Teoria da Literatura Estácio - introdução
Teoria da Literatura Estácio - introdução
Teoria da Literatura Estácio - introdução
APRESENTAÇÃO
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BEM-VINDO(A) À DISCIPLINA ONLINE: TEORIA DA LITERATURA III
Você já ouviu falar em crise do sujeito moderno? Historicamente este sujeito moderno é conhecido pela sua
consciência humanista, científica e tecnológica, ao projetar-se, desde o fim da renascença, como perspectiva de si
mesmo, ou seja, como valor e medida do mundo, além de centro do Universo. Este mesmo sujeito moderno ficou
eternizado pela famosa frase do filósofo francês René Descartes, Cogito, ergo sum (traduzida por "penso, logo sou
/existo"), que foi tornada um conceito (o Cogito cartesiano), como insígnia desta consciência moderna, “logo”
critica. Na literatura ele nasce em Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, e mais tarde, no século XIX, vai
Mais tarde, já no século XX, após a bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki, ficou difícil que esta consciência se
sustentasse, diante da iminência do fim e da morte, devido à ganância pelo poder e a utilização das pesquisas
cientificas e tecnológicas como forma de dominação e destruição em massa. E foi neste momento, após um longo
período bélico na primeira metade do século XX, que ele entrou em crise. Pois, como seria possível, a partir
daquele momento, repensar suas certezas e garantias, fossem elas humanas, existenciais, econômicas ou sociais?
Pois, ao dar-lhe senhas, números e condicionar seu corpo e sua esfera inconsciente pela lógica maquínica e
perversa da produção e consumo, o materialismo econômico disseminou-se como valor dominante em nossa
sociedade industrializada, através dos meios de comunicação de massa e das mídias, na contemporaneidade,
transformando aquele sujeito em mão de obra disciplinada e mercadoria descartável. Em outras palavras, a
existência do sujeito não estava mais determinada pela sua consciência racional e conhecimento científico, mas
sim peta sua capacidade de produzir e consumir instintiva e alienadamente no mundo capitalista e civilizado do
pós-guerra.
Com o fim da guerra, tornou-se evidente o crescimento do capitalismo e de sua macroestrutura socioeconômica
que assolou e absorveu este modelo de sujeito, assimilando-o, ao mesmo tempo em que o desumanizou.
Pois então, perguntamos como é possível pensar em tudo isso e processar tantas informações em termos de
Literatura, ao relacionar os domínios e saberes ao longo da história social do homem no século XX e seu reflexo
na contemporaneidade de nossos dias? Para responder a esta questão, podemos antecipar que a Literatura não é
somente um objeto estético e prazeroso, mas, muito além, é um campo teórico privilegiado e uma ferramenta
crítica de experimentação e investigação da existência humana. Logo, é através deste espaço irredutível e desta
ferramenta teórica preciosa que convidamos você a desdobrar esta questão, ao investigarmos a crise e o
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Aula 01 Do Método Formal à Consciência Estrutural
Saussure, desde a metodologia científica herdada do Formalismo Russo, sob a influência das pesquisas sobre a
sobre o inconsciente e a linguagem em Saussure, com a finalidade de destacar sua análise da fala, vista por ele
como campo das trocas sociais e inconscientes, ao tomar por base o significante, além da língua como o código
Nesta aula trataremos do conceito de estrutura em Saussure como perspectiva de análise do objeto literário. Em
seguida, abordaremos o processo de formação da Antropologia moderna estrutural do etnólogo Claude Levi-
Strauss, através de suas pesquisas sobre as culturas primitivas. Ao investigar a oralidade das narrativas míticas
indígenas segundo a perspectiva estrutural saussureana, Levi-Strauss revelará não apenas os traços culturais
das sociedades primitivas, mas, sobretudo, o mito como elemento estruturador do inconsciente individual e
social da tribo.
Nesta aula abordaremos a psicanálise de Lacan, que retoma a linguística e estabelece a linguagem como base
estrutural do inconsciente, reveladora da nova perspectiva do sujeito. Veremos o modo pelo qual Roland Barthes
se apropriará da psicanálise lacaniana ao afirmar o impulso desejante como marca de um novo sujeito leitor,
marcado pelo inconsciente, ao buscar na leitura uma experiência vivencial movida pelo prazer e pela fruição
como modo de provocar um descentramento, no texto literário, dos postulados formais do autor e da obra.
Ainda sob a perspectiva de Roland Barthes, trataremos da análise estrutural da narrativa, vista como a criação
de uma gramática da narrativa, além dos conceitos de obra e texto. Em seguida, abordaremos a relação entre a
materialidade da linguagem e o lugar crítico do discurso, segundo o próprio Barthes e Michel Foucault.
Nesta aula veremos a relação entre duas teorias estéticas que se complementam, ao estabelecerem a literatura
como um sistema que se define pela relação dinâmica entre autor, obra e leitor, como produção, comunicação e
recepção, ao considerar a receptividade do leitor e seu possível horizonte histórico e sócio cultural. De outro
modo, verificaremos o modo pelo qual este leitor idealizado por Hans Robert Jauss é visto, segundo Wolfgang
Iser e Stanley Fish, sob a lente hermenêutica interpretativa, que tenta rastrear o efeito estético produzido pela
obra no leitor.
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Nesta aula abordaremos o conceito de Sociedade do Espetáculo, retirado do livro homônimo de Guy Debord,
lançado em 1967, onde é feita uma análise crítica da moderna sociedade industrial de consumo. Veremos o
conceito de espetáculo como um conjunto de imagens integradas que vão produzir um irrealismo social, ao
forjar uma relação social mediada por imagens. Analisaremos a produção de uma realidade ilusória baseada na
imagem, representação e aparência, como inversão concreta da vida e subversão dos valores fundados na
experiência, além de sua repercussão com a revolução social estudantil em maio de 1968 em Paris.
Nesta aula abordaremos a gênese do pós-estruturalismo, desde a filosofia de Friedrich Nietzsche aos estudos de
Karl Marx e a psicanálise de Freud, que servirão de base para as propostas de Jacques Derrida, Gilles Deleuze e
Michel Foucault, ao investigarem a crise do sujeito após o Maio de 68. Veremos o movimento de desconstrução
dos lugares institucionalizados, inicialmente pelas propostas de Jacques Derrida na literatura, e seu conceito de
desconstrucionismo.
Nesta aula veremos a filosofia de Gilles Deleuze a partir do seu livro O Anti-Édipo, em parceria com Félix
Guattari, que investiga as relações entre o capitalismo e o inconsciente. Abordaremos os conceitos de literatura
menor, devir e exterior, ao investigar a literatura como a experiência de um acontecimento na fronteira entre a
linguagem e a vida. Verificaremos o modo pelo qual a literatura é tomada como um empreendimento de saúde e
Nesta aula trataremos da filosofia de Michel Foucault em dois momentos, que são a arqueologia do saber e a
genealogia do poder. Abordaremos a relação entre a linguagem e o discurso, ao tomar o corpo como objeto e alvo
do saber e do poder, desde a sociedade disciplinar da era clássica e suas formas de dominação, até o Panoptismo
Nesta aula trataremos da identidade cultural na modernidade e pós-modernidade, a partir da crise do sujeito
moderno até a contemporaneidade, segundo Stuart Hall. Abordaremos a crise do sujeito em relação aos
deslocamentos das estruturas culturais nas sociedades modernas abalados pela cultura de massa produzida pelo
capitalismo. Em seguida, veremos de que maneira é possível contextualizar o Brasil, sob a perspectiva
Bibliografia
BARTHES, Roland et al. Análise estrutural da narrativa. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
LIMA, Luiz Costa. Teoria da literatura em suas fontes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. v. 2.
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ZILBERMAN, Regina. Estética da recepção e história da literatura. São Paulo: Ática, 1989.
A disciplina Teoria da Literatura 3 tem por objeto e desafio estudar o homem do século XX até a
contemporaneidade, através das teorias literárias deste período, que vão desde o estruturalismo até a estética da
recepção, passando pela análise da sociedade moderna industrial e a produção da realidade do espetáculo, pela
rebelião dos estudantes e das minorias identitárias do maio de 1968 em Paris, até o pós estruturalismo e os
estudos culturais.
Pretende-se que nosso aluno chegue ao fim desta disciplina consciente, em primeiro lugar, da importância da
Literatura não apenas como objeto de prazer, mas como um espaço de pensamento e um saber descentralizador
das formas dominantes e institucionalizadas pelas estruturas econômicas, veiculados através dos meios de
capitalista, desde o século XX até a espetacularização digital dos dias de hoje, tentaremos proporcionar ao nosso
aluno o conhecimento e a reflexão sobre as marcas que envolvem sua identidade no tempo e espaço, para que ele
possa, através da Literatura, potencializar sua sensibilidade, diante dos valores que operam sobre sua esfera
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