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A Razão brilha para todos + atividade

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História

Prof: Tunai Rehm


ARTIGO

------/2025
Campus
Castanhal
ALUNO (A):
2º ANO
Tema: Renascimento

A Razão Brilha para todos expandir a circulação das ideias para um público cada vez
mais extenso, incentivando o desenvolvimento da cultura
Muito além das artes, o renascimento transformou a letrada, ainda bastante limitada. Embora muitos fossem
vida social e o comportamento do homem comum analfabetos, as informações eram repassadas pelos que liam
e repetidas oralmente aos demais, contribuindo para alargar
O sorriso enigmático da Mona Lisa faz por merecer a a visão de mundo e para reordenar os papéis a serem
multidão de turistas e a enxurrada de flashes que a registram desempenhados pelos homens na sociedade.
todos os dias no Museu do Louvre, em Paris. Criada por Do macro ao micro, inovações tecnológicas mudaram
Leonardo Da Vinci no início do século XVI, a Gioconda é o entendimento do mundo. Enquanto ateoria heliocêntrica
resultado da utilização de técnicas de pintura apuradíssimas provava que a Terra girava em torno do Sol (e não o
e proporções corporais exatas, sem falar no famoso meio contrário, como normalmente se acreditava), microscópios
sorriso e no olhar enviesado. Mais do que uma revolução desvendavam seres desconhecidos ao olho humano. O estudo
artística, porém, o que aquela criação testemunha é um da dissecação de cadáveres, que permitia a mestres da arte
período de transformações culturais e sociais que varreriam a pintarem e esculpirem figuras humanas em perfeição de
Europa e dariam luz ao homem moderno. detalhes, também gerava avanços na medicina. Entender a
Em geral, o Renascimento é celebrado por suas composição e o funcionamento do corpo – veias, ossos,
grandes obras na pintura, na escultura e na arquitetura. músculos, órgãos internos e externos, sistemas digestivo,
Artistas do quilate de Michelangelo, Rafael, Da Vinci, Botticelli, circulatório e respiratório – auxiliava na descoberta, na
Caravaggio, Arcimboldo, El Greco, Bruegel, Bosch, entre identificação e no tratamento de mazelas. Aos poucos,
tantos outros, reiventarama arte com novas noções de explicações sobrenaturais para as doenças, como espíritos
dimensão espacial, emprego das cores e valorização dos malignos ou influência do demônio, eram substituídas por
planos e contrastes, como ochiaroescuro, ornamentação tratamentos racionais e científicos. Surgiram o termômetro e
detalhada e equilíbrio geométrico. Mais tarde, o conceito uma série de novos instrumentos e técnicas cirúrgicas,
de renascença seria estendido à literatura, à filosofia e à remédios químicos e minerais, a exemplo do mercúrio.
ciência. Na escrita, Cervantes, Camões, Maquiavel, Montaigne Passou-se a produzir membros artificiais, como pernas e
e Erasmo detalhavam desejos, medos, qualidades e defeitos braços mecânicos, as suturas substituíram a cauterização de
do ser humano e de sua moral. Era a razão se sobrepondo à ferimentos. Popularizou-se a ideia do cuidado com a saúde,
fé. Descreviam a utopia de um homem novo e do mundo diminuiu a necessidade de amputações, aumentou a
perfeito, num tempo em que sonhar era arriscado. expectativa de vida.
Foi também um momento de exacerbação da Nos campos, o aperfeiçoamento de arados, alavancas
escatologia, do realismo grotesco e do vocabulário das ruas, de rosca e moinhos hidráulicos somava-se a métodos
presentes nas obras Gargântua (c. 1532) ePantagruel (c. organizados de plantio e experiências vindas de outras
1564), de François Rabelais, a retratar celebrações e atos regiões e continentes, efeito das grandes navegações.
cômicos do cotidiano popular. Cientistas como Copérnico, Resultado: aumentou a produção e a oferta de alimentos e
Galileu, Vesalius e Kepler ajudavam a compreender os amenizou-se o trabalho árduo na lavoura, com reflexos
fenômenos da natureza pela própria natureza, e não mais por imediatos na saúde da população.
vontade divina. O homem, em vez de Deus, passava a ocupar O tempo passou a ser contado com maior exatidão
o centro das atenções. do que antes, quando o máximo de que se dispunha eram
O historiador francês Jean Delumeau, em A ampulhetas, quando não o badalar dos sinos das igrejas. O
civilização do Renascimento, afirma que este movimento relógio mecânico, composto por complexa engrenagem de
ensinou o homem “a atravessar os oceanos, a fabricar ferro rodas denteadas, molas e ponteiros, tornava precisa a
fundido, a servir-se das armas de fogo, a contar as horas com indicação de horas e minutos, aumentando o controle sobre
um motor, a imprimir, a utilizar dia a dia a letra de câmbio e as rotinas diárias. Tratados como verdadeiros objetos de arte,
o seguro marítimo”. Fez mais: despertou o interesse pelo ficavam muitas vezes expostos em edificações e praças
conhecimento do corpo, definiu maneiras de pensar a política públicas, enfeitando a paisagem e ordenando os afazeres,
e o sagrado, permitiu a descoberta de terras e costumes no fixando e disciplinando compromissos ou a contagem das
contato com outros povos, incentivou o avanço nas ciências horas trabalhadas.
e no modo de entender a ordem do mundo. Pintores, A aplicação dos símbolos matemáticos + e –, em vez
escultores e escritores representaram o cotidiano e os de escritos por extenso, o uso de frações decimais, a invenção
costumes de camponeses e citadinos, a natureza, os rituais da máquina de calcular por Blaise Pascal, em 1642, a
da aldeia, as fases da vida, o trabalho diário, a produção e o padronização de pesos, medidas e valores monetários
preparo dos alimentos, as festas, as danças, os jogos, as garantiam contas mais rápidas e a exatidão de quantidades e
feiras, as batalhas, a morte, o amor. preços, auxiliando os registros comerciais de compra e venda
Mas qual terá sido o impacto prático do Renascimento de mercadorias.
para o homem comum? O florescimento das cidades, a ascensão burguesa, as
O advento da imprensa – graças à invenção dos tipos novas normas de convivência e civilidade e o fortalecimento
móveis por Gutenberg na década de 1450 – tornou-se do individualismo levaram a mudanças até nos casamentos,
poderoso fator de transformação social, ao acelerar e que começavam a respeitar as preferências de cada pessoa,

1
ao contrário dos matrimônios arranjados da Idade Média. de Macabeias da Colônia: Criptojudaísmo feminino na
Extremamente sensível às transformações de seu tempo, Bahia (Alameda, 2012).
coube a William Shakespeare criar o símbolo máximo dessa
revolução: a tragédia de Romeu e Julieta (1597), dois jovens Saiba mais - Bibliografia
apaixonados que sacrificam suas vidas em nome do amor,
pondo fim à milenar rivalidade entre suas famílias. BURCKHARDT, Jacob. A cultura do Renascimento na Itália.
O teatro, por sinal, mobilizava grandes públicos e era São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
um veículo importante para disseminar as mudanças de BURKE, Peter. Cultura popular na Idade Moderna. Europa,
costumes. O próprio Shakespeare possuía, em sociedade, 1500-1800. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
o Globe Theatre, localizado junto ao rio Tâmisa, na capital DELUMEAU, Jean. A Civilização do Renascimento. Vol. 1.
inglesa. As peças eram encenadas durante o verão e com dia Lisboa: Editorial Estampa, 1983.
claro, para garantir transporte à plateia até a outra margem
do Tâmisa e se encerrar cedo, pelo risco de assaltos. Os FONTE: REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA
cenários eram simples, com poucos adereços, e os papéis NACIONAL.
femininos ainda eram interpretados por homens, pois Edição Novembro de 2013.
mulheres eram proibidas de representar. Elas também
raramente apareciam na plateia. Algumas companhias
realizavam turnês, levando os espetáculos, recheados de ATIVIDADE AVALIATIVA
críticas sociais, para públicos que viviam longe das grandes
cidades, divulgando novas ideias e aumentando o interesse RECUPERAÇÃO (10 PTS)
popular pela arte.
Embora os efeitos do Renascimento se fizessem 01 – Segundo o historiador Jean Delumeau, o
sentir principalmente nas cidades, os locais mais afastados movimento renascentista foi responsável por
também foram influenciados pelas transformações da época. inúmeros ensinamentos. Quais seriam eles?
A rotina dos camponeses e das classes populares nunca mais
seria a mesma: na forma de comer, no modo de trabalhar,
nas relações sociais, na crítica aos valores estabelecidos, na 02 – Qual a responsabilidade da imprensa no processo
relação com Deus e com o clero. Um mundo com maior de expansão das ideias renascentistas?
presença da razão começava a ganhar força e a moldar as
raízes do homem contemporâneo.
Mas a soberania da razão não impede a renovação 03 - Quais as inovações tecnológicas foram criadas no
dos horrores humanos: guerras religiosas e pela formação de período renascentista?
Estados, a miséria e a fome que se alastravam pela Europa,
armas de fogo mais potentes, a violência da conquista de
novas terras e povos, a escravização de africanos. Os 04 – Explique como o movimento renascentista
questionamentos à ordem estabelecida também geraram impactou inclusive as relações amorosas, mais
reações conservadoras, principalmente da Igreja. A especificamente, os casamentos.
Inquisição foi intensificada, espalhando uma atmosfera de
perseguição e medo nas sociedades sob a alçada do Santo
Ofício, como Portugal, Espanha e Itália. Perseguiam-se 05 – Se, por um lado, o renascimento contribuiu com
bruxas, hereges, protestantes, homossexuais, descendentes o beneficio do uso da razão, ao mesmo tempo, muitos
de judeus e mouros, proibiam-se livros e a divulgação de distúrbios ainda ocorriam na Europa. Cite alguns dos
valores contrários à moral cristã. Indivíduos eram horrores que ocorreram na Europa neste momento.
denunciados, presos, processados e, no limite, condenados à
morte. Não eram poucos os que continuavam a acreditar em
superstições, na influência do diabo e nos castigos divinos
como explicação para os problemas do dia a dia. Os pintores
flamengos Hieronymus Bosch e Pieter Brueghel, em quadros
como Juízo Final e O triunfo da Morte, retrataram os terrores
que alimentavam o imaginário popular, recheado de
monstros, doenças, demônios, fantasmas, vícios, seres
híbridos, hermafroditas.
Se hoje as obras de arte renascentistas são
conhecidas em todo o mundo, na época eram financiadas por
mecenas e costumavam ficar restritas a poucos, enfeitando
palácios ou residências burguesas. Foi em termos de impacto
social e cultural que o Renascimento extrapolou todos os
limites. “Penso, logo existo”, filosofou Descartes. Quando o
pensamento humano se liberta, um novo mundo pode existir.

Angelo Adriano Faria Assis é professor da Universidade


Federal de Viçosa e autor de João Nunes, um rabi
escatológico na Nova Lusitânia: sociedade colonial e
inquisição no nordeste quinhentista (Alameda, 2011), e

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