Impacto Do Diagnostico Na Familia
Impacto Do Diagnostico Na Familia
Impacto Do Diagnostico Na Familia
(Vinícius de Moraes)
Filhos – responsabilidades dos pais
• Bíblia - Os pais são responsáveis perante o Senhor pelo modo como educam e orientam seus filhos, pois
“Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão. Como flechas na mão de um
homem valoroso, assim são os filhos da mocidade. Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava;
não serão confundidos (…)” (Salmos 127:3–5)
• Legislação – As crianças foram reconhecidas como sujeitos de direitos e, a legislação impôs prioridade aos
interesses dos filhos em detrimento dos interesses dos pais.
• Constituição – O ordenamento jurídico brasileiro atribui aos pais certos deveres, em virtude do exercício do
poder familiar. A Constituição Federal, em seu art. 227, atribui à família o dever de educar, bem como o
dever de convivência e o respeito à dignidade dos filhos, devendo esta, sempre primar pelo
desenvolvimento saudável do menor. No mesmo sentido, o art. 229 da CF/88 atribui aos pais o dever de
assistir, criar e educar os filhos.
• Estatuto da Criança – Ademais, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código Civil brasileiro
evidenciam a existência de deveres intrínsecos aos poder familiar, conferindo aos pais, obrigações não
somente do ponto de vista material, mas especialmente, afetivas, morais e psíquicas. Nesse sentido o artigo
3º do ECA preceitua que toda criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em
condições de liberdade e de dignidade
• Código Civil – No mesmo sentido O Código Civil, em seu artigo 1.634, impõe como deveres conjugais, o
sustento, criação, guarda, companhia e educação dos filhos (1.566, IV). Já os artigos 1.583 a 1.590
discorrem sobre a proteção dos filhos em caso de rompimento da sociedade conjugal.
Filhos
Os pais precisam está preparados emocionalmente para gerar, receber e criar seus
filhos com capacidade para reconhecer e identificar as próprias emoções e
sentimentos, pois desde a gestação todas as experiências vividas pela criança, farão
para sempre parte dela, conforme Donald W. Winnicott. O cuidado e o carinho dos
pais para com os filhos são de fundamental importância e devem acontecer desde a
concepção, durante o parto e no nascimento, bem como, crescer gradativamente
durante a infância e adolescência, estreitando os laços entre pais e filhos.
A falta de afeto de um dos pais pode deixar sequelas na personalidade de uma
criança que está em pleno desenvolvimento
Amor + limites
A base
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos,
e não tivesse amor,
seria como metal que soa ou como sino que tine.
E ainda eu tivesse o dom da profecia, e toda a ciência,
e ainda tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes,
e não tivesse amor nada seria ...
O amor é sofredor, é benigno;
o amor não é invejoso;
o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece ...
Agora, pois permanecem a fé, a esperança e o amor,
estes três, mas o maior destes
é o amor".
Como ele vai ser, cor da pele, textura do cabelo, cor dos olhos, profissão, o que vai ou não fazer?
“Meu filho é normal, doutor?” Menino ou menina?
Se a enfermeira não dá logo a notícia, o pai trata de perguntar à primeira
pessoa que vê sair de branco da sala de parto, ansioso para confirmar
uma expectativa de nove meses. Sempre há alguma torcida (às vezes, o
machismo exigindo um filho homem; às vezes, a família inteira
querendo uma mulher para fazer companhia ao irmãozinho).
A construção da família – filhos
Coloque aqui o que você idealizou:
As expectativas
Muitos pais projetam nos filhos o que não conseguiram
realizar em suas própria vidas. A pressão pela perfeição
pode prejudicar crianças e jovens. Muitos desenvolvem
o medo de fracassar, baixa autoestima, depressão, ficam
ansiosos, tristes e começam a cobrar esta perfeição de si
próprios
As expectativas
Filho ideal
Imaginamos que ganharemos um livro em branco e poderemos
escrever nele o que bem entender. Isso é uma ilusão! Essa
fantasia de que os filhos são nossos faz com que percamos a
perspectiva e deixe de enxergar que eles são seres únicos que
nunca ouve e nem haverá outro igual.
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__________________O quanto isso te afetou? Gerou algum sentimento?
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• Agora pense no seu filho, você tem dado rótulos a ele? Quais?
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• O que acha que ele esteja sentindo ou venha sentir quando entender o que significa o que você está falando?
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Lidando com o real
• É entrar no processo de luto: da morte do filho idealizado
Assim você consegue chegar no real, mas isso envolve lidar com um
processo de dor, tristeza, medo, ansiedade, raiva, angústia, frustração,
decepção, desespero, vergonha...
O filho está lá! É outro, completamente diferente do que foi desejado, mas
está lá, e o casal (muitas vezes somente a mãe) não tem autorização para
chorar e ficar de luto pelo filho que morreu.
Lidando com o real
Matar o filho idealizado é buscar a
ACEITAÇÃO do real como fase final de
elaboração deste luto
1. Ele não tem nada!
2. Por que comigo? Isso não é justo!
3. Deus... Eu prometo que servirei, darei aos pobres
4. Eu não vou suportar, pior coisa que me aconteceu...
5. Isso é real, vou me adaptar, farei o meu melhor...
“Uma vez, sem querer, bati o carrinho do mercado em uma mulher grávida e me desculpei.
Ao ver minha filha, a mulher começou a gritar que me distraí com minha filha e
acrescentou: “retardado não tem que vir no supermercado e grávida não tem que ver gente
assim”.
Ações
• Seja presente e atento aos sinais de desenvolvimento de seu filho.
• Procurem ajuda para esclarecimento, pois quanto mais cedo se instituir
um tratamento adequado, melhor o prognóstico.
• No início a família está diante de uma realidade que ainda lhe é
desconhecida, e que só deixará de sê-la quando esta for capaz de entrar
em contato consigo própria; o que significa a aceitação das situações
já estabelecidas. É nesse momento que a família se depara com seus
próprios preconceitos, que poderão caminhar para a rejeição ou para a
aceitação do diagnóstico.
Ações
• À família cabe buscar estar sempre informada. Seja conhecedor do
diagnóstico de seu filho. Seja curioso, busque leituras, vídeos, cursos...
• Não podemos ficar escondidos em nossas casas, achando que a vida é assim
mesmo. A vida será fruto de nossa capacidade de enfrentar as dificuldades,
buscando soluções que possam proporcionar uma existência com dignidade.
• Algumas vezes, a família acredita que faz a sua parte, sobrecarregando a
agenda de tratamentos de reabilitação, ou seja, centrando toda sua energia,
tempo e dinheiro numa parte específica daquele ser humano, tentando
enquadrá-la no padrão normal conhecido. Mas é importante perceber que a
criança como um ser completo, com necessidades que vão além das
dificuldades, intrínsecas a essa sua condição.
Trechos de um relato
Lembro-me de dizer a ela: “eu amo você, mas não aceito que você não
ande e não fale”. À noite, quando me deitava, rezava pedindo para que,
quando eu acordasse, a Beatriz fosse como as outras crianças da idade
dela. No dia seguinte, nada tinha mudado.
O segundo e o terceiro anos dela eu praticamente não vi passar, pois
estava muito ocupada correndo contra o tempo e acreditando que se eu
me esforçasse bastante e fizesse com ela todos os tratamentos disponíveis,
eu recuperaria o tempo perdido.
Fiz praticamente tudo o que diziam: “e se for verdade e eu não fiz?”, então
lá ia eu, literalmente em busca do milagre: orações de todas as religiões,
benzedeiras, curandeiros; tomar água no sino da vaca, benta, da primeira
chuva do ano, com casca de cigarra, de concha; gordura de carneiro nas
pernas; boneca para a menina milagreira da cidade tal; padre Donizetti, em
Tambaú, e por aí vai.
Trechos de um relato
Eu me perguntava o quê poderia ter feito. Os profissionais de
saúde perguntavam se eu tinha feito ou tomado alguma coisa, se
eu não estava esquecendo de nada. Minha mãe também queria
saber o que eu poderia ter feito e, a maioria das pessoas,
conhecidas ou não, também questionavam se tinha acontecido
“algo” durante a gravidez. Ou seja: a culpa era minha!
Mas, talvez para me consolar, diziam que a culpa também
poderia ser de outra pessoa: alguém invejoso, ou que me desejou
o mal; de um “trabalho” ou “macumba”, que certamente fizeram
contra mim. Também diziam que poderia ser culpa de alguma
coisa que eu fiz no passado ou em vidas passadas. Ou seja: eu
merecia!
Trecho de um relato
Eu queria falar sobre o que acontecia e desejava que as pessoas ouvissem,
validassem a dor que eu sentia e me dessem colo, mas geralmente diziam coisas do
tipo:
“Deus não dá nada que você não pode carregar”;
“essas crianças só vêm para pessoas muito especiais”;
“a lã não pesa para o carneiro”;
“Deus escolheu você”;
“é sua cruz”;
“você escolheu isso antes de nascer!
Sensação era de total solidão. Havia cansaço também, mas eu não podia parar, não
podia perder tempo. Por outro lado, tinha vontade de ficar deitada no escuro com
olhos fechados, quietinha; mas isso não estava no script.”.
Sobre a perfeição
O mito de Procusto
Uma antiga lenda grega nos conta sobre um homem rico, poderoso, cortês e
educado, de nome Procusto, que tinha por hábito convidar estranhos para seu
palácio. O hóspede era recebido com requinte: túnicas primorosamente
cortadas, vinhos muito especiais, iguarias inesquecíveis e... um leito
majestoso. Ao visitante porém um único problema se apresentava: encaixar-se
perfeitamente no leito. Se houvesse qualquer discrepância, entre os
tamanhos da cama e do convidado, este era cortado ou esticado para que se
adequasse às proporções devidas. A morte era quase certa! Só poucos e raros
convidados, absolutamente adequados à dimensão pré-estabelecida,
alcançavam a velhice.
Reflexão final
A dor de termos filhos diferentes, aprenderemos que não
conseguiremos extingui-la. De vez em quando, ainda
ficaremos tristes. Mas poderemos construir uma vida
significativa se nos dispusermos a entrar em contato com
nosso filho, porque aprenderemos que todo e qualquer
relacionamento se baseia no respeito às diferenças, e não
na transformação do outro naquilo que ele nunca poderá
ser. Aprenderemos a amar a criança pelo fato dele ter sido
escolhido a vir e a permanecer nesse mundo, ao seu lado.