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TÉCNICO DE TURISMO

TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO EM
ACOLHIMENTO TURÍSTICO
MÓDULO 1
A Comunicação nas
Relações Interpessoais

Tempos:44
Horas: 33
Ano Letivo 2021/2022
APRESENTAÇÃO
Este módulo visa fornecer aos alunos um conjunto de
conhecimentos teóricos que facilitem a compreensão do
fenómeno comunicativo, na sua complexidade e
multidimensionalidade, bem como o desenvolvimento de
competências que possibilitem uma correta e eficaz
comunicação interpessoal, em conformidade com o perfil
desejável de um técnico de turismo.

A definição de comunicação, a estrutura do ato comunicativo,


os diversos tipos e modos de comunicação e, ainda, a
comunicação perspetivada enquanto processo de influência,
constituem o núcleo duro dos conteúdos a ministrar neste
módulo.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 Conhecer o conceito de comunicação;
 Identificar os diversos elementos constitutivos do ato comunicativo;
 Distinguir a comunicação interpessoal de outros tipos de
comunicação;
 Diferenciar e definir os modos verbais dos modos não verbais de
comunicação;
 Reconhecer as quatro distâncias da comunicação interpessoal;
 Compreender as condicionantes culturais das formas de
comunicação;
 Reconhecer a linguagem como um sistema aberto;
 Reconhecer a comunicação como processo de influência;
 Otimizar competências de comunicação verbal e não verbal
ÂMBITO DOS CONTEÚDOS
1. Definição de comunicação;
2. Componentes do acto comunicativo (emissor, recetor,
mensagem, canal, código, contexto,
feedback);
3. Distinção entre comunicação interpessoal e outros tipos
de comunicação (comunicação animal,
social, institucional, etc.);
4. Modos de comunicação interpessoal:
4.1. Modos verbais (escrita e fala);
4.2. Modos não verbais:
4.2.1. Contacto corporal (as diferenças interculturais);
4.2.2. Distância interpessoal (as quatro distâncias: íntima,
pessoal, social, pública);
4.2.3. Postura (relação com a circunstância, o estatuto, a
hierarquia);
4.2.4. Comportamento motor-gestual;
4.2.5. Comportamento mímico do rosto (relação entre a
expressão facial, as emoções, a personalidade e a produção
verbal);
4.2.6. O comportamento visual,
4.2.7. Aspetos não verbais da fala.
5. Comunicação e processo de influência:
5.1. Escolhas na codificação e descodificação da mensagem;
5.2. A complexidade da palavra (dimensão semântica);
5.3. A linguagem como sistema aberto (contexto e sentido; os
neologismos; as novas expressões);
5.4. O sistema linguístico como espelho da sociedade e da
cultura (níveis de linguagem como
expressão de convenções sociais – ex. dialetos,
regionalismos, etc.)
Definição de Comunicação
Todos os seres vivos de alguma forma comunicam….

O mundo só “existe “ desde que alguém começou a relatar o


que estava ao seu redor a alguém que entendia o que estava
a ser dito.

Charles Cooley defendeu que a comunicação é o


“mecanismo através do qual existem e se desenvolvem as
relações humanas”.

A palavra comunicação deriva do latim, do termo


communicare, que significa pôr em comum, associar, entrar
em relação, estabelecer laços, tornar comum, partilhar
Comunicar: é uma troca de ideias , opiniões e
mensagens, contemplando o intercâmbio de
informação entre sujeitos ou objetos.

É um fenómeno espontâneo e natural que se usa


sem dar conta e que esconde um processo mais
complexo, que envolve a troca de informações e
utiliza os sistemas simbólicos como suporte. Estão
envolvidas neste processo uma infinidade de
formas de comunicar.
Componentes do ato comunicativo
 Emissor;
 Mensagem – informações;
 Código
 Contexto;
 Canal de transmissão da mensagem;
 Recetor;
Emissor:
representa quem pensa, codifica e envia a mensagem, ou seja, quem
inicia o processo de comunicação.

Mensagem:
Informação, ideia ou pensamento que se pretende transmitir.
A mensagem pode ser transmitida por palavras, símbolos, gestos ou
qualquer outra forma, desde que compreensível
Código:
Corresponde à forma como a mensagem é transmitida, sendo um sistema
de significados comuns aos membros que efetuam (ou pretendem
efetuar) a comunicação. A codificação da mensagem pode ser feita
transformando o pensamento que se pretende transmitir em palavras,
gestos ou símbolos que sejam compreensíveis por quem os recebe.

A escolha do código depende das características do canal escolhido para


fazer a transmissão.
Canal de transmissão da mensagem:
É o meio físico pelo qual a mensagem é transmitida, ou seja, é o
elemento que faz a ligação entre o emissor e o recetor.

Existem vários canais:

• Ar
• Sonoro
• Escrita Ar
• Audiovisual
Audiovisual
• Multimédia
• Hipermédia Sonoro
Hipermédia

Escrita Multimédia
Contexto:
Situação específica em que se processa a transmissão da
mensagem. O contexto varia consoante o tipo de canal de
transmissão utilizado, as características do emissor e do(s)
receptor(es), o local onde se processa a situação, a escolha do
canal de transmissão e o tipo de codificação.
Receptor
É quem recebe e descodifica a mensagem transmitida. Este
pode ser uma pessoa ou um grupo de pessoas, pois podem
existir numerosos receptores para a mesma mensagem.
Depois de o receptor receber e interpretar a mensagem
transmitida, emite uma informação de retorno à mensagem
recebida, sendo esta ação designada de feedback.
Barreiras à comnicação
•barreiras pessoais;
•barreiras físicas;
•barreiras semânticas.
1. Barreiras pessoais

Podem ocorrer durante os processos de codificação e


descodificação da mensagem, podendo, assim, situar-se:
Ao nível do emissor:
•incompreensão das motivações do receptor;
•incapacidade para se colocar no lugar do seu receptor;
•utilização de um código inadequado;
•deficiente elaboração mental da mensagem;
•deficiente escolha dos meios e/ou do local onde se
estabelece a comunicação.
Ao nível do receptor:
•desinteresse em captar a mensagem;
•antecipação da resposta, por não saber escutar
activamente;
•competição entre interlocutores;
•preconceitos em relação ao emissor;
•estado psicológico (emocional, situação actual, etc.).
2. Barreiras físicas

Interferem ao nível do canal onde se desenvolve a


comunicação e podem ser:
•ruídos ou barulhos (no exterior, conversas de terceiros,
etc.);
•desproporção do volume de informação em relação aos
meios de comunicação;
•avarias ou deficiências nos meios escolhidos para
enviar a mensagem.
3. Barreiras semânticas

São constituídas pelas limitações dos símbolos com que


se comunica, já que estes podem possuir significados
diferentes. São exemplos disso:
•não adequação da linguagem aos papéis sociais;
•conotações não entendidas (por exemplo, meio
rural/meio urbano);
•não correspondência da linguagem verbal à linguagem
não verbal.

http://www.youtube.com/watch?v=c9sd7tU5ndg

https://www.youtube.com/watch?v=ckoCrrF1kBo
3. Distinção entre comunicação interpessoal e
outros tipos de comunicação

Distinguem-se vários tipos de partilha de informação que


representam características específicas.

• Comunicação intrapessoal
• Comunicação interpessoal
• Comunicação institucional
• Comunicação animal
• Comunicação social
3.1. Comunicação intrapessoal

A comunicação intrapessoal é a comunicação que


uma pessoa tem consigo mesma; é a chamada "voz da
consciência", que corresponde ao diálogo interior onde
se debatem as nossas dúvidas, orientações e escolhas.
Este tipo de comunicação, onde o emissor e o receptor
são a mesma pessoa, interfere profundamente nas
outras formas de comunicação, sendo a comunicação
mais difícil, pois tenta expressar as múltiplas vozes que
se manifestam num indivíduo.

http://www.youtube.com/watch?v=C8hq4oTiIgI
3.2. Comunicação interpessoal

A comunicação interpessoal é um método de


comunicação que promove a troca de informações
entre duas ou mais pessoas. Cada pessoa
(interlocutor) troca informações baseadas no seu
repertório cultural, na sua formação educacional, nas
suas vivências e emoções. O processo de
comunicação prevê, obrigatoriamente, a existência
mínima de um emissor e de um receptor.

http://www.youtube.com/watch?v=mnLY0u1Vddo

http://www.youtube.com/watch?v=mbG5rLn9jRs
3.3. Comunicação institucional
A comunicação institucional, também designada de
empresarial ou organizacional, é um processo de
comunicação dos valores e objectivos de uma
empresa ou instituição.
Esta comunicação é dirigida tanto ao público interno
(funcionários e administradores) como ao externo
(clientes, parceiros comerciais, accionistas, público
em geral), com o objectivo de consolidar a confiança
junto dos públicos. Assim, é um esforço deliberado e
planeado para estabelecer relações de confiança
entre o mundo empresarial e todo o seu público, para
a concretização e alcance de um objectivo comum.
Todos os instrumentos de comunicação interna e
externa devem ser coordenados para projectar uma
imagem institucional consistente.
http://www.youtube.com/watch?v=gznCezCVr6o

http://www.youtube.com/watch?v=vw8zZ33qzXw

http://www.youtube.com/watch?v=st2ONy6eDmE
3.4. Comunicação animal
A comunicação animal tem o mesmo objectivo da humana:
transmitir informações. Os animais comunicam com uma linguagem
própria, que varia de espécie para espécie. Com a sua fala
característica, os animais comunicam entre si, e também com os
seres humanos, sendo mais bem ou menos bem entendidos,
mediante a compreensão, atenção e dedicação dos ouvintes.
Como comunicação animal entende-se "qualquer comportamento
da parte de um animal que tem algum efeito imediato ou futuro sobre
o comportamento de outro animal".
Apesar de não existir nenhuma espécie animal com uma
comunicação tão complexa como a humana, algumas possuem
métodos de comunicação sofisticados.
http://www.youtube.com/watch?v=2kmzX9yeQtU

http://www.youtube.com/watch?v=JG0mWrznxcs
3.5. Comunicação social

A comunicação social é o intercâmbio de informação


para massas. Este tipo de comunicação engloba áreas
como o Jornalismo, Relações Públicas, Rádio e TV,
Imagem e Som, Produção Editorial, Publicidade e
Propaganda, Cinema e Vídeo e Produção Cultural.

A comunicação social é uma das construções


ideológicas mais potentes que o ser humano já realizou.
Não há caminho mais curto entre a informação e a
sociedade nem método mais eficiente de
consciencializar o público.
4. Modos de comunicação interpessoal

Embora os tipos de comunicação interpessoal sejam inúmeros,


podem ser agrupados em comunicação verbal e comunicação
não verbal.
Como comunicação não verbal podem considerar-se os gestos,
os sons, a mímica, a expressão facial, as imagens, entre outros. É
frequentemente utilizada em locais onde o ruído ou a situação
impede a comunicação oral ou escrita, como, por exemplo, as
comunicações entre dealers nas bolsas de valores. É também muito
utilizada como suporte e apoio à comunicação oral.

Quanto à comunicação verbal, que inclui a comunicação escrita


e a comunicação oral, por ser a mais utilizada na sociedade, em
geral, e nas organizações, em particular, por ser a única que permite
a transmissão de ideias complexas e por ser um exclusivo da
espécie humana, é aquela que mais atenção tem merecido dos
investigadores, caracterizando-a e estudando quando e como deve
ser utilizada.
4.1. Modos verbais - Comunicação escrita

A principal característica da comunicação escrita é o facto de o


receptor estar ausente, tornando-a, por isso, num monólogo
permanente do emissor. Esta característica obriga a alguns
cuidados por parte do emissor, nomeadamente com o facto de se
tornarem impossíveis, ou pelo menos difíceis, as rectificações e
as novas explicações para melhor compreensão após a sua
transmissão. Assim, os principais cuidados a ter para que a
mensagem seja perfeitamente recebida e compreendida pelo
receptor são:

•o uso de caligrafia legível e uniforme (se manuscrita);


•a apresentação cuidada;
•a pontuação e ortografia correctas;
•a organização lógica das ideias;
•a riqueza vocabular;
•a correcção frásica.
Principais vantagens da comunicação escrita:

•é duradoura e permite um registo; permite uma maior atenção à


organização da mensagem, sendo, por isso, adequada para
transmitir políticas, procedimentos, normas e regras;

•adequa-se a mensagens longas que requeiram uma maior


atenção e tempo por parte do receptor, tais como relatórios e
análises diversas.

Principais desvantagens da comunicação escrita:

•ausência do receptor, o que impossibilita o feedback imediato;


•não permite correcções ou explicações adicionais;
•obriga ao uso exclusivo da linguagem verbal.
Comunicação oral

A sua principal característica é a presença da receptor.


A voz é a grande ferramenta para a comunicação oral e, quando
usada de forma inadequada, pode trazer prejuízos, na medida em
que um emissor com má voz (rouco, cansado ou com tom
abafado) poderá causar desinteresse ou até irritabilidade no
receptor.
Os terapeutas da fala defendem que o tom de voz e o ritmo são
características próprias de cada pessoa. O ritmo também é um
aspecto da personalidade: as pessoas mais ansiosas tendem a
falar rápido, enquanto as mais retraídas falam lentamente.

http://www.youtube.com/watch?v=1TFJ6ANvLKs
Principais vantagens da comunicação oral:

•permite o feedback imediato;


•permite a passagem imediata do receptor a emissor e vice-versa;
•permite a utilização de comunicação não verbal, como os gestos, a
mímica e a entoação.
Para que estas vantagens sejam aproveitadas é necessário o
conhecimento dos temas, a clareza, a presença e a naturalidade, a
voz agraciável e a boa dicção, a linguagem adaptada, a segurança e
o autodomínio e, ainda, a disponibilidade para ouvir

Principais desvantagens da comunicação oral:

•é efémera, não permitindo qualquer registo;


•não se adequa a mensagens longas e que exijam análise
cuidada por partedo receptor.
4.2. Modos não verbais

A comunicação não verbal realiza-se através de códigos


apresentativos (os códigos usados para produzir textos são os
códigos representativos). É a comunicação que não é feita com
sinais verbais nem com a fala ou com a escrita e é possível na
medida em que as pessoas não se comunicam apenas por
palavras. Os movimentos faciais e corporais, os gestos, os
olhares, as entoações são também importantes: são os elementos
não verbais da comunicação.
Está limitada à comunicação "frente a frente", já que os
significados de determinados gestos e comportamentos variam
muito de uma cultura para outra e de época para época.
O corpo humano, através da chamada comunicação corporal,
é o principal transmissor de códigos apresentativos, assumindo
um papel de relevo na comunicação. De acordo com estudos
realizados, acredita-se que cerca de 65% das mensagens que se
emitem e recebem ao longo do dia são não verbais.
Um dos autores mais conceituados nesta área, o Professor
Michael Argyle (1925-2002), psicólogo social inglês, identificou
dez códigos apresentativos como sendo os mais importantes:
•contacto corporal;
•proximidade;
•orientação;
•aparência;
•movimentos da cabeça;
•expressão facial;
•gestos (ou quinese);
•postura;
•movimento dos olhos e contacto visual;
•aspectos não verbais do discurso
•4.2.1. Contacto corporal

O contacto corporal é a forma mais primitiva de acção social e


pode traduzir-se nos mais diversos gestos: abraços, carícias,
beijos, apertos, pancadas, etc.
Tem duas vertentes: o acto de tocar e o acto de ser tocado. No
acto activo predomina a dimensão exploratória, ao passo que no
acto passivo predomina a recepção dos sinais provenientes de
um agente exterior.
Este sinal não verbal assume usos e significados diversos
consoante as diferenças interculturais: por exemplo, nas culturas
inglesa e japonesa, o contacto corporal é escasso, ao passo que
nas culturas africana e árabe é amplamente utilizado. Em termos
gerais, poder-se-á considerar que a frequência do contacto físico
transmite, habitualmente, um sentido de intimidade, uma vez que
em grande parte das culturas ele é usado nas mais diversas
manifestações de afecto entre membros de uma familia.
4.2.2. Proximidade ou distância interpessoal

Algumas teorias defendem que existe um grau óptimo de


distância física entre as pessoas. É o caso da teoria do equilíbrio,
que defende que o espaço pessoal varia com a intimidade entre os
indivíduos e que, quanto mais ,..íntimos, mais os indivíduos tendem
a aproximar-se.
Considerando esta variação "territorial" de distância ': pessoal,
podemos falar em quatro tipos de distâncias: ç,' íntima, pessoal,
social e pública.
Distância íntima
Refere-se a uma relação de compromisso com outra pessoa. A
presença do outro causa um impacto sobre o sistema perceptivo,
estendendo-se até cerca dosa cinquenta centímetros para lá do
corpo físico, constituindo uma verdadeira "zona' interdita", onde o
odor e a temperatura estabelecem os limites. Nessa zona
"perigosa" apenas entram os seres pelos quais se sente afecto,
sendo a rigidez muscular e um olhar vago e longínquo técnicas de
defesa amplamente utilizadas.

Distância pessoal
Varia até aos cento e cinquenta centímetros. É uma distância não
esférica, que exige maior comprimento para a frente do que para os
lados ou para trás, talvez porque, inconscientemente, a distância
"cara a cara" seja mais inibidora e potencialmente mais perigosa
que "lado a lado".
Distância social
Rege, sobretudo, o comportamento profissional e varia entre os
cento e vinte e os trezentos e sessenta centímetros. Pode situar-se
na distância das negociações impessoais e no carácter formal das
relações sociais.
Inconscientemente, esta distância é gerida segundo a cultura do
local de trabalho e segundo o estatuto social dos interlocutores,
podendo variar.

Distancia pública
Situa-se fora do circuito imediato de referência do indivíduo e
implica diversas transformações sociais. Estende-se para além dos
três metros e meio. Usa-se um estilo formal no vocabulário. É muito
frequente nas personalidades oficiais importantes, que mantêm um
tom de voz elevado e sem muitos gestos. Esta distância revela
igualmente o medo das multidões.
4.2.3. Orientação

O ângulo que cada um adopta relativamente aos outros é uma


forma de emitir mensagens sobre o relacionamento. Olhar alguém
de frente pode ser indicador de intimidade ou intimidação.
Em relação à orientação, pode explicar-se que é o ângulo em
que as pessoas se situam no espaço uma em relação à outra, e
comunicam, assim, as suas atitudes interpessoais.
A orientação "cara a cara" e "lado a lado" são as mais utilizadas
no decurso de uma interacção. Numa relação íntima, haverá uma
orientação "lado a lado", enquanto numa relação hierarquizada a
orientação será "cara a cara".
4.2.4. Aparência

Este código é dividido em duas partes: os aspectos de controlo


voluntário (cabelo, vestuário, pele) e os menos controláveis (altura,
peso). A aparência é utilizada para enviar mensagens sobre a
personalidade e o estatuto social.

4.2.5. Movimentos da cabeça

Estes têm a ver, principalmente, com a gestão da interacção.


Um assentimento pode dar licença para se continuar a falar,
enquanto movimentos rápidos da cabeça podem significar desejo
de não falar.
4.2.6. Expressão facial

Esta pode dividir-se em subcódigos de posição das


sobrancelhas, formato dos olhos, formato da boca e tamanho
das narinas. Estes elementos, em diferentes combinações,
determinam a expressão do rosto. A expressão facial revela
menos variações interculturais do que a maioria dos códigos
apresentativos.
4.2.7. Gestos (ou quinese)

A comunicação gestual é responsável pela primeira impressão


de uma pessoa. Estudos concluem que 55% da mensagem é
transmitida via linguagem corporal, a voz é responsável por 38% e
as palavras apenas por 7%.
A linguagem corporal corresponde a todos os movimentos
gestuais e de postura que fazem com que a comunicação seja
mais efectiva. O gesto foi a primeira forma de comunicação. Com
o aparecimento da palavra falada, os gestos tornaram-se
secundários; contudo, eles constituem o complemento da
expressão, devendo ser coerentes com o conteúdo da mensagem.
-
A mão e o braço são os principais transmissores do gesto, sendo
os gestos dos pés e cabeça também importantes.
O gesto intermitente, enfático, para cima e para baixo, indica
frequentemente uma tentativa de domínio, enquanto gestos mais
fluidos, contínuos e circulares indicam o desejo de explicar ou de
conquistar simpatia.
4.2.8. Postura

A postura é um sinal que participa no processo comunicativo.


Existem vários tipos de posturas nas diversas culturas, havendo
determinadas posturas que estão ligadas a situações específicas
de interacção. Por exemplo, numa cerimónia religiosa as pessoas
ajoelham-se.
Os estudos de Goffman (1961) identificam ainda uma relação
directa com o contexto social, identificando que os membros de
um status social mais elevado apresentam um conjunto de
posturas mais amplo que o dos membros de condição inferior,
falando-se de posturas dominantes superiores e posturas
inferiores submissas: o porte direito, cabeça levantada para trás e
mãos nas ancas pode sinalizar o desejo de dominar.
Uma boa postura é fundamental para uma boa produção vocal.
Para conseguir uma boa postura deve fazer-se com que a
sustentação e o equilíbrio do corpo estejam de acordo com as leis
da gravidade. Deve procurar manter-se um equilí­brio, de forma a
sentir "o peso do corpo entre os dois pés".
4.2.9. Movimento dos olhos e contacto visual

O poder do olhar pode assumir diversas formas e sugestões:


•inicia o estabelecimento de relações;
•comunica atitudes interpessoais;
•complementa a comunicação verbal.
Neste contexto, destacam-se três peculiaridades do olhar: a sua
evidência, o seu poder activante e a sua capacidade de envolver o
interlocutor.
Além da proximidade física, do tom de voz, da expressão
sorridente do rosto e do carácter pessoal do tema da conversação,
a comunicação visual é também uma componente da intimidade.
Há, por outro lado, a experiência de ser olhado: tal experiência
pode ser agradável, se durar pouco, ou incómoda e susceptível de
provocar ansiedade, quando se prolonga.
4.2.10. Aspectos não verbais do discurso

Às variações não linguísticas inerentes à comunicação (o tom, o


timbre, a intensidade da voz, as pausas, etc.) dá-se o nome de
paralinguística.
Definem-se duas categorias principais: a qualidade da voz e as
vocalizações. Dentro desta classificação surgem elementos como
o timbre e a extensão, as secreções vocais ou o tom e a
ressonância.
Apresentam-se ainda três tipos de indicadores vocais referentes
às características do falante:
•características físicas, idade, sexo e saúde;
•características sociais do falante;
•características psicológicas do mesmo falante.
5. Comunicação e processo de influência
5.1. Escolhas na codificação e descodificação da mensagem
Entende-se, de uma forma geral, que o processo de comunicação
passa por seis fases (Wilson, 2001):
• Concepção da ideia — corresponde à fase em que o emissor
decide o que quer transmitir.
• Codificação — antes de emitir a ideia, esta tem que ser codificada
com uma linguagem adequada (palavra falada, escrita, linguagem
corporal, etc.).
• Escolha do canal — o meio de transmissão escolhido.
• Descodificação — etapa onde se inicia a intervenção do receptor
e em que este procura acertar no código que o emissor usou, para
codificar a mensagem.
• Interpretação da mensagem.
• Resposta (feedback) — corresponde ao informar o emissor que a
mensagem foi recebida, que foi ou está para ser compreendida,
que foi interpretada e que o receptor está preparado para a
próxima porção de mensagem.
Nas teorias da comunicação linguística, todo o processo de transmissão
e recepção de mensagens reduz-se a um mecanismo de codificação e
descodificação. A compreensão do significado de uma mensagem
depende, em grande parte, da capacidade do sujeito em dominar o(s)
código(s) envolvidos na comunicação, que só é concluída com a total
descodificação ou identificação do código utilizado na transmissão da
mensagem original.
Se a comunicação linguística necessita de ser activada por um processo
de codificação/descodificação, entende-se que a função essencial da
linguagem é a transmissão de informação entre indivíduos que,partilham
o mesmo código numa determinada situação de comunicação.
Dos factores elementares no processo de comunicação, a mensagem
ocupa o lugar central, constituindo o motor de todo o processo de
comunicação, que pode ser afectado de diferentes formas conforme os
usos da linguagem.
5.2. A complexidade da palavra (dimensão semântica)

A ''palavra" é definida como sendo um conjunto de sons articulados, de


uma' ou mais silabas, com um sentido ou significado.

Contudo, sempre que se comunica, codifica ou interpreta uma mensagem,


utiliza-se muito mais do que "um conjunto de sons", pois usam-se
conhecimentos que são facultados pela situação onde se processa a
comunicação, no seu contexto particular. Estes conhecimentos permitem
compreender mais facilmente o significado de certas mensagens.
Quando se refere a dimensão semântica da palavra, o objectivo é
potencializar a reflexão de que "a palavra" poderá ter vários sentidos ou
significados, analisados também em áreas como a psicologia e a filosofia.
No plano linguístico, os estudos do significado costumam distribuir-se
em três domínios básicos:

Semântica lexical - estudo do conjunto de palavras existentes na língua


de uma comunidade, dedicando-se à análise das relações dos
significados.

Semântica da frase - sem ter em atenção o contexto da situação.

Semântica do texto - estudo do uso concreto da língua em textos


falados ou escritos.
5.3. A linguagem como sistema aberto

No decorrer da história, a língua portuguesa (assim como as outras línguas) tem


vindo a sofrer constantes modificações. Ela é dinâmica e aberta, renovando-se
constantemente. Essas transformações não consistem somente em alterações
fonéticas, mas também na introdução ou criação de novas frases e vocábulos ou
ainda na reintegração de palavras arcaicas do idioma que, na sua grande maioria,
possuem novas significações. São os chamados neologismos, que podem ser
criações da própria língua ou incorporações de termos estrangeiros no idioma.

O termo neologismo, de origem grega, significa, literalmente, "palavra nova", e


responde a uma necessidade de uma comunidade ou sociedade se expressar com
maior eficácia: ou para designar algo novo -invenção ou
comportamento/procedimento - ou porque certas expressões antigas perderam a
sua eficácia, procurando-se uma nova maneira de abordar as mesmas.
Existem neologismos populares e neologismos literários, restritos a um
determinado idioma, e outros, como os termos científicos, que são
internacionais.

A criação de neologismos é um dos instrumentos de renovação da língua,


sendo estas novas palavras incorporadas definitivamente numa linguagem
quando são registadas nos dicionários.
5.4. O sistema linguístico como espelho da sociedade e
da cultura

A forma de expressão seleccionada reflecte a sociedade em que o


indivíduo se insere e o tipo de cultura que pratica, sendo, por isso,
entendida como um "espelho".
Todo o ser humano tem a capacidade de comunicar, escolhendo palavras
de acordo com o que é "politicamente correcto" para o contexto em que se
processa a comunicação. As expressões e maneiras de falar são escolhidas
e seleccionadas dentro do repertório pessoal, de forma a se tornarem
adequadas. Assim, na sala de aula, utiliza-se uma linguagem um tanto
diferente e mais trabalhada do que a utilizada num café, em conversa
entre amigos.
A comunicação caracteriza uma estrutura social, através da qual se
compartilham modos de vida e de comportamentos, hábitos ou costumes,
que supõe a existência de certos conjuntos de normas que estruturam a
associação e os conjuntos dos elementos que estão em relação.
A língua portuguesa, assim como muitos idiomas, possui ainda uma
relevante variedade de dialectos, muitos deles com uma acentuada
diferença lexical em relação ao português-padrão - o que acontece
especialmente no Brasil. Tais diferenças, geralmente, não prejudicam a
inteligibilidade entre os locutores de diferentes dialectos.

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