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Iluminismo: o que foi, resumo,

pensadores e características

Escrito por Thiago Souza

Professor de História
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O Iluminismo foi um movimento intelectual que se tornou popular no


século XVIII, conhecido como "Século das Luzes".

Surgido na França, a principal característica desta corrente de


pensamento foi defender o uso da razão sobre o da fé para entender
e solucionar os problemas da sociedade.

Resumo sobre Iluminismo


Os iluministas acreditavam que poderiam reestruturar a sociedade do
Antigo Regime. Defendiam o poder da razão acima da fé e da religião
e buscaram estender a crítica racional em todos os campos do saber
humano.

Através da união de escolas de pensamento filosóficas, sociais e


políticas, enfatizavam a defesa do conhecimento racional para
desconstruir preconceitos e ideologias religiosas.

Por sua vez, essas seriam superadas pelas ideias de progresso e


perfectibilidade humana.

Em suas obras, os pensadores iluministas argumentavam contra as


determinações mercantilistas e religiosas.

Também foram avessos ao absolutismo e aos privilégios dados à


nobreza e ao clero. Estas ideias eram consideradas polêmicas, pois
isso abalava os alicerces da estrutura política e social do Antigo
Regime.

Desta maneira, filósofos como Diderot e D’Alembert buscaram reunir


todo o conhecimento produzido à luz da razão num compêndio
dividido em 35 volumes: a Enciclopédia (1751-1780).

A publicação da Enciclopédia contou com a participação de vários


expoentes iluministas como Montesquieu e Jean-Jacques Rousseau.
Suas ideias se difundiram principalmente entre a burguesia, que
detinha a maior parte do poder econômico. Entretanto, não possuíam
nada equivalente em poder político e ficavam sempre à margem das
decisões.

Características do Iluminismo
O iluminismo rejeitava a herança medieval e, por isso, passaram a
chamar este período de "Idade das Trevas". Foram esses pensadores
que inventaram a ideia que nada de bom havia acontecido nesta
época.

Vejamos, a seguir, as principais ideias iluministas sobre economia,


política e religião.

Economia

Em oposição ao Mercantilismo, praticado durante o Antigo Regime, os


iluministas afirmavam que o Estado deveria praticar o liberalismo. Ao
invés de intervir na economia, o Estado deveria deixar que o mercado
a regulasse. Essas ideias foram expostas, principalmente, por Adam
Smith.

Alguns, como Quesnay, defendiam que a agricultura era a fonte de


riqueza da nação, em detrimento do comércio, como defendido pelos
mercantilistas.

Quanto à propriedade privada, não havia consenso entre os


iluministas. John Locke enfatizava que a propriedade era um direito
natural do homem, enquanto Rousseau, apontava que esta era a
razão dos males da humanidade.

Política e Sociedade

Contrários ao Absolutismo, os iluministas afirmavam que o poder do


rei deveria ser limitado por um conselho ou uma Constituição.

O escritor Montesquieu, por exemplo, defendia um modelo de Estado


onde o governo estaria dividido em três poderes:

 Legislativo
 Executivo
 Judiciário.

Assim, haveria equilíbrio e menos poder concentrado numa só


pessoa. Esta ideia de governo foi adotada por quase todos os países
do mundo ocidental.
Igualmente, os súditos deveriam ter mais direitos e serem tratados de
forma igualitária. Com isso queria se afirmar que todos deveriam
pagar impostos e minorias, como os judeus, tinham que ser
reconhecidos como cidadãos plenos.

É preciso lembrar que no Antigo Regime, as minorias religiosas, como


judeus e muçulmanos, foram obrigados a se converter ou a deixar os
países onde estavam para escapar das perseguições.

Embora houvesse algumas vozes a favor das mulheres e até


pensadoras iluministas, como Émilie du Châtelet ou Mary
Wollstonecraft, nenhum homem defendeu realmente a concessão de
direitos para elas.

Religião

A religião foi muito criticada por vários pensadores iluministas.

A maioria, defendia a limitação dos privilégios do Clero e da Igreja,


bem como o uso da ciência para questionar as doutrinas religiosas.

Havia aqueles que compreendiam o poder da religião na formação do


ser humano, mas preferiam que houvessem duas esferas distintas: a
religião e o Estado.

De igual maneira, alguns iluministas defendiam o fim da igreja como


instituição e que a fé deveria ser uma expressão individual.

Principais pensadores iluministas


Segue abaixo os principais filósofos iluministas:

 Montesquieu (1689-1755)
 Voltaire (1694-1778)
 Diderot (1713-1784)
 D’Alembert (1717-1783)
 Rousseau (1712-1778)
 John Locke (1632-1704)
 Adam Smith (1723-1790)

Despotismo esclarecido
As ideias iluministas se espalharam de tal modo que muitos
governantes buscaram implantar medidas embasadas no iluminismo
para modernizar seus respectivos Estados.
Isso acontecia sem que os monarcas abdicassem de seu poder
absoluto, apenas o conciliando aos interesses populares. Deste modo,
estes governantes faziam parte do Despotismo Esclarecido.

Iluminismo no Brasil
O Iluminismo chegou ao Brasil através das publicações que eram
contrabandeadas para a colônia.

Igualmente, vários estudantes que iam à Universidade de Coimbra,


em Portugal, também tiveram contato com as ideias iluministas e
passaram a difundi-las

Revolução Francesa (1789)


A Revolução Francesa, iniciada no dia 17 de junho de 1789, foi um
movimento impulsionado pela burguesia e contou com a participação
dos camponeses e das classes urbanas que viviam na miséria.

Em 14 de julho de 1789, os parisienses tomaram a prisão da Bastilha


desencadeando profundas mudanças no governo francês.

Contexto histórico
No final do século XVIII, a França era um país agrário, com a produção
estruturada no modelo feudal. Isso significava que existiam impostos
e licenças que só eram válidos para determinadas regiões. O poder
político estava concentrado no rei e num pequeno número de
auxiliares.

Por isso, para a burguesia e parte da nobreza era preciso acabar com
o poder absoluto do rei Luís XVI.

Enquanto isso, do outro lado do Canal da Mancha, a Inglaterra, sua


rival, desenvolvia o processo de Revolução Industrial.

Fases da Revolução Francesa


Para fins de estudo, a Revolução Francesa é dividida em três fases:

 Monarquia Constitucional (1789-1792);


 Convenção Nacional (1792-1795);
 Diretório (1795-1799).

Causas da Revolução Francesa


A burguesia francesa, preocupada em desenvolver a indústria no país,
queria acabar com as barreiras que restringiam a liberdade de
comércio internacional. Desta forma, era preciso que se adotasse na
França, segundo a burguesia, o liberalismo econômico.

A burguesia exigia também a garantia de seus direitos políticos, pois


era ela quem sustentava o Estado, posto que o clero e a nobreza
estavam livres de pagar impostos.

Apesar de ser a classe social economicamente dominante, sua


posição política e jurídica era limitada.

Iluminismo

O iluminismo se propagou entre os burgueses e propulsionou o início


da Revolução Francesa.

Este movimento intelectual fazia duras críticas às práticas


econômicas mercantilistas, ao absolutismo, e aos direitos concedidos
ao clero e à nobreza.

Seus autores mais conhecidos foram Voltaire, Montesquieu,


Rousseau, Diderot e Adam Smith.

Crise econômica e política

A crítica situação econômica, às vésperas da revolução de 1789,


exigia reformas, mas gerava uma crise política. Esta se agravou
quando os ministros sugeriram que a nobreza e o clero deveriam
pagar impostos.

Pressionado pela situação, o rei Luís XVI convoca os Estados Gerais,


uma assembleia formada pelos três estamentos da sociedade
francesa:

 Primeiro Estado - composto pelo clero;


 Segundo Estado - formado pela nobreza;
 Terceiro Estado - composto por todos aqueles que não pertenciam
ao Primeiro nem ao Segundo Estado, no qual se destacava a
burguesia.

O Terceiro Estado, mais numeroso, pressionava para que as votações


das leis fossem individuais e não por Estado. Somente assim, o
Terceiro Estado poderia passar normas que os favorecessem.

No entanto, o Primeiro e o Segundo Estado recusaram esta proposta e


as votações continuaram a ser realizadas por Estado.
Desta forma, reunidos no Palácio de Versalhes, o Terceiro Estado e
parte do Primeiro Estado (baixo clero) se separam da Assembleia. Em
seguida, declaram-se os legítimos representantes da nação, formando
a Assembleia Nacional Constituinte e jurando permanecer reunidos
até que ficasse pronta a Constituição.

O juramento na Sala de Jogo de Paume, de Jean-Louis David, ilustra a união entre parte
do Primeiro Estado e o Terceiro.
Monarquia constitucional (1789-1792)
No dia 26 de agosto de 1789 foi aprovada pela Assembleia a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Esta Declaração assegurava os princípios da liberdade, da igualdade,


da fraternidade (“Liberté, égalité, fraternité” - lema da Revolução),
além do direito à propriedade.

A recusa do rei Luís XVI em aprovar a Declaração provocam novas


manifestações populares. Os bens do clero foram confiscados e
muitos padres e nobres fugiram para outros países. A instabilidade na
França era grande.

A Constituição ficou pronta em setembro de 1791. Dentre os artigos


podemos destacar:

 o governo foi transformado em monarquia constitucional;


 o poder executivo caberia ao rei, limitado pelo legislativo,
constituído pela Assembleia;
 os deputados teriam mandato de dois anos;
 instituído o voto censitário (só seria eleitor quem tivesse uma renda
mínima);
 suprimiram-se os privilégios e as antigas ordens sociais;
 confirmaram-se a abolição da servidão e a nacionalização dos bens
eclesiásticos;
 manteve-se a escravidão nas colônias.

Convenção Nacional (1792-1795)


A Assembleia Legislativa foi substituída, através do sufrágio universal
masculino, pela Convenção Nacional, que aboliu monarquia e
implantou a República. Os jacobinos eram a maioria neste novo
parlamento.

O rei Luís XVI foi julgado e sentenciado culpado por traição, sendo
condenado à morte por guilhotina e executado em janeiro de 1793.
Meses depois, a rainha Maria Antonieta teria o mesmo destino.

Internamente, as opiniões divergentes de como deveriam ser


conduzida a revolução, começavam a provocar divisão entre os
próprios revolucionários. Existiam basicamente dois grupos:

Os girondinos - representantes da alta burguesia, defendiam


posições moderadas e a monarquia constitucional.

Por sua parte, os jacobinos - representantes da média e da pequena


burguesia, constituía o partido mais radical, sob a liderança
de Maximilien Robespierre. Queriam a instalação de uma república e
um governo popular.

O Terror (1793-1794)

Dentro do período da Convenção Nacional existe um ano


extremamente violento, onde as pessoas suspeitas de serem
contrarrevolucionárias eram condenadas à guilhotina. Este período
ficou conhecido como "terror".

Isto foi possível graças a aprovação da Lei dos Suspeitos que


autorizava a prisão e morte dos considerados antirrevolucionários.
Nessa mesma altura, as igrejas eram encerradas e os religiosos
obrigados a deixar seus conventos. Aqueles que recusavam a jurar a
Constituição Civil do Clero eram executados. Além da guilhotina, os
suspeitos eram afogados no rio Loire.

A ditadura jacobina introduziu novidades na Constituição como:

 voto universal e não censitário;


 fim da escravidão na colônias;
 congelamento de preços de produtos básicos como o trigo;
 instituição do Tribunal Revolucionário para julgar os inimigos da
Revolução.

As execuções tornaram-se um espetáculo popular, pois aconteciam


diversas vezes ao dia num ato público. Para os ditadores eram uma
forma justa de acabar com os inimigos, porém essa atitude causava
medo na população que se voltou contra Robespierre e o acusou de
tirania.

Nessa sequência, após ser detido, Robespierre foi executado e este


fato ficou conhecido como “Golpe do 9 Termidor”, em 1794.

Gravura do século XIX mostrando a execução de Robespierre (centro)


Veja também: O Terror na Revolução Francesa
Diretório (1794-1799)
A fase do Diretório dura cinco anos e se caracteriza pela ascensão da
alta burguesia, os girondinos, ao poder. Recebe este nome, pois eram
cinco diretores que governavam a França.

Inimigos dos jacobinos, seu primeiro ato é revogar todas as medidas


que eles haviam feito durante sua legislação. No entanto, a situação
era delicada. Os girondinos atraíram a antipatia da população ao
anular o congelamento de preços.

Vários países, como a Inglaterra e o Império Austríaco, ameaçavam


invadir a França a fim de conter os ideais revolucionários. Por fim, a
própria nobreza e a família real no exílio buscavam organizar-se para
restaurar o trono.
Diante desta situação, o Diretório recorre ao Exército, na figura do
jovem general Napoleão Bonaparte para conter os ânimos dos
inimigos.

Desta maneira, Bonaparte dá um golpe - o 18 Brumário - onde


instaura o Consulado, um governo mais centralizado que traria paz ao
país por alguns anos.

Consequências da Revolução Francesa

Napoleão Bonaparte espalhou os ideais da Revolução Francesa através de guerras pela


Europa
Em dez anos, de 1789 a 1799, a França passou por profundas
modificações políticas, sociais e econômicas.

A aristocracia do Antigo Regime perdeu seus privilégios, libertando os


camponeses dos laços que os prendiam aos nobres e ao clero.
Desapareceram as amarras feudais que limitavam as atividades da
burguesia e criou-se um mercado de dimensão nacional.

A Revolução Francesa foi a alavanca que levou a França do estágio


feudal para o capitalista e mostrou que a população era capaz de
condenar um rei.

Igualmente, instalou a separação de poderes e a Constituição, uma


herança deixada para várias nações do mundo.

Em 1799, a alta burguesia aliou-se ao general Napoleão Bonaparte,


que foi convidado a fazer parte do governo. Sua missão era recuperar
a ordem e a estabilidade do país, proteger a riqueza da burguesia e
salvá-los das manifestações populares.

Por volta de 1803 têm início as Guerras Napoleônicas, conflitos


revolucionários imbuídos dos ideais da Revolução Francesa que teve
como protagonista Napoleão Bonaparte.

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