hum… Isso é vergonhoso.
— Você parece estar tendo alguns problemas — eu indico com
diversão. — Nunca vi tanta bagunça com panquecas.
Aiden olha para os próprios pés como uma criança que
quebrou o vaso de sua mãe e reluta em contar a ela.
— Deixei cair a tigela de massa. Está um desastre aqui.
— Eu posso — deixo meus olhos varrerem a frente dele
novamente, para propósitos puramente investigativos, é claro —
ver.
— Eu… não sou muito bom em fazer panquecas — ele admite,
quase como se isso o machucasse.
Eu inclino minha cabeça.
— Você não é um chef?
— Não há panquecas no meu cardápio. — Sua boca faz algo
que está perigosamente perto de um beicinho, e não deveria
funcionar para um homem do tamanho dele, mas estranhamente
funciona. — Sophie diz que não gosta, mas tenho certeza que ela
simplesmente não gosta das minhas, então é uma questão pessoal
agora. Eu estava tentando uma nova receita, mas… — Ele gesticula
para a bagunça. — Obviamente, não saiu do jeito que eu esperava.
Abro um sorriso para ele, percebendo que ele realmente precisa
de ajuda.
— Caramba, garoto.
Eu largo minha bolsa na escada enquanto aprecio o espaço. A
cozinha é elegante e moderna, com armários pretos e bancada de
mármore cinza – tudo o que você pode esperar de uma casa de
luxo nesta parte da cidade. Os ladrilhos são de um tom semelhante
de cinza, talvez mais claro, indo até a borda da sala de estar aberta
logo adiante, onde se mistura com o carpete cinza de aparência
suave que ca sob os móveis de couro preto.
Estou concluindo que Aiden não gosta muito de cores aqui.
— Esta é uma bela casa — digo a ele. — Eu gosto do que você
fez com o, ah… esquema de cores.
Eu espio para trás para encontrar Aiden carrancudo.
— Eu… gosto de preto.
— Eu com certeza nunca teria adivinhado — provoco. Percebo
que ele ainda está coberto de gosma. — Certo. Panquecas. —
Examino a cozinha, procurando. — Você tem outro avental?
Aiden corre para um armário alto e estreito ao lado da
geladeira preta de aço inoxidável para tirar um (surpresa) avental
preto. Eu passo por cima da minha cabeça, alcançando atrás de
mim para amarrar as cordas enquanto eu lanço um sorriso para a
garota, que ainda está me avaliando silenciosamente na bancada.
— Você deve ser Sophie — eu tento. — Eu sou Cassie.
— Você é minha nova babá — diz ela com apenas um toque de
amargura.
— Eu sou. Ouvi dizer que você já teve outras.
— Apenas quatro — ela murmura.
— Quantos anos você tem, Sophie?
— Nove.
— Uau. Você está praticamente crescida. Duvido que você
precise de uma babá.
— Isso foi o que eu disse — ela bufa. — Eu posso cuidar de
mim mesma.
— Claro. — Eu aceno seriamente antes de me inclinar para
mais perto para baixar minha voz. — Aqui entre nós… Eu só
precisava de companhia. Eu não tenho muitos amigos.
Praticamente tive que implorar ao seu pai para me dar o emprego,
sabe?
Sophie parece descon ada, seus lábios pressionados por um
bom número de momentos antes de nalmente lançar os olhos
para a bancada.
— Também não tenho muitos amigos.
— Bem… Nós podemos ser amigas. Talvez? O que você acha?
Sophie me olha de cima a baixo, parecendo considerar.
— Você é bonita — diz ela nalmente.
— Não tão bonita quanto você — eu digo. — Olha essas
sardas!
Sophie estreita os olhos.
— Sardas não são bonitas.
— Você está certa — suspiro enquanto coloco minhas mão na
cintura. — Elas são lindas.
Sophie revira os olhos, mas há um leve sorriso em sua boca ao
fazê-lo. Percebo que ela não tem a mesma condição de seu pai, mas
seus olhos são do mesmo verde suave de seu olho direito,
complementando o lindo tom de seu cabelo. Ela é adorável hoje
em dia, mas já posso dizer que ela será um verdadeiro arraso
quando car mais velha. Sério, os genes.
— Certo — digo novamente. — Então, vamos limpar sua
primeira tentativa, pode ser?
Aiden ainda parece totalmente perplexo, como se ainda não
acreditasse que errou uma coisa tão universalmente conhecida com
seu nível de habilidade culinária, mas silenciosamente se arrasta
para o mesmo armário estreito para tirar uma vassoura e um
esfregão molhado.
— Desculpe — ele me diz. — Nós realmente queríamos tentar
fazer algo legal.
Eu dou de ombros, puxando o elástico do meu pulso e
estendendo a mão para amarrar meu cabelo.
— Está tudo bem. Sophie e eu cuidamos disso, não é?
— Por que eu tenho que ajudar?
— Preciso de uma assistente à altura se vou fazer panquecas —
digo seriamente. — Você parece a garota perfeita para o trabalho.
Ela ainda não parece que con a muito em mim, mas seu desejo
por panquecas deve exceder sua cautela em relação a mim, e ela
pula timidamente da banqueta para cruzar cautelosamente a
cozinha para car ao meu lado.
— Eu acho que sim.
Ela realmente não dá um sorriso.
Eu já gosto dela.
■□■
A segunda tentativa de fazer panquecas é muito mais tranquila do
que a primeira, a bagunça foi limpa e o grande chef (mas não o
fabricante das panquecas) e a pequena eu estamos cantarolando
em torno de xarope e bolo.
— Elas estão muito boas — Sophie se empolga. — Papai nunca
acerta. Elas cam sempre muito moles.
— Oh, então você gosta delas — Aiden bufa. Ele olha para as
panquecas como se elas o tivessem ofendido. — Eu deveria
comprar um mixer de verdade.
Eu sorrio ao redor do meu garfo.
— Como você não tem um mixer?
— Eu não asso muito.
— Claramente — eu digo com um sorriso. — Você sabe que
existe massa pronta, não é?
— Massa pronta vai contra cada bra do meu ser — zomba
Aiden.
Eu mantenho minha expressão séria, apontando para a louça
empilhada em sua pia com meu garfo.
— Sim. Claramente isso é melhor.
— Cassie tem que fazer todas as panquecas de agora em diante
— diz Sophie com naturalidade.
Aiden compartilha um olhar agradecido comigo, e é preciso
muito esforço da minha parte para não deixar meu olhar se
demorar no brilho con itante de seus olhos.
— Eu acho que para a segurança da cozinha do seu pai, isso é o
melhor — digo sem expressão.
Aiden abafa uma risada.
— Todo mundo sabe ser um crítico.
Quando os pratos estão vazios e os garfos caem sobre eles,
Sophie dá um tapinha na barriga com um som satisfeito, um
sorrisinho contente no rosto.
— Você é legal, eu acho — ela me diz, rapidamente disfarçando
seu sorriso em uma expressão mais severa. — Mas você não pode
entrar no meu quarto.
— Eu não sonharia com isso — asseguro a ela. — Mas você
pode entrar no meu, se quiser. Tenho jogos de tabuleiro que estão
vindo com minhas coisas amanhã. — Eu olho de volta para Aiden.
— A propósito, onde ca meu quarto?
— Oh. Sim. Claro. — Ele desliza da banqueta, puxando o
avental sobre a cabeça enquanto os músculos de seus bíceps se
contraem e exionam-se contra o algodão justo de suas mangas.
Não é algo que eu já tenha notado em um homem, bíceps contra
as mangas. — É lá embaixo. Eu posso te mostrar…?
— Perfeito. — Desço do meu banquinho, pego a bolsa que
deixei na escada e a jogo no ombro. — Mostre o caminho.
— Portanto, todo o primeiro andar será seu — Aiden me diz
quando estamos perto do patamar inferior. — O quarto tem um
banheiro anexo e tem uma TV lá, então você deve ter tudo o que
precisa, mas basta pedir caso tenha algo mais que eu precise
conseguir para você.
Aiden aponta para a porta logo na entrada para que eu possa
abri-la, e bem ali há um quarto quase maior do que todo o meu
apartamento. A cama queen-size com dossel está coberta com
roupa de cama cinza (chocante); a cômoda e as mesas de cabeceira
são de um preto elegante que combina com o resto da decoração
da casa. Eu co boquiaberta olhando ao redor do quarto com
admiração, tentando pensar em uma época em que dormi em uma
cama tão boa. Se alguma vez já dormi.
— Se você quiser mudar alguma coisa — diz Aiden baixinho
atrás de mim — nós podemos…
— É perfeito. Sério, é melhor do que todo o meu apartamento.
Ouço Aiden suspirar de alívio.
— Bom. Eu quero que você que confortável aqui.
— Realmente azarado no departamento de babá, hein?
— Você não tem ideia. — Aiden se encosta no batente da
porta. — Ela passou por muita coisa. Acho que é por isso que ela
se comporta mal às vezes. Estou sempre tentando o meu melhor
para fazê-la se abrir e falar sobre isso, mas ela é… — Ele inspira pelo
nariz apenas para expirar pela boca, balançando a cabeça. — É
como se falássemos uma língua diferente, às vezes.
— Alguma coisa… — Eu largo minha bolsa no tapete, coçando
meu pescoço desajeitadamente. — Espero não estar passando dos
limites, mas achei que deveria… No caso de acabar falando algo
insensível por acidente, sabe. A mãe de Sophie… Ela…?
Ele não responde por um momento, mordendo o lábio como
se estivesse tentando decidir como abordar o assunto. Sei que tem
que haver uma história e odeio perguntar logo no primeiro dia,
mas odeio a ideia de acidentalmente falar algo errado em algum
momento porque não sei toda a história.
— Ela faleceu — diz Aiden nalmente, meio sussurrando. —
Há quase um ano. AVC.
— Oh Deus. — Eu esperava um divórcio ruim ou algo assim.
Não isso. — Isso é terrível. Eu realmente sinto muito por sua
perda.
— Foi… repentino. Nenhum de nós esperava. Ela era tão
jovem, a nal. — Aiden suspira, passando os dedos pelos cabelos.
— Ela era ótima — ele me diz. — Uma mãe incrível. Ela era muito
melhor do que eu. Ainda estou descobrindo como fazer isso sem
ela.
De repente, me sinto muito pior com todos os meus
pensamentos persistentes sobre as suas mãos como a de um
apanhador de beisebol, voluntários ou não.
— Eu realmente sinto muito — digo sem jeito. — Por quanto
tempo vocês foram casados?
As sobrancelhas de Aiden se juntam.
— O quê? Oh. Não. Nós não éramos. Nós nem estávamos
juntos. — Devo parecer confusa. Deve ser por isso que Aiden
decide esclarecer. — Sophie foi… hum, inesperada. Rebecca e eu
nos conhecemos em uma festa durante nosso último ano na
faculdade e nos encontramos casualmente por um tempo. Quando
Rebecca descobriu que estava grávida, tentamos um
relacionamento real, mas cou bem claro desde o início que nunca
daria certo entre nós. No entanto, zemos o possível para
dividirmos a guarda da maneira mais tranquila possível. Pelo bem
de Sophie.
— Oh. — Eu olho para os meus sapatos, ainda me sentindo
estranha. — Tenho certeza de que tem sido difícil para Sophie.
— Tem — Aiden concorda. — Desculpe por despejar isso em
você. Achei que poderia ajudá-la a entendê-la melhor. Se você
estivesse a par da situação.
— Não, estou feliz que você me disse — eu digo
honestamente. — Obrigada.
— Verdade seja dita, eu poderia ter estado mais presente nesses
últimos anos. Quando fui promovido a chef executivo, tudo cou
tão agitado, e eu… Eu não dei a atenção que deveria ter dado para
ela. Estou pagando por isso agora.
pg p g
Sinto uma pontada de simpatia por Sophie então, sabendo
exatamente como é car em segundo lugar na carreira de um pai. E
continuar estando. Aiden parece estar tentando agora, pelo menos.
— Quero dizer… nunca é tarde demais, certo? — Eu tento dar
um sorriso encorajador. — Ela ainda é tão jovem. Você vai resolver.
Aiden me dá um sorriso igualmente suave.
— Eu espero que você esteja certa.
O grande quarto parece menor agora que estou parada ali
como uma idiota, sorrindo para o homem bonito na minha porta,
e nalmente tenho que usar o velho olhar distraído olhando ao
redor do quarto, ngindo admirar a pintura de… Oh. Isso é
fumaça? Fumaça abstrata? Eu realmente tenho que colocar um
pouco de cor nesta casa.
— Ok. — Aiden deve sentir minha energia desconfortável, já
que ele escolhe agora se afastar do batente da porta. — Bem. Eu…
vou deixar você desfazer as malas então.
— Eu não tenho muita coisa — eu admito. — O resto chega
amanhã.
— Certo. Bem. Posso terminar de te mostrar quando você
acabar. A área de estar ca toda no segundo andar. O meu quarto e
o da Sophie cam no terceiro.
— Legal — digo.
Por que isso é legal? Por que eu disse que era? As pessoas ainda
dizem legal?
— Eu vou deixar você com isso, então — diz Aiden.
Eu não respiro até que ele esteja fora de vista, xingando
baixinho pelo meu comportamento nada legal, agindo como se
nunca tivesse visto um cara gostoso antes. Mas, novamente, eu
nunca morei com um cara gostoso antes. Especialmente um que
tenta (e falha, mas é meio fofo) fazer panquecas e se preocupa em
como se conectar com sua lha.
É um trabalho, eu me lembro. É apenas um trabalho.
Aposto que a roupa de cama de Aiden também é preta.
Não que eu esteja pensando nisso.
É o primeiro presente que alguém me manda.
A embalagem é elegante, mas é o que está dentro que
realmente chama minha atenção.
O brinquedo é maior do que qualquer coisa que já usei antes, e
eu engulo em seco só de tirá-lo da caixa. Consigo aguentar algo
tão grande? Pego o bilhete que veio com ele; uma estranha
emoção percorre meu corpo enquanto considero o fato de que
um homem lá fora quer me ver usar isto. Que ele está por aí
imaginando agora.
Mal posso esperar para ver você usar isso. – A
Capítulo 3
Cassie
Eu termino de guardar minhas coisas e volto para o andar de cima
após o desastre da panqueca, encontrando Aiden sentado na sala
de estar lendo um jornal, com Sophie longe de ser encontrada.
Presumo que ela esteja no quarto em que não posso entrar. Ele
trocou a camisa por uma limpa (ainda preta, mas de um tom
diferente de preto, se é que é possível, então acho que ele ganha
pontos), mas não estou reclamando sobre o tom monocromático
de sua calça de moletom cinza pela maneira em como ela se encaixa
nele. Seu cabelo está menos arrumado do que na noite em que o
conheci, despenteado e cacheado nas laterais como se ele
simplesmente o tivesse secado com a toalha depois de ter removido
toda a massa de antes. Isso o faz parecer ainda mais jovem do que
normalmente.
Ele ergue os olhos do jornal quando percebe que estou parada
desajeitadamente no topo da escada, e folheia a página e me dando
um sorrisinho.
— Tudo certo?
— Sim. — Cruzo os braços, me sentindo estranha. A ideia de
que eu realmente moro aqui agora está meio que desabando sobre
mim de uma só vez. — O quarto é ótimo.
— Estou feliz. Pode sempre me dizer se precisar de alguma
coisa. Posso cuidar do que você precisar.
Oh garoto.
Em vez de responder, vou até a poltrona em frente ao sofá em
que ele está sentado, puxando minhas pernas para cima para
dobrá-las embaixo de mim. Na verdade, estou grata por seu traje
casual, fazendo com que eu me sinta melhor em minhas leggings e
camiseta longa. Quer dizer, eu sei que ele não mencionou um
uniforme nem nada, mas mesmo assim.
Mas caramba, se suas calças de moletom não são uma distração.
Eu aceno para o jornal que ele ainda está folheando.
— Alguma coisa interessante aí?
— Na verdade não — diz ele com um encolher de ombros. —
Eu os pego mais pelas palavras cruzadas.
Por que isso é fofo?
— Você sabia que alguém que é bom em palavras cruzadas é
chamado de cruciverbalista?
Ele abaixa o jornal e ergue uma sobrancelha para mim.
— Como diabos você sabe disso?
— Eu li em uma tampa do chá Snapple — digo. — É de onde
eu tiro oitenta por cento do meu conhecimento.
— Você deve beber muito Snapple.
— Ah, um monte. Aposto que meu sangue virou chá de
pêssego neste momento.
Aiden sorri, balançando a cabeça.
— Algum outro fato interessante que eu deva saber?
— Os humanos são um pouco mais altos pela manhã do que à
noite.
Sua testa enruga.
— Isso não pode ser verdade.
— Totalmente é.
— Eu não tenho certeza sobre isso — ele ri.
— Aposto que você vai se medir agora para veri car.
— Hum. — Ele considera isso com uma expressão culpada. —
Eu invoco a Quinta Emenda.
Ele ainda está sorrindo enquanto vira para a outra página, e eu
bato meus dedos contra minha coxa.
— Então… não irá cozinhar esta noite?
— Entrarei mais tarde. Antes do serviço de jantar. — Ele olha
para mim. — Queria garantir que eu estivesse aqui quando você
chegasse.
— Eu agradeço.
Há um pouco de silêncio constrangedor. O resultado de dois
estranhos que agora vivem juntos, tenho certeza.
— Então… — Eu me mexo um pouco na poltrona para poder
olhar para outro lugar que não seja o rosto de Aiden, o que
também é uma grande distração. — Devemos suspeitar que Sophie
coloque sujeira na minha cama esta noite, ou ela vai me deixar ter
uma falsa sensação de segurança antes de fazer comigo o mesmo
que em Esqueceram de Mim?
Aiden ri de novo, e eu me lembro de quão bom é o som.
— Talvez você deva veri car o topo das portas antes de abri-las,
só por segurança.
— Pelo menos eu tenho meu próprio banheiro — eu indico.
— Talvez eu possa car de olho no meu shampoo para que ela não
coloque creme depilatório nele.
— O pior que ela pode fazer é deixar as toalhas no chão —
Aiden reclama, totalmente como um pai. — Você compra um
toalheiro para a garota e ela a joga bem ao lado dele. Não posso
nem falar sobre os sapatos dela no chão do quarto.
— Sem toalhas no chão do meu banheiro — digo seriamente.
— Entendido.
— Oh. — Ele parece um pouco envergonhado. — Não. É o
seu quarto. Não me escute, eu só sou…
— Obcecado por limpeza?
— Eu não diria isso — ele murmura. — Gosto das coisas no
lugar delas.
É estranhamente fofo que ele esteja tentando ngir que não é
um maníaco por controle total quando isso está escrito em seu
rosto.
— Entendi. — Eu mantenho minha expressão uniforme. —
Portanto, esta é provavelmente uma má hora para falar sobre
minha rede coletiva de fazendas de formigas então? — Aiden
parece horrorizado, e eu não posso deixar de cair na gargalhada. —
Brincadeira.
— Hilário.
Mais silêncio. Eu odeio o silêncio. Isso sempre me deixa
ansiosa. Resolvo mudar de assunto.
— Deve estar sendo um grande desa o para Sophie. Este ano.
— Tem sido difícil, com certeza. — Ele coloca o jornal ao seu
lado no sofá. — Elas eram próximas. Quero dizer, tenho certeza
que você sabe como é, toda essa coisa de vínculo entre mãe e lha.
Eu tento sorrir, mas é forçado.
— Na verdade, não.
— Oh. Merda. Desculpe. Ela…?
— Ela está viva, não se preocupe. — Eu rio amargamente. —
Meus pais nunca foram do tipo carinhosos. Eu não falo com eles
há… muito tempo.
— Sinto muito — diz ele novamente. — Isso é terrível.
— É o que é. Eu acho que você não pode culpá-los por serem
pais terríveis quando eles nunca quiseram ser pais em primeiro
lugar.
— Quero dizer, você pode — ele argumenta. — Como um pai
meio que abaixo da média, sou o especialista no assunto.
Eu sorrio.
— Eu não acho que você é um pai abaixo da média. Quero
dizer. Você está aqui. Você está cuidando dela. Isso já é metade da
batalha.
— Certo. — Os olhos de Aiden de repente ganham um olhar
distante. — Estou tentando.
— Isso é tudo que uma criança quer, para ser honesta. Elas só
querem que você dê o seu melhor.
A boca de Aiden faz essa coisa, não exatamente um sorriso, mas
quase isso, e seus olhos se movem para encontrar os meus, o verde
suave e o castanho faz com que seja difícil de desviar o olhar.
— Obrigado.
— Então, devemos repassar no que você precisa de mim um
pouco mais — digo, mudando de assunto novamente.
As sobrancelhas de Aiden se erguem.
— No que eu preciso de você?
Ah, merda. Isso soou estranho? Não soou estranho na minha
cabeça.
— Eu já sei o básico, e você me deu sua agenda e falou das
alergias de Sophie, mas ela tem algum clube depois da escola?
Algum treino de futebol que eu precise saber? Que tal uma lista
com números de parentes no caso de alguma emergência ou algo
assim? Eu não quero deixar entrar um esquisito ngindo ser o tio
dela ou algo assim.
— Oh. — Aiden observa enquanto eu desdobro minhas
pernas, seguindo a maneira como deixo meus pés caírem no chão,
seu olhar pensativo. — Ela ainda não entrou em nenhum clube. É
um novo ano escolar, a nal, ela ainda está se acomodando.
Nenhum tio estranho que eu conheça. Meus pais moram do outro
lado do país, então só os vemos nos feriados. Rebecca tem uma
irmã, Iris, então ela pode aparecer de vez em quando para ver
Sophie. Posso deixar o número do restaurante para você e, claro,
devemos trocar nossos números.
— Números?
— Não é muito prático car trocando e-mails inde nidamente
— ressalta. — Já que estamos morando juntos e tudo.
Ele tinha que me lembrar.
Estou morando com esse homem lindo. Não que tenha motivo
para car tão perturbada com o lembrete, já que é tudo contratual.
Não é como se isso importasse, de qualquer maneira. É
completamente irrelevante o quão bom é olhar para Aiden, já que
eu sou a babá, e ele está absolutamente, positivamente fora dos
limites. Eu quase posso rir de toda essa linha de pensamento;
Aiden é bem-sucedido, bonito e está fora do meu alcance. Ele
provavelmente trará encontros para casa regularmente.
Oh Deus. Eu não tinha pensado nisso. Espero sinceramente
que não seja algo que eu tenha que descobrir tão cedo.
— Certo — eu consigo dizer. — Números. Me dê seu telefone
e enviarei uma mensagem de texto para mim mesma.
Aiden levanta os quadris do sofá para en ar a mão no bolso em
busca do celular, e acho que não preciso explicar por que esse
movimento de um cara gostoso usando moletom cinza me faz
passear com os olhos. Ele me entrega seu telefone, e imediatamente
noto sua foto de papel de parede, dele e uma sorridente Sophie no
que parece ser um parque. O vento está despenteando seus cabelos,
e o sorriso de Sophie é largo e brilhante e ligeiramente torto, um de
seus incisivos ainda crescendo.
— Esta é uma bela foto — observo enquanto abro suas
mensagens.
— Foi um bom dia. — Aiden sorri com carinho. — Não foi
muito tempo depois, hum… depois de Rebecca.
— Desculpe — eu digo, com medo de ter tocado em um ponto
dolorido. — Eu não queria…
— Não, não. Sério. Está tudo bem. Foi o primeiro momento
que eu lembrei de Sophie sorrindo assim. Depois que aconteceu.
Eu gosto de me lembrar disso.
— Eu entendo — respondo calmamente. — É uma ótima foto.
— Obrigado.
Eu mando uma mensagem de texto para mim mesma, sentindo
meu telefone vibrar no meu bolso, então devolvo o de Aiden para
ele.
— Tudo feito. Vou mandar uma mensagem para você se eu
incendiar a casa.
— Eu gostaria disso — Aiden ri.
Eu dou de ombros.
— Acho que é um ato de cortesia simples.
— Claro.
Ele abre a boca para dizer mais alguma coisa no momento que
há o barulho de passos descendo as escadas, um ash de cabelo
castanho na minha visão periférica quando Sophie pousa no nal.
— Pai, as pilhas do meu controle estão fracas — ela bufa. —
Temos mais algumas?
Aiden fecha a boca, o que quer que ele estivesse prestes a dizer
morrendo em sua língua enquanto se levanta do sofá para
caminhar em direção à cozinha.
— Elas estão na gaveta perto da pia — ele diz a ela. — Deixe-
me pegá-las para você.
Eu viro minha cabeça para notar Sophie me olhando.
— Você vai fazer o almoço?
— Isso depende — digo suavemente. — Você vai me ajudar?
— Não é seu trabalho me alimentar?
Eu pressiono meus lábios juntos, balançando a cabeça como se
estivesse considerando.
— Isto pode ser verdade. Mas você sabe que tenho todo o
poder quando se trata de decidir se você vai comer borscht ou
pizza, certo?
— O que é borscht?
— É sopa de beterraba, basicamente — Aiden diz por cima do
ombro, ainda procurando por pilhas. — É muito bom. Mas meio
azedo. É bom com creme azedo.
— Eca. Ela não pode me alimentar com isso, pode?
Aiden se vira para se encostar no balcão, segurando as pilhas
que encontrou e encolhendo os ombros enquanto dá a Sophie um
olhar indiferente.
— Ela é a chefe quando não estou aqui.
Sophie se vira para estreitar os olhos, franzindo a testa para
mim enquanto dou a ela meu sorriso mais doce.
— Tudo bem — ela cede. — Eu a ajudo. Mas sem beterraba.
Ela pega as pilhas que seu pai está oferecendo enquanto sobe as
escadas, e Aiden sorri para mim da cozinha, parecendo divertido.
— Você vai fazer ela se esforçar, não é?
— Esse é o plano — asseguro-lhe. — Até vocês se livrarem de
mim.
O sorriso de Aiden se abre mais.
— Você pode ser a única pessoa nesta cidade que tem uma
chance real de lidar com a minha lha — diz ele. — Eu não acho
que posso deixar você ir embora, desculpe.
Eu sei que ele está brincando, mas ainda causa algo engraçado
dentro de mim.
— Então — digo, me empurrando para fora da poltrona e
batendo palmas enquanto levanto minha voz para um efeito
dramático. — Onde você guarda as beterrabas neste lugar?
— Sem beterraba! — A voz de Sophie ressalta na parte de cima
das escadas.
Aiden cobre a boca com a mão para esconder a risada.
■□■
O resto das minhas coisas chega domingo à tarde, depois que
Aiden já saiu para o trabalho, e passo algum tempo guardando
tudo, dando à enigmática garotinha que está determinada a não
chegar muito perto de mim um momento para respirar antes de eu
subir e começar a tentar fazê-la gostar de mim. Minhas tentativas
até agora foram correspondidas com uma recepção morna, na
melhor das hipóteses.
— Acho que ela deve me odiar — digo a Wanda, usando meu
ombro para segurar o telefone no meu ouvido enquanto penduro
meu jeans. — Mas tenho certeza de que é mais uma questão de
princípios do que de eu mesma como pessoa, então não estou
levando para o lado pessoal.
— São todos aqueles hormônios de pré-adolescentes — Wanda
re ete.
Eu torço meu nariz.
— Ela tem apenas nove anos.
— Bem, talvez seja uma escolha pessoal dela ser difícil então, eu
não sei.
— Eu ainda sou uma estranha — eu rio. — Acho que
podemos dar uma folga para ela. Além disso, eu totalmente irei
conquistá-la. Apenas espere.
— Eu aposto que sim — Wanda ri. — Como é a casa? Existe
um porão? Ele já pediu para você usar fralda?
— A casa é incrível. Meu quarto talvez seja maior do que todo
o meu antigo apartamento. No entanto, nenhuma evidência de
um porão. Além disso, é mais como uma calcinha com
enchimento, e ele pediu com jeitinho, então…
— Um dia desses você vai me dar um ataque cardíaco com suas
bobagens, e quem vai rir então?
— Bem, não você, presumivelmente.
— Oh, haha. Então, o que você achou da família?
— Sophie é muito fofa. Teimosa como o inferno, no entanto.
Eu posso dizer que ela vai ser um osso duro de roer.
— E o pai?
— Aiden é… — Eu paro com a mão no cabide, pensando na
melhor forma de descrevê-lo. — Ele é muito legal. Você pode dizer
que ele ama Sophie e está bem determinado a garantir que eu que
confortável aqui. Parece que eles tiveram um pouco de azar no
departamento de babás ultimamente.
— Elas provavelmente estão todas presas no porão.
— Bem, pelo menos terei companhia quando ele me jogar lá
embaixo.
— Você ri agora, mas não venha chorar quando ele aparecer
com coisas para te amarrar.
Uau, isso não deveria soar meio atraente. Digo a mim mesma
que é uma reação natural a alguém que tem uma aparência como
ele, e que vai melhorar quanto mais convivermos juntos. Com
certeza.
Eu de nitivamente não posso dizer a Wanda que Aiden é
gostoso. Ela vai car completamente insuportável com isso, tenho
certeza.
— Eles são pessoas perfeitamente legais, e esta é uma casa
perfeitamente legal, e eu estou perfeitamente segura. Eu prometo.
— Sim, bem. Certi que-se de manter esse rastreador
funcionando no seu telefone.
— Estamos compartilhando localizações. Não preciso ligá-lo.
— Bem, contanto que eu possa te encontrar quando ele te
jogar no porão.
— Sim, eu também te amo.
— Sim, sim.
— Como foi o bingo?
— Ganhei uma suculenta.
— Mas você não sabe ser mãe de planta.
Ela zomba.
— É um cacto! Você nem precisa fazer nada com ele.
— Não, você de nitivamente tem que regar.
— Não, não precisa. Eles produzem sua própria água.
Balanço a cabeça, pensando naquela pobre planta que com
certeza irá morrer.
— Apenas jogue um pouco de água nele de vez em quando —
insisto. — Por mim.
— Ah, tanto faz.
— É melhor encerrarmos — digo a ela. — Já terminei de
desfazer as malas, então é hora de eu ir e tentar domar a criaturinha
fofa.
— O truque é não demonstrar medo.
Eu sorrio para o receptor do celular.
— Anotado.
— Ligue-me amanhã.
— Eu vou, eu vou.
Nós nos despedimos antes de eu guardar meu telefone no
bolso, dando uma última olhada ao redor do quarto e balançando
a cabeça em satisfação. Eu ainda não consigo superar o quão
grande é. Eu poderia praticamente abrir um estúdio de dança em
cada lado da cama. Eu acho que dei a Sophie um espaço bastante
considerável de tempo, e tenho uma conversa motivadora comigo
mesma antes de sair do meu quarto em uma tentativa de convencê-
la a sair do seu.
É a primeira vez que subo as escadas, já que ontem à noite ela
alegou que tinha dever de casa e se isolou em seu quarto. Eu bato
na porta, tomando cuidado para não entrar mesmo depois que ela
responde, espreitando minha cabeça pela porta em vez disso.
— Ei. Mais dever de casa?
Ela pausa seu Nintendo Switch para franzir a testa para mim.
— Já terminei.
— Oh, isso é bom.
— Você precisa de algo?
Eu sei que ela está tentando ser uma pirralha, mas ela é tão fofa
que ainda me dá vontade de sorrir.
— Ah, nada demais. Tenho uma enorme tigela de pipoca no
andar de baixo e todos os três lmes do Shrek em Blu-ray.
Seu nariz se enruga.
— O que é Shrek?
— Você nunca viu Shrek?
— Não.
— Sophie. É um fenômeno cultural. Uma história de amor
épica. Uma obra-prima cômica. Não posso, em sã consciência,
permitir que você continue na vida sem ter visto.
— Parece estranho.
Eu empurro a porta um pouco mais aberta, inclinando-me
contra o batente.
— Há princesas nele.
— Estou muito velha para as princesas — ela diz estoicamente.
— Bem, quando terminarmos, podemos visitar a casa de
repouso.
Seus lábios se contraem.
— Você não vai me deixar em paz, vai?
— Sem chance, boneca. — Eu sorrio.
Ela parece irritada durante toda a descida da escada, e depois
relutante, quando se acomoda no sofá da sala, mas noto que ela
não hesita em pegar um punhado de pipoca, mesmo que mastigue
com um pouco mais de agressividade do que o necessário.
— Por que se chama Shrek?
Aperto o play enquanto o logotipo da DreamWorks desliza
pela tela.
— Porque esse é o nome dele.
— É um nome estranho.
— Bem, ele é um ogro. Então.
— Eca. Eu pensei que você disse que isso era sobre princesas?
— Não, eu disse que tinha princesas.
Ela faz uma careta quando a cena de abertura começa.
— Que música estranha é essa?
— Oh meu Deus, Sophie. Eu não vou deixar você sentar aí e
falar mal de Smash Mouth.
— Isso é música de gente velha?
Eu puxo minha tigela de pipoca para longe de sua mão
estendida.
— Senhorita, você quer perder seus privilégios de pipoca?
— Tudo bem — ela bufa. — Acho que é ok.
Sua enxurrada de perguntas continua até as proclamações de
Burro sobre car acordado até tarde e trocar histórias, nalmente
rindo quando Shrek o expulsa de casa e o faz fazer beicinho. Eu
dou uma olhada para ela, e ela imediatamente tenta mascarar sua
alegria.
— Eu acho que é meio engraçado.
— Apenas espere até conhecer Lorde Farquaad — eu digo.
Parece que ela prefere arrancar os cabelos do que admitir que
está gostando do lme, e percebo que ela está olhando para nossa
pipoca que está acabando.
Eu pego a tigela.
— Quer que eu faça mais? Temos a noite toda. Podemos
totalmente fazer uma maratona.
Eu posso ver as rodas girando em sua cabeça enquanto seus
olhos disparam da tigela de pipoca para a tela da TV, seu desejo
óbvio de continuar assistindo guerreando com sua determinação
de permanecer desinteressada na “inimiga” que é sua nova babá.
— Eu acho que isso seria legal — ela nalmente admite.
Eu faço uma dança silenciosa de vitória em suas costas
enquanto vou para a cozinha pegar mais pipoca.
■□■
Eu não sei em que momento adormeci; Sophie dormiu algum
tempo depois do jantar perto do nal do segundo lme, e eu me
lembro claramente de começar o terceiro, mas quando acordo com
a sensação de uma mão quente no meu ombro e um corpo ainda
mais quente ao meu lado, meus olhos se abrem principalmente
para a escuridão. Sophie rastejou contra mim enquanto suspira
baixinho de sono, e quando meus olhos se ajustaram à escuridão
da sala iluminada apenas pelo brilho suave da tela do menu do
terceiro lme de Shrek, vejo um rosto familiar pairando sobre mim
enquanto a mão de Aiden gentilmente me sacode.
— Desculpe — diz ele em voz baixa. — Não pensei que você
iria querer passar a noite toda aqui.
Sento-me mais reta, com cuidado para não incomodar Sophie.
— Que horas são?
— Pouco depois das nove — ele me diz. — Acho que vocês
não terminaram o lme?
Eu sufoco um bocejo.
— Tenho dado à sua lha uma importante lição sobre os
clássicos do cinema.
— Claramente — Aiden ri enquanto olha para a tela do menu
ainda passando na TV.
— Como foi o trabalho?
— Uma noite surpreendentemente lenta — diz ele, indo para o
outro lado da forma adormecida de Sophie para se sentar ao lado
dela. — Não é sempre que chego em casa tão cedo. — Ele estende
a mão para afastar o cabelo de Sophie de sua testa, sorrindo. —
Parece que ela está começando a gostar um pouco de você.
— Não se engane — digo a ele calmamente. — É como domar
um gato selvagem. Quando ela acordar de novo, ela vai ser uma
criaturinha fofa novamente.
— Eu aprecio seu valente esforço. — Os olhos de Aiden me
analisam com curiosidade. — Você já está pensando em
desaparecer no meio da noite?
— Ah, minha mochila está escondida embaixo da escada — eu
digo séria. — Estou esperando uma abertura.
Mesmo quando ele parece exausto, seu sorriso faz meu coração
palpitar.
— Acho que eu deveria conseguir fechaduras melhores.
— Eu já te contei sobre a teoria do porão da minha amiga?
Ele faz uma careta.
— Eu quero saber?
— Depende. Qual é a sua opinião sobre piadas de sequestro?
— Acho que este é um bom momento para deixar claro que na
verdade não tenho um porão.
— Minha amiga diria que é isso que você quer que eu pense —
respondo severamente.
Sua risada de resposta rapidamente se transforma em um
bocejo, e ele esfrega os olhos.
— Vou desmaiar no meio da conversa se não tomar cuidado.
— Oh, certo. Deixe-me…
Eu tiro o cobertor que peguei do encosto da poltrona dos
meus ombros com a intenção de me desvencilhar de Sophie, para
que Aiden possa colocá-la na cama, só percebendo assim que eu
tirei, que a gola da minha camiseta escorregou por cima do meu
ombro, deixando à mostra um bom pedaço de pele e a alça do sutiã
e, a julgar pelo ar frio, até mesmo um pouco de decote. Ótimo.
Aiden tosse enquanto desvia os olhos à medida que eu me arrumo,
e co grata pela escuridão da sala no momento que coloco tudo de
volta no lugar.
— Desculpe — murmuro.
Aiden dá uma espiada para ver se é seguro, balançando a
cabeça.
— Tudo bem. Eu deveria levá-la para a cama. Escola amanhã
cedo e tudo mais.
— Certo. Desculpe. Eu não queria adormecer. Ela estava
gostando dos lmes.
— Está tudo bem — ele me assegura. — Estou feliz que você a
tirou do quarto.
— Obrigada por me acordar — digo a ele, esfregando meu
pescoço. — Eu teria cado dolorida de manhã se tivesse dormido
aqui a noite toda.
— Sim — ele dispara de volta, gentilmente pegando sua lha
adormecida. — Achei que seria melhor colocar você na cama.
Ele para quando está de pé novamente com Sophie em seus
braços, parecendo surpreso consigo mesmo.
— Quero dizer… Eu quis dizer mandar você para a cama.
— Certo — respondo secamente, meu rosto corando
ligeiramente. — Sim. Eu sei o que você quis dizer.
— Desculpe, estou cansado.
— Claro. — Eu esfrego meu braço desajeitadamente. —
Tenho certeza.
Ele permanece lá por um momento, Sophie ainda aninhada em
seus braços, olhando para mim como se não tivesse certeza do que
dizer agora. Decido salvar nós dois.
— En m… — Abro um sorriso. — Vejo você pela manhã?
— Claro. Boa noite, Cassie.
Agora, Aiden disse meu nome antes, durante a entrevista, no
mínimo, mas algo sobre ouvi-lo em uma sala escura, com apenas a
luz suave da televisão clareando suas calças pretas e sua camiseta
preta que ele deve usar sob seu casaco de chef, parece diferente de
alguma forma. Isso me dá uma estranha sensação de déjà vu que
não consigo explicar. Como se eu já tivesse escutado antes. Devo
estar muito cansada.
— Boa noite, Aiden — digo de volta suavemente, não tenho
certeza de onde minha voz saiu.
Felizmente, por mais escuro que esteja, sei que ele não
consegue ver o rubor subindo pelo meu pescoço enquanto me
movo rapidamente da sala em direção às escadas, ouvindo seus
passos silenciosos se arrastando na outra direção enquanto ele
carrega Sophie para o próximo andar. Eu espio a cena atrás de mim
antes de ir para o meu quarto, assistindo as costas de Aiden
enquanto ele se afasta, vendo ele se inclinando para pressionar um
beijo na testa adormecida de Sophie e sentindo algo puxando em
meu coração por razões que não posso explicar.
Ele realmente está tentando, eu penso.
Eu sorrio por todo o caminho descendo as escadas.
Bate papo com @lovecici

Eu queria saber se você faz shows privados.

Às vezes. Eu ainda sou meio nova nisso.


Qual o valor?

São US$100 por um show de vinte


minutos.
Você mandou para @lovecici
uma gorjeta de $100

Eu quero um, por favor.


Capítulo 4
Aiden
— Sophie! — Eu chamo escada acima pela segunda vez. — Vamos
nos atrasar! — Eu levo meu celular de volta ao meu ouvido e
continuo andando no primeiro andar. — Desculpe. Diga-me o
que aconteceu.
Ouço Marco, meu subchef, suspirar do outro lado da linha.
— Alex esqueceu de colocar as vieiras na geladeira ontem à
noite depois da preparação.
— O quê?
— Sim. Estão arruinadas.
— Você só pode estar brincando comigo.
— Não. — Posso ouvi-lo se remexendo na cozinha do
restaurante. — E, pelo que sei, esse era todo o nosso estoque da
entrega desta semana.
— Que porra.
— Eu sei. Estamos sem nada até que eles entreguem
novamente na sexta-feira.
— Então, devemos dizer a cem pessoas que zemos merda e
que estamos sem nosso aperitivo mais popular.
— Se isso faz você se sentir melhor — diz Marco — eu z Alex
ligar para Joe e contar ele mesmo.
Reviro os olhos. Joseph Cohen é muitas coisas, mas durão não
é uma delas. Ele estará confortando Alex antes que a conversa
termine. Toda a parte de repreender Cohen será deixada para mim.
Afasto o telefone do ouvido, ainda procurando por minha
lha.
— Sophie!
— Você quer que eu leve Sophie para a escola?
Eu me assusto quando percebo Cassie parada perto da porta de
seu quarto.
— Eu te acordei?
— Oh, não — ela me garante. — Eu já estava acordada. — Ela
olha para o meu telefone na minha mão, onde Marco ainda está
falando sobre algo. — Mas eu posso totalmente levá-la, se algo
aconteceu.
— Oh. Não, eu… — Levo o telefone ao ouvido e murmuro
para Marco me dar um segundo. — Eu quero levá-la. Tivemos um
leve desastre com vieiras no trabalho com o qual tenho que lidar.
— Oh, tudo bem. Se você tem certeza. — Ela sorri para mim.
— Você sabia que uma vieira pode produzir até dois milhões de
ovos?
Eu faço uma careta.
— Snapple?
— Snapple — ela responde com um aceno de cabeça.
Eu me pego sorrindo apesar do que está acontecendo do outro
lado do meu telefone.
— Bom saber.
— Vou ver se consigo apressar sua lha — diz Cassie,
franzindo a testa para as escadas. — Aposto que ela não conseguiu
encontrar os sapatos de novo.
Posso ouvir Marco chamando meu nome de longe, mas estou
ignorando.
— Obrigado — digo a Cassie. — Isso seria ótimo.
— Sem problemas — diz ela, acenando para mim.
Ela começa a subir as escadas em busca de Sophie, e me pego
observando-a ir por um segundo a mais do que pretendia. Afasto
os olhos quando percebo o que estou fazendo, virando as costas
para a escada e dando toda a atenção a Marco novamente.
— Olha. Ligue para os garçons e faça com que eles cheguem
cedo para uma reunião de equipe. Podemos alertá-los, e eles terão
que avisar as pessoas à mesa quando os sentarem. Posso ir amanhã
de manhã ao mercado de frutos do mar do outro lado da cidade e
conseguir o su ciente para durar até o caminhão fazer a entrega.
— Ok. Claro. — Marco zomba. — Eu vou deixar Alex ligar
para eles. Deixe ele ouvir as reclamações dos garçons.
Isso me faz rir, apesar da minha crescente dor de cabeça.
— Bom plano. Chego mais tarde.
— Estaremos aqui.
— Certo. Tchau.
Desligo o telefone, guardando-o no bolso enquanto ouço
passos descendo as escadas. Eu me viro para ver Sophie descendo
os degraus de dois em dois, Cassie logo atrás. Eu jogo minhas mãos
para cima em pergunta.
— Por que a demora?
Sophie franze a testa.
— Não consegui encontrar meu sapato!
Eu olho para Cassie, que me dá um olhar de “eu avisei”.
— Bem, vamos lá — apresso minha lha. — Aquela professora
com o apito vai gritar comigo de novo se chegarmos atrasados.
Sophie ajusta sua mochila.
— Está bem, está bem.
— Obrigado por ir atrás dela — digo a Cassie.
— Sem problemas — diz ela. Ela acena com as mãos para nós
dois em um movimento de enxotar — Vão indo, vocês dois. Posso
con rmar que a moça do apito é assustadora.
Pego a mão de Sophie para puxá-la pela porta da frente em
direção ao carro e, apesar do que está me esperando no trabalho
esta noite, me pego sorrindo.
■□■
— Por que Cassie não está me levando para a escola?
— Eu tive tempo esta manhã. — Eu encontro o olhar de
Sophie no espelho retrovisor. — Eu pensei que nós não
gostávamos da Cassie?
Sophie franze os lábios, o rosto voltado para a janela enquanto
dá de ombros.
— Ela é ok.
— Apenas ok?
— Ela é meio estranha.
— É mesmo? Como assim?
— Ela está sempre tentando passar um tempo comigo —
Sophie bufa. — Ela não tem amigos adultos?
— Talvez ela goste de você — eu sugiro.
Sophie tenta parecer casual, mas não perco a maneira como
seus olhos se desviam para o lado para encontrar os meus
novamente no espelho.
— Você acha que ela gosta?
— Duvido que ela continuaria tentando passar tempo com
você se não gostasse — asseguro a ela. — Talvez você devesse ser
mais legal com ela.
— Eu sou legal com ela — Sophie murmura.
— Uh-hum.
— Ela não é tão chata quanto a última babá — Sophie diz
depois que passamos por outro quarteirão.
— Estou feliz que você pense assim — digo a ela.
Estou falando sério também. Depois de passar por quatro
babás no ano passado, eu estava quase desesperado quando o
currículo de Cassie chegou à minha caixa de entrada.
Levar Sophie ao restaurante era uma boa solução nesse meio
tempo, mas fazer com muita regularidade começou a desgastar nós
dois. Então pareceu um verdadeiro milagre quando Cassie se
inscreveu. Eu estava preparado para oferecer o que fosse necessário
para que ela aceitasse o emprego, convencido apenas por seu
currículo de que ela era a resposta que procurávamos.
Mas então eu a conheci.
Eu nem sei o que esperava; eu só pensei em suas credenciais no
curto período entre responder seu e-mail e vê-la pela primeira vez,
mas posso dizer com certeza que Cassie me pegou de surpresa.
Mesmo com o pequeno desastre do nosso primeiro encontro, foi
difícil ngir que não quei distraído por ela.
Não é nem um pouco apropriado para mim ter notado como
seu cabelo ruivo parece sedoso, ou como sua boca parece carnuda.
Definitivamente não é aceitável que meus olhos tenham bebido na
maneira como seu vestido preto abraçava curvas perigosas antes de
eu forçadamente guardar esses pensamentos – e é isso que tenho
feito desde então.
Eu tenho que me lembrar, uma vez por dia, de todas as coisas
que eu não deveria estar percebendo sobre Cassie. Como o sorriso
dela é bonito, ou como seus olhos azuis parecem brilhantes
quando ela ri, por exemplo. Em última análise, tenho cem por
cento de certeza agora que ela é a melhor pessoa para o trabalho, e
achá-la atraente em qualquer capacidade só serve para
potencialmente foder com a coisa boa que acabamos de encontrar.
Sophie é mais importante do que alguns pensamentos rebeldes aos
quais nunca poderei dar voz.
Mesmo que às vezes eles sejam mais altos do que eu gostaria
que fossem.
— O que aconteceu no trabalho?
A voz de Sophie me puxa para fora da minha própria cabeça,
lembrando-me do asco das vieiras.
— Alguém que não estava tão atento — resmungo. — Nós
vamos car sem um prato popular esta noite. As pessoas irão
reclamar.
— O que vocês estão sem?
— Vieiras.
Seu nariz enruga.
— Ai, credo. O que é isso?
— Mais ou menos como pequenos moluscos.
— Nojento.
— Bem, estou feliz que você não esteja chateada com isso — eu
rio.
— Cassie disse que vai me mostrar como fazer mini pizzas com
tortilhas para o jantar — diz Sophie. Ela faz parecer que não está
animada, mas posso dizer que é uma fachada. — Aposto que elas
são nojentas também.
— Parece bem legal para mim. Fico triste por perder.
Sophie faz beicinho.
— Queria que você pudesse car em casa esta noite.
— Desculpe. — Franzo a testa, me sentindo um idiota. — Eu
tenho que lidar com as vieiras nojentas. — Eu a olho no espelho.
— Vai car ainda mais cheio nas próximas semanas. Estamos
adicionando algumas coisas ao menu.
— Tudo bem — ela responde baixinho, tentando não deixar
sua decepção transparecer enquanto uma pontada de culpa acerta
meu peito.
Nosso último ano não foi fácil. Às vezes é um verdadeiro
pesadelo, e pensei mais de uma vez que se eu soubesse que Sophie e
eu iríamos acabar desse jeito, eu poderia ter escolhido uma
pro ssão diferente. Amo o que faço, mas odeio não poder passar
mais tempo com ela. Ela nge que isso não a incomoda, as
frequentes noites que eu co fora até tarde, mas eu sei melhor.
Não há nada que eu possa fazer sobre isso agora.
— Você vai ter que me contar tudo sobre as mini pizzas
amanhã — ofereço.
Sophie assente.
— Ok.
Percebo sua escola aparecendo, sinalizando com minha seta
enquanto me preparo para entrar na linha de desembarque. Sei
que nas próximas semanas terei muito menos oportunidades de
levar ela para a escola, e isso só aumenta minha culpa. Acho que é
por isso que estou tão desesperado para Cassie e Sophie se darem
bem. Se eu pudesse imaginar Sophie se divertindo e não se
escondendo em seu quarto, eu poderia não me odiar
completamente por estar ausente.
— Diga a Cassie que é minha vez de escolher um lme esta
noite — Sophie me diz antes de sair do carro. — Ela escolheu
ontem.
Ela ainda está tentando parecer que não está muito interessada.
Quase me faz rir. Minha lha é muitas coisas, mas ser difícil de ler
não é uma delas.
Eu sorrio para ela.
— Eu farei isso.
■□■
Eu não vou para casa imediatamente; aproveito o tempo extra
desta manhã para passar na academia no caminho de volta, nem
que seja para diminuir o tempo que carei sozinho em casa com
Cassie, sem Sophie como proteção. Eu descobri durante esta
última semana que uma longa corrida na esteira geralmente ajuda a
garantir que eu esteja cansado demais para pensar no que quer que
Cassie esteja vestindo ou em como ela arrumou o cabelo. Ela tem o
hábito de prendê-lo em um coque bagunçado no alto da cabeça, e
embora não haja nada de especial no modo como ela faz isso, faz
com que seu pescoço pareça mais comprido, mais fácil de notar. É
mais uma coisa que eu não deveria estar pensando.
Quando volto para a casa da cidade, estou exausto, suado e
precisando muito de um banho. Felizmente, é quase hora do
almoço, o que signi ca que, quando terminar tudo o que preciso
fazer antes do trabalho, posso fugir para o restaurante e evitar
momentos perigosos a sós com a babá de Sophie.
A casa está silenciosa quando passo pela porta da frente. Eu
penduro minhas chaves no gancho ao lado dela quando noto a
porta fechada do quarto de Cassie perto da escada. Eu considero
parar para checá-la, mas no fundo eu sei que não há nenhuma
razão real para isso, então eu passo direto ao invés de subir as
escadas. Repasso mentalmente minha lista de coisas para fazer
antes de ir trabalhar daqui a pouco. Ainda estou trabalhando na
lista em minha cabeça quando saio da base da escada para ir em
direção à cozinha. Talvez seja por isso que eu não notei ela a
princípio.
Atravesso a cozinha, abrindo a porta da geladeira para olhar lá
dentro e percebendo o tanto de coisas que estamos em falta. Acho
que preciso adicionar uma ida ao supermercado à minha lista. Se
eu conseguir encontrar tempo hoje, é claro.
— Posso ir mais tarde, se você quiser — ouço Cassie falar da
sala de estar, me assustando. — Só tenho mais algumas tarefas para
fazer.
Eu co lá com a porta da geladeira aberta, distraído
momentaneamente por cachos ruivos bagunçados empilhados no
alto de sua cabeça. É um verdadeiro fardo manter meus olhos lá e
não deixá-los mergulhar para mais baixo, focando em seu rosto em
vez disso. Onde é seguro.
— Eu não vi você — eu digo a ela. — Desculpa.
Ela balança a cabeça, movendo-se na poltrona para levantar o
notebook que está entre suas pernas cruzadas.
— Tudo bem. Eu tinha algumas aulas que pensei em avançar
desde que você levou Sophie. A propósito, eu totalmente a teria
levado.
— Não, não, está tudo bem — asseguro a ela. — Eu queria.
— Alguma notícia sobre a situação das vieiras?
Eu resmungo enquanto balanço minha cabeça.
— Esta noite será praticamente um fracasso. Espero poder
encontrar mais algumas para amanhã, pelo menos. Se tivermos que
chegar ao m da semana sem nada, as pessoas vão perder a cabeça.
— Oh, não — diz ela com uma pitada de diversão em sua voz.
— Um vieiralipse.
Eu gemo com sua piada terrível, mas não posso deixar de sorrir
enquanto cubro meus olhos.
— Isso foi horrível.
— É mais ou menos onde eu co, em termos de humor. Em
algum lugar entre horrível e péssimo. — Os lábios de Cassie se
curvam em um sorriso, e isso também é uma distração. Neste
ponto do nosso arranjo de moradia, só espero não estar
inconscientemente fazendo uma cara estranha quando olho para
ela. — Mas não tenho muito o que fazer aqui — ela me diz. — Eu
posso ir para o supermercado, se você quiser. Economizar uma
viagem sua.
Eu olho para trás na geladeira, lembrando da minha linha de
pensamento anterior antes de pegar uma garrafa de água de dentro.
— Isso seria ótimo, na verdade. Posso deixar meu cartão de
crédito com você. Pegue o que vocês precisam.
— Faz sentido de qualquer maneira, já que eu cozinho a maior
parte do tempo — ela ressalta.
Eu faço uma careta.
— Me desculpe por isso.
— O quê? — Ela parece genuinamente confusa. — Não peça.
É o meu trabalho, certo?
— Sim — respondo, abrindo a tampa da água enquanto dou a
volta na bancada, encostando-me nela enquanto mantenho uma
distância segura da sala de estar. — Certo. Desculpe.
Cassie ri baixinho.
— Você tem o hábito de se desculpar quando não precisa.
— Desc… — Eu franzo a testa. — Eu nem percebo o que estou
dizendo na metade do tempo. — Percebo que ela olha para a
minha camiseta que ainda está bastante encharcada de suor, e dou
a ela um olhar de desculpas. — Eu preciso de um banho.
— Talvez — ela ri. — Não sei onde você encontra energia para
treinar com tantas madrugadas em que você ca acordado.
Eu dou de ombros.
— Você se acostuma. Só tento arrumar tempo onde consigo.
— Eu não conseguiria.
Eu aceno em direção ao seu notebook.
— Em que você está trabalhando?
— Nada divertido — ela suspira. — Mas tenho que terminar
antes das minhas aulas no campus neste m de semana, e prometi
a Sophie que faríamos mini pizzas esta noite e assistiríamos a um
lme.
— Ela me disse. — Eu sorrio. — Ela também me disse para
dizer a você que é a vez dela de escolher.
Cassie bufa.
— Claro que ela diria isso. Ela totalmente me enganou para
escolher o que ela queria da última vez. Esta será nossa terceira vez
assistindo Encanto.
— Encanto?
Ela olha para mim como se a pergunta fosse ofensiva.
— Sério? “Não falamos do Bruno”?
— Por que não falamos do Bruno?
— Como você não ouviu? Eu sinto que Sophie cantou essa
música pelo menos oito dúzias de vezes na última semana.
— Espere. É sobre um casamento?
— É cativante como o inferno. Não consigo tomar banho sem
aquela maldita trilha sonora aparecer.
Não pense nela no chuveiro. Apenas não.
— Acho que preciso assistir ao lme.
— Ah, não se preocupe. Ela vai encurralá-lo eventualmente e
forçá-lo a assistir.
Eu rio de sua expressão, descontente e ainda de alguma forma
afetuosa.
— Eu acho que ela gosta de você.
Cassie se anima.
— Você acha?
— Sim. Ela gosta de agir meio durona, mas posso dizer que
você já ganhou ela.
— Ela poderia ser boazinha comigo e demonstrar.
Eu não posso deixar de rir.
— Isso seria muito fácil. Ela tem que fazer você pensar que
você fez por merecer.
— Ela é tão teimosa — diz Cassie, sorrindo. — Eu meio que a
amo.
— Eu… co muito feliz em ouvir você dizer isso.
— Ela é uma criança incrível — Cassie diz seriamente. — É
meio difícil não amá-la.
Ainda há um leve sorriso em minha boca enquanto olho para
os meus pés.
— Ela é.
Acho que tenho medo de conversar sozinho com Cassie
porque são conversas muito fáceis. Claro, às vezes há calmarias ou
silêncios constrangedores em que tento não notá-la de todas as
maneiras que não deveria – mas toda vez que falo com ela, é quase
como se estivéssemos conversando desde sempre.
— Eu queria falar com você — eu começo, mudando de
assunto. — Fora do… vieiralipse — Cassie me dá um aha que me
faz revirar os olhos — o trabalho cará mais movimentado por um
tempo.
Sua testa franze.
— Oh?
— Sim. Estamos testando alguns novos pratos quanto ao seu
potencial como adições ao menu permanente, e isso sempre
signi ca mais tempo para avaliar qualquer feedback e re nar todos
os detalhes. Terei que me encontrar com os novos fornecedores e
repassar as receitas com meus subchefs… Geralmente é um
pesadelo.
— Oh. — Ela acena com a cabeça de braços cruzados. —
Entendo. Tem que trabalhar, certo?
— Fique na faculdade o máximo que puder — bufo. — É uma
merda aqui fora.
Cassie ri.
— Aposto que o contracheque xo faz valer a pena.
— Alguém pode argumentar que sim.
Seu sorriso é realmente… muito bonito. Geralmente um lado
levanta primeiro, como se ela estivesse considerando, mas depois o
outro se levanta para se juntar quando ela sorri de verdade. Fica
difícil não olhar quando ela sorri assim. Eu deveria deixá-la voltar
às suas tarefas, eu sei disso; eu deveria me virar e ir para o meu
quarto para tomar banho e deixá-la em paz.
Em vez disso, ando até o sofá, acomodando-me enquanto
tomo outro gole da minha garrafa de água. Eu raciocinei que estou
apenas descansando por um segundo.
Não torne as coisas estranhas.
— Você sempre quis fazer terapia ocupacional?
— Em grande parte — diz ela. — Desde meu segundo ano de
graduação. Talvez até antes. O dinheiro é bom e o trabalho parece
algo que eu gostaria de fazer.
— Quero dizer, você é incrível com crianças…, é com elas que
você quer trabalhar?
— Eu acho que sim. Eu disse a você que meus pais eram bem
terríveis, certo?
Isso me atinge mais forte do que deveria, ser lembrado disso;
talvez seja por causa da minha própria situação.
— Você disse.
— Sim, bem. Eu meio que gosto da ideia de estar presente para
crianças assim. Sabe? Crianças que acham que não têm mais
ninguém.
Cada coisa nova que aprendo sobre Cassie torna a conversa
com ela muito mais perigosa.
— Eu entendo — digo, torcendo o plástico da garrafa de água
enquanto aceno em direção aos meus joelhos. — É uma boa
motivação. Além disso, parece que você tem muita prática, com o
hospital infantil. Você trabalhou lá por quase um ano, certo? O
que você fazia antes disso?
Ela parece surpresa com a pergunta, um rubor estranho em
suas bochechas enquanto ela desvia os olhos, parecendo de repente
muito interessada na tela do notebook dela.
— Ah — ela diz. — Trabalhos estranhos aleatórios. Nada tão
legal quanto o hospital. Eu tentei a coisa toda de ser estudante em
tempo integral por um tempo, eu acho.
— Ah. — Há algo meio nervoso em seu comportamento, e
posso dizer que o que quer que ela tenha feito, ela não deve querer
falar sobre isso. O que é estranho, mas também não é da minha
conta, eu acho. Eu tomo sua reação duvidosa como minha deixa
para não me intrometer. — Bem. Tenho certeza que foi muito
grati cante. Será uma boa experiência também, imagino. É tudo
muito admirável. O que você está fazendo.
— Compensação por ter uma vida pessoal ridícula — ela ri. —
Minha melhor amiga está na casa dos setenta anos.
Minha testa franze.
— Sério?
— Oh, você iria adorar Wanda, se você conseguir contornar o
fato de que ela ainda não está totalmente convencida de que você
não tem um porão secreto, claro.
— Ah, aquela amiga.
Ela sorri de volta para mim.
— Ela é meio preocupada.
— Espero que você tenha atualizado-a sobre a situação do
porão.
— Eu falei, mas ela não descartou totalmente a possibilidade
de que haja uma porta escondida por aqui.
— Quanto mais ouço sobre Wanda, mais apavorado co para
conhecê-la — bufo.
— Oh, sim. Você deve ter muito medo. Ela tem cinquenta e
oito quilos de puro terror. — Ela parece pensativa então. — Na
verdade, eu adoraria levar Sophie para conhecê-la eventualmente,
se estiver tudo bem? Acho que elas realmente se dariam bem.
— Não vejo por que não — digo depois de pensar por um
momento. — Sophie gostaria disso, tenho certeza.
— Eu de nitivamente acho que Wanda iria se divertir. Isto é,
se você tiver certeza de que está tudo bem. Quero dizer, você pode
ir, se estiver livre…?
— Ah, não, tudo bem. Tenho certeza que ainda estarei
ocupado. Me passe o endereço e quando você estiver lá. Talvez me
mande uma mensagem quando voltar para casa, para que eu saiba
onde vocês estão. Na verdade, talvez devêssemos ativar o
compartilhamento de localização, assim, se algo acontecer…
Percebo que ela está sorrindo de novo e calo a boca
rapidamente.
— Eu pareço bobo, não é?
— Você parece um pai maníaco por controle. Não é uma coisa
ruim. Posso fazer o que zer você se sentir melhor.
Não há razão para eu pensar duas vezes sobre esta a rmação; eu
sei que é perfeitamente inocente, mas isso não impede que a
sensação estranha se enrole em meu peito.
— Certo. Desculpe.
— Se desculpando de novo — ela ri.
— Tenho certeza de que Sophie adoraria sair um pouco de casa
— raciocinei. — Tenho certeza de que ela está presa aqui comigo
todos os dias que ela não estava no restaurante.
— Sophie adora sair com você — a rma Cassie. — Ela fala
sobre você o tempo todo.
Minha boca se abre em surpresa.
— Sério?
— Literalmente. O tempo todo. Dê mais crédito a si mesmo.
Concordo com a cabeça lentamente, considerando.
— Eu… Obrigado.
— Apenas dizendo como eu vejo.
— Merda. — Eu franzo a testa. — Isso me lembra… Iris deve
vir mais tarde.
— Iris?
— A tia de Sophie. Eu mencionei ela, certo?
— Oh. — Ela acena em reconhecimento. — Certo. Eu me
lembro.
— Ela pediu para ver Sophie.
Cassie ri.
— Por que você parece tão incerto sobre isso?
— Iris é… — suspiro. — Suponho que eu deveria apenas dizer
a você. Às vezes, as coisas podem car tensas entre nós.
— Uh-oh.
— Sim. Ela tem boas intenções, ela realmente tem, mas ela
sempre esteve tão envolvida na vida de Sophie… Eu acho que de
repente não ser capaz de vê-la sempre que ela quer realmente a
incomoda. Ela tentou me convencer de uma situação de guarda
compartilhada várias vezes.
— Mas você é o pai dela — Cassie responde.
Eu concordo.
— Certo. E co feliz em deixá-la ver Sophie quando posso, mas
quero que Sophie tenha um ambiente estável.
— Isso faz todo o sentido — Cassie diz, e ouvir isso é bom,
como se eu não tivesse percebido o quanto eu precisava ouvir
outra pessoa validar isso.
— Ela tem o hábito de ser… rude. Com as babás. No passado.
— Será que ela vai vir para cima de mim como uma lutadora de
MMA?
Isso me faz rir.
— Não, não. Nada como isso. Acho que só a incomoda que eu
sinta a necessidade de contratar alguém em primeiro lugar. Iris
acha que eu deveria deixar Sophie com ela. Mas novamente… isso
parece algo fadado ao fracasso. Eu quero que ela saiba que esta é a
casa dela. Acho que ela precisa disso em sua vida agora.
— Eu posso ser tendenciosa — Cassie começa — porque, sabe,
você está me pagando — nós dois rimos — mas eu realmente acho
que você está fazendo a coisa certa. As crianças precisam sentir que
têm um lugar que é delas, sabe? Mesmo que você não esteja aqui
todos os dias, imagino que seja um conforto para Sophie saber que
você sempre voltará para casa para ela. Se isso faz sentido.
Eu estou balançando a cabeça atordoado, imaginando como
alguém que mal nos conhece pode encapsular tudo o que eu tenho
me esforçado para fazer depois de tão pouco tempo conosco.
— Faz — digo. — Perfeito sentido.
Cassie en a uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Não se preocupe — diz ela com um sorriso. — Eu posso
lidar com Iris.
— Bom — eu rio.
Há um silêncio constrangedor que se instala mais uma vez
porque não sei o que dizer, o som suave de plástico estalando no ar
enquanto aperto ansiosamente a garrafa de água. Mais uma vez eu
digo a mim mesmo para sair, para deixá-la aqui e continuar com
meus negócios, mas ainda estou achando difícil fazer isso, não
estou totalmente pronto para terminar de falar com ela.
— Então, você disse que tinha exames neste m de semana,
certo?
— Sim. Algum problema? Voltarei a tempo de fazer o jantar
para Sophie.
— Ah, claro. Claro. Eu estava apenas colocando isso na minha
cabeça para não esquecer. — Eu aceno sem rumo. — Como você
conheceu Wanda, a nal?
Neste ponto, estou me agarrando ao que posso para falar com
ela um pouco mais.
— Ela era minha vizinha na minha antiga casa. Fiquei trancada
para fora do meu apartamento quando me mudei para o prédio, e
ela me fez chá enquanto eu esperava pelo chaveiro. Ela é teimosa
como o inferno, mas eu a amo. — Cassie sorri enquanto balança a
cabeça. — Mesmo que ela estivesse bastante convencida de que
você poderia ser algum tipo de criminoso me atraindo aqui com
uma criança falsa.
Eu bufo.
— Por que isso soa como algo que eu poderia me preocupar se
Sophie estivesse no seu lugar?
— Não se preocupe, eu prometo que você não pode ser tão
paranóico quanto Wanda.
— Que alívio — digo inexpressivo.
— Sério, é meio engraçado que ela se preocupe comigo desse
jeito. Ela é quem escolhe encontros aleatórios no bingo todas as
noites da semana e os leva para casa.
— Você está brincando.
— Eu queria estar. A mulher consegue mais ação do que eu
jamais conseguirei.
Não pense nessa afirmação. Apenas não.
— Ela soa… como um personagem.
— Ela é meio selvagem. Honestamente, a vida amorosa dela é
impressionante. Ela está sempre tentando me dar dicas, e eu juro
para você, elas são tão ridículas quanto você pode imaginar. Graças
a Deus não estou preocupada com isso agora.
Não pergunte. Não se atreva a perguntar, Aiden.
— Então, você não namora?
Seu idiota. Seu idiota totalmente estúpido.
Ela parece surpresa com a pergunta, e por que não? É uma
pergunta inadequada. Eu rapidamente tento corrigir.
— Eu só quis dizer… — Certamente, ela pode dizer que estou
me debatendo com as palavras. Espero que não esteja aparecendo
no meu rosto. — Percebi que nunca discutimos, ah, como
lidaremos com isso. Quero dizer, é claro que sua vida amorosa é
um assunto particular, mas pode confundir Sophie se você trouxer
alguém aqui. — Eu quero rastejar para um buraco e nunca mais
sair. — Quero dizer, talvez se ela estivesse dormindo e você casse
aqui embaixo…
— Oh. — Ela leva um momento antes de seus olhos se
arregalarem com a compreensão. — Ah. — Ela ri, o que me faz
sentir um pouco menos ridículo, mas só um pouco. — Não, não.
Não se preocupe. Isso não vai ser um problema. Também não
tenho muito tempo para isso. A faculdade me mantém ocupada.
Não sobra muito tempo para conhecer o homem certo, sabe?
Não há razão para esta notícia me agradar. Absolutamente
nenhuma. Eu não deveria me sentir melhor ouvindo que ela não
vai trazer um homem aleatório para minha casa, porque isso não
deveria importar para mim em primeiro lugar.
— Claro — eu digo nalmente, incapaz de olhá-la nos olhos.
— Isso é… compreensível.
Ela ri novamente.
— O único namorado para quem eu teria tempo neste
momento teria que morar comigo e estar disposto a transar nas
horas mais estranhas. — Acho que paro de respirar, mas só por um
segundo. Observo seus olhos se arregalarem e suas bochechas
corarem levemente quando ela parece perceber o que disse. —
Nossa, eu não pensei antes de falar. Desculpe. Eu meio que perco
o ltro quando co nervosa.
Eu sei que quanto mais tempo eu car sem responder, mais
estranho será, mas minha língua parece grudada na minha boca no
momento. Não consigo parar de me perguntar por que ela estaria
nervosa. É por minha causa?
Não importa. Termine essa porra de conversa.
— Não se preocupe — digo rmemente. — Está tudo bem.
E vou embora agora, porque está claro que não posso ter uma
conversa com Cassie hoje sem fazer papel de idiota, e estou prestes
a dar uma desculpa e ir embora quando ela diz:
— E você?
Isso me pega de surpresa, me fazendo esquecer o que eu estava
prestes a fazer.
— Eu?
— Quero dizer, certamente alguém como você não está
sofrendo para ter encontros.
Eu posso me sentir piscando atordoado para ela.
— Alguém como… eu.
— Bem, sim, você sabe.
Eu absolutamente não sei, então digo isso a ela.
— Eu não sei.
Ela revira os olhos, fazendo um som ligeiramente frustrado.
— Oh meu Deus. Obviamente, você é bonito. E você é um
grande chef chique. — Eu sinto minhas sobrancelhas se
levantarem, ainda preso em obviamente, você é bonito. — Quero
dizer… Preciso de um lugar para levar Sophie quando você trouxer
alguém para casa ou existe algum tipo de política de meia na porta?
Algo sobre ter noção que neste exato segundo Cassie está
pensando em eu ter intimidade com alguém, mesmo nesta
estranha capacidade… não é bom. O que faz comigo. Não há
absolutamente nada sobre isso que deva ser expandido ou
considerado.
— Meia na porta — eu ecoo estupidamente antes de uma
risada seca escapar de mim. — Não — digo a ela. — Você não
precisa se preocupar com isso. Entre o trabalho e a Sophie, isso não
tem sido um problema há… um tempo.
Especialmente porque minha última tentativa foi um desastre.
Mas essa é uma história totalmente diferente.
Digo a mim mesmo que estou imaginando, a expressão em seu
rosto que quase parece de alívio, mas desaparece tão rapidamente
quanto surgiu, sabendo que meu cérebro que não funciona direito
está apenas fornecendo o que deseja ver. Ela provavelmente está
feliz por não ter que ser submetida a algo estranho, e estou aqui
pensando em coisas que não deveria. De novo.
Eu veri co meu relógio, sem realmente olhar para as horas.
— É melhor eu ir tomar banho. Ainda tenho algumas coisas
para fazer antes de ir para o trabalho.
— Ok. — Eu a pego balançando a cabeça com o canto do olho,
mas ainda não consigo olhar para ela completamente. — Eu não
queria roubar seu tempo — ela continua.
Eu olho para ela então, porque não posso evitar.
— Não, não. Você não fez. Apenas… há muito a se fazer.
— Claro.
Eu me empurro para fora do sofá, dando a ela um aceno de
cabeça antes de subir as escadas para deixá-la com suas tarefas. Eu
não olho para ela enquanto eu vou, principalmente porque eu
tenho medo que ela veja o quanto eu quero chutar minha própria
bunda, mas percebo que ela só volta a digitar novamente até que
eu esteja quase fora de vista.
Não torne as coisas estranhas.
Lá se foi essa ideia.
“Você pode provocar seus mamilos para mim, Cici?”
Deus, sua voz. É baixa e rouca, mas me faz sentir um
formigamento por toda parte do meu corpo. Especialmente
porque ele parece saber exatamente o que quer que eu faça.
Meus dedos beliscam meus mamilos e posso ouvir sua
respiração ofegante contra o alto-falante.
“Bem desse jeito. Eles são tão bonitos. Aposto que têm um gosto
fantástico.”
Por um momento, me pergunto se deveria ser tão íntimo. Não
consigo vê-lo e ele não sabe meu nome verdadeiro.
Nada disso me impede de gozar exatamente como ele manda.
Capítulo 5
Cassie
— Só estou dizendo que pode ser um longo golpe — Wanda fala
do outro lado da linha do telefone que está pressionado contra a
minha orelha.
Eu rio, balançando a cabeça enquanto viro o queijo-quente de
Sophie.
— Estou aqui há mais de uma semana. Acho que é seguro
dizer que eles não estão planejando me sequestrar.
— Nunca se sabe. — Ouço o barulho de panelas do outro lado
da linha. — Não consigo encontrar minha maldita panela.
— Deve estar no armário à direita do forno.
— Eu já procurei lá… oh.
— Eu disse.
— Como diabos você sabe onde minhas coisas estão melhor do
que eu?
— Porque você tem as habilidades de organização de um rato
com amnésia.
Wanda zomba indignada.
— Que valentona.
— Sim, sim.
— E a garota? Ela é um terror?
Eu olho além da cozinha para a sala de estar, onde Sophie está
descansando no sofá jogando seus videogames, sua pequena
sobrancelha franzida em concentração e sua língua aparecendo
entre os dentes. Isso me faz sorrir.
— Ela é ótima — digo baixinho a Wanda. — Quero dizer, ela é
uma espécie de terror, mas eu meio que gosto disso.
— Parece com outra pessoa que eu conheço — Wanda bufa. —
Estou feliz que ela seja real. Sabe, eu meio que me preocupei que
esse tal de Aiden pudesse ser um dos seus perseguidores das
chamadas de peitinhos.
— Sim — eu rio. — Certo. Não acho que alguém como ele
precise visitar sites como aquele.
— Oh? Alguém como ele?
— Quero dizer… Tenho certeza de que ele pode ver a coisa real
de graça quando quiser. — Eu baixo o tom da minha voz. — Ele
não parece ser o tipo que teria qualquer problema em trazer
mulheres para casa.
— Cassie Evans. Você está me dizendo que seu novo chefe é
bonito?
Faço uma pausa, me xingando. Ela não deveria saber dessa
parte. Tento manter minha voz casual, como se não tivesse
pensado muito nisso.
— Eu não diria que ele não é atraente.
— Oh, Senhor. Ele é, não é? De quão gostoso estamos
falando?
— Não sei. Não prestei muita atenção.
— Você sabe que eu sei quando você está mentindo, certo?
— Tudo bem — eu bufo com a derrota. Eu olho para Sophie
enquanto meio que sussurro: — Ele é incrivelmente gostoso, ok?
— Nossa, menina. Você deveria me enviar uma foto.
— Eu com certeza não vou fazer isso. Além disso, você seria
capaz de descobrir como abri-la se eu não estou aí?
— Que valentona — ela murmura novamente. — Tenha
cuidado, ouviu? Caras bonitos são problemas.
— Vou garantir que a minha virtude seja guardada com
cuidado — digo seriamente. — Mas con e em mim, não há
chance de isso ser um problema. Ele é muita areia para o meu
caminhãozinho no meu melhor dia.
— Ah, cale a boca. Você sabe que é atraente.
— Sim, claro. E você? Já conheceu alguém novo?
Eu posso ouvir o som de água corrente enquanto Wanda
prepara seu próprio jantar.
— Ninguém digno de menção — ela bufa. — Mas o maldito
Fred está me ligando. Não parece entender a dica, esse homem.
— Talvez ele apenas ache você irresistível.
— Bem, ninguém está discutindo isso — diz ela com
naturalidade. — Mas não estou tão solitária ainda. Mesmo com
você me deixando às traças aqui.
— Ah, esse é o seu jeito de dizer que sente minha falta?
Ela estala a língua.
— Talvez. Talvez não.
— Eu realmente quero te visitar em breve, se estiver tudo bem.
Eu adoraria que você conhecesse Sophie. Aiden já liberou, se você
quiser.
— Bem, é claro que eu quero conhecer a diabinha. Tenho que
ter certeza de que ela está fazendo você ganhar aquele grande
salário com o qual eles a atraíram para longe de mim.
Viro o queijo-quente, rindo de novo.
— Claro.
— Traga-a para jantar e eu farei minhas almôndegas.
— Você conhece o caminho para o meu coração.
— Eu tentei te convencer a não me deixar, mas você teve que
ir…
— Eu sei, eu sei. Vou escolher um dia em breve e te aviso. O
jantar de Sophie está quase pronto. É melhor eu alimentá-la antes
que ela comece a morder meus tornozelos.
— Eu ouvi isso — a voz de Sophie chama do outro lado da
sala.
— Bem, tudo bem — diz Wanda. — Eu vou deixar você ir.
Apenas certi que-se de passar por aqui. Eu meio que sinto falta do
seu rosto.
— Eu também te amo — eu rio.
— Vejo você em breve.
— Certo.
Sophie entra na cozinha quando desligo o telefone, espiando o
queijo-quente que estou colocando em um prato.
— Você pode cortar o meu em triângulos?
— Bem, obviamente — eu bufo uma risada. — Os triângulos
tornam o sabor melhor.
Sou recompensada com um sorriso cheio de dentes.
— Sim.
— Você quer leite ou suco?
— Hum. — Sophie considera, pesando suas opções. — Leite.
Não, suco. Sim. Eu quero suco.
— Acho que ainda temos um pouco de suco de maçã — digo a
ela. — Vá olhar.
— Ok.
Termino o segundo queijo-quente que z para mim enquanto
ela caminha até a geladeira, abrindo as portas para espiar dentro
enquanto desligo o fogão. Não é a refeição mais chique que
alguém já fez, mas, felizmente, não é preciso muito para
impressionar uma criança de nove anos. Eu posso ouvi-la subindo
na bancada para pegar seu próprio copo, o que é bastante normal
para minha pequena garota independente, e estou me preparando
para repreendê-la quando sou distraída pelo som da campainha.
Olho para Sophie com uma expressão curiosa; não sei quem
poderia estar aqui tão tarde, já que Aiden já saiu para o trabalho.
Então me lembro.
— Oh. Provavelmente é sua tia. Seu pai disse que ela estava
vindo.
Os olhos de Sophie brilham.
— Tia Iris!
Ela sai correndo enquanto eu a chamo, limpando minhas mãos
em um pano de prato antes de começar a descer as escadas para
segui-la. Sophie já está com a porta aberta, abraçada a uma mulher
alta e magra com cabelos loiros e macios caindo sobre os ombros.
Seu rosto está iluminado por um sorriso brilhante enquanto ela se
agarra a Sophie, e é só quando ela olha para mim que sua expressão
muda, sua testa delicada tem o mesmo tom de seu cabelo solto e
seu sorriso vacilante.
Eu decido não deixar isso me incomodar.
— Oi — cumprimento alegremente. — Você deve ser Iris.
Aiden disse que você estava vindo.
— Certo — ela responde categoricamente, e eu não perco a
maneira como seus olhos mergulham para baixo e para cima
novamente, como se ela estivesse me avaliando. — Você deve ser a
nova babá.
Oh, lá vamos nós.
— Eu mesma — digo, mantendo meu tom alegre. —
Estávamos fazendo o jantar… Você quer subir e se juntar a nós?
Iris olha em volta.
— Aiden não está aqui?
— Ele está no trabalho — respondo, percebendo a natureza
tensa de seu tom.
— Hum.
É tudo o que ela diz, mas ela fecha a porta atrás dela para
entrar, então acho que ela está aceitando a oferta de refeição.
— Eu estava apenas fazendo alguns sanduíches de queijo-
quente para nós — digo a ela, virando-me para começar a subir as
escadas. — Mas posso fazer outra coisa se você preferir…
— Eu já comi, obrigada — Iris diz rigidamente.
Ela vai ser um osso duro de roer, eu penso.
Deixo o silêncio se prolongar enquanto saio do primeiro andar
e volto para a cozinha para pegar um pouco de suco para Sophie.
— Então, há quanto tempo você trabalha aqui?
Eu olho por cima da bancada para encontrar Iris sentada no
sofá, observando Sophie subir em um dos banquinhos enquanto
se prepara para o jantar.
— Não muito tempo — digo. — Pouco mais de uma semana
agora.
— Você parece tão em casa — observa Iris.
— Ah bem… Aiden e Sophie têm sido ótimos.
— Desculpe se pareço rude — diz Iris. — Sempre odiei a ideia
de deixar Sophie com estranhos.
— Claro — eu respondo com um sorriso que não atinge meus
olhos. Ela me observa por um minuto enquanto eu sirvo o suco de
Sophie, não falando de novo até eu deslizar o copo sobre a bancada
para a mão de Sophie esperando.
— Quantos anos você tem, a nal? Você parece meio jovem
para ser babá.
— Vinte e cinco — eu digo a ela com rmeza.
Seja legal, eu canto mentalmente.
— Uau. — Iris ri. — Você realmente é jovem. Você deve ter
acabado de sair da faculdade.
— Ainda estou dentro, na verdade — corrijo. — Eu tenho
trabalhado ao mesmo tempo em que estudo.
— Oh? E o que você está fazendo?
— Terapia ocupacional.
— Oh, uau. — Ela acena com a cabeça, parecendo quase
impressionada, embora relutante. — Isso é admirável.
— Espero que sim — respondo antes de dar uma mordida no
meu sanduíche. — E você? O que você faz?
— Tenho uma oricultura — ela me diz.
Eu rio animadamente.
— Oh meu Deus! Isso é tão fofo!
Iris olha para mim de forma estranha.
— Por causa do seu nome — eu esclareço.
— Certo… — Ela está olhando para mim como se eu tivesse
perdido o controle. — Bem. Costumava administrar com Rebecca.
Tem sido mais difícil fazer isso sozinha.
Meu sorriso se dissipa.
— Oh. Claro. Lamento muito por ouvir sobre isso.
— É mesmo — diz ela categoricamente.
Dou outra mordida, depois outra, querendo escapar dessa
tensão terrível. Eu mastigo grosseiramente enquanto Sophie me dá
um sinal de positivo com o dedo sobre seu próprio sanduíche.
— Mamãe costumava me dar ores no meu aniversário todos
os anos.
Eu sorrio.
— Oh, sim?
— Elas eram muito bonitas — ela me diz.
— Isso parece muito doce.
Percebo que Iris está observando essa interação, como se
estivesse me estudando, tentando encontrar algum defeito.
Eu coloco a última mordida do meu sanduíche na boca,
decidindo que obviamente estou atrapalhando.
— Soph, que tal eu ir trabalhar na lavanderia enquanto você e
sua tia cam juntas?
— Tudo bem — diz Sophie de forma descontraída.
— Ótimo. — Eu sorrio enquanto coloco meu prato na pia; eu
vou lavar a louça mais tarde. — Eu estarei por perto se vocês
precisarem de mim. Apenas me avisem. — Tento lançar um sorriso
na direção de Iris, mas ela não retribui. — Foi um prazer conhecê-
la, Iris.
Iris acena com a cabeça rigidamente.
— Você também.
Eu faço minha fuga rapidamente, subindo as escadas para o
terceiro andar para recolher a roupa suja de Sophie que
provavelmente está espalhada em seu quarto e no chão do
banheiro. Sophie parecia não ter sido afetada pelo estranho
primeiro encontro entre sua tia e eu, mas não posso ngir que não
estou um pouco desconfortável. Está muito claro que Iris acha que
não sou necessária aqui, e só posso imaginar como isso pode tornar
as coisas estranhas daqui para frente. Ainda… Com base em tudo
que Aiden me disse, não posso deixar de ser um pouco solidária.
Deve ser difícil ter perdido uma irmã e uma sobrinha de uma só
vez. Eu provavelmente caria amarga também. Digo a mim mesma
que haverá muito tempo para conquistar o lado bom de Iris, e
quem sabe? Talvez possamos até ser amigas. Eventualmente.
Eu penso na expressão fria de Iris, meu otimismo vacilando.
Pensando melhor.
■□■
O encontro com Iris cou em minha mente pelo resto da noite –
durante uma rodada de jogos de tabuleiro e até mesmo enquanto
preparava Sophie para dormir antes de colocá-la na cama – e talvez
seja por isso que pareça impossível conseguir dormir. Eu viro e rolo
por talvez uma hora tentando adormecer e, eventualmente, cochilo
em algum momento, mas é inquieto. Como um daqueles casos em
que você está acordado o su ciente para saber que está dormindo,
mas dormindo o su ciente para não estar acordado. Se isso faz
sentido.
Em algum momento, desisto completamente da ideia, jogando
as pernas para o lado da cama em um acesso de raiva e decido ir até
a cozinha para tomar algo. Se eu não consigo dormir, pelo menos
posso me hidratar, eu acho. Esfrego os olhos quando saio do
quarto, fecho a porta atrás de mim e subo as escadas.
Não o percebo a princípio, meus olhos ainda pesados e meu
bocejo signi cando que não estou realmente olhando para onde
estou indo enquanto ando arrastando os pés pela sala, mas pouco
antes de contornar a bancada, ouço-o se assustar, fazendo com que
eu faça a mesma coisa.
— Aiden?
Ele parece surpreso em me ver ali, quase como se talvez tivesse
esquecido que eu estivesse aqui – seus olhos exaustos com olheiras
debaixo deles e sua camisa de botão meio desabotoada revelando
uma camiseta branca por baixo.
— Cassie? O que você ainda está fazendo acordada?
— Desculpe — eu ofereço, abafando outro bocejo. — Não
consegui dormir.
— Oh. — Ele acena com a cabeça, parado na luz da geladeira
aberta com uma garrafa âmbar na mão. — Espero não ter feito
muito barulho.
Eu aceno para ele.
— Não, não. Não foi você. Apenas um longo dia.
— Eu que o diga — ele bufa, nalmente fechando a porta da
geladeira, fazendo com que a única coisa que emita alguma luz seja
o brilho suave da lâmpada do exaustor sobre o fogão.
— Brutal?
Ele abre a tampa de sua cerveja.
— Muito.
— Sinto muito por isso.
Ele toma um gole, fazendo um som satisfeito quando abaixa a
garrafa. Mesmo com a aparência abatida, é difícil não notar o quão
bom ele parece, o que é um forte lembrete de que estamos
sozinhos aqui no quase escuro apenas olhando um para o outro.
Provavelmente não é a melhor ideia.
Eu coço minha cabeça, sonolenta. Deus, estou exausta.
— Eu conheci Iris hoje. Ela é… algo.
A boca de Aiden pressiona em uma linha apertada.
— Ela não foi horrível com você, foi?
— Bem, eu estaria mentindo se dissesse que ela vai me convidar
para sua festa de aniversário em breve — digo a ele. — Mas poderia
ter sido pior, eu acho.
Aiden se inclina contra a bancada perto da geladeira.
— Estou feliz que ela não foi rude, pelo menos.
— Eu não sabia que a mãe de Sophie tinha uma oricultura —
aponto, puxando conversa por razões que me escapam, já que é tão
tarde.
— Oh, sim. — Aiden acena com a cabeça antes de tomar outro
gole. — É uma loja bastante popular. Iris administra sozinha agora.
— Ela realmente parece amar Sophie — observo.
— Sim. Ela é ótima com ela. Quase a criou, na verdade. Ela não
cou totalmente feliz que Sophie veio direto para mim depois que
Rebecca morreu. Ela parece pensar que ela era a melhor escolha, já
que, em suas palavras, eu nunca estive ao lado de Sophie como ela.
No começo gerou muitas discussões.
— Mas você é o pai dela — eu argumento. — Claro que ela
deveria car com você.
— Os tribunais concordaram, mas Iris… — Ele balança a
cabeça. — Parte de mim acha que ela está apenas esperando que eu
foda tudo de alguma forma.
Oh. Eu sei que estou com sono, mas algo sobre a voz profunda
de Aiden proferindo uma palavra tão suja faz meu estômago
revirar. De nitivamente não é a hora, eu penso.
— Não ajuda que eu esteja no momento mais ocupado da
minha vida, em termos de carreira — ele continua, suspirando. —
Isso me mantém longe de casa mais do que eu gostaria.
Não vou ngir que isso não me faz mergulhar em meus
pensamentos sobre minha própria infância, pensamentos voltando
rapidamente para meus pais e seus empregos e o fardo nanceiro
que eu estava sendo constantemente lembrada que eu era. Tenho
quase cem por cento de certeza de que Aiden não é nada parecido
com meus pais, já que na verdade ele parece gostar de passar o
tempo com Sophie e tenta fazer isso sempre que pode; eu guardo
minha opinião para tentar ver o lado dele.
— Eu entendo. Você tem que trabalhar. Além disso, não é
como se você estivesse deixando ela aqui sozinha. E você passa todo
o seu tempo extra com ela quando não está trabalhando, certo?
— Tanto quanto eu posso — diz ele com um aceno de cabeça.
— Eu apenas… — Ele faz um som frustrado. — Estou fazendo o
meu melhor, mas às vezes parece que não é o su ciente.
— Sinto muito — eu digo novamente. — Tenho certeza de
que não era falar disso que você queria ao voltar para casa. Eu não
queria atingir um nervo.
— Não, não. Me desculpe por despejar isso em você. Isso só
pesa em mim.
— Não se desculpe — eu asseguro a ele, nalmente indo até a
geladeira para pegar uma garrafa de água. Eu a abro. — Vamos
apenas dizer que um pouco de terapia faz parte das minhas
obrigações. Vou enviar minha conta pelo correio.
Sua boca se contrai.
— Obviamente.
— De qualquer forma… Tenho certeza que você está cansado.
É melhor eu voltar a não dormir.
— Sim, eu não gostaria de impedir você — ele ri.
— É um trabalho ingrato, mas alguém tem que fazê-lo.
Fecho a porta da geladeira com a intenção de deixá-lo sozinho,
mas ele me surpreende quando estende a mão para agarrar meu
pulso frouxamente. Eu encaro seus dedos grossos que estão
quentes contra a minha pele, olhando para cima para encontrar
sua expressão preocupada.
— Desculpe — diz ele em voz baixa. — É… Você está bem,
certo?
Eu pisco com confusão.
— O quê?
— Quero dizer… ela não disse nada para aborrecê-la, disse?
— Eu?
Aiden acena com a cabeça.
— É que… Espero que ela não tenha assustado você.
— Oh.
O pensamento nem passou pela minha cabeça. Quero dizer,
sim, ela foi fria comigo, mas eu sou uma garota crescida, e vai ser
preciso mais do que Iris para me abalar.
— Estou bem — asseguro a ele. — Não se preocupe. Eu não
estou indo a lugar nenhum.
Ele relaxa visivelmente.
— Bom. — Eu acho que ele percebe então, que ele ainda está
segurando meu pulso, seu rosto virando para baixo para vê-lo antes
de soltá-lo rapidamente. — Desculpe. Estou cansado. Eu não
estava pensando.
— Está tudo bem — respondo baixinho, aquela vibração no
meu estômago agora é um bater de asas desenfreado. — Devíamos
ir para a cama.
Seus olhos se arregalam um pouco, e então me dou conta do
que eu disse.
— Quero dizer… — Sinto meu rosto esquentar. — Eu quis
dizer de maneira individual. Tipo, você vai para a cama e eu vou
para a cama e…
— Certo — diz ele, me salvando. Sou só eu ou a voz dele está
mais baixa do que há um segundo? — Eu sei o que você quis dizer.
— Ok.
O ar-condicionado parece mais frio do que antes, arrepios
estourando em minha pele e meus mamilos endurecendo sob
minha blusa na, lembrando-me pela primeira vez desde que saí do
meu quarto (e tarde demais, devo acrescentar) que não estou
usando sutiã. Só me atinge totalmente quando percebo que o
olhar de Aiden mergulha de uma forma que parece quase um
re exo, como se ele não pudesse evitar. Eu ouço sua inspiração
a ada enquanto o calor corre pelo meu pescoço, e eu rapidamente
cruzo meus braços sobre o peito, enquanto o constrangimento me
inunda.
Decido que não reconhecer é a opção menos morti cante,
olhando para os meus dedos dos pés em vez de para o rosto dele.
— Ok. Bem. Eu estou indo para a cama. Vejo você de manhã.
— Claro — ele responde lentamente. — Vejo você pela manhã.
Eu me afasto o mais rápido que posso sem realmente correr,
apenas parando um pouco no topo da escada para virar para trás.
— Boa noite, Aiden.
— Boa noite — ele responde de volta, e percebo que ele não se
moveu de onde estava.
Eu não acho que respiro fundo até que eu esteja de volta em
segurança no meu quarto com a porta fechada atrás de mim,
inclinando-me contra ela para cobrir meus olhos com minhas
mãos. Só posso esperar que a entrada estivesse escura o su ciente
para que eu não tenha dado uma visão completa para Aiden; o
constrangimento de saber que meu chefe muito gostoso, mas fora
dos limites, pode ter visto a maioria dos meus mamilos foi o
su ciente para me fazer querer en ar a cabeça no vaso sanitário.
Eu solto um suspiro enquanto balanço minha cabeça com meu
próprio descuido, olhando para a escuridão do meu quarto e
dizendo a mim mesma que não é grande coisa. Que podemos nos
deparar com algumas gafes em uma situação como a nossa. Que
certamente Aiden terá esquecido tudo sobre isso pela manhã.
Certo, penso enquanto me en o de volta na cama. Não é
grande coisa.
Mesmo que eu ainda esteja pensando na maneira como ele
olhou para mim.
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Não parei de pensar nos seus lindos mamilos


rosados a semana toda.
Capítulo 6
Cassie
Me preocupar com meu encontro noturno com Aiden provou ser
em vão, já que depois daquela noite, eu quase não o vi por uma
semana. Ele levou Sophie para a escola todas as manhãs nos dias
seguintes, passando todo o seu tempo livre restante na academia
quando Sophie não estava em casa e entrando e saindo do chuveiro
antes de desaparecer para trabalhar. Se eu não o conhecesse
melhor, diria que ele está me evitando, o que me deixa ainda mais
ansiosa com a coisa toda. Eu me preocupo com a possibilidade de
ter tornado as coisas estranhas entre nós, temendo que eu possa ter
arruinado o ritmo fácil em que começamos a nos estabelecer. No
sábado seguinte, posso contar nos dedos de uma mão os
vislumbres que tive de Aiden Reid, mesmo morando na mesma
casa.
Entro na cozinha naquela manhã mais cedo do que de
costume, esperando passar algum tempo sozinha com a cafeteira
antes de Sophie acordar. Talvez eu tenha algum tempo livre antes
que Aiden acorde e se ocupe com alguma coisa que o permita
evitar falar comigo. Decido neste momento que não vou deixar
isso me incomodar, que se as coisas estiverem estranhas entre
Aiden e eu, será culpa dele, não minha.
Quero dizer, pelo amor de Deus. O cara já viu mamilos antes.
E não é como se eu não costumasse mostrar os meus para metade
da internet regularmente. Eu nem sei por que estou tão perturbada
com isso. Não é o m do mundo.
Eu espreguiço enquanto o café está sendo preparado, meu
roupão escorregando um pouco dos meus ombros caindo
frouxamente ao meu redor quando eu me acomodo contra a
bancada. Eu inclino os ombros para trás quando um conhecido
aperto formiga nas minhas costas, estendendo o braço para
esfregar a pele em alto relevo ali e suspirando como sempre faço
quando me lembro da minha cicatriz.
Quando o café está pronto, coloco mais açúcar na minha
caneca do que é socialmente aceitável – mas, tanto faz. Eu fecho
meus olhos quando o primeiro gole quente atinge minha língua,
cantarolando contente enquanto deixo a bebida terminar o
trabalho de me acordar. Ainda estou parada ali com a sensação
equivocada de segurança que vem de pensar que tenho um tempo
decente para car sozinha pela frente, ainda encostada casualmente
na bancada com meu roupão torto e minhas mãos ocupadas com a
minha caneca quando nalmente percebo um corpo grande
descendo as escadas que levam ao terceiro andar.
Aiden boceja, seu cabelo em desordem devido ao sono e seus
braços estendidos, se espreguiçando, fazendo sua camiseta cinza
subir o su ciente para mostrar as linhas toni cadas de seu
abdômen acima da cintura baixa da sua calça de pijama de anela.
Meus olhos são atraídos para o músculo toni cado que deve ser
sua recompensa de todos os treinos que ele faz para se esconder,
um tanto perplexa contra a bancada. Eu não deveria estar secando
ele, eu sei disso, mas com uma aparência dessas… eu não posso
exatamente evitar.
E é então que ele me nota.
— Cassie?
Eu percebo que estou apenas parada ali, boquiaberta.
— Ah, oi. Você acordou cedo.
— É. — Ele passa os dedos pelos cabelos distraidamente, ainda
piscando sonolento. — Tenho uma reunião de equipe esta manhã.
Ele ainda não se afastou do pé da escada, quase como se
estivesse com medo de se aproximar de mim. Isso só alimenta
minhas suspeitas de que as coisas estão estranhas entre nós.
— Eu z café — eu ofereço. — Se você quiser um pouco.
— Isso seria ótimo — diz ele.
Seus olhos passam do meu rosto para minha blusa rosa do baby
doll, lembrando-me que é a mesma que eu estava usando durante
nosso último encontro desastroso. É minha culpa que eu seja tão
parcial com isso? Pelo menos estou usando sutiã desta vez; eu
de nitivamente aprendi minha lição sobre não usar sutiã para sair
da segurança do meu quarto.
Mas ainda posso dizer que ele a reconhece.
Rapidamente, ajusto de volta meu roupão depois de colocar
minha caneca de café sobre a bancada, endireitando-o e
amarrando-o na frente para esconder minha blusa. A última coisa
que preciso é que Aiden esteja pensando em meus mamilos
enquanto tenta falar comigo.
Eu limpo minha garganta, tentando não pensar em como
estou sendo óbvia.
— Então, café? Como você toma?
— Puro está bom.
Eu franzo meus lábios.
— Sério?
— Eu não gosto de todas essas coisas extras — ele admite.
Eu não posso evitar. Isso me faz sorrir.
— Sabe, eu sempre disse que as pessoas que bebem café puro
não amam a si mesmas.
— Não tenho certeza se essa lógica é verdadeira — rebate
Aiden, sua boca se contorcendo.
Eu não respondo, virando-me para preparar uma caneca para
ele. Eu posso ouvi-lo nalmente atravessando o cômodo para se
juntar a mim na cozinha, o barulho de uma banqueta atrás de mim
me alertando de sua proximidade. É o mais próximo que ele esteve
ao meu redor desde o m de semana passado, e tenho que admitir
que isso me deixa nervosa. Quase posso sentir seus olhos em mim
enquanto trabalho, e não posso deixar de me perguntar se ele está
se lembrando da última vez que estivemos tão perto. Ele ainda está
pensando sobre o que viu, ou eu sou a única preocupada com isso?
Viro-me para entregar a ele a caneca quando termino de servir
o café, e quando ele se estende para pegá-la de mim, seus dedos
roçam nos meus. Sinto pequenas faíscas onde eles se tocam e ele
não retira a mão imediatamente. Um segundo se passa, talvez mais,
antes que ele pegue a caneca da minha mão, e eu levanto a minha
em um brinde ngido, mantendo meu lugar contra a bancada do
outro lado e tentando não hiper xar em como seus ombros
parecem largos em sua camiseta ou quão quente foi seu toque.
— Então — ele começa, tomando um gole cuidadoso de sua
caneca. — Caramba, isso está quente. — Ele franze a testa
enquanto continua. — Perdi alguma coisa interessante esta
semana?
— Bem, eu tenho apresentado a Sophie a minha rede de
apostas clandestina, mas ela ainda não me impressionou.
Sua boca se contrai.
— É mesmo?
— Sim. — Eu suspiro dramaticamente. — A garota não tem
cara de pôquer. Acho que ela não foi feita para isso.
— Não tenho certeza se devo car grato ou desapontado.
— De nitivamente decepcionado. Se ela não consegue lidar
com Vinte e Um, como vamos chegar ao Texas Hold’em?
Ele acena sério.
— Bem, isso soa muito mais educativo do que tabuada de
multiplicação.
— Oh, ela de nitivamente não está pronta para isso. Ela passa
dos vinte e um em quase todas as mãos.
Aiden está rindo agora, e estou grata por ver algo além de
olhares furtivos e sua gura recuando enquanto ele sai de um
cômodo para me evitar. Eu poderia facilmente continuar com esse
jogo de “vamos ngir que não aconteceu” esperando que isso nos
levasse de volta ao normal, mas, infelizmente, sou uma masoquista
de coração.
Eu desvio meus olhos enquanto levo minha caneca à minha
boca.
— Então, você não estava brincando quando disse que as coisas
iriam car ocupadas, hein?
Aiden suspira, soprando suavemente em seu café.
— Tem sido um pesadelo. Um de nossos fornecedores teve
problemas para entregar esta semana. É por isso que tenho uma
reunião hoje; tenho que me encontrar com outro fornecedor para
tentar colocar as coisas de volta nos trilhos.
Posso dizer pelo som de sua voz que suas ausências frequentes
têm maior probabilidade de piorarem antes de melhorarem. Isso
me faz pensar em todas as vezes nesta semana que Sophie
mencionou seu pai, sabendo que Aiden não pode evitar que seu
trabalho seja agitado, mas ainda sentindo simpatia pela garotinha
que esperava que pelo menos pudesse vê-lo nos nais de semana.
Eu sei que deveria cuidar da minha vida, mas é difícil.
— Sophie vai sentir falta de sair com você neste m de semana.
— Ela vai se divertir mais com você do que comigo — diz ele,
com uma espécie de risada nasalada.
Eu gostaria de saber por que Aiden insiste em se rebaixar o
tempo todo quando se trata de suas ações como pai. Eu me
pergunto se ele realmente acha que sua lha não preferiria passar o
tempo com o pai em vez de uma mulher qualquer que ele
contratou.
— Ela sente sua falta quando você não está aqui — contesto,
tentando manter meu tom casual. — Eu consigo perceber.
A testa de Aiden franze enquanto ele olha para baixo em sua
caneca, pensando.
— Também sinto falta dela. Espero que as coisas desacelerem
em breve.
Brigo com a ideia de dizer a ele que Sophie não foi a única que
notou sua ausência, me perguntando se isso só vai tornar as coisas
mais estranhas. Quero dizer, não tenho dúvidas de que ele tem me
evitado de propósito ultimamente, e não consigo decidir se
abordar isso seria pior do que ngir que não está acontecendo.
— Eu sei o quanto você tem estado ocupado — eu indico
cuidadosamente antes de tomar um gole de minha própria caneca.
— Parece que não te vi esta semana.
Pronto. Eu falei. Provavelmente vou me arrepender, mas eu
disse.
— Oh. — Percebo a maneira como sua mandíbula ca tensa,
tanto quanto percebo que ele não olha para mim. — Sim. Tivemos
muito trabalho de preparação inicial para fazer.
— Oh. — Talvez seja a verdade. Talvez eu esteja vendo coisas
onde não tem. Ainda assim. — Eu pensei… Bem. — Eu mudo
nervosamente de um pé para o outro. — Acho que eu estava
preocupada que você pudesse estar…
Ele olha para mim então, aqueles lindos olhos dele
encontrando os meus e desviando minha linha de pensamento.
— Preocupada que eu possa estar, o quê?
— Eu… — Engulo em seco, sem saber como trazer à tona o que
tenho me referido na minha cabeça como o incidente do mamilo de
uma forma que não seja incrivelmente embaraçosa para nós dois.
— Acho que pensei que talvez você estivesse me evitando. Depois
de… Você sabe…
Eu não consigo ler sua expressão, seu semblante de pedra só
piorado pela linha apertada de sua boca volumosa e seus olhos
intensos. Eu daria qualquer coisa para saber o que ele está
pensando agora, para ter alguma maneira de me preparar para uma
repreensão ou uma conversa incrivelmente estranha; e assim que
ele abre a boca para falar, eu posso estar realmente suando.
— Cassie, na verdade, eu…
— Bom dia — uma voz sonolenta murmura por trás dele, nos
assustando.
Sophie se arrasta até a cozinha para se juntar a nós com os olhos
mal abertos e cabelos desgrenhados, tendo passado despercebida
por nós dois até este exato segundo. Aiden olha para mim apenas
por um momento, como se tudo o que ele estava prestes a dizer
ainda estivesse pendurado em sua língua, mas ele rapidamente
coloca um sorriso no rosto e bagunça o cabelo de sua lha quando
ela se aproxima dele.
— Bom dia. Alguém dormiu como selvagem na noite passada.
Sophie franze a testa.
— O que você quer dizer?
— Olha esse cabelo — ele ri.
Sophie estende a mão para dar tapinhas em tufos rebeldes que
se projetam para um lado e para o outro.
— O seu parece estranho também.
— É mesmo? — Aiden tenta fazer algo semelhante, franzindo
a testa quando percebe que não está em melhor forma. — Acho
que você puxou isso de mim.
Sophie coloca a mão sobre o estômago.
— O que tem para o café da manhã?
— Eu tenho mistura pronta de panqueca — interrompo. —
Poderíamos tentar de novo, que não terminará em um desastre
desta vez, espero.
Sophie sorri.
— Desde que o papai não ajude.
— Vocês duas são hilárias — Aiden comenta secamente. Ele
veri ca a hora no visor do forno. — Infelizmente, não posso car
para o café da manhã, mas pelo menos vocês sabem que não
poderei estragar as panquecas.
Sophie parece desapontada.
— Você vai voltar ao trabalho?
— Sinto muito — Aiden diz a ela, soando como se realmente
estivesse. — Eu preciso.
— Oh. — Sophie olha para os pés, encolhendo os ombros. —
Pensei que você iria à praia com a gente hoje.
Seu comportamento e tom tocam algo dentro de mim,
despertando memórias minhas comendo sozinha e desejando a
companhia de alguém que não fosse eu mesma. Eu sei que Aiden
está muito longe de ser como meus pais, mas ver Sophie fazer a cara
que ela está neste momento, desencadeia emoções que eu pensei
que estavam guardadas há muito tempo.
— Eu gostaria de poder — diz ele, parecendo sincero. — Vocês
duas vão ter um dia muito mais divertido do que eu.
De repente, co impressionada com a imagem de Aiden em
nada além de sunga, e essa imaginação pode realmente ser ruim
para minha saúde.
Ele olha para mim.
— Para qual praia vocês vão?
— Coronado. Pensei que poderíamos almoçar no Del.
— O ENO’s tem ótimas pizzas — diz ele. — Vou deixar algum
dinheiro para você.
Eu tento acenar para ele.
— Ah, não, tudo bem, eu posso…
— Você vai lidar com uma criança de nove anos na praia o dia
inteiro — ele diz sem rodeios. — Pagarei o almoço de vocês.
— Tudo bem — admito, revirando os olhos.
É estranho aceitar dinheiro dele para algo que provavelmente
acabará sendo divertido para mim também, mas raciocino comigo
mesma que ainda é tecnicamente uma atividade de trabalho e isso
me faz sentir melhor sobre isso.
Estou distraída com essa linha de pensamento quando os olhos
de Aiden encontram os meus novamente, algo neles me fazendo
sentir como se ele tivesse mais a dizer antes de Sophie interromper,
como se ainda quisesse dizer. Isso me deixa ainda mais curiosa sobre
o que poderia ser.
— Eu deveria tomar um banho — ele nos diz, dando um
sorriso que não atinge seus olhos. — Não quero me atrasar.
— Tudo bem — Sophie murmura, ainda parecendo abatida.
— Obrigado pelo café — Aiden me diz, sua expressão ainda
insinuando o que não foi dito.
— É café puro — respondo, fazendo uma careta. — Não sei se
você deveria me agradecer.
— Certo. — Seu sorriso é caloroso e me faz sentir o mesmo. —
Vocês, meninas, divirtam-se hoje — diz ele, inclinando-se para
beijar o topo da cabeça de Sophie. — Fique longe de problemas.
Eu não digo mais nada enquanto o vejo sair da cozinha, e eu
poderia estar envergonhada pelo jeito que o estou observando, se
não fosse pelo fato de que eu o peguei me olhando uma última vez
antes de começar a subir as escadas.
Eu bebo o resto do meu café de uma só vez, deixando-o
permanecer na minha boca à medida em que os pensamentos
saltam em meu crânio. Uma pergunta se destaca mais do que
qualquer outra, porém, uma que eu suspeito que estarei pensando
pelo resto do dia, se não mais.
O que Aiden estava prestes a dizer?
■□■
Foi uma ótima ideia trazer Sophie para cá. Ela parece mais feliz do
que nunca, e acho que talvez Aiden estivesse certo quando disse
que ela gostaria de sair de casa. Ela está um pouco mais animada
desde que saímos, mas não totalmente, atualmente ocupada com
um elaborado castelo de areia que ela está fazendo com o pacote
variado de brinquedos de praia que ela tinha guardado em casa.
Estou distraída enquanto a observo, a memória da expressão de
Aiden e a maneira suave como ele disse meu nome girando em
minha mente. Eu posso estar fazendo o que aconteceu antes
parecer mais do que é, mas o jeito que Aiden tem mantido
distância de mim me deixou em um estado constante de
desconforto, e eu nem tenho certeza do porquê. Eu gostaria de
dizer que é porque estou preocupada com meu trabalho… mas não
tenho certeza se essa é toda a verdade. No fundo, acho que só sinto
falta de falar com ele. Provavelmente é bobagem da minha parte
estar tão preocupada com isso; é mais provável que ele fosse apenas
me dizer que deveríamos ngir que nunca aconteceu, o que
provavelmente seria o melhor a se fazer.
Mesmo que seja mais fácil dizer do que fazer.
O entusiasmo anterior de Sophie diminuiu um pouco desde
que almoçamos, mas não o su ciente para que ela dê qualquer
indicação de que está pronta para voltar ainda. Ela provavelmente
caria aqui o dia todo se eu deixasse.
— Ei, menina — eu chamo nalmente, afastando os
pensamentos sobre Aiden. — Preciso colocar mais protetor solar
em você.
Ela faz uma careta.
— Eu não estou queimando.
— Você acha que não, até chegar em casa mais tarde e perceber
que parece uma lagosta.
— Tudo bem — ela bufa, levantando-se da areia e limpando as
mãos antes de se sentar comigo no cobertor.
Ela ca de costas para mim, envolvendo os joelhos com os
braços e apoiando o queixo neles. Eu pego o frasco de protetor
solar da minha bolsa próxima, esguichando um pouco em minhas
mãos antes de começar a espalhar por seus ombros que já
começaram a car um tom mais rosado do que deveriam.
Ela estremece, e eu estalo minha língua.
— Viu? Na hora certa.
— Sim, sim — ela resmunga.
— Você está se divertindo?
Ela dá de ombros.
— Sim.
— Uau, que alegria — provoco. — Você soa como se eu tivesse
feito você arrancar ervas daninhas.
— Não sei… — Ela suspira. — Queria que o papai tivesse
vindo.
Faço uma pausa no que estou fazendo, a simpatia latejando em
meu peito. Há uma parte de mim que ainda pensa que não é meu
papel me intrometer no relacionamento deles. Que eu deveria fazer
meu trabalho, ganhar meu salário e não me preocupar com mais
nada – mas é difícil. Especialmente com a maneira como comecei a
me importar com essa menina corajosa que pode ser mais esperta
do que eu.
Sem mencionar a maneira como ainda estou pensando em
como os sentimentos dela podem se alinhar aos meus de outra
época; uma época em que eu também não queria nada além de
passar mais tempo com as pessoas cuja atenção deveria ser dada. Eu
termino de aplicar o protetor solar completamente antes de limpar
o restante na minha toalha, alertando-a de que ela está pronta para
ir. Ela não se move imediatamente, ainda olhando para o rolar
lento das ondas contra a costa como se estivesse perdida em
pensamentos.
— Você pode falar comigo, sabe — eu ofereço timidamente.
Ela encolhe os ombros novamente.
— Não é nada.
— Segredos não fazem amigos — digo seriamente. — E nós
somos amigas agora, certo?
Ela acena com a cabeça, e eu resisto à vontade de dar uma
dancinha de vitória.
— Eu acho que sim.
— Então, me diga o que você está pensando com tanta
seriedade.
— Só pensei que papai não estaria tão ocupado hoje.
Algo se contrai em meu peito.
— Tenho certeza que ele preferia estar aqui com você.
— Eu acho que sim — ela murmura. — Eu odeio quando ele
está ocupado.
— Isso acontece muito?
Ela encolhe os ombros novamente lamentavelmente.
— Às vezes. O trabalho dele é estúpido.
— Ah, vamos lá, não é estúpido. Ele tem que trabalhar para
poder comprar mais videogames para você, certo?
— Acho que sim.
Eu me movo para sentar ao lado dela, e ela olha para mim de
lado.
— É só… — Ela começa. Eu posso dizer que ela está lutando
com suas palavras, sua voz mais suave agora, como se ela estivesse
envergonhada. — Quando ele ca muito tempo longe faz com que
eu sinta saudades da minha mãe.
— Oh, querida. — Estendo meu braço para pressionar minha
mão em suas costas, esfregando um círculo lento. — Claro que faz.
Sua fungada suave parte meu coração, o primeiro sinal de
vulnerabilidade que ela mostrou desde que a conheci.
— Ela era incrível.
— Eu aposto que sim. Quero dizer, ela teria que ser, já que ela
fez uma criança divertida como você.
— Ela era tão engraçada — Sophie me diz. — Ela contava as
melhores piadas. E ela costumava ler histórias para mim todas as
noites. — Uma única lágrima cai sobre seus cílios inferiores,
escorrendo por sua bochecha. — Papai trabalha muito até tarde,
então.
— Sabe, eu sou uma boa leitora.
Sophie estende a mão para limpar o nariz, ainda tentando ao
máximo parecer estóica.
— Estou velha demais para histórias de ninar.
— Quem disse?
— Não sei.
— Bem, eu sou super velha e ainda gosto de histórias para
dormir.
Ela se anima minuciosamente.
— Você gosta?
— Sim. Eu estava pensando outro dia o quanto eu gostaria de
poder ler uma boa história. Talvez você possa me ajudar com isso?
Sophie morde o lábio inferior para não sorrir, evitando meus
olhos enquanto ela dobra o queixo contra os joelhos novamente.
— Acho que sim. Desde que você queira.
— Você de nitivamente estaria me fazendo um favor.
Eu só conheço essa garotinha há duas semanas, mas estou
começando a pensar que não há muito que eu não faria para fazê-la
sorrir. Especialmente porque tenho a sensação de que ela precisa
de tantos sorrisos quanto puder com tudo o que passou.
— Ok. — Ela acena com a cabeça sobre os joelhos. — Claro.
— Ei, você sabia que não pode cantarolar enquanto tapa o
nariz?
Sophie pressiona os lábios.
— O quê?
Eu belisco meu nariz, fazendo uma cara ridícula enquanto
tento. Sinto meus olhos esbugalhados e minhas bochechas
inchadas, e Sophie ri.
— Viu? Impossível.
— Nuh-uh — ela argumenta. — Eu posso fazer isso.
Seu rosto se contorce de concentração enquanto ela me copia,
beliscando o nariz e enrijecendo todo o corpo enquanto tenta
forçar a garganta a produzir um som. Ela faz isso até que seu rosto
começa a car vermelho, e eu nalmente tenho que puxar suas
mãos para que ela não rompa um vaso sanguíneo. Não posso
deixar de rir de sua expressão irritada, parecendo que ela está com
raiva por ter sido superada pelo meu fato de Snapple.
Mas noto que ela não parece mais triste, então vale a pena.
— Eu disse que era impossível.
— Eu poderia resolver isso — ela resmunga.
— Tenho certeza que você poderia — eu rio. Eu a cutuco com
o cotovelo novamente. — Ei. Por que não saímos amanhã de
novo? Tem um parque perto. Essa coisa de dia das meninas foi
legal, certo?
Seus olhos se arregalaram, seu interesse despertado.
— Um parque?
— E talvez possamos encontrar uma livraria que venda boas
histórias para dormir. Sabe. Para me ajudar. — Seu sorriso cheio de
dentes é minha recompensa, e estendo minha outra mão para
enxugar uma lágrima perdida ainda agarrada a sua bochecha. —
Sem mais lágrimas, ok?
— Ok.
— Agora, vamos terminar este castelo de areia antes que nós
duas acabemos parecendo lagos…
Eu faço um som de surpresa quando seus bracinhos me
envolvem de repente; seu pequeno corpo pressionando o meu
enquanto ela se agarra a mim em um abraço caloroso. Eu só co
surpresa por um segundo ou dois antes de sorrir no topo de sua
cabeça, circulando meus braços em volta de seus ombros e
pressionando minha bochecha em seu cabelo.
— Você não é tão chata — ela murmura em minha camisa. —
Para uma babá.
Fecho os olhos enquanto respiro o aroma suave de seu
shampoo de melancia misturado com água do mar.
— Vou considerar isso como o maior elogio.
Eu rastejo pela areia para ajudá-la com seu castelo, pegando um
balde enquanto ela começa a me dar ordens sobre o que deve ir
para onde. Sua melancolia anterior parece se dissipar após nossa
conversa e, embora meus próprios pensamentos ansiosos ainda
corram pela minha cabeça, saber que ela está relativamente bem
me faz sentir melhor, na maior parte do tempo.
Digo a mim mesma que é por causa de Sophie que estou tão
preocupada com o que Aiden tentou dizer antes, que é
simplesmente porque tenho medo de que ele decida que eu não
seja a pessoa certa para eles, e vou perder de ter mais tempo com
essa garotinha a quem estou me apegando tanto. Qualquer outra
coisa seria ridícula. Especialmente qualquer interesse latente no pai
da menininha, que está tão fora dos limites que pode muito bem
ser minha Área 51 pessoal. Mesmo que ele continue a me evitar,
tudo bem, contanto que eu possa continuar trabalhando aqui.
Tento me concentrar mais no castelo de areia e menos em
Aiden e tudo o que vem com ele, decidindo que seria melhor parar
de pensar em suas palavras não ditas e em seus olhares
indecifráveis. Isso não é algo que eu deveria estar tentando
descobrir. Eu deveria estar gastando essa energia com Sophie.
Cassie, na verdade, eu…
Sim. Não pense nisso.
■□■
Chegamos em casa naquela noite um pouco mais tarde do que o
esperado; Sophie me convenceu a tomar sorvete e depois a uma
visita ao iperama que resultou no jantar. No momento em que
estou carregando todos os 34 quilos dela pela porta da frente
porque ela está esgotada, são quase nove horas da noite. Ela está
apagada como uma luz enquanto eu luto para fazê-la passar pela
porta da frente, segurando-a com força com um braço enquanto
me atrapalho com minhas chaves. Estou prestes a me resignar a
acordá-la para que possamos entrar, mas então a porta se abre
sozinha, me pegando de surpresa.
— Aiden? O que você está fazendo em casa?
— Acabei de chegar — diz ele. — Noite de pouco movimento.
— Ele percebe que estou com di culdade, estendendo a mão para
pegar Sophie. — Parece que ela teve um grande dia.
— Oh, sim. — Eu o deixei fazer malabarismos com Sophie
para passá-la dos meus braços para os dele. — Ela me convenceu a
fazer várias viagens secundárias depois da praia.
— Sim — ele ri. — Ela é boa nisso.
Eu ainda estou de pé na varanda. Aiden leva um segundo para
perceber isso.
— Merda. Deixe-me… — Ele sai do caminho para que eu possa
entrar. — Tenho certeza que você está… com frio.
E é só então que eu percebo que não estou usando nada além
de uma saída de praia transparente por cima do biquíni e shorts
que parecem curtos demais de repente. Aiden pigarreia enquanto
desvia os olhos, e eu passo por ele, consciente do fato de que o
material preto transparente deixa pouco para a imaginação. Não
pareceu grande coisa quando saímos hoje, a nal, estamos na
Califórnia – mas a um metro e meio de Aiden Reid com metade
dos meus seios à mostra logo após o incidente do mamilo parece
demais.
Ainda esta manhã eu estava tentando me desculpar por isso,
para tentar suavizar o ar entre nós, e agora estou parada no hall de
entrada de biquíni enquanto ele faz o possível para não olhar. O
que eu tenho que dar crédito a ele. Atualmente, ele está muito
interessado na cor da tinta na parede de entrada.
— Estou feliz que vocês tiveram um bom dia — diz ele com
rmeza.
Cruzo os braços sobre o peito.
— Nós realmente tivemos. Mas ela sentiu sua falta.
— Ela sentiu? — Ele olha na minha direção, um movimento
inconsciente que eu não acho que ele percebe até que ele já esteja
olhando diretamente para mim. Ele parece se lembrar logo depois
porque não estava olhando em primeiro lugar, desviando os olhos
para o chão. — Eu gostaria de ter estado lá.
— Talvez na próxima vez.
Ele concorda.
— Talvez.
Deus, as coisas realmente precisam ser tão estranhas? Temos
que descobrir uma maneira de lidar com essas coisas se vamos
morar juntos. Eu tenho peitos. Seu rosto é feito sob medida para
induzir borboletas na barriga. Nós vamos lidar com isso.
— Bem, de qualquer maneira — diz ele. — Eu acho que é
melhor eu levar Sophie até…
— Posso te perguntar uma coisa?
Eu não deveria, provavelmente. Eu sei disso. Mas isso está na
minha cabeça o dia todo, e vê-lo se esforçar tanto para não olhar
para mim não faz com que me sinta melhor.
Ele não hesita.
— Sim.
— O que… — Eu tenho que respirar fundo para criar coragem.
— O que você ia dizer esta manhã? Antes de Sophie aparecer.
Sua boca abre apenas para se fechar, os lábios se pressionando
por um breve momento antes de responder baixinho:
— Eu ia dizer que estava. Evitando você. Desculpe.
— Oh. — De nitivamente não é o que eu esperava, eu acho.
— Quero dizer, eu entendo. Foi meio estranho.
— Não, quero dizer… — Ele faz um som frustrado. — Fiquei
com medo de que você tivesse se sentido desconfortável. Eu não
queria piorar as coisas.
— Eu… oh. Quero dizer… Eu não me senti. Coisas acontecem,
certo? Não foi nada demais.
— Certo — diz ele. — Ok. Bom. Estou feliz que você não… se
sentiu desconfortável.
— Eu não me senti — asseguro. — Eu só não quero que as
coisas quem estranhas entre nós. Estamos fadados a ter alguns
contratempos aqui e ali, em uma situação como a nossa.
Seus olhos encontram os meus, menos hesitantes do que antes.
— Você tem razão. Me desculpe se eu piorei as coisas.
— Não. — Eu aceno para ele. — Eu vou, ah, tentar ser mais
cuidadosa também. Não haverá mais incidentes relacionados à
mamilos nesta casa.
Merda.
Eu realmente quis dizer isso como uma piada, mas no minuto
em que sai da minha boca, estou amaldiçoando minha completa
falta de ltro quando co nervosa. Os olhos de Aiden se arregalam
um pouco, e sua garganta se move sutilmente engolindo, e o aceno
que ele me dá é rígido, como se fosse forçado.
— Certo — ele responde, sua voz mais baixa do que um
momento atrás. — Isso seria… Sim.
Cassie, você realmente é uma merda nota 10 às vezes.
— De qualquer forma… Acho melhor eu ir para a cama.
— Claro. — Aiden acena com a cabeça novamente, tão rígido
quanto antes. — Vou levar Sophie para cima também.
— Ela é mais pesada do que parece — provoco.
— Mm-hmm.
Apesar do que ele diz, ele não se move quando eu passo por ele,
e eu dou a ele um aceno desajeitado antes de entrar no meu quarto
e fechar a porta atrás de mim. Não sei por que o universo pretende
tornar as coisas estranhas entre Aiden e eu, mas está fazendo um
ótimo trabalho. Então de novo… é apenas um traje de banho. Aqui
é a Califórnia. É algo que Aiden certamente já viu mil vezes. Certo.
Não é grande coisa.
Aparentemente, evitar incidentes embaraçosos com meu chefe
gostoso é apenas minha rotina noturna agora.
Ótimo.
É um acidente completo. Até esse momento, fiz bem em mantê-
la fora de vista, e agora que um dos meus principais assinantes
viu – me sinto muito exposta, envergonhada até.
“Eu sei que parece horrível.”
Minha mão passa por cima do meu ombro, meus dedos
roçando a pele áspera da cicatriz que está marcada ali.
Percebo que estou sentada aqui, pós-orgasmo, esperando que ele
saia e pare de voltar para esses shows privados.
“Eu não acho nada horrível” ele diz finalmente, e seu tom não
deixa espaço para uma mentira. Sinto minha ansiedade
diminuir, ainda mais quando ele fala novamente. “Eu
também tenho uma cicatriz, sabe.”
Capítulo 7
Cassie
— Tome cuidado! Não vou subir aí se você car presa.
Sophie ri do alto do trepa-trepa.
— Medrosa.
— Você vai mudar de tom quando quiser que eu suba para te
ajudar a descer — eu digo do banco ao lado do parquinho.
Ela está brincando há quase uma hora enquanto eu trabalho
em uma tarefa no meu notebook, me certi cando de veri cá-la a
cada poucos segundos para garantir que ela ainda está bem.
Ela vai odiar ouvir que precisaremos almoçar em instantes; já
posso ouvi-la resmungando por não querer ir embora. Faço uma
anotação mental para trazê-la novamente aqui em breve. Acho
ótimo que ela tenha sido capaz de brincar com algumas crianças da
idade dela também, sabendo do fato, por ela ter admitido, que
ainda está com di culdade para encontrar amigos em sua escola.
Assim que nalizo minha tarefa, levo um segundo para
veri car meus e-mails, fazendo uma careta quando percebo que
tenho um novo do OnlyFans me informando sobre algo especial
que eles estão fazendo. Ainda os recebo regularmente e sei que
deveria cancelar a inscrição na sua lista de e-mails, mas ainda não o
z. Não é como se eu tivesse planos de voltar, e nem mesmo tenho
necessidade com o tanto que Aiden está me pagando agora, mas
mesmo um ano depois de desativar tudo, não consigo deixar isso
totalmente para trás. É bobagem, eu sei, não é como se houvesse
mais a possibilidade de alguém entrar em contato comigo através
do site, mas mesmo sabendo disso, aqui estou eu ainda deletando
melancolicamente e-mails que não servem para nada.
Guardo meu notebook na mochila depois de deletar a
mensagem – pois sempre faço isso, como já é de costume –
ignorando meu breve mergulho em memórias ruins e caminhando
até o balanço para onde Sophie se deslocou. Ela é algo melhor para
se focar, de qualquer maneira. Coloco minha mochila perto do
chão onde posso vê-la, sentando no balanço vazio ao lado de
Sophie e me acomodando nele.
— Aposto que você não pode ir tão alto quanto eu — ela
desa a.
— Ah, não tenho dúvidas — digo a ela. — Você parece muito
mais experiente em balanços do que eu.
Ela sorri.
— Sim.
— Você está se divertindo?
— Sim! Podemos voltar depois da escola amanhã?
— Eu estaria disposta a apostar que podemos — digo a ela com
um sorriso. — Talvez possamos convidar seu pai?
Sua expressão imediatamente vacila.
— Ele vai estar muito ocupado.
— Talvez não — eu tento. — Ele não pode car tão ocupado
para sempre.
— Eu penso que sim — ela resmunga.
Eu endireito o balanço, começando a balançar para frente e
para trás levemente.
— Você já tentou falar com seu pai sobre isso? Tenho certeza
de que ele gostaria de saber como você se sente.
— Eu não quero deixá-lo bravo — ela admite calmamente.
— Eu não acho que ele caria bravo. Seu pai não parece ser do
tipo que ca bravo com algo assim. Ele te ama, sabia?
Ela me dá outro aceno lento.
— Eu sei. Ele só está ocupado.
Mais uma vez, sinto aquela pontada no peito quando sou
empurrada de volta para as memórias enterradas que me fazem
querer me en ar na cama, e preciso de muito esforço para não
deixar meus sentimentos in uenciarem minha conversa com
Sophie, sabendo que minha experiência não é justa com ela ou
Aiden. Sei que Aiden é diferente dos meus pais, que sua ausência é
um descuido, não uma escolha consciente.
— Que tal irmos almoçar? — digo, querendo tirá-la de seu
humor sombrio. — Você deve estar com fome depois de toda essa
escalada.
— Estou com um pouco de fome — ela admite.
— Tudo bem, então. — Eu me empurro do balanço para pegar
a mochila. — Ainda precisamos passar na livraria também, mas
logo após isso, é melhor pegarmos um pouco de comida para você.
Tenho que proteger meus tornozelos e tudo.
— Eu não mordo — ela ri.
Eu estalo minha língua.
— Não sei se acredito.
— Podemos comer pizza?
— Nós comemos pizza ontem.
— Mas eu quero — ela faz beicinho.
— Oh, bem, quando você coloca dessa forma — eu rio.
■□■
— Posso carregar a pizza?
— Está muito quente — eu digo a ela. — Você está
encarregada dos livros.
Ela escolheu três livros sobre abóboras falantes, monstros
amigáveis e um unicórnio perdido, respectivamente, protegendo-
os como se sua vida dependesse disso.
— Posso fazer as duas coisas.
— Pode deixar. Estamos quase em casa, de qualquer maneira.
— Eu posso fazer isso — ela argumenta.
— Sim, mas aí você pode queimar as mãos e usar isso como
desculpa para não ajudar com a louça.
— Eu não vou!
Eu njo suspeita.
— Não sei… soa como uma armadilha para mim.
— Você é tão estranha — ela bufa.
— Diga-me algo que eu não sei, menina.
— Tudo bem, mas quando chegarmos em casa eu quero…
— Sophie?
Nós duas paramos na calçada, notando uma gura familiar ao
lado de fora do portão em frente à casa da cidade segurando um
saco de papel. Aiden não tinha dito nada sobre uma visita de Iris
hoje, então me surpreende vê-la aqui, e momentaneamente vacilo
antes de dar um sorriso.
— Ei! O que a traz por aqui?
— Eu não preciso de um motivo para ver minha sobrinha —
Iris diz sem rodeios.
Caramba.
— Bem, não — eu ofereço com uma risada desconfortável. —
Imagino que não. Eu só pensei que se você me avisar com
antecedência da próxima vez, vou me certi car trazê-la de volta
para casa mais cedo.
— Mm-hmm. — Iris dá um sorriso para Sophie então. — Você
não vai dar um abraço na sua tia?
Sophie sorri de volta, andando o espaço entre nós para abraçar
Iris.
— Como foi a escola esta semana, ursinha?
Sophie dá de ombros.
— Foi ok.
— Já fez algum amigo?
— Na verdade não — Sophie suspira.
— Você irá — Iris incentiva docemente. Ela realmente é uma
pessoa diferente com Sophie. — Não se preocupe. Trouxe alguns
livros para você — ela olha para a pilha nos braços de Sophie. —
Eu vejo que alguém chegou antes de mim.
Sério, não vou ganhar nenhum ponto positivo com essa mulher.
— Tudo bem — diz Sophie. — Cassie pode ler os seus
também.
— Aposto que ela pode — responde Iris.
Sophie pega o saco que Iris está segurando e sorri para mim, e
faço o possível para retribuir. Não tenho ideia de como lidar com
essa situação estranha em que me meti, mas tento parecer
despreocupada pelo bem de Sophie enquanto me movo em
direção a ela.
— Ei, Soph, você se importa de levar a pizza para dentro?
Estarei logo atrás de você. — Hesito antes de lhe entregar a caixa.
— Mas tenha cuidado — aviso. — Ainda está quente.
— Tudo bem — Sophie diz alegremente, pegando a caixa de
mim e equilibrando seus livros em cima antes de olhar para sua tia.
— Tchau, tia Iris.
— Tchau, querida. Vejo você em breve.
Nenhuma de nós diz uma palavra enquanto Sophie passa pelo
portão, Iris espera até que ela esteja segura dentro de casa antes de
falar novamente, seu tom doce anterior totalmente esquecido.
— Percebi que o pai dela não está por perto de novo.
— Ele está trabalhando.
Iris ri, mas soa estranho.
— Ele está sempre trabalhando.
— Sinto muito, mas não acho que seja uma coisa ruim que ele
esteja provendo para a lha dele.
As sobrancelhas de Iris se erguem.
— Por quê você se importa? Você é apenas a babá. — Observo
sua expressão car curiosa. — A menos que você esteja mais…
investida de alguma forma. Qual é exatamente o seu papel aqui?
— Estou aqui para cuidar de Sophie — digo a ela. — Olha,
parece que começamos com o pé esquerdo. Eu nunca pensaria em
atrapalhar seu relacionamento com Sophie. Ela precisa de todo o
amor que conseguir, imagino. Não quero que ela que confusa.
— Tenho certeza que ela já está confusa, já que o pai dela não
se incomoda em passar um tempo real com ela.
Eu cruzo meus braços.
— Isso não é justo.
— Há muitas coisas nesta situação que não são justas — Iris
responde amargamente.
— Ouça, acho que entendo seu ponto de vista, mas você não
pode…
— Você não tem ideia do meu ponto de vista — ela diz, me
cortando. — Você não me conhece. Você mal conhece Sophie. Não
sei o que Aiden lhe disse, mas ele não é…
— Calma aí.
Ela pisca surpresa, parecendo tão chocada com minha explosão
quanto eu.
— Desculpe — eu digo, um pouco mais calma. — Mas eu não
posso car aqui e ouvir você falar mal do pai dela para mim. Você
tem razão. Ainda não conheço Sophie e Aiden muito bem, mas
posso dizer que ele está tentando. Quer dizer, ele é o pai dela. Você
não acha que estar com ele é o melhor para ela?
Iris olha para mim por um longo momento, quase como se
estivesse tentando me compreender.
— Eu não preciso de um sermão vindo de você — diz ela
nalmente. — Você não sabe de nada. Sobre nada disso.
Francamente, não é da sua conta.
— Quer você goste ou não, Sophie é da minha conta —
retruco. — É meu trabalho cuidar dela, e você aparecendo
aleatoriamente torna isso da minha conta.
— É engraçado — comenta Iris, depois de um curto período
de tempo. — Você é muito mais jovem do que qualquer uma das
outras babás que Sophie teve. Mais bonita também. Eu me
pergunto por que isso?
O que ela está dizendo deixa meus ouvidos quentes, mas
decido que não preciso validar suas insinuações rebatendo.
— Acho que você deveria ir embora — digo o mais
educadamente que consigo. — Claramente, você está incomodada.
— Incomodada — Iris ri secamente, ainda olhando para mim
de uma forma que me faz sentir nojenta. — Claro. Diga a Aiden
que entrarei em contato.
Eu a observo caminhar em direção ao que parece ser seu carro
na rua, esperando até que ela esteja no banco do motorista e se
afastando antes de eu entrar, xingando baixinho o caminho todo.
Não consigo imaginar o que eu possa ter feito nas duas ocasiões
em que encontrei Iris para fazê-la me odiar, mas está claro que
conversas e sorrisos educados não vão mudar a atitude desagradável
dela. Deus, mesmo quando consigo entrar, ainda estou abalada,
reconhecendo que Iris estava certa em pelo menos uma coisa. Eu
estou mais investida nisso do que deveria.
E pensei que seria estranho falar com Aiden sobre os
sentimentos de Sophie.
■□■
Certi quei de que eu estivesse totalmente vestida desta vez, com
sutiã e tudo. Eu tinha todo esse discurso planejado, quando decidi
esperar por Aiden no segundo andar depois que Sophie foi para a
cama, pensando que eu teria uma conversa rápida sobre tudo o
que Sophie e eu conversamos e, em seguida, faria uma rápida
menção sobre meu mais recente encontro com Iris. Fácil, fácil.
Eu não pretendia, no entanto, dormir no sofá muito antes de
ele aparecer.
Não sei que horas são no momento em que desperto, acordada
pelo som de xingamentos sibilados e algo batendo na bancada da
cozinha. Eu pisco para a escuridão enquanto levanto minha cabeça
sonolenta, notando um brilho do exaustor do fogão oferecendo
apenas um pouco de luz. A visão imediatamente me desperta do
meu estado de semi-sono, cando completamente imóvel quando
percebo que, por algum motivo, Aiden está parado sem camisa na
cozinha.
Levo um momento para entender o que estou vendo: Aiden
segurando o que suponho ser sua camisa enquanto a usa para
limpar algo sobre a bancada. Há uma lata de cerveja por perto que
eu posso apenas ver o vulto, e imagino que ele deve ter derramado
um pouco e decidiu que sua camisa era a melhor opção para
limpar. Não é o curso de ação mais sensato, eu acho, mas quem
sou eu para julgar? Eu sei que devo dizer alguma coisa, que devo
fazer algo para alertá-lo do fato de que estou congelada em seu sofá
na sala escura, mas estou achando isso muito mais difícil do que
deveria ser.
Especialmente porque eu não consigo tirar meus olhos da sua
gura sem camisa.
Só consigo vê-lo do peito para cima deste lado da bancada, mas
o que posso ver sugere que todas aquelas idas à academia…
realmente valeram a pena. Aiden parece de nido em todos os
lugares certos, provocando um desejo de tocar as linhas duras e
sulcos cortados de uma forma que absolutamente não é apropriada
para alguém que está olhando para seu empregador. Não que
alguém fosse me culpar, eu acho, se estivessem vendo o que eu
estou vendo. Aiden diz outra palavra suja naquela mesma voz baixa
que me acordou, e tudo sobre isso me faz sentir coisas que também
são totalmente inapropriadas.
Não é justo que ele seja tão bonito. Emparelhado com o fato
de que ele é doce e engraçado e está fazendo o seu melhor como pai
solteiro… Meus ovários estão formando seu próprio fã-clube neste
momento.
Eu sei que quanto mais eu car sentada aqui, mais estranho
será quando ele nalmente me notar, e apesar do desejo de
observá-lo em silêncio até que ele escape escada acima, eu sei que
esperei ele por um motivo.
— Aiden?
Ele se assusta, o rosto se levantando para espiar a sala de estar, a
camisa ainda apertada com força contra a mão.
— Cassie?
— Desculpa — ofereço, empurrando-me do sofá para uma
posição sentada. — Adormeci no sofá.
— Oh. Isso é… — Ele olha para si mesmo como se lembrasse
que está seminu, endireitando-se e trazendo o que suponho ser
uma camisa molhada até o peito para oferecer alguma cobertura.
Não que isso ajude. — Eu derramei minha bebida.
— Sim. Eu posso ver isso.
— Eu deveria… pegar outra camisa. Sinto muito se acordei
você.
— Aiden, espere.
Ele para no meio do caminho, ainda atrás da bancada
enquanto me observa deslizar para fora do sofá. Eu aperto meu
roupão à medida que me aproximo da cozinha, pensando que pelo
menos um de nós não vai se expor para o outro esta noite.
— Eu realmente queria falar com você — eu começo. — É por
isso que eu estava esperando no sofá.
Não tenho ideia de como poderei ter essa conversa quando
posso ver os mamilos de Aiden.
Como o mundo gira, penso.
— Sobre o que você queria conversar?
— É sobre Sophie.
Ele imediatamente desperta preocupação.
— Ela está bem? Aconteceu alguma coisa?
— Ela está bem, não se preocupe — asseguro-lhe. — É
apenas… Ela está falando. Sobre o quanto ela sente sua falta
quando você não está aqui.
Vejo sua expressão cair imediatamente, quase me fazendo
lamentar minha decisão de falar com ele.
— Oh.
— Eu nem sei se cabe a mim dizer isso, mas dói meu coração
ouvir o quanto ela sente sua falta.
— Não, eu agradeço por você ter me contado, mas não sei
como posso mudar isso agora. Eu disse a você que tínhamos
muitas coisas acontecendo no restaurante.
— Eu sei — pressiono. — Mas realmente parece estar
cobrando um preço dela.
— Bem. Eu disse a você que meu trabalho às vezes era um
pesadelo.
— E eu entendo isso totalmente — eu digo cuidadosamente.
— Mas… ultimamente, mesmo no m de semana, quando ela ca
aqui o dia todo, você tem ido para o restaurante praticamente logo
após o café da manhã. Senão antes.
— Não é algo que eu possa exatamente controlar — diz ele,
cansado. — É o meu trabalho. Eu não posso simplesmente dizer
“cai fora” para isso.
— Eu não estou tentando dar um sermão em você — asseguro-
lhe. — Só estou preocupada com ela. Eu posso dizer que ela não
gosta de falar sobre a mãe, mas… quando você não está aqui,
Sophie sente mais a falta dela.
A boca de Aiden se abre, sua expressão suavizando.
— Ela te disse isso?
— Ela disse — digo a ele suavemente.
Aiden esfrega a mão no rosto.
— Ela nunca fala sobre Rebecca. Nunca. Estou sempre
tentando fazer com que ela se abra, mas ela… — Ele fecha os olhos,
respirando fundo. — Ela sempre age como se estivesse bem.
— Eu acho que ela se preocupa com você — arrisco. — Acho
que ela tem medo de como os sentimentos dela podem fazer você se
sentir.
Ele ri amargamente.
— Até minha própria lha acha que não sou adequado para
cuidar dela.
— Ei. Não. — Eu dou um passo, tendo que me impedir de ir
até ele. Eu sei que não é o meu lugar. — Não acho que seja esse o
caso, Aiden. Eu só acho que ela está pensando em seus
sentimentos tanto quanto você está pensando nos dela.
— Eu realmente estou tentando — diz ele. — Eu sei que Iris
provavelmente pensa que eu sou o pior pai do mundo, e talvez eu
tenha sido por um tempo, mas… estou tentando.
— Eu acredito em você — eu digo, porque eu acredito. —
Tenho certeza que é mais difícil saber o que fazer com alguém
como Sophie. Ela parece tão forte.
— Ela é — ele concorda. — Mais forte do que eu. — Ele
balança a cabeça. — Provavelmente não foi para isso que você se
inscreveu — diz ele com uma risada seca. — Tenho certeza que
você não aceitou o emprego esperando ser uma terapeuta familiar.
— Não, está tudo bem. De verdade. Posso apenas te enviar
uma outra conta — digo, tentando deixar o ar mais leve.
Sou recompensada com uma risada abafada.
— Certo.
— Escute, eu me sinto péssima por despejar tudo isso em cima
de você, com tudo o que você está lidando, mas eu só… — Posso
ver a exaustão no rosto de Aiden, e não apenas por causa de um dia
difícil. Vejo um esgotamento que parece pesar sobre ele de dentro
para fora. — Eu realmente me importo com vocês. — Seus olhos
se arregalam um pouco, e eu desvio meu olhar. — Só sei um pouco
sobre como Sophie se sente e não quero que ela cresça com
arrependimentos como eu. Você também, aliás.
— Também não quero isso — ele enfatiza. — E eu sinto muito
por trazer à tona sentimentos ruins para você.
— Oh, não, é… — Minha boca se fecha quando as memórias
surgem espontaneamente, e eu sinto algo pesado no meu peito. —
Você não é nada como meus pais, Aiden. Eu prometo.
— Era tão ruim assim?
— Pior. — Eu solto uma risada amarga. — Meus pais eram
uma merda. Durante todo o tempo em que cresci, tive que ouvir
sobre como a única razão pela qual eles tinham que trabalhar tanto
era por causa de mim. Como se eu fosse algum tipo de fardo.
Quero dizer, eles não me quiseram desde o início.
A sobrancelha de Aiden franze em simpatia.
— Eles não queriam?
— Acho que devo me considerar sortuda por eles serem tão
religiosos — eu bufo. — Poderia não estar aqui se fosse de outra
forma.
— Cassie… — Eu posso dizer que ele está lutando com o que
dizer, e eu não posso acreditar que estou realmente deixando
escapar tudo isso. Normalmente, faço o possível para evitar falar
sobre. — Eu sinto muito.
— Está tudo bem — respondo levianamente, ignorando a leve
dor no meu peito. — Só estou contando isso porque meus pais…
eles nunca foram presentes. Eu me colocava na cama, fazia meu
próprio jantar, passava os ns de semana conversando com um
número ridículo de amigos imaginários só para simular algum tipo
de contato humano. Esse tipo de solidão pode realmente foder
com uma criança. — Eu dou a ele um olhar aguçado então. — Mas
você não é eles. E sei disso porque sei como são os pais de merda
que não se importam. Eu sei que você se importa, Aiden.
Aiden está olhando para mim de forma estranha, como se
estivesse vendo mais do que eu gostaria. Eu me sinto um pouco
envergonhada por compartilhar demais agora, desejando que ele
dissesse algo para acabar com o silêncio.
— Sinto muito — diz Aiden novamente depois de um
momento. — Eu não… Eu realmente aprecio por você ter me dito
isso.
Eu respiro fundo.
— Me desculpe se passei dos limites.
— Não, eu… Você está certa — Aiden continua. — Claro que
você está certa. Estou fazendo um trabalho de merda nisso.
— Não, você não está — argumento. — Você é humano,
Aiden. Tudo bem não ser perfeito. Eu apenas… pensei que você
gostaria de saber. O quanto Sophie sente sua falta quando você
não está aqui.
Aiden abaixa a cabeça, estendendo a mão para correr os dedos
pelos cabelos em exasperação enquanto solta um suspiro.
— Eu sei. Eu preciso fazer melhor.
— Eu não estou tentando fazer você se sentir mal — asseguro-
lhe. Eu mordo o interior do meu lábio, com medo de passar dos
limites novamente. — Eu só quero ver vocês felizes, só isso.
A maneira como Aiden está olhando para mim deixa minha
pele quente, sua expressão suavizando em algo que é muito pesado
para o que somos. Isso me deixa tonta.
— Sinto muito que você teve que mexer em feridas antigas —
diz ele suavemente, quebrando o feitiço ligeiramente. — Mas eu
agradeço por você ter compartilhado comigo.
— Está tudo bem — eu respondo suavemente. — Está tudo no
passado agora.
— Ainda assim — diz ele. Eu encontro seus olhos, e esse
mesmo calor ameaça me destruir. — Obrigado.
Lembro então que tinha outro motivo para esperar por ele, e
parece quase cruel entregar outro fardo pesado, um após o outro.
Melhor arrancar como um curativo, eu acho.
— Certo. Além disso, devo te dizer… — Eu faço uma careta. —
Iris apareceu hoje.
— Claro que ela apareceu. — Ele inspira profundamente. —
Tentei convencê-la a falar comigo primeiro antes de visitar, mas às
vezes ela gosta de ser difícil. Acho que ela adoraria provar que pai
de merda eu sou.
— Você não é um pai de merda — eu enfatizo. — Eu te disse,
lembra? Tudo o que as crianças querem é que você tente.
Ele acena com a cabeça solenemente.
— Eu posso fazer melhor. Eu sei. Vou me certi car de estar
mais aqui. Quando eu estiver de folga. Eu prometo.
— Sophie adoraria isso.
Eu também, eu não digo.
Eu co inquieta, sabendo que deveria dizer mais, mas sem
saber como abordar isso. Eu esfrego meu braço preguiçosamente
enquanto franzo a testa para meus pés, limpando minha garganta.
— De qualquer forma, achei que deveria dizer a você que Iris
fez algumas… insinuações — continuo. — Sobre mim.
— O quê? — A expressão de Aiden endurece. — O que ela
disse para você?
— Bem, ela estava falando mal de você, e eu só queria defendê-
lo, e ela pode ter… implicado de que eu estou… mais envolvida do
que deveria.
Aiden não me entende imediatamente.
— O que você quer dizer?
— Ela… — Deus, ele vai me fazer dizer isso. — Eu acho que ela
pode ter insinuado que havia algo… inapropriado acontecendo
entre nós.
— O quê?
— Eu sei, ridículo, mas… Eu não quero ser algo que ela use
contra você, então achei que você deveria saber.
— Certo. — Eu noto sua garganta balançar, engolindo. —
Ridículo.
Ai. Quero dizer, eu sei que acabei de dizer isso, mas ouvi-lo
repetir dói.
— Eu apenas pensei que você deveria saber. Não sei… Talvez
possamos fazer algum tipo de cronograma para que Iris venha mais
vezes. Tenho certeza de que Sophie adoraria fazer mais coisas com a
tia.
— Talvez seja uma boa ideia — Aiden re ete. — Eu deveria
falar com ela.
— Acho que não faz mal — eu ofereço.
Ele ainda parece um pouco fora de si.
— Você me defendeu?
Eu paro no meio da minha tentativa de recuar rapidamente.
— Eu… sim?
— Você não precisava fazer isso.
— Eu não disse nada que não achasse que fosse verdade.
— Oh. Eu… aprecio isso.
— Eu disse a você — insisto. — Você é um bom pai, Aiden. Eu
prometo.
Ele balança a cabeça lentamente, olhando para mim com uma
expressão que não consigo ler. Decido que devo recuar como
planejei, não querendo tornar esse encontro mais estranho do que
já é.
— Estou começando a achar que não devemos ter discussões
depois das onze horas da noite — eu digo com uma risada.
Seus lábios se contraem.
— Elas parecem sempre ir para o lado errado, de alguma forma.
— Sim. Bem. É melhor eu ir para a cama.
— Claro. — Ele começa a se mover de seu lado da bancada, e
eu tenho que tentar não deixar meus olhos desviarem para o sul
quando me lembro que ele ainda não está vestindo uma camisa. —
Vou fazer algumas ligações de manhã para poder estar aqui para o
café da manhã. E falarei com Iris. Eu prometo.
— Eu de nitivamente acho que Sophie cará…
Esqueço tudo o que estava prestes a dizer quando Aiden
contorna a bancada, e não tem absolutamente nada a ver com o
fato de que ele não está vestindo uma camisa. Eu mal consigo ver
sob esta luz, mas mesmo nunca tendo visto antes, isso faz meu
coração começar a bater forte no meu peito e meu sangue começar
a correr em meus ouvidos. Não sei quanto tempo leva para Aiden
perceber que estou olhando para o lugar à esquerda de seu
umbigo, sua pele mais escura ali, mais saliente.
— Ah — ele ri. — Eu sei que parece estranho. Eu tenho isso
desde sempre.
— É… um coração.
— Sim, parece um, não é? Consegui na escola de culinária. —
Ele toca a cicatriz distraidamente. — Eu deixei cair óleo quente em
mim. A maldita panela escorregou da minha mão. Não foi meu
melhor momento como chef.
Acho que não estou realmente respirando; tudo o que ele está
dizendo só faz meu pânico piorar. Parece impossível o que estou
vendo, o que estou ouvindo – a coincidência de tudo isso é demais
para compreender. Meus olhos permanecem grudados na
queimadura em forma de coração em seu abdômen por mais
tempo do que o apropriado, e eu nalmente os afasto para
encontrar o rosto cada vez mais confuso de Aiden.
— Estou cansada — eu deixo escapar, meus joelhos sentindo-se
estranhamente fracos. — É melhor eu ir para a cama.
— Oh… ok — ele diz lentamente, provavelmente se
perguntando por que estou agindo de forma estranha de repente.
Eu não posso evitar. Eu preciso ir embora.
— Boa noite, Aiden — digo rapidamente enquanto me afasto
dele, sua cicatriz ainda fresca em minha mente junto com todas as
memórias ligadas a ela.
Não, não, não, isso não pode estar acontecendo.
Se ele acha que eu meio que correndo escada abaixo é estranho,
ele não vem atrás de mim para perguntar sobre isso. Eu não
desacelero até que eu esteja segura no meu quarto, meu coração
batendo forte em meu peito enquanto eu atravesso para sentar na
beira da minha cama em transe.
“Eu também tenho uma cicatriz, sabe.”
“Sério? Aposto que não é tão ruim quanto a minha.”
“É bem grande. E parece um coração, o que significa que nem
parece legal.”
“Como você conseguiu?”
“Eu deixei cair óleo quente em mim alguns anos atrás, enquanto
cozinhava. Não foi o meu melhor momento.”
É uma história que já ouvi antes. Uma história que ouvi
murmurada através de um microfone de computador de um
homem cujo rosto eu nunca vi. Um homem que – em algum
momento simplesmente desapareceu das nossas trocas de
mensagens e, posteriormente, de toda a minha vida – quase me fez
acreditar que ele poderia se importar comigo.
Eu o conhecia como A. Não é ridículo que eu tenha esquecido
sua voz em apenas um ano? Que eu não z a conexão até agora? Eu
pensei que quando ele desapareceu foi apenas uma experiência
ruim que eu teria que atribuir à ingenuidade, as consequências de
me permitir car muito próxima de alguém que estava pagando
para me ver gozar. E aqui estou eu, um ano depois, ainda incapaz
de cancelar a assinatura dos e-mails do OnlyFans por causa de uma
fantasia boba de que ele de alguma forma tentará me encontrar
depois de todo esse tempo, mesmo que fosse quase impossível
mesmo se ele quisesse, já que eu excluí minha conta em um
lamentável episódio depressivo pós-término. O que não faz
sentido, já que nunca estivemos juntos. Ele era apenas um cara que
eu me iludi pensando que conhecia melhor do que eu realmente
conhecia. Apenas alguém que eu nunca tinha visto e pensei que
nunca veria. O que estou percebendo agora que não é o caso.
A verdade é óbvia, eu penso, por mais assustadora que seja.
Que meu tempo online, que eu pensava estar bem no passado, se
destacou na forma do próprio motivo que me fez deixá-lo em
primeiro lugar. O homem que me fez sentir algo e depois me fez
sentir totalmente estúpida por sentir quando ele desconectou e
nunca mais voltou.
Porque Aiden Reid, meu chefe muito gostoso, mas muito fora
dos limites, costumava assistir meu canal.
Ele costumava assistir muito.
Bate papo com @lovecici

Gostou do vídeo?
Era tudo que eu queria.

Que bom que gostou.


Posso estar ficando viciado em ver você
gozar.
Capítulo 8
Aiden
Vinte minutos depois que Cassie foi para a cama, ainda estou
tentando descobrir o que z de errado, re etindo sobre isso no
chuveiro. Eu sei que ela está certa sobre tudo, que eu tenho me
atrapalhado quando se trata de Sophie e até mesmo da situação
com Iris, e eu falei sério quando disse que tomaria medidas para
corrigir isso. Achei que minha conversa com Cassie estivesse indo
relativamente bem, o que signi ca que não consigo entender como
as coisas caram tão estranhas no nal.
Mesmo depois de nossa conversa tensa, no m cou claro que
de alguma maneira conseguimos resolver as coisas, ou assim pensei.
Então, por que ela fugiu daquele jeito? Não consigo parar de
pensar no olhar em seu rosto, algo como surpresa e pânico, e não
importa quantas vezes eu repasse isso em minha cabeça, ainda não
consigo entender. É muito diferente do jeito que ela olhou para
mim antes disso, pelo que pareceu.
Isso é algo que também não consigo tirar da cabeça.
Houve um jeito demorado sobre como ela olhou para mim, e
com certeza, eu não esperava ser surpreendido por ela tão tarde da
noite enquanto eu estava sem camisa na minha cozinha depois de
ter tomado uma decisão rápida, porém estúpida, mas eu sei que
não estou imaginando o jeito que Cassie olhou para mim. Estou
bem ciente de que não deveria reconhecer, que deveria ignorar
ativamente, mas estaria mentindo se ngisse estar fazendo
qualquer uma das coisas que deveria.
Talvez isso me faça um esquisito, por todas as coisas que não
consigo deixar de pensar sobre ela. Provavelmente sim, eu sei disso,
mas com certeza deve conta de algo o quão incrivelmente eu tenho
me esforçado para esquecer isso. Especialmente devido ao nosso…
incidente. Naquela noite, quando ela me contou sobre seu
primeiro encontro com Iris.
Eu pressiono minha cabeça contra a parede interna do
chuveiro, fechando os olhos enquanto a água escorre pelo meu
cabelo. Não é algo que eu faça de propósito, lembrar da sua blusa
rosa muito apertada, moldando-se contra partes dela que eu não
deveria ter visto. Na verdade, z tudo o que pude na última
semana para evitar me lembrar, inclusive manter distância de
Cassie o máximo possível. Porque eu não deveria pensar em sua
boca macia me dizendo que ela não vai a lugar nenhum, ou em seu
rubor quando ela falou de forma errada que deveríamos ir para a
cama, e eu de nitivamente não deveria estar lembrando a forma de
seus pequenos mamilos rígidos pressionando contra sua blusa toda
vez que eu fecho meus malditos olhos.
É completamente uma tortura, tentar ativamente não ser um
esquisito.
Eu jogo a água fria em mim para tentar combater meus
pensamentos traidores, tremendo um pouco contra a pressão da
água antes de ignorá-lo completamente. Ajuda, mas só por um
período de tempo. Ainda estou me perguntando o que fez o
humor de Cassie mudar tão rapidamente, e o que a fez
praticamente correr para longe de mim segundos depois de
estarmos rindo juntos. Eu olho para a pele escura da minha cicatriz
no meu abdômen, franzindo a testa. Foi quase como se ela tivesse
se assustado com isso, mas, de alguma forma, isso não faz sentido.
É incrivelmente tarde quando me enxugo e me visto, meus
olhos queimando com a necessidade de dormir enquanto sigo pelo
corredor, saindo do meu quarto em direção ao de Sophie para que
eu possa espiar lá dentro. Ela está esparramada na cama como uma
estrela do mar, uma perna aparecendo por baixo do edredom
enquanto ela ronca baixinho. Eu sorrio enquanto atravesso o
tapete silenciosamente para me inclinar e beijar sua testa,
lembrando de todas as coisas que Cassie disse e sentindo aquela
familiar pontada de culpa em meu peito.
Esse tipo de solidão pode realmente foder com uma criança.
Faço outra a rmação silenciosa para estar mais presente. Eu sei
que Sophie merece isso.
Eu saio do quarto de Sophie sem fazer barulho, suspirando
baixinho para mim mesmo enquanto fecho a porta atrás de mim.
Estou no terceiro andar, mas meus pensamentos estão dois andares
abaixo, onde sei que não deveriam estar. É ridículo sequer pensar
em descer para checar Cassie, mesmo para mim isso soa como uma
péssima ideia, e guardo o pensamento enquanto caminho para
meu próprio quarto. É bem depois da meia-noite, e eu sei que
deveria dormir por um momento depois do dia que tive,
especialmente considerando que amanhã à noite vai ser um show
de horrores desde que prometi que não iria chegar cedo, mas,
mesmo quando estou deitado em minha cama, não consigo
desligar meu cérebro.
Você é um bom pai, Aiden. Eu prometo.
Por que parece tão importante para mim que ela pense assim?
Eu fecho meus olhos, deixando minha cabeça bater contra a
cabeceira da cama. Eu posso estar em apuros. Eu disse a Cassie que
estava evitando-a por causa do bem-estar dela, e claro, isso é
parcialmente verdade, mas o verdadeiro motivo é que tenho
evitado Cassie porque depois daquela noite, não tenho pensado
nela da maneira que um chefe deveria. Especialmente dada a nossa
situação. A forma como eu tenho pensado sobre Cassie faria com
que ela se demitisse em um instante, e dado que ela parece ser a
primeira babá que Sophie realmente gostou de ter por perto, isso
não é algo que eu possa arriscar. Eu rio amargamente para mim
mesmo, pensando que tenho uma maneira real de escolher as
piores mulheres para me interessar.
São sempre aquelas com as quais eu não deveria me envolver
que parecem chamar minha atenção.
As pontas dos meus dedos sobem pela borda da minha camisa
antes de começarem a traçar as partes enrugadas ao redor da minha
cicatriz enquanto penso sobre uma outra época, quando contei
sobre ela para uma mulher que eu estava começando a me
importar. Não é de admirar que a reação de Cassie traga
lembranças da mulher que eu tento ao máximo não pensar; ela
cou tão surpresa ao saber sobre a cicatriz quanto Cassie ao notar.
Pensando bem, acho que a mulher em questão pode ser a última
pessoa com quem falei sobre isso. Uma tentativa desesperada de se
conectar com uma pessoa que foi vulnerável sobre suas próprias
cicatrizes. Agora, essa foi a coisa mais idiota que já z.
Eu não era alheio ao fenômeno que foi OnlyFans quando
explodiu. Parecia que todo mundo já tinha ouvido falar, pelo
menos, e eu não era exceção. É que antes de procurar, pensei que
fosse algo que não me interessava.
Acho que talvez tenha me afetado, a solidão que vem do meu
horário de trabalho lotado que tornava tão difícil conhecer
pessoas. Talvez tenha sido assim que acabei navegando no
OnlyFans tarde da noite por sugestão de um colega de trabalho. Eu
encontrei o per l dela por completo acidente, ela me atraiu logo de
cara, embora ela mantivesse o rosto meio coberto por uma
máscara.
Tudo começou com uma rolagem inocente, veri cando o feed
de não assinantes dela, que foi projetado para fazer você querer se
tornar um assinante de verdade. O que eu z, obviamente. Não
precisou de esforço algum para me fazer decidir isso. No começo,
eu só comprava os vídeos dela quando eles saíam. Eram sempre
sessões solo, sempre ela, na frente e no centro e com uma música
suave, mas algo sobre essa mulher cujo rosto eu não conseguia ver e
cujo cabelo sempre cava coberto por uma peruca brilhante…
Algo sobre ela me fisgou.
Então comecei a pagar por shows particulares. Na verdade, isso
é risível. Comecei a pagar por muitos shows privados. Foi tão fácil
entrar no Skype com minha câmera desligada. Tão fácil entrar na
fantasia de um show feito só para mim. Como se eu fosse a única
pessoa no mundo, até onde ela sabia. Acho que foi a ideia de
compartilhá-la com outros espectadores como eu que me fez
sentir… ciúmes. De alguma forma. E isso não é louco? Não é
ridículo eu começar a romantizar meus encontros com uma
mulher que eu estava pagando para ver se tocar?
Exceto que… ela também parecia solitária. Ela até me disse isso.
Mais de uma vez. Talvez seja isso que fez tudo parecer ser mais do
que era na minha cabeça. Era fácil acreditar que eu era especial
para ela, mas nunca foi real. Ela nunca teve planos de me encontrar
pessoalmente. Mesmo se ela pretendia. Seu desaparecimento
completo era evidência su ciente disso.
Ainda me lembro das curvas suaves de seu corpo até hoje,
quadris que imploravam por minhas mãos e seios que imploravam
por minha boca, e quando ela se tocava, quando seus dedos nos
deslizavam entre as dobras molhadas para me provocar noite após
noite… bem. Não é de admirar que eu tenha cado um pouco
obcecado. Especialmente quando havia tantas noites em que
parecia que era tudo para mim.
A memória por si só é su ciente para me fazer enrijecer contra
a calça do pijama, uma dor crescendo lá quando o pensamento de
uma mulher cujo nome eu nunca soube é o su ciente para me
deixar duro, como sempre. Mesmo depois de todo esse tempo, ela
ainda me afeta. Ela usava o nome como Cici, mas não sou estúpido
o su ciente para pensar que ela me deu seu nome verdadeiro. É
outro lembrete de que tudo não passou de uma fantasia.
Eu sibilo entre os dentes enquanto pressiono a palma da mão
contra o algodão esticado, me sentindo patético por recorrer a isso,
mas sabendo que não há muitas outras opções de alívio para mim
nesta fase da minha vida. Entre as demandas do meu trabalho e
Sophie… não houve exatamente tempo para namorar. Meus olhos
tremem e meus dentes pressionam contra meu lábio inferior
quando eu en o a mão dentro da minha calça para envolver meus
dedos ao redor do calor do meu pau, uma respiração instável
escapando de mim quando eu começo a bombear meu punho para
cima e para baixo para aliviar um pouco da pressão. Eu posso sentir
o líquido escorregadio na ponta que reveste o interior do meu
punho para deslizar pelo comprimento de novo. Na minha cabeça
estou preso na memória daquela mulher mascarada com um nome
falso, seus dedos provocando entre suas pernas e beliscando seus
mamilos completamente para mim, só para mim.
Até mesmo antes, eu pensava qual seria a sensação dela se eu
pudesse tocá-la. Se fossem minhas mãos a provocando, em vez das
dela. Era algo que eu quase pensei que no m seria uma
possibilidade. Ela me fez sentir que me queria tanto quanto eu a
queria. Então, para onde ela foi? Eu não fui embora por muito
tempo, fui? Enquanto eu estava lidando com a morte de Rebecca?
Por que ela desapareceu completamente quando voltei para me
desculpar?
Porque nunca foi real.
Eu cerro os dentes enquanto movimento mais forte, um aperto
no peito enquanto meu pulso acelera e meu sangue corre mais
rápido com o prazer crescente que se acumula a cada golpe do meu
punho. Eu posso sentir, como uma pressão quente que aumenta e
aumenta e aumenta, minha cabeça caindo para trás enquanto
meus lábios se abrem com pequenas rajadas de ar escapando de
mim.
Estou tentando me concentrar na memória, aquela que está
presa na minha cabeça – agarrada àquela mulher sem rosto com
suas curvas suaves, seu corpo perfeito e seios bonitos com os quais
ainda sonho às vezes, mas meus pensamentos estão vagando para
outro lugar fora do meu controle. Indo em direção aos
pensamentos de algodão macio esticado sobre a forma de mamilos
rígidos. Eu não quero pensar nela, eu realmente não quero, mas
sem o meu consentimento meu cérebro começa a imaginar uma
mulher que não é sem rosto com um sorriso doce, olhos brilhantes
e um corpo que é tão tentador quanto, senão mais, mesmo
completamente vestido.
Sem meu consentimento, meus pensamentos traiçoeiros estão
se voltando para Cassie.
Minha respiração está presa em meus pulmões, minhas costas
curvando à medida que eu acaricio meu pau mais rápido enquanto
a mesma pressão aumenta a ponto de estourar e meus
pensamentos voam entre memórias antigas e novas até que eu não
consigo diferenciar onde a mulher sem rosto termina e Cassie
começa. E por que é tão mais difícil respirar agora que o rosto de
Cassie está surgindo em meus pensamentos? Por que me sinto tão
mais próximo agora que estou pensando nela?
E quando a liberação quente derrama para cobrir minha mão
no momento que eu pulso em meu próprio punho, a memória se
foi completamente, deixando apenas o rosto de Cassie para trás
enquanto eu gozo contra a palma da minha mão. Estou tentando
recuperar o fôlego depois, meus olhos abertos e xos no teto, mas
sem realmente vê-lo, tentando descer da euforia enquanto a culpa
do que z lentamente se insinua.
Você pensaria que eu poderia ter aprendido minha lição da
primeira vez.
A minha última experiência em me importar com uma mulher
fora do meu alcance não me ensinou alguma coisa? Quantas
decepções já tive ao deixar minha solidão me levar a fazer
julgamentos terríveis, apenas para receber um terrível despertar
quando descobria que nada daquilo era real?
Aqui estou eu, um ano inteiro depois, me encantando por
outra mulher que está completamente fora do meu alcance e
provavelmente não é para o meu bico. O que Cassie iria querer
com um pai solteiro viciado em trabalho que mal consegue
funcionar direito em um dia normal?
É ridículo até mesmo considerar, por todos os tipos de razões.
Eu realmente me importo com vocês.
Eu tenho que me lembrar que ela não pode ter dito isso do
jeito que eu gostaria de acreditar. É assim que Cassie é. Tenho
certeza de que ela só se preocupa comigo como um pai solteiro
lutando para ter uma conexão melhor com sua lha, como um
projeto de estimação. Nada mais.
Eu ando até meu banheiro em um estado de vergonha para
lavar minhas mãos, franzindo a testa para a pia enquanto a água
fria me traz de volta à realidade. Quando termino, e estou secando
as mãos na toalha pendurada ao lado da pia, vejo meu rosto ainda
corado no espelho e balanço a cabeça para meu próprio re exo.
— Seu idiota — murmuro.
Eu caio de cara na cama, ainda me xingando por ser um idiota
delirante, mas me sentindo menos tenso, pelo menos. Mesmo
agora, depois de cair ainda mais na tentação sem querer – ainda
estou pensando nela. Tanto quanto eu tenho desde o momento
em que ela se mudou, para ser honesto. É imprudente e
definitivamente inapropriado, mas aí está.
fi p p
Suspiro, empurrando meus braços sob o travesseiro e me
enterrando nele enquanto tento tirar o rosto de Cassie da minha
mente. Digo a mim mesmo que amanhã vou me esforçar para
enterrar essa paixão estúpida bem fundo, onde ela pertence. Que
amanhã, quando eu acordar, tomarei café da manhã com Cassie e
Sophie e agirei como se não tivesse me violado ao pensar na babá,
porque só de pensar nisso me sinto um esquisito.
Inferno. Talvez eu seja.
Eu absolutamente não consegui dormir naquela noite, mas isso
é basicamente o que eu esperava.
Estou prestes a dizer adeus a ele, porque, para todos os casos,
terminamos aqui; ele me viu gozar, ele já pagou – então por
que estou hesitando?
Ainda posso ouvi-lo respirando do outro lado da linha da
chamada do Skype, e não é a primeira vez que fico curiosa
sobre sua aparência. Sua voz faz coisas indescritíveis comigo,
sem dúvidas, e com certeza alguém com uma voz como essa
deve ter um rosto para combinar?
Vou encerrar a sessão. É ridículo que eu esteja hesitando.
Eu limpo minha garganta, prestes a agradecer a ele por
comprar outro show privado, mas ele me surpreende ao falar
primeiro.
“Estou curioso… Quanto custaria continuar falando com você?”
Eu sei que meu coração não deveria saltitar.
Capítulo 9
Cassie
Eu gostaria de poder ver como ele é.
Sua voz é baixa, como um murmúrio constante, sempre
oferecendo instruções silenciosas enquanto eu me dedico para
cumprir todas as suas fantasias. Algo sobre a maneira como ele pede
o que quer de mim com total confiança, sem a menor vergonha ou
incerteza – isso faz minha pele formigar, quase como se ele estivesse
realmente me tocando.
— Abra as pernas, Cici — ele insiste pelo microfone. — Deixe-
me ver você.
Não hesito, abrindo mais minhas coxas em frente à câmera para
que ele possa ver exatamente como estou molhada. A forma exata de
como ele me deixou excitada.
— Toque-se — ele ordena. — Toque seu clitóris.
Eu circulo meus dedos em torno do pequeno feixe de nervos,
sentindo faíscas em minha barriga a cada golpe.
— Assim?
— Bem assim — ele grunhe. — Você é tão bonita. Molhada pra
caralho.
— Queria ter seus dedos em vez disso — murmuro, uma frase
atuada que dificilmente é uma atuação com ele. Na verdade, eu
realmente queria ter.
— Eu te daria mais do que dedos — ele promete com voz rouca.
— Eu teria você preenchida com meu pau pelo resto do fim de
semana.
— Sim?
— Você gostaria disso, Cici? Você gostaria de gozar no meu pau?
— Mm-hmm. — Eu movo meus dedos um pouco mais rápido.
— Eu queria poder ver.
— Talvez você possa — ele murmura. — Se você quiser.
Eu aceno, meus cílios tremulando.
— Eu quero. Eu quero você.
— Você não tem ideia do quanto eu gostaria de foder você,
Cassie.
Cassie?
Isso não está certo.
Ele só me conhece como Cici.
Meus olhos se abrem, surpresos ao descobrir que minha câmera
desapareceu, Aiden sentado em seu lugar e me observando
atentamente. Seus olhos ardem enquanto bebem do jeito que estou
me tocando, e mesmo que eu esteja chocada por ele estar aqui, meu
único pensamento é implorar para ele vir fazer isso por mim. Para
me tocar com suas mãos e sua boca e seu pau até que eu não consiga
nem lembrar meu próprio nome.
— Cassie.
Sua voz está mais clara agora. Mais forte. Tocando minha pele
como se fosse um toque de pontas dos dedos. Ele diz isso de novo e de
novo enquanto eu trabalho cada vez mais rápido, sentindo meu
orgasmo tão próximo que faz minhas pernas estremecerem. Eu sei
que se eu fizer o que ele me pediu, ele vai diminuir a distância e
fazer todas as coisas que eu quero que ele faça.
Estou tão perto. Tão impossivelmente perto. E ele ainda está me
observando, e eu só preciso de um pouco mais, e eu irei…
Eu me atiro para fora da cama, ainda suando, corada e sem
fôlego… tudo por causa de um maldito sonho. Eu ainda posso ver
os olhos de Aiden em mim, mesmo agora, e a memória é su ciente
para garantir que haja um formigamento muito real entre minhas
pernas.
Se recomponha, Cassie.
Obviamente, eu ainda não processei completamente minha
descoberta esta manhã, minha conversa com Aiden na noite
passada ainda está fresca em minha mente. Ainda estou no limite
com o conhecimento de que o homem em cuja casa estou
morando, e que para todos os efeitos é meu chefe, me viu nua. Já
me viu nua muitas vezes. Isso me deixa igualmente confusa e com
vontade de rastejar para um buraco e morrer; e pensar em todas as
coisas que Aiden pagou para me ver fazer me deixam tonta.
Deus, as coisas que ele pagou para me ver fazer.
Sem mencionar todas as outras perguntas que surgem sempre
que penso nisso, o que reconhecidamente foi a maior parte da
noite, já que mal dormi. Perguntas como: “Para onde diabos ele
foi? Por que ele desapareceu de repente depois de mencionar que
queria me encontrar? Me encontrar de verdade?”. Não só tenho
que reviver a vergonha do que acabou sendo nada mais do que
uma conversa ada, mas tenho que reviver pessoalmente, cara a
cara com a pessoa que, mesmo agora, mesmo um ano depois, ainda
domina uma boa parte dos meus pensamentos sempre que sou
descuidada o su ciente para deixá-los se perder.
Eu alcanço cegamente o meu telefone e veri co a hora. Ainda é
cedo, mas sei que a qualquer momento Sophie estará fazendo sua
caminhada matinal de zumbi e descerá as escadas esperando o café
da manhã. Café da manhã que agora compartilharemos com
Aiden, que agora sei que é A. Que momento horrível para
pressioná-lo a passar mais tempo em casa. Acho que essa pode ser
minha punição por cobiçar meu chefe sem camisa.
Deus, como diabos eu consegui ter uma queda pelo mesmo
homem duas vezes? Alguém que está tão fora do meu alcance
agora como da última vez? Não é como se Aiden estivesse
interessado em mim fora do trabalho que ele me contratou para
fazer. Especialmente se ele descobrir que eu sou a mesma mulher
que ele deixou para trás como uma caixa de pedras velhas.
É tão ridículo que nem parece possível.
Ainda assim… sempre me perguntei como o A seria. Dada a
natureza do nosso relacionamento, nem me pareceu estranho que
ele interagisse comigo apenas por chat de voz. Era uma prática
comum com a qual eu estava mais do que acostumada, mas não
vou ngir que não passei (e não passei desde então) incontáveis
horas me perguntando que tipo de rosto poderia ter a voz baixa e
abafada que silenciosamente me orientaria a me tocar de várias
maneiras. A realidade disso é… decididamente mais do que eu
jamais poderia esperar, visto que às vezes parece que Aiden foi
projetado especi camente com o único propósito de me levar à
distração.
Este vai ser o café da manhã mais estranho da história dos cafés
da manhã.
Consigo me levantar da cama, sabendo que, se não o zer,
Sophie virá me procurar, ou pior, Aiden virá – e Aiden no meu
quarto não é algo com o qual estou preparada para lidar ainda.
Então eu me forço a vestir meu roupão como se aquele desgraçado
e inconstante universo não tivesse deixado cair a maior de todas as
surpresas sobre mim apenas algumas horas antes, amarrando-o
bem enquanto eu me arrasto até o banheiro para domar meu
cabelo em algo ligeiramente apresentável. Há olheiras sob meus
olhos, o que acho que faz sentido, dado o quão pouco dormi
ontem à noite, e jogo um pouco de água fria no rosto na tentativa
de me deixar mais desperta.
Não é a melhor aparência que já tive, mas acho que terá que
servir.
Eu posso ouvir as vozes de Aiden e Sophie lá em cima na
cozinha quando eu saio do meu quarto, fechando a porta atrás de
mim e respirando fundo para me rmar antes de me juntar a eles.
Porque é claro que os dois já estão acordados. Digo a mim mesma
que posso fazer isso, que posso ngir que nada está errado e
continuar fazendo meu trabalho – porque preciso deste trabalho –
raciocinando que Aiden há muito se esqueceu de nosso passado
neste momento e que posso fazer a mesma coisa.
Ambos estão sentados na bancada quando chego ao topo da
escada, ambos rindo de algo que não ouvi enquanto Aiden estende
a mão para bagunçar o cabelo despenteado de Sophie. Percebo que
Aiden parece tão cansado quanto eu, exibindo as mesmas olheiras
e uma leve barba por fazer para acompanhar. É completamente
injusto o quanto o cansaço parece melhor em Aiden do que em
mim. Embora, eu duvido muito que estejamos cansados pelos
mesmos motivos. Encontro um pouco de conforto nisso, pelo
menos. Aiden não cou acordado metade da noite pensando na
pessoa no andar oposto da casa.
Ele me nota então, o verde brilhante e o castanho suave de seus
olhos se voltando para mim antes de seus lábios se curvarem em
um sorriso cuidadoso, quase como se ele estivesse preocupado em
me assustar. Acho que é justo, já que praticamente fugi dele ontem
à noite.
— Bom dia — ofereço, tentando o meu melhor para parecer
que a visão dele não faz meu coração disparar.
Sophie se vira para me notar.
— Cassie! Diga ao meu pai que gotas de chocolate são
melhores do que mirtilos.
— Bem, isso depende — digo a ela, aproximando-me da
cozinha. — Em que contexto?
— Para panquecas! — Ela lança a seu pai um olhar
descontente. — Papai disse que os mirtilos são melhores porque
são mais saudáveis.
— Bem, ele tem razão — eu digo, pegando a banqueta livre no
lado oposto dela. Ouço Aiden fazer um som triunfante antes de
me inclinar para mais perto de Sophie para baixar a voz. — Mas
gotas de chocolate são muito melhores.
Sophie sorri, atirando a seu pai um sorriso presunçoso.
— Viu? Eu falei.
— Tudo bem, tudo bem — Aiden ri. — Acho que estou em
desvantagem.
Ele chama minha atenção então, olhando para mim de uma
forma que parece uma pergunta, e aquele mesmo tipo de pânico
faísca em meu peito, meu coração batendo um pouco mais forte
enquanto uma enxurrada de memórias se derrama sobre mim. Eu
as enterro profundamente enquanto dou a ele um sorriso que
esperançosamente diz qualquer coisa, menos “você costumava ver
eu me masturbar”. Tudo o que posso esperar agora é que ele não
pergunte sobre meu comportamento estranho na noite passada,
porque não estou con ante de que terei qualquer explicação para
dar a ele que faça algum sentido. Eu sei que contar a verdade não é
uma opção, porque o resultado mais provável disso será ele me
expulsando de sua casa e de sua vida, pela segunda vez, devo
acrescentar, e há mais em jogo agora. Não apenas o dinheiro, do
qual preciso desesperadamente, mas também a conexão que
estabeleci com Sophie. Não posso abandoná-la agora, não quando
acabei de fazê-la con ar em mim. Ela não merece mais decepções.
E se há uma pequena parte de mim que não está pronta para
ver Aiden desaparecer da minha vida novamente… bem, digo a
mim mesma que é normal, e não completamente patético, me
sentir assim.
— Então… você pode fazer panquecas?
A pergunta expectante de Sophie me tira dos meus
pensamentos fervorosos, arrancando meu olhar de Aiden e
encontrando o de Sophie enquanto njo considerar.
— Hum. Não sei. Seu pai me disse que vai car para o café da
manhã hoje, e como ele parece ser contra chocolate, pode ser um
problema.
— O quê? — Sophie se vira para Aiden com entusiasmo. —
Você vai car para o café da manhã?
Seus olhos enrugam com um sorriso.
— Sim. — Ele estende a mão para tocar o nariz dela. — Vou
tentar garantir que estarei aqui para o café da manhã com mais
frequência.
O rosto inteiro de Sophie se ilumina, mas me pego observando
Aiden. Eu posso ver, a maneira como ele percebe que uma coisa
tão simples faz toda a diferença em sua garotinha, posso ver como
isso o agrada e desencadeia uma sensação totalmente nova em meu
peito – uma que é quente, confusa e estranha. Fico feliz, percebo,
em ver os dois felizes, e também percebo que não tem nada a ver
com a estranha história entre mim e Aiden, e tudo a ver com esta
pequena família que está lentamente abrindo espaços em meu
coração.
É algo que pode ser perigoso e que, infelizmente, tem tudo a
ver com Aiden e nossa estranha história.
Eu os observo continuar a conversar alegremente enquanto eu
deslizo da banqueta para começar a me ocupar com as panquecas,
um estranho in uxo de emoções me mantendo quieta com meus
próprios pensamentos enquanto considero tudo o que aconteceu
nas últimas vinte e quatro horas. Estou bem ciente de que há uma
parte de mim que sempre se perguntará o que aconteceu com A,
ou melhor, Aiden, eu acho, mas sei que minha melhor opção é
enterrar todas as emoções que tenho que estão conectadas a
qualquer coisa que compartilhamos há um ano, enterrá-las bem
fundo para que não estraguem o que encontrei com esta pequena
família que desejo desesperadamente que encontrem a felicidade.
Porque a única coisa de que tenho certeza, mais do que qualquer
outra coisa… é que Aiden nunca pode saber o que eu sei.
Não importa o quanto eu queira perguntar.
■□■
Isso ainda está me incomodando mais tarde, quando estou
entrando no prédio do campus da St. Augustine’s, me arrastando
até a sala do laboratório para encontrar meu lugar antes do início
da aula. Eu estava animada com o dia de hoje, já que trabalharemos
com a mesa de anatomia, mas agora estou preocupada com
pensamentos do passado e do presente colidindo para criar um
arranjo muito confuso em minha vida. Eu perco a introdução da
instrutora completamente, debruçada sobre minha mesa enquanto
mastigo a ponta do meu polegar.
Não é até o intervalo para o estudo em grupo que minha
parceira de laboratório, Camila, nalmente comenta sobre meu
comportamento estranho.
— O que está acontecendo com você? Você mal prestou
atenção quando ela estava explicando sobre como usar as
con gurações da mesa.
— Eu sei — suspiro, folheando o guia de instruções. —
Apenas uma estranheza em casa.
— Oh. Você ainda é babá?
— Mm-hmm.
— É a criança? Você disse que ela tinha nove anos, certo? Eu
tenho uma sobrinha dessa idade. Elas podem ser más como o
inferno.
— Não, não, ela é ótima — asseguro-lhe. — Apenas alguns
ajustes estranhos da minha parte.
— Uh-huh.
Camila olha para mim com uma sobrancelha erguida antes de
se inclinar sobre a grande mesa iluminada para tirar as veias do
cadáver digital para que ela possa ver mais de perto os ossos do
pulso.
— Você disse que era só a criança e o pai dela, certo? Isso deve
ser estranho. Morar com um cara desconhecido.
— Ele não é um desconhecido — prossigo. — Os dois são
ótimos.
É que o pai já me disse exatamente como gozar em várias
ocasiões.
Mas não posso dizer isso.
— Minha abuela diz que uma jovem morando com um
homem solteiro é uma receita para o desastre.
— Obrigada — murmuro. — Isso faz eu me sentir melhor.
Camila ri.
— Ela também tem, tipo, oitenta anos. Então eu costumo
ignorá-la às vezes.
Não posso deixar de pensar em Wanda, a solteira atemporal,
imaginando o que ela teria a dizer sobre o assunto. Reviro os olhos.
Ela provavelmente apenas me diria para transar com ele e acabar
logo com isso.
— Camila — eu começo com cuidado, pensando que uma
terceira parte imparcial pode ser exatamente o que eu preciso. — O
que você faria se encontrasse alguém que costumava conhecer…
muito bem, mas ele não se lembra de você?
Ela franze o nariz.
— Isso realmente acontece? Você quer dizer conhecido da
infância?
— Não, não da infância… É complicado.
Camila para de brincar com as con gurações da mesa, olhando
para a instrutora, que está conversando com outro grupo com
di culdades.
— Quão bem você o conhecia?
Quero dizer… ele me viu brincar com meus mamilos.
— Muito bem — eu digo em vez disso. — Mas foi mais uma…
amizade online.
— Hum. — Camila bate no queixo. — Se foi em maior parte
online… faz mais sentido que ele não a reconheça. Talvez você
devesse apenas contar a ele? Ele provavelmente caria feliz em
perceber que era você. A menos que tenha terminado em
condições ruins ou algo assim.
Eu franzo a testa para os meus pés. Não há uma boa maneira
de explicar como Aiden, ou melhor, A, e eu terminamos. O que
quer dizer que nós não terminamos. Ele apenas… desapareceu.
— As coisas terminaram meio estranhas.
— Bem — Camila diz — talvez seja bom que ele não se lembre
então, certo? Poderia ser muito estranho de outra forma.
Ela volta para a mesa para começar a separar os metacarpos;
suas palavras saltando na minha cabeça para me deixar aliviada e
estranhamente… mais deprimida.
Talvez seja bom que ele não se lembre.
Então por que isso me faz sentir tão horrível?
■□■
Aiden cumpre sua promessa naquela semana de estar mais
presente nas manhãs e no início das tardes, certi cando-se de
passar o máximo de tempo possível em casa antes de sair para o
trabalho. Uma semana atrás, isso teria me deixado eufórica, mas
agora que tenho consciência do que sei, signi ca que estou
constantemente no limite. Digo a mim mesma que, se ele ainda
não me reconheceu, não há chance de que o faça. Quero dizer, a
máscara e a peruca que usei durante meu tempo no OnlyFans
parecem ter feito exatamente o trabalho que eu pretendia que elas
zessem, e eu sei que deveria estar aliviada que Aiden parece não
ter ideia do fato de que ele está vivendo com uma mulher que ele
pagou para vê-la se tocar várias vezes.
Então, por que isso meio que me incomoda? Eu não quero que
Aiden me reconheça. Ele não pode.
Depois de alguns dias tomando cafés da manhã desconfortáveis
e andando sobre ovos perto dele, co grata por estar fora de casa,
aceitando o convite de Wanda para jantar e usando isso como uma
chance de esfriar a cabeça. Ela e Sophie instantaneamente se deram
bem, o que eu esperava, a coragem da garotinha combinando com
a de Wanda de uma forma que qualquer outro resultado não seria
aceitável. A nal, semelhante chama a semelhante.
— Agora, tome cuidado com isso — Wanda repreende
enquanto Sophie escolhe entre uma variedade de copos de dose de
lembrancinha. — Alguns deles são mais velhos do que você.
Sophie mostra a ela um em particular.
— Você realmente conseguiu este no Alasca?
— Você pode ter certeza que sim — diz Wanda. — Eu
costumava viajar muito quando era mais jovem. Queria pegar um
de cada estado. — Wanda aponta para o corredor. — Tenho alguns
álbuns de fotos no meu quarto — ela diz a Sophie. — Vá pegar
aquele da capa de couro vermelha em minha estante, e eu vou te
mostrar algumas fotos.
O rosto de Sophie se ilumina com um aceno de cabeça e ela sai
correndo pelo corredor em busca de seu prêmio, deixando Wanda
e eu sozinhas.
— Você quer me dizer o que está acontecendo com você?
Do sofá, franzo a testa para minha amiga, observando-a me
estudar de onde está sentada em sua cadeira de balanço acolchoada
do outro lado da sala.
— O que você quer dizer?
— Não me venha com isso — ela bufa. — Você está distraída
desde o jantar. Eu sei quando algo está errado com você, garota.
— Não há nada de errado comigo — eu argumento. — Tem
sido um longo dia.
Tem sido mais uma longa semana.
— Agora, você sabe que não sou ignorante, então por que agir
assim? Eu consigo perceber quando você está preocupada com
alguma coisa. Então, por que você não desembucha logo antes que
aquela garota encontre meu álbum?
Eu rio secamente, inclinando-me para deixar meu rosto cair em
minhas mãos.
— É tão óbvio?
— Para mim, sim.
— Eu nem sei como começar a te contar o que está
acontecendo comigo.
— Apenas abra a boca e me diga o que está incomodando você
— ela reclama. — Não é tão difícil.
Eu olho em direção ao corredor para ter certeza de que Sophie
ainda está fora do alcance da voz, tomando uma respiração
profunda apenas para deixar escapar lentamente.
— É sobre meu OnlyFans.
— Você voltou com ele? Porque eu disse que você poderia…
— Não, não — digo, balançando a cabeça vigorosamente. —
Eu não vou fazer isso de novo, mas… Eu nunca disse a você por que
excluí minha conta.
— Você me falou uma besteira sobre car cansada disso — diz
Wanda. — Como alguém se cansa de dinheiro fácil está além do
meu conhecimento.
— Bem, quero dizer, isso era verdade, mas não… inteiramente
verdade.
— Oh, caramba.
— É embaraçoso, ok?
— Querida, eu uso um protetor para incontinência urinária
todos os dias. Por que diabos você acha que tem que sentir
vergonha comigo?
Eu sorrio apesar de tudo, balançando a cabeça enquanto caio
contra as almofadas do sofá.
— Havia um cara.
— Sempre há — Wanda suspira.
— Ele era… Quero dizer, eu sei que ele era um assinante, não
estou delirando completamente, mas ele… — Solto um suspiro
frustrado. — Deus, parece tão estúpido.
Sua expressão se torna simpática, e isso só me faz sentir muito
mais tola.
— Vocês caram muito próximos, hein.
— Ele parecia diferente. Nós… Quero dizer, ele me assistia
como todo mundo, mas nós… conversávamos também.
— Bem? O que aconteceu?
— Ele desapareceu um dia. Nós até marcamos uma data para
nos encontrarmos, mas então ele simplesmente… não apareceu. Ele
sumiu depois disso. Eu achei… Achei que ele gostava de mim. Isso
não é estúpido?
A velha pontada se instala em meu peito quando me lembro de
car sentada em uma cafeteria por mais de uma hora antes de
perceber que ele não iria aparecer.
— Primeiro de tudo, você deve jogar toda culpa no homem.
Você tem peitos bonitos e um cérebro ainda melhor, e isso signi ca
que você está automaticamente acima do resto.
Eu não posso evitar, eu rio.
— Devemos colocar isso em uma camiseta?
— Apenas não se chame de estúpida por causa de algum
homem. Não quero ouvir isso de novo. Entendido?
Eu sorrio melancolicamente.
— Perfeitamente.
— Então, imagino que esse bobalhão misterioso não tenha
sumido tanto quanto você pensava, certo?
— Como você sabe?
— Sou velha, Cassie. Eu sei tudo.
— Eu… sim. Ele não sumiu.
— Ele entrou em contato com você?
Eu faço um som engasgado que eu acho que é uma risada,
cobrindo meu rosto com as mãos.
— É o Aiden.
— Perdão?
Eu afasto minhas mãos.
— É o Aiden.
— Seu chefe? — Pode ser a primeira vez que vejo Wanda sem
palavras, e dura apenas uns bons dez segundos antes de se
transformar em raiva. — Ele te contratou por causa disso? —
Wanda levanta da sua cadeira, apontando um dedo para mim. —
Eu juro por tudo que é sagrado, vou fazer um bom uso desse
implante de quadril e colocar meu pé bem no…
— Shh. Ele não sabia — digo a ela, olhando para o corredor
para ter certeza de que Sophie ainda está no quarto. — Ele ainda
não sabe.
— Então como diabos você descobriu isso?
— Ele tem uma cicatriz — eu respondo baixinho. Eu aponto
para minha barriga. — Bem aqui. Ele me contou sobre isso uma
vez. Não é… É uma coincidência muito grande não ser ele.
— Ele sabe sobre a sua?
Estendo a mão inconscientemente para esfregar meu ombro.
— Ele viu.
— Recentemente?
— Não, claro que não. Não teria como ele não somar dois e
dois se visse de novo. Foi quando eu ainda tinha minha conta. Ele
foi… — Meus olhos se voltam para o chão e sinto uma sensação de
aperto no peito. — Ele foi o único que eu deixei ver.
— Então ele de nitivamente não sabe quem você é.
Eu balanço minha cabeça.
— Ele não pode saber.
— Mas você não está curiosa para saber por que ele…?
— Claro que estou, mas… ele desapareceu por um motivo. Ele
obviamente não estava investido tanto quanto eu, e você não acha
que ele se sentiria estranho ao saber quem eu era? Estranho o
su ciente para me demitir, aposto.
— Merda. — Wanda cruza os braços, franzindo a testa para o
tapete. — Você acha?
— Quero dizer, você gostaria de ter uma mulher que você viu
nua e depois descartou virtualmente morando em sua casa? Não
consigo pensar exatamente em uma situação mais embaraçosa do
que essa.
Wanda bate o pé sem rumo, pensando.
— Bem, que inferno.
— Certo. Como eu disse, é estranho.
— Então o que você vai fazer?
Eu jogo minhas mãos para cima.
— O que posso fazer? Só preciso garantir que ele não descubra.
Se ele ainda não descobriu, acho que é seguro dizer que não o fará.
Contanto que ele não veja — eu franzo a testa enquanto a pele
marcada nas minhas costas formigam em lembrete — eu acho que
vai car tudo bem.
— Mas você vai car bem?
— Eu… — Aperto os lábios, um aperto no peito que não
desapareceu na última semana. — Eu vou car bem. É passado.
Quero dizer… eu superei isso e preciso desse emprego.
Wanda não parece convencida.
— Mm-hmm.
— Estou bem — enfatizo. — Sério.
— Cassie, apenas os mentirosos dizem que estão bem. Você
sabe disso, certo?
— Eu não acho que isso seja verdade.
— Claro que é. Eu sei mais do que você.
— Você nem sempre pode jogar a carta de ser velha toda vez
que lhe convém.
— Tem funcionado bem até agora — diz ela com um encolher
de ombros. Ela olha para mim com preocupação, olhando por
cima dos óculos. — Eu não quero ver você se machucar, garota.
Apenas… tome cuidado.
— Eu encontrei! — Pequenos passos ecoam pelo corredor,
chamando nossa atenção. Sophie volta para a sala com seu prêmio
encadernado em couro, parecendo muito animada para um monte
de fotos antigas. Ela joga o livro na mesinha de centro antes de cair
de joelhos ao lado dele. — Você tem alguma foto de ursos polares?
Wanda ri, acomodando-se em sua cadeira de balanço.
— Nunca vi um urso polar, querida. Acho que você
encontrará uma ótima foto de um alce em algum lugar.
Suas sobrancelhas se erguem.
— Um alce?
— Com chifres e tudo — diz Wanda com um sorriso.
— Cassie, você já viu um alce?
Eu balanço minha cabeça.
— Nunca.
Sophie dá um tapinha no local ao lado dela no tapete.
— Venha olhar comigo.
— Tudo bem, tudo bem — eu rio, levantando-me do sofá para
me juntar a ela no chão.
Sophie aponta todas as fotos com neve do álbum que chamam
sua atenção, na verdade, gritando de emoção quando encontra a
foto do alce acima mencionada. Wanda conta tudo sobre como se
depararam com a enorme criatura e, enquanto conversam, penso
no que Wanda disse.
Só os mentirosos dizem que estão bem.
É ridículo, dado o quão preciso é, porque a verdade é que não
estou bem, não mesmo. Na verdade, estou vivendo um pesadelo
criado por mim. Um purgatório construído sobre minhas próprias
escolhas. Porque posso ngir que não me importo por qual
motivo Aiden desapareceu da minha vida há um ano, posso ngir
que isso não importa mais para mim, ou pelo menos, eu poderia,
talvez… antes de conhecê-lo.
Eu tenho mentido para mim mesma de várias maneiras
ultimamente. Tenho mentido para mim mesma e dito que só
quero fazer isso funcionar pelo bem de Sophie. Tenho mentido e
dito a mim que não importa que Aiden seja A, porque no nal das
contas, isso é apenas um trabalho, ele é apenas um cara, eu sou
apenas a babá e não há razão para que nada disso me incomode.
Mas ele tem um rosto agora. Ele conta piadas. Ele pergunta
sobre o meu dia. Ele beija o cabelo da lha. Ele estraga panquecas.
Ele me ouve quando conto minhas preocupações. Ele se preocupa
com o que estou sentindo. E claro, ele é tão bonito que às vezes dói
olhar para ele – mas isso não é tão importante.
Porque, por mais que eu queira ngir o contrário…, eu gosto de
Aiden. Tanto quanto eu achava que gostava de A. E por mais que
eu diga a mim mesma repetidamente que não quero que ele
descubra quem eu sou e corte os laços comigo novamente porque
isso machucaria Sophie, eu sei que no fundo também me
machucaria. Doeria se ele desaparecesse de novo, e saber disso é a
coisa mais perigosa de todas.
Especialmente porque, se ele descobrir… é exatamente isso que
ele fará.
Bate papo com @alacarte

@alacarte
te enviou uma gorjeta de $50
Obrigado pela conversa.
Capítulo 10
Cassie
— Você se divertiu na casa da amiga de Cassie ontem à noite?
Sophie acena com a cabeça em torno de uma colherada de seu
cereal.
— Ela é tão estranha.
— Estranha? — Aiden olha para mim com curiosidade. —
Estranha é algo bom?
Eu concordo.
— Na linguagem de Sophie… eu acredito que seja.
— Ah — Aiden ri. — Claro.
É uma manhã normal de domingo. Acordamos como de
costume, tomamos café da manhã como sempre e tudo parece
fácil, adorável e sem preocupações. E é, em grande parte. Exceto
para mim.
Fico me perguntando se ele vai notar que tenho di culdade em
olhar para ele, se em algum momento ele vai perceber a forma
como o calor invade minhas bochechas e minhas orelhas quando
eu o olho por muito tempo. Toda vez que isso acontece, toda vez
que meu olhar se xa nele e permanece lá por mais de um punhado
de segundos, eu me lembro de tudo que Aiden viu, o quanto ele
nem percebe que viu… tudo de mim. Lembro-me de conversas
sussurradas e palavras doces e sujas, todas murmuradas em um
quarto escuro do qual ele provavelmente não se lembra.
Todo aquele tempo eu me perguntava como ele era, e agora
que tenho uma boca para combinar com as palavras, mãos para
combinar com todas as coisas que ele disse que queria fazer com
elas… É difícil pensar em outra coisa quando olho para ele.
— O que você acha, Cassie?
Eu pisco de volta para Aiden, com a colher a meio caminho da
minha boca, não tendo ouvido nenhum dos últimos segundos de
sua conversa.
— Desculpe, o quê?
— Perguntei a Sophie o que ela queria fazer no aniversário dela
— ele me conta. — É na quinta-feira.
Sophie se levanta de sua banqueta.
— Eu quero ir para a Disneylândia!
— Oh, uau — eu digo com surpresa. — Disneylândia?
— Objetivos bem distantes com a minha agenda — Aiden diz,
confuso.
Eu rio.
— Sim, como você organizaria isso?
— Vamos — Sophie choraminga. — Por favor?
— Pode ser difícil, com o quão ocupado o restaurante tem
estado — diz Aiden com pesar. — Talvez em um mês ou mais?
O rosto de Sophie cai, seu rosto voltando-se para a tigela de
cereal enquanto ela empurra a colher no leite, desanimada.
— Oh.
— Sophie — Aiden suspira. — Você sabe que eu adoraria…
— Mamãe iria me levar — ela interrompe baixinho. — No
meu aniversário no ano passado.
Eu encontro os olhos de Aiden, vendo a culpa lá enquanto ele
me dá um olhar desamparado. Dou de ombros, sem saber o que
dizer, acenando para Sophie no que espero ser um gesto
encorajador. Aiden solta um suspiro antes de passar os dedos pelos
cabelos, alcançando a cabeça de Sophie.
— Acho que podemos… fazer funcionar.
Sophie se ilumina imediatamente.
— Sério?
— Acho que consigo tirar um dia de folga — ele diz a ela. —
Anaheim ca a uma hora de carro…, poderíamos passar um dia no
parque e voltar no dia seguinte antes do meu horário de trabalho…
Eu irei resolver isso. — Ele lança a ela um olhar severo. — Mas você
terá que perguntar ao seu professor se ele pode enviar para casa
suas atividades escolares para os dias que você faltar.
— Posso entrar e falar com ele quando levá-la para a escola
amanhã — ofereço.
Aiden me dá um sorriso agradecido que faz meu estômago
revirar. Maldição.
— Isso seria bom.
— E Cassie pode ir também, certo? — Sophie pergunta com
expectativa.
Aiden e eu olhamos um para o outro, Aiden parecendo
inseguro.
— Eu não sei se Cassie quer participar…?
— Ela quer ir — a rma Sophie, olhando para mim. — Não
quer?
— Eu… eu odiaria me intrometer em seu tempo em família.
Sophie faz beicinho.
— Não vai ser tão divertido sem você.
— Eu… — Eu olho para Aiden, procurando ajuda. — Não sei
se…
— Você é bem-vinda para ir — Aiden me assegura. — Se você
quiser. — Ele me dá um sorriso meio tímido. — Não seria tão
divertido sem você.
— Oh. — Eu posso dizer pelo olhar no rosto de Sophie que
não há como recusar isso. — Bem… Se vocês tem certeza de que
querem que eu vá.
— Talvez possamos ir na quarta de manhã? — Aiden pega seu
telefone para veri car algo. — É um dia antes, mas o meio da
semana costuma ser nosso horário mais lento. Provavelmente será
melhor. Isso funcionaria? Você tem algum plano?
— Parece perfeito — digo com rmeza, calculando o custo em
minha cabeça. — Se você me disser quanto custam os ingressos…
— Oh, não — diz Aiden com um aceno de cabeça. — Não se
preocupe com nada. Eu cuidarei disso. Posso fazer reservas hoje à
noite no meu intervalo.
— Eu não poderia deixar você…
— Eu quero — diz ele com rmeza. — Não se preocupe com
isso.
— Ok.
Sophie sacode o braço do pai.
— Tia Iris pode ir também?
— Oh, eu… — Aiden parece inseguro. — Não sei se ela
gostaria. — Ele compartilha um olhar comigo e, novamente, eu
aceno encorajadoramente. Aiden dá a Sophie um sorriso no. —
Vou ligar para ela e perguntar.
Sophie já está cantando de emoção, seu cereal esquecido
quando ela me pergunta se ela pode ligar para Wanda e contar a ela
sobre a viagem. Aiden parece confuso depois que dou a ela meu
celular e ela sai correndo com ele.
— Não consigo descrever o quanto ela e Wanda se deram bem.
Aiden sorri.
— Claramente.
— Elas são praticamente melhores amigas agora — brinco. —
Estou sendo deixada de lado enquanto conversamos.
— Estou feliz que você a levou — diz ele. — Ela só falou sobre
isso esta manhã. Parece que ela se divertiu muito.
— Espere até conhecer Wanda — eu rio. — Você vai entender.
— Algo pelo qual esperar — observa ele. Ele parece
preocupado então. — Convidar Iris é uma péssima ideia?
Eu dou de ombros.
— Desconfortável, talvez, mas não péssima. Pode ser uma boa
oportunidade para vocês se entenderem.
— Certo — diz ele distraidamente, balançando a cabeça. —
Você tem razão.
Eu dou outra colherada no meu cereal apenas para não ter que
olhar mais para ele, cada segundo olhando para seu rosto signi ca
mais algumas batidas que meu batimento cardíaco acelera. Era
estranho assim antes? Pergunta estúpida. Claro que era. É
de nitivamente mais agora que eu sei que ele me viu nua.
— Eu não te agradeci direito — ele continua.
Eu olho para ele.
— Pelo quê?
— Apenas… por car com a gente. Quero dizer, com Sophie, é
isso. Ela ama você.
Esta parte é fácil, sem ansiedade ligada aos meus sentimentos
pela garotinha.
— Eu também a amo. Ela é uma ótima criança.
Aiden acena com a cabeça, parecendo aliviado.
— Estou feliz que foi você que respondeu ao anúncio.
— Ah, bem… — Engulo em seco, sentindo aquele calor
familiar nas pontas das orelhas. — Eu também. Tem sido ótimo.
— Nós dois temos sorte de ter você, Cassie — ele continua, me
fazendo corar ainda mais. — Eu espero que você saiba disso.
Ele está feliz por você ser tão boa com a filha dele. Não fique fora
de si.
— Eu… Obrigada — digo, esperando que meu cabelo esteja
pelo menos cobrindo meu pescoço, que está cando mais quente a
cada segundo que passa. — De verdade.
— Eu espero que você ainda esteja… feliz aqui? Você parece
meio quieta ultimamente.
Bem, merda.
— Eu pareço?
— Talvez eu esteja vendo coisas a mais — diz ele, encolhendo
os ombros. — Parece que você esteve… Não sei. Pensei que talvez
você estivesse chateada comigo.
— O quê? — Isso me pega de surpresa. — Eu não estou
chateada com você.
— Oh. É que… parece que você está me evitando desde que
conversamos.
— Eu não estou chateada — asseguro-lhe. — Tenho muitas
coisas na cabeça ultimamente.
Aiden franze a testa, algo em sua expressão parecendo que ele
quer perguntar mais, porém não consegue descobrir como. Há
uma ruga em sua testa e uma expressão em sua boca que não me dá
a menor ideia do que ele está pensando, e eu me preocupo neste
momento que ele de alguma forma saiba o que eu estou pensando,
que ele possa ver através da minha frágil mentira sobre o real
motivo.
Não tem como ele saber. Você está bem.
— Eu realmente sinto muito — diz ele. — Por despejar tudo
isso em você.
— Sério, está tudo bem. — Tento sorrir, mas, por mais nervosa
que esteja agora, só consigo imaginar como parece forçado. — Eu
acho que é um efeito colateral de se preocupar com Sophie.
— Certo. — Ele concorda. — Espero que você saiba o quanto
eu… aprecio você.
Prendo a respiração.
É apenas por causa do trabalho que você está fazendo. Pare de ver
coisas onde não tem.
— Estou feliz — eu consigo dizer. — Estou feliz aqui. Com
vocês.
Há um momento em que nenhum de nós diz nada, e eu sei
que deveria desviar os olhos, que é estranho sentar aqui e
continuar olhando para ele, mas o problema é… ele também não
desvia o olhar. Mais uma vez me pego desejando poder saber o que
ele está pensando.
— Bom — diz ele nalmente, sua expressão ainda difícil de ler.
— Fico feliz.
Estou abrindo a boca para dizer algo, exatamente o quê, não
sei, mas Sophie escolhe aquele momento para se juntar a nós, e isso
acaba não sendo um problema.
— Wanda disse para tirar fotos — Sophie me diz. — E para
trazer de volta um copo de dose para ela.
A sobrancelha de Aiden se ergue.
— Um copo de dose?
— Sim. — Sophie assente. — É esse tipo de copo minúsculo.
Eu não sei o que você bebe com eles. Elas não queriam me dizer.
Ela tem um do Alasca!
— Ela tem um de quase todos os lugares — eu rio.
— E ela viu um alce — Sophie diz.
— Eu sei — diz Aiden, divertido. — Você me contou sobre o
alce. Várias vezes.
Sophie me devolve o telefone, olhando para mim com
expectativa.
— Então, o que vamos fazer hoje?
— Bem — começo. — Eu pensei que talvez pudéssemos voltar
para aquele parque que você gostou. Foi divertido, certo? A
previsão é que será um bom dia hoje.
— Sim! Isso parece incrível. — Ela olha para o pai com
entusiasmo. — Você pode vir? Por favor? Só por um tempinho?
Eu posso balançar super alto. Você tem que ver.
— Ah, eu… — Aiden olha para mim impotente, e eu só posso
encolher os ombros. — Sim — ele suspira, e posso dizer por sua
expressão que isso vai deixá-lo atrasado, mas estranhamente isso
torna tudo muito mais doce. — Eu adoraria ver o parque. Por que
você não sobe as escadas e se veste enquanto eu tomo banho?
Sophie grita de alegria antes de ir direto para as escadas, Aiden
abaixa a cabeça cansadamente antes de inclinar o rosto para trás
para encontrar o meu.
— Tenho que dizer… aquele sorriso faz as noites de merda que
terei valerem a pena.
— Super pai — eu elogio.
O canto de sua boca se levanta, e acho que são momentos
como esse que me deixam mais insegura. Vê-lo tão despreocupado,
com seu sorriso fácil, seus olhos bonitos e seu cabelo ainda
espetado em várias direções da mesma forma que o de Sophie faz
quando ela acorda… torna muito mais difícil ngir que não estou
mais interessada do que deveria. Que eu não estou imaginando
como seria o cabelo dele sob meus dedos ou como seria o sorriso
dele contra a minha pele.
— Acho que é melhor eu dar um pulo no chuveiro — ele diz,
deslizando para fora de sua banqueta.
Eu dou a ele um aceno conciso enquanto ele se dirige para as
escadas, não relaxando até que ele esteja fora de vista e eu esteja
sozinha. Eu solto um suspiro, deixando meu rosto cair contra a
bancada de granito e deixando esfriar o rubor em minhas
bochechas.
Não estou pensando em Aiden no chuveiro. Absolutamente
não.
■□■
Eu não sei quem está se divertindo mais no parquinho – Aiden ou
Sophie. A última hora foi preenchida com os gritos dela e as risadas
dele, Aiden satisfazendo todas as vontades de Sophie, seja
empurrando-a no balanço ou seguindo-a pela escada do trepa-
trepa que é consideravelmente pequena demais para ele, seu corpo
acima da média tentando manobrar através de cada seção é muito
divertido de assistir.
Eu mantenho uma distância, sentada no banco, contente em
vê-los passar um tempo juntos. De vez em quando, Aiden sorri
para mim como se estivéssemos compartilhando um segredo, algo
que parece irônico, considerando que estamos compartilhando um
segredo, ele simplesmente só não sabe. Não sei quanto tempo se
passa antes que ele se jogue no banco ao meu lado enquanto
Sophie se ocupa no carrossel com algumas outras crianças que
chegaram esta manhã, com as bochechas coradas e a respiração
ofegante.
— Acho que estou cando velho — ele ri.
— Me poupe. — Reviro os olhos. — Você mal passou dos
trinta anos.
— Vou fazer trinta e dois em quatro meses — ressalta. — Já
passei da data de validade.
— Vou começar a escolher seu quarto na casa de repouso.
Aiden me dá uma expressão de falso alívio.
— Bem, isso é uma coisa a menos para me preocupar, eu acho.
— É o meu grande plano — eu digo séria. — Levar você para
fora da casa e criar Sophie como minha ajudante supervilã.
— Boa sorte com isso — Aiden bufa. — Sophie briga comigo
para escovar os dentes algumas manhãs. Algo me diz que ela não
terá paciência para o crime organizado.
— Bem, merda. — Eu balanço minha cabeça. — Lá se vai meu
plano de cinco anos.
O sol está subindo no céu, e Aiden levanta o rosto, cobrindo os
olhos enquanto franze a testa.
— Talvez eu devesse ter trazido protetor solar para Sophie.
— Ela vai car com fome em breve, de qualquer maneira. Ela
vai car bem.
— Você tem razão. Vou deixá-la brincar mais um pouco e
depois podemos ir. Não quero que ela tenha insolação.
— Você sabia que os porcos podem sofrer queimaduras
solares?
Aiden de alguma forma parece incrédulo e divertido ao mesmo
tempo.
— Onde você guarda isso, exatamente?
— Você me pegou. — Eu levanto meu punho para bater no
meu próprio crânio. — Esses fatos provavelmente estão ocupando
todo o espaço extra que eu deveria economizar para algo mais
importante. Como lei tributária, talvez.
Percebo que sua boca se contrai com o canto do meu olho, e
tenho que conter meu próprio sorriso para não parecer muito
boba. Nós dois sentamos em silêncio por um tempo, observando
Sophie se divertir, e eu nem percebo que ainda estou sorrindo para
mim mesma até que pego Aiden me observando com o canto do
olho.
— Desculpe — digo timidamente. — Ela parece tão feliz.
Ele ainda está me observando, aquela mesma coisa ilegível em
sua expressão que me faz desejar poder ler seus pensamentos.
— Não, é… Não há nada para se desculpar.
— Eu sei que passei dos limites quando conversamos pela
última vez, mas… realmente fez a diferença, eu acho. Ela poder
passar mais tempo com você.
— Você não… — Ele contesta, nalmente desviando o olhar
para observar Sophie. — Passou dos limites. Você não disse nada
que não fosse verdade.
— Ainda assim. Tenho certeza de que é irritante para alguém
que está por perto há menos de um mês agindo como se soubesse
de tudo.
Aiden ri baixinho.
— Isso é tão estranho. Parece que já faz mais tempo do que
isso.
— Sério?
— Talvez seja porque você e Sophie se deram tão bem.
— Ela nunca colocou lixo na minha cama, pelo menos.
Ele sorri suavemente, ainda observando Sophie.
— Estou feliz que você não está com raiva de mim.
— Eu juro, nunca quei.
Estou tentando ngir que não estou lançando olhares furtivos
para ele, sem perceber a maneira como o vento bagunça seu cabelo
ou a maneira como seu jeans se ajusta ou como sua camisa cinza-
escuro abraça seu peito – mas é difícil fazer isso quando Aiden
continua percebendo que estou fazendo isso, quando ele mesmo
está roubando olhares.
— Bom — diz ele nalmente. — Foi estranho. Como se você
estivesse me evitando.
— Sim, bem… você me evitou primeiro.
O rosto de Aiden se abre em um sorriso.
— Não somos muito bons em lidar com nossas emoções, não
é?
— Eu não sei do que você está falando. Evitar situações
vergonhosas é a melhor maneira de lidar com elas, na minha
experiência.
— Então você admite que foi uma experiência vergonhosa —
ele brinca.
Mais do que você pode imaginar, penso amargamente.
— Quero dizer, eu nunca tive uma conversa signi cativa com
meu chefe enquanto ele estava seminu, então acho que lidei bem
com isso, considerando todas as coisas.
— Sim… não tenho certeza do que me levou a acreditar que
minha camisa era a melhor opção para limpar minha cerveja.
— Havia toalhas de mão perfeitamente boas na gaveta.
— Eu estava muito cansado, ok?
É um momento que parece muito fácil, que quase me faz
esquecer todas as outras merdas que estão acontecendo em minha
cabeça e que me deixam ansiosa se eu car pensando nisso por
muito tempo. Ele tem que ser tão legal? Isso torna muito mais
difícil fazer a coisa certa e guardar todos os meus sentimentos.
Decido que é melhor mudar de assunto.
— Então… Disneylândia?
— É — Aiden suspira. — Já consigo ouvir meu chefe
reclamando.
— Mas pense em como ela cará feliz — eu indico.
— Você está certa — diz ele. — Ela vai perder a cabeça.
— Você já foi?
Ele faz uma careta.
— Absolutamente não.
— Oh, garoto. Isso vai ser ainda mais divertido.
— O quanto eu vou me arrepender disso?
— Não se preocupe, estarei lá para lidar com todas as coisas
difíceis.
— As coisas difíceis?
— Ah, você sabe… Tirar fotos com as princesas, Castelo da
Bela Adormecida – você percebe que ela vai querer se fantasiar,
certo? O que você acha das montanhas-russas?
Aiden parece estar se sentindo enjoado.
— Quais são as chances de ela querer passar boa parte do dia na
atração de Star Wars?
— Eu não apostaria nisso — eu rio. — Eu acho que você vai
encontrar muita diversão com as princesas. Talvez possamos
assistir a um des le! — O olhar no rosto de Aiden só me faz rir
ainda mais. — Isso vai ser muito divertido.
— Estou feliz que você está ansiosa por isso — ele murmura.
Estendo a mão para dar um tapinha na sua.
— Vou garantir que você não se perca, não se preocupe.
Foi um gesto inocente colocar minha mão sobre a dele, mas
quando minha risada diminui, percebo que ela ainda está lá, e
Aiden está olhando para onde minha mão está tocando a dele de
uma forma que me faz perder minha linha de pensamento. Não sei
quanto tempo camos assim antes de me lembrar da minha
posição, limpando a garganta antes de me afastar o mais rápido
que posso sem parecer estranha.
— Desculpe.
— Está tudo bem — diz ele muito rapidamente. — Estou feliz
que você também vai.
— Sim?
Ele balança a cabeça, sem olhar para mim.
— Por Sophie, quero dizer. Tenho certeza que ela vai se divertir
muito mais com você lá.
— Oh. Bem… — Por Sophie. Por que isso dói? É a única razão
pela qual estou aqui, a nal. — Acho que vai ser muito divertido.
Aiden limpa a garganta.
— Eu liguei para Iris.
— Você ligou?
— Ela não conseguiu ninguém para cobrir a loja por dois dias
— ele me diz. — Já que vamos car em um Airbnb depois.
Por favor, não me lembre, penso lamentavelmente. Embora,
por que dividir uma casa alugada com Aiden me faz contorcer
quando moramos juntos está além de mim.
— Isso é muito ruim — digo, falando sério, estranhamente. —
Eu sei que Sophie vai car chateada.
Aiden acena com a cabeça.
— Ela vai passar por lá antes do trabalho na sexta-feira.
— Bem, pelo menos isso é bom. Foi estranho? O telefonema?
— Eu… — Ele franze os lábios por um momento antes de
balançar a cabeça. — Ela soou… grata. Por eu ter perguntado. Pode
ter sido uma das conversas mais fáceis que tivemos nesse ano.
— Talvez ela veja que você está tentando encontrá-la no meio
do caminho.
— Talvez. — Ele olha para mim. — Obrigado por sugerir.
— Ah, bem… — Eu tento parecer indiferente. — Estou apenas
cuidando de Sophie.
E de você, eu não digo.
Acho que talvez nós dois quemos sem coisas para dizer; um
silêncio se estabelece sobre nós dois enquanto observamos Sophie,
que se mudou para as barras de trepa-trepa. Ficamos assim até que
uma mulher empurrando um carrinho passa por nós para sentar
no banco ao nosso lado, bufando ao deixar cair uma sacola de
fraldas no chão ao lado dela.
— Vocês se importam se eu sentar aqui?
— Não, claro que não — Aiden diz a ela. — Por favor.
A mulher parece estar a alguns dias longe de uma boa noite de
sono, o cabelo jogado em um coque bagunçado e os olhos
marcados com olheiras.
— Graças a Deus pelo parque, certo? — Ela ri enquanto se
preocupa com o laço da menina no carrinho. — Eu enlouqueceria
se não pudesse trazer o irmão dela aqui para gastar um pouco de
sua energia.
Eu me inclino para ter uma visão melhor da sua bebê.
— Ela é adorável. Quanto tempo?
— Seis meses — ela nos diz. — Ela dá trabalho, mas pelo
menos ela é quieta. — Ela acena com a cabeça em direção a um
garotinho de cabelos escuros que atualmente sobe a escada para o
trepa-trepa. — Aquele parece nunca se cansar. — Ela nos dá um
sorriso gentil então. — Qual é o seu?
— Minha lha — Aiden oferece, apontando para as barras do
trepa-trepa. — Ela está ali.
— Ela é uma gracinha.
Aiden sorri com gratidão.
— Obrigado.
— Vocês formam uma família tão bonitinha — ela diz, minhas
bochechas instantaneamente cando mais quentes.
— Ah, nós não somos…
— Daniel! O que foi que eu disse? — Ela nos dá um olhar de
desculpas. — Desculpe. Preciso garantir que ele não quebre
alguma coisa.
Ela nos deixa lá, empurrando seu carrinho com pressa para
veri car seu lho, que agora está pendurado de cabeça para baixo
na escada, e quando nalmente encontro coragem para olhar para
Aiden, ele parece tão envergonhado quanto eu.
— Acho que isso iria acontecer em algum momento — diz ele
com uma espécie de risada tímida. — Não é nada demais.
— Certo. — Estendo a mão para colocar uma mecha de cabelo
atrás da orelha, olhando para o concreto. — Mas é ridículo.
Aiden inclina a cabeça para mim de lado.
— O que você quer dizer?
— Quero dizer… — Acho que, na minha tentativa de tornar as
coisas menos estranhas, estou cavando um buraco mais fundo. —
Bem, obviamente você está fora do meu alcance. Em um outro
planeta, na verdade. Portanto, duvido que muitas pessoas
cometam o mesmo erro.
— Você acha que eu estou fora do seu alcance?
Jesus Cristo, o que eu fiz? Ainda é tarde para fugir?
— Quero dizer… falando objetivamente, é óbvio que você é…
— Eu não acho que seja tão óbvio — ele diz categoricamente.
— Falando objetivamente.
A respiração que eu estava prestes a tomar ca presa em meus
pulmões, e quando encontro coragem para olhar para Aiden, sua
expressão parece totalmente séria.
— O quê?
— Se qualquer coisa — diz Aiden — você estaria fora do meu.
Minha boca se abre em surpresa.
— O quê? Não tem como…
— Cassie, você tem que saber… — Ele pisca então, parecendo
perceber o conteúdo da conversa que estamos tendo. — Ok. Acho
que talvez seja eu quem esteja passando dos limites agora.
— Não, tudo bem, eu não queria…
— Só acho que você nunca deveria insinuar que não é boa o
su ciente para alguém — diz ele com naturalidade. — Muito
menos para mim.
Não tenho ideia do que dizer sobre isso, deixada sentada no
banco com a boca aberta e lutando para dar algum tipo de
resposta. Ele está dizendo que está ao meu alcance? Como se ele
tivesse considerado isso? Ou ele está apenas sendo legal? Estou
com muito medo de perguntar; tudo sobre esta conversa está
gritando perigo.
Nós dois olhamos um para o outro pelo que parece muito mais
do que os dez segundos que provavelmente são. Percebo a forma
como os olhos de Aiden mergulham para a minha boca, a forma
como sua garganta balança com um gole e seu peito sobe e desce
mais pesado do que um momento atrás.
— Ei, pai! Venha me empurrar!
Aiden vira a cabeça, ainda respirando mais forte do que deveria
quando encontra Sophie acenando para ele do outro lado do
parquinho. Ele olha dela para mim e para ela novamente,
nalmente balançando a cabeça antes de se levantar do banco.
— Desculpe. Isso foi… Eu não deveria… — Ele respira fundo
pelas narinas, apenas para expelir pela boca. — Apenas esqueça
que eu disse alguma coisa.
Eu não digo nada, porque não tenho ideia do que começar a
dizer, observando suas costas enquanto ele se afasta de mim. Mais e
mais, minha mente está separando e juntando cada coisa que ele
acabou de dizer, para tentar descobrir o signi cado, chegando a
todos os tipos de conclusões, cada uma fazendo menos sentido que
a anterior. Aiden realmente acabou de me dizer de uma maneira
estranha e indireta que estou bem ao seu alcance? Que ele está no
meu?
E o que diabos signi ca se ele estiver?
Levo muito tempo para me mover do banco enquanto meus
pensamentos correm, sabendo que estarei fazendo o oposto
absoluto do que ele me pediu para fazer.
Apenas esqueça que eu disse alguma coisa.
Certo. Com certeza isso vai acontecer.
Bate papo com @alacarte

Puta merda, Cici. Aquilo foi incrível.


Você me pediu para falar mais alto.

Não vou conseguir dormir esta noite


pensando em você implorando por mim.

Você não tem ideia do quanto eu


quero te foder.
Acho que estou começando a ter uma
ideia.
Capítulo 11
Cassie
Aiden na Disneylândia acaba por ser uma das coisas mais
engraçadas que eu já vivenciei. Ele parece deslocado em sua camisa
preta, óculos escuros e jeans escuros – uma cabeça bem mais alta
do que a maioria das outras pessoas e uma expressão única que é
igualmente nervosa e estoicamente decidida. Mesmo assim, ele
aceita tudo que Sophie joga em cima dele. Ele usa as orelhas que
combinam com as minhas e com as dela, das quais ela implorou.
Ele espera pacientemente na loja de fantasias (no m das contas,
ela não era muito velha para as princesas) enquanto ela veste o
combo inteiro: vestido, tiara, varinha e sapatos. Ele até vai em
todos os brinquedos que ela pede, embora eu tenha certeza de que
ele talvez tenha medo de altura. Os nós dos dedos dele caram da
cor de giz quando Sophie o fez ir no Incredicoaster.
Seria o dia perfeito… se não fosse pelo ar estranho entre nós.
Depois que Aiden nos deixou no parque para ir trabalhar no
domingo, as conversas entre nós até agora não passaram de olás e
despedidas estranhas, e uma mensagem sobre passagens e reservas
para algum Airbnb próximo. Ele não disse mais nada sobre a
estranha troca que tivemos no parque – na verdade, Aiden não
disse nada além do que o necessário desde então. Mesmo na
viagem de uma hora até Anaheim esta manhã, parece que ele só
falou comigo quando absolutamente necessário, iniciando nosso
ciclo de idas e vindas para evitar todas as coisas estranhas
novamente.
Nossas habilidades de comunicação parecem voltar para níveis
elementares quando qualquer um de nós pensa que ultrapassou os
limites. Seria irritante se eu não estivesse sendo tão idiota quanto
sobre isso; também não consigo me obrigar a trazer isso à tona,
então não acho que possa realmente car chateada com ele.
Ao meio-dia, posso dizer que Aiden já está exausto, escondido
sob a sombra de uma árvore em um banco enquanto Sophie e eu
saímos do Matterhorn. Supostamente ele precisava de uma pausa
para ir ao banheiro que simplesmente não podia esperar, mas não
estou totalmente convencida de que ele não tenha medo do
Abominável Homem das Neves. A aniversariante está conversando
sobre o passeio, ajustando a tiara que ganhou da Bibbidi Bobbidi
Boutique (uma tiara azul, porque rosa era muito feminino para
seu vestido de princesa, aparentemente) e pulando ao meu lado
assim que ela vê seu pai.
— Pai, pai — Sophie grita animadamente enquanto ela corre
em direção a ele. — Foi incrível!
— Aposto que sim. — Ele alcança ao seu lado para pegar duas
bebidas, entregando uma para cada uma de nós. — Achei que
vocês poderiam estar com sede.
Eu não deveria car tão feliz com uma garrafa de Snapple, mas
não posso evitar. Eu só mencionei meu sabor favorito uma vez e,
aparentemente, Aiden considerou importante o su ciente para se
lembrar. Eu balanço para frente e para trás, dando a ele um sorriso
agradecido.
— Chá de pêssego.
— Me disseram que seu sangue é assim neste ponto.
Eu dou minha atenção para a garrafa só para que ele não veja
meu sorriso bobo, estendendo a mão para desenroscar a tampa. Eu
a viro para ler o fato, rindo.
Aiden inclina a cabeça com curiosidade.
— O quê?
— Eu juro que não estou inventando isso — eu bufo,
segurando a tampa para que eu possa ler para eles. — “As cem
dobras no chapéu de um chef representam as cem maneiras de
preparar um ovo.”
Aiden ri, estendendo a mão.
— Sem chance.
Deixo cair a tampa em sua mão.
— Você pode preparar um ovo de cem maneiras?
— Eu… — Ele franze a testa. — Eu realmente não sei. Eu
deveria saber?
— Todos os cozinheiros pro ssionais que conheço são
a cionados por ovos — eu faço um som de tsc com a língua.
Os lábios de Aiden se inclinam para cima, e esse pode ser o
primeiro momento normal que tivemos desde domingo.
Sophie aparentemente não está interessada nessa troca,
tomando um gole de seu Gatorade e fazendo barulho alto de aah
logo após.
— Eu quero ir no Matterhorn de novo — ela lamenta. —
Podemos ir de novo? — Ela dá a Aiden um olhar suplicante. —
Pai. Você iria adorar. Nós podemos?
— Ah, eu… — Ele sorri para ela, mas parece nervoso. — Você
sabe, há um monte de coisas que ainda precisamos ir. Que tal se for
na próxima?
— Ok — Sophie faz beicinho.
Dou uma cotovelada em Sophie gentilmente.
— Acho que seu pai está com medo do Abominável Homem
das Neves.
— O quê? — Sophie olha para o pai com preocupação. —
Você está com medo?
Aiden levanta uma sobrancelha.
— Eu não estou com medo do Abominável Homem das
Neves.
— Isso soa exatamente como algo que alguém com medo do
Abominável Homem das Neves diria — eu provoco.
— Claro que não.
— Estou apenas dizendo. — Eu dou de ombros. — No
minuto em que você ouviu Abominável Homem das Neves, de
repente você precisava de uma pausa para ir ao banheiro.
— Hilário — ele fala inexpressivo. — Vocês já estão com fome?
Sophie cobre a barriga com a mão.
— Estou morrendo de fome.
— Eu vi alguns carrinhos de comida naquela direção. — Ele
aponta para a Fantasialândia. — Poderíamos ir e ver o que eles têm.
— Ainda temos que ir ao Peter Pan!
— Nós vamos chegar lá — Aiden garante a ela. — Ainda
temos o resto do dia.
— Ok — ela bufa. — Desde que nós…
Levamos um segundo para Aiden e eu percebemos que Sophie
parou de nos seguir e, quando nos viramos, ca claro que algo
mais capturou completamente sua atenção. Eu sigo sua linha de
visão em direção à Fantasialândia, apertando meus olhos para
tentar enxergar o que ela está vendo.
— Aquela é…?
Sophie grita.
— É a Mirabel!
Ela agarra minha mão e começa a me puxar, deixando um
Aiden muito confuso para trás enquanto ela me puxa em direção à
princesa da Disney em questão. Uma atriz muito bonita com
cachos castanhos e pele escura está pulando por perto em uma saia
bordada azul-petróleo e uma blusa branca esvoaçante. São os
óculos que denunciam, redondos e verdes brilhantes. Ela acena
para as crianças por quem ela passa, e Sophie está quase
hiperventilando conforme nos aproximamos.
— Cassie! Cassie! É a Mirabel!
— Eu estou vendo — eu rio. — Você quer conhecê-la?
— Eu posso?
— Vá em frente — eu insisto, empurrando-a em direção a atriz,
que está a apenas uns bons três metros de distância agora. —
Estaremos bem aqui.
Sophie praticamente corre na direção de Mirabel, diminuindo
a velocidade apenas quando ela está a uns trinta centímetros de
distância enquanto ela espera pacientemente que a atriz vestida de
Mirabel termine de falar com um garoto que parece ser um pouco
mais novo que Sophie.
— Eu deveria saber o que acabou de acontecer?
Olho para Aiden, que nalmente me alcançou.
— Você precisa entrar na moda de Encanto — eu rio.
— Pelo jeito sim. — Ele está ao meu lado, en ando as mãos
nos bolsos. — Não tenho certeza se já a vi tão animada.
— Ela é obcecada pela Mirabel — eu o informo. — É um lme
fofo. Você deveria assistir.
— Vou tentar fazer questão de perguntar a ela na próxima
semana — ele promete.
Nós dois assistimos quando Sophie nalmente consegue sua
vez de se aproximar de Mirabel, seu rosto se iluminando quando a
atriz se agacha ao seu nível, dando-lhe um sorriso brilhante. Não
consigo ouvir sobre o que elas estão falando, mas como Sophie
parece ter conhecido o equivalente infantil do presidente, deve ser
bom.
— Você está sobrevivendo muito bem à Disney — eu indico,
desenroscando a tampa da minha bebida para tomar outro gole. —
Eu pensei que as orelhas iam acabar com você.
Ele estende a mão para tocar as orelhas do Mickey Mouse que
Sophie insistiu em pegar apenas para trocar as dela por uma tiara
no segundo em que a viu na boutique.
— Acho que é assim que o fundo do poço de um pai se parece.
— Elas são fofas, não se preocupe — eu rio.
Ele pigarreia sutilmente.
— São?
— Sim, elas são… — É um erro olhar para ele, porque como
alguém vestindo preto na Disney e com orelhas de Mickey Mouse
consegue parecer tão tentador? Não consigo ver seus olhos por trás
dos óculos escuros, mas não importa, acho, porque é óbvio que ele
está olhando diretamente para mim. — Você ca bem com elas —
eu digo um pouco mais baixo.
Eu observo sua mandíbula trabalhar sutilmente por apenas um
momento antes de ele olhar para Sophie, que está fazendo Mirabel
assinar seu livro de autógrafos.
— Você também.
Você poderia simplesmente perguntar a ele, algo sussurra em
minha cabeça. Você poderia apenas perguntar o que ele quis dizer no
parque. O que de pior poderia acontecer?
Ele poderia me dizer que estava apenas sendo legal. É isso.
— Ei, Aiden, sobre…
— Pai! Cassie!
Eu viro minha cabeça para ver Sophie apontando
freneticamente para um arbusto logo atrás dela, sou capaz de
distinguir apenas uma cabeça com cabelo encaracolado e um
poncho verde-esmeralda. O ator parece tão nervoso quanto seu
homônimo, espiando por trás de um galho e acenando
timidamente para Sophie enquanto ela corre até ele.
— Então, vamos falar sobre Bruno — eu meio que canto.
Aiden franze a testa.
— O quê?
— Nada — eu rio. — É melhor irmos até ela antes que ela
hiperventile.
Provavelmente é o melhor, eu penso. A curiosidade matou o
gato.
Esqueça o gato, é com meus malditos sentimentos que estou
mais preocupada.
Eu não tento mencionar o assunto pelo resto do dia.
■□■
Passamos cada segundo do dia inteiro explorando a Disneylândia –
Sophie nos arrastando de uma atração para outra até bem depois
do pôr do sol. Aiden sicamente tem que carregá-la quando
nalizamos tudo, a garotinha cando mais do que feliz em
permanecer até o fechamento do parque. É difícil explicar a uma
criança de dez anos que não é uma boa ideia mantê-la fora de casa
depois da meia-noite.
Ela adormece no carro a caminho do Airbnb, mas mesmo com
nada além do som de carros passando do lado de fora, Aiden e eu
ainda não conseguimos encontrar uma maneira de quebrar o
silêncio tenso. Ele não olhou para mim uma vez desde que
deixamos o parque, e mesmo que o sol tenha se posto, eu posso
distinguir suas feições sob a luz da rua se eu der uma olhada em sua
direção. Vai ser estranho carmos presos no pequeno espaço do
Airbnb se isso continuar, não tendo a rede de segurança de um
andar inteiro entre nós como temos em casa.
Eu não sei quanto tempo camos assim antes de eu me cansar
disso, mas quando ouço o bater de seus dedos contra o volante pela
quarta vez, não aguento mais.
— Eu acho que é seguro dizer que hoje foi um sucesso — eu
indico. — Ela provavelmente vai tentar usar aquele vestido de
princesa para ir à escola quando voltarmos.
Aiden ri baixinho.
— Isso fez valer a pena o show de merda que eu vou encontrar
quando voltar para o trabalho.
— Super pai — digo, repetindo minha declaração do outro
dia.
Eu mal consigo ver seu sorriso fraco.
— É.
— Aposto que ela nem vai se mexer quando você a carregar
para a cama.
— Você provavelmente está certa — ele concorda, e quando eu
olho de novo, eu o vejo olhar pelo espelho retrovisor. — Ela teve
um dia cheio.
— Você se divertiu?
— De nitivamente foi algo.
— Talvez você possa usar as orelhas para trabalhar quando
voltar.
— Ah, com certeza. Eu farei isso — ele bufa.
Eu sorrio na meia escuridão, virando meu rosto para janela. É
engraçado como as coisas podem parecer tão fáceis entre nós
apenas para se tornarem desconfortáveis momentos depois. Aiden
pigarreia então, chamando minha atenção, aparentemente não
terminando de falar.
— Você disse que elas caram bem em mim — ele menciona,
sua voz mais baixa do que era um momento atrás. — Então.
Eu viro minha cabeça ligeiramente, sentindo meu coração
bater mais rápido.
— Sim. Eu disse.
— Você ia me perguntar uma coisa mais cedo — ele continua.
— O que era?
— Oh. — Eu engulo, minha boca seca de repente. — Eu só
estava… — Não é uma boa ideia, e eu sei disso. Eu deveria largar,
mas não faço isso. — Eu ia perguntar o que você quis dizer no
outro dia.
— No outro dia — ele ecoa baixinho.
— Sim, você… — Eu me mexo no banco do carro,
endireitando minhas costas enquanto minhas mãos agarram meus
joelhos. — No parquinho. Quando aquela mulher disse… Quando
eu disse que você era… — Deus. — Você disse que não era óbvio.
Eu só posso esperar que ele esteja entendendo essa bagunça de
palavras que eu estou soltando, porque eu mal consigo me ouvir
pensar sobre a forma como minha pulsação está martelando
dentro dos meus ouvidos. Meu peito está aceso com palpitações e
faíscas que di cultam a respiração.
— Oh.
Eu espero que ele estenda seu oh, mas ele não diz mais nada por
pelo menos um minuto. Pelo menos sessenta segundos de mim
cando cada vez mais em pânico por ter tocado nesse assunto
novamente.
— Você disse que era óbvio que eu estava fora do seu alcance
— ele diz em um meio sussurro.
Posso não estar respirando. É difícil dizer.
— Você disse que não era.
— Porque não é.
Meus lábios se separam e não estou mais roubando olhares, na
verdade, estou quase totalmente virada no assento para conseguir
olhá-lo.
— Não sei o que isso signi ca.
— Eu também não tenho certeza.
— Você tem que saber — eu consigo dizer. — Foi o que você
disse. Você tem que saber. O que eu preciso saber, Aiden?
Percebo que seus dedos estão agarrando o volante agora, e ele
ainda não está olhando para mim.
— Não sei se deveríamos estar falando sobre isso.
— Oh. — Cada partícula em meu peito se apaga de uma vez.
— Certo. Claro.
— É só que não acho uma boa ideia…
— Eu entendo — digo, interrompendo-o. — Desculpe. Você
tem razão. Totalmente inapropriado.
— Cassie, é só…
— Eu entendo, Aiden. — Viro o rosto para a janela. — Sério.
Eu só estava curiosa. Nada demais.
Ele ca quieto de novo, e eu me arrependo de trazer isso à tona,
como eu sabia que me sentiria. As luzes da rua ainda iluminam do
lado de fora, e meu coração ainda está batendo muito rápido, mas
não contém nada da estranha expectativa de um momento atrás,
apenas constrangimento e leve decepção.
Você deveria ter ficado de boca fechada.
■□■
Eu continuo esperando que Aiden diga mais alguma coisa
enquanto dirigimos para o Airbnb, mas ele nunca diz. Estou
começando a achar que estraguei tudo – que criei uma situação
que teremos di culdade em superar. Está claro que eu deveria ter
deixado as coisas de lado, que está se tornando cada vez mais
provável que Aiden estava apenas sendo legal e agora ele tem que se
preocupar com sua babá vendo coisas onde não existe. Acho que se
eu fosse ele, também me sentiria estranha.
Eu me tranco no banheiro enquanto Aiden coloca Sophie em
seu quarto, escovando meus dentes agressivamente à medida que
repasso os eventos do dia em minha cabeça. Tento descobrir onde
posso ter errado ao pensar que Aiden poderia querer dizer algo
com tudo o que disse e até mesmo com tudo o que não disse.
Cassie, você tem que saber…
Deus. Isso vai me manter acordada.
Eu cuspo minha pasta de dente na pia antes de desligar a água,
deixando cair minha escova de dentes no balcão e segurando a
borda para olhar de volta para o espelho. É provavelmente ridículo
em primeiro lugar, o fato de que eu realmente esperava que ele
quisesse dizer algo mais; não há nada sobre isso que grite ser uma
boa ideia e, a longo prazo – não há como terminar bem. Mesmo se
Aiden estivesse interessado. O que ele não está. Ou talvez esteja, ele
apenas sabe que é uma má ideia. Talvez eu esteja apenas jogando
essa ideia como uma possibilidade para me sentir melhor. Não sei.
Eu corro meus dedos pelo meu cabelo e solto um suspiro,
afastando esses pensamentos ruins que, no nal das contas, não
vão me levar a lugar nenhum. Eu tenho que me lembrar de novo e
de novo que não importa se Aiden é a pessoa que costumava me
assistir. Não importa se ele é a pessoa que eu pensei que sentia algo
por mim, porque no m, ele desapareceu. E se eu continuar
imaginando coisas que não existem, é exatamente isso que ele vai
fazer novamente.
Eu silenciosamente fecho a porta do banheiro atrás de mim
assim que termino, saindo para o corredor. Está escuro aqui,
apenas uma na faixa de luz vem da lâmpada ainda acesa na sala de
estar no nal do corredor – e talvez seja por isso que eu não o vejo
a princípio. Eu esbarro direto em uma massa grande e sólida
quando me movo para ir em direção ao meu quarto, o próprio
objeto da minha preocupação colidindo comigo no corredor
escuro e me pegando desprevenida.
As mãos de Aiden agarram meus ombros como se por instinto,
me rmando.
— Cassie?
Leva um segundo para o meu cérebro entender o fato de que a
pessoa com a qual tenho me consumido obsessivamente está agora
a trinta centímetros de mim e também me tocando.
— Desculpe — gaguejo. — Eu não vi você.
— Não, está tudo bem. Eu só estava… — Ele parece perceber
então que ainda está segurando meus ombros, afastando as mãos
rapidamente. — Eu estava indo pegar uma bebida.
Eu olho para o outro lado do corredor, onde o quarto que
Aiden e Sophie estão compartilhando ca a uns bons três metros
do meu.
— Sophie está dormindo?
— Como um bebê.
— Bem, foi um grande dia.
Ele concorda.
— Foi.
Nós dois apenas camos parados desconfortavelmente, Aiden
esfregando a nuca enquanto eu olho para os meus pés.
— Você se divertiu hoje — ele tenta. — Certo?
— Claro — asseguro-lhe. — Foi um grande dia.
— Bom, bom.
Cassie, você tem que saber…
Eu deveria apenas ir dormir. Eu deveria ir dormir e esquecer
que este dia aconteceu, esquecer tudo o que sei sobre quem é
Aiden e o que ele viu, que eu deveria acordar amanhã e me
comprometer a fazer meu trabalho sem distrações. Eu posso fazer
isso, certo? Posso ngir que Aiden não signi ca nada mais para
mim do que ser o pai de Sophie. Eu posso.
Mas aparentemente não consigo parar de abrir a boca.
— Ouça, sobre mais cedo…
— Sim?
Seu tom ansioso me pega de surpresa, e quando eu olho para
cima, noto que sua expressão combina com sua voz. Meu cérebro
está agarrando-se a isso com tudo o que tem. Eu tenho que dizer à
força para ele calar a boca e sentar-se.
— Eu apenas… Desculpa. Se eu te deixei desconfortável. Não
quero que as coisas quem estranhas entre nós.
— Oh. — Ele balança a cabeça lentamente, aquele olhar
ansioso desaparecendo. — Certo. Não. Você não fez isso.
— Acho que apenas z um monte de suposições que foram
bobas — eu digo, tentando transformar isso em uma piada.
— Bobas — ele repete, não soando nem um pouco divertido.
Ele não facilita nada.
— Claro que você estava apenas sendo legal, e eu entendi
errado. Só não quero que você pense que não posso fazer meu
trabalho ou algo assim porque pensei que você poderia estar
falando sério.
Ele não diz nada e, quando olho para ele, percebo que sua
expressão agora parece quase a ita. Eu devo estar tornando isso
pior. Parece que ele quer morrer agora.
Eu limpo minha garganta, fazendo um movimento para me
afastar para que eu possa escapar para o meu quarto e pensar em
maneiras diferentes de morrer.
— De qualquer forma, acho melhor eu…
De repente, Aiden está com a mão em volta do meu braço, não
apertando exatamente, mas aplicando pressão su ciente para me
deixar saber que ele gostaria que eu casse parada. Eu olho para a
mão dele em confusão, então de volta para ele para encontrá-lo
ainda olhando para o local de onde eu acabei de me afastar,
parecendo tão confuso que ele estendeu a mão para mim quanto
eu.
— Aiden?
— Não é — diz ele com rmeza, ainda sem olhar para mim.
Minha sobrancelha franze.
— O quê?
— Bobo — diz ele. — Não é bobo.
Meu coração começa a acelerar. Digo a mim mesma para não
ter esperança, para não ver demais sobre isso, cada vez que z isso
até agora me deixou desapontada.
— Eu não sei o que isso signi ca.
Aiden balança a cabeça.
— Eu também não tenho certeza.
— Você tem que me dar mais do que isso — digo, frustrada. —
Você está me confundindo.
Aiden ri, mas é estranho.
— Eu me sinto confuso perto de você.
— O quê? O que isso sig…
— Porque eu não deveria pensar tanto sobre você quanto
penso.
Todo o ar deixa meus pulmões com pressa.
— O quê?
Aiden olha diretamente para mim, e mesmo no escuro posso
ver a fome em seus olhos. É o su ciente para me tirar o fôlego.
— E eu não deveria estar pensando em você do jeito que penso.
Eu sei que neste pequeno espaço não há como ele não ver o
jeito que eu engulo.
— Aiden, eu…
— Você não precisa dizer nada — ele suspira. — Você
provavelmente não deveria. Eu sei que estou passando dos limites.
É apenas que… Eu sinto que estou cando louco. Estou
começando a achar que todo esse arranjo foi uma má ideia, mas
Sophie simplesmente ama muito você, e não posso ser o motivo de
foder com tudo isso com o jeito que não consigo parar…
Não tenho certeza se é a escuridão ou a maneira como ele está
deslizando para esse discurso de palavras disparadas que é um
contraste gritante com seu costumeiro jeito composto, mas ele não
percebe quando me afasto de seu aperto, quando chego perto o
su ciente para cobrir a curta distância entre nós. Suas palavras
morrem em sua língua quando ele olha para mim, e eu posso
apenas distinguir seus olhos, um brilhante e outro escuro, ambos
xos em mim. Ainda posso sentir meu coração batendo contra
minhas costelas, ainda posso ouvir o sangue pulsando em meus
ouvidos enquanto me questiono, mesmo agora, mas algo na
maneira como Aiden está olhando para mim me dá coragem.
— E se — eu engulo em seco, meu olhar mergulhando para sua
boca e de volta para seus olhos — eu não quiser que você pare?
Eu ouço seu suspiro silencioso.
— O quê?
— Quem disse que você é o único? E se eu tenho pensado em
você também?
Não acho que seja uma coisa consciente, a maneira como suas
mãos se levantam e as pontas dos seus dedos roçam o pedaço de
pele entre a bainha da minha blusa e meu short de algodão que só
agora me lembro de ter pequenos corações por toda parte.
Sua voz é incrivelmente suave agora, soando quase rouca.
— Você tem?
— Durante semanas — admito, me sentindo ousada.
Ele agarra meus quadris.
— Isso é loucura, não é?
Você não sabe nem a metade.
— Eu não me importo com um pouco de loucura — eu
respiro, minha boca a centímetros da dele.
Sinto o calor quente de sua palma deslizar sob minha blusa,
moldando-se contra a minha cintura enquanto ele olha para o meu
peito.
— Você está vestindo a blusa de novo.
— É a minha favorita.
Ele faz um som que eu nunca o ouvi fazer antes, algo como um
grunhido e um gemido que eu sinto até os dedos dos pés.
— É a minha também.
Ele ca impossivelmente imóvel quando pressiono minhas
mãos em seu peito, quando as deixo subir mais alto para agarrar
seus ombros – nalmente permitindo-me sentir a forma de seu
corpo contra o meu, como eu tenho sonhado. Se a coisa dura
pressionando contra minha barriga é alguma indicação, acho que é
seguro dizer que Aiden está falando a verdade quando diz que tem
pensado em mim.
— Isso é loucura — ele sussurra novamente.
Deixo minhas mãos deslizarem de volta para a rmeza de seu
peito.
— Seria uma loucura maior se você me beijasse.
— Posso?
— Aiden.
Ele não precisa de mais dicas.
Sua boca é tão macia quanto parece, explorando, porém gentil
enquanto seus lábios se curvam contra os meus. Posso sentir a
pressão penetrante de sua língua enquanto lambe meu lábio
inferior como uma pergunta, e não preciso de mais nenhum
estímulo para abrir e deixá-lo entrar. Quando sua língua toca a
minha, é como se um interruptor tivesse sido acionado, e de
repente suas mãos estão no meu queixo, no meu cabelo e em todos
os lugares, puxando e tocando tudo o que ele pode alcançar. Eu
engulo seus sons carentes enquanto ele me pressiona contra a
parede, guardando cada um deles em minha memória para que eu
possa visitá-los mais tarde como pequenos tesouros.
Ele ainda está duro contra o meu estômago, e seus quadris se
elevam de uma forma quase impensada, como se ele não
percebesse que está fazendo isso. Eu sinto seus dentes mordiscando
meu lábio e então sua respiração quente contra minha mandíbula,
todas as sensações se misturando quando seu toque me deixa em
chamas.
— Não podemos. — Sua voz soa dolorosa contra a minha pele.
— Nós não deveríamos…
Sinto uma onda de pânico.
— O quê? Não podemos?
— Não aqui — ele geme baixinho. — Sophie. Ela poderia…
O caralho que vou deixar ele parar depois de me excitar tanto.
Eu o empurro para trás em direção à porta do banheiro,
alcançando atrás dele para girar a maçaneta enquanto corremos
para dentro. Ele acende a luz, e agora que posso vê-lo todo
iluminado – cabelo bagunçado, boca vermelha de tanto beijar –
tudo parece extremamente real.
Estamos realmente fazendo isso?
Aparentemente sim, se o jeito que Aiden está beijando meu
pescoço é alguma indicação.
— Esta blusa é uma grande distração. — Eu inclino minha
cabeça para trás quando sua boca vagueia, beijando a parte exposta
da minha clavícula ao passo que sua mão desliza pela frente da
minha blusa para cobrir logo abaixo do meu peito. — Não parei de
pensar nela. Sobre o que está por baixo.
— Eu não queria…
Eu faço um som quando sua boca de repente cobre meu
mamilo através do material no, um grito suave que soa mais alto
ecoando contra os azulejos do banheiro. Aiden se afasta
imediatamente, olhando para mim com olhos semicerrados.
— Você tem que car quieta — ele murmura. — Você pode
fazer isso?
— Eu posso… — Meu suspiro é mais suave quando seus lábios
me cobrem novamente para chupar, mas não menos intenso. —
Eu posso car quieta.
Ele cantarola contra meu mamilo enquanto o algodão cada vez
mais úmido começa a me esfregar de uma forma que formiga, e
meus dedos encontram seu cabelo para passar por ele, segurando-o
perto. É tudo o que imaginei que seria, ele me tocando, tanto
agora quanto um ano atrás – e parte de mim está lutando para
entender tudo isso.
Não que Aiden me dê muito tempo para pensar demais.
Eu sinto sua mão deslizando da minha cintura para pressionar
contra o meu estômago agora, seu polegar acariciando o material
entre as minhas pernas de uma forma leve como uma pluma.
— Diga-me para parar — diz Aiden asperamente. — Diga-me
para parar, se é isso que você quer.
— Não é — eu o tranquilizo, puxando seu cabelo para forçá-lo
a olhar para mim. Ambos os olhos parecem escuros agora, suas
pupilas dilatadas e sua respiração irregular enquanto eu agarro seu
rosto para trazer seus lábios até os meus. Minha voz mal aparece
quando eu sussurro contra eles: — Eu quero você.
Seu beijo é mais feroz agora, suas mãos mais insistentes e,
quando meus dedos se curvam no cós de sua calça, enganchando
em sua cueca para puxá-la para longe, seu gemido de resposta
provoca uma pulsação em outro lugar que não é meu peito.
— Porra — ele diz contra a minha boca.
Ainda faz coisas comigo, sua boca proferindo palavras sujas,
mas envolver meus dedos ao redor do comprimento duro e grosso
de seu pênis faz mais. Ele se contorce contra a minha mão, lateja
em meu aperto quando deslizo meu punho para baixo para
bombeá-lo e, quando volto para a ponta, posso sentir uma
umidade escorregadia que cobre minha palma.
Aiden se inclina para trás para me ver tocá-lo, suas mãos
encontrando meus quadris enquanto seus olhos permanecem xos
em mim, acariciando-o. Sua boca se abre quando ele solta um
suspiro trêmulo, e a maneira como ele parece estar se segurando
por um o faz eu me sentir estranhamente poderosa.
— Você vai me fazer gozar — ele geme.
Eu sorrio.
— Acho que esse é o objetivo.
— Eu não quero gozar na sua mão.
Minha mão para. Eu pressiono meu polegar contra a fenda
molhada na cabeça, cobrindo-a propositadamente antes de levá-la
à boca para lamber e voltando acariciá-lo novamente, nunca
tirando meus olhos dos dele.
— Onde você quer gozar, Aiden?
Ele se inclina para mim, seus lábios roçando minha mandíbula
e sua língua quente contra minha pele.
— Dentro de você.
— Nós podemos… — Estamos tão próximos um do outro que
posso sentir o calor dele contra minha barriga, mesmo através do
algodão da minha camisa. Pego meu short apressadamente com a
mão livre para tentar afastá-lo. — Eu posso tirar isso, se você
apenas…
— Não podemos — ele bufa, como se isso o machucasse.
Algo dentro de mim murcha.
— Oh. Me desculpe, eu não…
— Eu quero — ele esclarece — mas não tenho nada. Aqui não.
— Oh. Oh. — Eu engulo nervosamente. Estou
hiperconsciente de que ainda estou tocando seu pau. — Eu tenho
um DIU — digo a ele. — E eu não estou – eu faço exames
regulares, então, se você quiser…
Ele olha para mim com olhos selvagens, e eu os vejo viajar do
meu rosto até a minha mão que ainda o está tocando.
— Eu quero — diz ele. — Você não tem ideia do quanto eu
quero.
— E você… você sabe. Você está…
— Estou limpo — ele me diz.
— Oh. Bem. Se você quiser…
Colocar as mãos nos meus quadris, me levantar em um
movimento enquanto ele se vira para me colocar no balcão do
banheiro, parece ser sua resposta. Ele leva apenas alguns segundos
para arrastar tudo pelas minhas coxas para me deixar nua da
cintura para baixo. Seus dedos brincam através de minhas dobras
molhadas enquanto minha respiração prende, e então eu sinto sua
outra mão segurando minha bunda para me puxar para mais perto
até que o calor de seu pênis se encaixe contra mim para realmente
tirar meu fôlego. Seus lábios estão no meu pescoço novamente,
beijando aquele ponto que eu nem sabia que poderia me afetar
assim, e sua voz contra a minha pele me faz tremer.
— Você sabe o quanto eu pensei sobre isso?
Balanço a cabeça, ou pelo menos acho que faço. Meu cérebro
parece confuso.
— Porra, Cassie, você é — ele deixa um dedo deslizar dentro de
mim enquanto minha cabeça cai para trás — perfeita. — A
maneira como ele bombeia o dedo para dentro e fora de mim
parece uma provocação, cada empurrão e retirada me deixando
querendo mais. — As coisas que eu quero fazer com essa sua
boceta linda.
Jesus.
Não o ouço usar essa palavra desde antes de saber seu nome.
Não ouço desde que ele sussurrou para mim pelo alto-falante do
computador, em um tempo que parece tão distante agora.
Eu gemo quando ele afasta a mão, mas é por pouco tempo,
quando o sinto se acomodando entre minhas pernas, guiando seu
pau para cutucar minha entrada. Sua boca cobre a minha para
engolir meu gemido quando ele se encaixa lá, lentamente entrando
para me preencher, e ele me cala suavemente enquanto eu tomo
tudo dele.
— Quieta — ele me lembra. — Você disse que podia car
quieta, Cassie. Lembra?
Sinto-me apertar em torno dele, e se eu já não estivesse sentada,
meus joelhos poderiam ceder. Parece muito uma memória de outra
época, uma em que ele sussurrava coisas sujas para mim, mesmo
sem saber que era eu, e isso me deixa ainda mais excitada. Todas as
vezes que eu imaginei isso, como ele se sentiria – nada disso pode
se comparar com a coisa real.
Eu aceno sem fôlego, sentindo sua respiração estremecer contra
meus lábios.
— Você é tão boa — ele murmura. — Boa pra caralho.
Seus quadris estão nivelados com os meus agora, cada
centímetro duro dele enraizado profundamente. Ele me enche até
não sobrar espaço, e eu tremo contra ele, lutando para car parada
no balcão.
— Você pode… ah. Você pode apenas…
— Você quer que eu me mova? — Ele me beija lentamente,
rolando os quadris apenas o su ciente para me excitar. — Você
quer que eu foda essa boceta perfeita? — Eu posso senti-lo deslizar
contra minhas paredes internas, e eu tenho que segurar seu ombro
com minha mão livre apenas para me rmar. — Diga-me que você
quer isso.
Eu aceno com a cabeça trêmula.
— Sim.
— Obrigado, porra — ele geme.
Ele agarra meus quadris com mais força, puxando para fora
apenas para empurrar de volta para dentro. Ele grunhe quando me
enche, o som áspero e enviando um arrepio pela minha espinha,
mas não tenho tempo para pensar nisso com a maneira como ele
faz de novo.
Aiden empurra com mais força e eu grito.
— Ah.
— Shh — ele acalma, sua mão alcançando meu queixo
enquanto seu polegar pressiona contra meus lábios. — Seja boa,
Cassie. Você tem que ser boa para que eu possa te foder.
Acho que aceno com a cabeça, talvez, mas não sei dizer. Não
com o jeito que ele começou um ritmo constante, cada impulso
chegando ao fundo quando o som suave de nossos corpos se
unindo ressoa contra os ladrilhos. Eu realmente estou tentando
car quieta, mas está cando cada vez mais difícil ter certeza.
— Aiden… Aiden, você pode…
— Diga-me o que você precisa — ele diz entre dentes. — Diga-
me como fazer você gozar.
— Toque-me — eu choramingo. Pego sua mão, colocando-a
entre minhas pernas. — Você pode me tocar?
Ele pressiona contra meu clitóris imediatamente, rolando o
ponto inchado sob a ponta dos dedos enquanto minha cabeça
pende e meu estômago contrai. Já estou tão perto, a deliciosa
fricção de seu pau dentro de mim me fazendo perder a cabeça – e a
pressão adicional de seus dedos contra a parte mais sensível de mim
só torna a pressão quente crescendo entre minhas pernas muito
mais iminente, como se pudesse estourar a qualquer momento.
Sua respiração bufa contra a minha mandíbula.
— Assim é bom?
— Desse jeito — eu respiro.
— Porra, eu vou gozar — ele geme baixinho contra a minha
boca. — Você está perto?
Estou tentando me mexer com ele agora. Seus dedos deslizam
contra meu clitóris enquanto eu apoio minhas mãos contra o
balcão para tentar encontrar suas estocadas, cada uma batendo
bem ali.
— Apenas continue, bem aí, oh. Oh.
— Cassie — ele geme.
Talvez seja a maneira como ele diz meu nome que faz isso.
Talvez seja o calor escaldante de sua boca contra a minha no
momento em que sua língua desliza para dentro. Talvez sejam suas
mãos, seu pau ou o calor de seu corpo, independentemente disso,
sinto-me começar a tremer quando cada músculo em minhas coxas
ca tenso e meu interior treme ao redor dele com meu orgasmo.
Eu posso sentir quando ele se solta momentos depois, como se ele
estivesse esperando por mim. Eu posso sentir seu pau se
contorcendo lá no fundo e ouvir seu grunhido baixo no meu
ouvido que desencadeia um frio na barriga – e então seu rosto está
enterrado contra o meu pescoço e seu peito está arfando contra o
meu.
Ficamos assim por um momento, nenhum de nós falando e
ambos tentando recuperar o fôlego, e espero que o
arrependimento se instale, que a preocupação com o que isso
signi cará, mas não vem. Não há nada além da saciedade dos meus
membros e o calor reconfortante de seu corpo enquanto suas mãos
continuam a acariciar minha pele.
Quando ele nalmente se afasta para olhar para mim, a
expressão em seu rosto é igualmente confusa e maravilhada, como
se ele não pudesse acreditar que o que acabou de acontecer é real.
Minhas mãos seguram seu rosto para puxá-lo para outro beijo
lento, pegando seu gemido em minha boca quando ele sai
cuidadosamente de mim.
Eu o beijo novamente, mais suavemente agora, e sinto seus
lábios se curvarem contra os meus em um sorriso enquanto uma
risada ofegante escapa dele.
— Isso parece um sonho — ele murmura.
Eu ainda estou beijando ele. Eu não consigo parar.
— Não é um sonho.
Ele enterra o rosto no meu peito, acariciando meus seios para
frente e para trás, me fazendo rir baixinho.
— Esta maldita blusa — ele resmunga. — Está me deixando
louco.
— Talvez eu devesse pedir um pijama para o meu chefe —
provoco.
— Acho que ele diria que não está no orçamento. — Ele me
olha sério então. — Foi… esquisito?
Eu recuo.
— Esquisito?
— É que… — Ele parece inseguro agora. — Já faz muito
tempo, e você é tão… — Seus olhos viajam pelo meu corpo, me
fazendo tremer. — Eu me empolguei.
Oh.
Você quer que eu foda essa boceta perfeita?
— Tudo bem. — Eu o beijo suavemente. — Eu gostei.
Não sei como dizer a ele que sei tudo sobre sua boca suja –
intimamente.
— Bom — ele resmunga. — Porque eu não me vejo
magicamente ganhando em um futuro previsível qualquer
controle quando se trata de você.
Eu não posso evitar meu sorriso, a ansiedade que veio
crescendo nesta última semana se dissipando e se transformando
nesta estranha calma. Mas ainda assim, não posso deixar de me
perguntar.
— O que… — Eu limpo minha garganta. — O que isso
signi ca para o meu trabalho?
— O quê? — Ele parece genuinamente confuso. — Você não
quer ir embora, não é?
— Não, não, claro que não! Mas… isso… isso vai tornar as
coisas estranhas?
— Não, se não permitirmos — ele me garante. — Só temos
que ter certeza de manter as coisas separadas.
— Separadas?
— De Sophie — diz ele. — Até… até sabermos o que isso
signi ca.
Isso não deveria fazer eu me sentir do jeito que me faz,
ouvindo-o – é uma coisa perfeitamente razoável que ele está
dizendo, a nal. Não seria justo com Sophie expô-la a isso sem
saber o que é.
Então, por que me sinto tão ansiosa de repente?
Minha mente viaja de volta às noites sem dormir e aos olhos
vermelhos depois que Aiden desapareceu de mim uma vez, e acho
que agora seria muito pior, agora que o conheço.
Talvez seja por isso que não falo nada, mesmo quando sei que
deveria.
Eu poderia dizer a ele agora. Eu poderia contar a ele tudo o que
sei sobre nós, sobre o que compartilhamos, mas há uma pequena
voz na minha cabeça que me adverte contra isso. Ele saiu da minha
vida uma vez, e eu sobrevivi, mas eu poderia fazer isso de novo?
Agora? Essas perguntas me fazem engolir todas as coisas que sei
que provavelmente deveria dizer, mas, em vez disso, me inclino
para outro beijo demorado.
— Estou bem com manter as coisas separadas — digo a ele. —
Por Sophie.
Ele me puxa para perto, forçando-me a encontrar seu olhar.
— Mas isso não signi ca que isto termina esta noite — ele me
diz incisivamente. — Certo?
Meus lábios se curvam em um sorriso tímido.
— Eu não quero.
— Bom — ele suspira. Ele me beija novamente. — Porque eu
não terminei com você, Cassie. Nem um pouco.
Eu não tinha percebido o quanto eu precisava ouvi-lo dizer
isso até que ele disse. Isso me deixa tonta.
Ele cuidadosamente me ajuda a vestir antes de se guardar de
volta em suas calças, puxando-me para fora do balcão antes de
inclinar meu queixo para beijar minha bochecha. Eu sinto seu
sorriso ali, sentindo sua outra mão deslizando contra meu quadril
como se para memorizar sua forma.
Ele apaga as luzes do banheiro enquanto me puxa para o
corredor, segurando-se contra mim por mais tempo do que o
necessário, como se não estivesse pronto para me deixar ir. Posso
dizer com certeza que conheço o sentimento.
— Boa noite, Cassie.
— Boa noite — eu sussurro de volta, sua voz baixa deixando
meus joelhos fracos.
Sua mão desliza pelo meu braço quando me afasto dele, seus
dedos roçando minha pele até encontrar a ponta dos meus dedos,
agarrando-se a eles por alguns segundos antes de ele nalmente me
soltar. Eu me viro para voltar para o meu quarto, e preciso de toda
a força em mim para não implorar egoisticamente para que ele
volte comigo, assim como é preciso um esforço incrível para não
virar a cabeça e dar uma última olhada nele.
Especialmente porque sinto seus olhos em mim em todo o
momento.
Estou esperando Cici ficar online há meia hora.
Acho que é oficialmente seguro dizer que estou um pouco
obcecado.
Isso não me impede de continuar esperando.
Capítulo 12
Aiden
Eu passei a noite inteira pensando nela.
Dormir tem sido impossível, e co olhando para o teto branco
liso do Airbnb com uma Sophie roncando esparramada ao meu
lado, desejando ter reservado um lugar para nós com um quarto
com cama de casal, ou talvez até mesmo um outro quarto apenas
para ela. Examino todos os motivos pelos quais seria uma má ideia
fugir para ver Cassie novamente. Toda vez que fecho meus olhos,
me deparo com a memória de seus sons suaves e de seu corpo mais
suave ainda – a sensação de como foi estar dentro dela
praticamente substituindo cada canto do meu cérebro e fazendo
dali um lar.
Acabo desistindo de dormir totalmente em algum momento
no início da manhã, saindo do meu quarto enquanto Sophie ainda
está dormindo e fechando a porta silenciosamente atrás de mim
com a intenção de fazer café. Eu perco minha linha de raciocínio
quando vejo Cassie na cozinha, que aparentemente teve a mesma
ideia. Eu realmente não tinha considerado a manhã do próximo
dia ainda, como poderíamos agir juntos depois da noite passada;
talvez eu tenha pensado que seria estranho com as coisas que
dissemos e zemos, mas vê-la agora – de olhos arregalados com seu
cabelo ruivo levemente despenteado e seus lábios ainda vermelhos
e um pouco inchados dos meus beijos – tudo em que consigo
pensar é o quanto eu quero tocá-la novamente.
Ela não está mais usando aquela porra de blusa que me deixa
louco, mas mesmo em sua camiseta de algodão e shorts jeans, é
difícil não pensar em como é a sensação de sua pele contra minhas
mãos por baixo de suas roupas.
— Bom dia — ela diz timidamente, escondendo o sorriso atrás
de uma caneca. — Eu z café.
Retribuo seu sorriso, tentando não pensar em como sei como
são seus mamilos contra minha língua ou o quanto me lamento do
fato de ela estar usando sutiã esta manhã.
— Bom dia.
— Você quer que eu faça uma caneca para você?
— Depois.
— Depois?
Atravesso o espaço entre nós rapidamente, pegando-a de
surpresa quando minhas mãos descansam em seu queixo,
inclinando seu rosto para pressionar minha boca na dela. Ela
suspira baixinho, abrindo os lábios para perseguir minha língua, e
posso sentir a doçura do açúcar e do creme de seu café ali. Antes de
me afastar, pego apenas o su ciente para passar o dia, sem saber
quando poderei tocá-la adequadamente de novo.
— Depois — eu esclareço.
— Bem, eu diria que isso desperta melhor do que o café — ela
brinca.
— Você conseguiu dormir esta noite?
— Na verdade, não.
— Nem eu.
Estendo a mão para colocar uma mecha de cabelo atrás de sua
orelha, deixando meu polegar permanecer em sua bochecha
deslizando para frente e para trás. Esta pode ser a primeira vez que
realmente me permito absorvê-la, antes tinha muito medo de
deixar meu olhar demorar por muito tempo. Tudo nela – desde o
formato delicado do nariz até o volume da boca e o brilho dos
olhos – parece destinado a me atrair. Está me dando muita vontade
de beijá-la de novo.
Eu balanço minha cabeça.
— Como vou evitar tocar em você o tempo todo?
— Você vai ter que aprender um pouco de autocontrole, Sr.
Reid.
Meu pau não parece ter recebido o memorando de que temos
que manter as coisas discretas.
— Eu provavelmente não deveria gostar disso.
— Eu pensei que fazia você se sentir velho?
— Não quando você diz assim, não faz com que eu me sinta.
— Hum. — Ela transfere sua caneca para uma mão,
estendendo a outra para provocar o dedo para frente e para trás
contra o pedaço de pele logo abaixo da bainha da minha camiseta.
— Vou manter isso em mente. — Ela ca na ponta dos pés para
pressionar outro beijo rápido na minha boca antes de dar um leve
empurrão no meu estômago para colocar distância entre nós. —
Agora vá se sentar para que eu possa fazer uma caneca para você.
— Sim, senhora — murmuro.
Eu me sento em uma banqueta ao balcão, deixando meu
queixo descansar contra o meu punho. É fácil vê-la trabalhar; tudo
que eu queria fazer há semanas era observá-la sem nenhuma
preocupação, e agora que posso, acho que terei di culdade em
fazer qualquer outra coisa. Ela coloca meu café na minha frente do
outro lado do balcão, inclinando-se para tomar um gole lento de
sua própria caneca enquanto segura meu olhar. Há uma tensão ali
que fala de tudo o que zemos e de tudo que ainda espero fazer –
já calculando como posso levá-la para minha cama ou me en ar na
dela.
Ela inclina a cabeça para mim.
— Então, como isso vai funcionar?
— Como você quer que funcione? Você tem todo o poder
aqui, Cassie.
Sua boca se contrai.
— Ah, eu tenho?
— Absolutamente.
— Bem… espero que você pare de sumir enquanto Sophie
estiver na escola.
— Acho que você pode adivinhar por que eu estava fazendo
isso em primeiro lugar.
Seu sorriso se torna tímido.
— Eu não sei o que você quer dizer.
— Não sabe?
— Talvez você devesse me explicar com mais detalhes.
— Você está me provocando, Cassie?
— Eu nunca faria isso — ela me garante, parecendo inocente
por dois segundos antes de piscar para mim. — A menos que você
me peça.
Eu tenho que abafar um grunhido quando ouço a porta do
quarto abrir no m do corredor, cando tenso quando escuto os
pequenos passos de Sophie e um “bom dia” silencioso à medida
que ela se arrasta para a cozinha.
— Estou com fome — ela reclama.
Cassie não tem a apreensão que eu tenho.
— Aí está a princesa Sophie — ela fala. — Você se sente com
dez hoje?
Sophie faz uma careta.
— Na verdade, não.
— Você parece ter dez anos — Cassie diz seriamente. — Você
cou mais alta desde ontem?
— O quê? — Sophie leva a mão ao topo da cabeça. — Não, eu
não quei.
— Não sei… — Cassie me lança um olhar malicioso. — Talvez
tenhamos que deixar você nos levar de volta para casa.
— Eu não sei dirigir!
Eu rio das duas.
— Eu estarei dirigindo, obrigado.
— Oh, espere — diz Cassie.
Ela se vira e vai até seu quarto, desaparecendo por um
momento antes de retornar com algo nas costas. Ela se abaixa ao
nível de Sophie, exibindo um sorriso brilhante enquanto estende
um pequeno buquê que consiste em brilhantes girassóis,
margaridas e alguma or azul claro que não reconheço. Sophie
olha para ele por um momento com a boca aberta, levando vários
segundos para encontrar os olhos de Cassie e pegar as ores com
cuidado.
— Feliz aniversário, Sophie — Cassie diz suavemente.
O pequeno lábio de Sophie treme levemente, colocando o
buquê gentilmente no balcão antes de colidir com a cintura de
Cassie, envolvendo os braços ali para um abraço.
— Obrigada — ela murmura contra a camisa de Cassie.
Cassie a aperta com força antes de beijar seu cabelo.
— De nada.
Ainda não tenho certeza do que está acontecendo, mas ver a
troca entre Cassie e Sophie está fazendo meu peito apertar. Ao
observá-las, quase parece que elas estão na vida uma da outra desde
sempre. Como Cassie faz tudo parecer tão fácil?
— Não chore — Cassie reclama, sua voz grossa enquanto ela
enxuga os olhos de Sophie. — Você vai me fazer chorar. E eu sou
uma chorona super feia.
Isso provoca uma risada chorosa de minha lha, e Cassie faz
com que ela se vire antes de empurrá-la para o quarto de onde ela
saiu.
— Vá enxugar o rosto. Falaremos sobre o café da manhã
quando você voltar.
Sophie acena pesadamente antes de voltar pelo corredor. Eu
espero até que ela esteja fora de vista antes de abrir minha boca,
ainda um pouco confuso.
— O que foi isso?
— Oh. — Cassie parece envergonhada agora. — Ela me disse
outro dia que sua mãe costumava dar ores para ela em seu
aniversário. Eu apenas pensei… — Ela esfrega o braço. — Tive
tempo esta manhã porque não consegui dormir, então pesquisei
no Google e encontrei uma loja por perto.
Por um momento, estou muito atordoado para dizer qualquer
coisa. Não apenas porque estou cambaleando com o fato de não
saber disso sobre o relacionamento de Sophie e Rebecca – Sophie
certamente nunca mencionou isso – mas também porque Cassie
sabe desse fato entre o relacionamento de Sophie e Rebecca. E não
apenas isso, mas aparentemente seu primeiro instinto ao saber foi
sair de seu caminho para replicar por nenhum outro motivo senão
para fazer Sophie feliz. Estou tendo di culdade até mesmo para
de nir qual é a emoção que estou experimentando com isso.
— Obrigado — eu digo densamente. — Isso foi… — Meu
coração está batendo tão alto. Ela pode ouvi-lo? — Isso foi incrível
da sua parte.
— Não é grande coisa — ela murmura, olhando para seus
sapatos.
Eu quero tanto beijá-la que chega a doer.
— Realmente é — asseguro-lhe. — Con e em mim.
Os lábios de Cassie se abrem em um sorriso tímido, e posso
fazer pouco mais do que sentar no balcão, lutando contra as
emoções turbulentas que invadem meu peito.
— Ainda estou com fome — Sophie anuncia, escolhendo
aquele momento para irromper na cozinha. Aparentemente, ela
superou a emoção de antes. — Podemos comer?
— Ok, ok — Cassie ri. — Estamos com fome de quê?
— Eu quero panquecas.
— Você sempre quer panquecas.
— Engraçado como ela costumava não gostar delas —
murmuro.
— Bom, eu não tenho nada aqui para fazer — Cassie diz a
Sophie — mas aposto que podemos encontrar um lugar para
comprar algumas panquecas para você.
Sophie parece cética.
— Com gotas de chocolate?
— Claro que com gotas de chocolate — Cassie diz a ela. Ela
abre os braços para chamar Sophie para mais perto, puxando-a
para alisar seu cabelo enquanto ela dá um sorriso brincalhão para
Sophie. — Seu cabelo ca tão bagunçado quanto o do seu pai
quando você acorda.
Observo Cassie mexer no cabelo de Sophie enquanto as duas
riem, aquela mesma sensação de aperto em meu peito quando
Cassie a puxa para um abraço e dá outro beijo em seu cabelo, como
sempre faço. Vê-las juntas me faz sentir estranho, algo sobre a
maneira natural como elas se importam uma com a outra me
pegando desprevenido. Isso me faz sentir – por falta de uma frase
melhor – quente e confuso por dentro.
— Temos que pegar a estrada logo de qualquer maneira —
digo a ambas. — Eu tenho que entrar mais cedo hoje desde que
faltei ontem à noite. Podemos encontrar algumas panquecas não
feitas por pais no caminho.
Sophie me dá aquele sorriso cheio de dentes que faz meu
coração doer, e Cassie a puxa com a promessa de arrumar seu
cabelo. Ela olha para mim por cima do ombro enquanto leva
Sophie em direção ao banheiro, enviando uma piscadela para mim
que me faz sentir quente de uma maneira diferente.
Eu termino meu café sozinho, minha mente longe e nas duas
meninas no outro cômodo
Eu posso estar em apuros.
■□■
A viagem para casa levou mais tempo do que o esperado, já que o
lugar de panqueca que Sophie escolheu estava a trinta minutos no
caminho contrário, mas a maneira como ela não parou de falar
sobre a monstruosidade de bolo de aniversário de panqueca com
gotas de chocolate que comeu lá faz valer a pena. E ela não parou.
De falar sobre isso. Nem mesmo quando entramos em casa.
— Mas como eles colocaram as pequenas cores lá dentro? Elas
tinham um gosto tão bom. Como granulado! Mas por dentro!
Cassie ri enquanto coloca sua bolsa ao pé da escada.
— É como um bolo confete.
— O que é isso?
— Você não sabe o que é um bolo confete?
Sophie balança a cabeça e Cassie engasga teatralmente.
— Ok. Iremos à loja e compraremos um pacote de mistura de
bolo confete assim que seu pai for trabalhar.
Sophie levanta o punho no ar.
— Sim.
— Pacote de mistura? — Eu levanto minha sobrancelha na
direção de Cassie. — Sério?
Ela dá de ombros.
— Não se preocupe, vou me livrar de todas as evidências antes
de você voltar para casa, para não ofender sua delicada
sensibilidade de chef.
— Posso ligar para Wanda? — Sophie puxa a mão de Cassie
com expectativa. — Eu disse a ela que ligaria para ela e contaria
sobre a viagem!
— Sim, tudo bem — diz Cassie, tirando o telefone do bolso.
— Diga a ela que vamos levar um pedaço de bolo para ela daqui a
pouco.
Os olhos de Sophie brilham quando ela pega o telefone, já
subindo as escadas em direção ao seu quarto. Espero até que ela
desapareça além do patamar, ouvindo seus passos na escada por
alguns instantes.
— Sabe — Cassie brinca enquanto observo as escadas
distraidamente. — Se você pedir educadamente, eu posso talvez
guardar um pouco de bolo para você. Mas você vai ter que dizer
algo legal sobre o pacote de mis… Oh.
Ela faz um som surpreso quando de repente eu a levo para o
outro lado da escada, empurrando-a para a pequena alcova além
do sofá e segurando seu rosto para inclinar sua boca para a minha.
Ela leva apenas um segundo para se derreter, seus braços
envolvendo meu pescoço e seus dedos provocando meu cabelo
enquanto ela me beija de volta. Eu não sei o que há em Cassie que
faz com que eu me transforme em um adolescente tarado, mas foi
preciso toda a minha paciência para esperar tanto tempo quanto
eu esperei para tocá-la novamente.
Ela está sorrindo quando nalmente se afasta, seus lábios um
pouco mais vermelhos do que estavam um momento atrás.
— Oi.
— Desculpa — murmuro. — Estou querendo fazer isso há
horas.
— Nossa, você deve ter sofrido. Eu nem percebi.
— Apenas assuma daqui para frente que eu sempre quero fazer
isso.
Ela morde o lábio para não sorrir ainda mais.
— Bom saber.
— Eu vou ter que descobrir um método melhor de me conter
— suspiro.
— Ou não — ela diz inocentemente. — Eu meio que gosto de
você sem restrições.
— Você torna muito, muito difícil ser bom.
Ela ca na ponta dos pés para beijar minha bochecha.
— Talvez você devesse ser mau então.
Eu tenho que fechar meus olhos e pensar em outra coisa só
para não car duro. Este absolutamente não é o momento.
— Você vai me matar.
— Nunca. — Ela se desvencilha de mim, dando tapinhas no
meu ombro de brincadeira. É incrível para mim que uma noite
pôde de alguma forma erradicar toda a tensão entre nós. Se eu
soubesse que essa era a solução, poderia ter proposto antes. —
Tenho certeza que você deveria estar se arrumando para o trabalho.
— Sim — suspiro. — Vai ser uma ótima noite.
— Talvez eu devesse dar a você algo pelo qual esperar?
Provavelmente é patético, o jeito que eu visivelmente me
animo.
— Oh?
Ela se aproxima, estendendo a mão para deixar seus dedos
traçarem o formato do meu lábio inferior.
— Algo para quando você voltar para casa.
— Vai ser tarde…
Ela sorri docemente, estendendo a mão novamente, e posso
sentir meus olhos se fechando em antecipação ao seu beijo.
— Tudo bem. — Ela pressiona seus lábios suavemente contra
os meus, afastando-se depois e levantando a mão para tocar meu
nariz. — Vou deixar seu pedaço de bolo na bancada.
Ela está rindo enquanto se afasta, e co pasmo por alguns
segundos antes de entender o que ela disse. Balanço a cabeça,
beliscando a ponte do meu nariz ao ouvi-la começar a subir as
escadas atrás de Sophie.
— Ela realmente vai me matar — murmuro para ninguém
além de mim.
■□■
O trabalho é um inferno, exatamente como esperado.
Dois dos meus cozinheiros de linha estavam fora por causa de
um vírus que aparentemente está circulando, e eu tive que enviar
meu subchefe para o maldito hospital após um incidente com uma
faca que precisou de pontos. É como se o universo decidisse me
punir por tirar uma noite de folga.
Eu estava tão louco para ir embora no nal da noite que nem
me dei ao trabalho de tirar meu casaco de chef, apenas
desabotoando o botão de cima ao passar pela porta da frente e
suspirando de alívio por estar em casa. Penduro minhas chaves no
gancho como sempre, me alongando enquanto nalmente consigo
me livrar do estresse do serviço de jantar desta noite.
Meus olhos encontram a porta fechada do quarto de Cassie,
um lampejo de tentação faiscando por dentro enquanto eu veri co
meu relógio, mas é quase meia-noite.
— Droga — murmuro.
Não que fosse aceitável acordá-la apenas para tocá-la uma hora
atrás, mas ainda não posso ngir que não estou pensando nisso.
Abro outro botão do meu casaco enquanto passo os dedos pelo
meu cabelo, afastando o desejo e começando a subir as escadas à
medida que me resigno a um banho e cama. Digo a mim mesmo
que posso me conter por uma noite. Eu venho fazendo isso há
semanas, a nal.
Minha decisão signi ca que é uma surpresa completa quando
sinto um puxão na parte de trás do meu casaco que me leva para
trás para uma porta agora aberta. Ele se fecha atrás de mim quando
um corpo menor e mais suave me pressiona contra a porta, e então
me deparo com um sorriso tentador iluminado pelo abajur
próximo.
— Cassie?
— Eu disse a você que queria lhe dar algo pelo qual esperar.
Tudo o que venho tentando guardar começa a tentar voltar à
superfície.
— O que aconteceu com o bolo?
— Ah, foi um grande sucesso — ela me garante. — Se é isso
que você prefere, ainda há alguns pedaços lá em cima…
— Nem um pouco.
— Mm. — Seu dedo brinca com o terceiro botão do meu
casaco que ainda está fechado. — Noite longa?
— Horrível pra caralho.
Ela abre o botão com facilidade, sem olhar para mim.
— Triste. O que posso fazer para compensar?
— Tem certeza que não está cansada? É praticamente meia…
Ela abre outro botão, me mandando car quieto.
— Você está realmente preocupado com o meu sono agora?
— Eu… — Outro botão, deixando o tecido aberto o su ciente
para que ela possa deslizar a mão para dentro e pressionar a palma
da mão contra meu peito. — Não. Na verdade, não.
Sou recompensado com seu sorriso enquanto ela estende a
outra mão para desfazer o penúltimo botão.
— Essa coisa de casaco de chef é realmente muito excitante.
Essa é uma coisa que nunca ouvi antes.
Percebo o que ela está vestindo agora, franzindo a testa.
— Vejo que não sou o único usando roupa com botões.
— Alguém reclamou do meu pijama ontem à noite.
Eu pressiono minha mão em seu quadril, deixando meu
polegar apertar um dos grandes botões brancos em sua camiseta
roxa de pijama. Há gatos por toda parte.
— Você gosta de gatos?
— Quem não gosta de gatos?
— Eles são meio pretensiosos.
— Oh, uau. — Cassie ri. — Você sabia que os gatos têm mais
de cem cordas vocais?
— Você está realmente me dando fatos de Snapple agora?
— Desculpe. — Ela puxa as abas do meu casaco antes de en ar
os dedos sob a bainha da camiseta que estou usando por baixo. —
Você não ca excitado com trivialidades inúteis?
Eu fecho meus olhos enquanto seus dedos deslizam sobre meu
abdômen.
— Isso parece unilateral.
— Você não gosta do meu pijama?
— Gostaria mais dele no chão.
Ela morde o lábio.
— Você nunca me disse como eu poderia ajudá-lo a se sentir
melhor.
— Eu poderia pensar em algumas maneiras — murmuro,
brincando com seus botões agora. — Se você tirasse isso.
Há um lampejo de algo em sua expressão, então apenas um
pequeno lampejo de hesitação antes de ela começar a me puxar de
volta para sua cama. Ela puxa meu casaco até que sou forçado a
rastejar sobre ela, suas costas caindo contra o edredom enquanto
ela puxa minha boca para baixo na sua.
Eu ainda estou mexendo em sua blusa, mesmo quando ela me
ajuda a tirar meu casaco, e no segundo em que ela está puxando
minha camisa para cima para passá-la sobre minha cabeça, eu
consegui desabotoar todos os seus botões enquanto sua camisa se
abre para que eu possa ver mais.
— Cacete, Cassie — eu respiro, a boca seca de repente.
Senti-la é uma coisa, ver é outra. Ela é toda macia e com lindos
mamilos rosados – seus seios saindo da minha mão quando eu os
seguro ao passo que os picos endurecidos imploram pela minha
boca.
— Ah.
Seu choro suave quando envolvo meus lábios em torno de seu
mamilo para deixar minha língua provocá-lo só piora a situação
crescente em minhas calças, mas digo ao meu pau para dar o fora e
me deixar aproveitar. Venho fantasiando sobre fazer isso desde que
estou mentalmente chutando minha própria bunda por fantasiar
sobre fazer isso. Seus dedos se enredam em meu cabelo enquanto
eu puxo o broto tenso com meus lábios, girando minha língua lá
apenas para obter mais de seus sons.
Porque eles são viciantes.
Cassie não os esconde, não tenta se acalmar, e co muito grato
pelo andar entre nós e o quarto de Sophie enquanto seus
choramingos silenciosos se misturam com suspiros agudos que a
fazem arquear as costas.
— Eu achei que deveria fazer você se sentir melhor — diz ela
ofegante acima de mim.
Eu passo minha língua em um mamilo enquanto estendo a
mão para rolar o outro entre meus dedos, falando diretamente
contra sua pele.
— Isso está me fazendo sentir melhor.
— Ah. — Ela se contorce quando meus dentes roçam logo
abaixo de seu seio, beijando um caminho sobre suas costelas. —
Você não quer…
Estendo a mão para prender seu quadril contra a cama.
— Fique parada. É isso que eu quero.
— O-ok — ela consegue dizer alegremente, e posso senti-la
relaxando. — Eu odiaria atrapalhar.
Eu rio contra sua barriga.
— Eu agradeço.
Estou prendendo a respiração quando começo a rolar seu short
macio por suas coxas, deixando-a com uma calcinha amarela
coberta de picolés.
— Tudo o que você possui tem algum tipo de impacto?
— Todas as minhas roupas íntimas, pelo menos.
— Algo pelo qual esperar — murmuro. Eu olho para ela
quando coloco meus dedos no elástico em seus quadris. — Posso?
— Bom. — Seus lábios se inclinam sonhadoramente em um
sorriso tímido. — Se isso faz você se sentir melhor.
É todo o convite de que preciso. Não tenho certeza de onde
sua calcinha vai parar, já que praticamente a jogo por cima do
ombro, e neste momento não me importo. Suas coxas são macias e
convidativas, pressionando juntas lindamente como se ela estivesse
envergonhada pelo jeito que eu estou olhando para ela. Eu as
afasto com minhas mãos enquanto passo minha palma por dentro
de uma, engolindo em seco quando posso vê-la inteira.
Seus pelos são do mesmo vermelho profundo de seu cabelo,
um contraste perfeito com o rosa escorregadio entre suas pernas
que me faz sentir selvagem. Eu deslizo uma junta dos dedos através
da dobra molhada dela, seus quadris se movendo impacientemente
e sua respiração presa.
— Aiden…
— Você é tão bonita aqui — eu consigo dizer, minha voz
apertada. — Posso usar minha boca?
— O quê? — Ela parece preocupada. — Oh. Eu não…
Não consigo parar de tocá-la, ainda a provocando com meus
dedos.
— Você não gosta?
— Não é isso, eu só… — Ela morde o lábio. — Eu nunca fui
capaz de gozar desse jeito.
— O quê?
— Não sei. Eu provavelmente tenho uma vagina quebrada.
Eu bufo, e acho que ela poderia estar prestes a rir, até que se
torna um som abafado quando provoco sua entrada.
— Não. Você não tem.
— Eu simplesmente odiaria que você perdesse seu tempo.
Podíamos apenas fazer sexo.
Eu franzo a testa, observando-a olhar para mim com olhos
preocupados enquanto penso em todos os idiotas que
aparentemente não levaram o tempo que deveriam com ela. O que
só me deixa estranhamente furioso, sabendo que algum outro
idiota a tocou. Eu nem sabia que era do tipo ciumento até esse
exato momento.
— Posso prometer a você — já estou incitando suas coxas a
abrirem mais enquanto me acomodo entre elas — que isso não é
uma perda de tempo para mim.
— O-oh, bem, se você tem certeza que você… Oh.
Eu fecho meus olhos quando minha língua desliza pela
primeira vez por suas dobras molhadas para prová-la, seu sabor na
minha língua é erótico, inebriante e quase demais. Suas coxas
tremem sob minhas mãos quando eu faço de novo, e eu me mexo
contra o colchão para buscar algum alívio para o quão duro ela me
deixou, só com isso.
Eu provoco minha língua em seu centro até encontrar aquele
pequeno ponto quente que está apenas um pouco mais rme,
circulando-o lentamente enquanto ela prende a respiração. Estou
tomando meu tempo para prepará-la, querendo compensar todas
as vezes que ela nunca gozou dessa forma. Porra, acho que poderia
passar horas entre as pernas dela se ela me deixasse.
Porque Cassie é inebriante pra caralho.
É a maneira como a respiração dela falha quando eu toco o
lugar certo, a maneira como ela pressiona meu rosto quando
precisa de mais, a maneira como suas coxas apertam minhas
orelhas quando ela pensa que não aguenta mais. No momento em
que envolvo meus lábios em torno de seu clitóris agora inchado,
sugando-o para extrair cada gota de seu prazer que posso, estou
tendo que segurá-la para impedi-la de se contorcer para longe de
mim.
— Fique parada — murmuro contra ela. — Você vai gozar na
minha língua, Cassie.
— Eu… eu acho…
Eu não quero dar a ela tempo para pensar, passo rapidamente
minha língua em seu clitóris antes de retomar minha missão de
tentar sugá-lo em minha boca. Seus dedos encontram apoio em
meu cabelo e, mesmo com a leve ardência, meu pau lateja, seus
quadris rolando contra meu rosto evidenciam que ela está perdida
nisso. Que ela quer que eu a faça gozar tanto quanto eu quero dar
prazer a ela.
Eu posso dizer quando ela está perto, seus quadris levantam da
cama e seus dedos emaranham no meu cabelo, cada pequeno
movimento e som me deixando muito mais duro, muito mais
desesperado para fodê-la. Mas estou determinado a aguentar até
reduzi-la a uma bagunça trêmula contra a minha língua. Sua
respiração fraca se transformou em súplicas choramingadas de
mais e bem aí, e eu a seguro rme enquanto trabalho seu clitóris
com meus lábios e língua para empurrá-la para o limite.
— Aiden. Aiden. Continue… bem aí… oh. Não pare.
Ela não se solta totalmente até que eu deslizo dois dedos para
mergulhar dentro dela, mantendo-a cheia enquanto dedico toda a
minha atenção ao botão tenso entre meus lábios. Ainda estou
pensando em enchê-la com outra coisa quando terminarmos aqui,
e isso é o su ciente para me deixar tonto quando seus dedos
agarram meu cabelo. Ela faz um som bonito quando goza, um
suspiro silencioso que parece vir de dentro dela, e todo o seu corpo
treme e sacode enquanto ela desmorona.
É lindo pra caralho.
Eu não paro até que ela está me empurrando para longe,
choramingando meu nome sem parar enquanto ela diz que não
aguenta mais. Eu levanto minha cabeça para ver seu rosto corado,
me sentindo sem fôlego e muito quente enquanto ela sorri para
mim com olhos vidrados.
— Isso foi… algo.
Eu viro meu rosto para deslizar contra sua coxa, limpando
minha boca em sua pele.
— Eu me sinto muito melhor.
— Estou feliz em ser útil — ela murmura. — Volte sempre.
Estou rindo quando rastejo sobre ela, passando um dedo por
um lado de seu pijama aberto antes de arrastá-lo sobre seu peito,
que ainda arfa um pouco.
— Tenho outra coisa em mente agora.
— Bem. — Seus braços envolvem meu pescoço enquanto ela
me puxa para mais perto. — O que quer que faça você se sentir
melhor, Sr. Reid.
Bate papo com @alacarte

@alacarte
te enviou uma gorjeta de $75

Eu gostaria de poder fazer você suar assim.


Capítulo 13
Cassie
Mesmo depois de uma feliz noite de orgasmos, é difícil não car
um pouco tensa na manhã seguinte. Continuo veri cando o
relógio no fogão da cozinha enquanto faço a contagem regressiva
até a hora em que Iris deveria chegar esta manhã, deixada por
conta própria desde que Aiden saiu correndo para a academia.
(Suspeito que sua ausência conveniente durante a visita de Iris
pode até ser de propósito, embora ele negue avidamente.) Estou
me acalmando ao lembrar como Sophie está animada para ver sua
tia.
No momento em que a campainha toca, estou totalmente
nervosa e me levanto do sofá, mesmo quando escuto Sophie
descendo as escadas e passando correndo por mim até o primeiro
andar ao passo que eu cambaleio atrás dela. Iris sempre parece
diferente com Sophie – seu comportamento conciso
desaparecendo com o abraço daquela garotinha adorável, e não
posso deixar de desejar poder encontrar algum caminho para
aquela Iris. Eu sei que faria muito bem a todos nesta casa se eu
pudesse de alguma forma despertar mais esse lado dela. Como
esperado, sua expressão muda quando ela percebe que estou
parada no nal da escada, dando-me um breve aceno de cabeça
enquanto ela se desvencilha de Sophie.
— Ei — ofereço, dando um aceno desajeitado.
Nosso último encontro ainda está fresco em minha mente, e
imagino que o mesmo possa ser dito sobre Iris. É uma saudação
tensa, com certeza. Especialmente porque todas as coisas que ela
insinuou sobre mim acabaram sendo decididamente verdadeiras.
Outra coisa sendo um problema.
— Bom dia — Iris responde.
Sophie percebe a sacola de presente na mão de Iris então,
gritando animadamente.
— Esse é o meu presente?
— Sim — Iris diz com um sorriso. — Quer abrir?
— Sim!
Sophie agarra a sacola com avidez, afastando-se de nós duas
enquanto ela sobe as escadas de volta para a sala de estar, deixando
Iris e eu na entrada. Eu limpo minha garganta enquanto esfrego
meu braço, tentando dar um sorriso educado.
— Você comeu? Eu estava prestes a fazer o café da manhã.
Iris balança a cabeça.
— Estou bem — ela me diz. — Eu comi um bagel no caminho.
— Oh, tudo bem.
Há outro longo período de segundos em que nós duas apenas
camos lá, até que eu decido que não aguento mais.
— Ei, sobre o outro dia…
— Eu deveria me desculpar — Iris interrompe.
Eu pisco em surpresa.
— O quê?
— Fiz algumas insinuações bastante grosseiras. — Ela olha para
os pés. — Tenho di culdade em aceitar que Sophie passa a maior
parte do tempo com alguém que não sou eu.
Eu quase posso ver além de seu exterior duro então, emoção
genuína espreitando enquanto sua testa franze e sua boca se
abaixa.
— Ah, bem… — Eu mudo meu peso de um pé para o outro.
— Eu imagino que deve ser difícil. — Eu co pensando se devo ou
não me envolver mais nessa situação tensa, nalmente decidindo
que não serei capaz de viver comigo mesma se não o zer. — Sabe,
eu nunca iria querer atrapalhar seu tempo com ela — enfatizo. —
Talvez possamos trabalhar juntas aqui. Sophie precisa de você —
eu digo. — Como eu disse no outro dia… ela precisa de todos que
conseguir.
Iris parece genuinamente surpresa, sua boca ligeiramente
aberta enquanto ela processa o que eu disse. Ela acena com a
cabeça nalmente, uma concessão lenta, respirando fundo apenas
para expirar.
— Você tem razão. Ela precisa disso. — Ela olha para os pés
novamente. Tenho a sensação de que desculpas não são fáceis para
ela. — Aiden deu a entender que você pode ter sido a responsável
pelo meu convite para a viagem dela outro dia.
— Oh, não — argumento. — Sophie queria você lá! Eu só
disse a Aiden que poderia tornar as coisas mais fáceis se ele… — Iris
está olhando para mim de forma estranha, e eu pressiono meus
lábios. — De qualquer forma. Eu só quero que Sophie seja feliz.
— Estou começando a entender isso — Iris responde com
sinceridade.
Pequenas vitórias. Eu celebro internamente.
— Gente! — Sophie chama do andar de cima. — Vocês estão
vindo?
Iris compartilha um pequeno sorriso comigo, e isso também
parece uma vitória.
— Acho que estamos sendo convocadas.
— Aprendi que paciência não é a virtude dela — eu rio.
Iris me segue escada acima, onde Sophie está sentada no meio
da sala ao lado de uma sacola agora vazia e uma pilha de lenços de
papel, segurando três novos jogos para seu Nintendo Switch.
— Cassie! — Sophie estende um jogo em particular. — Tia Iris
me deu Animal Crossing!
— Oh, cara — eu comemoro, caindo de joelhos ao lado dela.
— Esse é exatamente o que você queria.
— Você pode construir sua própria ilha nesse!
— Bem, isso parece um sonho — digo a ela.
Sophie já está lendo a contracapa de cada um de seus novos
jogos, e eu me viro para Iris, que está por perto com os braços
cruzados para dar a ela um sinal de positivo. Sou recompensada
com outro pequeno sorriso; o dia de hoje está cheio de todos os
tipos de vitórias, eu acho.
Sophie segura outra caixa.
— Ela me deu Sonic também!
— Oh, esse é o lme que você está me incomodando para ir
ver, certo?
So a revira os olhos.
— Esse é Sonic Dois — ela me corrige. — Parece tão engraçado!
— Eu sei, eu sei, mas tenho que ir à faculdade neste m de
semana. Talvez possamos ir um dia depois da escola na próxima
semana, ou talvez…
Eu tenho uma ideia então, me surpreendendo do nada. Posso
sentir minha boca pendurada quando me viro para Iris, pensando
que talvez eu possa ganhar mais pontos aqui com a tia concisa que
está apenas começando a se animar com a ideia de gostar de mim.
— Ei — eu chamo, apontando para Iris enquanto minha ideia
ainda martela na minha cabeça. — Você tem que trabalhar hoje?
Iris franze a testa.
— Mais tarde? Tenho que substituir a minha atendente às duas
horas. Ela tem um compromisso.
— Por que você e Sophie não vão ao cinema? Vocês podem
tomar café da manhã ou almoçar depois – o que quiser. Quer
dizer, se você quiser?
É a segunda vez que surpreendo Iris esta manhã, se sua
expressão é uma indicação.
— Você acha que Aiden caria bem com isso?
— Vou mandar uma mensagem para ele — asseguro-lhe. —
Vou dizer a ele que foi tudo ideia minha, prometo. Mas acho que
ele vai car bem. Podemos apenas trocar os números caso surja
algo e eu precise ir buscá-la. O que você acha?
— Isso parece… — Os braços de Iris lentamente se descruzam
enquanto ela olha entre Sophie e eu, ainda um pouco atordoada.
— Isso parece ótimo, na verdade. Se você tem certeza de que está
tudo bem.
Tecnicamente, não estou cem por cento certa, mas estou bastante
confiante, pelo menos.
— Sophie. — Eu me viro para me dirigir a ela. — Você quer ir
com a tia Iris?
Sophie acena com entusiasmo.
— Sim!
— Por que você não sobe e se troca enquanto eu mando uma
mensagem para o seu pai? Tenho certeza que ele vai car bem com
isso. Vocês duas podem ter um dia das meninas adequado para o
seu aniversário.
Sophie pula, pegando seus jogos, mas deixando sua bagunça,
praticamente correndo por nós em direção às escadas enquanto ela
sobe para seu quarto. Eu puxo meu telefone do bolso para enviar
uma mensagem de texto para Aiden, bastante certa de que ele vai
car bem com essa ideia, mas querendo ter certeza absoluta antes
de jogá-las totalmente. Estou preparada para convencê-lo de que
sim, se necessário.
— Obrigada — Iris diz atrás de mim. Eu me viro para
descobrir que suas feições suavizaram consideravelmente, gratidão
brilhando em seus olhos. — Sério.
— Não se preocupe com isso — digo a ela. — A felicidade de
Sophie é a coisa mais importante aqui, certo?
Iris assente.
— Certo.
— Bem, você faz parte disso.
— Eu realmente aprecio isso — Iris diz, quase como se
estivesse aliviada em ouvir.
Talvez ela tivesse começado a duvidar.
— Vocês duas vão e divirtam-se — eu insisto. — Eu tenho
algumas tarefas que posso colocar em dia. Você está praticamente
me fazendo um favor aqui.
A boca de Iris se contorce.
— Certo.
Eu sorrio de volta para ela, fazendo uma comemoração mental.
A nal, parece que posso estar encontrando as rachaduras na
armadura dessa mulher. Mesmo que só um pouco.
Ainda bem que sou incrivelmente paciente.
■□■
Depois de uma hora no meu quarto olhando para o meu
notebook, nalmente relaxo o su ciente para parar de checar meu
telefone. Eu tive que me lembrar inúmeras vezes que Aiden
aprovou o passeio de Iris e Sophie, e que alguém de nitivamente
vai me avisar se eu for necessária.
É engraçado, estou preocupada com Sophie como se ela fosse
minha lha ou algo assim.
Estou descansando na minha cama com a porta do meu quarto
entreaberta, e ouço quando as chaves de Aiden tilintam na porta,
quando ela abre e fecha para sinalizar sua chegada.
— Cassie?
— Aqui — eu chamo, fechando meu notebook.
Ele aparece no batente da minha porta para se encostar nela, e
é… uma vista e tanto. Um Aiden Reid encharcado de suor. Em
todos os outros dias em que ele voltou da academia, tive que
desviar os olhos para não car olhando por muito tempo. O que,
agora que posso olhar o quanto quero, estou percebendo que foi
uma verdadeira tragédia.
Ele cruza os braços, os bíceps pressionando as mangas da
camiseta.
— Elas ainda estão fora?
— Sim, imagino que carão por um tempo. Elas iam tomar
café da manhã, eu acho. — Eu veri co a hora no meu telefone. —
O lme não começa antes das onze, então… Duvido que as
veremos até pelo menos uma da tarde.
— Foi legal da sua parte oferecer — diz Aiden.
Eu dou de ombros.
— Estou determinada a ser a primeira babá que Iris não odeia.
— Eu levanto meu telefone e balanço para frente e para trás. —
Até consegui o número dela. Aposto que nenhuma das outras
babás podem dizer isso.
Aiden sorri.
— Não, elas não podem.
— Parece que você pelo menos fez um bom treino enquanto
estava escondido na academia — provoco, olhando para a mancha
escura no algodão em seu peito, onde o suor ainda está secando.
— Eu não estava me escondendo — ele bufa.
Reviro os olhos.
— Claro que não. Acho que alguém pode ter um pouco de
medo da grande e assustadora Iris.
— É mesmo — ele murmura, olhando para mim.
Eu sinto uma centelha de desejo lamber minha barriga com a
maneira como seus olhos se movem sobre meu corpo, observando-
os viajarem pelas minhas coxas vestidas com leggings e pelo meu
peito. Uma garota pode ter todo tipo de ideias com um homem
como Aiden olhando para ela como ele está.
— Você disse que vai demorar mais algumas horas — ele
repete, ainda me olhando — até elas voltarem.
Eu aceno lentamente.
— Eu disse.
— Eu preciso de um banho — diz ele deliberadamente. —
Você estaria interessada em se juntar a mim?
Minha boca está se curvando assim que todas as razões pelas
quais essa é uma má ideia me atingem – percebendo que um
banho signi ca estar completamente exposta e fora de controle.
Até agora, consegui esconder a cicatriz nas minhas costas que
certamente revelará tudo, mas estar nua e molhada garantirá cem
por cento que Aiden a veja, descobrindo subsequentemente o
quão bem ele me conhece, mesmo fora de nossa intimidade recém-
descoberta.
Eu tento mascarar a ansiedade crescente em meu peito,
mantendo minha expressão neutra enquanto empurro meu
notebook para o lado.
— E se eu gostar de você assim?
— Assim? — Ele olha para suas roupas úmidas. — Estou uma
bagunça suada.
— Posso pensar em razões muito melhores para você ser uma
bagunça suada — digo a ele timidamente.
Sua expressão muda.
— Pode, é?
— Mm-hmm.
Dou um tapinha na cama ao meu lado e ele imediatamente se
afasta do batente da porta para pressionar um joelho na beirada da
cama antes de rastejar em minha direção. Suas mãos se apoiam em
ambos os lados dos meus quadris para me prender, e tenho que
admitir que o cheiro de seu suor misturado com seu desodorante e
algo que é inerentemente Aiden não é nada desagradável.
— E como você propõe que preenchamos o tempo, Cassie?
Estendo a mão para colocar meus dedos sob sua camisa,
roçando seu abdômen e sentindo-o tenso sob meu toque.
— Posso pensar em algumas coisas.
— Hum. — Ele abaixa a cabeça para pressionar os lábios no
meu pescoço, e eu fecho meus olhos, curvando meus dedos em
cada lado de seus quadris. — Você está me pedindo para te foder,
Cassie?
Meu estômago aperta. Ainda é um pouco difícil conciliar o
Aiden de sorrisos tímidos e o A que fala coisas sujas, mesmo que
agora eu saiba que eles são a mesma pessoa, e não posso deixar de
me perguntar o quanto Aiden está escondendo de mim.
— Talvez eu esteja — suspiro, sentindo seu joelho se encaixar
entre minhas pernas, aplicando pressão entre elas. — Se você não
estiver muito cansado. Sei que na sua idade toda essa atividade
pode…
Eu grito quando seus dentes beliscam na base do meu pescoço,
sua mão cobrindo meu peito através da minha camisa para apertar
enquanto seu polegar provoca meu mamilo através do meu sutiã
esportivo no. Suas mãos já estão puxando minhas leggings – o ar
frio do ar-condicionado batendo na minha pele enquanto ele as
puxa para baixo, com minha calcinha logo atrás.
— Você já está encharcada — ele murmura. — Acho que você
quer muito que eu te foda.
Eu viro meu rosto para beijar sua mandíbula, en ando meus
dedos no cós de seu short esportivo. Leva apenas um movimento
para deixá-lo livre, e ele faz um som de dor quando minha mão
envolve seu pau já duro para lhe dar um golpe provocador.
— Você não está melhor do que eu, Sr. Reid.
— Estou aprendendo que sempre quero foder você, Cassie.
Está se tornando um problema.
— Eu di cilmente chamaria isso de um problema — eu
respiro, pressionando meu polegar contra sua fenda para espalhar
um pouco de pré-gozo ali. — Especialmente porque eu me sinto
da mesma forma.
Ele está começando a levantar minha camiseta, e o mesmo
pânico atravessa minha forte excitação quando sinais de alerta
disparam em minha cabeça. Eu empurro seus quadris para
incentivá-lo a virar, guiando seu corpo até que ele caia de lado e
depois role de costas. Ele se posiciona de modo que está
descansando contra a cabeceira da cama e meus travesseiros, e eu
subo em seu colo imediatamente, deslizando meu centro molhado
contra seu pau duro em um vaivém lento enquanto suas mãos se
acomodam em meus quadris para agarrá-lo.
— Deixe-me — eu digo. — Não quero que você se canse.
Ele tenta sorrir, mas é de curta duração no momento em que
eu me esfrego contra ele novamente. Eu apoio minha mão em seus
ombros enquanto coloco a mão entre nós para agarrar seu pau,
segurando-o rme enquanto eu lentamente me abaixo sobre ele.
Eu posso ver o tecido levantado de sua cicatriz perto dos meus
dedos, onde eles subiram por baixo da sua camisa, e há um lampejo
de culpa que surge através de mim, mas desaparece rapidamente
quando ele começa a me preencher.
Eu gosto da maneira como sua boca se abre e seus olhos cam
pesados enquanto ele se vê desaparecer dentro de mim, seus dentes
se xando contra seu lábio inferior enquanto meus quadris
encontram os seus, completamente cheia dele.
— Faça o que for bom — ele murmura, sua voz como um mel
espesso que quase posso sentir escorrendo pela minha pele. — Eu
quero ver você me usar. — Sua mão desliza sobre meus quadris
para espalmar minha bunda, olhando para mim com olhos que
parecem estar queimando. — Porque depois disso… Eu vou te
foder, Cassie.
Eu posso sentir a forma como o calor líquido corre através de
mim, a maneira como eu praticamente pingo com suas palavras –
contraindo enquanto o ar em meus pulmões parece pegar fogo.
Seus olhos estão xos no lugar onde estamos juntos agora,
esperando que eu me mova no meu próprio ritmo. Ele parece
muito maior assim, indo muito mais fundo – e eu choramingo
enquanto me aperto involuntariamente em torno dele – um
esforço infrutífero porque não há mais espaço, não dá. Nada além
de Aiden.
Eu tento levantar lentamente, sentindo cada centímetro dele
deslizando contra mim por dentro enquanto eu me afasto. A
sensação de abaixar de volta parece como se eu pudesse explodir
com a espessura dele, mas a leve queimadura é deliciosa, a fricção
celestial.
— Bom — ele diz entre dentes, o som áspero em meus
ouvidos. — Boa garota.
Eu estremeço, fazendo um som lamentável enquanto meu
interior dá outro aperto em vão. Aiden esfrega círculos suaves na
minha coxa.
— Você gosta disso? — Sinto sua mão deslizando entre nós,
seu polegar pressionando contra meu clitóris para me provocar. —
Gosta de ouvir o quão bem você me toma?
Acho que aceno com a cabeça, é um movimento quase
imperceptível que parece demais – e Aiden cantarola em aprovação
enquanto rola o polegar contra a parte mais sensível de mim.
— Parece a porra de um sonho estar dentro de você — ele
murmura. — Continue se movendo assim, Cassie. Quero ver você
fodendo com o meu pau.
Tento levantar meu corpo, mas é preciso esforço; estou tão
cheia que é demais só me levantar dele. Eu posso ouvir a maneira
como ele sibila entre os dentes quando levanto meus quadris para
deslizar ao longo dele, ouço sua expiração pesada quando eu
lentamente afundo de volta.
— Bom — ele diz rouco. — Faça de novo.
Eu faço de novo, um levantamento lento e um deslizamento
apertado, minhas unhas cravando em sua camisa enquanto eu rolo
meus quadris no nal do movimento desta vez. Isso o traz mais
fundo e eu não posso evitar o longo e alto gemido que escapa dos
meus lábios enquanto minha cabeça pende para descansar em seu
ombro.
— Aiden — eu suspiro enquanto co de joelhos para levantar
do seu pau, caindo de volta quando a circunferência dele quase
rouba minha respiração. Estou tão cheia. — Aiden, eu preciso…
— Você quer que eu te foda agora, Cassie? — Sua mão
encontra minha bochecha para afastar meu rosto de seu ombro,
segurando meu queixo e empurrando seus dedos em meu cabelo
enquanto eu olho para ele com os olhos semicerrados. — Você
precisa de um pouco mais?
Eu mordo meu lábio, balançando meus quadris para frente
enquanto eu aceno. Eu sinto suas mãos agarrarem meus quadris
então, me segurando rme.
— Segura em mim.
Eu envolvo meus braços ao redor de seu pescoço enquanto
seus lábios provocam minha mandíbula, a suavidade de sua boca
contrasta fortemente com a dureza de seu pau, que ainda está
dentro de mim.
— Cassie. — Eu me afasto para encontrá-lo me olhando com
olhos que parecem mais escuros do que o normal. Ele se inclina
lentamente até que sua boca paira a apenas alguns centímetros da
minha, curvando-a contra meus lábios para demorar um pouco
antes de respirar. — Você é melhor do que qualquer coisa que eu já
pensei.
Há uma onda de sensação no meu peito que desce até meu
estômago, a suavidade de sua voz me enchendo com algo que beira
a vertigem, mas eu quase não tenho tempo para pensar nisso. Não
com a maneira como ele começa a se mover.
— Oh.
Ele me levanta como se não fosse nada, suas mãos apertando
meus quadris enquanto ele me puxa para cima de seu pau apenas
para me bater de volta para baixo novamente, empurrando para
cima para me encontrar com um grunhido. Eu o sinto mais fundo
assim, fundo o su ciente para que seja quase desconfortável, mas
há aquele deslizamento dele contra minhas paredes internas,
aquela fricção úmida quando cada cume me esfrega da maneira
certa. Agarro-me com força para me rmar enquanto ele empurra
para dentro de mim com o que parece quase como desespero,
como se ele precisasse de cada uma apenas um pouco mais do que
a anterior.
— Você é — cada palavra soa como uma inspiração e depois
uma expiração — tão boa.
Ele puxa meus quadris para frente e para trás apenas para
ressaltar o quanto estou cheia, preenchendo-me. Há um uxo
interrompido de murmúrios onde eu consigo entender coisas
como: “não posso acreditar” e “apertada pra caralho” e “uma boceta
tão perfeita” – cada uma fazendo meu coração bater um pouco
mais rápido, me fazendo apertar em torno dele de novo e de novo.
Ele encontra um ritmo, uma elevação pesada e uma queda
acentuada que me faz quicar em seu pau. Sua cabeça cai para trás
contra a cabeceira da cama enquanto sua boca se abre em um
gemido gutural, alternando entre olhos rolando para trás e
focando onde ele desaparece dentro de mim de novo e de novo.
— Vou gozar — ele avisa com os dentes cerrados. — Mas não
sem você. — Ele começa a balançar meus quadris para frente e para
trás de novo, não realmente empurrando, mas me dando pequenas
quantidades de fricção de qualquer maneira, apenas o su ciente
para me manter no precipício. — Você pode se tocar? Quero que
você goze no meu pau.
Ele se inclina para beijar meu pescoço enquanto eu encontro
meu clitóris com dedos trêmulos, esfregando o pequeno ponto
inchado que já está tão sensível, tão perto. Eu inclino minha cabeça
para trás para dar a sua boca um melhor acesso enquanto eu me
trabalho rapidamente, sua súbita quietude tornando óbvia a
pulsação de seu pau por dentro, tornando a sensação de estar cheia
– o calor – muito mais inebriante.
Ele está me levantando de novo, me balançando em seu pau no
mesmo ritmo que torna difícil respirar, mas é tão bom que nem
posso me incomodar. Meus choramingos se transformam em
gemidos que mal consigo conter – e sua respiração sibila entre os
dentes enquanto ele continua tentando me foder, mesmo quando
suas estocadas cam erráticas, resultando em um ritmo confuso
que ainda parece fantástico.
Meus dedos escorregam contra meu clitóris com o quão
molhada estou, mas eu apenas continuo, movendo-me tão rápido
quanto ele, perseguindo o m com um pouco do mesmo
desespero.
— Aiden. Porra, Aiden.
— Goza — ele sibila. — Caralho, goza, Cassie.
Eu nem tenho certeza de onde vem agora – seja dos meus
dedos no meu clitóris ou seu pau que bate fundo, me tocando de
todas as maneiras certas – mas não importa. É uma pressão lenta e
tumultuada que aumenta e aumenta até estourar – como fogos de
artifício explodindo em meu sangue e minha visão, e bem, bem no
fundo, onde seu pau ainda se move – as faíscas utuando para
formigar minha pele enquanto eu estremeço através dele.
Há mais murmúrios com palavras sujas e respirações pesadas
que di cilmente são audíveis com a forma como meu sangue lateja
em meus ouvidos, mas eu sinto – quando ele cai da borda. Seus
quadris cam apertados para segurar contra o meu, seu pau
pulsando contra minhas paredes com uma pulsação constante. Ele
me puxa para perto com os braços grossos em volta de mim, os
lábios se movendo avidamente sobre meu pescoço e minha
mandíbula e, eventualmente, minha boca enquanto ele esvazia
profundamente.
— Tão bom — ele respira. — Perfeita pra caralho.
Eu estremeço tanto com o elogio quanto com as faíscas do meu
orgasmo que ainda estão zunindo por dentro, caindo contra ele em
uma pilha desossada enquanto suas mãos se movem em minhas
costas em pressões pesadas, como se ele não pudesse deixar de me
tocar. Mesmo depois, ele continua me beijando preguiçosamente,
seus lábios uma pressão agradável contra a minha pele.
— Eu não consigo tocar em você sem perder o controle — ele
murmura eventualmente.
— Mm. — Eu me aconchego mais perto. — Eu não me
importo.
— Está se tornando um problema — diz ele com um bufo. —
Estou descobrindo que sempre quero tocar em você.
Eu me afasto para dar a ele um sorriso preguiçoso, encolhendo
os ombros.
— Eu também não me importo com isso.
— Como você é tão… — Suas palavras desaparecem enquanto
ele balança a cabeça, decidindo contra o pensamento que ele teve e
me puxando para esmagar sua boca contra a minha.
p p g
Eu me derreto em seu beijo, deixando o peso e o calor de seu
corpo penetrar em meus músculos como um bálsamo relaxante,
mal percebendo que ele ainda está enraizado dentro de mim.
— Agora você está uma bagunça suada — eu provoco
enquanto me afasto.
Sinto seus lábios se curvarem contra os meus.
— Parece que vale muito mais a pena agora.
— Fico feliz — respondo, beijando-o novamente.
— Embora eu ainda precise daquele banho.
Aquele ash familiar de culpa, e eu rapidamente o empurro de
volta enquanto permaneço calma.
— Por mais tentador que seja… você interrompeu meu dever de
casa.
Ele solta uma risada.
— Ah, foi?
— Também valeu a pena.
— Acho que não gostaria de atrapalhar seus estudos.
— Mais do que você já atrapalhou, você quer dizer — provoco.
Ele sorri enquanto me dá outro beijo rápido, estremecendo
quando sai de mim e me rolando de costas para pairar sobre mim
novamente.
— Acho que vou ter que te encontrar mais tarde então.
— Duas vezes em um dia? Escandaloso.
Seu sorriso é lento, avançando lentamente em seu rosto
enquanto ele se abaixa para deixar sua boca pairar contra a minha.
— Ainda não seria su ciente.
Meu pulso acelera quando ele me beija novamente, e eu fecho
meus olhos e aprecio a maciez de sua boca à medida que desejo que
o músculo traidor se acalme. É quase decepcionante quando ele
nalmente se afasta, guardando-se em seu short, e parte de mim
ca tentada a mandar tudo para o inferno e segui-lo direto para o
chuveiro.
Mas então eu me lembro de todos os motivos pelos quais não
posso, e novamente sinto aquele peso da culpa por ainda não ter
contado a ele sobre nosso passado. Ainda com muito medo de
arriscar perder isso ao trazer o assunto à tona. Eu quero acreditar
que isso não iria importar, que Aiden gosta de mim o su ciente
para ignorar isso, mas a incerteza me faz car quieta, me sentindo
uma merda por fazer isso.
— Bem, se você mudar de ideia — diz Aiden enquanto desliza
para fora da minha cama. — Você sabe onde me encontrar.
Ele pisca para mim da porta antes de desaparecer por ela, e eu
caio contra as cobertas em um acesso de raiva, fechando meus
olhos enquanto meu corpo desossado e exausto se acomoda no
colchão. Em um segundo vou me vestir de novo e voltar ao que
estava fazendo; eu não vou seguir Aiden, por mais tentador que
seja, porque sei que no fundo eu ainda não estou pronta. Não
estou pronta para encarar a verdade e todos os riscos que ela traz.
Mesmo que, no fundo… eu sei que só estou tornando as coisas
mais difíceis por esperar mais tempo.
Bate papo com @alacarte

Eu vou ser honesto com você.


?

Eu assisti aquele vídeo no trabalho.


Mds, você não fez isso.

No momento estou duro pra caralho no


banheiro.
Pobre bebê. Eu te ajudaria se estivesse aí.

Eu gostaria que você estivesse.


Capítulo 14
Cassie
Eu não cedi à vontade de pular no chuveiro com Aiden, mas isso
não signi ca que eu não estava incrivelmente tentada. Passei o resto
da manhã de sexta-feira sendo uma boa menina e terminando
minhas tarefas, sabendo que a Cassie de sábado caria ainda mais
grata por isso quando não tivesse que correr olhando os slides
antes de ir para a faculdade. Isso provou ser verdade, já que Aiden
me deixou dormir um pouco mais esta manhã enquanto ele e
Sophie escapavam para ir ao New Children’s Museum a pedido de
Sophie. Eu tenho que dar esse crédito para a criança, ela sabe
aproveitar a sua semana de aniversário. Isso me faz rir só de pensar
na forma enorme de Aiden tentando rastejar em algumas das
exibições mais interativas com ela. Também me deixa um pouco
melancólica por não poder ir com eles.
Atualmente, estou tomando meu café da manhã na bancada da
cozinha, vivendo em um estado meio atordoado com pensamentos
cheios de ashes vibrantes do dia anterior, inferno, dos últimos
dias (e noites, na verdade) que passam pela minha cabeça. Meu
cérebro está saturado com pensamentos de uma voz profunda e
um corpo de nido que parece não se cansar de mim, de todas as
pessoas. Se eu fechar meus olhos, ainda posso sentir o calor das
palmas de Aiden em minhas coxas, ouvir seu murmúrio baixo de
palavrões que podem estar se tornando meu vício pessoal. E claro,
a culpa ainda está lá, e eu sei, sem dúvidas, que eu deveria estar
fazendo planos para encontrar uma maneira de dizer a verdade a
Aiden, mas é difícil me concentrar em qualquer uma dessas coisas
quando estou recebendo pau todas as noites.
Eu realmente deveria terminar aqui e começar a me preparar
para partir para St. Augustine’s. Preciso sair em uma hora, e ainda
não sequei meu cabelo do banho, e tenho toda a intenção de fazer
isso, sério.
Se eu conseguir parar de me distrair com as mensagens de
Aiden.
Meu telefone vibra na bancada como se tivesse sido convocado,
e estou segurando um sorriso no momento em que passo o dedo
para ler o que ele enviou.
Há uma foto anexada de Aiden parecendo insatisfeito
enquanto tenta sair de um gigantesco tubo in ável de arco-íris –
seu corpo grande obviamente demais para a atração das crianças.
Não posso deixar de me perguntar como ele consegue parecer tão
bem mesmo quando está carrancudo.
CASSIE
Estou assumindo que Sophie tirou a foto? Você parece
estar realmente sofrendo.
AIDEN
Eu disse a ela que eu sou grande demais para isso.
CASSIE
No entanto, não queremos sufocar sua mente curiosa.
AIDEN
Hilário. Você está indo para a faculdade? Você não
está mandando mensagens e dirigindo, está?

Não posso deixar de revirar os olhos para essa pergunta. É uma


coisa de pai perguntar isso. Ainda assim, não vou ngir que não
sinto um frio na barriga por ele estar preocupado comigo.
CASSIE
Não, pai. Eu ainda estou em casa. Eu vou sair daqui a
pouco.
AIDEN
Não sei como me sinto por você me chamar de pai.
CASSIE
Você prefere Papai?
AIDEN
Você percebe que eles vão me levar para a prisão se
eu ficar duro em um museu cheio de crianças, certo?
CASSIE
Kkkkkkk, bom para você, eu não tenho um fetiche com
Papai, ou eu me divertiria totalmente com isso.
AIDEN
Você é malvada.
CASSIE
Você só vai ter que me recompensar mais tarde. ;)
AIDEN
Completamente malvada.
CASSIE
Sophie está se divertindo?
AIDEN
Demais. Ela está meio tímida. Posso dizer que ela quer
se juntar a algumas das outras crianças, mas não
consigo fazê-la dar o primeiro passo.
CASSIE
Ela está em uma idade estranha. Pode ser difícil fazer
amigos.
AIDEN
Eu sei. Eu simplesmente odeio vê-la sofrendo com isso.
CASSIE
Você não pode forçar. Vai acontecer. Ela é incrível
demais.
AIDEN
Você tem razão.
Agora se apresse e saia de casa para não ter que
correr.
CASSIE
Está bem, está bem. Vou fazer, Papis.
AIDEN
Malvada.

Eu rio enquanto guardo meu telefone no bolso da calça do


pijama, termino o resto do meu café e enxáguo a caneca antes de
colocá-la na máquina de lavar louça.
É engraçado, realmente. A faculdade costumava ser uma
grande fonte de ansiedade; em como pagaria o próximo semestre,
se meus empréstimos seriam processados, se teria que adiar por
mais um ano – mas com o salário que recebo aqui, quase não
precisei pensar sobre isso, neste mês que passou. Se continuar, este
será o primeiro ano que poderei pagar do meu próprio bolso sem
sequer pensar em empréstimos estudantis.
Acho que nunca vou superar totalmente o que esse trabalho
paga.
E essa é outra parte de tudo isso que me faz sentir culpada; isso
está em cima do conhecimento de que ainda não descobri como
dizer a ele que esta não é a primeira vez que temos relações íntimas,
mesmo que seja a primeira vez que ele está me tocando. Houve
momentos nesta semana em que me perguntei se isso deveria me
incomodar, o fato de estar recebendo salário do homem com quem
estou dormindo – mas digo a mim mesma que as duas coisas são
totalmente opostas. O fato de estarmos nos certi cando de manter
nossas… atividades longe dos olhos de Sophie signi ca que não é
completamente sórdido. É apenas uma ligeira diferenciação, que
provavelmente não oferece tanta justi cação como eu me deixo
acreditar – mas é alguma coisa, pelo menos.
Ainda assim, é um pouco doido pensar em ter apenas mais um
ano de faculdade – o que deveria ter sido dois anos de pós-
graduação se transformando em quatro, graças à maravilhosa
experiência de ter que trabalhar enquanto se estuda. É um alívio
completo ver isso chegando ao m, nalmente estar perto da
oportunidade de chegar lá fora e fazer algo realmente bom, mas
não vou ngir que não é um pouco enervante, pensar no que farei
com minha vida depois disso. Há uma certa pressão que vem com
a formatura, em sair para o mundo e fazer algo que me faz re etir
sobre todos os outros aspectos da minha vida, imaginando onde
estarei daqui a cinco anos.
Pensamentos que só se tornam mais confusos pelo homem
com um sorriso estonteante jogado na mistura. Eu sei que é muito
cedo para sonhar com qualquer coisa com Aiden Reid, mas posso
realmente evitar se uma parte de mim está constantemente
pensando na possibilidade de perder tudo isso? E não apenas
Aiden, mas Sophie também. E esse é o fator determinante que me
impede de contar tudo a ele. Pela primeira vez em muito tempo,
quase sinto que pertenço a este lugar, que estou bem aqui, e visto
que é a primeira família de verdade a me receber… É mesmo minha
culpa se eu zesse qualquer coisa que pudesse para me segurar a ela
um pouco mais?
Toda essa linha de pensamento deixa minha cabeça uma
bagunça completa.
Não sou ingênua ao fato de não ter muito a oferecer a Aiden e
Sophie além de mim mesma, que há anos e grandes diferenças
entre nós que não posso mudar – mas não posso deixar de pensar
em sua calma fala: “Eu não deveria estar pensando em você tanto
quanto penso” e seguido de: “Eu sinto que estou cando louco”, e
isso signi ca alguma coisa, certo?
É bobagem minha atribuir tais noções a algo tão novo, algo
que nenhum de nós realmente sabe o que é – mas não posso evitar,
realmente. É que Aiden Reid também me deixa um pouco louca.
É o su ciente para fazer qualquer um se perguntar.
É o su ciente para deixar qualquer um preocupado com o que
nos espera no nal disso.
■□■
Desta vez, nossa aula se concentra em equipamentos de assentos
pediátricos assistivos, e focar nas funções e partes dos diferentes
tipos de cadeiras que eles trouxeram para estudarmos é uma ótima
distração. Venho testando as diferentes funções de inclinação da
Rifton que me foram atribuídas nos últimos vinte minutos, mais
ou menos, e acho que estou quase pronta para passar para o
próximo modelo.
— Me ajuda a instalar este arnês? — Camila segura o arnês
borboleta opcional que pode ser adicionado a este modelo. — Não
consigo descobrir onde ele se encaixa.
— Aqui — eu digo, estendendo minha mão. — Acho que
encaixa aqui.
Camila observa enquanto encontro os pontos de xação para o
arnês, prendendo todos os quatro na posição até que esteja
instalado corretamente.
— Eu perdi totalmente isso — Camila bufa. — Algumas
dessas cadeiras são doidas.
— Elas são incríveis, no entanto — digo. — Há tanta coisa que
elas podem fazer agora.
— Realmente. — Camila examina o encosto da cadeira,
encontrando a função de inclinação e trazendo a cadeira de volta à
sua posição inicial. — Acho que agora conseguimos, não acha?
Devemos passar para a Leckey?
— Nenhuma função de inclinação com aquela, pelo menos —
observo.
— Certo. Parece que aquele grupo está quase terminando.
Podemos ir pegá-la em seguida.
Nós nos sentamos perto do outro grupo que ainda está
estudando as diferentes funções da Leckey, Camila se
esparramando ao meu lado na cadeira de plástico e soltando um
suspiro.
— Apenas esse último ano, e terminamos.
— É uma loucura.
— Você acha que a banca de avaliação vai ser brutal?
— Provavelmente — eu rio. — Mas vamos car bem.
— Olha quem fala — ela bufa. — Você é a melhor da turma.
— Você está indo muito bem.
— Como está indo o trabalho de babá? Você estava agindo tão
estranha na última vez que te vi.
— Oh… — Eu coro, esperando que ela não perceba. Não posso
exatamente dizer a ela que compliquei ainda mais as coisas
dormindo com a pessoa do meu passado que ainda não se lembra
de mim. — As coisas estão ótimas. Eu realmente amo Sophie, a
garotinha de quem cuido. Ela é… uma gura.
— Eu te disse — Camila ri. — Elas podem ser algo nessa idade.
— Você disse que tinha uma sobrinha dessa idade, certo?
— Lucia — Camila me diz. — Ela é uma pestinha. Coisinha
fofa, no entanto.
Concordo com a cabeça distraidamente, observando o outro
grupo testar os diferentes modos da cadeira enquanto meus
pensamentos divagam. Não sei dizer por que a ideia surge na
minha cabeça; talvez seja só porque estou me lembrando das
mensagens de Aiden mais cedo sobre como ele gostaria que Sophie
tivesse mais facilidade em se expor – mas uma ideia surgiu mesmo
assim.
— Ei, Camila…
Ela se vira para me olhar.
— Sim?
— Você acha que sua sobrinha gostaria de ir ao zoológico?
— Sinto que estou caindo em uma armadilha.
— É que… Sophie, ela… ela é nova na escola este ano, e está
com di culdade em fazer amigos. Eu apenas pensei… se ela pudesse
brincar com alguém de sua idade sem toda a pressão de estar no
meio de um enxame de crianças na escola… Esta é uma ideia
terrível?
— Para mim, talvez — Camila bufa. — Eu não disse a você que
Lucia é uma pestinha?
— Oh, vamos lá. Ela é sua sobrinha. Ela deve ser um pouco
legal.
Camila estreita os olhos.
— Você está tentando me bajular?
— Está funcionando?
Ela revira os olhos.
— Infelizmente. Tudo bem. A propósito, você vai pagar o
almoço no dia.
— Claro. Qualquer coisa. Vai ser ótimo.
Camila ainda está resmungando mesmo enquanto eu estou
celebrando silenciosamente minha própria genialidade.
■□■
— O zoológico?
Eu me recuso a ser distraída por Aiden em seu habitat, seus
braços cruzados sobre seu casaco de chef e seu avental manchado
com pedaços de alguma coisa ou outra enquanto o resto de sua
equipe trabalha diligentemente atrás dele.
— Ela vai adorar — eu insisto. — E minha parceira de
laboratório vai levar sua sobrinha, então será uma ótima chance
para Sophie conhecer alguém de sua idade.
— Não deixe que ela ouça você tramando assim — ele adverte,
inclinando-se para espiar em seu escritório, onde Sophie ainda está
jogando em seu Switch em sua mesa. — Quero dizer, eu estou bem
com isso, mas você tem certeza que quer? Vai ser um dia longo.
— Claro! Vai ser tão divertido. Especialmente para Sophie. Ela
já foi?
— Talvez uma vez quando ela era menor… — Ele esfrega a
nuca. — Não tivemos uma chance desde… bem.
— Eu entendo. — Estendo a mão para ele inconscientemente,
meus dedos raspando na borda de seu avental em sua cintura antes
de me lembrar de onde estamos. Eu puxo minha mão para trás,
limpando minha garganta. — Você sempre pode vir conosco.
Brincar de faltar?
Aiden ri, olhando para a agitação atrás dele.
— Acho que eles podem me en ar no forno se eu tentar.
— Apenas uma ideia.
Há uma sugestão de um sorriso em sua boca quando ele se
volta para mim, e seus olhos estão mais calorosos, fazendo meu
estômago revirar.
— Con e em mim, é onde eu preferia estar.
— Bem, vou enviar muitas fotos, pelo menos.
— Perfeito. Me mande um lembrete daqui a pouco e, quando
eu tiver um intervalo, reservarei os ingressos.
— Ah, não, eu posso…
— Eu vou comprá-los — diz ele sem rodeios, sem deixar espaço
para discussão.
Meus lábios se contraem.
— Bem, sim, senhor.
— Temos que adicionar isso à lista de frases que você não pode
dizer para mim em público.
Eu levanto uma sobrancelha, baixando minha voz.
— Você está se tornando um pervertido regular, não é?
— Acho que você desperta isso em mim — ele ri.
A agitação no meu estômago é pior agora, porque não estou
apenas pensando nesta última semana juntos – estou pensando em
todas as vezes que ele foi ainda mais safado do que isso no escuro
do meu quarto, onde eu não podia ver o rosto dele. Tenho que
reprimir um arrepio, tentando afastar esses pensamentos e me
concentrar em Sophie.
— Eu vou contar para ela as novidades — digo.
Aiden ri novamente.
— Apenas certi que-se de não deixá-la saber que é um
encontro para brincar. Ela pode te chutar nas canelas.
— Ela nunca faria isso — protesto. — Ela me ama.
— Não diga que não avisei.
Reviro os olhos enquanto passo pela cozinha em direção ao
escritório do outro lado, batendo no batente da porta enquanto
espio minha cabeça.
— Ei, Soph. Tem planos para amanhã?
— É domingo — diz ela com uma careta. — E eu tenho dez
anos.
— O que você acha de nós termos uma pequena aventura?
Ela faz o possível para não parecer muito animada, seu Switch
abaixando para o colo enquanto ela dá sua melhor impressão de ser
indiferente.
— Que tipo de aventura?
“Ainda não acredito que você assistiu aquele último vídeo no
trabalho” eu rio.
Está se tornando um hábito estranho nosso – conversar um
pouco depois da chamada de Skype. Ele ainda me assiste gozar
e, honestamente, eu gosto um pouco mais quando é ele, e isso
não é bobo?
“Valeu a pena” ele murmura. “Embora meus colegas de
trabalho possam discordar. Eles provavelmente acham que eu
tenho problemas de estômago.”
Eu não posso deixar de rir de novo. Eu ajusto a máscara no
meu rosto, meus dedos demorando lá enquanto meus dentes
mordem meu lábio inferior.
“Estou tentando imaginar” respondo baixinho. “É tão
estranho que eu não saiba como você é.”
“É.” Eu o ouço limpar a garganta. “Mas também não sei
exatamente como você é.”
“É meio estranho” eu rio nervosamente, meu ritmo cardíaco
acelerando.
“Sim” ele ri baixinho. “Estranho.”
Ele não me pede para tirar a máscara, o que é bom.
Porque agora não tenho certeza que não faria isso por ele.
Capítulo 15
Cassie
— Essa é uma aventura bem chata — Sophie comenta do banco do
passageiro do meu carro.
Eu solto um suspiro.
— Só me dê um minuto.
Eu tento ligar a ignição novamente, ouvindo aquele zumbido
fatal enquanto o motor do meu carro velho tenta o seu melhor
para ligar por alguns segundos antes de engasgar e falhar
novamente.
— Vamos — eu gemo. — Não faça isso comigo.
— Precisa de gasolina?
— Tem bastante gasolina.
— E o óleo?
— O que você é, uma mecânica?
Sophie dá de ombros.
— Apenas tentando ajudar.
— Eu sei, eu sei. Eu não sei o que há de errado. Ele
provavelmente só me odeia.
— Como vamos chegar ao zoológico?
Eu deixo cair minha cabeça contra o volante, suspirando
enquanto penso.
— Podemos chamar um Uber.
— É um horário de pico — diz ela casualmente. — Vão
demorar uma eternidade.
Levanto uma sobrancelha em sua direção enquanto ergo
minha cabeça.
— Como você sabe sobre os horários de pico?
— Mamãe não tinha carro — diz ela. — Sempre usávamos
Uber se o lugar fosse longe.
— Ok. E o ônibus?
Sophie faz uma careta.
— O ônibus?
— Você nunca pegou ônibus?
— Está calor.
— Bem, não estou vendo muitas outras opções. Minha amiga
Camila mora do outro lado do zoológico. Quando ela chegasse
aqui, teríamos desperdiçado metade do nosso tempo no zoológico.
— Poderíamos ligar para o papai.
E deixar Aiden saber sobre como meu carro é uma merda?
Não, obrigada. Conhecendo-o, ele provavelmente tentaria deixar o
próprio carro aqui e pegar o ônibus ele mesmo. Seria típico dele
fazer algo assim.
— Não queremos incomodá-lo.
— Mas eu quero ir — Sophie lamenta.
— Eu sei disso, mas se não podemos usar o Uber e você não
quer pegar o ônibus, não vejo como poderemos…
Faço uma pausa, uma ideia me atinge. Pode ser ruim, já que
estou começando a ganhar pontos com a pessoa que tenho em
mente, mas penso comigo mesma que esta pode ser uma chance de
ganhar muito mais, se eu jogar minhas cartas direito.
— Ei, Soph — eu digo, virando-me para dar um sorriso a ela.
— Que horas a loja da sua tia abre?
■□■
— Obrigada por vir nos buscar — digo novamente enquanto
entramos no carro de Iris. — Você está realmente nos salvando
aqui.
— Tudo bem — Iris diz. — Não quero Sophie no ônibus.
O que essas pessoas têm contra o ônibus?
Decido que não é hora de tentar obter a resposta para essa
pergunta.
— E você tem certeza de que não quer vir conosco?
— Eu queria — diz Iris, e acho que ela realmente está falando
sério, com base em seu tom. — Mas eu não tenho ninguém para
me substituir até esta tarde. Eu só tenho dois outros funcionários
agora.
— Uau, isso parece difícil. Está muito movimentado?
Iris assente.
— Estamos entrando na temporada de casamentos no outono,
então recebemos muitos pedidos. Estou fazendo o possível para
entregar com o pessoal que tenho. Eu realmente não posso me dar
ao luxo de contratar mais ninguém no momento.
— Sinto muito — eu digo sem jeito, sem saber o que mais
dizer.
— Tudo bem. — Iris dá de ombros. — Faz parte. — Ela me
olha de lado enquanto entra na rodovia principal. — Isso foi ideia
sua?
— Oh… sim. Tenho uma amiga da faculdade que tem uma
sobrinha da idade da Sophie. Eu pensei… — Eu me paro, olhando
para Sophie, que está ouvindo com curiosidade. — Quero dizer,
minha amiga me perguntou se eu conhecia alguém da mesma
idade que a sobrinha dela que gostaria de passar um dia no
zoológico com ela.
Iris me dá um olhar compreensivo e então me surpreende
sorrindo de verdade, como se ela soubesse exatamente o que eu não
estou dizendo.
— Isso parece divertido.
— Você já foi?
— Ah, sim — diz Iris. — Rebecca e eu levamos Sophie quando
ela tinha, o que… seis anos?
Sophie dá de ombros.
— Talvez. Eu era pequena. Lembro de fazer carinho em uma
girafa!
— Fizemos o safári de vida selvagem — esclarece Iris. —
Rebecca era obcecada por girafas.
Há uma melancolia em seu tom, sua expressão distante, e vejo
o minuto em que ela percebe isso, rapidamente mascarando suas
feições com seu olhar habitual de indiferença.
— Parece que foi um ótimo dia — observo.
Iris assente.
— Foi. Acho que tenho uma foto de nós três em algum lugar
com uma girafa.
— Eu adoraria ver algum dia.
Iris me olha novamente.
— Vou tentar encontrá-la na próxima vez.
Próxima vez.
Iris e Sophie começam a conversar sobre algum livro que Iris
levou, e eu viro meu rosto para a janela para esconder meu sorriso.
Eu não tinha planejado ver Iris hoje; eu nem tinha pensado em
convidá-la para o zoológico, o que me deixa mal agora, mas estou
meio que feliz por meu carro ter dado problema esta manhã.
Parece que toda vez que vejo Iris, eu a entendo um pouco mais.
Pouco a pouco, sei que estou lentamente destruindo sua
armadura.
Tornou-se minha missão pessoal neste momento.
■□■
O restante da viagem acontece sem problemas, e Iris até promete
me enviar uma mensagem com aquela foto quando a encontrar
antes de nos deixar. Eu tomo isso como mais uma vitória. A
entrada do zoológico está movimentada mesmo em um domingo,
e levamos uns bons dez minutos para encontrar Camila e Lucia ao
lado de fora, mesmo trocando mensagens de texto
constantemente.
— Finalmente — Camila diz quando nos encontra. — Pensei
que tínhamos perdido vocês.
Eu olho ao redor.
— Está cheio hoje.
— Sim, Lucia estava agindo como se fosse morrer se tivéssemos
que esperar mais.
A garotinha que tem o mesmo cabelo preto e olhos castanhos
escuros da tia faz uma careta para Camila.
— Eu não disse isso.
— Uh-huh — Camila zomba. — Oh. Sim. Você é Sophie,
certo? — Camila se abaixa para oferecer a mão a Sophie, que a pega
para apertar delicadamente. — Esta é minha sobrinha, Lucia. Eu
prometo que ela não é tão má quanto parece.
Lucia revira os olhos.
— Eu não sou má.
— Oi — diz Sophie, parecendo tímida.
Felizmente, Lucia não parece ter uma grama de timidez em seu
corpo, apontando para a mochila de cordão que Sophie pendurou
nas costas.
— Essa é uma mochila de Encanto?
— Sim. — Sophie assente. — Comprei na Disneylândia.
— Sortuda! Eu e minha mãe vamos ano que vem. Você viu a
Mirabel?
Os olhos de Sophie brilham.
— Uh-huh! E o Bruno!
— Oh meu Deus. Eles…
As duas se aproximam enquanto continuam a falar, e nós as
seguimos em direção à bilheteria enquanto Camila me lança um
sorriso irônico.
— Eu não acho que vamos ter que nos preocupar com essas
duas.
— Louvada seja a família Madrigal — eu rio.
— Di cilmente. Se eu tiver que ouvir aquela maldita música
mais uma vez, eu vou…
— Então, você não fala sobre Bruno?
Camila estreita os olhos enquanto entramos na la para
mostrar nossos ingressos, balançando a cabeça.
— Agora você vai pagar o almoço e uma raspadinha.
■□■
Lucia e Sophie viraram praticamente melhores amigas quando
chegamos à Floresta Perdida, nosso plano de ataque é tentar fazer
uma grande volta para que possamos passar em tudo antes de
voltarmos para a saída.
Sophie pressiona o nariz contra o vidro para ver melhor os
hipopótamos, fazendo um ooh apreciativo. Lucia está ocupada
lendo o painel de informações.
— Aqui diz que os hipopótamos matam até quinhentas
pessoas por ano — Lucia lê, não como se estivesse chocada, mas
como se achasse isso fascinante.
Sophie olha para ela com descrença.
— Hipopótamos?
— O quê?! — Lucia bufa. — Eles sentam nas pessoas?
— Não — Camila suspira. — Olha aquelas presas! Elas fariam
um kebab de você.
— Eca — diz Sophie. Ela olha para baixo. — Estamos perto
dos cangurus? Quero ver os cangurus.
Camila veri ca o mapa.
— Eles estão lá no fundo. Temos um pequeno caminho a
percorrer antes de chegarmos lá.
— Vocês sabiam — interrompi — que os cangurus machos são
chamados de boomers?
— O quê? — O nariz de Sophie enruga. — Sem chance.
— Não, não — Camila suspira, balançando a cabeça. — Tenho
certeza que é verdade. Ela provavelmente leu em uma tampa de chá
de pêssego.
— Ah, e coalas. — Estalo os dedos. — Eles dormem tipo vinte
e duas horas por dia.
Camila revira os olhos.
— Você pode, por favor, começar a beber Dasani como uma
pessoa normal?
— Não — eu rio. — Estou viciada. — Percebo que Lucia e
Sophie estão encolhidas perto do vidro agora e pego meu telefone.
— Ei, crianças. Virem para cá. Deixe-me tirar uma foto.
Lucia joga o braço em volta de Sophie, que parece levemente
surpresa por um momento antes de retribuir o gesto e sorrir
grandemente, e meu peito aperta com uma sensação de felicidade
enquanto tiro algumas fotos. Eu imediatamente me ocupo em
enviar uma para Aiden, sabendo que ele vai se animar com Sophie
e Lucia se dando tão bem.
Com a imagem acrescento:
CASSIE
Elas são praticamente melhores amigas e ainda não
estamos nem na metade do passeio.

— Você está enviando isso para o papai?


Percebo que Sophie está me olhando e aceno com a cabeça.
— Ele queria muitas fotos.
— Diga a ele que ele tem que vir da próxima vez — diz Sophie.
— Quero contar a ele como os hipopótamos matam pessoas.
Eu faço uma careta.
— Talvez seja melhor deixar essa parte do passeio de lado.
Sinto meu telefone zumbir, olhando para baixo para ver qual é
a resposta de Aiden.
AIDEN
Isso é incrível. Parece que todas estão se divertindo
muito.

E então apenas um segundo depois:


AIDEN
Eu realmente queria estar aí com vocês.

Meu estômago aperta quando meu rosto se abre em um sorriso


involuntário. Não faço ideia de como uma mensagem pode me
deixar tão feliz. Então eu me lembro de quem é. Eu digito uma
resposta sem pensar.
CASSIE
Foi uma chatice chegar aqui, mas valeu a pena.
Sophie está se divertindo.

Sua resposta é instantânea.


AIDEN
O que você quer dizer? Aconteceu alguma coisa?

Oh. Merda. Ainda não contei a Aiden sobre meu carro.


CASSIE
Oh. Bem… meu carro estava apresentando problemas
esta manhã.

Eu decido que dizer a ele que Iris nos trouxe aqui é


provavelmente uma conversa melhor para se ter pessoalmente.
CASSIE
Podemos voltar de Uber… ou pegar o ônibus.
AIDEN
Não. Eu vou buscar vocês. Apenas me diga a hora.
CASSIE
Você não precisa. Eu sei o quanto vocês estão
ocupados.
AIDEN
Eu disse que vou. Apenas me diga que horas.
CASSIE
Está bem, está bem. Mandão.
AIDEN
Vejo você depois.

É bobo ainda estar sorrindo sobre isso, mas não posso evitar.
Eu me pergunto se devo dizer a ele que eu meio que gosto dele
sendo mandão.
Camila está me olhando estranhamente quando eu olho para
cima, e rapidamente disfarço meu sorriso em uma expressão mais
casual.
— Vocês estão prontas para seguir em frente? Acho que
estamos perto de algumas cafeterias. Podemos pegar um pouco de
comida.
— Estou morrendo de fome — lamenta Lucia.
— Sim, sim — eu rio. — Vamos alimentar vocês, pestinhas.
Eu intencionalmente ignoro o jeito que Camila ainda está me
olhando.
■□■
Camila felizmente espera até depois do almoço para comentar,
quando as crianças estão distraídas com os pandas.
— Então… como é o pai da Sophie?
— Hum? — Eu tento usar um rosto neutro. — Ah, Aiden?
Ele é… ótimo. Muito legal.
Ele também tem uma boca suja e um pau que desafia a ciência,
mas provavelmente não é bom mencionar isso agora.
— Uh-huh.
— O quê?
— Você disse que ele é solteiro, certo?
Reviro os olhos.
— O que isso importa?
— Ah, não sei… — Seu sorriso é malicioso. — A maioria das
pessoas não dá risadinhas das mensagens de texto do seu chefe. Me
deixou curiosa.
— Eu não dei risadinhas — eu protesto.
— Claro que não.
Ela caminha na minha frente para seguir as garotas no Panda
Trek, e eu me inquieto nervosamente enquanto a sigo. É realmente
tão óbvio? Eu tenho que fazer um trabalho melhor para manter as
coisas sob controle. Eu me aproximo de Camila, sem olhar para
ela.
— Não é o que você pensa — eu digo.
Quero dizer, é, mas duvido que seja algo que eu deva
compartilhar abertamente com as pessoas.
Camila me dá um olhar inocente.
— Eu não estava pensando em nada.
— Ah, sim, você estava — eu bufo.
— Ele é gostoso?
— Shh. — Eu olho para para onde Lucia e Sophie ainda estão
conversando animadamente, alguns metros a frente. — O que isso
importa?
— Então, ele é — Camila ri. — Uau. E você está morando com
ele? Por favor, me diga que você está dando para ele.
— Oh meu Deus — eu assobio. — Você pode falar mais alto?
— Eu não tenho um encontro há meses — diz ela. — Você
sabe como é a nossa agenda. Honestamente, bom para você por
encontrar pau com nossa carga de trabalho.
— Não é assim — digo novamente, mas soa mais fraco desta
vez.
— Ei, sem julgamentos aqui — Camila me garante. — Sophie
é uma criança legal. O pai dela também deve ser muito legal.
Eu mordo o interior do meu lábio, virando minha cabeça para
ver o sorriso de Sophie, sorrindo quando ela me pega olhando e me
dá um pequeno aceno, que eu retribuo.
— Ela é uma criança muito legal — eu concordo.
— Muito menos pestinha do que Lucia.
Dou uma cotovelada em Camila.
— Lucia é ótima.
— Sim, sim, ela é boa.
Hesito por um momento, lutando contra o desejo de contar
algo a alguém e sabendo que devo manter minha boca fechada.
Deixo vários outros passos passarem em silêncio enquanto isso
pesa sobre mim, e então solto uma respiração lenta.
— O pai dela é realmente ótimo — eu digo baixinho.
O sorriso de Camila é lento, mas ela se inclina para mim de
forma conspiratória, roubando meu movimento enquanto me dá
uma cotovelada no lado.
— Sim, eu aposto que ele é.
■□■
No nal do dia, todo o grupo está exausto. Vimos mais leões, tigres
e ursos (oh meu Deus) do que seria normal para um ser humano, e
às sete horas, estamos todas prontas para ir para casa.
— Tem certeza que não quer que eu leve vocês para casa?
Eu balanço minha cabeça para Camila.
— É tão fora do seu caminho. Aiden disse que viria nos buscar.
— Ele está atrasado — Sophie resmunga ao meu lado.
— Sério — Camila tenta novamente. — Não é grande coisa.
Só mandar uma mensagem para ele e dizer que…
— Oh, lá está ele — eu digo, avistando seu carro se
aproximando do ponto de desembarque.
— Finalmente — Sophie bufa.
O carro de Aiden para no meio- o e ele o estaciona antes de
sair do lado do motorista para se apoiar no capô.
— Desculpe o atraso — ele oferece. — Trânsito.
Ele ainda está com seu casaco de chef, então eu sei que ele veio
direto do trabalho e que provavelmente terá que voltar – e por que
me aquece completamente, que ele colocaria tudo em espera por
nós?
Lucia e Sophie estão se despedindo com um abraço, e posso
ouvi-las falando sobre trocar códigos de amizade no Switch, mas
ca de lado quando Camila se inclina para murmurar em meu
ouvido:
— Jesus Cristo, Cassie. Se você não está dando para ele, então
você deveria ser presa.
Eu solto uma risada.
— Isso nem faz sentido.
— É um crime contra a humanidade. Pense no resto de nós.
Largada às traças. Cheias de trabalho. Sem pau.
— Ok, estamos indo agora.
— Estou apenas dizendo…
Eu jogo meus braços em volta do pescoço dela para um abraço.
— Obrigada por hoje. Foi ótimo.
— Aparentemente, as crianças estão grudadas agora, então
teremos que fazer isso de novo.
— Certo.
Camila abaixa a voz novamente.
— E eu sinceramente espero que você tenha conseguido aquele
pa…
— Ok, meninas! — Eu me afasto de Camila. — É hora de
Sophie e eu irmos. Mas vamos sair de novo em breve, ok?
As duas acenam com a cabeça e se despedem novamente,
Sophie acenando de volta para Lucia enquanto eu a ajudo a entrar
no carro.
— Eu realmente sinto muito por ter atrasado — Aiden diz
novamente enquanto todos nós colocamos o cinto. — Eu deveria
ter saído um pouco mais cedo.
— Está tudo bem — asseguro-lhe. — Não camos esperando
muito.
— Vou ter que voltar para o trabalho depois de deixar vocês.
— Eu imaginei — eu digo.
Aiden olha pelo espelho retrovisor enquanto se afasta do meio-
o.
— Você teve um dia divertido?
— Tão divertido — Sophie fala. — Você sabia que os
hipopótamos matam pessoas?
Eu gemo, e Aiden me dá um olhar estranho de lado.
— Não pergunte — eu digo. — Não pergunte.
■□■
Eu ajudo Sophie a sair do carro quando paramos do lado de fora
da casa, certi cando-me de que ela está com a sua sacola de
lembrancinhas antes de começar a andar. Ela se vira para olhar para
mim no meio do caminho.
— Você vem?
— Só um segundo — eu falo depois dela. — Preciso contar
uma coisa para o seu pai.
— Tudo bem, mas você prometeu fazer o quebra-cabeça do
canguru comigo.
— Sim, sim, vamos fazer o quebra-cabeça.
Espero até que ela desapareça pela porta da frente antes de
rastejar de volta para o lado do passageiro na frente, passando pelo
console no meio e colocando minhas mãos em concha no rosto de
Aiden para puxá-lo para um beijo. Há um momento de surpresa
da parte dele que se dissolve rapidamente, e então sinto seus dedos
em meu cabelo e sua língua em meu lábio inferior antes de
mergulhar para dentro para tocar a minha.
Eu o beijo com força, com muito mais do que parece
apropriado para dentro de um carro no meio da rua, mas decido
que não me importo. Tive um dia fenomenal com uma criança
fenomenal, e agora estou sendo levada para casa por um homem
fenomenal que me deixa atacá-lo com beijos do nada.
As coisas poderiam ser muito piores.
Ele parece um pouco atordoado quando eu me afasto.
— Para o que foi isso?
— Porque você é ótimo.
Ele pisca.
— Eu sou?
— Muito.
— Você está tentando me seduzir para desistir do trabalho?
Porque está funcionando.
Meus lábios se curvam contra os dele e pressiono outro beijo
suave ali.
— Mais tarde — eu prometo. Eu me arrasto para fora do carro
e percebo que ele está franzindo a testa quando meus pés tocam a
calçada, minha mão na porta. — O quê?
— Você pode ser realmente má — ele resmunga.
Eu dou a ele um sorriso malicioso.
— Ainda bem que você sabe onde eu moro, Sr. Reid.
Acho que ainda consigo ouvi-lo resmungando mesmo depois
de fechar a porta.
Bate papo com @lovecici

Você mandou para @lovecici uma


gorjeta de $50

Te mandei um novo brinquedo. Eu quero ver


você usar sua boca e imaginar que é o meu
pau.
Capítulo 16
Aiden
Voltar ao trabalho é muito mais difícil com a sensação dos lábios
de Cassie ainda contra os meus, mas consigo de alguma forma. O
restaurante ainda está tão cheio quanto eu o deixei quando entro
pela entrada de serviço, e Marco parece estar por um triz, correndo
para me encontrar com um olhar exausto.
— Estamos sem chalotas.
Eu recuo.
— Como diabos estamos sem chalotas?
— Erro de estoque? Eu não sei, porra. Mas acabamos de usar a
última delas em um poulet au vinagre, e tenho mais dois pedidos
esperando.
— Por que parece que vou gritar com Alex esta noite? — Eu
suspiro.
— Ele está doente — diz Marco. — Então, a menos que você
queira gritar com ele pelo telefone…
Porra.
Talvez eu realmente devesse ter sumido pelo resto da noite. Eu
poderia estar montando um quebra-cabeça em casa com as
meninas agora.
As meninas.
Isso me pega de surpresa, a maneira como meu cérebro
instantaneamente juntou-as dessa maneira. Não sei quando
comecei a pensar nelas como um conjunto, esperando por mim em
casa, mas percebo que sim. E está cando cada vez pior que eu
tenha que passar tanto tempo aqui, longe delas.
— Hum, olá — diz Marco, acenando com a mão na frente do
meu rosto. — Por que você está sorrindo assim? Você está me
assustando.
— Nada — digo, me recompondo. — Temos cebolas
amarelas?
— Provavelmente. — Ele se vira para gritar com um dos
cozinheiros da linha para veri car antes de se virar para mim. —
Acha que podemos usá-las como substitutos?
— É provável que os clientes nem percebam. Só colocar um
pouco mais de alho. Isso é o melhor que podemos fazer.
— Merda. Eu nem pensei nisso — Marco responde. — Isso é
ótimo. Deus. Estou feliz que você está de volta. Eu estava prestes a
ter um colapso.
Dou um tapinha no ombro dele, rindo:
— Vai car tudo bem.
— Tudo bem — Marco ecoa estupefato. — Quem é você e o
que fez com Aiden Reid?
Ainda há um fantasma de sorriso na minha boca enquanto eu
pego um avental limpo, amarrando-o na minha cintura enquanto
me preparo para o resto de uma noite movimentada.
Estranhamente, parece menos assustador do que quando entrei.
E eu sei que é cem por cento por causa das meninas que estão
me esperando em casa.
■□■
As portas do restaurante só fecham depois das dez horas, e Marco
me garante que ele e os outros podem lidar com a limpeza, já que
tive que entrar mais cedo hoje. Normalmente eu discutiria com ele
sobre isso, mas com a possibilidade de pegar Cassie ainda acordada
em casa… não é preciso muito convencimento para me fazer ir
embora.
Acho que é porque ela e Sophie estiveram tanto em minha
mente esta noite – o dia que passaram juntas, o fato de eu não
poder estar lá – talvez seja por isso que decido ligar para o
proprietário, Joseph, a caminho de casa. Não demora muito para
ele atender, sua voz soando pelos alto-falantes do carro depois de
apenas vinte segundos ou mais. Normalmente eu me preocuparia
em ligar para alguém a esta hora, mas Joseph é como uma coruja.
— Aiden? Tudo certo?
— Oh, sim. Está tudo bem.
— Noite fácil, espero?
— Desastre leve com chalotas, mas nada que não pudéssemos
lidar.
— Cebolas amarelas?
Eu rio.
— Sim, cebolas amarelas.
— Sempre dá certo.
— Para falar a verdade… eu estava ligando sobre outra coisa.
— Oh? — Eu posso ouvi-lo farfalhando ao redor, sem dúvida
se acomodando melhor em sua cadeira de couro favorita onde ele
gosta de fumar.
— Sim, tudo está indo muito bem, é só…
— Bem, fale logo, garoto — ele ri. — Eu nunca soube que você
tinha a língua presa.
— Eu estava considerando a possibilidade de passar algumas de
minhas funções para Marco. Diminuir um pouco minha carga de
trabalho.
— Você não está pensando em se demitir, está?
— Não — enfatizo. — Claro que não. Eu amo estar ali, e eu
amo trabalhar para você. É só… desde que Sophie veio morar
comigo em tempo integral, realmente comecei a perceber o quanto
perdi da vida dela. É mais óbvio quando a vejo todos os dias,
quando sou lembrado todos os dias do quanto não a estou vendo.
Isso faz sentido?
— Claro que sim — diz Joseph, e eu suspiro de alívio. — Você
sabe que trabalharei com você da maneira que puder.
— É claro que eu entenderia se você quisesse que eu deixasse o
cargo de chef executivo ou se precisasse cortar meu salário para
compensar as responsabilidades menores…
— Oh, besteira — Joseph zomba. — Ninguém quer isso.
Podemos encontrar uma maneira de garantir que você tenha mais
tempo em casa sem tirá-lo do posto. — Ele ri então. — De
qualquer forma, Marco cagaria nas calças se nós sugeríssemos isso.
Todo mundo lá sabe que a cozinha não funciona sem você.
— Eu só quero ser justo com você.
— Filho, você tem sido justo comigo há anos. Você trabalhou
até falar chega. Eu sempre esperei que você encontrasse um motivo
para começar a tirar um tempo para você. Não há motivo melhor
do que a família.
Eu aceno fortemente, minha voz parecendo grossa.
— Eu realmente aprecio isso.
— Agora você só precisa arranjar uma garota, e eu realmente
posso parar de me preocupar com você.
Estou muito grato por Joseph não poder ver meu rosto agora.
— Sobre isso…
— Oh?
— Eu estava pensando se poderia levar uma acompanhante
para sua festa de aniversário em algumas semanas.
— Bem, vejam só, eu já vi de tudo. Você virá para a festa? E
você trará uma acompanhante?
— Bem… eu ainda não disse nada… mas espero que ela queira
ir comigo.
— Acredite em mim quando digo, mal posso esperar para
conhecer a mulher que tenha feito você dar um passo para trás e
começar a aproveitar sua própria vida fora do trabalho. Ela deve ser
grande coisa.
Minha boca se contrai involuntariamente.
— Ela é.
— Bem, vá para casa, e eu vou continuar com o resto deste
bom conhaque que acabei de me servir.
Eu solto uma risada.
— Parece uma boa noite.
— Falaremos mais amanhã sobre a sua acompanhante.
Apresse-se e pergunte a ela.
— Sim, sim, eu vou.
— Boa noite, Aiden.
— Boa noite, chefe.
Sinto-me mais leve depois que desligo; eu não tinha ideia de
como seria essa conversa, mas acho que é seguro dizer que não
poderia ter imaginado que seria melhor do que isso. E realmente é
o momento certo, eu acho. Para começar a recuar e estar mais
presente em casa. Quando Sophie chegou… tudo na minha vida
era uma bagunça. Eu não sabia como ser o pai dela e cuidar da
cozinha ao mesmo tempo. E talvez isso ainda seja um pouco
verdade, mas… eu sei que se Cassie não tivesse aparecido, eu ainda
estaria com a cabeça na areia, ignorante demais para ver o quanto
eu estava fazendo Sophie sofrer. Sem ela… eu poderia nunca ter
aprendido como falar corretamente com minha lha.
Perceber isso só me faz querer chegar em casa até ela mais
rápido.
Há muito pouco que poderia arruinar o bom humor em que
estou agora, mas quando outra chamada é sinalizada no meu
Bluetooth e o nome de Iris aparece na tela do meu console,
descubro que é a única coisa que chega perigosamente perto disso.
Eu nunca sei como vai ser a conversa com ela, e é por isso que
sempre co tão nervoso.
— Olá?
Iris parece cansada.
— Ei. Desculpe ligar tão tarde. Achei que você estaria
arrumando as coisas.
— Na verdade, saí mais cedo. Decidi voltar para casa.
— Isso não é comum de você — ela aponta.
— Sim, bem, foi apenas um longo dia.
— Cassie disse a você que eu as levei ao zoológico hoje?
Isso me surpreende.
— Você levou?
— O carro dela estava dando problema e ela me ligou. Até me
convidou para ir com elas.
— Por que você não foi?
— Não consegui ninguém para me substituir na loja. — Ela
ca quieta por um momento. — Ela é tenaz, para uma babá.
Eu não posso deixar de rir baixinho.
— Isso é verdade.
— Escute, não é algo que eu queria discutir perto de Sophie,
mas senti a necessidade de dizer… que eu sei que Cassie é muito
bonita e simpática. Inferno, eu estou começando a gostar dela.
Eu me sinto formigando, sem saber onde ela quer chegar com
isso.
— E?
— Estou apenas dizendo…, não sei como um homem solteiro
poderia morar com ela sem que algo acontecesse.
— Iris, não sei o que você está insinuando, mas não acho que
isso seja da sua…
— Eu não estou atacando você, Aiden — ela suspira. —
Honestamente.
— Então o que você está tentando dizer?
— Eu só quero ter certeza de que, independentemente de
qualquer relacionamento que possa se formar entre você e Cassie –
e eu não quero saber o que é – eu não quero que Sophie seja
deixada de lado. Apenas se certi que de que ela seja sua prioridade
número um, ok?
Eu não posso deixar de car um pouco irritado.
— Eu sei disso sem você precisar me dizer.
— Não que irritado. Só me preocupo com a minha sobrinha,
está bem? Só quero ter certeza de que ela está sendo cuidada da
melhor maneira humana possível.
— Mais uma vez, eu não preciso que você me diga isso.
Iris suspira novamente.
— Ok. Me desculpe por ter ligado. Só estava pesando em mim.
Eu sei por observá-las que Sophie ama Cassie, é claro para
qualquer um que esteja perto delas por mais de um minuto, e eu
só espero que você considere as consequências de Sophie perder
repentinamente a presença de Cassie em sua vida se vocês dois
começarem algo e der errado.
Isso me faz parar. Reconheço que é algo que não tive tempo de
considerar. Principalmente porque não quero imaginar a
possibilidade de um futuro em que as coisas entre Cassie e eu
deem errado.
— Eu aprecio sua preocupação — digo com rmeza, tentando
permanecer civilizado — mas posso prometer a você que Sophie
foi e sempre será minha prioridade número um.
— Tudo bem — diz Iris. — Isso é tudo que eu queria dizer.
— Ok, bem, então, se você acabou…
— Pelo que vale — ela interrompe, e eu me sinto tenso em
esperar. — Eu realmente acho que ela ama muito a Sophie. Acho
que ela é boa para ela.
Fico quieto por alguns segundos, considerando isso.
— Eu também — respondo nalmente.
Iris desliga para me deixar no silêncio do carro, com todas as
coisas que ela disse e as novas possibilidades que eu não havia
considerado. Eu absolutamente não pensei sobre o que poderia
signi car para Sophie se Cassie e eu desmoronássemos de repente,
sabendo no fundo que isso devastaria Sophie se acontecesse, tanto
quanto estou percebendo que aconteceria comigo.
Aperto o volante com mais força.
Mais uma razão para garantir que isso não aconteça.
■□■
A casa está silenciosa quando passo pela porta; o quarto de Cassie
está escuro e já passou da hora de Sophie dormir, então minha
primeira suposição é que sou o único acordado. Ainda estou um
pouco abalado com a ligação de Iris, e pode ser por isso que
contorno o quarto de Cassie e subo as escadas exausto em busca da
geladeira. Talvez uma cerveja ajude a acalmar meus pensamentos.
Então, é uma surpresa quando eu piso no patamar e me deparo
com a luz suave brilhando sobre o forno – Cassie inclinada sobre a
pia com uma colher na mão enquanto ela come diretamente de um
pote de sorvete. Eu a peguei no meio da mordida, a colher
empoleirada na ponta da língua enquanto ela lambia o resto do
doce, e é como uma resposta pavloviana, a forma como meu pau se
contrai ao assistir.
Ela sorri ao redor de sua colher.
— Temos que parar de nos encontrar assim.
— Está se tornando um hábito — murmuro de volta, distraído
por sua boca.
— Como foi o resto da sua noite?
— Longa. — Eu me movo em direção a bancada, fechando a
distância entre nós. — Exaustiva.
— Pobre bebê — ela brinca.
Se vocês dois começarem algo e der errado.
Odeio ainda estar pensando nisso. Essa coisa entre Cassie e eu
mal teve espaço su ciente para respirar, e já estou preocupado
sobre como pode acabar. Quem faz isso?
— Tudo certo? — Cassie coloca a colher na pia, guardando o
pote de volta no freezer enquanto eu circulo a bancada para ir até
ela. — Você parece tenso.
Eu a puxo contra mim, respirando o cheiro de seu shampoo e
deixando-o acalmar meus pensamentos errantes.
— Apenas uma noite muito longa.
— Oh? — Ela se afasta, sorrindo timidamente para mim
enquanto seus dedos traçam um caminho pelo meu esterno. —
Algo que eu possa fazer para ajudar com isso?
Estendo o braço para segurar seu rosto em minhas mãos, meus
polegares roçando suas bochechas. Como eu a conheço por tão
pouco tempo? Por que parece que seria algo impossível de
sobreviver se ela fosse embora de repente?
Eu tento afastar essa linha de pensamento ridícula.
— O que você tinha em mente?
— Bem, eu sei que você tem um método preferido de ser
consolado.
Eu sorrio contra sua boca quando ela ca na ponta dos pés
para me encontrar, e o pensamento de fazê-la gritar na minha
língua alivia imediatamente um pouco da tensão em meus
ombros.
— Eu caria feliz em satisfazer se você quiser subir no balcão
— murmuro contra sua boca.
— Oh não — diz ela docemente, beijando-me de novo
suavemente. — Eu estava pensando em retribuir o favor.
— O que você…
Prendo a respiração quando ela cai lentamente de joelhos,
puxando meus quadris até que estou pressionado contra a
bancada, e me seguro com as mãos atrás das costas.
— Cassie, você não…
Ela já está desa velando meu cinto.
— Você não acha que isso vai fazer você se sentir melhor, Sr.
Reid?
— Porra — eu assobio, cando tenso quando a mão dela
desliza entre o tecido para me apalpar através da minha cueca
boxer. — Jesus, Cassie. — Minha cabeça se volta para a sala de
estar vazia atrás da ilha da cozinha na qual estou atualmente
encostado, olhando para o patamar escuro da escada. — Sophie…
— Dormindo como um bebê — Cassie me garante. —
Ficaremos quietos. — Ela olha para mim com um brilho de
hesitação em seus olhos. — A menos que você não queira…?
Meu bom senso entra em con ito com a sensação dominante
das mãos de Cassie em mim, percebendo que, do pé da escada, a
única coisa que alguém poderia ver se aparecesse seria minhas
costas, visto que Cassie está ajoelhada no lado oposto da ilha que
esconde minhas pernas. É uma má ideia, provavelmente, mas,
novamente, ainda estou achando incrivelmente difícil pensar com
meu cérebro agora.
— Silencioso — murmuro de volta, focando no sorriso
triunfante de Cassie. — Rápido. — Eu engulo. — Você tem
certeza?
— Muita — Cassie praticamente ronrona, fazendo meu pau se
contorcer sob sua palma. — Apenas que parado.
Ela continua a me tocar gentilmente, traçando minha forma
com o dedo indicador e o polegar antes de segurar no cós. Ela
agarra o elástico, avançando para baixo até que meu pau se solte, já
duro apenas com seu leve toque. Seu punho imediatamente me
envolve para me dar um golpe pesado da base à ponta que faz
minha respiração sibilar entre meus dentes, seus dedos nos
segurando meu pau fazem meu sangue esquentar. A maneira como
ela me acaricia lentamente é o su ciente para me deixar
desequilibrado.
— Você tem que car quieto, Aiden — ela diz com aquele
mesmo sorriso tímido. Ela provoca a ponta com a língua, apenas o
su ciente para me fazer ofegar. — Você pode car quieto para
mim?
— Cuidado — sussurro em aviso.
Ela desliza o punho para descansar logo abaixo da cabeça do
meu pau, girando a língua em torno enquanto eu tremo, sua voz
tão suave quanto a minha.
— Com o que eu devo ter cuidado?
q
— Você deve ter cuidado para que eu não foda essa boca
bonita.
— Você pode — ela brinca, envolvendo os lábios em volta de
mim para chupar antes de me soltar com um som molhado. — Se
você quiser.
Deus. O que há em Cassie que me faz perder o controle? Eu
quero ser gentil com ela, eu quero ser tão doce com ela como ela
merece, mas toda vez que ela me toca, eu pareço evoluir para um
estado bruto que não pode se concentrar em nada além de fodê-la
tão forte e fundo quanto eu sou capaz.
— Então abra mais — eu insisto com os dentes cerrados. —
Me dê sua língua.
Ela mantém os olhos treinados para cima para continuar
olhando para mim quando estende a língua e a achata logo abaixo
da cabeça larga, fechando os lábios ao redor da ponta para girar em
torno dela. Minha boca se abre quando meus cílios tremulam com
o calor de sua boca, e eu levanto minha mão quase instintivamente
para deslizar meus dedos por seu cabelo, afastando-o de seu rosto
no momento em que ela deixa a cabeça do meu pau encostar
contra sua bochecha.
Eu poderia gozar apenas com essa imagem, se eu realmente
quisesse.
Ela se levanta um pouco enquanto agarra meu quadril com
uma mão, deixando o outro punho na base do meu pau enquanto
ela lentamente, lentamente começa a empurrar seus lábios para
baixo no comprimento duro. Seus olhos se fecham enquanto ela
me leva tão fundo quanto ela é capaz – seus lábios encontrando
seu punho enquanto ela engole em torno da cabeça gorda que se
aninha no calor suave de sua garganta.
— Porra, Cassie — eu resmungo baixinho. — Bem desse jeito.
Jesus, porra.
Minha cabeça cai para trás enquanto meus quadris se movem,
tentando car parado à medida que ela se afasta para acariciar a
parte de baixo do meu eixo. Meu estômago aperta quando sua
língua provoca o lábio alargado logo abaixo da cabeça antes de
rodar a língua levemente na ponta, e eu quase engasgo quando ela
começa a passar a língua contra a pequena fenda lá.
Ela deixa a cabeça inteira deslizar por seus lábios depois,
segurando-a em sua boca, dando-me um golpe pesado para cima e
para baixo antes de me liberar completamente. Ela oferece um
pouco de sua saliva para deixar escorrer na minha cabeça,
imediatamente deslizando o punho para baixo em movimentos
rmes antes de me puxar de volta para dentro de sua boca,
começando a balançar a cabeça no ritmo de seu punho ainda
acariciando.
— Você vai me fazer gozar na porra da sua garganta — eu digo
sem fôlego, tentando e falhando em manter qualquer aparência de
controle. — É isso que você quer?
Ela cantarola em volta do meu pau enquanto sua cabeça dá um
pequeno aceno que só me empurra mais para dentro, suas narinas
dilatando enquanto ela respira fundo pelo nariz.
Ranjo os dentes com tanta força que temo que possam
quebrar.
— Você quer que eu goze nessa sua boquinha gostosa?
Ela geme baixinho enquanto empurra para baixo para
encontrar seu punho que trabalha na base, e posso ver como sua
outra mão desaparece entre as pernas, a maneira como seu pulso se
move de uma forma que não pode signi car nada além de que ela
está se tocando.
— Você vai gozar com meu pau na sua boca, Cassie? —
Minhas palavras saem ásperas e roucas enquanto tento manter
minha voz baixa, tentando o meu melhor para car tão quieto
quanto eu pedi a ela para ser da primeira vez. — Sua boca é a porra
de um paraíso — eu ofego, meus dedos enrolando em seu cabelo
até que eu estou meio agarrando. — Sabia que seria. Porra.
Eu seguro seu cabelo logo acima de sua cabeça, não apertado o
su ciente para machucá-la, mas apertado o su ciente para mantê-
la parada – e sua mão desliza do meu pau para alcançar meu
quadril, apertando-me em encorajamento enquanto ela olha para
mim através das pálpebras pesadas.
Eu aceno para ela, e então dou um lento e curioso impulso em
sua boca – e Cassie apenas fecha os olhos com outro zumbido
suave ao meu redor. Eu deslizo sobre sua língua devagar, mas
propositalmente, empurrando fundo em sua boca, o mais fundo
que posso até ouvir os pequenos sons que ela faz em resistência,
recuando imediatamente enquanto avalio o quanto ela pode
aguentar. Repito todo o processo para senti-la, meus dentes
rangendo e meu pau dolorosamente duro com a necessidade de
gozar, mas me seguro enquanto faço tudo de novo e de novo – cada
impulso vindo um pouco mais rápido do que o último.
— Não há nenhuma maldita parte de você — eu fecho meus
olhos à medida que dou um puxão suave em seu cabelo e inclino
sua cabeça para trás enquanto começo a balançar dentro e fora de
sua boca mais rápido — que eu não queira foder.
Ela choraminga quando eu dirijo um pouco mais fundo – seus
olhos turvos e molhados – mas ela não se esquiva. Ela se endireita
de joelhos, o pulso ainda trabalhando furiosamente enquanto ela
provoca seu clitóris, abrindo a boca um pouco mais quando meu
pau cutuca a parte de trás de sua garganta.
— Cacete — resmungo. — Vou gozar. Você está perto?
Ela apenas fecha os lábios em volta de mim em resposta,
forçando-me a sentir cada centímetro molhado de sua boca
enquanto mergulho dentro de novo e de novo e de novo. Há um
gemido suave em sua garganta que é agudo e staccato à medida que
aumenta e aumenta, transformando-se em um gemido silencioso
quando seu corpo começa a tremer, um que reverbera em cada
centímetro do meu pau e me puxa direto para a borda.
Minha respiração me deixa acelerado enquanto eu grunho
através dela, segurando meu pau em sua boca com uma pressão
pesada contra a parte de trás de sua cabeça enquanto eu derramo
em sua garganta. Eu posso senti-la engolindo ao meu redor,
tomando tudo que eu dou a ela – estrelas orescendo em minha
visão pelo puro prazer de tudo isso.
Minha respiração irregular é o único som que resta na cozinha
silenciosa depois – meus dedos desenrolando de seu cabelo um por
um enquanto me afasto para deixar meu pau amolecido cair de sua
boca. Eu a ajudo com as pernas trêmulas enquanto a puxo contra o
meu peito, sem me importar nem um pouco que meu gozo
provavelmente ainda está em sua língua enquanto minha mão
envolve com força a parte de trás do seu pescoço para puxá-la para
um beijo.
Suas mãos se espalmam contra meu peito enquanto eu a
enjaulo, beijando-a profundamente enquanto meu coração
lentamente começa a parar de bater errático.
Ela arranha as unhas de brincadeira na minha camisa.
— Se sente melhor?
— Eu não acho que tenha uma palavra para como eu me sinto
— eu digo com uma risada bufante. Deixo meus lábios se
inclinarem contra os dela novamente brevemente antes de
murmurar: — Como você é tão perfeita?
Ela não responde, mas aquele sorriso tímido em sua boca diz
muito, pelo menos para mim. Como devo lidar com todas as coisas
que ela me faz sentir quando me olha desse jeito?
— Sabe… se você colocar um alarme cedo o su ciente, talvez
você possa dormir na minha cama.
— É mesmo? — Meus olhos mergulham para sua boca. —
Não posso prometer que vou deixar você dormir.
Seu sorriso aumenta um pouco quando ela dá um puxão na
minha mão, levando-me para fora da cozinha em direção às
escadas. Eu vou facilmente, porque como posso não ir – pensando
sobre o problema em que estou. Porque ainda não tenho ideia de
como entender as coisas que estou sentindo, as coisas que quero –
nem tenho como combater a estranha preocupação que elas
trazem, as ansiedades que surgem ao me aprofundar cada vez mais
nessa coisa que começamos até chegarmos a um ponto em que
talvez eu não sobreviva ao m. Mas neste ponto… não tenho
certeza se há algo que eu possa fazer sobre isso, não há como
desligar nada disso.
Eu sei lá no fundo… é tarde demais para isso agora.
Bate papo com @alacarte

Também é meio estranho chamá-lo de “A”.

Eu sei. Não sou muito criativo.


Eu me pergunto sobre isso também. Qual
seria seu nome verdadeiro.

Às vezes eu gostaria que você soubesse.

Quero ouvir você gritá-lo quando gozar.


Capítulo 17
Cassie
— Por que você não trouxe a minha garota com você?
Eu levanto uma sobrancelha para Wanda.
— Oh, então Sophie é sua garota agora? Fui substituída por
uma mulher mais jovem?
— O coração quer o que o coração quer — Wanda diz com um
encolher de ombros.
— Certo — eu rio. — Ainda tem algumas horas até que
Sophie saia da escola.
— Bem, que pena. — Wanda sai arrastando os pés da cozinha
para se sentar em sua cadeira. — Parece que ela se divertiu muito
no aniversário dela. Foi só sobre isso que ela falou naquele dia em
que você trouxe o bolo.
— Ela amou. Ela teria usado aquele vestido de princesa na
escola se deixássemos.
— Esqueci de dar a ela o presente que comprei outro dia — diz
Wanda. — Leve para ela, ok?
— Não precisa — eu digo a ela. — Vou trazê-la de novo depois
da escola amanhã. Aiden precisará fazer o controle de estoque de
qualquer maneira, então provavelmente irá chegar tarde.
— Como estão as coisas nesse quesito?
Eu mantenho meu rosto neutro, parecendo interessada em um
pedaço de linha na minha camisa.
— Ah, você sabe. Estão boas.
— Só boas, hein?
— Sim. — Eu consigo pegar o pedaço de apo, rolando-o entre
meus dedos para parecer ocupada. — Acho que vai car tudo bem.
Aiden ainda não sabe quem eu sou, então, enquanto eu continuar
sendo cuidadosa, acho que tudo vai…
— O que eu disse sobre mentir para mim?
Eu olho para ela com surpresa.
— O quê?
— Eu disse a você, apenas mentirosos usam “tudo bem”.
— Oh, isso é um monte de besteira, e você sabe disso.
— Agora, não pense que você é tão ágil que eu não possa dar
uns tapas no seu traseiro.
Reviro os olhos.
— Sério, está tudo bem.
— Cassie.
Eu mordo meu lábio inferior, desviando meus olhos para o
velho tapete felpudo sob meus pés. Acho que tenho medo de dizer
em voz alta e, de alguma forma, azarar tudo. Faz apenas uma
semana desde que voltamos de nossa viagem, e toda vez que Aiden
me toca (o que parece ser qualquer momento roubado que ele
encontra a chance de fazê-lo), penso que este será o momento em
que ele descobrirá. Tive o cuidado de manter minha cicatriz
escondida dele, e se ele acha estranho que eu continue evitando
tirar a camisa ou que sempre o puxe para uma posição que esconda
minhas costas – ele ainda não disse nada.
— Ele ainda não descobriu — digo novamente. — Quem eu
sou.
— Mas algo está diferente — acusa Wanda. — Você parece
mais nervosa do que um peru premiado em novembro.
— Você sabia que só os perus machos conseguem gorgolejar?
— Garotinha, se você não me contar o que aconteceu neste
segundo…
— Eu… — Eu faço um som frustrado, caindo contra as
almofadas do sofá e agarrando uma para pressionar contra meu
rosto para choramingar o nome dela. — Wanda.
— Oh, minha nossa. O que você fez?
Eu mantenho a almofada contra o meu rosto, resmungando no
tecido.
— Eu dormi com ele.
— O quê? Não consigo ouvir você.
— Eu dormi com ele — digo mais alto, espiando por cima da
almofada.
Wanda pisca de volta para mim com uma expressão ilegível,
estupefata por alguns segundos antes de soltar um suspiro pelos
lábios com um aceno de cabeça.
— Bem, merda.
— Eu sei.
— Foi bom?
— Essa é a sua resposta?
Ela levanta as mãos inocentemente.
— O quê? Se você vai para o inferno de qualquer maneira, é
melhor aproveitar.
— Você não deveria me dizer que essa é uma má ideia?
— Oh, é uma ideia terrível, mas também faz, o quê? Quase
dezoito meses desde que você teve alguma ação?
— Eu te disse isso em segredo — resmungo.
— Se alguém merece um bom rala e rola, é você.
— Por favor, nunca mais diga rala e rola para mim.
— Você ainda não respondeu à pergunta. Estou velha, Cassie.
Preciso de um pouco de emoção na minha vida.
— Você tem mais encontros do que qualquer pessoa que eu
conheço.
— Eu estava tentando poupar seus sentimentos.
Eu jogo um braço sobre o meu rosto.
— Foi ótimo, ok? É ótimo. Não paramos desde que voltamos
de Anaheim.
— Oh, garota.
— Eu sei. Eu sou uma pessoa horrível?
— Por qual parte: dormir com seu chefe, ou não dizer a ele que
ele costumava assistir você bancar a DJ em frente a câmera?
— Oh meu Deus.
— O quê? Não é assim que os jovens falam?
— Eu quero morrer.
— Não, você não quer — Wanda ri. — Você sabe que eu só
estou brincando com você.
— Mas você está certa. Eu sou terrível, certo? Eu deveria contar
a verdade a ele.
— Quero dizer, sim. Você provavelmente deveria. Quanto mais
você esperar, pior vai ser, sabe?
— Eu sei. Eu realmente sei, mas…
— Mas o quê?
— Estou com medo, ok? Eu gosto dele. Ele não é mais apenas
uma voz no meu notebook, ele é Aiden. E ele é perfeito, e tenho
medo de estragar tudo e ele desaparecer de novo.
Isso é um eufemismo. Estou apavorada. Tudo sobre a última
semana parece algo saído de um sonho e, no fundo, algo me diz
que se Aiden descobrisse o que estou escondendo dele, tudo
estaria acabado. Já aconteceu uma vez, então é lógico que
acontecerá novamente.
— Primeiro de tudo — Wanda começa. — Ninguém é
perfeito. Então, pare com isso. Em segundo lugar, eu não me
importo se Aiden tem dois paus e uma língua de dezessete
centímetros, ele seria um idiota se jogasse você de lado.
— De novo — eu indico. — Já aconteceu uma vez.
— Ele não sabia quem você era — Wanda insiste. — E você
não o conhecia. Não de verdade. Você não pode planejar todo o
seu futuro apenas por causa de um dia ruim no passado.
— Eu acho que sim.
— Mas isso não signi ca que você precisa guardar segredos.
Eu franzo a testa.
— Eu sabia que você ia dizer isso.
— Porque você sabe que estou certa, Cassandra.
— Ai. Nome completo. Usando as armas grandes, hein.
— Você sempre pensa o pior das pessoas — Wanda suspira. —
Você não pode simplesmente assumir que algo vai dar errado antes
de dar uma chance.
— Bem, na minha experiência, é exatamente assim que tem
sido.
— Oh, grande merda. Só quando se trata daqueles seus pais
lixo. E você nem fala mais com eles. Você não pode deixar que o
gosto ruim que eles deixaram em sua boca estrague todo o seu
jantar.
— Bem, essa é uma analogia divertida.
— Estou apenas assumindo que Aiden é gostoso.
— Oh, nojento.
Wanda ri, encolhendo os ombros para mim.
— Mas estou errada?
— Você está muito velha para ter tanto tesão.
— Não seja etarista.
— Claro, claro.
— Então, você vai contar a ele? Você sabe que eu estou certa.
Quanto mais você esperar, mais feio pode car.
— Eu sei. Eu sei. Eu vou contar a ele. Eu vou. Eu só… Eu ainda
não estou pronta.
— Você pode nunca estar — ela me diz. — Não signi ca que
você não deva fazer isso.
Eu gemo.
— Por que você sempre tem que estar tão certa?
— É porque eu sou…
— Velha — eu termino. — Sim, eu sei.
— Apenas dê uma chance a ele. As pessoas podem surpreendê-
la, se você permitir.
— Talvez — suspiro. — Não sei.
— Bem, eu sei — diz ela intensamente, resmungando
enquanto se levanta da cadeira de balanço. — Você sabe por quê?
— Claro, claro — bufo, acenando para ela.
— Você quer uma bebida?
— São duas horas da tarde.
— Você acha que a hora importa quando você passa dos
setenta anos?
— Eu tenho que pegar Sophie daqui a pouco.
— Sobra mais para mim então — diz ela.
Observo-a se arrastando até a cozinha, puxando o roupão
felpudo e apertando-o na cintura. Fico olhando para o teto de
pipoca de seu apartamento enquanto ela começa a vasculhar a
geladeira. Eu sei que ela está absolutamente certa, que continuar
escondendo as coisas de Aiden só tornará muito mais difícil
quando ele inevitavelmente descobrir a verdade; não é como se eu
pudesse manter a cicatriz nas minhas costas em segredo para
sempre, a nal. E dado ao seu tamanho, seu signi cado e que ele é
uma das quatro pessoas que sabem que ela existe – eu não acho
que posso explicar isso facilmente.
Eu odeio que ela esteja sempre certa.
Você não pode planejar todo o seu futuro apenas por causa de um
dia ruim no passado.
■□■
Eu não conto para ele naquela noite, ou várias noites seguidas, e
uma semana depois, ainda estou oscilando entre se devo ou não
contar para ele. Eu poderia argumentar que di cilmente há tempo
para uma discussão como essa, já que todo o nosso tempo a sós é
preenchido com beijos secretos e toques que me fazem perder a
cabeça, mas estou bem ciente de que é uma desculpa esfarrapada,
na melhor das hipóteses. Como diabos eu começo uma conversa
assim?
Ah, a propósito, você costumava assistir eu me tocar. Achei que
você gostava de mim, mas então você sumiu. Não é engraçado como
nos encontramos de novo?
Mesmo na minha cabeça soa ridículo.
Estou franzindo a testa para a cafeteira nesta manhã em
particular, vendo o café pingar na caneca enquanto meus
pensamentos estão longe, e é provavelmente por esse motivo que
não o ouço descendo as escadas. Não percebo que ele está lá até
sentir os braços de Aiden deslizando em volta da minha cintura
para me puxar contra um corpo sólido, e não posso evitar o sorriso
bobo que se forma quando sinto seus lábios em meu pescoço.
— Bom dia.
— Sophie…?
— Ainda desmaiada — ele me diz. — Eu acabei de veri car.
— Alguém está cando ousado — provoco.
— Mm. Viciado, talvez.
— Eu chamo isso de segurança no trabalho.
Ele se afasta de mim rindo.
— Hilário.
— O que você quer para o café da manhã?
— Seja o que for, é melhor começarmos agora antes que
Sophie acorde, ou vamos comer panquecas de novo.
— Acho que você só está chateado porque ela não gosta das
suas panquecas.
— Eu cozinhei para senadores e não consigo satisfazer uma
criança de dez anos. Como você se sentiria?
— Talvez tentar outra coisa. Até mesmo você não pode estragar
ovos e bacon.
Eu pego Aiden revirando os olhos ao meu lado e pisco para ele
antes de voltar minha atenção para a máquina de café que agora
apita.
— Vá em frente. Eu vou fazer o café. Você pode ser o herói do
café da manhã.
— Ela provavelmente vai odiar isso também — ele resmunga.
— Não se preocupe. Eu vou te mostrar como fazê-los direito
— digo seriamente. Faço minha melhor imitação de Norman
Osborn. — Sabe, eu sou uma chef também.1
— Uma referência ao Homem-Aranha deveria me excitar?
— Provavelmente não — eu digo inexpressiva. — Algo
provavelmente está seriamente errado com você.
Eu grito quando ele de repente dá um tapa na minha bunda,
sorrindo de volta para ele enquanto ele começa a vasculhar os
armários em busca de uma panela. São momentos como este que
tornam tão difícil entreter o pensamento de contar para ele a
verdade, essa rotina fácil entre nós torna ainda mais difícil tentar
encontrar algum tipo de abertura para revelar nossa história. As
coisas têm sido tão perfeitas, e eu não mereço um pouco de
perfeição na minha vida? Faz séculos desde que eu tive alguma.
Tem que haver uma proporção universalmente aceita para todos
que vai de perfeição a merda.
Eu ouço Sophie quando ela desce as escadas, virando-se para
pegá-la esticando os braços sobre a cabeça quando ela chega ao
último degrau, parecendo seu pai quando ele acorda. Eu sinto que
não deveria me sentir tão feliz por ter notado isso.
Você está mal, Cassie Evans.
Sophie cambaleia sonolenta para a cozinha para se juntar a nós
como uma zumbi recém-transformada, resmungando:
— O que tem para o café da manhã?
— Seu pai está cozinhando — digo a ela.
Ela faz uma careta.
— Não são panquecas, certo?
— Ei — Aiden resmunga, soando ofendido. — E se eu
estivesse praticando?
— Tem que ter muita prática — Sophie bufa.
Aiden olha para mim incrédulo com uma espátula em uma
mão e uma frigideira na outra.
— Você vê com o que eu lido?
— Oh, pobre bebê — eu murmuro, servindo uma xícara de
café para ele. — Tão maltratado.
Ele balança a cabeça, voltando sua atenção para o fogão.
— Todo mundo está contra mim.
Sophie sorri para mim da bancada, onde ela encontrou um
assento, e eu retribuo de forma conspiratória enquanto pego
minha própria caneca. Eu observo em silêncio à medida que
Sophie e Aiden continuam conversando enquanto ele se ocupa
com o café da manhã, e novamente há aquele sentimento de culpa
que se instala em meu peito como um peso pegajoso. É algo que
nunca experimentei, essa sensação calorosa de estar em família.
Quando eu era criança, geralmente preparava meu próprio café da
manhã e na maioria das vezes, eu fazia isso em uma casa vazia. É
por isso que estou tão hesitante em estragar as coisas aqui?
Pensar nisso me dá dor de cabeça.
— Cassie?
Eu me viro rápido demais, percebendo que Aiden está falando
comigo.
— Hum?
— Eu disse, como você gosta dos seus ovos?
— Oh. Como vocês comem está bom para mim. Eu não sou
exigente.
— O básico então — ele decide.
Sophie come uma framboesa.
— Eu gosto de mexidos!
— Mexidos então — corrige Aiden.
Sophie se apoia nos cotovelos sobre a bancada.
— Podemos ir para o parque depois do café da manhã?
— Você tem escola hoje — Aiden a lembra.
— Ela está com o dia livre hoje — digo a ele. — Reunião de
Professores e pais.
Aiden franze a testa.
— Eu não sabia disso. Devo ir?
— Não — diz Sophie presunçosamente. — Eu superei as
expectativas.
Seu sorriso me faz rir.
— Ela recebeu um bilhete em sua mochila que dizia que ela
não precisava participar. Ela está tirando nota máxima. — Lanço
um olhar de desculpas na direção de Aiden. — Desculpe, eu queria
dizer a você.
— Não, não, tudo bem. Obrigado por car por dentro disso.
— Então podemos ir? — Sophie parece esperançosa. — Para o
parque? Por favor?
— Eu não sei — diz Aiden estalando a língua. — Não sei se
consigo caminhar enquanto ainda estou tão arrasado com minhas
terríveis panquecas.
— Você é bom em outras coisas — Sophie tenta. — Tipo…
você sempre sabe onde estão as pilhas!
— Uau — diz Aiden secamente. — De repente, minha vida
voltou a ter sentido.
Estou tentando esconder meu sorriso atrás da minha xícara de
café quando ele olha para mim, sentindo meu estômago revirar
quando ele me dá um sorriso preguiçoso que mostra apenas alguns
dentes. Mesmo depois de tudo o que zemos, ainda me
surpreende o quão lindo ele é sem esforço; apenas olhar para sua
boca é o su ciente para me deixar nervosa. Não por qualquer
motivo especí co, é claro. Não estou pensando em como a boca
dele estava entre as minhas pernas ontem à noite, com certeza.
— Sabe — digo a Sophie, tentando afastar esses pensamentos
antes de começar a corar. — Outro dia encontrei um Frisbee em
uma das minhas caixas que adiei para desempacotar. Aposto que
poderíamos chutar a bunda do seu pai.
— Sim, vamos chutar a bunda dele.
Aiden franze a testa.
— Sophie.
— Ops. — Eu atiro a ele um olhar de desculpas. — Desculpe.
Ele não parece zangado, na verdade, acho que está tentando
não sorrir.
— Além disso, vocês duas provavelmente deveriam saber que
eu estava em um time de Ultimate Frisbee na faculdade.
— Oh, uau — eu digo divertidamente. — Não sei dizer se isso
é impressionante ou triste.
Aiden levanta uma sobrancelha, mas não diz nada.
— Suba e vá tomar banho — ele diz a Sophie. — Vou ter
terminado com o café da manhã quando você descer. — Ele se vira
para apontar sua espátula para nós duas. — E então eu vou chutar
a bunda de vocês duas no Frisbee.
Sophie ri enquanto pula da banqueta, subindo as escadas para
nos deixar a sós. Aiden vira o bacon na frigideira novamente antes
de deixar a espátula descansar na borda da frigideira, olhando
furtivamente para as escadas antes de me colocar contra a bancada.
— O que foi aquilo sobre chutar minha bunda?
Eu olho para ele através dos meus cílios, sorrindo
maliciosamente.
— Você está preocupado, Sr. Reid?
— De jeito nenhum — diz ele com con ança. — Com total
respeito a você e minha doce garotinha que eu amo muito, eu vou
destruir vocês duas.
Isso provavelmente não deveria me deixar tão animada.
— Talvez eu seja uma campeã secreta do Frisbee? Talvez eu
tenha jogado no campeonato nacional no ensino médio.
— Eu não acho que isso exista.
— Veja, o fato de você não saber sobre as nacionais não inspira
con ança em sua habilidade.
Aiden sorri, inclinando-se para deixar seu nariz correr ao longo
da minha mandíbula, me distraindo.
— Você estaria disposta a fazer uma aposta?
— Mm. — Fecho meus olhos quando sinto seus lábios em
minha garganta. — Uma aposta?
— Só para deixar interessante.
— E o que acontece quando eu ganhar?
— Se você ganhar — ele corrige.
— Continue dizendo isso a si mesmo.
— Se você ganhar — ele diz, seus lábios se inclinando contra a
minha pele — eu vou te foder em cima dessa bancada amanhã
depois de levar Sophie para a escola.
— Oh? — Minha risada é trêmula agora, sua mão curvando-se
em meu quadril e tornando difícil para mim manter minha caneca
rme. — Isso é um prêmio para mim ou para você? O que
acontece se você ganhar?
Ele se afasta, sorrindo preguiçosamente enquanto olha para
mim antes de diminuir a distância entre sua boca e a minha.
— Se eu ganhar — ele murmura contra meus lábios — eu vou
te foder em cima dessa bancada amanhã depois de levar Sophie
para a escola.
— Uau. Esses são prêmios sérios. Parece que eu ganho de
qualquer maneira.
— Eu prometo, eu sou o vencedor aqui.
Seus lábios roçam os meus, e meus cílios se fecham enquanto
ele aplica mais pressão, minha cabeça fazendo aquela coisa de car
totalmente embaralhada, como sempre acontece quando ele me
beija. Eu sinto o calor de sua língua enquanto provoca a abertura
da minha boca, abrindo para deixá-la entrar enquanto ele me beija
de uma forma lenta e vertiginosa.
— Seu bacon está queimando — murmuro distraidamente.
Aiden funga enquanto se afasta de mim.
— Porra.
— Tem certeza que você é um chef?
Aiden zomba enquanto tenta salvar o bacon.
— Todo mundo é um crítico.
Eu ainda estou sorrindo enquanto tomo outro gole da minha
caneca, meus pensamentos menos focados na minha culpa após o
toque dele, mas não completamente. É isso que eu não quero
estragar, eu acho. Esta manhã fácil que poderia se tornar regular se
eu deixasse. Eu não quero perder o toque de Aiden ou o sorriso de
Sophie ou suas brigas fofas sobre panquecas. Não quero perder
nada disso.
Talvez não importe, meu cérebro deseja. Que nos conhecíamos.
As coisas são diferentes agora, certo?
Tomo outro gole lento, tentando afastar essa linha de
pensamento.
Vou contar a ele, garanto a mim mesma.
Embora, neste ponto, eu esteja tentando me convencer mais do
que ninguém.
Eu deveria ter pedido a ela para fazer isso há muito tempo. Vê-
la curvada sobre a cama enquanto ela se fode com o vibrador
que comprei para ela – eu posso ver tudo assim.
Estou imaginando o quão macia ela seria se eu deslizasse meus
dedos dentro dela, como ela ficaria molhada se eu desse a ela
meu pau. É tudo o que eu penso agora, e vê-la assim… sua
bunda no ar e sua linda boceta totalmente em exibição para
mim?
Eu posso estar realmente ficando louco.
Capítulo 18
Cassie
Vou contar para ele hoje, decidi.
Eu sei que não é bom que eu tenha esperado mais um dia, mas
é que nos divertimos tanto no parque ontem (perdi no Frisbee,
mas com a aposta que zemos, será que eu perdi mesmo?), e então
Aiden trabalhou até tarde, e não é algo sobre o qual eu poderia me
forçar a falar por mensagem de texto. Mesmo cara a cara, há uma
boa chance de ele car irreversivelmente zangado e me mandar sair
da casa, algo para o qual venho tentando me preparar, mas no
fundo sei que não é algo para o qual eu poderia estar preparada.
Eu tenho andado de um lado para o outro pela sala desde que
Aiden levou Sophie para a escola, pensando em todos os resultados
possíveis. Em algumas versões, Aiden está confuso, mas
compreensivo. Em outras, ele está com tanta raiva que nem
consegue olhar para mim. E nas possibilidades mais delirantes, ele
está até feliz por ter me encontrado novamente.
Mas isso parece improvável.
Eu tenho que dizer a ele, no entanto. Hoje. Antes que ele possa
voltar aqui e me distrair com seu beijo e seu toque e tudo o que
vem com ele. Eu sei que se eu deixar ele me tocar, vou perder
minha determinação, mesmo que algo no fundo do meu cérebro
implore para que eu que quieta só um pouco mais, porque e se
hoje for a última vez que ele zer isso? É algo que nem quero
considerar, mas sei que preciso.
E posso viver com isso, se acontecer. Ou, pelo menos, é o que
estou dizendo a mim mesma. Eu z isso uma vez, certo? Claro, foi
uma merda, mas eu superei. Em grande parte.
Você sabe que é diferente agora, meu cérebro sussurra.
E esse é o ponto crucial de tudo. Aiden não é mais aquela
pessoa sem rosto que me excitava e sussurrava para mim no escuro.
Agora, ele é essa pessoa que parece ser muito mais do que eu
mereço, com seu belo sorriso, seus lindos olhos e sua risada
viciante. Agora, Aiden é formado por piadas de pai, beijos na testa
(Sophie), beijos secretos (eu), palavras doces e sujas sussurradas no
escuro que são murmuradas diretamente em meu ouvido, e não
pelos alto-falantes do meu computador. Ele é real agora, e isso
signi ca que será mil vezes mais difícil esquecê-lo.
Tenho repassado mentalmente meu discurso, tentando
elaborar exatamente o que vou dizer para ter uma chance de
convencer Aiden de que não fazia ideia da nossa história antes de
vir para cá e que eu só escondi dele desde que soube por medo de
como ele poderia reagir. Certamente ele não pode me culpar por
isso, certo? É razoável para mim reagir da maneira que z. Parece
que é na minha cabeça, pelo menos.
Porra.
Isso vai ser um desastre.
Meu telefone vibra na bancada a trinta centímetros de
distância de onde estou andando, e estou tão nervosa que
realmente me faz pular antes de eu pegá-lo. Há uma mensagem de
Aiden esperando por mim na minha tela de bloqueio, e eu deslizo
para veri cá-la enquanto meu estômago se contorce em mais nós.
AIDEN
Estou voltando.

Mesmo tão nervosa quanto estou, ainda há um pouco de


agitação por trás de toda a ansiedade, porque, apesar da minha
determinação de sabotar seus planos, ainda estou pensando em
uma maneira diferente em que apenas mantenho minha boca
fechada e deixo Aiden cumprir sua promessa de me foder na
bancada.
Você tem que contar a ele.
Eu realmente, realmente, odeio fazer a coisa certa.
Depois de criar um buraco do meu tamanho no tapete da sala,
vou até a pia da cozinha para pegar um pouco de água fria para que
eu possa pressioná-la na pele corada em minhas bochechas e
pescoço, tentando acalmar meus nervos mesmo quando meu
coração começa a bater forte no peito com a ansiedade crescente.
Eu tinha pensado em ligar para Wanda para pedir coragem, mas
tenho medo de que, se eu falar com mais alguém antes de
prosseguir com isso, eu possa desmoronar com o estresse de tudo.
Pego a toalha pendurada na porta do forno para secar o rosto,
fecho os olhos e respiro fundo para tentar acalmar meu coração
acelerado.
Não tenho ideia de qual parte desse leve ataque de pânico que
estou tendo me faz não ouvir a porta se abrindo no andar de baixo
algum tempo depois – mas isso signi ca que eu realmente pulo
quando sinto os braços de Aiden deslizando ao meu redor, me
puxando para trás até minha bunda car nivelada com seus
quadris e beijando meu pescoço.
— Jesus — eu suspiro. — Você me assustou pra caralho.
Ele ri contra a minha garganta.
— Não estava tentando te assustar.
Suas mãos já estão deslizando para cima e sobre minha cintura,
meus cílios vibrando quando ele inclina seus quadris, revelando
que ele já está duro.
— Uau, alguém está impaciente.
— Eu estive pensando em foder você nesta bancada desde a
outra noite — ele murmura, ainda beijando meu pescoço.
Eu fecho meus olhos.
— Acho que foi isso que inspirou as apostas que você
estabeleceu para o jogo de frisbee em que trapaceou.
— Pegar o frisbee não é trapacear.
— É, quando você é gigante.
— Desculpe. — Sinto sua mão deslizando por baixo da minha
camisa para tocar meu estômago, provocando o cós da minha
bermuda. — Posso compensar você?
Minha boca se inclina para cima lentamente, me perdendo em
seu toque.
— Mmm. Talvez.
Espere. Não. Isso é o que queríamos evitar.
Eu me viro de repente, tentando colocar algum espaço entre
nós para que eu possa me concentrar, mas me encontro enjaulada
por seus braços agora enquanto ele os apoia contra a bancada atrás
de mim.
— Aiden, na verdade, eu…
— Alguém está tentando desistir da nossa aposta?
Cristo, ele ainda acha que estou brincando. O Aiden brincalhão
pode ser a minha kryptonita.
— Não. — Eu pressiono minhas mãos em seus quadris,
tentando dar um empurrão suave, mas sou distraída pelo roçar de
seu pau contra meu polegar através de sua calça de moletom. Seja
forte. — Não é isso…
Sua cabeça abaixa, seus lábios mal encostando contra os meus.
— Porque eu ganhei de forma justa, Cassie — ele profere
sensualmente.
— Eu sei — consigo dizer.
Ele só tem que se inclinar um pouco para que sua forma, dura e
desejosa, se encaixe entre minhas coxas, e um arrepio passa por
mim.
— E eu vou te foder nessa bancada.
Eu não sou forte. Eu não sou forte de jeito nenhum.
Posso sentir isso acontecendo, posso sentir como estou
esquecendo tudo o que resolvi fazer – perdendo meu senso de foco
quando sua boca se inclina contra a minha. Meus olhos se fecham
enquanto sua língua desliza para dentro, provocando-me com sua
suavidade que é um contraste gritante com a dureza entre minhas
pernas. Me perco para dentro do momento com tanta facilidade
que mal noto suas mãos encontrando minha bunda, me
levantando contra ele de uma só vez antes de girar para me colocar
na ilha da cozinha atrás de nós.
E ele não para de me beijar, nem por um segundo.
Foda-se, penso distante. Eu vou dizer a ele depois.
Eu tento não pensar sobre o fato de que essa decisão pode fazer
com que esta seja a última vez que ele me toca assim.
Ele me pega de surpresa novamente quando me gira,
manobrando meu corpo até que eu esteja deitada sobre a bancada
de bruços, meus dedos dos pés pressionando contra o azulejo. Suas
mãos agarram minha cintura para me manter rme, inclinando seu
corpo sobre o meu, sua respiração batendo na minha nuca.
— Se segura — diz ele asperamente, um grunhido satisfeito
saindo dele quando eu alcanço as bordas da bancada.
Suas mãos deslizam sobre meus quadris, arrastando meu short
pelas minhas coxas lentamente – cantarolando baixinho quando
ele me deixa apenas com minha calcinha de algodão rosa claro que
está coberta de desenhos animados de gatos.
— Mais impressão — ele ri baixinho.
Ele me agarra através do tecido, apertando minha bunda com
força enquanto me contorço em seu aperto. Seus dedos deslizam
entre minhas pernas, e eu sei que ele deve ser imediatamente capaz
de sentir como já estou molhada. O algodão está praticamente
encharcado, embora ele mal tenha me tocado, e ele esfrega os
dedos lá lentamente enquanto um gemido suave escapa de mim.
Minhas pernas estão tremendo quando ele nalmente arrasta
minha calcinha pelas minhas coxas também, me deixando nua e
esperando e tão aberta para ele. Ele empurra um dedo para dentro,
e depois outro, me segurando pelo o quadril para me manter rme,
dando-me apenas o su ciente para me excitar, mas não o su ciente
para me satisfazer completamente.
— Aiden — eu me ouço choramingar. — Você pode…
— Em um minuto — ele murmura com voz rouca. — Eu
quero olhar para você.
Estou completamente exposta assim, talvez mais do que nunca
com Aiden, já que é meio-dia, estamos no meio da cozinha, na
porra da bancada onde tomamos o café da manhã. Mas ainda não
consigo criar nenhuma vergonha por minha posição
comprometedora. Não com o deslizar lento de seus dedos para
dentro e fora de mim, cuidadoso, como se ele estivesse
memorizando a minha sensação naquele momento.
— Você é tão bonita aqui — ele sussurra com reverência,
empurrando os dedos profundamente para me fazer ofegar. — Tão
macia.
Eu viro meu rosto contra o granito para espiar de volta para ele,
e sua expressão é inebriante, os olhos paralisados entre minhas
pernas enquanto ele continua a me provocar. Percebo quando ele
nalmente afasta a mão, deslizando os dedos em sua boca, seus
olhos encontrando os meus para segurar meu olhar enquanto ele
lambe qualquer resquício de mim.
Acho que ninguém julgaria o jeito que começo a me contorcer
carentemente, não com o jeito que Aiden está olhando para mim.
Ainda estou observando no momento em que ele se coloca
para fora, agarrando meus quadris para me segurar e deslizando a
cabeça do seu pau entre minhas dobras. Fico impressionada
novamente com a ideia do quão exposta eu estou quando ele
começa a empurrar para dentro, o calor inundando meu estômago
porque sei que ele pode ver tudo assim. E ele está assistindo…
atentamente.
Eu posso sentir cada centímetro dele pressionando lentamente
para dentro, e através das pálpebras encapuzadas continuo a
observar enquanto os cílios de Aiden vibram, seus dentes
pressionando contra o lábio inferior enquanto ele enche e enche até
que minha bunda esteja se contorcendo contra sua pélvis, meus
dedos dos pés utuando sobre o chão enquanto ele me mantém
suspensa.
Estou tão cheia dele. Isso torna difícil pensar.
Ele puxa para fora com cuidado, se arrastando, certi cando-se
de que eu sinta cada centímetro enquanto ele sai. É um pouco
mais rápido quando ele empurra de volta para dentro, Aiden
sibilando entre os dentes quando ele chega ao fundo apenas para
repetir o processo novamente, cada impulso vindo mais forte que
o anterior. A maneira como ele me curvou na cintura signi ca que
eu sinto mais do que o normal cada uma das estocadas, cada uma
bate um pouco mais fundo. É tão frustrante quanto delicioso.
— Eu não… — Sinto-me sem fôlego agora, meus olhos
fechados e minha boca frouxa enquanto me concentro na
sensação. — Eu não posso me tocar assim.
— Você está me pedindo?
— Aiden — eu ofego.
Ele mergulha em mim um pouco mais forte.
— Eu quero que você me peça — ele grunhe. — Peça-me para
fazer você gozar, Cassie.
— Aiden, eu juro que se você não — grito quando ele me fode
mais rudemente, meu corpo se sacode contra a bancada — me
tocar, porra.
— Eu vou. — Ele sufoca uma risada, empurrando minha
camisa um pouco para cima e deslizando as mãos sobre a extensão
suave da parte inferior das minhas costas antes de se inclinar para
beijar minha coluna. — Eu só quero ouvir você me pedir.
Seus dedos brincam sobre a parte superior da minha coxa,
traçando uma linha por dentro e demorando enquanto ele a puxa
de volta a centímetros de onde eu preciso dele. Mas meu foco de
repente se concentra na mão que acaricia minhas costas. Meu
coração começa a bater forte por motivos que não têm nada a ver
com seu pau dentro de mim, sabendo que se ele levantar minha
camisa só um pouco mais, ele vai ver tudo.
As pontas de seus dedos passam logo abaixo da alça do meu
sutiã, sua outra mão ainda provocando entre minhas coxas, mesmo
enquanto ele continua a me invadir em um ritmo constante.
— Me peça, Cassie.
— Porra, me toque — eu digo entre dentes, meu pulso batendo
em meus ouvidos tanto de prazer quanto de medo. — Por favor.
Ele cantarola contra a minha pele, obedecendo
instantaneamente e mergulhando os dedos entre as minhas pernas
para encontrar o pequeno monte do meu clitóris. Eu gemo
quando ele esfrega, meu corpo praticamente suspira de alívio
quando a palma da mão nas minhas costas desliza de volta para a
zona mais segura perto da base da minha coluna.
Obrigada, porra.
Ele nalmente a afasta completamente para envolvê-la em um
dos meus quadris, segurando-me lá enquanto ele me trabalha de
forma constante, enquanto ele me fode de forma instável. Ele está
empurrando profundamente agora, seu corpo se curvando até que
sua respiração ofega contra minha espinha e sua pele está batendo
contra a minha. Posso dizer pela maneira como seus quadris
começam a falhar que ele está perto, posso ouvir nos gemidos
suaves que escapam dele.
— É tão bom quando você goza — ele bufa. — Tão bom. —
Ele desliza profundamente, rolando os dedos contra o meu clitóris
inchado. — É melhor do que qualquer coisa que eu já senti.
Suas palavras me lavam, me fazendo queimar ainda mais, e
posso sentir aquela doce pressão crescendo entre minhas pernas,
antecipando o momento em que explodirá em um prazer total.
— Bem aí — eu respiro. — Não pare.
Seus dedos estão deslizando contra meu clitóris com o jeito
que estou encharcada, mas ele continua me esfregando naquele
mesmo lugar que me faz choramingar por mais.
— Nunca.
Meus dedos se fecham e se abrem nas bordas da bancada, e
minhas costas tentam se arquear, embora eu não tenha espaço
contra a superfície dura, e os sons que saem da minha boca são
ofegantes, profundos, carentes – e então eu sinto.
Começa com um tremor por dentro, um espasmo de minhas
paredes internas que só ca mais intenso por seu pau, que ainda
continua a balançar dentro de mim. Ele emite um som alto e
gutural enquanto empurra profundamente uma última vez, e ele
não se retira, não se move, apenas se envolve e permite que meu
corpo trêmulo o puxe para a borda.
Seu pau se contrai fortemente, me enchendo – me enchendo
com seu gozo, seu calor, ele – e ele é muito pesado para me cobrir
como ele está, mas não me importo. A sensação dele pressionado
contra mim é tão boa, seu grande corpo moldado contra o meu
enquanto sua boca vagueia. Pela minha nuca, minha garganta,
minha mandíbula – qualquer pedaço de pele nua que ele possa
alcançar.
— Ainda bem que você é tão ruim no Frisbee — ele bufa
contra o meu cabelo.
Eu solto um suspiro.
— Com apostas como a sua, não importava de qualquer
maneira.
— Verdade. — Eu pego sua risada suave, e ele estremece contra
mim enquanto sua testa descansa contra a minha espinha. — Eu
não quero sair de você.
— Senhor, é assim que as pessoas desenvolvem infecção
urinária.
Ele dá uma risada.
— Sexy.
— Saúde vaginal adequada é muito sexy — enfatizo. — Além
disso, se você não sair, vou pingar por tod…
Nós dois congelamos quando a campainha soa, paralisados por
um momento como se talvez tenhamos imaginado. Mas então toca
de novo e é como se um interruptor tivesse sido acionado, Aiden
saindo de mim com um silvo e estremecendo enquanto nós dois
arrumamos iguais loucos para fazer parecer que não acabamos de
transar na bancada da cozinha.
Aiden me dá um olhar exausto enquanto puxa sua calça de
moletom.
— Você está esperando alguém?
— Não — eu zombo, ajeitando minha calcinha. — Você está?
— Não faço ideia de quem possa ser.
— Talvez seja o carteiro.
— Bem, deixe-me… — Ele puxa a camisa do cós de seu
moletom onde está dobrada para dentro. — Então eu vou…
— Porra. — Eu faço uma careta. — Estou vazando.
Aiden faz uma pausa no que está fazendo.
— Eu não deveria car excitado com isso, certo?
— Não agora, você não deveria. — Eu bufo, acenando para ele.
— Vá abrir a porta enquanto eu uso o banheiro.
— Dê-me um segundo, e eu irei ajudá-la a se limpar — diz ele
com um sorriso malicioso.
— Vai — eu rio.
Ele se vira para descer as escadas correndo quando a campainha
toca novamente, e eu sigo na direção oposta para me en ar no
lavabo ao lado da cozinha. Eu fecho a porta atrás de mim e solto
um suspiro pesado, uma risada perseguindo-o enquanto a
adrenalina corre através de mim. Eu sei que há um andar inteiro e
uma porta da frente entre onde estávamos e quem está esperando
na varanda da frente, mas a maneira como meu coração pulou na
garganta quando a campainha tocou parecia que eu realmente
tinha sido pega, e todo o meu corpo ainda está vibrando com
energia da surpresa disso.
Eu me limpo rapidamente antes que Aiden possa vir atrás de
mim e cumprir sua promessa de “ajudar” – já fui exposta o
su ciente por um dia, obrigada – ainda rindo baixinho enquanto
lavo e seco minhas mãos antes de voltar para o corredor. Eu
percorro cerca de um metro e meio antes de ouvir a voz dela, meu
riso morrendo na minha língua enquanto a mesma adrenalina
rasteja de volta para dentro, só que mais sombria, tentando afastá-
la enquanto me lembro de que não tem como ela ter alguma ideia
do que estávamos fazendo.
Eu vejo o rosto que combina com a voz quando volto para a
cozinha, Iris está sentada em um lado do sofá na sala de estar
enquanto Aiden se senta tenso na cadeira em frente a ela. Ela olha
para cima quando me vê, dando um sorriso pequeno, mas
perceptível, e isso é um bom sinal, certo?
— Ei — cumprimento-a, mantendo meu tom casual. —
Quando você chegou aqui?
— Só agora — ela responde.
— Oh, desculpe. — Eu tento dar um sorriso. — Eu estava na
lavanderia. Nem ouvi a campainha tocar.
Não perco a maneira como os olhos de Iris se movem entre
Aiden e eu, mas faço o possível para ignorar.
Não tem como ela saber.
Seus olhos cortaram para Aiden.
— Fiquei surpresa por vocês dois estarem aqui. Você não vai
para a academia de manhã?
— Oh. — Aiden dá de ombros com indiferença. — Não todos
os dias.
Deus. Nós não somos bons em ser sutis.
Eu caminho sobre os ladrilhos da cozinha até a geladeira,
abrindo-a para pegar uma garrafa de água.
— Você queria alguma coisa, Iris?
— Não, obrigada — ela diz. — Na verdade… apenas vim ver
você.
Eu paro na geladeira.
— Eu?
— Sim. — Ela quase parece envergonhada. — Apenas me
lembrei de nós duas conversando outro dia no carro… sobre
aquelas fotos?
— Oh! — Fecho a porta da geladeira apressadamente. —
Certo! As de você, Sophie e a mãe dela?
— Isso… — Ela en a a mão na bolsa, vasculhando por um
momento antes de tirar um envelope grosso com fotos. — Pedi
algumas impressões de um monte de fotos aleatórias no meu
telefone. — Ela o segura desajeitadamente por um momento
enquanto faço meu caminho para a sala antes de nalmente virar
um pouco para oferecê-lo a Aiden. — E para você também, eu
acho. Não sei. Você pode não querer tantas.
— Não, isso foi muito doce — eu digo, estendendo a mão para
pegar o envelope de Aiden, que ainda parece um pouco atordoado.
Abro a aba e me deparo com uma Sophie muito menor e com mais
dentes, suas bochechas redondas enquanto uma linda mulher a
abraça por trás. — Oh meu Deus. Olhe para a bebê Sophie. Ela era
uma bonequinha. — Faço uma pausa, percebendo que Iris me
observa. — Rebecca era linda.
— Ela era — Iris concorda.
— Oh, merda, desculpe. — Entrego o envelope de volta para
Aiden, lembrando de mim mesma.
Ele o pega cautelosamente, ainda parecendo um pouco
desnorteado.
— Isso foi… muito legal da sua parte, Iris.
— Eu posso ser legal — diz ela secamente. Seus lábios se
apertam antes de ela acrescentar: — Às vezes.
Aiden realmente ri, balançando a cabeça.
— Sim, eu acho que sim.
— Sério, obrigada por trazê-las — digo.
Iris dá de ombros.
— Eu tinha tempo e estava na vizinhança. Não é grande coisa.
— Certo — eu digo com um sorriso. — Bem, tenho certeza
que Sophie vai adorar vê-las.
Os olhos de Iris suavizam, seus lábios se curvam levemente.
— Espero que sim.
— Sabe, você poderia…
Sou interrompida pelo toque de um celular, e Aiden leva
alguns segundos para reconhecer que é dele.
— Oh. Desculpe. — Ele se levanta da cadeira, indo até a
cozinha para pegá-lo na bancada, onde deve tê-lo jogado antes. Ele
franze a testa para a tela antes de nos lançar um olhar de desculpas.
— É do trabalho. Vou atender em outro cômodo.
Eu aceno de volta para ele antes que ele desapareça no
corredor, presumivelmente em direção à lavanderia, quase
esquecendo minha linha de pensamento antes de meus olhos
caírem no envelope de fotos que Aiden deixou em sua cadeira.
Atravesso a sala para me acomodar, pego o envelope e olho para
dentro para folhear as fotos.
— Então — tento novamente. — Eu ia dizer que você poderia
voltar depois da escola. Quando Sophie estiver em casa. — Eu
espreito para avaliar sua expressão. — Se você quiser.
Eu me pergunto se algum dia Iris não será pega de surpresa por
eu tentar incluí-la.
— Sério?
— Aiden estará no trabalho, então geralmente comemos algo
simples no jantar, mas você é bem-vinda a se juntar a nós.
Podíamos ver as fotos? Tenho certeza de que Sophie adoraria ter
você junto para contar a ela sobre as que ela era muito jovem para
se lembrar.
— Isso seria… — Ela para, seus olhos procurando meu rosto
em transe antes de engolir. — Isso seria ótimo, na verdade.
— Bom. — Abro um sorriso para ela. — Sophie e eu
geralmente voltamos por volta das quatro horas… e o jantar
costuma ser entre as cinco e as seis… então, quando você quiser
passar por aqui.
— Parece ótimo — ela diz novamente, ainda parecendo que
está processando o que está acontecendo.
Eu aceno.
— Maravilha.
Há um momento em que nós duas apenas camos sentadas em
silêncio – eu segurando o envelope e Iris olhando para mim como
se estivesse tentando descobrir alguma coisa, mas depois de um
minuto, talvez, ela balança a cabeça como se estivesse clareando a
mente, fazendo um movimento para se levantar.
— É melhor eu ir para o trabalho — diz ela apressadamente.
Sua voz é mais grossa do que era um momento atrás. — Eu
provavelmente posso estar aqui por volta das seis, no entanto, se
estiver tudo bem.
— Perfeito — eu digo a ela. — Sophie vai car tão feliz.
Iris olha para mim depois de pegar sua bolsa, um pequeno e
cauteloso sorriso em sua boca.
— Eu também.
— Perfeito. — Percebo que estou apenas sorrindo como uma
idiota e me levanto da cadeira. — Oh, deixe-me levá-la até a porta.
— Não, está tudo bem. — Iris acena para mim. — Eu sei onde
ca. — Ela arrasta o peso de um pé para o outro. — Mas eu… vejo
vocês mais tarde.
Minhas pequenas vitórias parecem estar empilhadas uma em
cima da outra para se tornarem grandes, mas digo a mim mesma
que é muito cedo para car animada. Iris é como uma corça. Você
tem que ter cuidado com ela.
Ela me dá um adeus apressado antes de descer correndo as
escadas, e eu não me acomodo na poltrona para começar a folhear
as fotos até que ouço a porta fechar atrás dela. Eu nem percebo
que ainda estou sorrindo.
— Iris foi embora?
Eu me viro para ver Aiden voltando para a sala, e eu aceno.
— Agora mesmo. — Eu ergo meu queixo presunçosamente.
— Mas ela voltará para o jantar.
— Sério? — Aiden zomba enquanto balança a cabeça. —
Como diabos você se tornou a melhor amiga de Iris em um mês,
quando estamos batendo de frente há um ano?
— Me disseram que sou muito charmosa.
Seus lábios se contraem.
— É mesmo?
— De que outra forma eu poderia seduzir um cozinheiro
pro ssional?
Ele abre um sorriso largo, revirando os olhos.
— Espero que isso não seja algum tipo de golpe a longo prazo.
Posso acordar sem um rim e descobrir que Cassie nem é seu nome
verdadeiro.
É uma piada, e eu sei disso, mas aparentemente é o su ciente
para tudo voltar. Com toda a excitação, me deixei empurrar de
lado completamente todas as minhas preocupações desta manhã,
deixei-me envolver no toque de Aiden mais uma vez sem contar
contar a verdade.
E agora estamos sozinhos de novo, e estou sem desculpas.
Se ele percebe a mudança no meu humor, ele não diz
imediatamente, puxando o telefone do bolso e veri cando a hora
enquanto meu sorriso vacila.
— A propósito, Aiden, eu queria…
— Merda — ele murmura. — É melhor eu me apressar.
Eu pisco.
— O quê?
— Foi uma ligação do trabalho — ele suspira. — Algum tipo
de desastre relacionado ao forno aconteceu durante a preparação.
Eu tenho que ir ver qual é o dano.
— Oh… que pena.
Tente soar mais desapontada. Não deixe tão óbvio que você está
aliviada.
— Eu sei. — Ele se arrasta para se inclinar, afastando meu
cabelo do meu rosto antes de pressionar seus lábios na minha testa.
— Estou começando a me arrepender da minha carreira.
— Mas você adora ser um cozinheiro — eu digo seriamente.
Isso só o faz sorrir mais.
— Um dia desses, vou fazer você se arrepender de todas as
provocações.
— Eu sei bem — eu rio.
Ainda está lá, aquela preocupação no estômago que vem com o
conhecimento de que eu deveria estar abrindo minha boca agora,
mas eu acalmo minha culpa com o raciocínio de que seria uma má
ideia abordar esta conversa quando ele está com um pé fora da
porta. Algo assim levará mais tempo para ser resolvido, digo a mim
mesma. É melhor esperar.
Embora se isso é para o benefício dele ou meu, não posso ter
certeza.
— Oh. O que você ia dizer?
— Nada — eu digo depois de um momento, tentando não
soar como se eu não estivesse afundando de volta em uma piscina
in nita de ansiedade. — Eu só estava me perguntando quando
você estaria em casa hoje à noite.
— Espero que não muito tarde. — Ele se abaixa, seus lábios
pairando perto dos meus pouco antes de me beijar. — Saber que
você está esperando por mim acordada vai tornar a noite mais
suportável.
Não seria, eu acho. Não se você soubesse a bomba que vou jogar
em você.
— Eu estarei aqui — murmuro de volta.
Ele dá outro beijo rápido na minha boca, como se ele não
pudesse se conter.
— Eu vou me trocar.
— Ok.
Eu não expiro até que ouço seus passos subindo as escadas,
deixando um caldeirão de emoções que são partes iguais de nosso
presente e nosso passado e tudo mais. Estou percebendo agora que
quanto mais tempo espero para contar tudo a Aiden, signi ca
apenas mais tempo lutando contra a ansiedade que vem com isso,
sabendo que tenho horas pela frente me sentindo assim antes de
descobrir se Aiden vai me ouvir ou me expulsar de casa assim que
souber o que tenho a dizer. E agora acrescentei uma visita da tia,
que está apenas começando a gostar de mim, percebo que terei de
guardar tudo isso até que ela vá embora.
Eu afundo na cadeira com um suspiro.
Não são nem dez da manhã e já estou precisando de uma
bebida.
Bate papo com @alacarte

Bem, se você quiser ouvir algo


REALMENTE louco… às vezes fico com
ciúmes de todos que te assistem.
Você acha que isso é mais estranho do que
eu ficar animada sempre que é apenas
nós?

Posso ser tendencioso, mas não acho


nada estranho.
Você sabia que você é a única pessoa a
quem mostrei minha cicatriz? Isso faz você
se sentir melhor?

É um começo. Ser o único a ver você


nua seria um avanço.
Capítulo 19
Cassie
Fingir que eu estava bem com Sophie e Iris esta noite foi uma
verdadeira luta. Sophie felizmente se aproximou de uma garota
que estava interessada sobre sua viagem de aniversário para a
Disney, então repassar cada faceta dessa conversa foi o foco
principal de Sophie durante a maior parte da noite. Fiquei
genuinamente feliz em saber que ela pôde fazer uma amiga e, se eu
não estivesse tão nervosa com o que teria de fazer quando o pai
dela chegasse em casa, poderia até ter sugerido levá-la para
comemorar. Depois, tiveram as fotos e, como Iris foi quem contou
todas as memórias anexadas a cada foto, pude apenas sentar perto e
ouvir Iris se lembrar de tudo.
Foi uma boa noite, fora do meu tumulto interior. É uma coisa
que eu poderia me ver fazendo mais vezes, ter Iris nos visitando.
Bem, se eu conseguir me sair bem dessa. Pode ser minha última
noite aqui, pelo que sei.
Não pense assim. Ainda há uma chance de dar certo.
Tenho feito tarefas para me manter ocupada desde que Sophie
foi para a cama, percebendo depois que entrei no portal da
faculdade que deixei car muito mais atividades para trás do que
pretendia na última semana. E como se eu não tivesse
experimentado estresse su ciente hoje, até perdi completamente
um prazo, o que signi ca que agora tenho minha primeira nota de
reprovação. Eu sei que uma tarefa perdida não vai me expulsar do
programa nem nada, mas com certeza não ajuda em meu humor
atual.
Eu peguei aquela bebida; tive que esperar que Sophie
desmaiasse completamente para pegá-la, mas a taça muito grande
de vinho da garrafa que não consigo pronunciar o nome, que
parece valer mais do que recebo em uma semana, ajuda a aliviar. Eu
roubei da geladeira de vinho de Aiden, então se esta noite der
errado, isso pode ser outro prego no meu caixão. Mas não me
impede de beber.
Durante a última hora, estive observando a porta da frente do
sofá perto da escada, onde estou descansando com meu notebook,
cada carro que passa do lado de fora me faz remexer enquanto me
pergunto quando Aiden chegará em casa.
Estou vestindo a mesma blusa rosa que nos causou problemas
algumas vezes; provavelmente é trapaça tentar despertar memórias
de, bem, excitação em um momento como este – mas acho que
usar todas as armas que puder a meu favor não fará mal. Como se
Aiden, de alguma forma, fosse car tão distraído com meus peitos
que esqueceria que eu menti para ele por semanas.
Não mentindo, meu cérebro corrige. É apenas uma omissão.
Porque tem uma grande diferença.
Tomo outro gole lento de vinho, deixando-o borbulhar em
minha boca por um segundo antes de engolir. É seco e um pouco
amargo, mas o gosto ajuda a me manter acordada. A tela do meu
notebook está começando a car borrada enquanto meus olhos
queimam de cansaço, e eu os esfrego com os dedos à medida que
reprimo um bocejo. Você pensaria que com essa ansiedade toda eu
estaria bem acordada, mas parece estar tendo o efeito oposto. Eu
estive tão preocupada hoje que meu corpo parece estar se
revoltando. Eu acho que todas as noites que passei com Aiden
recentemente não ajudaram exatamente a situação, também, mas
não consigo encontrar forças para reclamar sobre isso.
Fecho meu notebook e o coloco ao meu lado antes de colocar
minha taça na mesinha lateral próxima. Eu estico meus braços
acima da minha cabeça depois, meu pescoço estala quando eu o
viro para um lado e para o outro. Meu telefone marca pouco
depois das onze da noite, e sei que Aiden pode entrar pela porta a
qualquer momento.
Deus, talvez eu devesse ter ligado para Wanda.
Ela provavelmente saberia a coisa perfeita a dizer. Isso, ou ela
teria apenas me dito para tirar minha camisa como mais uma
distração. Poderia ter acontecido de uma das duas maneiras. Ela
provavelmente caria orgulhosa de mim por usar o sutiã mais no
que possuo esta noite. Eu por outro lado… Sim. Ainda parece
trapaça.
Suspiro enquanto pego minha taça de vinho novamente,
segurando-a perto da boca enquanto olho para o corrimão que
contorna a escada, me perdendo em meus próprios pensamentos e
contemplando o pior resultado possível. Sempre pensei que, se
você espera decepção, nunca cará desapontado, então talvez seja
por isso que estou imaginando como seria o pior nal.
Na pior das hipóteses, Aiden me diz que não se sente
confortável em me manter como babá, muito menos como sua… o
que quer que eu seja para ele. (O patético é que só agora estou
percebendo que nem mesmo de nimos o que diabos somos.) Na
pior das hipóteses, Aiden vai me dizer que precisarei arrumar
minhas coisas amanhã, ele vai me escrever um bom cheque de
indenização (ele parece ser o tipo), e então ele vai me escoltar para
fora de sua casa e de sua vida. Pela segunda vez.
Não seja dramática. Ele nem sabia seu nome antes.
Balanço a cabeça enquanto levo a taça aos lábios novamente,
fechando os olhos enquanto a inclino para trás para tentar engolir
o último gole do líquido vermelho. No momento, eu não estou
realmente bêbada; quase não estou nem um pouco alterada, então
não sei dizer por que escolheria esse momento para ser desajeitada.
Talvez seja o nervosismo, ou talvez seja apenas o estresse esmagador
que tenho sofrido nos últimos dias… Não sei. Independentemente
disso, minha taça escolhe este momento para errar minha boca, o
resto do vinho pingando sobre meu lábio inferior e derramando na
frente da minha camisa.
— Merda.
O dano está feito; aparentemente havia muito mais vinho na
taça do que eu imaginava. (Por que eu tive que escolher a maior do
armário?) Minha camisa está encharcada dos seios ao umbigo e,
quando me levanto rapidamente para evitar que caia no sofá,
percebo que estou pingando no azulejo.
— Ótimo — murmuro, virando-me para colocar minha taça
de volta na mesa lateral. — Perfeito.
Eu passo minha blusa sobre minha cabeça antes que eu possa
pensar duas vezes, e não é até que eu estou de joelhos limpando o
pouco de vinho que pingou no chão que toda a hilaridade desta
situação me atinge. Não foi exatamente assim que encontrei Aiden
naquela noite em que esperei por ele? Ele chamou de ideia
estúpida antes. Que maldito par nós formamos.
Estou girando o pano encharcado no azulejo, mesmo
enquanto meus seios e barriga ainda estão úmidos com gotas
persistentes de vinho, amaldiçoando minha sorte à medida que
limpo minha bagunça para que eu possa me trocar antes que
Aiden chegue em casa.
Mas minha sorte em encontrar Aiden se provou ser uma merda
no passado, e agora não é exceção. Ouvir as chaves na porta
naquele momento me deixa muito atordoada para me mover,
congelada em minhas mãos e joelhos com a boca aberta e uma
camisa manchada de vinho em minhas mãos. Ele entra como
sempre faz, pendurando as chaves no gancho e tirando os sapatos
na porta, e leva um segundo para me notar ali, olhando
boquiaberta para ele.
— Cassie?
De repente, esqueço como falar, ainda olhando para ele. O ar
frio nas minhas costas parece uma coisa assustadora agora.
Ele dá um passo mais perto.
— O que aconteceu?
— Eu derramei meu vinho — consigo dizer, empurrando para
cima para que eu esteja de joelhos para manter minhas costas
escondidas dele. — Caiu na minha blusa.
— Uau — ele ri. — E seu primeiro instinto foi tirá-la? Acho
que você tem passado muito tempo comigo.
Quanto mais perto ele chega, mais pânico eu sinto, e luto para
car de pé o mais rápido que posso enquanto ele diminui a
distância entre nós. Ele ainda está sorrindo para mim enquanto
passa um dedo sobre a pele úmida dos meus seios, e minha voz ca
presa na garganta enquanto não penso em nada além de escapar.
Não era assim que eu queria contar a ele.
— Eu deveria ir buscar outra camisa — eu tento, me afastando
dele.
Os braços de Aiden me envolvem, me puxando contra ele.
— Só para que eu possa tirá-la de você de novo?
— Ah, eu…
Meu coração está martelando em minhas costelas, tão alto que
me pergunto se ele pode ouvi-lo. É a primeira vez que co sem
camisa com ele sem estar deitada de costas ou em cima dele, com
total controle. Algo que eu não sinto que tenho agora. Controle.
Seus dedos estão deslizando pela minha espinha para subir mais
alto, e a cada centímetro eu acho mais difícil respirar.
— Aiden, preciso falar com você.
Ele cantarola baixinho, curvando-se para deixar seus lábios
contornarem minha mandíbula.
— Sobre?
— É que — ele torna difícil pensar quando beija meu pescoço
assim — tem algo que eu queria dizer a você.
Suas mãos estão tão perto agora, e sei que a qualquer segundo
ele vai sentir, e então não terei chance de falar aos poucos como
planejei. Eu trago minhas mãos entre nós para pressionar contra
seu peito suavemente, lutando entre querer trazê-lo para mais
perto e saber que eu deveria afastá-lo.
— Aiden, eu…
Porra.
Eu posso sentir, quando ele ca parado. É curioso no começo,
seu toque – as pontas dos dedos traçando a borda da minha
cicatriz como se ele não tivesse descoberto o que é. Sinto sua mão
achatar toda a forma dela, sem dúvida sentindo a diferença de
textura entre minha cicatriz e o resto da minha pele.
— Cassie, o que…?
Eu me afasto dele então, olhando para os meus pés, já que
estou tendo di culdade em olhar para ele. Eu sei que pode ser
agora, que depois disso ele pode nunca mais sorrir para mim, e por
que isso parece tão devastador de repente? Nós nos conhecemos há
pouco tempo, cedemos a esses impulsos por apenas algumas
semanas – então por que parece que isso pode ser o m de algo
importante?
— Eu deveria ter contado a você assim que percebi —
murmuro baixinho para o chão. — Eu não… No começo eu não
sabia como, e estava com medo de perder meu emprego, e sei que
deveria ter dito algo depois que zemos sexo, mas eu
simplesmente… É horrível, eu sei, mas eu estava com tanto medo
de você desaparecer de novo, e me senti tão mal da primeira vez, e
eu percebo que tudo isso soa patético, mas…
— Ei.
Eu nalmente olho para ele então, sentindo suas mãos em
meus ombros enquanto ele aproxima seu rosto do meu.
— Cassie, do que você está falando?
Há uma confusão genuína em seus olhos que se mistura com
preocupação real, como se ele não tivesse ideia do que estou
falando. E por que ele faria? Eu mal estou fazendo sentido. Posso
sentir meus olhos cando úmidos enquanto sinto um medo
genuíno pelo que quer que esteja para acontecer, mas respiro
fundo, sabendo que ainda é a coisa certa a fazer.
Eu me viro lentamente, tentando manter minhas costas retas
para não parecer tão lamentável como me sinto, olhando para a
parede da alcova ao lado da escada enquanto espero que ele diga
alguma coisa. Demora segundos, ou talvez horas, não tenho
certeza, mas então sinto suas mãos na minha pele, traçando
novamente. Talvez ele esteja tentando encontrar a memória. Talvez
ele nem se lembre disso, e agora parece que pode ser pior. Sendo
um pontinho insigni cante em seu radar que ele nem se lembra.
Sua voz é incrivelmente suave quando ele nalmente diz
alguma coisa.
— Você estava fazendo o jantar.
Ele lembra. Eu não deveria estar animada que ele se lembra.
— Porque eu estava sozinha em casa — eu sussurro de volta.
— E você acidentalmente puxou a panela de água fervente para
cima de você.
Mal consigo me ouvir quando respondo:
— Não consegui sair do caminho a tempo. Caiu nas minhas
costas.
— Eu…
Estou tremendo, mas não acho que seja o ar-condicionado.
— Cassie, você…?
Eu só posso acenar com a cabeça.
Ele ca quieto novamente depois disso, impossivelmente
quieto. Eu quero olhar para ele, mas estou com muito medo.
Estou com muito medo de descobrir que olhar ele estará usando
quando eu zer isso. Decepção? Raiva? Não sei o que seria pior.
— Há quanto tempo você sabe?
Eu engulo.
— Desde que vi sua cicatriz.
— Então, o tempo todo que estivemos…
Eu aceno novamente.
— Jesus, Cassie. Como você pôde não me contar?
Fecho os olhos com força. Ele de nitivamente parece zangado.
— Eu estava com medo.
— Com medo de quê?
— É que… você desapareceu tão repentinamente naquela
época, e eu pensei… Deus. Acho que fui ingênua. Achei que você
realmente gostasse de mim e que realmente quisesse me encontrar.
Então, quando você apenas… desapareceu, eu só… — Solto um
suspiro trêmulo. — Eu não queria ter que passar por isso de novo.
Especialmente agora que eu… conheço você. Seria muito pior
agora.
— Você ia me contar em algum momento?
Meus olhos se abrem e não posso evitar, virando-me para
encará-lo para que ele possa ver a sinceridade em meu rosto.
— Sim! Eu ia te contar esta noite. Eu ia te contar hoje, na
verdade, mas aí você… hum, me distraiu, e teve toda aquela merda
com Iris, e você tinha que ir trabalhar, e eu apenas pensei que
precisávamos ter uma conversa real sobre isso, e…
Fico quieta, nalmente percebendo sua expressão. É nervosa,
com certeza, e confusa, com certeza, mas noto que não há nada da
emoção que eu mais temia ver.
Decepção.
Aiden não parece enojado ou chateado; claro, ele parece estar
bravo porque eu o deixei deitar na minha cama tantas vezes sem
dizer a verdade, mas de alguma forma não parece tão terrível
quanto eu pensei que seria.
— Sinto muito — eu digo baixinho. — Eu deveria ter te
contado antes.
Seus olhos ainda estão duros.
— Sim. Você deveria. Ainda não consigo acreditar que você
não contou.
— Eu sei. — Eu olho para os meus pés novamente. Eu ainda
estou seminua e coberta com a porra do vinho. Isso não poderia
car pior. — Eu sei. Desculpa.
Ainda estou olhando para os dedos dos pés enquanto espero
que ele diga alguma coisa, sentindo minha pulsação martelando
em meus ouvidos enquanto espero e vejo se Aiden vai escolher
tentar falar sobre isso comigo, ou se ele vai me pedir para ir
embora. Não tenho vergonha do meu passado e não vou deixar
ninguém me fazer sentir como se eu devesse ter, nem mesmo
Aiden – mas caramba, se não vai doer se ele não for quem eu
pensei que ele era, e tentar me fazer sentir assim. Então,
novamente, eu escondi coisas dele, então talvez ele tivesse razão?
Não sei. Está fazendo minha cabeça doer, e neste momento, eu
gostaria que ele acabasse com isso.
O que quer que “isso” seja.
Bate papo com @lovecici

Você não tem ideia do que eu faria com


você se pudesse realmente tocá-la.

Eu tenho uma ideia.


Tem? Você tem alguma ideia de como eu
usaria essa sua linda boceta?

Porra, A.

O que mais?
Capítulo 20
Aiden
Eu estou muito atordoado para dizer qualquer coisa. De tudo que
eu poderia ter imaginado encontrar ao voltar para casa, isso não
estava nem nas malditas possibilidades.
Sei que ela está esperando que eu abra a boca e diga alguma
coisa, olhando para o chão com uma derrota resignada, como se já
tivesse decidido que vou afastá-la por causa disso. Não posso ngir
que não estou com raiva por ela ter escondido de mim, mas
provavelmente não pelas razões que ela deve achar. Eu
simplesmente odeio a ideia de ela ter se colocado no inferno de
preocupação quando ela poderia ter sido honesta comigo. Eu até
entendo, eu acho, todas as razões pelas quais ela não o fez. Depois
de tanto tempo me perguntando para onde ela foi, mesmo agora,
eu também hesitaria em arriscar que ela desaparecesse novamente?
Achei que você realmente gostasse de mim e que realmente
quisesse me encontrar.
Essa é a parte que está se destacando para mim. Todo esse
tempo presumi que fui eu quem havia entendido mal as coisas. Ela
passou todo esse tempo pensando a mesma coisa?
Eu não queria ter que passar por isso de novo. Especialmente
agora que eu… conheço você.
Ela se sentiu tão desapontada quando me afastei quanto
quando pensei que ela tinha feito o mesmo?
— Cassie, eu… — Eu me sinto um pouco mais calmo agora,
mas não menos atordoado. — Eu gostava de você. Eu queria te
encontrar.
Ela nalmente olha para mim, e eu odeio que seus olhos
estejam úmidos por minha causa.
— O quê?
— Eu não queria desaparecer — eu explico. — Quando
aconteceu… eu tinha acabado de descobrir que Rebecca morreu.
Aquele mês foi intenso. Eu estava preocupado com Sophie,
fazendo arranjos e tentando descobrir como reestruturar toda a
minha vida. Quando consegui colocar a cabeça no lugar e respirar
novamente, semanas se passaram sem que eu percebesse. E quando
voltei para me desculpar…
— Eu excluí minha conta — ela sussurra.
Eu aceno solenemente.
— Achei que eu tinha entendido errado.
Observo sua boca se abrindo de surpresa, todas as peças se
encaixando, e percebo que nada disso havia ocorrido a ela antes
deste momento. Que ela realmente passou a maior parte do ano
pensando que, depois de tudo o que dissemos, tudo tinha sido
momentâneo, a nal. Que eu nunca me importei com ela como a
z acreditar. Ela estava com tanto medo, que mesmo agora, mesmo
depois de eu não conseguir passar um dia sem tocá-la ou sem estar
perto dela, acha que eu a jogaria de lado.
Não posso evitar; é a pergunta que está em minha mente desde
que entrei no site novamente para descobrir que a conta dela foi
apagada.
— Para onde você foi?
— Eu…
Eu observo seus dentes morderem seu lábio enquanto suas
bochechas cam vermelhas. Seus olhos se desviam como se ela
estivesse envergonhada.
— Eu não conseguia mais. Depois que você sumiu. Eu sei que
provavelmente é bobagem, mas… senti sua falta e pensei que você
tivesse sumido da face da terra, e eu simplesmente… — Ela suga
uma respiração, seus olhos ainda molhados. — Eu não podia mais
fazer aquilo.
Tudo parece surreal. A qualquer momento vou acordar na
minha cama e nada disso terá acontecido. Como é possível que de
todas as pessoas nesta cidade que poderiam ter respondido ao meu
anúncio, fosse ela? Que a pessoa de quem Sophie mais precisava,
também poderia ser a pessoa de quem eu mais precisava, mesmo
sem perceber?
— Eu entendo se você precisar que eu vá embora — diz Cassie
estoicamente, com os lábios tremendo. — Mas eu não queria
esconder isso de você assim. Eu só… não sabia como te contar.
Talvez pedir a ela para ir embora seja a maneira mais sensata.
Talvez um homem mais racional me repreendesse por nem mesmo
considerar o pensamento. Mas, independentemente do nosso
estranho passado, nosso estranho presente e tudo mais, o
pensamento que mais me incomoda é Cassie saindo pela minha
porta e nunca mais voltando. Provavelmente não faz sentido para
mim me sentir assim; não sabemos nada um sobre o outro que
justi que que eu me sinta tão possessivo com ela, como se não
pudesse deixá-la ir, mas…
Isso não me impede de me sentir assim.
— Eu não… — digo a ela nalmente, minha voz grossa. —
Quero que você vá embora.
Seus olhos estão arregalados quando encontram os meus
novamente.
— Você não está bravo?
— Sim, eu estou — eu a rmo, e quando ela começa a parecer
desanimada novamente, acrescento — mas não porque você
manteve isso em segredo.
— O quê?
— Estou com raiva por você ter lidado com isso sozinha. Estou
com raiva que você passou todo esse tempo se preocupando se eu
iria afastá-la sem me dar a chance de te dizer que de jeito nenhum
eu vou deixar você sumir de novo.
Sua respiração prende, e ela parece tão doce neste momento;
seu cabelo está caindo de seu coque bagunçado em mechas ao
redor de seu rosto, sua boca está entreaberta de um jeito suave e
quieto que implora para eu beijá-la, e seus olhos – seus olhos
carregam tanto alívio que faz algo em meu peito doer.
Sou cuidadoso quando estendo a mão para ela, aproximando-
me como se ela fosse um animal assustado que pode correr, e para
todos os efeitos, ela ainda pode fazer isso. Percebo que ela ainda
está tremendo um pouco quando minhas mãos seguram seu
queixo, seus cílios tremulam e fecham enquanto seus dedos
envolvem meu punho. Talvez seja imprudente da minha parte car
tão feliz quanto estou por saber que é ela – que a pessoa pela qual
me encontro perdendo todos os meus sentidos hoje é a mesma
pessoa que me deixou louco naquela época. Seus olhos estão
fechados quando me inclino, e posso sentir aquela leve umidade
em seus cílios contra minha bochecha quando meus lábios tocam
os dela.
Ela tem um gosto doce. Como vinho e algo que é inerentemente
Cassie, e me pego puxando-a para mais perto para tentar provar
mais, algo que está se tornando um hábito sempre que a toco.
Como se não importasse o quanto eu tenha dela, de alguma forma
nunca é o su ciente.
Sinto seus dedos se esgueirando por baixo da minha camisa,
encontrando a pele em alto relevo perto do meu umbigo enquanto
ela brinca com a minha cicatriz. Isso me faz estremecer, seu toque
emparelhado com o conhecimento de tudo ligado a essas marcas
em nossos corpos – a compreensão de tudo que eu disse a ela e
tudo que eu vi dela caindo sobre mim como uma onda. Quantas
vezes eu desejei poder tocá-la assim? Quantas vezes eu desejei
poder descobrir se seus lábios eram tão macios quanto pareciam?
Como é possível que depois de todo esse tempo eu encontraria
a resposta para todas essas perguntas de forma tão inesperada?
Eu deveria levá-la para o quarto dela, eu sei disso, mas não
consigo parar de tocá-la por tempo su ciente para fazer isso. Quase
como se eu a soltasse por um segundo, ela poderia escapar por
entre meus dedos. Eu a empurro mais fundo na alcova atrás da
escada, minhas mãos em sua cintura, quadris e em todos os outros
lugares que posso alcançar enquanto sua língua toca a minha me
deixando um pouco frenético.
Eu inclino minha cabeça para descansar meus lábios em seu
ombro enquanto a incito a se virar, e há apenas uma pitada de
hesitação quando ela obedece, me dando as costas à medida que
suas mãos se apoiam contra a parede. Eu deixo minha boca vagar,
provocando a pele em alto relevo entre suas omoplatas de uma
forma que eu não tive a chance de fazer ainda. Eu a sinto tremer
enquanto minha língua traça a forma de sua cicatriz, sua coluna
curvando-se para dobrar na pressão insistente da minha boca,
mesmo quando meus dedos encontram o fecho de seu sutiã para
abri-lo. Suas costas nuas só facilitam a exploração, e se eu não me
sentisse tão inquieto agora, talvez até seria algo que eu poderia
passar a noite toda fazendo. Digo a mim mesmo que terei tempo
mais tarde.
Ela parece sem fôlego quando eu a viro para mim novamente,
me ajudando quando eu puxo seu sutiã e o deixo cair no chão. Sua
respiração é pesada e, por um segundo, co hipnotizado pela
subida e descida de seus seios, como se me implorassem para tocá-
los. Eu seguro seu olhar quando me inclino para deslizar meus
lábios contra o inchaço, fechando os olhos e me concentrando na
batida de sua pulsação contra a minha boca.
— Seu coração está batendo tão rápido.
Ela morde o lábio, passando os dedos pelo meu cabelo para
afastá-lo da minha testa.
— Você sabia que, em média, o coração das mulheres bate mais
rápido que o dos homens?
— Oh? — Meus lábios se curvam contra seu seio enquanto
deixo outro beijo ali, mais lambuzado desta vez para que eu possa
saboreá-la. — Snapple simplesmente nunca escutou o meu
quando estou tocando você.
Ela engasga quando envolvo minha boca em torno de seu
mamilo, e co encantado com a forma como seus lábios rolam
juntos, a maneira como ela olha para mim com os olhos
semicerrados. Estou me perguntando se houve sinais que eu
deveria ter percebido; quantas vezes eu a observei gozando da
segurança do meu monitor? Parece que eu a vi de todas as
maneiras possíveis, todas aquelas noites, mas algo sobre o tempo
que passamos juntos parece diferente do que era naquela época, e
não posso deixar de me perguntar se é porque sou eu a tocando, ao
invés de ela mesma. Eu gostaria de me iludir pensando assim.
Sua pele tem um gosto doce também, o sabor persistente do
vinho que ela derramou cobrindo minha língua enquanto eu a
deixo girar em torno de um bico tenso. Eu belisco o outro entre
meus dedos enquanto deixo uma mão deslizar por sua barriga,
passando por seu short para en ar dentro de sua calcinha para que
eu possa ver como ela está molhada.
Porra, ela já está encharcada.
— É estranho?
Eu a libero fazendo um som molhado, inclinando minha
cabeça para cima para vê-la mais claramente.
— O quê?
— Não sei… com tudo o que aconteceu… — Ela solta uma
risada nervosa. — Quero dizer, teve… um monte de coisas que
você me pediu para fazer.
Meus lábios se inclinam quando pressiono meus dedos mais
profundamente entre suas pernas, curvando-os para deixá-los
deslizar para dentro dela enquanto sua boca forma um O
silencioso.
— Eu me lembro de tudo que eu pedi para você fazer, Cassie.
— Mm. — Seus quadris se inclinam em direção à minha mão
enquanto seus olhos se fecham. — Eu gostava.
— Você gostou quando eu disse a você o que fazer?
Ela acena com a cabeça preguiçosamente.
— Mm-hmm.
— Eu posso fazer isso — eu digo meio rouco. — Por que você
não começa tirando isso?
Deixo meus dedos deslizarem para fora dela para agarrar a
frente de seus shorts, dando um puxão. Quando retiro minha mão
completamente, erguendo-me em toda a minha altura para ver se
ela vai obedecer, sinto uma emoção familiar correndo por mim.
Uma coisa era assistir do outro lado da tela enquanto ela fazia tudo
o que eu pedia, mas isso é diferente. Esta não é uma mulher sem
rosto por quem estou nutrindo uma paixão imprudente, esta é
Cassie – quente, suave, real. Uma mulher que invade meus
pensamentos cada vez mais a cada dia que passa.
Observo enquanto ela estende a mão para rolar o short pelas
coxas, a calcinha indo junto com ele até que ela os chuta para
deixá-los cair no chão. Está mais escuro aqui neste canto, a luz
sobre a porta da frente não é su ciente para iluminá-la
completamente, mas posso distinguir cada suave ondulação e
curva, desde a plenitude de seus seios até a leve inclinação de sua
barriga e a redondeza de seus quadris que fazem minhas palmas se
contraírem com a necessidade de tocá-los. A cor rosada de seus
lábios combina com os pontos rmes de seus mamilos, e eu sei por
experiência que ambos complementam o lindo rosa entre suas
pernas.
Tudo sobre Cassie parece ser projetado para me deixar louco.
— Não acredito que passei todo esse tempo me perguntando
— meus dedos roçam o topo de suas coxas enquanto ela estremece,
e deslizo meus dedos entre elas, curvando minha mão e arrastando-
a para cima — como seria tocar em você. — Seus lábios se abrem
em um suspiro silencioso quando meus dedos deslizam para frente
e para trás entre suas dobras molhadas, e posso sentir meu pau
pressionando insistentemente contra o meu zíper. — Eu não fazia
ideia de como a realidade seria muito melhor.
— Aiden — ela suspira, seus dedos nos provocando a frente
do meu jeans. — Tire isso.
— Aqui? — Empurro mais fundo, sentindo-a apertar meus
dedos. — Você quer que eu te foda aqui?
Seu dedo en ou na minha cintura, puxando insistentemente.
— Aiden.
Parece que estamos em um momento diferente no tempo, em
que ela está esperando que eu dê uma deixa, como se a única coisa
que importasse fosse o que eu estou prestes a pedir a ela. Isso me
faz sentir inebriante e um pouco fora de mim.
Ela me aperta através do jeans, e eu assobio por entre os dentes.
— Porra.
— Eu gosto quando você xinga — ela diz com uma risada
ofegante.
— Gosta?
Ela acena com a cabeça.
— Sério. — Eu continuo bombeando meus dedos para dentro
e fora dela, apoiando minha outra mão em sua cabeça enquanto a
vejo me tocar. — Você quer meu pau, Cassie?
Há um arrepio perceptível que passa por ela, e ela mal
consegue dar um aceno trêmulo.
Eu inclino meus quadris ainda mais em sua mão.
— Bem.
Ela morde o lábio enquanto abre meu zíper, estendendo as
duas mãos para abaixar minha calça antes de provocar a minha
extensão através da minha cueca boxer. Eu tenho que fechar meus
olhos quando ela me puxa para fora, suas mãos quentes e macias
enquanto ela arrasta o punho da base à ponta. Ela ca na ponta
dos pés para deixar seus lábios roçarem os meus, acariciando-me
em um vai e vem lento que está me deixando louco.
— Me diga o que você quer que eu faça — ela murmura em
minha boca. — Você sabe que eu farei o que você quiser.
Ela está deslizando para o passado comigo agora, sussurrando
coisas que eu não ouvia desde que ela as disse em um quarto
escuro com o rosto escondido. Apenas ouvir é quase o su ciente
para me fazer gozar em sua mão, mas não é isso que eu quero.
— Coloque seus braços em volta do meu pescoço — lamento a
perda de sua mão no meu pau quando ela obedece imediatamente,
mas sei que dentro dela vai ser muito melhor. — Segure-se em
mim.
Ela faz o que eu peço, e eu deslizo minha mão entre suas coxas
para agarrá-la pelos quadris, levantando-a contra mim e
pressionando-a contra a parede enquanto ela envolve as pernas em
volta da minha cintura. Estamos perto o su ciente para que meu
pau se encaixe entre suas pernas, cobrindo-me com seu calor
escorregadio enquanto inclino meus quadris apenas o su ciente
para senti-la. Eu a prendo contra a parede e sussurro para ela
segurar rme, alcançando minhas costas para puxar minha
camiseta antes que eu a jogue no chão. Seus braços estão
imediatamente de volta para segurar meu pescoço, e quase preciso
de nada para me inclinar o su ciente para deslizar para dentro dela.
Ela faz um som, algo entre um choramingo e um gemido, e eu
me inclino para mais perto para deixar meus lábios sussurrarem em
seu ouvido:
— Shh. — Eu a ajusto para que eu possa empurrar mais fundo.
— Você tem que car quieta, lembra? Seja boa.
— Sim… Oh. — Seus calcanhares cavam em minha bunda, seus
dedos en ados em meu cabelo. — Eu prometo. — Ela está
sussurrando agora como se para provar seu ponto. — Continua.
Leva apenas um leve movimento para entrar completamente
dentro dela, seus quadris alinhados com os meus enquanto ela
treme. Eu tenho que tomar um momento para me recompor para
que eu não goze imediatamente dentro dela – é sempre um perigo,
por melhor que ela seja – deixando minha testa cair em seu ombro
enquanto eu a seguro com minhas mãos em seus quadris.
— Você não acreditaria o quanto eu pensei sobre isso — eu
bufo. — Eu queria tanto tocar em você, Cassie. Antes… agora…
sempre, porra.
Ela beija meu pescoço, sua língua lambendo depois.
— Você pode me tocar quando quiser.
— Sim? — Inclino minha cabeça para trás para olhar para ela.
Minhas mãos deslizam para segurar sua bunda, deslizando para
fora dela apenas para empurrar de volta. — Quando eu quiser?
— Sim — ela sussurra.
Eu a levanto para puxá-la para longe de mim, o su ciente para
que eu esteja apenas um pouco dentro dela antes de deixá-la cair de
volta.
— Bem assim?
— Ah. — Sua cabeça cai para trás contra a parede. — O que
você quiser.
— Eu só — grunho enquanto a puxo para cima e para baixo
em meu pau com mais força — quero você.
— Assim — Cassie ofega. — Mmm.
— Você consegue gozar assim? Me diga o que você precisa.
— Eu acho… Se você…
Ela arqueia para se inclinar contra a parede, tanto que tenho
que segurar seus quadris com mais força para mantê-la ereta. Isso
signi ca que toda vez que eu a penetro, eu bato naquele lugar que
a faz ofegar, seu corpo se sacudindo a cada batida de meus quadris
e suas pernas apertando ainda mais minha cintura.
— Bem aí — ela geme, lutando para manter a voz baixa agora.
— Ah, não pare.
Como se isso fosse realmente uma opção agora.
Eu posso sentir suas unhas cavando em meus ombros, fundo o
su ciente para deixar uma marca, mas a dor mal é registrada pelo
jeito que ela começou a car tensa. Eu posso ouvir os estalos nos
dedos dos pés e sentir o tremor de seu corpo, evidência de que ela
está chegando ao limite. É difícil abaixar minha cabeça para que eu
possa chupar a curva suave de seus seios, mas preciso de minha
boca nela, onde quer que eu consiga alcançar. Sinto aquela pressão
crescendo profundamente enquanto eu empurro para dentro dela
de novo e de novo e de novo, minhas pernas fracas e meu pulso
latejando sob cada centímetro da minha pele.
— Cassie, eu… Porra.
Eu a seguro perto enquanto estremecemos, sua respiração
quente contra minha orelha enquanto eu enterro meu rosto em
seu pescoço. Meus dentes afundam na pele exível na curva de seu
pescoço para abafar meu gemido, e ela pressiona beijos febris
contra minha mandíbula enquanto tento descer da euforia. Eu a
seguro perto durante tudo isso, incapaz de soltá-la. Só me ocorre
que ainda a estou segurando com força, enterrado dentro dela,
quando sinto seus dedos passando pelo meu cabelo enquanto ela
acaricia meu ombro com círculos suaves.
Quando eu nalmente me afasto para olhar para ela, a sensação
que me dá ao vê-la devassa, desarrumada e satisfeita, sorrindo para
mim como se eu tivesse dado a ela um maldito presente, é
indescritível.
— Por favor, considere deixar uma gorjeta — ela sussurra.
Eu solto uma risada, atordoado com a ideia de que isso está
acontecendo, que ela está aqui e que tantas coisas se juntaram para
nos colocar de novo na vida um do outro. Ainda parece que pode
ser um sonho, e talvez eu realmente me preocupasse que fosse, se
ela não estivesse tão quente e tão real em meus braços. Fico
imaginando quantos dias precisaremos passar juntos para que seja
socialmente aceitável alimentar a ideia de que eu possa estar
perdido por causa dessa mulher. Certamente mais do que
passamos, eu acho.
E o que é ainda mais inacreditável é que mesmo agora, mesmo
tendo acabado de ter ela… eu já a quero de novo.
— Quantas horas de sono você precisa?
Ela levanta uma sobrancelha para mim.
— Sério? De novo?
— Você pediu uma gorjeta — eu digo seriamente.
Sua boca se abre quando ela bate no meu ombro, mas seus
olhos dizem que ela está mais do que feliz em sacri car suas oito
horas de sono. Sei razoavelmente que em algum momento terei
que deixá-la dormir; eu estou ciente disso.
Mas isso não vai acontecer tão cedo.
Bate papo com @alacarte

@alacarte
te enviou uma gorjeta de $100

Eu queria estar gastando isso para levar


você para sair. O quão cafona isso é?
Aviso de gatilho
Spoiler: o BWC alerta que no próximo capítulo há uma cena com
sexo oral em que um dos personagens está desacordado em que
não há acordo prévio de consentimento. Caso você não se sinta
confortável, sugerimos que pule a cena.
Capítulo 21
Cassie
Quando percebo a luz do sol em meu rosto no início da manhã,
minha primeira reação é de pânico. Eu sento na minha cama,
sentindo Aiden se mexer ao meu lado enquanto eu caço pelo meu
celular na mesa de cabeceira.
São logo depois das sete horas. Ufa.
Sophie normalmente não sai da cama antes das oito e meia,
pelo menos. Especialmente nos ns de semana. Ainda assim, tenho
que ir para a faculdade hoje, e já que as atividades noturnas minhas
e de Aiden me impediram de lembrar de ajustar meu alarme, estou
uns bons vinte minutos atrasada. Eu bocejo enquanto coloco de
volta meu telefone onde o encontrei, rolando meus ombros e me
alongando enquanto tento despertar totalmente. Aposto que só
dormimos quatro ou cinco horas na noite passada e estou com
músculos doloridos que nem sabia que existiam até hoje, mas
ainda assim. Ver Aiden esparramado na minha cama, o cabelo
caindo sobre os olhos e a boca entreaberta suavemente durante o
sono – eu diria que valeu a pena.
A noite passada foi de imensa surpresa e alívio; eu estava tão
convencida de que Aiden me pediria para ir embora que sua
compreensão me deixou desnorteada. E o que é ainda mais notável
é a sua aparente felicidade em saber quem eu sou, quem nós somos.
É como se um peso enorme tivesse sido tirado dos meus ombros,
sabendo que não há mais segredos entre nós. Parece agora que
talvez possamos realmente dar uma chance real a essa coisa. Se é
isso que Aiden quer, será. Estou bem ciente de que em nosso
desejo frenético logo após a sua descoberta ontem à noite, Aiden e
eu não tivemos a chance de conversar. Isso é algo que acho que
precisaremos fazer em algum momento. Eu me sentiria muito
melhor ouvindo que não sou a única que está investindo nessa
coisa entre nós além do aspecto físico.
Eu sei que ainda estou atrasada e que deveria estar pulando no
chuveiro, mas me sinto gananciosa com ele ao meu lado como ele
está. Seu corpo parece muito grande para o meu colchão queen
size, um de seus braços grossos pendurados acima de sua cabeça e o
outro descansando em seu estômago sobre os lençóis, que estão
emaranhados em torno de seus quadris. Há coisas mais fáceis de
notar à luz forte da manhã que não fui capaz de apreciar durante
nossos habituais encontros tardios – coisas como o leve punhado
de cabelo em seu peito que é mais claro do que em sua cabeça. Eu
deixo meus dedos os acariciarem cuidadosamente enquanto ele se
mexe, não o su ciente para acordar, mas o su ciente para mover
seu corpo para que o lençol deslize ainda mais de sua cintura,
deixando-o quase nu.
E de nitivamente não estou reclamando disso.
Eu veri co a hora no meu telefone novamente, analisando
minhas opções antes de dizer a mim mesma que shampoo a seco
existe por uma razão. Claro, provavelmente não o inventaram com
o único propósito de fazer sexo, no início da manhã, com seu
cavaleiro de armadura brilhante perdido há muito tempo, mas
tanto faz. Eu sou cuidadosa enquanto me arrasto ao lado dele,
traçando levemente a metade inferior de sua cicatriz, que aparece
por baixo de seu braço. Eu me inclino para pressionar meus lábios
lá depois, sentindo sua pele contrair sob minha boca, mas seus
roncos suaves não param.
Eu sorrio enquanto pressiono outro beijo mais baixo, bem ao
longo do V relaxado perto de seu quadril, sacudindo minha língua
lá enquanto Aiden faz um som suave em seu sono.
Seu pau está pesado contra sua coxa, e eu dou uma olhada em
seu rosto enquanto passo um dedo por seu comprimento,
sentindo-o pular levemente com o meu toque. Suas coxas já estão
separadas, um de seus joelhos dobrado para o lado, então não é tão
difícil me en ar entre elas, trazendo-me para perto com a parte
mais íntima dele. Ele é pesado na minha mão quando deslizo
minha palma por baixo, e mesmo com isso posso senti-lo se
contorcer.
Isso me faz pensar com o quanto posso me safar antes que ele
acorde.
Sou cuidadosa com minha língua, passando-a ao longo de todo
o comprimento dele com um toque quase imperceptível, e sob
minha outra mão que está apoiada na parte superior de sua coxa,
posso senti-lo tenso. Eu giro minha língua ao redor da cabeça do
seu pau antes de tentar levar mais para dentro, e posso sentir como
ele está começando a car duro na minha boca. Eu fecho meus
olhos enquanto empurro mais fundo, não sendo capaz de colocá-
lo todo, mas compensando os centímetros restantes com meu
punho enquanto agarro a base.
Eu não percebo que ele está acordado até que eu estou sendo
puxada para trás, meus olhos se arregalando quando eu sinto o
peso de sua palma na parte de trás da minha cabeça. Neste
momento, é difícil sorrir com um pau na boca, então tenho certeza
que pareço ridícula, mas tento compensar isso achatando a minha
língua sob a cabeça para cobrir mais dele.
— Essa é… — Sua voz está rouca de sono, seus olhos vidrados e
semicerrados enquanto ele me observa. — Essa é uma ótima forma
de acordar. — Ele está totalmente duro agora, tornando mais fácil
beijar ao longo de seu eixo enquanto ele grunhe baixo em seu
peito. — Que horas são?
— Cedo — eu digo a ele. — Ela vai continuar a dormir por
mais um tempo.
Seus cílios tremulam quando deslizo minha língua de volta por
todo o seu comprimento.
— Ok.
— Mas eu tenho que ir para a faculdade hoje — digo a ele,
bombeando-o preguiçosamente com meu punho. — Então eu
tenho que ser rápida.
Um lado de sua boca se inclina para cima.
— Se você continuar me tocando assim, não acho que o tempo
será um problema.
Eu gosto do jeito que ele me observa quando eu o coloco
dentro da minha boca, olhando para mim como se eu fosse algum
tipo de criatura mítica que ele não acredita que está vendo. É o
su ciente para fazer qualquer garota se sentir con ante. Eu
balanço minha cabeça para pegar o máximo que posso, ainda
usando meu punho para trabalhar o que minha boca não consegue
alcançar.
Ele é mais gentil desta vez, nada da aspereza frenética como da
última vez que o tive em minha boca, mas estou gostando desse
lado dele tanto quanto do outro. Eu me pergunto se há algum
lado de Aiden que eu não goste. A pressão de sua mão no meu
cabelo é leve, quase não existe, mas isso também está me deixando
inebriada. Eu meio que gosto de estar no controle.
Sua cabeça cai para trás contra o travesseiro, sua boca se
abrindo enquanto sua respiração ca mais forte para me estimular.
Eu posso sentir cada contração contra a minha língua, cada
pequena pressão de seus dedos contra o meu cabelo, tudo isso só
me fazendo querer empurrá-lo para a borda ainda mais. Posso
perceber que ele não estava brincando quando disse que não
demoraria muito; eu mal o tive em minha boca por mais de um
minuto ou mais, e sua respiração foi reduzida a uma série de ofegos
irregulares, e seus quadris se inclinam quase por re exo toda vez
que eu o tomo o mais fundo que consigo.
— Cassie — ele murmura. — Você deveria… Eu vou…
Eu sei exatamente o que ele está dizendo, e talvez seja
arrogância da minha parte, mas eu gosto disso. Eu gosto porque
parece que ele não pode evitar. Eu gosto porque ele gosta. Eu
poderia fazer isso quantas vezes forem necessárias para explodir a
porra da sua mente para que ele nem consiga olhar para o seu pau
sem imaginar minha boca nele.
Embora com o jeito que ele está ofegante, eu não acho que vai
demorar tanto.
Seu corpo está incrivelmente tenso agora, e seus dedos
realmente se emaranharam um pouco no meu cabelo, mas estou
tão preocupada com a forma como ele se incha contra a minha
língua que mal sinto nada disso. Eu trabalho meu punho em
conjunto com minha boca, ouvindo seu gemido gaguejado antes
de sentir o respingo quente contra a parte de trás da minha
garganta. Tento me concentrar nos sons que ele está fazendo, na
forma como seu corpo treme embaixo de mim, fechando os olhos
enquanto engulo tudo o que ele me dá. A maneira como ele ca
fraco depois é intensamente satisfatória, e faz meus olhos
lacrimejantes e minha falta de ar quando me afasto dele valer a
pena. Ele parece atordoado enquanto olha para o teto, quase nem
se movendo quando eu rastejo por seu corpo para me envolver em
seu peito.
— Bom dia — eu provoco.
Aiden solta um suspiro.
— Os despertadores vão parecer incrivelmente sem brilho
agora.
— Mas isso me manterá no trabalho — eu rio, gostando da
minha piadinha. Eu me inclino para beijá-lo, e Aiden não parece
incomodado por eu ter acabado de tê-lo na boca, me puxando para
aprofundar o beijo. Eu dou um selinho suave depois. — Mas eu
tenho que ir. Você me custou meu banho.
— Eu gostaria de dizer que me sinto mal, mas…
Eu sorrio.
— Sim, eu odiaria fazer de você um mentiroso.
— Vou retribuir o favor mais tarde.
— Ah, com certeza. Eu tenho uma contagem mental de
orgasmos. Não se preocupe.
— Uau, sem pressão nem nada.
Meu sorriso aumenta mais um pouco e dou um último beijo
nele.
— Devo pegar meu carro na o cina depois da aula, então vou
pegar Sophie no restaurante mais tarde, ok?
— Eles consertaram?
— Aparentemente, a luz de veri cação do motor não é algo
que você pode simplesmente ignorar e esperar que desapareça.
— Eu realmente poderia levar você para a aula, sabe — ele
insiste.
É uma conversa que tivemos algumas vezes desde que a minha
carroça desistiu de mim, e reviro os olhos agora, como sempre z.
— Talvez eu seja a única pessoa nesta casa que não guarda
rancor contra o transporte público.
Ele belisca minha bunda e eu grito.
— Fico feliz que seu carro tenha sido consertado, pelo menos.
— Meu pedaço de lixo um pouco menos quebrado e eu
estaremos perfeitamente bem para buscar Sophie depois da aula.
— Ela estará esperando ansiosamente por você para salvá-la,
tenho certeza — ele bufa.
Eu rolo para longe dele, sentindo seus olhos em mim, mas não
odiando a atenção, e lanço outro olhar para ele antes de ir para o
banheiro para me arrumar.
— Talvez hoje ela dê outra chance às suas panquecas?
Eu rio enquanto fecho a porta do banheiro atrás de mim,
ouvindo-o resmungar o tempo todo.
■□■
O resto do meu dia não vai tão bem quanto a minha manhã.
O jeito que acordei Aiden não tinha totalmente me atrasado
para sair de casa, mas já que saí mais tarde do que o habitual, o
engarrafamento no qual meu ônibus cou preso após um acidente
definitivamente me atrasou. Entre a tarefa perdida esta semana e o
atraso de quase trinta minutos para minha primeira aula, minha
instrutora teve algumas palavras bem certeiras a dizer sobre colocar
minha cabeça no lugar. Isso me consumiu durante todo o meu dia,
me atrapalhando de uma maneira que me fez deixar cair coisas que
não deveria e mapear as coisas incorretamente – cometendo todos
os tipos de erros que normalmente não cometeria se não estivesse
tão abalada.
Estou exausta quando saio do campus, minha viagem de volta
para San Diego parecendo muito mais longa do que o normal.
Pegar o carro de volta ajuda – mas a conta alta, certamente não.
Inferno, antes de me tornar a babá de Sophie, essa mesma conta
signi caria comer lámen de microondas por uma ou duas semanas.
Estou tentando me livrar do meu humor sombrio tocando
toda a discogra a de Taylor Swift no caminho para o restaurante,
mas até mesmo meu Spotify parece estar contra mim hoje, tocando
muitas músicas de Evermore e não o su ciente de Red. É como se o
universo quisesse que eu chorasse hoje.
Cadela inconstante, estou lhe dizendo.
Eu fui ao restaurante de Aiden para pegar Sophie algumas
vezes desde nossa primeira entrevista, e ao passo que a
recepcionista não me olha tão feio por causa da minha colônia, ela
parece ter uma opinião sobre meus sapatos, se a maneira como ela
olha para meus tênis gastos toda vez que passo pelas portas é uma
indicação. Eu nem sequer a comprimento esta noite, dando-lhe
um aceno de desdém enquanto vou direto para a cozinha. Eu
tenho que passar pela área do bar para chegar lá, mas desenvolvi
uma boa rotina de me mover ao redor dos bartenders cando fora
do caminho enquanto tento chegar às portas duplas que levam à
área da cozinha.
Agora, estou plenamente ciente de que não estou de bom
humor, mas não posso ngir que ver Aiden no modo chef executivo
– latindo ordens para os outros chefs e espiando por cima dos seus
ombros com um olhar perspicaz o tempo todo vestindo aquele
casaco pela qual eu provavelmente não deveria me sentir tão
atraída – ajuda um pouco. Ele não me nota a princípio, muito
ocupado criticando o refogado de alguma carne em uma panela
que está fora da minha vista.
Sophie está empoleirada em seu banquinho de sempre em um
canto seguro perto das pias, acenando quando me vê e colocando
seu Switch no balcão antes de pular de seu assento.
— Podemos ir para casa? — Ela lança um olhar cauteloso para
o pai. — Papai está de mau humor.
É como se estivéssemos ligados ou algo assim.
— O que aconteceu?
Sophie dá de ombros.
— Não sei. Algum cliente estava bravo com alguma coisa.
— Caramba.
Eu olho para Aiden, ainda repreendendo quem eu presumo ser
um de seus subchefes, me perguntando se seria melhor escapar e
enviar uma mensagem para ele. Eu odiaria tornar a noite dele pior.
Antes que eu possa chegar a uma decisão, Aiden nalmente
percebe que estou do outro lado da cozinha, e sua expressão muda
imediatamente quando ele dá uma última palavra ao subchefe
antes de se aproximar.
— Ei — diz ele, sorrindo com os olhos cansados. — Como foi
o seu dia?
Reviro os olhos.
— Tão bom quanto o seu, parece. O que aconteceu?
— Bobagem — resmunga Aiden. — Não percebi um bife que
cozinhou demais e ele foi enviado de volta com um bilhete legal
sobre se merecemos ou não nossas estrelas.
— Ai. — Eu faço uma careta. — Eles devem ser muito
divertidos em festas.
— O que aconteceu com o seu dia?
Eu sei que se eu disser a ele que me atrasei, ele vai se culpar, e já
que foi inteiramente minha escolha car para trás e aproveitá-lo
esta manhã, eu não quero piorar a noite dele com reclamações
desnecessárias.
Eu dou de ombros.
— Apenas um dia ruim. Nada em particular.
— Sinto muito — ele oferece.
Eu aceno para ele.
— Eh. Está tudo bem.
— Sophie — Aiden se dirige à lha. — Por que você não vai
pegar suas coisas no escritório?
— Ok!
Quando estamos sozinhos, Aiden me espia de lado.
— Eu realmente quero te beijar agora.
— Quão fofoqueiros são seus chefs?
— Oh, o mundo inteiro saberia antes de você chegar ao seu
carro.
Isso me faz rir.
— É melhor você não arriscar então.
Aiden acena com a cabeça como se concordasse, mas há algo
em sua boca que diz diferente. Sua mandíbula aperta enquanto ele
hesita em continuar, parecendo estar lutando com alguma coisa.
— Sabe — ele começa. — Meu chefe vai dar uma festa no
próximo m de semana.
Eu me animo.
— Uma festa?
— Para o aniversário dele. Ele faz uma todos os anos.
Acho que ele está me dizendo que eu e Sophie teremos uma
noite a sós em breve.
— Oh. — Eu balanço minha cabeça sem rumo. — Parece
divertido.
— Eu pensei que talvez pudéssemos ir juntos.
Isso me pega desprevenida.
— O quê?
Timidez é um visual estranho para um homem tão grande, mas
não desagradável.
— Como um encontro?
Minha boca se abre em surpresa.
— Mas… o que diríamos a Sophie?
q p
— Bem. — Aiden estende sua mão apenas o su ciente para
que seu dedo mindinho roce o meu, e di cilmente pode ser
chamado de toque, mas me faz tremer do mesmo jeito. — Acho
que deveríamos contar a verdade a ela.
Eu posso sentir meu coração começar a bater mais rápido, uma
sensação de vibração pesada surgindo em minha barriga com a
seriedade da expressão de Aiden.
— E você… está bem com isso?
— Ela vai descobrir eventualmente — ele me diz. — Não é
como se você fosse ir a algum lugar tão cedo. — Há um lampejo de
incerteza em suas feições, como se ele não tivesse certeza absoluta,
mas procurasse algum conforto a esse respeito. — Certo?
Minha boca abre e fecha como se eu estivesse imitando um
peixinho dourado; pensei que teríamos que conversar logo sobre o
que somos e para onde nós nos víamos indo, mas nunca esperei
que Aiden mergulhasse de cabeça nisso sem hesitar. Mal tive
tempo de pensar na ideia, e Aiden está pronto para colocar todas as
cartas na mesa. Parece um pouco imprudente e muito cativante,
mas, no nal das contas, é uma resposta fácil.
— Não — eu digo a ele. — Eu não vou.
Seu sorriso é brilhante, tanto que quase me tira o fôlego, e
estou experimentando uma necessidade intensa de beijar ele agora.
— Então? Você quer ir?
— É chique? Duvido que eu tenha um vestido que sirva.
— Deixe-me preocupar com isso — ele insiste. — Diga que
você irá.
Eu mordo meu lábio enquanto penso, ainda preocupada sobre
como Sophie vai receber essa notícia, mas muito feliz com a ideia
de Aiden querer dizer a ela para eu até mesmo considerar a ideia de
dizer não. Porque quem eu estou enganando? Não tem nenhuma
chance de eu fazer isso. Imprudente ou não, sei que estou tão
pronta para mergulhar de cabeça quanto ele. Como eu poderia
não estar?
— Sim — eu digo a ele. — Eu quero ir.
Outro sorriso para o meu problema.
— É um encontro então.
É um encontro.
Já tive muitos primeiros encontros antes, mas acho que nunca
tive um com um cara com quem já estou dormindo. E ainda me
sinto mil vezes mais animada por este do que por qualquer outro
que já fui. Eu praticamente sinto que acabei de ser convidada para
o baile de formatura.
Sophie volta antes que eu tenha tempo de dizer qualquer outra
coisa, mas acho que o sorriso bobo no meu rosto que não consigo
apagar provavelmente diz mais do que su ciente. Pelo menos o de
Aiden está um pouco parecido, então não me sinto
completamente ridícula.
— Podemos assistir Encanto depois do jantar?
Normalmente, eu poderia reclamar – é um bom lme, mas já o
vimos uma dúzia de vezes – mas, estranhamente, nem me sinto
incomodada. Eu acaricio sua cabeça com o mesmo sorriso
estampado em meu rosto.
— Claro. Podemos assistir.
— Eba! — Ela se vira para envolver seus braços em torno de
Aiden. — Tchau, pai. Te amo.
— Tchau — ele responde de volta, apertando-a em um abraço.
— Também te amo.
Sophie passa por mim, e dou uma última olhada em Aiden
antes de segui-la.
— Te vejo mais tarde?
— Sim. — O olhar que ele me dá é pesado, o verde e o
castanho de seus olhos parecem mais calorosos do que o normal.
— Você vai.
Levo pelo menos uma hora para parar de sorrir.
Meu coração está batendo tão rápido. Isso pode ser um erro
terrível. Ele poderia ser alguém totalmente diferente do que
demonstra.
Mas isso não parece me impedir nem um pouco.
E ele ainda está esperando minha resposta.
“Eu quero ver você também” eu respiro. “Realmente te ver.”
Eu posso ouvir sua expiração apressada, como se ele estivesse
prendendo a respiração.
Estendo a mão para a máscara, mas ele me impede, fazendo
um som de protesto.
“Mas você disse…”
“Quero poder tocar em você, quando te ver pela primeira vez”
diz ele. Calor inunda a minha barriga. “Porque quando eu
ver você… tenho a sensação de que não vou conseguir parar.”
Capítulo 22
Cassie
Nós não contamos para Sophie até o dia da festa. Provavelmente
não é a coisa mais inteligente que qualquer um de nós já fez,
prolongando a situação desse jeito, mas acho que Aiden está tão
nervoso com a reação dela quanto eu. Ela está sentada na poltrona
em frente ao sofá, os dedos dobrados sob o queixo como um chefe
da má a enquanto nos olha pensativa.
— Então… vocês são tipo, namorado e namorada?
Aiden e eu trocamos um olhar e balanço a cabeça. Isso cai tudo
sobre ele.
— Sim — ele responde, limpando a garganta. — Estamos
namorando.
Sophie olha de mim para seu pai e para mim novamente.
— Por que vocês mantiveram isso em segredo?
— Nós não estávamos tentando manter isso em segredo —
insisto. — Nós apenas…
— Não queríamos confundir você — Aiden termina.
Seu rostinho ainda está sem expressão como uma tela vazia. A
maneira como ela está olhando para nós é quase su ciente para
fazer eu me contorcer; parece que estou contando ao meu pai
sobre meu primeiro namorado, o que é hilário, já que sei que ele
não daria a mínima. Claramente, contar a Sophie é uma
experiência muito mais agonizante.
— Eu sei o que é namorar — diz Sophie. — É tipo beijar e
outras coisas.
Percebo que Aiden parece preferir estar em qualquer outro
lugar.
— E sair juntos — diz ele, ignorando o comentário. — Como
esta noite. Quero levar Cassie para uma festa.
— Em um encontro — Sophie esclarece.
— Sim — diz ele. — Em um encontro.
Seus olhos se estreitam, como se ela estivesse pensando. Ela
parece o maldito Poderoso Chefão. Como um senhor do crime de
um metro e trinta. Ou talvez eu esteja projetando.
— Mas Cassie ainda é minha babá. Certo?
— Claro que sou — asseguro-lhe. — Nada disso vai mudar.
Seu nariz se enruga.
— Vocês vão car se beijando?
— Podemos tentar manter os beijos no mínimo — Aiden
contra-oferece, embora eu tenha certeza que ele pretende
continuar fazendo isso o máximo possível fora da linha de visão de
Sophie. — Se isso te deixar mais confortável.
— É nojento — ela diz, fazendo um som de blech.
Isso me faz rir.
— Você não vai achar isso um dia.
— Sim, eu vou — ela argumenta.
Aiden bufa.
— Para sempre, espero. — Ele considera sua lha com cuidado
então. — Você está… bem? Com isso? É muito importante para
mim que você esteja bem com tudo isso, Soph.
— Oh. Tudo bem. — Ela dá de ombros. — Mas se vocês
terminarem, eu co com a Cassie como minha babá.
— Fico feliz em saber onde me encontro na pirâmide de suas
prioridades — murmura Aiden.
Dou um tapinha em seu ombro, sorrindo.
— Não se esqueça disso.
— Posso jogar no meu Switch agora? Quase derrotei o chefão
da última vez.
— Sim, você pode ir — Aiden diz a ela. — Se você tem certeza
de que está tudo bem.
Ela se move para sair, mas se vira com uma expressão confusa.
— Espera. Onde eu carei esta noite?
— Oh — eu falo. — Então. Se você estiver bem com isso,
Wanda perguntou se você não queria car com ela.
Seus olhos se iluminam.
— Eu posso dormir lá?
— Sophie — interrompe Aiden. — Tenho certeza que Wanda
não quis dizer que você…
— Vou perguntar a ela — interrompo, sabendo que Wanda
não se importaria. Eu me viro para Aiden. — Ela provavelmente
adoraria, honestamente. Contanto que você esteja bem com isso.
Ele franze a testa.
— Se você tem certeza de que isso não a incomodaria.
— Wanda será a primeira a me avisar se incomodar — eu rio.
Eu enxoto Sophie escada acima, esperando até que ela tenha
saído para apoiar minha cabeça no ombro de Aiden, sorrindo para
ele.
— Isso foi relativamente sem danos.
— Fui o único que sentiu como se estivesse em uma entrevista?
— Oh, não, ela de nitivamente tinha uma vibração de Don
Corleone.
Ele ainda está franzindo a testa para as escadas onde ela
desapareceu.
— Ainda bem que a gente contou pra ela, né? Eu odeio mentir
para ela, de qualquer maneira.
— Eu acho que vai car tudo bem — asseguro-lhe. — Sophie é
uma criança esperta. Ela teria entendido eventualmente.
— Você provavelmente está certa.
Estendo a mão para traçar um dedo em sua mandíbula.
— Especialmente porque não vejo essa coisa toda de “beijos no
mínimo” funcionando muito bem.
Ele zomba.
— Você está insinuando que eu não posso manter minhas
mãos para mim mesmo?
Eu não respondo, em vez disso olho para baixo e bato nas
costas de sua mão que descansa no meu joelho, onde seus dedos
estão inconscientemente traçando um círculo nos últimos dez
minutos.
Aiden revira os olhos.
— Certo, tudo bem.
— Então, espero que você tenha garantido que meu corsage
combina com meu vestido. Espero arrasar esta noite.
— Arrasar — ele ecoa, balançando a cabeça enquanto ri. —
Bem, eu não comprei um corsage para você, mas comprei um
vestido.
Eu me afasto para levantar uma sobrancelha para ele.
— Como você sabia meu tamanho?
— Eu… posso ter olhado em seu armário — ele diz
timidamente.
Eu coloco minha mão sobre minha boca em um falso suspiro
dramático.
— Oh meu Deus, daqui a pouco você estará vasculhando
minha gaveta de calcinhas.
— Pre ro mais sua calcinha no chão do que na sua gaveta.
Eu reprimo um sorriso, virando meu rosto para baixo para que
ele não possa ver meu rubor. Traço meu próprio círculo nas costas
da mão dele, que ainda está sobre meu joelho.
— Então… estou curiosa sobre este vestido. Que tipo de
vestido Aiden Reid compraria para mim?
— Algo com um decote questionável.
Eu balanço minha cabeça em advertência.
— Pervertido.
— Talvez — ele ri.
Ele se inclina como se fosse me beijar, mas eu coloco a mão
entre nós para cobrir sua boca com a mão.
— Ei, espera aí. Beijos no mínimo.
Eu grito quando ele lambe minha palma, puxando-a para longe
ao passo que sua mão se lança para agarrar meu punho para que ele
possa me puxar para mais perto. Ele me segura enquanto cobre
minha boca com a dele, meus protestos provocantes não são páreo
para a suavidade de seus lábios. Ele cantarola contente enquanto
demora por um momento, apenas se afastando quando eu derreti
completamente nele.
— Isso vai ter que ser su ciente até mais tarde — ele murmura.
Só me ocorre neste exato momento que mais tarde signi ca
uma casa inteira para nós mesmos após nosso primeiro encontro
o cial, pela primeira vez desde que estou aqui, e vendo o jeito que
Aiden está olhando para mim – eu tenho que assumir que ele está
pensando nesse fato também. É preciso tudo o que tenho para
manter minha voz neutra quando falo de novo.
— Então — eu digo de uma forma totalmente normal que não
entrega o fato de que estou pensando em um futuro sexo
desinibido. — Vamos ver esse vestido.
■□■
— Pare de car se remexendo — eu rio enquanto estamos do lado
de fora da porta de Wanda.
Aiden ajusta a gravata (eu provavelmente poderia escrever uma
dissertação inteira sobre por que Aiden deveria usar gravata todos
os dias, porque puta merda), fazendo aquela mesma cara nervosa
que me faz querer rir toda vez que olho para ele.
— Por que parece que estou conhecendo seus pais?
— Bem, Wanda está mais próxima disso do que meus pais
reais, então. Não é uma ideia muito distante.
— Certo. Merda. Desculpa.
— Palavra ruim, pai — Sophie repreende ao nosso lado.
— Eu sei — ele se desculpa. — Perdão.
Sophie se inclina para olhar para o pai ao meu lado.
— Papai está com medo da Wanda?
— Não estou com medo da Wanda — argumenta.
Eu cutuco Sophie com o cotovelo.
— Ele está totalmente com medo de Wanda.
— Eu não estou com medo da…
Aiden ca em silêncio quando a porta nalmente se abre,
Wanda abrindo a porta em seus calçados de car em casa, roupão e
seu pijama de anela rosa. Basicamente, o oposto de intimidadora.
Isso não impede Aiden de car rígido como uma estátua ao meu
lado. Ela sorri brilhantemente para Sophie, que imediatamente a
abraça, e Wanda se inclina enquanto acaricia a cabeça da garotinha.
Ver como Wanda se ilumina com Sophie me faz sentir ternura por
dentro.
Wanda lança um olhar sério para Sophie.
— Você está pronta para levar um banho jogando buraco esta
noite?
— Não! Eu vou ganhar desta vez. Eu tenho treinado.
Wanda não parece convencida, lançando a ela um olhar.
— Ela tem um longo caminho a percorrer antes que eu comece
a arrastá-la para o cassino comigo.
Aiden ainda está completamente mudo ao meu lado durante
tudo isso, e Wanda não o reconhece a princípio. Não até que ela
direcione Sophie para dentro da casa para encontrar seu baralho de
cartas. Sophie nos dá um adeus apressado, mas posso dizer que ela
tem prioridades maiores do que nós agora.
O rosto de Wanda perde seu calor amável quando ela
nalmente se vira para Aiden, suas mãos se movendo para os
quadris enquanto ela o olha de cima a baixo.
— Você é o Aiden?
Ele acena rigidamente.
— Sim, senhora.
— Nada dessas coisas de senhora. Wanda é o su ciente.
— Certo. Wanda. Desculpe.
Wanda franze os lábios enquanto bate o pé.
— Você tem uma criança incrível ali — ela diz a ele.
— Obrigado — responde Aiden. — Ela fala muito bem de
você. Nós apreciamos você cuidar dela esta noite.
— Bem, já que você roubou essa aqui — ela aponta o polegar
em minha direção — eu preciso de companhia.
Aiden parece querer derreter no chão, e eu tenho que me
forçar a não rir.
— Desculpe por isso — ele oferece. — Eu, ah, não foi minha
intenção roubá-la.
Wanda olha para mim então, assobiando.
— Olhe para você — ela elogia. — Esse vestido faz sua bunda
parecer uma melancia.
Eu inclino minha cabeça, batendo meus cílios para ela
enquanto me viro de lado.
— Não é? Aiden escolheu.
— Oh? — Ela olha para Aiden, parecendo divertida. — Ele
escolheu?
Eu aliso minhas mãos sobre o material preto sedoso que me
abraça como uma luva, acariciando a redondeza dos meus quadris
enquanto aceno.
— Ele escolheu bem.
— Tenho certeza que ele não estava pensando na sua bunda
quando o comprou — ela brinca.
Eu me viro novamente para espiar a bunda em questão.
— Tenho certeza de que isso não aconteceu por acaso.
Quando dou uma espiada na direção de Aiden, noto que as
pontas de suas orelhas estão vermelhas e decido interromper a
provocação. Ele pode nunca mais me levar para sair se achar que é
isso o espera. Eu tento dizer a Wanda com meus olhos para parar
com isso, mas não funciona nem um pouco.
— Então, Aiden. — Ela se inclina para abaixar a voz. — Você
não está assistindo mais aquelas chamadas de peitinho, está?
— Wanda — eu repreendo. — Oh meu Deus.
Aiden parece estar prestes a entrar em curto-circuito, e posso
sentir meu pescoço esquentando de vergonha. Ele absolutamente
nunca mais vai me convidar para sair. Wanda nalmente sorri
quando eu começo a implorar silenciosamente pela morte,
soltando uma gargalhada enquanto ela dá um tapinha no peito de
Aiden.
— Estou brincando com você, garoto — ela gargalha. — Seja
bom para a minha garota, certo?
Aiden acena mecanicamente.
— Sim. Claro.
— Ela disse que eu tenho um quadril falso? Se você partir o
coração dela, eu…
— Ok — interrompo. — É melhor irmos. Você tem nossos
números, então, se precisar de alguma coisa…
Wanda ainda está rindo, e eu lanço a ela um olhar que diz que
vou conversar com ela mais tarde.
— Vocês, crianças, vão se divertir — ela diz, nos enxotando. —
Eu tenho a monstrinha sob controle.
— Sério — insiste Aiden. — Ligue para nós se precisar de
alguma coisa.
— Não se preocupe — Wanda diz com um sorriso. — Eu
cuido disso, pai.
Ela acena para nós enquanto fecha a porta, gritando algo sobre
embaralhar as cartas antes que a porta se feche atrás dela. Aiden
não se move imediatamente para sair, ainda parecendo atordoado
quando seus olhos encontram os meus.
— Não sei dizer se ela me odeia ou não.
— Ah — eu rio. — Ela ama você.
Ele balança a cabeça.
— Bem, tudo bem então.
— Vamos — digo a ele, alcançando a seda vermelha de sua
gravata e deixando-a deslizar por entre meus dedos. — Vamos fazer
valer o dinheiro que você gastou neste vestido.
■□■
O local de trabalho de Aiden parece diferente quando não está
cheio de clientes tagarelando e mesas lotadas. O proprietário
fechou a maior parte do restaurante, exceto a área de jantar
principal, onde montou grupos de mesas para os funcionários.
Percebo a recepcionista que está sempre me olhando feio (Aiden
me informou que o nome dela é Laura e que é apenas o rosto dela)
em uma mesa próxima com um dos bartenders, e ela me dá um
aceno de cabeça quando nossos olhos se encontram. Talvez até um
sorriso. Eu não posso dizer.
Talvez seja realmente apenas o rosto dela.
A iluminação é um brilho suave de sempre que parece
romântico, e quando Aiden me guia pelo espaço e me ajuda a
sentar em uma das cadeiras elegantes da qual não me sento desde
nossa primeira reunião estranha – percebo que isso é um encontro.
Isso faz meu coração bater mais rápido enquanto me acomodo em
minha cadeira, Aiden ocupando a cadeira à minha frente e me
dando um sorriso caloroso quando me pega olhando.
— O quê?
— É engraçado — eu digo a ele.
— O que é?
— A última vez que estivemos aqui assim, eu quase cuspi em
você.
— Foi muito fofo — ele me diz.
— Sério?
— Quão assustador me faz parecer se eu disser que me fez
pensar em sua boca pelo resto da noite?
— Incrivelmente assustador — eu digo inexpressiva. —
Poderia ir direto para a cadeia.
Seu sorriso se alarga.
— Vou garantir de não contar nenhum dos outros
pensamentos assustadores que tive sobre você desde que você se
mudou.
— Oh, de jeito nenhum — eu protesto. — Eu quero saber
tudo. Eu já sei que você é um pervertido, de qualquer maneira.
— Mas quão assustador parece se eu disser que só quero ser
um pervertido com você?
Eu solto um suspiro, pegando a bolsa pequena que trouxe
como se fosse pegar meu telefone.
— Uau. Sim. Irei chamar a polícia. — Aiden ri, e eu deixo a
atuação de lado enquanto sorrio de volta para ele. — Está tudo
bem. Passei a maior parte da primeira noite pensando em suas
mãos, então estamos quites.
— Minhas mãos? — Ele olha para os dedos com uma
sobrancelha franzida. — O que tem elas?
— Elas são muito grandes.
— E?
— Você sabe o que dizem sobre caras com mãos grandes.
Ele levanta uma sobrancelha.
— Uau. Agora quem é o pervertido?
— Acho que fomos feitos um para o outro — eu digo com um
estalar da minha língua.
Sua expressão suaviza.
— Sim.
Percebo que alguém se aproxima da nossa mesa, um homem de
meia-idade que não deve ter mais de cinquenta anos, a julgar por
seus cabelos grisalhos ralos. Ele acena quando chama a atenção de
Aiden enquanto se aproxima. Ele está vestido com um terno preto
e gravata combinando, parecendo mais elegante do que as outras
pessoas, e eu tenho que assumir que este é o chefe de Aiden.
— Aiden! Que bom que você veio. Eu tinha certeza de que
você me falaria a velha frase: “festas não são minha praia” de novo
este ano.
— Ah, bem. — Percebo que Aiden está corando. — Achei que
seria bom sair uma vez.
O homem vira seu sorriso para mim então, seus dentes apenas
visíveis sob seu bigode espesso e grisalho.
— E sua adorável acompanhante não teria nada a ver com isso,
tenho certeza. — Ele estende a mão. — Joseph Cohen, querida. Eu
sou o dono deste velho lugar.
— É lindo — eu digo a ele. — Eu sou Cassie.
— Cassie — ele ecoa. — Como um cara tão feio conseguiu
uma mulher como você?
Eu posso dizer que ele está brincando, percebendo a maneira
como Aiden revira os olhos por trás de Joseph, e eu dou de ombros
enquanto levanto minhas mãos em falsa descrença.
— Ele me venceu pelo cansaço. Estou falando do nível de
cortejo com recitação de poemas do lado de fora da minha janela.
— Não tenho dúvidas — ri Joseph. Ele aponta um dedo para
Aiden. — Eu gosto deste aqui. — Então para nós dois: — Vocês
dois se divirtam esta noite, ok? Tomem um pouco de vinho.
Dancem um pouco. É meu aniversário, então eu insisto.
— Eu odiaria ofendê-lo por não aceitar vinho de graça — eu
digo seriamente.
Joseph solta outra gargalhada.
— Exatamente. — Ele dá um tapinha na beirada da nossa
mesa. — Eu tenho que fazer as rondas. Todo mundo adora receber
a visita do chefe na noite de folga, certo?
Espero até que ele esteja fora do alcance da voz antes de me
inclinar sobre a mesa.
— Ok. Isso é uma atuação ou seu chefe é legal?
— Não — Aiden ri. — Ele é ótimo. Ele se arriscou quando me
deu este trabalho. Eu era subchef em um restaurante com três
estrelas por alguns anos depois que saí da faculdade e não estava
tendo nenhuma sorte em nenhum dos outros lugares para os quais
estava me candidatando. Joe entrou em um dia aleatório e gostou
tanto da comida que pediu para conhecer quem a preparou. Ele
insistiu que eu fosse para uma entrevista e, bem, o resto é história.
— Ele parece ótimo — eu digo a ele. — De nitivamente é
melhor gostar do seu chefe do que trabalhar para um idiota.
A boca de Aiden se contrai.
— E você sabe disso por experiência própria?
— Ah, com certeza. Meu chefe é um verdadeiro chato. Muito
mandão.
Aiden entrelaça os dedos enquanto se inclina para mais perto.
— Eu caria feliz em dar mais ordens, se você quiser.
Calor inunda minha barriga, e eu tenho que me lembrar de
que ainda tenho que passar pelas bebidas, o jantar e dançar antes
que ele possa tirar este vestido de mim. Não que Aiden pareça ter
qualquer intenção de facilitar a espera. Eu tento parecer não
afetada, embora eu esteja pressionando minhas coxas juntas agora,
balançando a cabeça em direção ao bar.
— Acho melhor você me pagar uma bebida primeiro.
■□■
O resto da noite parece passar como um borrão; o jantar é um
prato com uma carne incrível que não consigo pronunciar o
nome, mas derrete na boca e, após o prato principal, eles trazem
um sorvete de amora que me dá vontade de viver dentro do
freezer. Se não estivéssemos em um restaurante cinco estrelas, eu
provavelmente teria lambido a tigela até limpá-la. Joseph vem e se
senta conosco por um tempo entre os pratos, contando histórias
sobre Aiden, o restaurante e todos os tipos de piadas divertidas
entre eles. Em algum momento, uma mulher começa a cantar
baixinho nos alto-falantes, alguma música francesa que não
consigo entender, e observo as pessoas começarem a sair de suas
mesas para encontrar a pista de dança no meio do lugar.
Neste momento, eu sou uma mulher de 25 anos que já foi em
encontros, jantou e dançou em mais de uma ocasião antes disso,
mas quando Aiden se levanta de sua cadeira para me oferecer sua
mão e silenciosamente me convida para dançar – eu sinto
completamente tonta. Quase como se fosse a primeira vez.
Ele me guia para a pista e me puxa para perto, suas largas
palmas pousadas em meus quadris são um peso quente e agradável
através da seda do meu vestido. Enrolo meus braços em volta do
seu pescoço e sorrio timidamente enquanto ele começa a nos
mover com a música; não há nada intrinsecamente complicado na
maneira como ele faz isso, apenas um arrastar de pés em um vaivém
lento, mas me sinto trêmula do mesmo jeito.
— No que diz respeito a primeiros encontros — digo a ele —
este se colocou em um nível bem alto.
Sinto seu polegar deslizar contra meu quadril.
— É bom saber. Faz muito tempo desde que tive um primeiro
encontro.
— Eu também — admito. E então um pouco mais baixo: —
Mais de um ano.
Seu sorriso é fraco e quase não aparece, mas eu posso percebê-
lo.
— Eu também.
— Às vezes nada disso parece real — admito. — Fico
esperando acordar no sofá da Wanda.
— Como você acha que eu me sinto? Tenho que me convencer
todos os dias de que alguém como você gostaria de permanecer por
aqui.
— Hum. Calma aí, Sr. Reid. Não vamos ngir que você não é
uma tentação de um metro e oitenta com olhos sensuais.
— Olhos sensuais?
— Oh, vamos lá. Eles são tão bonitos que é completamente
injusto.
Eu sinto sua mão deslizar minuciosamente pelo meu lado para
pressionar minha cintura e depois voltar para baixo como se
apenas para sentir minha forma. Isso faz meu estômago revirar.
— Acho que os seus são mais bonitos.
— Você, meu amigo, é louco.
Sua risada é tão baixa que quase não ouço por causa da música,
mas então ele se inclina para que eu possa sentir o calor de sua
respiração em meu ouvido, me fazendo estremecer.
— Você me deixa louco, Cassie.
Fecho meus olhos quando sinto a pressão suave de seus lábios
em minha mandíbula, meus joelhos dando uma oscilação ridícula
que eu pensei que era apenas uma coisa em lmes.
Estamos nesta festa há mais de uma hora, quase duas, na
verdade, e de repente tudo em que estou pensando é em sair deste
lugar elegante e voltar para a casa de Aiden para fazer coisas muito
menos elegantes. As coisas que estou querendo fazer podem até ser
chamadas de rudes, para algumas pessoas.
Eu tenho que car na ponta dos pés para chegar perto de seu
ouvido, baixando minha voz para um sussurro.
— Quanto tempo mais você tem que car?
Eu o sinto tenso quando minha unha provoca o colarinho de
sua camisa na sua nuca.
— O tempo que você quiser — ele murmura de volta, me
puxando para mais perto dele.
— Acho que estou pronta para ir, Sr. Reid.
Ele faz um som baixo em sua garganta que coloca meus joelhos
em perigo novamente, apertando meu quadril para garantir.
— Então vamos levar você para casa.
Casa.
Estranhamente, a palavra me faz estremecer.
Estou incrivelmente grata por não termos que esperar pela
conta.
■□■
Eu não tenho ideia de como conseguimos entrar em casa, muito
menos subir dois lances de escada até o quarto de Aiden. Não
tenho tempo para car pensando que esta é a primeira vez que
estou no quarto de Aiden, já que nunca fomos corajosos o
su ciente para nos esgueirar aqui com Sophie normalmente no
m do corredor. Em algum lugar no fundo da minha mente, estou
ciente do esquema geral de cores do quarto de Aiden; é o mesmo
preto e cinza de todas as outras facetas da casa, mas é um
pensamento muito distante. Eu não tenho exatamente tempo para
provocá-lo sobre isso agora. Não com o jeito que ele está
segurando meu rosto, a língua se esfregando contra a minha
enquanto eu me atrapalho com os botões de sua camisa.
Ele já arrancou a presilha que segurava meu cabelo, os dedos
emaranhados na massa espessa enquanto sua palma desliza pela
minha coxa para levantar meu vestido. Ele grunhe quando eu abro
sua camisa, minhas mãos correndo sobre seu peito e ombros para
puxar sua cabeça, tentando de alguma forma aprofundar o beijo.
Tudo sobre esta noite parece de alguma forma melhor do que
qualquer outra vez que estivemos juntos; alguma combinação
inebriante do encontro e contar a verdade para Sophie faz tudo
isso parecer mais real de alguma maneira.
Eu não desço da minha euforia relacionada ao beijo até que
sinto Aiden desfazendo o zíper na parte de trás do meu vestido; eu
já consegui tirar sua camisa e gravata, e desabotoar a braguilha da
calça quando recobro o juízo.
— Espera, espera.
Os olhos de Aiden estão selvagens quando ele se afasta de mim.
— Espera?
— O vestido — eu bufo. — Preciso pendurá-lo.
— Foda-se o vestido — ele rosna, tentando me beijar
novamente.
— É o vestido mais bonito que possuo agora! Vai car todo
amassado no chão.
— Eu compro outro vestido para você — argumenta.
Isso me faz rir, a carência em sua voz fazendo todo tipo de
coisas para o meu ego.
— Vá para a cama, Sr. Reid. Eu volto já.
— Oh, não. Você não vai voltar lá embaixo — ele bufa. Ele
acena com a cabeça em direção a uma porta próxima. — Pendure
no meu closet.
Dou um selinho rápido em sua boca, sua expressão frustrada
como a de uma criança tendo um ataque de raiva – a marcação em
suas calças dizendo o contrário. Vou apressadamente até o closet,
abrindo as portas e acendendo a luz em busca de um cabide.
— Jesus — murmuro.
O closet de Aiden é tão grande quanto meu banheiro lá
embaixo. Percebo cabides vazios perto próximo do fundo, além de
um mar de camisas pretas, moletons cinza e jeans escuro, entrando
mais para pegar um enquanto começo a sair do meu vestido. Estou
abrindo meu sutiã para economizar tempo para Aiden quando
vejo algo interessante, parando por um bom segundo quando uma
ideia surge na minha cabeça. Eu mordo meu lábio enquanto
penso.
Seria bobo ou sexy? Eu me pergunto.
— Se você não sair — Aiden chama impacientemente. — Eu
vou te foder no closet.
Ah, que se dane.
Eu pego a roupa que me chamou a atenção do cabide antes
que eu mude de ideia, en ando os braços nas mangas. Seu casaco
de chef é grande demais para mim, a bainha batendo no meio das
coxas e as mangas quase cobrindo minhas mãos, mas quando me
viro para o espelho na parede do fundo de seu closet, tenho que
admitir que o efeito geral… O tecido com fendas que aponta para
os meus seios e deixa a renda preta da minha calcinha (comprei
sem estampa para esta noite, muito obrigada) à mostra – não é tão
ruim assim.
Eu tento dar a minha melhor impressão de Jessica Rabbit
quando saio do closet, iluminada pela luz de dentro enquanto
deslizo um braço para cima do lado da porta para me encostar nela.
Aiden se senta na cama quando me vê; ele tirou tudo, exceto a
cueca, e seus olhos se arregalam enquanto me percorrem inteira.
— Na edição de hoje de Quem Vestiu Melhor… — eu digo
com uma risada nervosa.
Aiden não está rindo. Na verdade, ele parece absolutamente
tenso.
— Sem competição — diz ele com rmeza. E então com um
sinal de dedo: — Venha aqui.
Eu consigo atravessar o quarto sem tropeçar ou fazer qualquer
outra coisa que possa quebrar a vibe sexy que estou tentando fazer,
rastejando até a cama para encontrá-lo na cabeceira onde ele está
descansando contra (obviamente) travesseiros pretos. Ele me puxa
sobre seu colo para que meu núcleo repouse diretamente contra o
comprimento dele que se estica contra sua cueca; o calor fazendo
que o meio entre minhas pernas formigue. Os olhos de Aiden
seguem o movimento de sua mão quando ele deixa sua palma
descansar sobre minha barriga, observando enquanto ele a desliza
mais alto entre meus seios para abrir a frente de seu casaco para
que meu peito que exposto.
— Como você é tão perfeita?
Eu arqueio meu corpo para que meus mamilos rocem seu
peito, nós dois estremecemos quando viro meu rosto para
pressionar uma linha de beijos suaves em sua mandíbula.
— Como você não está me tocando ainda?
— Estou tentando decidir como quero tocar você primeiro. —
Sua mão desliza sobre meu quadril para mergulhar dentro da
minha calcinha para que ele possa apalpar minha bunda. — Com
minhas mãos? — Ele abaixa a cabeça para que sua língua possa
circular meu mamilo, arrancando um suspiro silencioso de mim.
— Minha boca? — Sua mão na minha bunda me puxa para mais
perto dele, perto o su ciente para que ele possa rolar seus quadris
para deixar seu pau esfregar entre minhas pernas. — Algo mais?
As palavras são difíceis agora, mas consigo dizer sem fôlego:
— Existe uma opção que tem as três?
— Há sempre uma opção que tem as três — ele ri secamente.
Seus dedos encontram um mamilo para provocá-lo, rolando-o
languidamente enquanto sua boca encontra a minha. Seu beijo é
calmo, até mesmo preguiçoso – um forte contraste com a urgência
carente de antes. Quase como se ele estivesse levando seu tempo.
Prolongando o momento, talvez. Estou dividida entre incentivá-lo
a se apressar e saborear a sensação.
Ele mordisca suavemente meu lábio inferior, beijando o canto
da minha boca depois.
— Eu assisti você por tanto tempo. — Outro beijo lento e
demorado. — Eu estava obcecado, Cassie.
— Parei de fazer shows particulares em um momento —
confesso. — Era só seu.
Seu pau se contorce entre as minhas pernas. Ele gosta disso.
— Você era deslumbrante pra caralho. Fazendo tudo o que eu
dizia.
— Eu gostava — sussurro.
Ele se afasta para olhar para mim com olhos escuros.
— Você gostaria disso agora?
— O quê?
— Eu sempre imaginei como você se parecia, como você
realmente se parecia, quando você gozava. Fazendo o que eu dizia.
Você pode me mostrar?
Meu estômago vibra com nervosismo e excitação, e eu mordo
meu lábio enquanto penso. A ansiedade em sua expressão torna a
ideia muito mais atraente, e levo apenas um segundo para tomar
uma decisão, inclinando-me para beijá-lo profundamente.
— E que tipo de show você gostaria esta noite, A?
Sua respiração é irregular quando sopra contra a minha boca.
— Pensei nisso por alguns dias, na verdade.
— Mm. É mesmo?
Sua mão se atrapalha com a mesa de cabeceira ao lado da cama,
abrindo a gaveta e remexendo dentro até que ele tira uma longa
sacola de cetim.
— Tenho um presente para você.
— Um presente?
Ele me entrega a sacola, observando ansiosamente enquanto
afrouxo o cordão para colocar a mão dentro. Meus dedos
encontram o silicone macio e aveludado que é muito familiar, e o
calor escorre para dentro da minha barriga e mais fundo enquanto
eu puxo um vibrador rosa brilhante que parece… muito realista.
— Não precisava — murmuro.
Eu me afasto até car montada sobre suas pernas, colocando
espaço su ciente entre nós para que ele possa ver tudo. Já faz
muito tempo desde que z isso, mas com Aiden assistindo, parece
mais fácil voltar.
Eu pressiono a ponta do vibrador entre meus seios, deixando-o
descer pela minha barriga.
— Estou feliz que você voltou — eu digo docemente. — Senti
a sua falta.
O efeito que tem em Aiden é imediato. Sua respiração ca mais
laborada e suas narinas dilatam enquanto todo o seu corpo ca
tenso.
— É duro car longe de você.
— Oh? — Eu circulo a ponta do vibrador ao redor do meu
umbigo, certi cando-me de manter contato visual. — Isso é tudo
que está duro?
— Gosto da sua roupa — ele murmura.
Eu sorrio para um ombro do seu casaco, estendendo minha
mão livre para empurrá-lo ligeiramente.
— Isso? É do meu namorado.
— É?
— Ele caria bravo se soubesse que eu estou usando para você.
Percebo os punhos de Aiden cerrados ao lado do corpo
quando começo a provocar o vibrador mais perto do cós da minha
calcinha, e me pergunto por quanto tempo ele pode realmente
continuar o jogo.
— É melhor não contarmos a ele então.
— Você não me disse o que você quer, A — eu sorrio. — Você
sabe que eu farei o que você quiser.
— De verdade? — Seu peito sobe e desce bruscamente. — E se
eu quiser que você provoque essa linda boceta com esse brinquedo
aí?
— Ah, isso? — Eu o deslizo mais alto, fazendo um caminho
preguiçoso para cima e sobre meu esterno até que eu possa trazê-lo
à minha boca para lamber a ponta. — Não sei. Você acha que eu
aguento?
— É melhor que sim — ele resmunga. — Você vai precisar car
bem macia para você me tomar mais tarde.
Minha respiração falha.
— Eu vou fazer isso? Você vai me dar seu pau mais tarde, A?
— Você gostaria disso, Cici? Você gostaria que eu te abrisse
com o meu pau?
— Mm. — Eu não paro enquanto arrasto o brinquedo para
baixo desta vez, deixando-o deslizar pela minha calcinha para
arrastar a cabeça mais grossa pelas minhas dobras, molhando-a. —
Isso soa muito melhor do que esse brinquedo bobo.
— Mais tarde — ele promete, e não consigo descrever o
quanto co feliz em saber que desta vez haverá um mais tarde. —
Tire essa calcinha para eu ver como você está molhada.
É preciso manobrar para tirar minha calcinha nessa posição,
mas consigo fazê-la descer pelas pernas o su ciente para deixá-la
cair do outro lado da cama antes de voltar a sentar. Eu sei que ele
pode ver tudo agora, especialmente com a luz do closet ainda
lançando um brilho para dentro do quarto, e isso ca mais óbvio
pela maneira como seus olhos se concentram no brinquedo que eu
ainda estou provocando através da bagunça molhada entre minhas
pernas.
Eu inclino minha cabeça.
— Assim?
— Bem assim — diz ele asperamente. — Um pouco mais
devagar, talvez.
Faço movimentos lentos e exagerados, mantendo as pernas o
mais abertas possível para que ele não perca nada. O movimento
da minha mão está fazendo com que seu casaco escorregue de um
ombro, praticamente caindo de mim agora.
— Toque seus mamilos para mim — murmura Aiden. —
Provoque-os.
Fecho os olhos enquanto faço o que ele pede, sentindo-me
estranhamente poderosa pela necessidade crua em sua voz. Como
se precisasse de todo o controle que ele possui para não estender a
mão e me tocar. Como eu nunca percebi antes?
— Você pode colocá-lo dentro? Deixe-me ver como você se
fode.
Prendo a respiração enquanto empurro a cabeça do brinquedo
contra a minha entrada; ele desliza facilmente com o quão
molhada eu estou – para não mencionar o quanto é menor do que
Aiden. Eu nem sei como poderia voltar a isso depois dele. Eu
começo a empurrar para dentro e para fora de mim lentamente,
sons escorregadios e úmidos ecoando no ar enquanto continuo a
usar minha outra mão para beliscar meu mamilo.
— Aposto que seu pau seria muito melhor do que este
brinquedo — eu re ito timidamente. — Eu me pergunto se eu
poderia aguentar você?
— Você pode aguentar tudo — ele diz asperamente. — Eu
manteria você no meu pau por dias se pudesse, Cici.
— Isso parece bom — eu respondo alegremente. Eu empurro
o brinquedo mais fundo. — Mas agora… posso ngir que este
brinquedo é você, se quiser.
— Então você vai precisar se foder mais forte do que isso, Cici.
Porque é isso que eu estaria fazendo. Eu estaria fodendo você até
que você estivesse gritando.
Está cando cada vez mais difícil acompanhar o jogo,
especialmente porque eu sei como será muito melhor quando ele
realmente me tocar.
— Posso ligar a vibração, A? Eu preciso de um pouco mais —
eu faço beicinho.
— Eu não sei — diz ele com cuidado. — Você acha que foi boa
o su ciente para isso?
— Eu tenho sido tão boa — eu respiro. — Por favor, A?
— Ligue — ele diz rouco. — Deixe essa linda boceta pronta
para mim.
Eu ligo a vibração, aumentando algumas con gurações até que
haja uma vibração constante e sussurrante dentro de mim que me
faz ofegar.
— Ah.
— É bom, Cici?
Concordo com a cabeça, meus olhos se fechando enquanto me
concentro na maneira como o brinquedo entra e sai de mim.
— Mm-hmm.
— Você acha que se sente melhor do que se eu zesse?
Eu balanço minha cabeça.
— Com você seria muito melhor.
— Porque você preferiria, não é? Estar cheia de mim.
— Sim — suspiro.
— Me diga o quanto você quer meu pau, Cici.
— Eu q… Ah. — Eu acerto aquele lugar dentro que me faz
estremecer, e meu pulso começa a doer um pouco enquanto tento
manter meu ritmo. — Eu queria que fosse você. Eu queria estar
cheia de você em vez deste brinquedo. Eu preciso disso, A.
— Sim? Você pode me implorar por isso? Implore pelo meu
pau, Cassie.
Meus olhos se abrem, percebendo como Aiden está totalmente
destruído. Seu peito está vermelho e há pequenas veias salientes em
seus braços pela maneira como ele cerra os punhos com tanta
força. Sua boca está frouxa e seus olhos estão pesados, e decido
perdoar seu deslize, tentando me concentrar novamente na
atuação.
— Por favor, A — eu sussurro, empurrando o brinquedo para
dentro com um pouco mais de força. — Por favor, me dê seu pau.
— Eu não acredito em você. Tem certeza que quer?
Minha boca se abre quando eu bato naquele lugar novamente,
tremendo toda enquanto um orgasmo começa a crescer.
— Penso nisso o tempo todo. Quão bem você me encheria. —
Minha cabeça pende para trás enquanto minhas coxas tremem, tão
perto que quase posso sentir o gosto. — Eu aposto que você… —
Prendo a respiração, minhas mãos tremem. — Aposto que você
poderia…
Eu co tensa quando me atinge, não me consumindo tanto
quanto o que Aiden pode me dar, mas o su ciente para deixar um
no brilho de suor em meu corpo, me deixando ofegante. Quando
nalmente consigo abrir meus olhos novamente, posso ver que
Aiden está olhando para mim como se eu fosse algum tipo de coisa
mítica, sua expressão cheia de admiração e apreciação e um pouco
de outra coisa que faz meu peito doer.
— Porra, Cassie. Como você é tão…
— Cassie? — Eu sorrio para ele enquanto estou lutando para
recuperar o fôlego. — Quem é essa? Você sabe que meu nome é
Cici.
— Cici — diz ele com rmeza.
— Você queria poder me tocar, A? — Eu deslizo o brinquedo
para fora, desligando a vibração, mas trazendo a cabeça para a
minha barriga para espalhar alguns dos meus uidos ali. — Eu
queria que você pudesse me tocar.
Sua mandíbula ca tensa.
— Não sei se posso fazer isso.
— Oh? Qual é o problema? Achei que você gostava de me
assistir?
Ele me surpreende ao se afastar dos travesseiros, rastejando para
me encontrar até que possa me forçar a car de costas. Ele apoia as
mãos em cada lado da minha cabeça enquanto estou esparramada
embaixo dele.
— Aiden?
— Eu mudei de ideia — ele me diz sério, seus olhos nos meus.
— Eu quero a Cassie. — Ele puxa a manga do meu braço para
deslizá-la mais para baixo. — Apenas a Cassie. — Meu coração
começa a bater em uma cadência pesada no meu peito enquanto
ele me pede para tirar seu casaco, jogando-o de lado. — E eu não
quero mais assistir.
Mal consigo respirar quando ele se abaixa contra mim, dando-
me um beijo que faz meus dedos se curvarem. Sua língua desliza
dentro da minha boca para lamber a minha, e eu fecho meus olhos
enquanto minha pele formiga e meu estômago revira. Eu sinto sua
mão se mover para o meu quadril para apertar lá, vagando depois –
subindo minhas costelas e sob meus seios e voltando para baixo
novamente sobre minha barriga até que ele possa mergulhar entre
minhas pernas.
— Você está tão molhada — ele se maravilha.
Eu deixo meus dedos pastarem contra seus quadris, puxando-o
para mais perto.
— Por causa de você.
— Porra.
Aquela urgência está de volta quando ele me beija, mas o resto
de seu corpo ca lento. Ele segura meu quadril para me manter
presa sob ele, balançando contra mim para que eu possa sentir o
calor de seu pau contra o meu centro. O tecido no de sua cueca
boxer parece demais, e começo a puxá-la com impaciência,
precisando sentir tudo dele. Ele consegue tirar a cueca com menos
di culdade do que eu, e em questão de segundos ele está
completamente nu contra mim.
Eu suspiro em sua boca quando posso senti-lo contra o meu
núcleo, continuando a se esfregar lentamente, fazendo a cabeça de
seu pau bater contra a parte mais sensível de mim a cada golpe.
— Aiden — eu sussurro entre beijos. — Aiden, você pode…
E como se ele pudesse ler minha mente, eu sinto a pancada dele
contra a minha entrada, batendo contra mim antes de empurrar
lentamente para dentro. Ele nunca para de me beijar enquanto me
dá centímetro após centímetro, me preenchendo de uma forma
preguiçosa e torturante, de forma que parece uma eternidade até
que eu esteja cheia. É muito diferente do brinquedo, muito
melhor, e novamente me pergunto como poderia estar totalmente
satisfeita com outra coisa senão isso, agora que o tenho. Espero
nunca ter que descobrir.
Seu corpo contra o meu é um peso quente e satisfatório, e seus
lábios, que começaram a vagar novamente, provocam pequenas
faíscas contra minha pele onde quer que se toquem. Ele não se
move dentro de mim enquanto sua boca pressiona contra minha
q p
bochecha, meu queixo, até meu pescoço – e depois de um
momento desse tormento, começo a me contorcer de impaciência.
— Fique parada — diz ele, não uma exigência, mas um apelo.
— Deixe eu sentir você.
Eu co imóvel quando ele solta uma respiração irregular contra
a minha garganta, beijando-a suavemente depois enquanto sua
mão desliza pela minha coxa. Sua mão se curva ao redor da parte de
trás do meu joelho para incitá-lo para cima, empurrando-o para
me abrir mais enquanto ele levanta a cabeça para olhar para mim.
Sua garganta balança quando ele engole enquanto ele olha para
mim através de olhos entreabertos, segurando meu joelho contra
meu peito e sorrindo sonhadoramente antes de me beijar
novamente.
E então ele começa a se mover.
Ele puxa seus quadris para trás para empurrar de volta para
dentro naquele mesmo ritmo lento, seus lábios e língua me
mantendo muito distraída até mesmo para reclamar sobre o ritmo
lento. Não que eu queira. Cada deslizar para dentro traz uma
fricção deliciosa, cada centímetro dele tocando cada parte de mim.
Ainda estou sensível pelo orgasmo que acabei de me dar, e isso
signi ca que cada sensação é intensa, cada toque parece muito
mais.
Sinto seu braço serpentear sob minhas costas, puxando-me
contra ele e prendendo meu joelho contra seu peito. Ele se apoia
no cotovelo ao meu outro lado, sua boca nunca deixando a minha.
Estamos tão perto que posso sentir a base de seu pau esfregando
contra mim a cada estocada, uma pressão formigante crescendo
entre minhas pernas enquanto ele rola seus quadris contra os meus
de novo e de novo.
Minha coxa começa a queimar com a maneira como ele a
empurra em direção ao meu estômago, mas o ângulo signi ca que
ele bate incrivelmente fundo a cada estocada, o prazer se sobrepõe
a qualquer desconforto. Seus beijos são entrecortados, como se ele
estivesse tendo problemas para manter o foco, sua cabeça
nalmente enterrada na minha garganta, gemendo. Eu seguro seus
ombros enquanto ele aumenta o ritmo, sua respiração quente
contra meu pescoço.
— Aiden — eu suspiro, sentindo aquele calor formigando
dentro de mim a ponto de explodir. — Oh. Oh. Eu…
— Você vai gozar?
Eu tento acenar com a cabeça.
— Não pare.
— Nunca. — Suas estocadas são erráticas agora. — Porra. Eu
nunca quero parar.
— Apenas… apenas continue… bem aí. Eu…
É como uma chuva de fogos de artifício explodindo atrás dos
meus olhos e por toda a minha pele, luzes e cores piscando na
minha visão enquanto todo o meu corpo ca tenso com o meu
orgasmo. Aiden ainda está se movendo, seus grunhidos cando
mais altos e ásperos contra minha orelha, e eu deslizo meus dedos
sobre seus ombros, deixando beijos atordoados onde quer que eu
alcance.
Ele também ca rígido quando cai da borda, seu grande corpo
tremendo contra o meu e seu pau se contraindo profundamente,
bem no fundo antes de ele car frouxo contra mim. Ele é pesado e
grande demais para isso, mas gosto do peso dele. Eu continuo
pressionando beijos contra sua mandíbula enquanto ele tenta
recuperar o fôlego, tremendo com cada passagem dos meus dedos
contra sua pele.
Ele me mantém perto até que sua respiração que menos
super cial, inspirando profundamente apenas para expirar antes
de sair de mim com um estremecimento. Ele não vai longe,
rolando ligeiramente para o lado para que possa me manter perto
dele sem me esmagar com seu peso, e observando enquanto eu
levanto minhas mãos para deixá-las descansar sob minha cabeça.
Ele parece exausto assim; sua cabeça repousa sobre um bíceps e o
outro está preguiçosamente sobre meu quadril, mas seus olhos são
expressivos e brilhantes enquanto estudam meu rosto.
Eu trago as pontas dos meus dedos para sua boca, traçando sua
forma levemente.
— Você sabia que as partes mais sensíveis do seu corpo são as
pontas dos dedos e os lábios?
— Sim? — Ele beija meus dedos. — Parece bastante sugestivo
para uma tampa de Snapple.
Sua mão sobe pelo meu lado até que ele possa envolver seus
dedos em volta da minha mão, virando-a para pressionar um beijo
contra a palma. Há um fantasma de um sorriso em sua boca
quando ele olha para mim, como se estivesse guardando um
segredo que não pode compartilhar, e parece contagioso com a
maneira como me faz sorrir timidamente de volta para ele.
— Você já se perguntou o que teria acontecido se tivéssemos
nos encontrado naquela época?
Sua boca ainda está roçando minha palma.
— Se tivéssemos nos encontrado?
— Mm-hmm. Tipo, o que você acha que teria acontecido?
Sua risada nada mais é do que uma rápida lufada de ar através
de seu narinas, e ele vira minha mão novamente para roçar seus
lábios contra meus dedos.
— Acho que estaríamos bem aqui.
Borboletas fervilham em meu estômago e sobem em meu
peito, e por um momento parece que eu poderia utuar para longe
se a mão de Aiden não estivesse me amarrando em sua cama. É um
sentimento totalmente novo, mas não um que eu não goste.
— Isso ainda parece um sonho — eu sussurro. — Fico
pensando que vou acordar.
Aiden sorri, e eu nem tenho tempo para car pensativa antes
que ele role, colocando-se em cima de mim novamente.
— Tudo bem — diz ele, os olhos passando rapidamente para a
minha boca por um momento antes de se abaixar para me beijar. É
lento e doce, e tudo o que ele é, e posso sentir meus cílios
tremulando atordoados quando ele se afasta. — Eu não pretendo
deixar você dormir esta noite, de qualquer maneira.
— Pervertido — eu provoco.
Eu posso senti-lo cando duro contra minha coxa quando ele
me beija novamente.
— Não se preocupe — ele murmura contra a minha boca. —
Você vai acordar bem aqui na minha cama.
O peso desse sentimento parece mais pesado do que seu corpo,
e eu o deixo me envolver como um cobertor enquanto me derreto
nele, permitindo-o me deixar tonta com seu beijo, seu toque e
tudo mais.
Bate papo com @alacarte

Talvez eu possa segurar uma rosa. Como


eles fazem em The Bachelor. Então você
saberia que sou eu.
Você assiste The Bachelor?

Não posso confirmar nem negar esta


declaração.
Capítulo 23
Cassie
Eu sonho com meus pais naquela noite, o que vem completamente
do nada, considerando que não falo com eles desde que saí de casa
aos dezoito anos. Sonho com o dia em que parti, com a expressão
desapontada de meu pai e o discurso revoltado de minha mãe –
uma briga da qual mal consigo me lembrar mais. O rosto da minha
mãe é um borrão distinto que combina com o do meu pai, e
mesmo que eu aperte os olhos, não consigo distingui-los. Esqueci
como eles são?
Há uma dor que vem com o sonho, uma que não me permito
sentir há muito tempo – uma ansiedade esmagadora por estar
sozinha. Uma preocupação sufocante que vem de ser uma
decepção para as duas pessoas cujo amor deveria ter sido fácil.
Sinto meus pés afundando na grama do lado de fora da minha
casa quando a voz da minha mãe começa a desaparecer, e o pânico
agarra meu peito enquanto luto para conseguir sair. Eu jogo meus
braços enquanto abro minha boca para gritar, mas nenhuma
palavra sai, e eu percebo que o chão vai literalmente me engolir
sem que eu possa fazer nada a respeito.
Mas então ouço meu nome, como um suspiro suave ao vento,
e mãos fortes agarram as minhas para me puxar de volta. Há um
ash de marrom e verde quente olhando para mim, um sorriso
ofuscante que vem com eles. Ele sussurra meu nome de novo e de
novo, e o pânico em meu peito diminui para um calor crescente
que me deixa formigando por toda parte.
Cassie.
Cassie.
Cassie.
— Cassie.
Acordo com lençóis macios sob mim e lábios mais macios em
meu ombro, grunhindo enquanto estico meus braços para en á-
los sob os travesseiros quando volto a mim. A mão de Aiden está
esfregando suavemente contra minha espinha enquanto seus
lábios continuam a deixar quase beijos nas minhas costas.
Que sonho estranho, eu penso.
Não que eu tenha tempo para pensar nisso, cantarolando
como um gato doméstico contente quando sinto sua boca na
minha cicatriz, traçando uma parte.
— Bom dia — ele murmura contra a minha pele.
Eu bocejo, virando meu rosto para que eu possa espiá-lo por
cima do meu ombro.
— Que horas são?
— Cedo, eu acho — ele responde. — Meu telefone ainda está
na minha calça.
— O meu está lá embaixo. — Mover soa como a última coisa
que quero fazer agora. — Como você está tão animado tão cedo?
Ele sorri antes de se inclinar para beijar meu ombro
novamente.
— Tive uma ótima noite.
— Mas você não está exausto?
— Estou acostumado a trabalhar com pouco descanso — diz
ele. — Você só está me dando um incentivo melhor.
É preciso um esforço incrível para rolar para o lado, meus olhos
ainda pesados de sono enquanto apoio minha bochecha contra
meu punho. Eu sei que assim meus seios estão quase totalmente à
mostra, e não vou ngir que não é intensamente satisfatório ver
Aiden olhando para eles com avidez.
— Nem pense nisso — eu o aviso. — Estou fora de serviço.
Minha pobre vagina está em greve. Na verdade, acho que tenho
uma paralisia temporária lá embaixo.
— Eu duvido muito disso — ele ri. — Não me lembro de ter
ouvido nenhuma dessas reclamações ontem à noite.
— Não serei responsabilizada por coisas que z ou disse
durante o orgasmo.
Ele ri de novo, fechando a distância entre nós para me beijar.
— Isso é permitido?
— Contanto que você se comporte — murmuro, inclinando-
me para ele.
Aiden suspira contra a minha boca antes de sua testa descansar
contra a minha.
— Precisamos nos levantar. Tenho certeza que Wanda está
pronta para colocar Sophie na rua agora.
— Duvido — eu digo a ele. — Quando liguei para ela a
caminho de casa ontem à noite, ela disse que Sophie ainda estava
acabando com ela nas cartas. Wanda provavelmente nem vai deixá-
la sair até que ela volte com uma sequência de vitórias.
— Talvez Wanda faça panquecas para o café da manhã para que
Sophie possa adicionar mais uma integrante à lista de pessoas que
ela prefere que faça ao invés de mim.
— Uau, alguém está ressentido.
Aiden zomba.
— Eu não estou ressentido.
— Claro que não. — Eu caio de costas, esticando meus braços
sobre minha cabeça novamente. — Talvez você tenha que me
carregar lá para baixo.
— Só se eu puder fazer isso enquanto você estiver nua.
— Tudo bem. Estou me levantando. Eu preciso de um pouco
de água, de qualquer maneira.
Eu jogo minhas pernas para o lado da cama, sentindo uma
queimação nas minhas coxas e uma dor nas minhas costas, mas
tudo isso traz de volta memórias de como eu quei tão dolorida,
fazendo com que eu não me importe tanto. Aiden está se
espreguiçando na cama atrás de mim, quando eu pego a camiseta
branca jogada que ele usava por baixo da camisa ontem à noite,
puxando-a sobre minha cabeça. Ela me deixa pequena, mas acho
que serve para uma viagem até lá embaixo para tomar um pouco de
água.
Posso ouvi-lo rolando para fora da cama enquanto saio do
quarto, virando meu pescoço para frente e para trás para destravá-
lo enquanto me dirijo para as escadas. A casa está muito mais
silenciosa sem o som de Sophie circulando; geralmente posso ouvir
os sons de seu Switch ou talvez até mesmo de Encanto tocando
pela décima vez, e percebo que, por mais incrível que tenha sido
minha noite com Aiden, sinto falta da pequena pestinha.
Pego uma garrafa de água na geladeira enquanto veri co a hora
no forno. São apenas oito da manhã, que normalmente é a hora
em que Sophie acorda, então, quando nos vestirmos e estivermos
na estrada, imagino que Sophie estará quicando nas paredes da
cozinha de Wanda. Eu rio com o pensamento; já posso ouvir
Wanda ngindo estar incomodada com a energia de Sophie.
Acabei de encher meu copo e levá-lo à boca para beber quando
ouço passos surdos descendo as escadas, pesados e urgentes, quase
como se Aiden estivesse correndo. E então eu o ouço falando.
— Não, claro — ele diz em um tom tenso. — Eu estarei aí
imediatamente. E Sophie, ela…? Certo. Sim. Sim, eu sei. A tia dela?
Ela está aí? Isso é… — Aiden para no nal da escada, segurando o
telefone com força na mão e fechando os olhos enquanto a outra
mão fecha em punho ao seu lado. — Ok. Fico feliz que Sophie não
esteja sozinha. Sim. Estarei aí em quinze minutos.
Eu coloco meu copo contra a bancada quando ele desliga,
observando enquanto ele olha para o chão por um momento,
parecendo perdido. Eu me movo rapidamente para o lado dele
para tentar chamar sua atenção, levando minha palma à sua
mandíbula para forçá-lo a olhar para mim.
— Ei, o que há de errado?
Aiden pisca para mim como se só agora estivesse me vendo; sua
boca se abrindo e seus olhos procurando meu rosto como se ele
estivesse tentando encontrar o que deveria dizer.
— Cassie, é…
— Aconteceu alguma coisa? — Eu posso sentir a preocupação
rastejando em meus membros como um calafrio. — Sophie está
bem?
— Ela está bem — Aiden me assegura, estendendo as mãos
para envolver meus pulsos. — Ela está bem. É… — Seus lábios se
pressionam, sua expressão de dor. — É Wanda.
Cada parte de mim ca gelada.
— O quê?
— Wanda, ela… — Ele engole em seco e parece que prefere
dizer qualquer outra coisa do que o que está prestes a me dizer. —
Wanda teve um ataque cardíaco.
Eu não digo uma palavra enquanto corro para o meu quarto
para me trocar.
■□■
Eu descubro mais detalhes sobre o que aconteceu em nosso
caminho para o hospital; em algum momento da madrugada,
Wanda começou a sentir dores no peito e acordou Sophie. Sophie
ligou para a emergência por instrução de Wanda antes que ela
inevitavelmente desmaiasse, o que deixou uma Sophie apavorada
sozinha, tentando nos contatar.
E nossos telefones estavam esquecidos no chão em algum
lugar.
A culpa que sinto é palpável, e só posso imaginar que Aiden
sente o mesmo, se não pior. Os nós dos seus dedos permaneceram
totalmente brancos contra o volante durante todo o caminho até o
hospital, e ele não disse uma palavra durante todo o caminho até
lá. Eu sei que nos disseram que Wanda está estável e que o pior já
passou, mas ainda assim. Sinto aquela sensação de medo iminente
com a ideia de que a primeira pessoa que realmente me amou está
deitada em uma cama de hospital.
Quando nalmente chegamos, tenho que correr para
acompanhar Aiden enquanto andamos pelo corredor do andar em
que Wanda está, e quando nalmente viramos a esquina perto do
quarto de Wanda para avistar uma Sophie de aparência cansada
agarrada a sua tia Iris, sinto-me igualmente aliviada e apavorada.
Sophie não nos nota a princípio, sentada ao lado de sua tia em um
banco no corredor enquanto Iris olha para frente com uma
expressão de raiva. Eu sei que isso não vai correr bem.
Iris nos nota primeiro, virando a cabeça ao som de nossos
passos e olhando para nós dois enquanto ela aperta o braço em
volta dos ombros de Sophie.
— Legal da sua parte nalmente se juntarem a nós.
Aiden a ignora, indo direto para Sophie para se agachar na
frente dela. Ele estende a mão para segurar o rosto dela, forçando
seus olhos a encontrarem os dele.
— Você está bem?
— Sim — Sophie murmura, seu pequeno lábio tremendo. —
Wanda está doente. Tentei ajudar, mas ela… ela adormeceu e não
consegui acordá-la.
— Shh — Aiden acalma, afrouxando o aperto de Iris em sua
lha e puxando Sophie para seus braços. — Você foi incrível. Não
é sua culpa. Sinto muito por não termos atendido o telefone.
Iris parece lívida, sua expressão mais sombria do que eu já vi
enquanto ela olha entre nós dois com o que só pode ser descrito
como desprezo.
— Como você pode deixá-la com uma senhora idosa e depois
simplesmente ignorar o telefone a noite toda?
— Eu não ouvi tocar — Aiden responde com rmeza. Posso
dizer que ele está fazendo o possível para permanecer civilizado,
mas também posso sentir o quão estressado ele está agora. — Foi
um erro.
— Um erro — Iris bufa, movendo-se para car de pé enquanto
gesticula entre nós. — Eu me pergunto por que isso? Você acha
que talvez seja porque você decidiu sair — ela me dá um olhar
deliberado que é tudo menos agradável — e se divertir sozinho?
Sinto meu estômago revirar com mais culpa, odiando que eu
seja a razão pela qual ele está sendo repreendido agora. Iris está
olhando para mim como se eu fosse algo que ela está tentando
raspar do sapato, e a expressão cansada de Aiden me faz sentir
equivalente a isso. Posso ver cada pedaço de terreno que ganhei
com Iris voando como poeira ao vento, cada vitória circulando
pelo ralo. Está em seu rosto que ela me culpa por isso tanto, senão
mais, do que Aiden.
— Iris, não foi culpa dele, foi…
— Apenas, não — Iris praticamente cospe. — Sabe, você
realmente me enganou. Achei que você se importava com ela. Mas
você estava apenas tentando conseguir outra coisa. Não era?
Recuo como se ela tivesse me dado um tapa e ouço Aiden
respirar fundo. Ele sorri para Sophie, en ando a mão no bolso para
tirar sua carteira, puxando algumas notas e entregando a ela.
— Por que você não vai buscar alguma coisa na máquina de
venda automática? É bem no nal do corredor. — Ele aponta para
a grande máquina ao m do corredor em que estamos. — Tenho
certeza que você está com fome.
Sophie acena com a cabeça solenemente, pegando as notas e
olhando cautelosamente para os três adultos muito tensos que a
cercam antes de se afastar.
Iris está olhando para mim de novo como se eu fosse um lixo, e
isso deixa meu rosto quente de vergonha. Parece que me iludi
pensando que estávamos progredindo, porque com um erro tudo
está desmoronando.
A voz de Aiden é cautelosa quando ele fala novamente.
— Ei, estou agradecido que você estava aqui por Sophie, mas…
— Claro que estou aqui por Sophie — Iris sussurra. — Estou
sempre aqui por Sophie. É exatamente por isso que ela deveria car
comigo. — Ela cutuca o dedo no peito de Aiden. — Você deixou
Sophie com uma mulher idosa que você mal conhece para poder
fugir e foder sua babá. O que diabos você estava pensando?
Eu posso sentir o ar saindo dos meus pulmões como se eu
tivesse acabado de perder o fôlego. A maneira como ela diz isso soa
como uma coisa suja e barata, como se eu fosse alguém que Aiden
pegou para uma transa rápida. Isso me faz sentir suja, ouvindo isso
ser dito assim.
Aiden parece lívido, um tique em sua mandíbula, como se
estivesse usando todo o seu controle para não soltar os cachorros
em cima de Iris.
— Você não sabe o que está falan…
— Na verdade, acho que sei — Iris ri ironicamente. — Eu z
vista grossa para isso, porque pensei que ela se importava com
Sophie, mas é claro que ela se importava mais com você.
Aparentemente, Sophie é apenas um pensamento tardio para vocês
dois.
— Iris — diz Aiden com rmeza. — Não se atreva…
— Não me diga o que fazer, Aiden Reid — ela ferve,
claramente tensa ao ponto de não retorno. — Eu sentei e vi você
tentando ser pai, e z tudo o que pude para tentar ajudá-lo, para
encontrar uma solução que realmente seja do interesse de Sophie.
Mas você esteve tão envolvido em seu próprio ego que nunca
tentou considerar o que poderia ser melhor para ela. O que
claramente não é morar com você.
— Meu ego não tem nada a ver com isso — ele responde. —
Sophie é minha lha, não sua, e você não vai car aqui e me dizer
que…
— Eu não tenho que car aqui e te dizer nada — ela diz com
uma risada sem humor. — Eu posso dizer isso a um juiz, em vez
disso. Acho que alguém pode achar toda essa situação
extremamente interessante.
Aquele pânico está de volta, arranhando meu peito por dentro
como se pudesse explodir de dentro de mim a qualquer segundo.
— Espera — eu interrompo. — Iris. Eu sinto muito. Isto é
minha culpa. Eu nunca faria nada para machucar Sophie. Eu que
sugeri…
— Eu não me importo — Iris interrompe, seus olhos selvagens
e úmidos com lágrimas não derramadas. — A única coisa que me
importa é minha sobrinha me ligar completamente apavorada esta
manhã, do fundo de uma ambulância porque seu pai não atendeu
o telefone. Tudo porque ele estava en ando o pau em alguém.
— Já chega. — O rosto de Aiden está vermelho, uma dureza em
seus olhos que eu nunca vi antes. — Dá o fora daqui, Iris. Agora
mesmo.
— Você não pode me dizer o que…
— Se você não sair neste exato segundo — ele diz
sombriamente — eu irei direto para o tribunal amanhã e entrarei
com uma ordem de restrição. Você quer gastar o dinheiro
necessário para combater isso?
Ela estreita os olhos.
— E você acha que isso vai durar?
— Você quer descobrir?
Um segundo se passa entre eles enquanto eu permaneço à beira
do caminho, silenciosa e atordoada.
— Tudo bem — Iris diz nalmente. — Mas isso não acabou,
Aiden. Eu sabia desde o começo que você ia fazer merda. Eu só tive
que poupar meu tempo e esperar que isso acontecesse. — Ela para
no meio de um passo ao meu lado para me olhar diretamente, sua
expressão uma mistura de decepção, mágoa e raiva, tudo
misturado. — Espero que você tenha valido a pena.
Aiden olha para algum ponto na parede atrás dela enquanto
Iris sai pisando duro, e eu viro minha cabeça para pegá-la dizendo
adeus a Sophie no nal do corredor. Estendo a mão para Aiden,
para fazer o quê, não sei – confortá-lo, talvez – mas puxo minha
mão para trás, lutando contra uma sensação estranha.
Espero que você tenha valido a pena.
De repente, todos os bons sentimentos que tive nas últimas
vinte e quatro horas se esvaem, deixando nada além de
preocupação, culpa e vergonha em seu rastro. Eu não tinha
considerado antes deste momento o que isso poderia signi car
para Aiden a longo prazo, nós dois estarmos juntos – nem mesmo
pensado no que as pessoas poderiam dizer sobre ele, por falta de
uma expressão melhor, foder sua babá.
Aiden nalmente olha para mim, uma multidão de emoções
diferentes aparecendo em suas feições. Medo, raiva,
arrependimento – está tudo lá. Mas o que é pior do que isso, eu
acho, é aquele lampejo de decepção em seus olhos. Não sei para
quem é, para ele ou para mim ou apenas para esta situação, mas
desperta todos os tipos de velhas emoções dos dias em que eu era
muito familiarizada com esse olhar. É praticamente o único que
meus pais me deram.
Eu fui um fardo para eles também.
— Sinto muito — eu sussurro, ainda sentindo aquela sensação
nojenta de culpa.
Aiden balança a cabeça.
— Isso não é culpa sua, Cassie.
É sim. Como não pode ser?
Eu quero chorar, mas eu me forço a segurar.
— Eu cometi um erro — ele diz categoricamente, olhando para
o chão. — E eu vou lidar com isso.
Um erro? Ele quer dizer eu? Eu não posso me obrigar a
perguntar. Engulo um nó crescente na garganta, tentando
encontrar as palavras, mas não consigo.
— Você deveria veri car Wanda — ele me diz, sua expressão de
derrota e cansada. — Vou levar Sophie para casa.
Ele está te afastando.
Parte de mim acha que ele não faria isso, mas essa parte está
sendo silenciada por uma voz muito alta e patética agora.
— Ok — eu digo baixinho. — Sim. Você tem razão.
— Vejo você em casa — diz ele, tentando sorrir, mas sem
conseguir.
Eu aceno enquanto ele dá um tapinha no meu ombro, o gesto
não tendo nada do calor que eu sinto que ele teria me dado antes
disso. Isso só me faz sentir pior. Eu o vejo ir e se juntar a Sophie,
que está em um banco mais adiante no corredor, e ela lança um
olhar para mim quando começa a sair com Aiden, me dando um
aceno fraco.
Eu devolvo com um sorriso, mas como o de Aiden, ele não
encontra meus olhos.
■□■
Ver Wanda ligada a máquinas só piora meu humor sombrio. A
enfermeira disse que os remédios que deram a ela iriam deixá-la
com sono, e ela está apagada há uma boa hora, mas estou
determinada a esperar até que ela acorde. Meu telefone está morto
desde que saímos mais cedo, um resultado de deixá-lo fora do
carregador a noite toda. Outro erro que cometi nas últimas vinte e
quatro horas.
Eu inclino minha cabeça para trás contra a parede do quarto de
Wanda, esfregando meus braços para lutar contra o frio do
hospital. Não tive nada para fazer na última hora, exceto repassar o
confronto com Iris várias vezes – revivendo suas palavras raivosas,
o rosto preocupado de Sophie e a exaustão derrotada de Aiden
repetidas vezes.
Eu cometi um erro.
Talvez ele não se referiu a mim, continuo dizendo a mim
mesma. Talvez ele estivesse se referindo a esta situação. Eu nem
tenho certeza se isso importa. Independentemente de como
acabamos aqui esta manhã, sei no fundo que agora me tornei algo
que Iris guardou em seu arsenal para usar em sua luta incansável
para tomar Sophie. Agora, eu sou a maior munição que ela tem, ao
que parece. E como diabos eu vivo com isso?
Espero que você tenha valido a pena.
Eu pressiono as palmas das minhas mãos contra meus olhos,
inspirando e expirando enquanto as lágrimas ameaçam se
p p q g ç
acumular lá. Parece que estou contra a parede, presa entre o que
quero e o que é melhor para esta pequena família com quem tanto
me importo. Serei sempre uma pedra no meio do caminho deles?
Apenas algo para ser usado contra Aiden? O que acontecerá
quando Iris o levar ao tribunal e ele decidir que não valho a pena?
Não é como se ele fosse me escolher em vez de Sophie, e eu não iria
querê-lo se ele zesse. Metade da razão pela qual eu o amo é por
causa de como ele é dedicado a Sophie.
Eu tiro minhas mãos dos meus olhos, piscando para o teto em
transe.
Eu… amo ele?
A percepção me atinge como um saco de tijolos, mas, em vez
de euforia, sinto apenas mais pavor. Se eu amo Aiden e
continuarmos como estamos, ele vai se aprofundar tanto nessa
coisa comigo que vai teimosamente aguentar muito tempo depois
de eu provar ser ruim para ele e Sophie. Ou o que é pior, ele vai me
jogar de lado. Ambas as opções fazem meu peito doer, e eu sei que
passar por qualquer uma delas me quebraria em pedaços.
Não consigo escapar da suspeita doentia de que quanto mais
tempo car, mais um fardo eu me tornarei para eles.
— Você parece uma merda.
Sento-me ereta, vendo Wanda olhando para mim de sua cama.
— Oh meu Deus, você está acordada — eu digo com alívio,
empurrando para fora da minha cadeira para ir para a ponta da
cama dela. — Como você está se sentindo?
— Eh. Eles não tiveram que me abrir, pelo menos. Tenho
certeza que eles vão car no meu pé sobre mudar minha dieta
depois disso.
— Algo que você irá fazer.
— Minha mãe está morta há anos, garota. Pare de falar como se
você fosse ela.
Apesar de tudo, isso me faz rir.
— Você me assustou pra caralho, Wanda. Preciso que você viva
pelo menos mais vinte anos.
— Senhor, espero que não — ela resmunga. — Como você
entrou aqui de qualquer maneira?
— Disse a eles que eu era sua neta.
— Boa. Muito boa.
Eu franzo a testa.
— Sério, você está bem?
Ela me dá um sorriso cansado.
— Eu disse que você ia me dar um ataque cardíaco um dia
desses. — Seu sorriso se dissipa com a minha expressão enrugada.
— Oh, pare com isso. — Ela luta para se sentar na cama, e eu
coloco a mão atrás de suas costas para ajudá-la. — Ainda não estou
morta. — Ela parece preocupada então. — Onde está Sophie?
— Aiden a levou para casa. — Apenas a menção de ambos faz
meu peito pulsar. — Quanto você se lembra?
Wanda dá de ombros.
— Eu disse a ela para ligar para a emergência quando comecei a
sentir dores no peito. Ela se saiu muito bem. Há partes da
ambulância, mas nada muito depois disso.
— Ela não conseguiu entrar em contato conosco — eu digo
culpada. — Nós dois esquecemos de nossos telefones ontem à
noite.
Wanda ri.
— Imagino que vocês estavam muito ocupados sacudindo os
lençóis.
— Não é engraçado! Nós dois nos sentimos péssimos. Sophie
teve que ligar para sua tia Iris.
— Droga. Aquela harpia que vive incomodando seu
companheiro? Isso soa como um momento divertido.
— Foi horrível, Wanda. A maneira como ela atacou Aiden… —
Eu posso sentir meus olhos lacrimejando, e eu tenho que parar um
momento para evitar isso. — Ela ameaçou levá-lo a um juiz.
— Ah, deixa ela. Ela está apenas sendo amarga.
— Ela ameaçou Aiden por minha causa, Wanda. Se ele não
tivesse estado comigo na noite passada…
— Então eu poderia estar morta, pelo que sabemos — diz
Wanda de forma assertiva. — Aquela garota salvou minha maldita
vida. É assim que o destino funciona, garota.
— Eu sei disso, mas se eu não tivesse…
— Pare essa merda — diz ela, estalando a língua. — Pare de
tentar colocar isso em cima de você. Não é sua culpa que eu tenha
um coração de merda.
— Eu não sei o que fazer — eu admito baixinho, aquelas
lágrimas que eu estava querendo afastar estão se acumulando nos
cantos dos meus olhos e ameaçando derramar. — Se eu car com
eles, ela vai usar isso contra Aiden.
— O que diabos você quer dizer com “se eu car”? Você não
está pensando em ir embora, está?
— Eu… — Engulo em seco, sentindo uma gota escorrer pela
minha bochecha. — Eu não posso ser o motivo que vai estragar as
coisas para eles. Eu não… — Prendo a respiração, tentando sufocar
um soluço. — Não quero ser o fardo de ninguém. De novo, não.
Wanda está quieta, observando enquanto eu baixo a cabeça e
enxugo os olhos. Tantas emoções estão me atingindo de uma só
vez, e eu me sinto ainda pior sentada aqui reclamando sobre meus
problemas quando Wanda acabou de sobreviver a um maldito
ataque cardíaco. Ela espera que eu me acalme, espera que as
fungadas parem enquanto eu olho para os meus joelhos.
— Você acabou?
Eu dou de ombros evasivamente, limpando meu nariz.
— Eu acho que sim.
— Quantas vezes eu já disse que nem todo mundo é como seus
pais? Tenho certeza de que aqueles dois foram realmente
montados em algum tipo de fábrica de idiotas raivosos. Nunca foi
sua culpa.
— Não foi? Eles nunca me quiseram. Tudo o que z foi causar
problemas para eles. Eles não me ligaram nenhuma vez, Wanda.
Nem uma vez em sete anos. Eles caram em êxtase ao me ver
partir. Como isso pode não ser minha culpa?
— Porque eles são pessoas horríveis e egoístas. Seus pais não
deveriam ter sido pais. Principalmente de alguém tão especial
quanto você. Eles eram pessoas amargas com vidas amargas que
torciam o nariz para um belo presente em vez de apreciá-lo.
— Não sei…
— Você acha que fugir vai resolver as coisas? Isso não vai
impedir aquela mulher de perseguir aquela família. Teimosos não
desistem em um bloqueio, Cassie. Eles encontram outro maldito
caminho.
— Sinto muito — eu digo lamentavelmente. — Não acredito
que estou aqui reclamando depois da noite que você teve.
— Minha única outra opção seria alguma novela — diz ela,
acenando para mim.
— Ainda sim.
— Não dê um tiro no próprio pé, querida. Você pode ter
coisas boas, mas precisa se permitir tê-las.
O que ela está dizendo parece razoável, ou melhor, pareceria,
para uma pessoa mais razoável. Não me sinto muito razoável agora.
Eu me sinto com raiva, triste e principalmente apenas… derrotada.
Como se eu estivesse presa em um canto com apenas uma saída,
mas a saída é pavimentada com pregos de ferrovia enferrujados.
Eu enxugo meus olhos de novo para garantir quando ouço a
porta de seu quarto se abrindo, uma enfermeira animada entrando
para nos cumprimentar enquanto ela fala sobre Wanda estar
acordada. A enfermeira menciona algo sobre sinais vitais e exames
e, embora Wanda não diga, posso ouvir a dispensa em sua voz.
— Volto mais tarde — digo a Wanda. — Não seja má com as
enfermeiras.
Wanda revira os olhos.
— Ainda não mordi uma, pelo menos.
Se eu não me sentisse uma merda, eu riria do olhar que a
enfermeira deu a ela.
— Você se lembra do que eu disse — Wanda me lembra. —
Não faça nada estúpido.
Concordo com a cabeça, mas mesmo enquanto faço isso, sei
que é mentira. Saio do quarto de Wanda com um grande peso nos
ombros, implorando aos meus olhos para segurarem as lágrimas
até encontrar um lugar tranquilo do lado de fora para ter uma festa
de piedade antes de tentar chamar um táxi. Porque eu não posso
ser o que ca entre Aiden e Sophie. Não vou permitir que isso
aconteça. Não importa o quanto eu… me preocupe com eles.
Ambos.
Eles carão melhores se eu zer isso agora, antes que nos
aprofundemos demais. Antes de chegarmos a algum ponto do
qual não podemos voltar atrás. Antes que Aiden perceba que eu
nunca vali a pena em primeiro lugar. Não posso dizer se a decisão
que tomei é estúpida ou não, mas… eu sei que vai doer como o
inferno.
Nunca estive tão nervoso em toda a minha vida. Estou
esperando por esse dia há semanas, desde que decidimos nos
encontrar pessoalmente. É ridículo que eu tenha tanto medo de
um encontro na minha idade e, no entanto, verifiquei meu
cabelo três vezes, mudei de roupa pelo menos cinco.
Minhas mãos coçam para tocá-la e estou desesperado para
ouvir sua voz, ouvi-la de verdade.
E hoje finalmente posso.
Eu verifico minha aparência mais uma vez no espelho do
corredor, pulando quando meu telefone tocando no balcão da
cozinha me distrai. Eu franzo a testa quando percebo quem
está ligando – não há absolutamente nenhuma razão para a
irmã de Rebecca estar me ligando.
O pavor se instala em meu estômago. Algo pode estar errado
com Sophie?
Eu atendo a chamada, trazendo-a ao meu ouvido com a
respiração suspensa. “Iris?”
Capítulo 24
Aiden
Sophie não diz uma palavra durante todo o caminho para casa. Eu
disse a ela três vezes desde que saímos que sinto muito por não ter
atendido sua ligação; não consigo nem descrever o quanto me
sinto um fracasso como pai sabendo que ela passou horas sozinha
sem ninguém para confortá-la. Isso me deixou com um nó no
estômago desde o momento em que a vi sentada naquele corredor
parecendo mais desolada do que nunca.
Ela também permanece quieta quando chegamos em casa,
subindo dois lances de escada em direção ao seu quarto enquanto
a rma estar cansada, e eu luto comigo mesmo se devo ou não dar-
lhe espaço ou implorar para ela falar comigo. Neste ponto, não
tenho ideia se a decisão que eu tomar vai melhorar as coisas, se é
que vai melhorar, mas no m decido que ela já passou bastante
tempo sozinha hoje.
Eu a sigo até seu quarto e a ajudo a tirar os sapatos enquanto
ela se senta na beira da cama, olhando para mim com olhos
distantes. Sento-me ao lado dela depois de ajudá-la a se acomodar
sob as cobertas, notando suas olheiras.
— Sophie, sinto muito — digo a ela novamente, desejando ter
alguma maneira de consertar isso. — Eu deveria estar lá. Eu me
sinto horrível por você ter passado por aquilo sozinha.
Sophie dá de ombros.
— Tudo bem.
— Não está, Soph — enfatizo, inclinando-me para pressionar
minha mão em seu cabelo. — Eu deveria proteger você. É meu
trabalho garantir que você nunca se sinta assim, e não z um bom
trabalho. Vou fazer tudo o que puder para garantir que nunca mais
eu erre assim.
— Eu não estou com raiva de você — ela me diz baixinho.
Eu balanço minha cabeça.
— Eu caria com raiva de mim, se eu fosse você.
— Eu não estou — ela me garante. — Prometo.
— Mas você não está bem — insisto. — Fale comigo. Deixe eu
ajudar.
Ela se aninha em seu travesseiro, fechando os olhos e
apertando-os com força enquanto as lágrimas se acumulam lá.
— Wanda estava mal — diz ela lamentavelmente. — Eu não
sabia o que fazer. Achei que ela fosse morrer.
— Oh, querida. — Eu rastejo cuidadosamente sobre ela,
deitando atrás dela em sua cama e puxando-a contra meu peito
para segurá-la com força. Ela se vira para enterrar o rosto ali, e eu
descanso minha bochecha contra seu cabelo. — Você foi incrível,
Soph. Hoje foi assustador. Muito mais assustador do que qualquer
coisa que você deveria ter que passar. Mas você foi ótima. Tão
ótima. Você salvou a vida de Wanda. Você percebe?
Não consigo ver seu rosto agora, mas a sinto balançando a
cabeça contra meu peito.
— Ela está bem?
— Eles nos disseram que ela vai car bem depois de um pouco
de descanso — digo a ela. — Cassie está com ela agora.
— Você acha que Cassie está com raiva de mim?
— O quê? — Eu movo meu rosto para baixo para olhar para
ela. — Claro que não. Cassie nunca poderia car com raiva de
você. Ela te ama.
A voz de Sophie está mais suave agora.
— Eu não quero que Cassie que brava e vá embora.
— Sophie. — Sinto uma sensação de aperto no peito. — É isso
que te preocupa tanto? Isso não vai acontecer.
— Você promete?
— Vou fazer o meu melhor para garantir que isso nunca
aconteça.
— Eu também amo Cassie — ela sussurra em minha camisa.
Fecho meus olhos enquanto esfrego suas costas, fazendo
círculos calmantes ali para mantê-la tranquila e confortável. Leva
um tempo para sua respiração se estabilizar, mas posso dizer
quando ela cai no sono, seu corpo cando mole em meus braços à
medida que a tensão da manhã nalmente toma conta dela. Eu
mantenho meus braços em volta dela mesmo depois que ela
adormece, aproveitando esse momento de silêncio enquanto
penso em nossa conversa.
Não consigo imaginar o que Sophie sentiu quando estava
sozinha com Wanda – incapaz de falar comigo ou Cassie e sem ter
ideia do que fazer. O pânico que ela deve ter sentido me deixa uma
bagunça por dentro, atormentado pela culpa e vergonha absoluta
por não ter estado lá para ela. Especialmente com o quão incrível
foi a noite passada, o quão feliz eu estava até o momento em que vi
todas as chamadas perdidas. As coisas pareciam perfeitas até aquela
parte. Agora eu me sinto um merda.
Há uma culpa adicional acima de tudo por ter deixado Cassie
no hospital, mas eu não sabia mais o que fazer. Tenho certeza de
que Cassie entende o quanto Sophie precisava de mim, como eu
estava distraído com tudo o que estava acontecendo, mas isso não
diminui a culpa.
E Iris. Porra de Iris.
Ela nunca gostou de mim, nem quando Rebecca engravidou,
nem quando tentamos fazer as coisas funcionarem, nem quando
decidimos que estaríamos melhor separados, especialmente
quando minha vida cou tão agitada depois que consegui meu
emprego atual. Tudo só piorou mil vezes depois que Rebecca
faleceu e Sophie veio car comigo. Agora é como se a missão de
toda a vida de Iris fosse provar que sou um pai de merda. E aqui
estou, entregando de bandeja a faca que ela está procurando para
apunhalar minhas costas.
Que bagunça do caralho.
Continuo pensando no rosto de Cassie no hospital – seu olhar
desanimado me dizendo que ela estava se culpando por Iris ter
saído dos trilhos. Eu devia ter feito mais para assegurá-la, eu sei
disso, mas com Sophie parecendo quase catatônica, tudo que eu
conseguia pensar era em levá-la para casa, deixá-la segura e trazer
ela mesma de volta. Pretendo me desculpar completamente com
Cassie quando ela voltar. Não que eu tenha ideia de quando isso
acontecerá, já que o telefone dela está sem bateria.
Eu também amo Cassie.
É a única parte de toda essa bagunça que me dá algum nível de
felicidade. A silenciosa admissão de Sophie. O jeito que Cassie ama
minha lha, o jeito que Sophie a ama de volta – isso me faz sentir
coisas que nunca senti antes. Me faz imaginar todos os tipos de
coisas que não tenho direito de imaginar com Cassie depois de
nosso curto período juntos, mesmo com nossa estranha história
compartilhada. Ainda sim. Imagino do mesmo jeito.
Puxo Sophie com mais força, afastando o zumbido da minha
cabeça. Há tempo para descobrir tudo isso mais tarde, de
preferência em um dia em que todos nós não tenhamos passado
pelo pior. Eu fecho meus olhos, bocejando enquanto me asseguro
silenciosamente.
Nós temos muito tempo.
■□■
Eu não sei quando cochilei, mas Sophie ainda está dormindo
profundamente ao meu lado em sua cama quando acordo, então
me afasto suavemente para deixá-la continuar descansando. Eu
bocejo enquanto coço minha nuca, pegando meu telefone de sua
mesa de cabeceira, onde eu o deixei para veri car a hora. É depois
do almoço, mas ainda não há nada de Cassie. Eu me pergunto se
isso signi ca que ela ainda está no hospital.
Eu franzo a testa enquanto o coloco dentro do bolso da minha
calça jeans, não gostando do fato de que eu não ouvi nada dela. Sei
que o telefone dela estava sem bateria quando saímos, mas esperava
que ela ligasse do quarto pelo menos para dar uma atualização.
Imagino que ela esteja ocupada com Wanda, dizendo a mim
mesmo que vai ligar quando tiver um momento livre. Decido me
distrair com o almoço enquanto espero, imaginando que posso
deixar Sophie dormir até pelo menos preparar alguma coisa.
Fecho a porta do quarto silenciosamente atrás de mim quando
saio do quarto dela, caminhando com cuidado pelo corredor para
não fazer barulho. Estou no meio da escada antes de perceber algo
errado, parando a apenas três passos do patamar quando sou
surpreendido pela visão de Cassie no meu sofá, com a cabeça entre
as mãos.
— Cassie?
Ela olha para mim imediatamente, com os olhos vermelhos e o
rosto abatido, como se estivesse chorando. Vê-la tão perdida me
deixa inquieto, e desço os últimos degraus para atravessar a sala.
— Ei — eu digo suavemente, sentando ao lado dela no sofá. —
Quando você voltou? Como está Wanda?
Ela está olhando para mim de forma estranha, seus olhos se
demorando nas linhas do meu rosto, mesmo quando seus lábios
tremem. Ela funga uma vez enquanto acena com a cabeça, tudo
sobre isso rígido.
— Ela está bem — ela me diz. — Eles vão mantê-la por alguns
dias para observação.
Eu suspiro de alívio.
— Essa é uma boa notícia, certo? Você sabia que ela era muito
forte para deixar algo assim tirar o melhor dela.
— Sim — ela responde calmamente. — Ela vai viver mais do
que nós dois.
Algo sobre seu tom monótono é perturbador, e é óbvio que
algo ainda está pesando sobre ela.
— Algo mais está incomodando você? O que está errado?
— Nós… — Ela engole, limpando a garganta como se estivesse
tendo problemas. — Precisamos conversar sobre o que aconteceu
no hospital. Com Iris.
Merda.
Eu aperto meus olhos fechados enquanto solto um suspiro
frustrado.
— Porra, Cassie. Desculpe. Ela nunca deveria ter falado com
você assim. Eu deveria ter feito mais, mas tudo foi tão…
— Não é sua culpa — diz ela com urgência. Ela estende a mão
para colocá-la sobre a minha contra o meu joelho. — Nada disso é
sua culpa.
— Eu sei que não poderia ter previsto como seria esta manhã,
mas isso não signi ca que eu não me sinta mal com as coisas que
ela disse para você. Eu odeio que você tenha sido arrastada para as
minhas merdas. — Eu tento sorrir então, principalmente porque
estou desesperado para ver alguma expressão em seu rosto além do
vazio melancólico que ela está me dando agora. — Final estranho
para uma ótima noite.
Ela não sorri; na verdade, seus olhos lacrimejam como se ela
fosse chorar de novo.
— Cassie. — Eu me inclino para segurar seu rosto com a palma
da mão. — Por favor, fale comigo. Diga-me por que você está
chorando.
— Eu só… Acho que não percebi o quão difícil isso seria.
Minha testa se franze.
— Você está falando de Wanda? Ela vai car bem. Em alguns
dias ela estará de volta em casa e tudo cará bem. Você vai ver.
— Eu vou car na casa dela — ela me diz.
Isso me pega desprevenido, e não é até este exato momento que
percebo a mochila do outro lado dela, próximo do sofá.
— Ok… claro. — Eu aceno encorajadoramente, colocando
meus próprios sentimentos de lado, querendo colocar os dela em
primeiro lugar agora. — Claro. Tenho certeza que Wanda vai
precisar de ajuda quando voltar para casa. Você deve levar todo o
tempo que precisar com ela.
Uma lágrima solitária desliza sobre seus cílios para trilhar sua
bochecha, e eu percebo então, o que eu não vi até este exato
segundo. Eu não tenho notei o jeito que ela está olhando para mim
como se nunca mais fosse me ver.
Sinto algo ardendo e a ado em meu peito.
— Quanto tempo você acha que vai car fora, Cassie?
Seu lábio inferior treme, e aquele incômodo no meu peito se
torna uma dor, como se eu precisasse respirar, mas não consigo
puxar o ar.
— Cassie — eu tento, minha voz saindo errada. — Por favor,
não…
— Eu não posso fazer isso, Aiden — diz ela desoladamente. —
Eu não posso ser algo usado para te machucar. Ou Sophie, aliás.
Eu simplesmente não posso.
— Cassie, o que Iris disse… vai car tudo bem. Ela só está com
raiva agora. Ela vai se acalmar. Não vou deixar nada acontecer.
— Já aconteceu — ela engasga. — E vai piorar. Eles sempre vão
apontar para como tudo isso começou. Eles vão me usar como um
trunfo. Eu não posso ser isso. Você não vai querer que eu seja isso.
Vou acabar sendo um fardo para vocês dois.
Não consigo compreender o que ela está dizendo. Como ela
pode realmente pensar que sua partida pode ser uma coisa boa?
Apenas o pensamento dela saindo pela minha porta agora me faz
sentir como se estivesse engolindo água bem abaixo da superfície,
lutando para nadar para cima, mas suspenso muito abaixo. Parece
que estou me afogando.
— Cassie. Vamos conversar sobre isso. Foi uma manhã
estressante e você está chateada. Você não precisa tomar nenhuma
decisão agora. Se nós…
— Não vou mudar de ideia, Aiden.
Faltam poucos meses para eu completar trinta e dois anos e
nunca em minha vida adulta me senti tão impotente quanto agora.
Eu posso senti-la escorregando por entre meus dedos, e parece
injusto, irreal – eu mal a tive, e agora vou perdê-la.
— Você está realmente indo embora. Não é?
Ela balança a cabeça, e eu sinto algo quebrando por dentro.
— Eu tenho algumas das minhas coisas naquela bolsa — ela
aponta para a mochila que eu gostaria de jogar pela janela — e vou
mandar alguém buscar o resto.
Ela vai desaparecer. De novo.
— Sophie — eu digo atordoado. — Ela está dormindo. Eu
devo ir…
— Não. — Ela balança a cabeça. — Acho que seria mais fácil
para ela se eu não dissesse adeus.
Eu sinto algo quente no meu pescoço então, empurrando para
cima enquanto minha tristeza e minha frustração colidem com
raiva.
— Mais fácil para quem, Cassie? Você? Ou ela?
— Ambas — ela sussurra, novas lágrimas brotando em seus
olhos. Ela se levanta do sofá então, mal olhando para mim. — Será
mais fácil para ela, se ela me odiar.
— Você realmente acredita nisso? Ela ama você. Ela está mais
feliz do que eu a vi desde que sua mãe morreu, e é por sua causa. Se
você desaparecer, isso vai destruí-la completamente.
Não só ela, eu quero gritar. Não é só ela.
— Eu sei — ela sussurra desanimada.
— Você disse que não ia a lugar algum — eu a lembro. — Por
que você me deixou contar a ela sobre nós se você estava indo
embora?
— Sinto muito — é tudo o que ela diz, pegando sua mochila.
— Gostaria que houvesse outra maneira.
— Existe outra maneira. — Eu alcanço seus ombros, virando-a
para mim antes de segurar seu rosto em minhas mãos. — Fique.
Resolva tudo comigo. Eu acabei de encontrar você. Não jogue
tudo fora antes mesmo de termos uma chance. Por favor, Cassie.
Seus olhos mergulham para a minha boca enquanto seus lábios
tremem, e eu sinto minha contenção desmoronando. Ela não me
impede quando me inclino, e ouço sua suave ingestão de ar
segundos antes de minha boca tocar a dela. O beijo está molhado
de suas lágrimas, apenas me deixando mais desesperado, e tento
puxá-la para mais perto, tento preencher a lacuna entre nós que
parece aumentar a cada segundo.
Há um momento em que ela se inclina, quando penso que
talvez ela vá cair em meus braços e esquecer toda essa conversa, mas
é fugaz, escorregando por entre meus dedos assim como ela. Ela se
afasta, mantendo os olhos bem fechados enquanto seus dedos
envolvem meus pulsos para gentilmente arrancá-los de seu rosto.
Ela se afasta de mim, e há apenas trinta centímetros entre nós, mas
parecem quilômetros.
— Sinto muito.
Duas palavras, mas são su cientes para me despedaçar. Mas eu
não sou ignorante ao olhar em seus olhos. Eu posso ver o quanto
isso está matando ela. O quanto ela não quer ir. Como posso
deixá-la ir, quando ela está olhando para mim desse jeito? Como se
ela quisesse que eu a abraçasse?
— Você não quer ir — eu digo desesperadamente. — Você
sabe que não. Eu não vou deixar você ir embora por algum motivo
idiota. Eu preciso de você.
Ela suga uma respiração, seus olhos arregalados enquanto sua
determinação parece vacilar. Sua boca se fecha apenas para abrir
novamente, como se ela estivesse tentando formar palavras, mas
não consegue se lembrar como. Sua próxima respiração é trêmula,
seus lábios pressionados juntos e seus olhos voltados para o chão, e
por um segundo eu acho que consegui alcançá-la. Que ela não vai
embora.
— Aiden, eu… Não é apenas a coisa da Iris.
— Então o que é? Seja o que for, podemos resolver isso juntos.
Você só tem que me dar a chance de…
— Isso tudo é demais para mim — diz ela categoricamente.
Parece que alguém me tirou o fôlego. Sinto toda a minha
certeza e con ança escorrendo pelo ralo, não tendo como estar
preparado para a possibilidade de que ela possa estar partindo não
apenas por mim, mas também por ela.
— O quê?
— Eu… — Ela esfrega o braço nervosamente. É por culpa? —
Eu quei muito distraída com tudo isso. Eu tenho ido mal na
faculdade, e eu só… Eu não tenho tempo para tudo o que vem com
isso. Com nós. Eu amo Sophie, realmente a amo, mas não estou
pronta para ser mãe de ninguém. É muito mais pelo qual eu me
candidatei. Não é o momento certo na minha vida para eu tentar
ser o que você precisa.
Cada emoção que se enfureceu dentro de mim desde o
momento em que percebi sua intenção se esvai e morre. Em seu
rastro há um vazio frio que, para mim, é de alguma forma mais
assustador do que a ideia de ela ter partido momentos atrás. Parece
o m de alguma coisa. Ou talvez pareça algo que nunca existiu.
— Oh.
Não sei mais o que dizer. Como posso responder a isso? Eu me
iludi pensando que Cassie sentia tanto por mim quanto eu sentia
por ela. Que ingênuo da minha parte.
Uma risada seca e oca me escapa.
— Certo. Eu não… — Minha voz está grossa agora. — Eu não
sabia que era assim que você se sentia.
— Sinto muito — diz ela novamente.
Sinto muito.
Que frase ridícula. Sem signi cado. Como é que em milhões
de anos não conseguimos pensar em uma sequência de palavras
melhor para oferecer a alguém cujo coração está sendo pisoteado?
Sinto muito, é como oferecer um Band-Aid para uma mordida de
tubarão.
Totalmente. Inútil.
— Não sinta — eu digo a ela. Agora sou eu que não consigo
olhá-la nos olhos. Não sei se estou envergonhado ou apenas
entorpecido. — Foi erro meu. — Eu passo por ela para cair no sofá
para tirar a pressão das minhas pernas agora instáveis. — Eu não
deveria ter presumido que sentíamos o mesmo.
Eu a ouço sufocar um soluço, mas ainda não consigo olhar para
ela. Temo que se o zer, vou perder.
— Aiden, eu…
— Eu vou dizer adeus a Sophie por você — eu digo
vaziamente. — Eventualmente, ela vai entender.
Em minha linha de visão, posso ver suas pernas se movendo em
direção a sua bolsa, e posso ver suas mãos alcançando a alça. Elas
estão tremendo. Acho que ela está chorando de novo. Eu ainda
quero abraçá-la, mas saber que ela não quer que eu o faça me
mantém no sofá, minhas mãos fechadas ao meu lado e meus olhos
treinados no chão.
— Adeus, Aiden — ela me diz suavemente, quase nem mesmo
um sussurro. — Eu sinto muito.
Eu não digo adeus a ela. Acho que não sou sicamente capaz
de fazer minha boca formar a palavra. Quase como se estivesse
fechada em rebelião. Como se não dizer isso de alguma forma
zesse tudo isso desaparecer.
Mas eu posso vê-la se afastando de mim, e a percepção
esmagadora de que ela não vai voltar é uma coisa pesada e tangível
caindo sobre meus ombros. Não respiro até ouvir a porta da frente
fechar atrás dela; acho que esperava que, enquanto ela descia as
escadas, ela fosse mudar de ideia. Não tenho ideia do que vou dizer
a Sophie, assim como não tenho ideia de como vou me levantar do
sofá e descobrir como lidar com a perda de Cassie momentos
depois de encontrá-la.
Eu não choro. Acho que gostaria, mas tudo está tão
entorpecido. Em vez disso, eu coloco minha cabeça em minhas
mãos, meus ombros tremendo enquanto eu fecho meus olhos e
tento esquecer o jeito que Cassie me beijou como se ela não
quisesse ir. Mesmo que eu tenha noção de que isso vai me
assombrar. Tenho uma sensação terrível de que tudo sobre ela me
assombrará.
Parte de mim acha que eu deveria ter dito a ela que a amo.
q q
Parte de mim sabe que isso não a faria car.
Bate papo com @alacarte

Não acredito que você me deu um bolo.


Aconteceu alguma coisa?
Por favor, me diga que algo aconteceu.
Caso contrário, vou me sentir realmente
estúpida.
Olá?
Capítulo 25
Cassie
— Sabe, uma hora você vai ter que parar de se lamentar.
Eu levanto minha cabeça do veludo envelhecido do sofá de
Wanda, olhando para ela da sala de estar.
— Você não deveria ser mais compreensiva?
— Por quê? — Ela zomba de mim enquanto mexe a sopa. —
Não fui eu quem disse para você agir como uma idiota.
Eu gemo enquanto pressiono meu rosto contra o sofá, o lugar
onde tenho dormido nas últimas duas semanas. Já se passaram
mais de dois meses desde a última vez que afoguei as mágoas aqui
e, depois de tudo o que aconteceu, parece uma terrível ironia que
seja aqui que me encontro novamente. Às vezes me pego pensando
se seria melhor se eu pudesse de alguma forma voltar no tempo e
me impedir de aceitar aquele trabalho para começar.
Pelo menos então eu não estaria tão miserável.
Mentir para Aiden e fazê-lo pensar que eu não tinha tempo na
minha vida para ele e Sophie entrará para a história como a coisa
mais difícil que já z. Eu sei que, no m das contas, era necessário,
que os dois cariam melhores sem mim em suas vidas – mas isso
não faz com que a dor seja menor. Acho que nunca vou tirar sua
expressão de coração partido da minha cabeça. E eu
de nitivamente tentei.
Não posso nem me permitir imaginar como Sophie pode ter
reagido quando soube que eu tinha ido embora – pensar nisso por
muito tempo faz eu me sentir um lixo completo em vez de quase
um lixo. Não tem como uma criança de dez anos entender
bobagens complicadas como se sacri car pelo bem de todos.
Inferno, depois de semanas obcecada com a decisão, até eu acho
que é besteira. Nada para o bem de todos deveria fazer você se
sentir tão mal.
— Você não falou com ele desde então?
Balanço a cabeça contra as almofadas do sofá.
— Tenho certeza de que os dois cariam felizes em nunca mais
me ver.
— Oh, merda. Não há nada que você possa ter dito que não
possa ser consertado com uma boa brincadeira no feno.
— Há tantas coisas erradas no que você acabou de dizer.
— Tudo o que eu digo é brilhante.
Reviro os olhos.
— Eu nem tenho certeza de onde você encontraria feno em
San Diego.
— Você sabe o que eu quero dizer.
— Ele me odeia, Wanda — resmungo, enterrando meu rosto.
— E ele deveria. Eu fui uma verdadeira idiota.
— Você estava fazendo o que achava que tinha que fazer — ela
oferece. — Mesmo que fosse estúpido como o inferno.
— Nossa. Obrigada.
— Eu tentei dissuadi-la.
— Eu sei. — Fecho os olhos para não chorar pela centésima vez
desde que saí da casa de Aiden. — Mas é melhor assim.
Wanda faz um barulho que sugere que ela tem muito a dizer
sobre isso, mas felizmente não diz nada. Não que ela não tenha
dito muito desde que a trouxe do hospital para casa. Tenho
tentado focar na faculdade e no esforço inútil de procurar um
novo emprego; gostaria de dizer que tenho me tornado útil para
Wanda enquanto ela se recupera, mas demorou apenas cerca de 24
horas, depois que ela voltou para casa para decidir que não desejava
ser “mimada”. Teimosa como um inferno. Na fossa em que estou,
é mais como se ela estivesse cuidando de mim.
— Por que você não sai um pouco de casa?
Eu balanço minha cabeça.
— Não quero.
— Você está assombrando este maldito lugar como um
fantasma. Se você não sair logo, vai começar a juntar teias de
aranha.
— Estou bem, Wanda.
— Diga isso ao seu cabelo — ela bufa. — Quando foi a última
vez que você penteou?
— É muito bom ter você do meu lado — eu falo inexpressiva.
— Sinto-me muito bem cuidada.
— Você quer cuidado, saia da minha casa e vá dizer a aquele
homem grande e bonito que você o ama. Aposto que ele vai te dar
todo o cuidado que você quiser.
Eu me levanto do sofá, rolando meu corpo para o lado e me
levantando.
— Ok. Estou saindo.
— Para a casa de Aiden?
— Para o mercado.
— Teimosa do caramba — ela resmunga.
— Sim, eu também te amo.
Eu calço meus sapatos perto da porta, sem me preocupar em
pentear meu cabelo como ela sugeriu. Enquanto pego minhas
chaves, me vejo no espelhinho pendurado na porta da frente e
percebo que estou realmente uma merda. Meu cabelo ruivo está
espetado para todos os lados, minha pele normalmente bonita está
pálida – piorada pelas bolsas sob meus olhos devido à falta de
sono. Além disso, há a aparência geral de miséria que não consigo
apagar de minhas feições. Eu faço uma anotação mental para me
forçar a tomar um banho longo e quente quando voltar do
mercado enquanto uso um prendedor de cabelo para prender o
cabelo para cima.
— Traga um pouco de pão — Wanda grita atrás de mim.
— Sim, sim — eu lanço por cima do ombro enquanto fecho a
porta atrás de mim.
■□■
Eu não saí de casa a não ser para ir à faculdade no m de semana
passado, e mesmo assim, z o meu melhor para evitar conversar
com pessoas reais o máximo possível, especialmente Camila. A
viagem até o mercado é curta – apenas alguns quarteirões da casa
de Wanda – mas é a jornada não educacional mais longa que z em
semanas, então vou considerar isso uma vitória.
Na verdade, não preciso de nada do mercado. Verdade seja
dita, eu só queria mostrar a Wanda que sou capaz de fazer as coisas
sem chorar – mas jogo uma barra de chocolate (duas, na verdade)
na esteira no último segundo junto com um chá de pêssego às
pressas antes que o caixa passe o pão da Wanda. Talvez os lanches
me ajudem a lembrar como é a sensação das endor nas.
Eu pareço uma Wandinha Addams menos legal ultimamente.
Ainda está claro quando saio, não deu tempo de Wanda ter
terminado o jantar, e quando começo a voltar, penso em encontrar
um banco para me sentar por mais uns vinte minutos, para dar a
ilusão de que estou saindo e fazendo alguma coisa. Talvez isso tire
Wanda do meu pé. Embora eu duvide. Abro minha bebida
enquanto caminho, virando a tampa por hábito para ler o que está
escrito do outro lado.
Cherofobia é o medo da felicidade.
Faço uma pausa na rua, franzindo a testa com desdém para o
pequeno círculo ofensivo. Eu realmente não posso inventar essa
merda. Se Aiden estivesse aqui, provavelmente me acusaria de
mentir. Pensar nele só faz meu coração doer mais. Eu coloco a
tampa de volta agressivamente, jogando a garrafa no meu saco
plástico enquanto sigo em direção a Wanda, planejando jogar a
bebida na primeira lata de lixo disponível.
Há uma cafeteira de que gosto no caminho de volta para o
apartamento, o cheiro familiar de bolos recém-assados atacando
minhas narinas quando passo e me dando a primeira dose real de
endor na que tive desde que saí da casa de Aiden. Fico do lado de
fora da porta enquanto analiso minhas opções. Um queijo
dinamarquês soa muito melhor do que um banco aleatório, agora
que penso nisso.
Eu tenho que deixar de lado o fato de que pareço ter vivido em
uma caverna nas últimas semanas para encontrar a coragem de
entrar, dizendo a mim mesma que essas pessoas certamente já
viram coisas mais estranhas do que uma estudante de pós-
graduação que parece que pode começar a chorar a qualquer
momento. Isso provavelmente é o esperado de nós, de qualquer
maneira. Lá dentro não está muito movimentado, pelo menos, e
agradeço silenciosamente pelas pequenas bênçãos.
Eu tiro meu telefone do bolso enquanto entro na la para fazer
o pedido, olhando para as noti cações vazias com um sentimento
cada vez mais familiar de melancolia. Aiden não entrou em contato
desde que fui embora, e por que ele faria? Eu praticamente disse a
ele que não o queria. Algo que está tão longe da verdade que
poderia muito bem estar no National Enquirer. Ao lado do artigo
sobre uma cantora pop mantendo um alienígena em seu porão.
Eu nem sei quantas vezes me perguntei até este momento se
vou ou não parar de amá-lo.
A la se move e eu ando arrastando os pés, espiando ao redor
da cafeteira para ver quantas pessoas estou sujeitando à minha
aparência horrível. A maioria das mesas está vazia, exceto por
algumas ao longo da parede do fundo; há um homem mais velho
bebendo algo de uma caneca enquanto lê um jornal, um jovem
casal conversando animadamente do outro lado da mesa e, bem no
canto de trás, digitando furiosamente em um notebook e
parecendo menos do que entusiasmada com sua sorte na vida
está…
Eu não posso deixar de olhar.
Sei exatamente o tamanho desta cidade e, portanto, estou
bastante ciente das chances de ver alguém aleatório que você não
quer ver. Não posso dar uma porcentagem nem nada, já que não
me importo com estudo populacional e não trabalho para o IBGE,
mas ainda posso apostar que é um número muito pequeno.
Mas lá está Iris, en ada no canto de uma cafeteira que visitei
centenas de vezes como cliente regular.
Ela não me nota enquanto olha para a tela de seu notebook, e
me pego imaginando no que ela está focando tão intensamente.
Apesar das minhas tentativas desesperadas de me separar
mentalmente de Aiden e Sophie, ver Iris é um duro lembrete de
que não z absolutamente nenhum progresso. Vê-la irrita o buraco
que eles deixaram para trás, fazendo-o parecer tão sensível e recente
quanto no dia em que o esculpi em meu próprio peito quando os
abandonei.
Não é uma decisão consciente ir até ela; acho que nem percebo
que estou andando até ela até que estou quase em sua mesa, meus
pés se movendo sozinhos enquanto eles me levam um após o outro
para onde ela está sentada. Ela nem me nota até que eu me jogo no
assento oposto a ela na pequena cabine, deixando cair o saco com o
pão de Wanda ao meu lado à medida que os olhos de Iris se
arregalam de surpresa, como se ela estivesse tentando processar o
fato de que estou aqui.
— Oi — eu digo.
Ela ainda parece mal-humorada ao me ver.
— Cassie? O que você está fazendo aqui?
Eu não sei como responder a isso. Eu mesma não tenho
certeza.
— Eu… eu vi você sentada aqui, e eu só… — Percebo pela
primeira vez as olheiras sob seus olhos, quase nada diferentes das
minhas. Percebo o quanto ela se parece com Sophie – mesmas
maçãs do rosto, mesmo nariz – e percebo que mal sei alguma coisa
sobre essa mulher, e agora ela desenraizou toda a minha vida. Eu
percebo neste exato momento o quanto eu preciso saber por que
tinha que chegar a isso. — Você odeia Aiden? Você realmente quer
levar Sophie embora?
Ela recua, parecendo furiosa.
— Como é?
— Eu preciso saber — eu exorto. — Preciso saber que não tive
outra escolha.
— Você não está fazendo nenhum sentido — ela bufa,
fechando seu notebook. — E não devo nada a você ou a Aiden.
Então você pode dizer a ele…
— Eu não posso dizer nada a ele — eu a informo suavemente,
sentindo aquele ardor familiar em meus olhos. Eu silenciosamente
imploro para que eles quem secos. — Eu fui embora. No dia em
que vimos você no hospital.
Iris bufa.
— O quê, deixou de ser divertido quando você percebeu o
quão inapropriado era?
— Não. — Eu balanço minha cabeça. — Fui embora porque
Aiden é um bom pai.
— Porque claramente esse é um motivo real.
— É — eu digo com naturalidade. — Ele é um ótimo pai e ama
sua lha, e eu não seria a razão pela qual alguém a tiraria dele.
— Sua saída não muda o fato de que ele a deixou com uma
estranha idosa e depois sumiu quando ela precisou dele porque ele
estava com você.
— E eu não posso mudar isso — digo a ela. — Eu sei. Isso foi
um erro. Eu não posso voltar atrás. Mas posso garantir de não
causar mais dor a eles. Mesmo que isso signi que machucá-los para
conseguir isso.
Iris olha para mim por um longo tempo, sua sobrancelha loira
e boca franzida enquanto ela me estuda.
— Por que exatamente você está me dizendo isso?
— Porque você precisa ouvir — insisto. — Eu sei que a agenda
de Aiden é uma loucura, mas ele tem trabalhado muito para
encontrar um equilíbrio para Sophie. Ele adora aquela garotinha.
Tudo o que ele quer é o melhor para ela. Não entendo por que
você se esforça tanto para levá-la embora quando ela quer car com
ele.
— Ela não sabe o que quer — Iris diz um pouco mais baixo,
desviando os olhos.
— Eu acho que ela sabe — eu argumento. — Eu vi isso todos
os dias durante semanas. O quanto ela queria estar com seu pai.
Você tem que saber que iria machucá-la se você os separassem,
então por que diabos você está tentando tanto?
— Porque eu preciso — ela bufa, passando os dedos pelos
cabelos. — Você não entende.
— Então me explique.
— E por que eu deveria?
— Porque estou me oferecendo para ouvir, e estou começando
a pensar que não há mais ninguém na sua vida que a tenha
escutado.
— Você não sabe nada sobre a minha vida — ela zomba. —
Você não pode saber o que é perder sua única família.
Eu sorrio para ela, mas é vazio.
— Você pode se surpreender.
— Oh? Você sabe como é acordar um dia e sua irmã ter
simplesmente….. partido? Sua outra metade, a pessoa mais
importante da sua vida — ela estala os dedos — se foi. Desse jeito.
— Iris olha para o teto, os olhos brilhando. — Ela era tudo que eu
tinha. Nossos pais estão mortos. Você sabia? Desde que éramos
adolescentes. Basicamente, eu a criei e nem consegui me despedir.
Você não pode saber como é isso.
— Você está certa — eu digo a ela com sinceridade.
Infelizmente, fui submetida a meus pais por muito tempo antes de
poder fugir. — Não sei como é isso.
— E então minha sobrinha, a única parte de Rebecca que me
resta, de repente ela também foi arrancada de mim. Dias depois de
enterrarmos Rebecca. — Iris passa os dedos pelos cabelos,
parecendo perdida. — Minha irmã se foi de repente, e então um
cara que só a via uma ou duas vezes por mês vem e a leva? Só
porque ele compartilha o DNA dela? Como isso é justo? Eu assisti
Sophie vir a este mundo. Segurei a mão de Rebecca enquanto ela
empurrava. Cortei o cordão de Sophie. Eu. Não Aiden. Eu. E
agora ela…
Seus olhos estão vermelhos, uma umidade que ameaça
derramar, e pela primeira vez desde que conheci Iris, não vejo a
mulher cautelosa que ela tem sido toda vez que nos encontramos.
Vejo uma irmã assustada e em luto, uma tia solitária – alguém que
não sabe para onde está indo ou o que fazer a seguir. Pela primeira
vez desde que a conheci, ela parece… triste. Nada diferente do que
sou agora, na verdade.
— Eu não posso perder Sophie também — Iris sussurra, um
soluço baixo em sua garganta. Ela enxuga os olhos. — Tenho
certeza que você está gostando disso.
Eu balanço minha cabeça.
— Eu não estou. Só estou pensando que todos nós
poderíamos ter evitado muitos desgostos se você e Aiden
pudessem ter uma conversa real.
— Você não acha que eu tentei?
— Mas você tentou? — Eu dou a ela um olhar aguçado. —
Escute, eu conheço Aiden. Ele é um bom homem. Ele
de nitivamente não é irracional. Ele não manteria Sophie longe de
você por rancor. Veja como foram esses últimos meses. Não temos
encontrado maneiras de vocês dois estarem na vida dela?
Sua boca se fecha, um olhar culpado em seus olhos enquanto
ela olha para a mesa.
— Isso não foi Aiden. Foi você.
— Fico feliz em saber que pelo menos uma parte de você ainda
acredita que eu me importo com Sophie.
— Ouça, tenho certeza que sim, mas você tem que entender…
— Você tem que entender que Aiden vai cometer erros. Com
ou sem mim em sua vida. Não acho que a avaliação de um pai seja
medida pelos erros que cometem. Eu acho que é o quão duro eles
trabalham para consertá-los.
Iris me encara com uma expressão perplexa, virando a cabeça
levemente como se estivesse tentando me entender.
— Não entendo por que você quer tanto ajudar. Você disse
que foi embora.
— Sim. — Eu rio amargamente. — E foi a coisa mais difícil
que já z. Agora me pergunto se foi mesmo a coisa certa.
— Então, por que você está tentando me ajudar?
— Eu não estou — eu corrijo. — Estou tentando ajudar eles.
Quero que Aiden e Sophie tenham toda a felicidade que merecem.
Se isso signi ca explicar para você como ter uma conversa real
como um ser humano normal… bem. Vale a pena a conversa
estranha.
Iris pisca. Então a ruga em sua testa suaviza, seus olhos
seguindo o exemplo enquanto ela olha para mim como se me visse
pela primeira vez.
— Você ama ele. Não é?
— Eu… — Engulo em seco, só de pensar nisso provoca uma
nova onda de dor que eu suspeito que não diminuirá por muito
tempo. — Sim. — Concordo com a cabeça lentamente, olhando
para o meu colo. — Eu amo. Os dois.
Iris não diz nada e, na verdade, acho que não resta mais nada
para nenhuma de nós dizer. Eu aceno desajeitadamente para a
mesa antes de colocar meus dedos no topo para tamborilá-los
distraidamente.
— Vou deixar você sozinha agora — digo a ela. — Apenas…
pense nisso. Não há razão para nenhum de vocês continuarem
sofrendo assim.
Iris acena com a cabeça atordoada, ainda olhando para mim
como se eu tivesse uma segunda cabeça crescendo na lateral do
meu pescoço. Acho que não posso culpá-la, já que este é o
encontro mais estranho que já tive na minha vida. Não posso nem
dizer se vai adiantar, mas pelo menos posso dizer que tentei.
— Cassie — Iris chama enquanto eu me movo para deslizar
para fora da cabine.
Eu paro na ponta.
— Sim?
— Sinto muito — diz ela. — Pelas coisas que eu disse. Eu
estava sofrendo.
Outra risada seca e vazia me escapa.
— Sim, bem. Há muito disso por aí.
Não me despeço ao deixar Iris sentada à mesa e não olho para
trás. Saio da cafeteria com o saco de pão de Wanda ainda na mão e
meu café esquecido. Não tenho como saber se alguma coisa
resultará do que z, mas o buraco em meu peito parece menor,
menos sensível. Talvez nunca feche totalmente. Talvez isso seja o
melhor que posso esperar… que Aiden e Sophie encontrem a
felicidade.
Mesmo que seja sem mim.
Bate papo com @alacarte

@alacarte está offline.

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Capítulo 26
Cassie
Dias depois de falar com Iris, me sinto estranhamente menos
deprimida. Ainda estou infeliz e com muita raiva de mim mesma,
mas não sinto que o céu está desabando. Na maior parte do tempo.
Acho que é porque escolhi me permitir sonhar acordada que ter
conversado com Iris levará a algo bom para a pequena família que
deixei para trás. Que em algum lugar em toda a dor eles
encontrarão seus felizes para sempre. Que não serei um fardo para
ninguém. Nunca mais.
Ainda estou no sofá da Wanda, mas não estou a caminho de
atingir a homeostase completa, pelo menos. Tomei banho (várias
vezes, obrigada) e escovei meu cabelo. Até guardei meus moletons
de períodos depressivos e optei por uma roupa um pouco menos
triste, leggings e uma camiseta grande, que estão limpas, devo
acrescentar. Isso é uma vantagem de nitiva.
Passei a maior parte do dia trabalhando em tarefas que adquiri
o hábito de adiar até o último segundo para permitir mais tempo
de choro, e no momento em que estou totalmente envolvida com
minhas aulas – a primeira vez em semanas que faço isso antes da
noite anterior a minha ida a faculdade – estou me sentindo quase
como eu mesma novamente. Quase.
Eu posso ouvir Wanda descendo o corredor de seu quarto
enquanto eu fecho meu notebook, fechando seu roupão enquanto
ela me olha por cima dos óculos.
— Olhe para você — diz ela, parecendo impressionada. —
Havia uma mulher de verdade vivendo sob toda aquela fossa.
Reviro os olhos.
— Mais uma vez, estou tão feliz por ter você ao meu lado.
— Eu estou apenas brincando. Estou feliz que você se pareça
mais com você. Eu estava começando a considerar chamar um
exorcista ou algo assim.
— Sim, todos nós nos divertimos muito com suas piadas
assombrosas.
— Disquei para aquele velho número dos Caça-Fantasmas em
um momento — ela fala inexpressivamente. — Só encontrei um
idiota em Kentucky.
— Não é hora de você se arrumar para o bingo?
— Eu tenho tempo. — Ela se move até a cadeira para se jogar
nela, me estudando por cima dos óculos. — Você parece muito
melhor. Você acha que aquela mulher ouviu alguma coisa do que
você disse?
Eu dou de ombros.
— Não sei. Eu quero pensar que ela ouviu, no entanto. Faz eu
me sentir melhor pensando assim.
— Você provavelmente se sentiria ainda melhor se fosse checar
por conta própria.
— Não vou ter essa discussão de novo.
— Nós realmente não tivemos ela para começo de conversa.
Você está sempre se escondendo no banheiro ou se enterrando no
meu sofá como uma invasora.
— Uau. Alguns meses atrás, você estava me implorando para
car aqui.
— Sim, bem. Isso foi antes de você ter uma família inteira
desejando que você voltasse.
Há uma sensação de aperto no meu peito.
— Eles não querem. Con e em mim.
— Você acha que eles iriam desistir de você depois de algumas
semanas?
— Eu disse a ele que não tinha tempo para eles. Eu disse que
era mais do que pelo que me candidatei.
— Sim, bem. Todos nós fazemos coisas estúpidas quando
amamos as pessoas.
— Sim — eu rio. — Nós fazemos.
— Eu não quero que você acabe se arrependendo.
— Talvez eu faça como você — eu rio. — Um novo namorado
toda semana. Parece um sonho para mim.
— Não é — Wanda diz categoricamente. — Isso soa como um
sonho para você?
Eu recuo.
— O quê?
— Você acha que eu gosto de morar neste apartamento
minúsculo sozinha?
— Eu… — Eu me sinto sem palavras. — Eu não entendo.
— Cassie — Wanda ri. — Você é muito inteligente para ser tão
burra. Claro que não estou vivendo um sonho. — Ela estala a
língua. — O sonho é voltar para casa para alguém que te ama todos
os dias.
— Mas, se é assim que você se sente, então por que você…
— Porque eu tive minha chance uma vez, e eu a estraguei.
Assim como você está tentando fazer.
Eu não tenho ideia do que dizer. Em todos os anos em que
conheço Wanda, ela nunca me deu nenhuma indicação de que
tinha dúvidas sobre sua vida. Claro, é um pouco fora da caixa que
ela tenha chegado a essa idade sem nunca ter se estabelecido, mas
presumi que essa era a vida que ela escolheu. Nunca me ocorreu
que ela pudesse querer algo diferente.
— Por que é a primeira vez que ouço sobre isso?
Wanda dá de ombros.
— Você nunca precisou ouvir até agora. — Ela cruza uma
perna sobre a outra enquanto suspira profundamente, olhando
para o pé que está batendo no ar enquanto ela considera. — Eu
não era muito mais velha do que você quando conheci Henry.
— Henry?
Wanda sorri, lembrando.
— Seu típico sur sta vagabundo de praia vivendo em La Jolla
nos anos setenta. Cabelos loiros, olhos azuis… bonito demais para
o seu próprio bem. E, claro, como eu era tão atraente, ele
obviamente não conseguia parar de pensar em mim depois que nós
nos conhecemos.
— Naturalmente — eu digo com um sorriso.
— Eu costumo pensar que eu era um avião naqueles dias.
Estou lhe dizendo, Cassie, se chamadas de peitinhos fossem uma
coisa naquela época, eu teria ganhado um bom dinheiro.
— Eu não tenho dúvidas.
— Então lá estava eu, essa pequena morena que pensava que
sua merda não fedia, e lá vem Henry. Eu te digo, Cassie. Ele me
surpreendeu. Ele me comprou um sorvete no calçadão naquele
primeiro dia, e nem consigo me lembrar sobre o que conversamos,
mas eu simplesmente — ela bate palmas em um movimento de
partida — quei perdida nele. Desde o início.
— O que aconteceu?
— Ficamos juntos todos os dias naquele verão. Deitávamos na
praia, dávamos uns amassos no carro dele, fazíamos… outras coisas.
— Eu faço uma careta e Wanda bufa para mim. — Ah, cale a boca.
Você e eu sabemos que nenhuma de nós é estranha a um pênis.
Palavras que nunca mais gostaria de ouvir, muito obrigada.
— De qualquer forma — Wanda continua. — É claro que eu
amava Henry, e é claro que ele era obcecado por mim…
— Obviamente — eu provoco.
— Com certeza — ela bufa. — Mas… — Ela suspira,
balançando a cabeça. — Fui tola. Vinte e sete anos, e eu ainda não
sabia nada sobre nada. Eu estava sempre procurando a próxima
festa, a próxima grande novidade, e Henry, surpreendentemente,
bem… ele queria mais.
Percebo a leve ruga em sua testa agora, a aparência triste de seus
olhos que me diz que esta não é uma ferida que já foi curada para
ela, seja ela qual for.
— Ele me pediu em casamento — diz ela com voz distante. —
No nal daquele verão. Ajoelhou-se e tudo. Ele tinha… — Wanda
sorri, mas, novamente, há uma tristeza nisso. — Ele até tinha um
anel. Era minúsculo e bem simples, mas sei que ele deve ter
economizado o verão inteiro para comprá-lo. — Ela fecha os olhos
e posso dizer que ela está se lembrando desse momento como se
fosse ontem. Como se ela nunca tivesse parado de pensar nisso. —
Ele conseguiu um emprego em uma construtora em São Francisco
e queria que eu fosse com ele. Ele queria que nós começássemos
nossas vidas juntos em outro estado.
Eu sei o que aconteceu, claro que sei, já que Wanda está aqui e
Henry não, mas o jeito como ela ca quieta me diz que ela tem
problemas para falar sobre isso mesmo agora depois de todo esse
tempo, e eu me pego a rmando o óbvio, de qualquer forma.
— Você disse que não — eu digo baixinho.
Ela acena com a cabeça.
— Eu disse não.
— Por quê?
— Porque — Wanda ri secamente, virando os olhos para o teto
e balançando a cabeça. — Achei que eu precisava de festas. Que eu
não estava pronta para me estabelecer e bancar a dona de casa.
Achei que, de alguma forma, essa vida que Henry estava
oferecendo ia me prender. — Wanda respira fundo só para exalar,
aquele mesmo sorriso triste na boca. — Então ele foi embora.
Arrumou as malas e aceitou aquele emprego. Ele me deixou para
trás exatamente como eu o forcei a fazer.
— Wanda, eu…
— Não. — Ela acena para mim. — Foi quase meio século atrás.
Eu mesma criei essa situação.
— Mas eu não fazia ideia.
— Porque você não precisava antes, mas você precisa agora.
Você sabe por quê?
Eu balanço minha cabeça.
— Por quê?
— Porque — diz ela. — Oito meses após a partida de Henry,
eu me sentia miserável. Eu sentia tanta falta dele que mal conseguia
sair da cama de manhã. Levei oito meses inteiros para perceber que
cometi o pior erro da minha vida e que não queria continuar
perseguindo as festas. Eu queria Henry.
— Então o que aconteceu?
— Eu fui atrás dele. — Ela acena com a cabeça. — Sim, eu fui.
Voei até São Francisco com um grande plano para reconquistá-lo.
Eu estava determinada a fazer o que fosse preciso. Rastejar,
implorar… qualquer coisa.
— Mas?
A dor na expressão de Wanda é palpável, e é surpreendente que
ainda possa ser tão fresca para ela, mesmo depois de todo esse
tempo.
— Mas ele seguiu em frente — ela me diz suavemente. — Ele
se casou com uma coisinha linda que era recepcionista no lugar
onde ele trabalhava. Eu os vi em um dos locais de trabalho para
onde corri tentando encontrá-lo. Ela estava entregando a ele o
almoço em um saco, usando um vestido branco, e eles pareciam…
eles pareciam tão felizes. Eu não conseguia nem me forçar a
confrontá-lo. Dei meia-volta e fui direto para casa. — Ela então me
olha nos olhos, incisivamente, como se essa fosse a parte mais
importante que ela quer que eu compreenda. — E eu nunca senti
nada perto do que senti por Henry. Não pelo resto da minha vida.
— Wanda, eu… eu sinto muito. Sempre pensei que você amava
sua vida.
Ela solta um suspiro.
— Eu dou meu jeito. Eu me divirto, sim. E eu tenho você
agora, e isso é o su ciente para mim. Mas eu vejo você sentada aí,
cometendo os mesmos erros, e não posso car parada vendo minha
vida se desenrolar de novo com você. Con e em mim, Cassie. Você
não quer ver Aiden algum dia com sua linda loira em um vestido
branco. Você não esquece uma dor assim. Você nunca esquece o
amor por alguém que poderia ter sido seu se você não o tivesse
afastado.
Eu olho para o meu colo, tentando pensar em uma resposta.
Eu me sinto horrível por ter passado tanto tempo com Wanda sem
ter ideia dessa parte do passado dela; por que ela nunca me contou
sobre isso antes? Talvez se eu conhecesse essa história, talvez fosse
menos provável…
Não.
Não posso sentar aqui e tentar culpar alguém por minhas
escolhas. Fui eu quem disse aquelas coisas para Aiden, e fui eu
quem decidiu por nós dois que ele estava melhor sem mim. Eu
poderia ter falado com ele e poderíamos ter tentado encontrar uma
solução juntos, mas roubei essa opção quando menti para ele e
disse que não o queria. Não tenho ninguém para culpar além de
mim mesma pelo inferno que passei nessas últimas semanas. É
assim que o resto da minha vida será? Sempre me arrependerei do
que poderia ter acontecido entre nós?
Eu já sei a resposta para isso. Eu sei disso porque mesmo antes
de saber o nome de Aiden, antes de saber como ele era ou de onde
ele veio ou sobre seus sorrisos e beijos e tudo mais – eu sentia falta
dele. Senti falta dele por um ano, quando não sabia de nada. Eu sei
que vou sentir falta dele para sempre agora que sei tanto.
— Deus — murmuro, abaixando a cabeça. — Eu fodi tudo.
— Uhum — Wanda concorda. — Mas você ainda tem tempo
para consertar. Você pode ir e se desculpar. Diga para aquele
homem que você o ama e que você é uma completa idiota.
— Bem assim, hein — eu rio, olhando para ela.
Wanda balança a cabeça.
— Fácil, fácil. — Ela olha para o relógio de parede, veri cando
a hora antes de se levantar da cadeira. — Agora, se você me der
licença, eu tenho que ir me arrumar.
— Bingo?
— Não — ela me diz. — Eu vou a um encontro.
Minha boca se abre.
— O quê?
— Isso mesmo — diz ela com a cabeça erguida. — Um
encontro de verdade.
— Com quem?
— Fred Wythers.
— O quê? Achei que você tinha terminado com ele.
— Sim, bem. Isso porque ele queria me ver mais. Eu não estava
procurando por nada assim na época.
Ainda me sinto pasma com esta nova revelação.
— E você está agora?
— Um ataque cardíaco realmente coloca as coisas em
perspectiva, garota. Eu poderia estar morta amanhã. — Ela dá de
ombros. — Talvez eu tenha decidido que não quero bater as botas
sozinha.
— Isso é… — Ainda estou tentando entender tudo o que
aprendi nos últimos vinte minutos. — Isso é ótimo, Wanda.
— Vamos ver — ela resmunga. — Vou conseguir uma refeição
grátis com isso, pelo menos.
Eu não posso evitar, eu sorrio com essa perspectiva muito
clássica de Wanda.
— Certo.
— Agora, eu quero que você se sente aí nesse sofá…
— Sem problemas com isso — eu bufo.
— … e pense sobre o que eu disse. Talvez você descubra que
não quer ser como eu, a nal. — Ela pisca para mim. — Mesmo
que eu seja legal como o inferno.
Eu rio enquanto ela volta pelo corredor para se preparar para
seu encontro – talvez eu leve algum tempo para me acostumar –
deixando-me exatamente onde ela me encontrou, mas com muito
mais em que pensar.
■□■
Wanda saiu há uma hora e, embora tenha sido estranho vê-la em
um de seus terninhos mais bonitos e ser buscada na porta da frente
como se estivesse correndo para o baile de formatura, gostei de
como ela estava fofa, tentando não parecer animada. Fred me deu
um olá amigável antes de eles saírem, acenando com uma mão e
segurando um buquê na outra, e eu não perdi o rubor nas
bochechas de Wanda quando ele entregou as ores. É
de nitivamente novo, mas parece bom para ela, eu acho.
Embora, o “não espere acordada” que ela disse por cima do
ombro me fez sentir como uma perdedora. Setenta e dois anos, e
ela ainda tem mais jogo do que eu.
Não tenho feito muito desde que Wanda saiu, não que alguém
esteja surpreso, mas tenho pensado muito. Sobre a história de
Wanda, sobre minha própria situação… mas principalmente sobre
Aiden e Sophie. Repassei todos os cenários possíveis em que posso
pensar em relação a como poderia me desculpar, ou se deveria, e
cada espiral só me traz de volta à mesma culpa e ao medo
esmagador de que nada que eu jamais possa dizer para eles fará
qualquer diferença. Como qualquer um deles poderia me perdoar
depois do jeito que eu fui embora? Como se eles nem
importassem.
Sei que em algum momento precisarei me arrastar deste sofá e
fazer algo para comer se quiser manter a fachada de que estou
melhorando lentamente, mas meu cérebro está confuso depois de
tanto pensar, e não vou ngir que desligar as luzes e ir para a cama
cedo às – olho para o relógio e gemo – sete horas parece uma opção
muito mais atraente.
Eu ainda estou indo e voltando entre minhas opções
fascinantes quando há uma batida na porta, e eu franzo a testa para
o outro lado enquanto me pergunto quem pode estar aqui. Não
tem como Wanda ter voltado tão cedo e, até onde eu sei, sou sua
única amiga de verdade, então quem mais poderia ser? Com
minha sorte, será o velho do 2B novamente com meu pacote que
ele “abriu acidentalmente depois que entregaram a ele por
engano”. Certo. Ele estava apenas desapontado por não haver nada
de bom lá. Eu bufo quando sou forçada a deixar o triste trono de
veludo em que tornei minha casa, caminhando até a porta da
frente de Wanda e olhando pelo olho mágico, mas o corredor
parece vazio. Eu franzo a testa enquanto olho novamente,
con rmando de que não, não há ninguém lá fora. Ainda estamos
tocando campainhas e saindo correndo em 2023?
Eu destravo a corrente antes de me atrapalhar com o cadeado
em aborrecimento, nalmente conseguindo desfazer tudo para que
eu possa abrir a porta na esperança de pegar o pequeno bastardo
que se atreve a me enganar enquanto eu ainda estou meio
chafurdando. Descubro imediatamente que não estava exatamente
errada, já que não consegui ver ninguém pelo olho mágico, mas
também não estava certa.
Porque há alguém do outro lado da porta, alguém que é muito
baixa para ser vista pelo olho mágico e que não tem nada que estar
aqui, especialmente sozinha. Fico boquiaberta com o cabelo
castanho e as sardas e um rosto minúsculo que faz meu coração
doer, atordoada por um momento enquanto tento entender a
presença dela aqui. Eu viro minha cabeça para o corredor para
con rmar que sim, ela realmente está sozinha, esmagando a leve
decepção e focando na garotinha na porta que me faz sentir ao
mesmo tempo eufórica e incrivelmente culpada.
— Sophie?
Acho que me sinto mais tola do que qualquer outra coisa.
Eu não sou uma garota estúpida. Eu não faço coisas assim.
Mas meio que me apaixonar por alguém cujo nome não sei e
cujo rosto nunca vi… bem. Não faz nada para ajudar o meu
caso.
Eu olho para a página de configurações da mesma forma que
fiz uma dúzia de vezes nas últimas semanas, me perguntando
se eu sou uma garota estúpida. Eu fiquei tão magoada com um
estranho que estaria pensando em excluir toda a minha conta?
Mas eu sinto falta dele.
E parece que não posso mais fazer isso, não sem pensar nele
toda vez que entro.
Respiro fundo quando aperto o botão de excluir.
Tem certeza de que deseja excluir sua conta?

Eu menti.
Eu definitivamente me sinto mais magoada do que tola.
Capítulo 27
Cassie
— O que você está fazendo aqui?
Sophie ainda está de pé no tapete desbotado do corredor do
apartamento. Eu acho que estou realmente muito atordoada para
sequer pensar em convidá-la a entrar primeiro, presa na porta
enquanto ela esfrega o braço com sentimento de culpa.
— Sophie — eu pressiono, segurando seu braço gentilmente e
puxando-a para dentro do apartamento antes de fechar a porta. —
Como você chegou aqui?
— De Uber — ela me diz com naturalidade.
— De Uber — eu ecoo estupidamente. — Você pegou um
Uber?
— Sim.
— Sozinha?
Ela segura um celular que eu reconheço.
— Eu usei o telefone do meu pai.
— Você usou o telefone do… — Eu pisco, tentando entender o
que ela está dizendo. — Onde está seu pai?
— Trabalhando — ela me diz. — Eu escapei do escritório.
— Sophie, isso foi extremamente perigoso. Você me entende?
Você é muito jovem para entrar em Ubers e atravessar a cidade.
Como você conseguiu o endereço?
— Papai tinha no telefone.
Tudo o que ela está dizendo parece perfeitamente razoável e
lógico, mas nada faz sentido. Eu sei que Sophie é uma garotinha
incrivelmente inteligente, mas isso parece impossível, mesmo para
ela.
— O que você está fazendo aqui, Sophie?
Ela olha para o chão.
— Eu precisava ver você.
— Você precisava me ver.
— Sim. Papai não deixou que eu ligasse para você.
Meu estômago revira. Ela queria me ligar? A culpa que sinto
por não ter me despedido dela aumenta como se fosse recente.
— Sophie… seu pai provavelmente está surtando.
— Não, ele não está — ela murmura. — Ele vai me entregar.
— O quê?
Ela olha para mim com uma expressão de desamparo.
— Ele vai me entregar! À tia Iris!
— Venha aqui. — Eu puxo sua mão, levando-a para o sofá, e
dou um tapinha no espaço ao meu lado para que ela possa se
sentar. — O que você está falando?
— Eu o ouvi conversando com ela — Sophie me conta. — No
telefone. Ele estava falando sobre eu ir para a casa dela. Ele não
quer mais car comigo porque eu z você ir embora.
— Ah, Sophie. — Meu coração se parte um pouco mais. —
Você não me fez ir embora.
— Mas eu sempre faço as babás irem embora. Eu… — Seus
olhos cheios de lágrimas. — Eu não pude ajudar Wanda. Foi por
isso? Papai não quis me contar, mas deve ser por isso que você foi
embora, certo?
— Oh, querida. — Eu a puxo contra mim, esmagando-a em
meus braços enquanto o cheiro familiar de seu shampoo de
melancia atinge minhas narinas. Eu respiro, minhas emoções se
alojando em minha garganta. Achei que nunca mais sentiria o
cheiro. — Não foi por isso que eu fui embora. Você não fez nada
errado. Nada.
Ela vira o rosto para pressionar mais fundo contra o meu peito,
seus braços envolvendo minha cintura.
— Então por que você foi embora?
— Isso é… complicado.
— Você estava com raiva do meu pai?
— Não. Não. Eu não estava. Eu não estava com raiva de
ninguém.
— Papai sente sua falta — ela murmura contra minha camisa.
— Ele nunca fala sobre você, mas parece tão triste o tempo todo.
Preciso fechar os olhos para não chorar de novo.
— Eu também sinto falta dele — eu admito baixinho. — Sinto
saudades de vocês dois.
— Então, volte! Talvez, se você voltar, papai não me entregue!
— Soph… — Eu a incentivo a recuar, olhando-a nos olhos. —
Seu pai não vai entregá-la. De jeito nenhum ele faria isso. Ele te
ama.
— Então por que ele estava falando com tia Iris sobre eu ir para
a casa dela?
Minha conversa com Iris utua em meus pensamentos, e não
posso ter certeza de que o que quer que esteja acontecendo entre
Iris e Aiden signi que progresso, mas espero que seja esse o caso.
Eu sei que Aiden nunca desistiria de Sophie. Em hipótese alguma.
— Tenho certeza que não é o que você está pensando — digo a
ela. — Talvez eles estejam tentando parar de brigar tanto. Tenho
certeza de que ambos querem te fazer feliz.
— Eu não quero sair da casa do papai — ela diz
lamentavelmente. — Quero car com ele.
— Claro que sim — eu a acalmo. — E eu sei que ele quer que
você que lá também. Ele te ama tanto, Sophie, e é por isso que
tenho certeza de que ele está louco de preocupação agora.
— Talvez — ela murmura.
— Tenho certeza disso — insisto — e é por isso que temos que
levar você de volta.
— Mas mesmo que eu que com meu pai — Sophie continua
— você não vai voltar.
Tudo no meu peito parece estar sendo esmagado com muita
força, meus olhos ardem enquanto seu olhar penetrante segura o
meu. Seus olhos verdes são tão parecidos com o verde do olho
direito de Aiden, e sua expressão agora é como olhar para uma
versão menor dele. Isso me faz sentir falta dele ainda mais.
— Eu não acho que seu pai iria querer que eu voltasse, Sophie.
Eu disse… um monte de coisas terríveis quando eu saí.
— Por quê?
— Porque… achei que tinha que fazer. Achei que precisava sair
para proteger vocês.
O nariz de Sophie enruga.
— Isso é besteira. Você não pode nos proteger. Você é muito
pequena. Meu pai é bem maior que você. Você deveria deixá-lo nos
proteger.
Eu não posso deixar de rir; sua lógica de dez anos é tão simples
e, no entanto, completamente precisa de uma maneira indireta.
Estendo a mão para correr meus dedos por seu cabelo, tirando-o de
seu rosto antes de segurar sua bochecha.
— Não sei se é tão simples assim — digo a ela. — Tenho
certeza de que sou a última pessoa que seu pai quer ver.
— Mas você não o ama?
Isso me pega completamente desprevenida.
— O quê?
— Vocês foram a encontros — ela insiste. — E vocês estavam
— ela faz uma careta — se beijando e tal. Isso signi ca que você o
ama, certo?
— Eu… uau. Você realmente sabe como colocar alguém contra
a parede.
— O que isso signi ca?
Eu belisco a ponte do meu nariz, suspirando.
— Deixa para lá. Eu não acho que importa se eu o amo.
— Sim, importa. Minha mãe sempre dizia que você pode
consertar qualquer coisa com amor.
Pressiono meus lábios, algo puxando meu coração.
— Ela dizia?
— Sim. — Sophie acena com entusiasmo. — Então, se você o
ama, podemos consertar isso! Você pode voltar, e então ele não vai
me mandar embora, e tudo cará bem de novo!
— Sophie, não é tão simples assim.
— Mas se você…
— Apenas con e em mim — eu bufo, interrompendo-a. —
Gostaria que as coisas fossem diferentes, mas não são.
Sophie abaixa a cabeça e sinto aquele buraco em meu peito –
aquele que eu tinha tanta certeza de que estava começando a
cicatrizar – pulsar com uma nova dor, como se tivesse sido aberto
momentos atrás. Eu daria qualquer coisa para que as coisas fossem
tão simples quanto ela pensa que são; eu adoraria levá-la de volta,
pedir desculpas e me jogar nos braços de Aiden ou até mesmo a
seus pés, mas sei que não é assim que o mundo funciona. Ela não
viu o olhar em seu rosto quando eu disse a ele que eles eram mais
do que eu conseguia lidar. Peguei cada momento caloroso que
tivemos juntos durante meu tempo lá e joguei de volta na cara
dele. Acho que não há nada que eu possa dizer para desfazer isso.
— Mas eu tenho que levar você de volta para ele — eu digo
resignada. — Então, vou precisar que você ligue para o restaurante
e veja se ele ainda está lá ou se foi para casa.
Não consigo nem imaginar o nível de pânico em que Aiden
está agora; ele provavelmente colocou toda a força policial de San
Diego nas ruas agora. Sophie parece abatida, e sei que nada disso é
o que ela queria ouvir, e eu gostaria de ter respostas melhores para
ela. Gostaria de poder fazer tudo car bem para ela, mas não acho
que seja possível. Nem para mim, e nem para nós.
Ajudo Sophie a discar o número do restaurante e passo o
telefone, porque sou covarde demais para ligar eu mesma. Eu
prendo a respiração enquanto ela disca, percebendo que em alguns
minutos serei forçada a ver Aiden novamente. Não consigo
imaginar que tipo de discurso Aiden terá para Sophie quando ela
voltar para ele, e posso ver que ela está pensando a mesma coisa, a
julgar pelo olhar nervoso em seu rosto, mas acho que eu tenho
mais motivos para estar com medo.
Porque duvido que Aiden vá falar comigo.
■□■
Aiden já havia saído do restaurante – seus colegas de trabalho
disseram que ele saiu imediatamente após descobrir que Sophie
havia escapado e voltou para sua casa para tentar procurá-la lá. Eu
estava certa sobre seu nível de pânico; é evidente pelas luzes
piscantes que encontramos do lado de fora da casa da cidade
quando paramos na rua. Sophie olha para mim com medo em seus
olhos quando estaciono em frente ao portão, obviamente
arrependida de sua decisão, pois sem dúvida está ansiosa sobre
como seu pai reagirá quando ela entrar.
— Você vai entrar comigo?
Eu franzo a testa, olhando dela no meu banco do passageiro
para a porta da frente que está inundada com luzes vermelhas e
azuis.
— Não sei se é uma boa ideia…
— Mas ele quer ver você — ela insiste. — E talvez se você vier
comigo, ele não cará tão bravo.
— Oh, eu acho que ele ainda vai car bravo — eu a advirto. —
Você fez uma coisa boba, Soph.
Ela abaixa a cabeça.
— Eu sei.
A ideia de ver Aiden novamente é algo que estou dividida entre
querer terrivelmente e querer terrivelmente evitar, mas o olhar
desamparado no rosto de Sophie aperta meu coração, e sei que,
apesar do meu desconforto, devo isso a ela. Provavelmente mais.
— Ok — eu concedo. — Eu irei com você. Só para te levar para
dentro, ok? Então eu irei embora.
Ela balança a cabeça ansiosamente, parecendo um pouco
aliviada.
— Ok.
Sinto como se eu fosse a menina de dez anos em apuros
quando ando atrás dela pelo portão, minha mão gentilmente entre
suas omoplatas à medida que a incito a subir. A porta da frente
está entreaberta e todas as luzes da casa estão acesas, mas o
primeiro andar está vazio quando entramos. Posso ouvir vozes no
andar de cima, uma cacofonia de pessoas diferentes falando umas
sobre as outras, mas acima de todas, posso ouvir uma que
reconheço. Uma que faz meu estômago revirar, mesmo agora.
Sophie pega minha mão no nal da escada, me dando outro
olhar preocupado enquanto eu envolvo minha mão na dela. Não a
solto enquanto subimos e, a princípio, quando chegamos ao topo,
ninguém nos nota. Eles estão muito ocupados tomando notas e
fazendo ligações, e lá, no meio de tudo isso, está um Aiden Reid de
aparência frenética. Ele ainda está com seu casaco de chef, os
braços cruzados sobre o peito enquanto fala acaloradamente com
um policial, e posso ver que seu cabelo está bagunçado como se ele
tivesse passado os dedos por ele repetidamente. Ele parece louco de
preocupação.
Eu posso dizer quando ele nalmente nos vê; ele para no meio
da frase e vira o rosto com os olhos arregalados e a boca aberta,
como se tivesse esquecido completamente o que estava prestes a
dizer. Observo enquanto ele olha de Sophie para mim e vice-versa,
tentando entender o fato de ela estar de volta, especialmente
comigo.
— Sophie — ele respira, pisando duro pelo tapete e caindo de
joelhos para puxá-la contra ele. — Onde você estava? Você tem
alguma ideia de como eu estava preocupado com você? Você não
pode desaparecer assim. — Ele a empurra para trás, olhando por
seu corpo. — Você está machucada? Você está bem?
Ela acena com a cabeça debilmente.
— Estou bem.
— Onde você foi?
— Para a casa da Wanda — eu ofereço baixinho.
Aiden olha para mim então, e mesmo assim – esgotado,
confuso e ligeiramente atordoado – parte meu coração olhar para
ele. Eu posso sentir cada beijo e cada toque de uma vez, tudo
voltando com apenas um olhar. Ele engole em seco enquanto se
levanta para car de pé, olhando para mim como se eu fosse um
fantasma.
— Da Wanda?
Eu concordo.
— Ela pegou um Uber.
— Um Uber — ele repete categoricamente. Ele olha para ela
com uma sobrancelha franzida. — Você pegou um Uber?
Ela puxa o telefone do bolso, entregando-o de volta para ele
timidamente.
— Encontrei o endereço no seu telefone.
— Você encontrou o… Jesus Cristo, Sophie. Ela mora do outro
lado da cidade. Você tem alguma ideia de como isso foi perigoso?
Ela olha para os pés, mudando o peso de um para o outro.
— Desculpa.
— Por que você fez isso?
— Porque… achei que você ia me entregar.
Isso o pega visivelmente de surpresa.
— O quê? Por que diabos você pensaria isso?
— Eu ouvi você conversando com tia Iris esta manhã — ela
murmura. — Você disse que ia me levar para a casa dela.
Aiden suspira, passando as mãos pelo rosto.
— Para visitar, Soph. Não para car. Sua tia e eu… estamos
tentando encontrar um terreno comum com você. Estamos
tentando não brigar tanto. — Ele se abaixa para segurar o queixo
dela gentilmente. — Eu nunca te entregaria. Você entende?
Nunca.
— Isso foi o que Cassie disse — Sophie responde, com a voz
trêmula. — Mas eu estava com medo.
— Sinto muito — diz Aiden, cansado. — Eu ia falar com você
sobre isso amanhã. Eu não tinha ideia de que você tinha escutado a
conversa. Mas você tem que entender que não há nada que você
possa fazer ou dizer que me leve a mandá-la embora. Ok?
Eu posso dizer que é difícil para ele me reconhecer. Eu posso
ver isso na maneira como ele olha por cima da cabeça de Sophie
por um momento ou dois antes de nalmente se virar rigidamente
em minha direção.
— Obrigado — diz ele. — Por trazê-la de volta.
— Claro — eu digo sem jeito. — Eu queria ter certeza de que
ela chegaria em casa com segurança.
— Certo. — Sua mandíbula mexe sutilmente. — Claro.
Eu esfrego meu braço, ainda me sentindo estranha.
— Ok. Bem. Acho melhor deixar vocês com isso então.
Começo a me virar na direção da escada, achando
incrivelmente difícil continuar olhando para ele. Espero que, com
o tempo, meu cérebro possa pelo menos borrar a memória de seu
rosto, porque se eu tiver que me lembrar de seu rosto perfeito dia
sim, dia não, poderei enlouquecer.
Aiden me surpreende quando sua mão corre para agarrar meu
pulso, puxando-me para trás.
— Isso é realmente tudo o que você quer dizer?
— O quê? — Eu olho para baixo, para sua mão me segurando
antes de encontrar seus olhos. — O que você quer dizer?
Seus olhos parecem queimar enquanto seguram os meus, o
marrom é um mel escuro e quente e o verde é uma espuma rica e
brilhante. Acho que meu cérebro não conseguiria esquecê-los se
tentasse, infelizmente.
— Iris e eu tivemos uma longa conversa esta manhã — diz ele.
— Ela tinha muitas coisas interessantes para dizer.
— O-oh. — Meu pulso acelera. — Sério?
— Sim. Sério. Aparentemente, alguém sentou-se em sua frente
numa cafeteria e a convenceu a me ligar e resolver as coisas.
— Ah bem… Achei que era o mínimo que podia fazer.
— Mas o que eu não entendo é…, por quê?
— Como assim, por quê?
— Quero dizer, se você quisesse nos deixar de lado, se éramos
mais do que o que você se candidatou, por que você se importaria
com o que acontece entre Iris e nós? Por que você insistiria para
que ela tentasse resolver as coisas comigo?
— Eu…
— E por que você contaria a ela como eu era maravilhoso com
Sophie e o quanto merecíamos a felicidade?
— Oh, bem, eu…
— Por que alguém que queria nos deixar de lado se importaria
com isso?
— Aiden, é só…
— Porque ela te ama — Sophie fala.
Nós dois olhamos para ela com surpresa, sua expressão
indiferente e, francamente, irritada. Como se ela estivesse cansada
dessa discussão.
Aiden olha para mim com uma expressão esperançosa, e
mesmo esse pequeno brilho de necessidade em seus olhos é o
su ciente para fazer meu estômago revirar com antecipação.
Nenhum de nós diz nada, e acho que talvez ele esteja esperando
que eu con rme ou negue isso, mas não consigo encontrar minha
voz. Abro a boca para deixá-la aberta enquanto tento formar
palavras, mas Sophie, mais uma vez, decide nos ajudar.
— Não se preocupe — diz ela no mesmo tom entediado. —
Papai também te ama.
Imagino que minha expressão pareça tão surpresa quanto a
dele quando nossos olhos se encontram novamente, e percebo a
maneira como seus olhos procuram nos meus por qualquer sinal
de mentira.
— Isso é verdade?
— Eu… — Engulo em seco, sentindo minha boca seca. — Sim.
— Você me ama?
Tento parecer mais segura do que me sinto.
— Sim, eu amo.
Ele me pega de surpresa quando me puxa contra ele, meu
choque se dissipa em apenas um momento quando sua boca cobre
a minha. Há desespero em seu beijo que se mistura com alívio, e
meus braços envolvem seu pescoço como se por instinto, tentando
me aproximar dele o máximo que posso. Meus dedos se en am em
seu cabelo enquanto suas mãos se curvam contra minha coluna
para me puxar mais forte, e não é até ouvirmos alguém limpar a
garganta atrás de nós que um de nós parece se lembrar da situação
em que estamos.
Sinto minhas bochechas corarem quando percebo o policial
demorando desajeitadamente por perto, tentando olhar para
qualquer lugar menos para nós enquanto chama nossa atenção.
— Acho que podemos encerrar esse assunto então, certo?
— Oh. — Aiden olha atordoado entre mim e sua lha antes
que o riso saia dele. — Acho que podemos. Desculpe, policial.
— Bem, uh. Vamos sair do seu caminho. — O policial faz um
círculo com o dedo, reunindo seus colegas policiais antes de lançar
um olhar penetrante para Sophie. — Da próxima vez, talvez diga a
alguém para onde você está indo, mocinha.
Sophie empalidece.
— Sim, senhor.
— Certo. — A boca do policial se inclina com um sorriso
quando saímos do caminho da escada, e ele nos dá um aceno de
cabeça. — Vocês tenham uma boa noite.
Acho que nenhum de nós se mexeu até ouvirmos a porta da
frente fechar no andar de baixo, Aiden ainda olhando para mim
como se eu pudesse desaparecer a qualquer momento antes que ele
dê atenção à lha.
— Você e eu temos muito o que conversar, Sophie.
— Sim. — Ela abaixa a cabeça. — Eu sei.
Ele me solta então, inclinando-se para pressionar os lábios no
cabelo de Sophie.
— Mas estou feliz que você esteja bem.
— Sinto muito — diz ela novamente.
— Por que você não vai para o seu quarto? — Ele diz a ela. —
Estarei lá em um minuto.
Sophie faz uma careta.
— Vocês vão se beijar de novo?
— Sim — diz Aiden. — Nós vamos. — Ele sorri quando ela
mostra a língua. — Mas acho que você nos deve essa.
— Tudo bem — ela geme.
Ela caminha em direção às escadas que levam até seu quarto, e
Aiden espera até ouvir a porta do quarto dela fechar antes de me
olhar novamente.
— Você sabe que não deveria ter mentido para mim — ele
repreende. — Foram semanas de merda.
— Eu sei. — Eu inclino meu rosto para baixo. — Para mim
também.
Ele estende a mão para erguer meu queixo, a junta do seu dedo
permanecendo abaixo dele enquanto ele me força a olhar para ele.
— Eu senti sua falta — ele admite. — Pra caralho, Cassie. —
Ele zomba enquanto balança a cabeça. — Até seus malditos fatos
de Snapple.
Um lado da minha boca se inclina para cima.
— Você sabia que não há duas impressões de tampas iguais?
— Parece algo que eu gostaria de testar.
Eu co na ponta dos pés, fechando os olhos enquanto roço
minha boca contra a dele.
— Também senti sua falta.
— Se você quer me compensar — ele diz enquanto me puxa
para mais perto — volte para cá.
Eu não posso nem ngir que meu coração não para por um
momento enquanto meus lábios se curvam em um sorriso.
— Você está me oferecendo outro emprego?
— Não. — Ele balança a cabeça, inclinando-se para que seus
lábios quem a centímetros dos meus. — Estou lhe oferecendo
toda a minha maldita vida, se você quiser.
Tudo dentro de mim se ilumina como uma bomba de glitter
explodindo em um sinalizador, minha pele formigando e meu
coração batendo forte e todos os meus sentidos entrando em ação
no que só posso descrever como pura felicidade. Sei que há mais
para conversar, mais a dizer, mas acho que haverá tempo para isso
mais tarde. Acho que agora posso me deleitar com o fato de que
estamos aqui e que ele ainda me quer, mesmo depois de tudo. No
momento, isso é mais do que su ciente.
Eu njo considerar.
— Você vai fazer panquecas?
— Eu não vou fazer panquecas.
— Hum. Bem, nesse caso…
Ele sorri enquanto me puxa para outro beijo, e eu me derreto
nele, meu coração fazendo uma dancinha feliz enquanto sinto
aquele buraco em meu peito fechar silenciosamente, como se
nunca tivesse existido. Percebo então que não era tanto um buraco,
mas um pedaço que faltava – e estava bem aqui, com eles, só
esperando que eu pegasse de volta.
— Oh — ele murmura, ainda meio que me beijando. — Caso
não tenha cado claro… — Seus lábios pressionam contra o canto
da minha boca, e posso sentir seu sorriso ali, como se estivesse
impresso em minha pele. — Eu também te amo.
Estou afundando em seu beijo novamente, calculando
mentalmente quanto tempo podemos nos beijar aqui embaixo
antes que Sophie venha nos repreender e, com esse pensamento,
sinto uma leve pontada de pânico. Eu empurro Aiden para longe,
olhando para ele seriamente.
— Nós nunca, nunca podemos contar a Sophie como nos
conhecemos.
Aiden ri, já me puxando de novo.
— Tudo o que você disser, Cici.
Tenho certeza de que mais tarde teremos que resolver toda essa
coisa de beijo; sei que Sophie vai insistir em reduzir ao mínimo,
como é o jeito dela, mas acho que esta noite temos passe livre. Não
é todo dia que você encontra o amor por causa de uma chamada de
peitinhos. Acho que isso justi ca alguns beijos comemorativos. Já
posso ouvir as piadas que Wanda fará. Não há como ela parar de
falar sobre isso.
Estranhamente… acho que realmente não me importo.
Já atualizei a página mil vezes.
Parece exagero, mas tem que ser verdade.
Mas meu cérebro não consegue compreender a ideia de que ela
apenas… sumiu. Sem deixar vestígios.
Eu calculo mentalmente o número de dias entre hoje e quando
eu falei com ela pela última vez – e isso faz meu peito doer,
percebendo quantos foram. Todos eles se misturaram neste
último mês e com tudo o que aconteceu…
Eu deveria ter dito algo.
Eu poderia ter dito qualquer coisa, qualquer coisa para deixá-
la saber que eu não queria dar um bolo nela.
Mas eu não fiz, e agora ela se foi.
E eu nem sei o nome verdadeiro dela.
Epílogo
Aiden
um ano depois
— Para de car atualizando — eu rio. — Não vai mudar em cinco
segundos.
Cassie me lança um olhar da bancada da cozinha, um beicinho
adorável em sua boca enquanto ela olha para a tela do notebook
novamente.
— Eles disseram que os resultados seriam publicados hoje.
— Certo, mas não temos ideia de exatamente que horas. Você
vai enlouquecer checando obsessivamente. — Ela leva o polegar à
boca para morder a unha ansiosamente, e dou um tapinha no sofá
ao meu lado. — Venha aqui e sente-se comigo.
Ela está se esgotando com os resultados pendentes de sua banca
de avaliação; o obstáculo nal que ela tem que superar em sua
longa jornada de pós-graduação. Eu entendo completamente a
ansiedade dela, já que este teste dirá se todo o seu trabalho duro
valeu a pena e se ela será uma terapeuta ocupacional totalmente
licenciada, mas eu odeio vê-la estressada como ela está. Ela arrasta
os pés quando vem da cozinha, e eu agarro seu pulso antes que ela
possa passar por mim, puxando-a para o meu colo.
— Vai car tudo bem — asseguro-lhe, puxando seu rosto para
o meu peito. — Você vai passar.
Ela faz um som frustrado.
— E se eu não passar?
— Então você irá tentar de novo. Não será o m do mundo.
Mas… não importa, já que você de nitivamente passará.
— Tenho medo de falhar — ela admite calmamente. — Já
recebi tanta ajuda de vocês, e se não puder começar a contribuir
logo, então…
— Você não tem que contribuir — eu rio. — Eu não me
importo com o que você faz. Contanto que você faça isso aqui
comigo.
— Por que isso soa pervertido?
— Eu acho que você está projetando.
Ela zomba.
— Claro que estou.
— Pare de se preocupar ou eu vou ligar para Wanda.
Ela geme.
— Não faça isso. Ela virá aqui.
— E?
— Ela vai trazer Fred com ela.
Eu rio.
— Bem, eles estão casados agora.
— Certo. Mas eles são muito grudados. Já se passaram três
meses desde o casamento. Eles têm que parar de se beijar o tempo
todo em algum momento, certo?
— Você parece a Sophie — eu provoco.
Ela faz uma careta.
— Deve ser assim que ela se sente quando nos pega nos
beijando.
— Wanda diria para você parar de ser boba.
— Sim, bem. Wanda não teve que fazer um exame
cronometrado questionando tudo o que aprendeu.
— Você está bem, Cassie. — Eu beijo seu cabelo. — Tudo
cará bem.
— Você pode não dizer isso depois que sua namorada arruinar
o futuro dela.
Eu seguro seu queixo para levantar seu rosto, sorrindo para sua
expressão descontente. Eu esfrego meu polegar ao longo de seu
lábio inferior. É incrível que, depois de um ano com ela aqui, eu
ainda esteja tão impressionado com ela. Seus olhos azuis brilhantes
são como um céu claro no qual eu poderia me perder, e eu me
perco, com frequência – e pelo que deve ser a milésima vez, estou
apenas grato por ela estar aqui.
Eu me inclino para beijá-la, apreciando a maneira como parte
da tensão deixa seu corpo.
— Faça o que quiser com o seu futuro. Desde que eu faça parte
dele.
— Deus. — Ela sorri contra a minha boca. — Você cou
brega.
— Você gosta de brega.
— Talvez um pouco.
— Pare de se preocupar — eu insisto.
— Mas e se…
Eu a beijo novamente.
— Pare.
— Mas eu poderia…
Eu a beijo com mais força.
— Pare.
— Aiden, mas o que…
— Ei — uma voz chama da cozinha. — Você passou.
Nós dois nos separamos, notando uma garota de onze anos
muito irritada nos julgando. Ela balança a cabeça enquanto aponta
para o computador.
— Você passou — diz Sophie novamente.
— O quê? — Cassie olha de Sophie para mim e para Sophie
novamente. — Eu passei?
Sophie veri ca a tela novamente.
— Isso é o que diz aqui.
— Oh meu Deus. — O rosto de Cassie se ilumina quando ela
joga os braços em volta do meu pescoço. — Eu passei!
Ela me puxa para um beijo que me faz fechar os olhos e desejar
muito que estivéssemos sozinhos, e eu mantenho meus braços
apertados em torno de seu corpo para mantê-la contra mim.
— Ugh — Sophie grunhe. — Vocês prometeram parar de
beijar tanto.
Eu sorrio contra a boca de Cassie.
— Estamos comemorando.
— Bem, façam algo menos nojento para comemorar — Sophie
bufa.
— Na verdade, essa é uma ótima ideia — eu digo, inclinando-
me para trás para atirar a ela um sorriso. — É por isso que z
reservas hoje à noite.
Sophie se anima.
— Nós vamos sair?
— Mm-hmm. — Eu esfrego um círculo lento nas costas de
Cassie. — Convidei Iris e sua nova namorada. Wanda e Fred
também.
Cassie ainda parece surpresa.
— Você fez reservas?
— Sim.
— Mas e se eu não tivesse passado?
Passo meus dedos em sua têmpora, afastando uma mecha solta
de seu cabelo para prendê-la atrás da orelha. Minha palma
permanece em sua bochecha, e naquele céu azul claro de seus
olhos, posso ver toda a minha vida olhando de volta para mim.
— Eu sabia que teríamos algo para comemorar — digo a ela
baixinho.
Seu sorriso é lento, seus lábios se inclinam para um lado e
depois para o outro até que ela está radiante, e quando ela se
inclina para me beijar de novo, mal consigo ouvir os gemidos
indiferentes de Sophie. Acho que ela vai nos deixar escapar com
este, provavelmente. Eu deixo minha mão vagar para o meu bolso
onde a pequena caixa de veludo está, sorrindo contra a boca de
Cassie, porque nós temos muito o que comemorar.
E estamos apenas começando.
Provavelmente é uma ideia estúpida.
Quando Marco sugeriu que eu desse uma olhada, acho que ele
quis dizer isso como uma piada. Apenas outra maneira de me
zoar por não namorar.
Então, por que estou sentado aqui, olhando para o meu
computador com uma conta recém-criada no OnlyFans?
Dou uma olhada rápida e, honestamente, não consigo ver a
diferença entre este e qualquer outro site pornô. Isso me traz de
volta à pergunta: Por que estou aqui?
Estou prestes a sair e esquecer que isso aconteceu, porque Marco
nunca saberia… mas então vejo a conta dela como uma
sugestão.
Não sei o que é sobre ela; seu rosto está coberto, seu cabelo é de
um lavanda brilhante que deve ser algum tipo de peruca –
mas algo sobre sua foto me atrai.
Clico em seu perfil, percorrendo o conteúdo gratuito apenas por
curiosidade.
Cici.
Talvez eu não saia no fim das contas…
Notas
[←1]
A frase faz referência a uma fala do personagem Duende
Verde no lme Homem-Aranha: Sem Volta para Casa.

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