Rubéola e Herpes Simples Congênitos
Rubéola e Herpes Simples Congênitos
Rubéola e Herpes Simples Congênitos
RUBÉOLA E
HERPES SIMPLES
CONGÊNITOS
Mariana de Lima Santos – 11º semestre de Medicina
Centro Universitário Municipal de Franca
RUBÉOLA
CONGÊNITA
INTRODUÇÃO
◦ O ser humano é o único hospedeiro conhecido do vírus da rubéola.
◦ O risco de defeitos congênitos é maior quando a grávida adquire infecção primária durante o primeiro
trimestre.
◦ Ocorrem defeitos congênitos em 90% dos RN infectados durante as primeiras 11 semanas de gestação.
◦ A infecção adquirida após o quarto mês de gestação, em geral, não se encontra associada a malformações
fetais, nem à persistência do vírus.
◦ Entre a 13ª e 16ª semanas o risco de embriopatia é menor, sendo o aparelho auditivo mais
frequentemente acometido.
◦ O vírus pode ser excretado pela urina, fezes, sangue e secreções nasofaríngeas do recém-nascido até um
ano de idade ou mais.
CLÍNICA
◦ Mais de 50% dos RN são ASSINTOMÁTICOS.
◦ Deficiência auditiva (80-90%): é a manifestação MAIS COMUM! Alterações degenerativas da cóclea e do
órgão de Corti em graus variáveis e geralmente bilateral.
◦ Retardo do crescimento intrauterino (50-85%): a rubéola é a infecção congênita mais associada ao CIUR e baixo
peso ao nascer;
◦ Manifestações cardíacas (30-40%): persistência de canal arterial e estenose pulmonar;
◦ Malformações oculares: são mais frequentes as lesões que afetam a acuidade e a área macular. Catarata geralmente
bilateral, glaucoma (precoce ou tardio), retinopatia e microftalmia.
◦ SNC: microcefalia, meningoencefalite, tetraplegia espástica, retardo do desenvolvimento psicomotor;
◦ Outras (viscerais): hepatomegalia e icterícia, esplenomegalia, púrpura trombocitopênica, pneumonite intersticial e
lesões ósseas (franjeamento da metáfise: lesão em talo de aipo).
DEFINIÇÃO DE CASO
1. Suspeito:
- RN cuja mãe teve suspeita ou confirmação de rubéola durante a gestação;
- RN cuja mãe foi contato de caso confirmado de rubéola durante a gestação;
- Criança até 12 meses de idade com clínica compatível com rubéola congênita, independente da história
materna.
2. Confirmado:
- A. Critério laboratorial: Caso suspeito que apresente malformações congênitas compatíveis com SRC e
evidência laboratorial da presença de anticorpos IgM específicos ou elevação persistente dos títulos de
IgG, detectados pelo método imunoenzimático ELISA em amostras pareadas, com intervalo de 3 meses.
- B. Critério clínico: Na ausência de exames laboratoriais, a criança de até 12 meses de idade que apresentar
prematuridade e/ou baixo peso mais os sinais clínicos ou complicações, de forma isolada ou associada:
catarata/glaucoma congênito ou cardiopatia congênita ou surdez.
DIAGNÓSTICO laboratorial
1. GESTANTE: quando a gestante for exposta à infecção, deve-se fazer a sorologia de imediato:
◦ IgG presente: traduz imunidade;
◦ IgG ausente: coletar nova amostra em 2 a 3 semanas e, se negativa, coletar nova amostra com 6 semanas após
exposição; quando o teste for negativo em ambas, significa que a infecção não ocorreu;
◦ caso o teste seja positivo na 2a amostra, a soroconversão pode significar infecção recente;
◦ IgM positiva 5 a 10 dias após rash, atingindo pico com 20 dias, desaparecendo em geral com 50 a 70 dias,
traduz infecção recente.
2. RECÉM-NASCIDO: deve ser coletada logo após o nascimento.
◦ A presença de IgM positivo, confirma o caso.
◦ Anticorpos específicos IgG: a positividade indica infecção, porém, pode ser apenas reflexo da simples
transmissão passiva de anticorpos transplacentários da mãe. O aumento do título após 3 a 4 semanas ou a
persistência em títulos altos após os 6 meses de vida confirmam a infecção.
OUTROS EXAMES
◦ Isolamento viral: O vírus da rubéola permanece nos tecidos fetais até o nascimento, sendo encontrado, por
vários meses após o nascimento, na orofaringe, urina e diversos órgãos.
◦ Precaução de contato: somente suspensa quando as culturas de nasofaringe e de urina forem repetidamente negativas
(pelo menos 2, com intervalo de 1 mês), após os 3 meses de vida.
◦ Todos os RN com suspeita de rubéola congênita deverão realizar hemograma, radiografia de ossos
longos, ecocardiografia, exame de imagem do sistema nervoso central e avaliação audiométrica
(emissões otoacústicas e BERA).
IMUNOGLOBULINA E VACINA
◦ Profilaxia com imunoglobulina para uso rotineiro após exposição ao vírus da rubéola no início da gravidez não é
recomendada.
◦ A sua administração pode ser considerada somente se a interrupção da gravidez não for a opção. A dose
preconizada é de 0,55 mL/kg, IM (nos primeiros 3 dias).
◦ A vacina é elaborada com vírus vivo atenuado. É disponível isolada ou conjugada com vacina de sarampo (dupla
viral) e conjugada com vacina de sarampo e caxumba (tríplice viral).
◦ A estratégia utilizada para eliminação da SRC envolve a alta cobertura vacinal das crianças (1 a 11 anos) e das
mulheres em idade fértil, incluindo a vacinação de mulheres no puerpério.
◦ A vacinação de mulheres em idade fértil exige a informação do risco teórico de infecção do feto e recém-nascidos
se estiverem grávidas ou engravidarem nos 3 meses que se seguem à imunização.
TRATAMENTO
◦ Os diversos estudos não têm mostrado alteração no curso da doença com as drogas antivirais disponíveis.
◦ Apenas a catarata e a cardiopatia são as manifestações clínicas passíveis de correção cirúrgica.
HERPES SIMPLES
CONGÊNITO
TRANSMISSÃO
◦ Os vírus do herpes simples tipos 1 (HSV-1) e 2 (HSV-2) podem causar infecção genital e ser transmitidos
da mãe para o feto ou recém-nascido.
◦ A infecção pelo HSV no recém-nascido pode ser adquirida intraútero (raro), intraparto (mais comum) ou
pós-natal.
◦ Nos primeiros meses de gestação, a infecção pode ser causa de aborto.
◦ A infecção primária materna no final da gestação oferece maior risco de infecção neonatal do que a
infecção recorrente (CERCA DE 50%).
CLÍNICA
◦ A infecção pelo VHS, deve ser diferenciada em forma congênita e forma perinatal.
2. FORMA PERINATAL: durante a passagem pelo canal do parto. Em geral, o RN só se torna sintomático no
final da primeira semana de vida ou início da segunda, pois o vírus necessita replicar-se no hospedeiro recém-
infectado.
CLÍNICA
◦ FORMA LOCALIZADA: OLHOS, BOCA E PELE
Ceratoconjuntivite, retinocoroidite, úlcera de córnea, catarata e atrofia óptica. As lesões de pele são vesiculares,
podendo recidivar no mesmo ou em outros locais do corpo. Cerca de 70% dos pacientes com lesões limitadas à
pele ou olhos, não tratadas, podem progredir para infecção disseminada ou do sistema nervoso.
◦ FORMA NEUROLÓGICA
Geralmente ocorrem durante a segunda semana de vida, e consistem em letargia, irritabilidade, convulsões, crises
de apneia e febre alta.
◦ FORMA DISSEMINADA
É a forma mais grave e mais comum (50 a 70% dos casos) de apresentação da doença, uma vez que
encontramos acometimento do SNC e disseminação visceral. As lesões graves apresentam sintomas na primeira
semana de vida, sendo que mais da metade destas crianças não apresentam lesões cutâneas. As manifestações
clínicas incluem vômitos, anorexia, irritabilidade, desconforto respiratório, convulsões, icterícia,
hepatoesplenomegalia e petéquias. O comprometimento neurológico se caracteriza por uma meningoencefalite
grave, podendo levar à necrose hemorrágica do lobo temporal. O líquor mostra pleocitose à custa de
linfomononucleares e dosagem de proteínas aumentada.
LABORATORIAL
◦ A cultura do vírus em células teciduais, a partir de amostras de sangue, material das lesões, liquor, urina,
fezes, secreções nasais, oculares, orofaríngeas e secreção genital materna, constitui-se no melhor método
para o diagnóstico. (PCR)
◦ Testes sorológicos têm valor limitado: podem demorar até 3 semanas para ser detectadas;
◦ Exame materno na busca de lesões genitais ou anais sugestivas de herpes;
◦ Raspado das lesões na busca de inclusões citomegálicas intranucleares e células gigantes multinucleadas
(preparados de Tzanck);
TRATAMENTO
◦ Baseado na terapia de suporte e nos casos de encefalite, aciclovir 20 mg/kg/dose IV a cada 8 horas.
◦ Essa terapia reduz o risco de morte, porém a morbidade permanece elevada.
◦ Solicitar parecer para oftalmologia nos casos de herpes ocular.
◦ Doença disseminada e infecção do sistema nervoso central são tratadas por 21 dias, e na doença de pele,
boca e olhos, por 14 dias.
ALEITAMENTO
◦ A mulher com lesões herpéticas durante o período de aleitamento deve seguir precauções-padrão com
higienização das mãos e cobertura das lesões até que estejam em fase de crosta e o aleitamento não esteja
contraindicado.
◦ Se as lesões forem na mama, o recém-nascido não deve amamentar até a resolução das lesões, mas o
aleitamento deve ser mantido em mama não afetada.
REFERÊNCIAS
◦ Informe Técnico Síndrome da Rubéola Congênita. Coordenação de Vigilância em Saúde – Prefeitura
de São Paulo, agosto 2017.
◦ Infecções congênitas por herpes-vírus. Revista Médica de Minas Gerais 2014; 24(2): 223-232.
◦ Tratado de pediatria : Sociedade Brasileira de Pediatria / [organizadores Dennis Alexander Rabelo
Burns... [et al.]]. -- 4. ed. -- Barueri, SP : Manole, 2017.
BONS ESTUDOS!