Quinhentismo

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Quinhentismo

“ Á g u a s s ã o m u i t a s , i n fi n d a s . E e m t a l
maneira é graciosa que, querendo-a
a p r o v e i t a r, d a r - s e - á n e l a t u d o , p o r
b e m d a s á g u a s q u e t e m .”

( P e r o Va z d e C a m i n h a ) .

“É certo que a soberba, com seus afãs,


só compra o inferno e com pouco
t r a b a l h o o h u m i l d e c o m p r a o c é u .”

(Pe. José de Anchieta).

Características do Quinhentismo
Quinhentismo

• Visão do homem europeu sobre o Brasil;

• Condição colonial no Brasil;

• O entendimento do homem europeu sobre a nova terra


desbravada.
Manifestações
Literárias

 Literatura de
Informação;
 Literatura de
catequese.

O teatro pedagógico era uma das características do quinhentismo. A estratégia era


utilizada para catequizar os indígenas. (Foto: Wikipedia.)
Literatura de Informação

 Carta de pero Pero Vaz de Caminha

O Manuscrito da Carta de Pero Vaz de Caminha


Trechos da Carta:

"Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados,


assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam
bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres,
novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma,
com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida
daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra
trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os
colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência
assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma."
Trechos da Carta:

"Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo
de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a
fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fi ta preta da
largura de dois dedos.“
Trechos da Carta:

"Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo;


tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os
houvesse ali.

Mostraram-lhes um carneiro; não fi zeram caso dele.

Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe


queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados.

Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, far téis, mel,
fi gos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se
provavam alguma coisa, logo a lançavam fora.

Continuação
Trechos da Carta:

Trouxeram -lhes vinho em um a taça; mal lhe puseram a boca; não


g ostaram dele nada, nem quiseram m ais.

Trouxeram -lhes ág ua em um a albarrada, provaram cada um o seu


bochecho, m as não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na
fora.

Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas
dessem , e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois
tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e
novam ente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam
ouro por aquilo."
Literatura de catequese
 Poema à virgem
Poema a Virgem
Padre José de Anchieta
Escrito pelo Padre nas areias da Praia de
Iperoig em Ubatuba.
Poema à Virgem

Mi nh a al ma, p o r q u e t u t e ab an d o nas ao p r o f u nd o so no ?

Po r q u e no p esad o so n o, t ão f u nd o r esso nas?

N ão t e move à afl i ção d e ssa Mãe t o d a em p rant o,

Qu e a mo r t e t ão cr ue l d o FI LHO ch o ra t ant o ?

E cu j as e n t ran has so f r e e se co nso me d e d or,

Ao ve r, al i p r ese nt e, as chagas q ue E LE p ad e ce?

E m q u al q ue r p ar t e q u e o l ha, vê J E S US,

Ap r e se nt an d o ao s t eu s o l h o s ch ei o s d e san gue .
Poema à Virgem

Ol ha co mo est á p ro st rad o d i an t e d a Face d o PAI ,

To d o o suo r d e sangu e d o se u co rp o se esvai .

Ol ha a mu l t i d ão se co mp o r t a co mo E LE se l ad r ão f o sse,

Pi sam- N O e amar ram as mãos p r esas ao p escoço.

Ol ha, d i ant e d e An ás, como um cr ue l sol d ad o

O e sb of e t e i a f o r t e, co m p u nh o b em cer rad o.

V ê como d i ant e Cai f ás, e m h umi l d e s me nei os,

Agu e n t a mi l o p r ó b r i o s, so co s e e scar r os f ei o s.
Poema à Virgem

N ão af ast a o r ost o ao q u e b at e , e d o p er ver so

Qu e ar ran ca Tu a b ar b a co m go l p es vi o l en t o.

Ol ha co m q u e chi cot e o car rasco so mb r i o

D i l ace ra d o S E N HOR a me i ga car ne a f ri o.

Ol ha co mo l he rasgo u a sagrad a cab e ça o s e sp i n ho s,

E o sangu e co rr e p e l a Face p ura e b e l a.

Po i s não vês q ue se u co rp o, gr o ssei ramen t e f er i d o

Mal su st e r á ao o mb r o o d esu man o p e so ?


Poema à Virgem

Vê como os carrascos pregaram no lenho

As inocentes mãos atravessadas por cravos.

Olha como na Cruz o algoz cruel prega

Os inocentes pés o cravo atravessa.

E i s o S E N H O R , g r o s s e i r a m e n t e d i l a c e r a d o p e n d u ra d o n o t r o n c o,

Pa g a n d o c o m Te u D i v i n o S a n g u e o a n t i g o c r i m e ! ( Pe c a d o O r i g i n a l c o m e t i d o p e l o s
primeiros pais e os subsequentes pecados da humanidade)

V ê : q u ã o g r a n d e e f u n e s t a f e r i d a t r a n s p a s s a o p e i t o, a b e r t o

Donde corre mistura de sangue e água.


Poema à Virgem

S e o n ão sab es, a Mãe d o l or o sa re cl ama

Para si , as ch agas q u e vê su p o r t ar o FI LHO q u e ama.

Po i s q uant o so f re u aq u el e cor p o i no cent e em r ep aração,

Tan t o sup o r t a o Co ração co mp assi vo d a Mãe, e m e xp i ação.

E rgu e -t e , p o i s e, e mb o ra i r r i t ad o co m o s i nj ust o s j ud e us

Pro cura o Co ração d a MÃE D E D EUS.

Um e o ut r o d e i xaram si n ai s b e m marcad o s

D o cami n ho cl aro e cer t o f ei t o p ara t o d o s n ó s.


Poema à Virgem

E LE aos rast r o s t i n gi u co m seu san gue t ai s se nd as,

E l a o so l o r ego u com l ágri mas t r eme nd as.

A b o a Mãe p ro cu ra, t al vez ch orand o se co n sol ar,

S e as ve ze s t r i st e e p i ed o sa as l ágri mas se e nt r egar.

Mas se t an t a d or não ad mi t e con so l ação

É p o r q u e a cru el mo r t e l evo u a vi d a d e su a vi d a,

Ao me no s ch orar ás l ast i man d o a i nj ú r i a,

I n j ú ri a, q ue causo u a mo r t e vi ol ent a.
Poema à Virgem

Mas onde te levou Mãe, o tormento dessa dor?

Q u e r e g i ã o t e g u a r d o u a p ra n t e a r t a l m o r t e ?

A c a s o a s m o n t a n h a s o u v i r ã o Te u s l a m e n t o s ?

O n d e e s t á a t e r ra p o d r e d o s o s s o s h u m a n o s ?

A c a s o e s t á n a s t r e va s a á r v o r e d a C r u z ,

O n d e o Te u J E S U S f o i p r e g a d o p o r A m o r ?

E s t a t r i s t e z a é a p r i m e i ra p u n i ç ã o d a M ã e ,

N o l u g a r d a a l e g r i a , s e g u ra u m a d o r c r u e l ,

E n q u a n t o a t u r b a g o z a va d e i n s e n s a t a o u s a d i a ,

Impedindo Aquele que foi destruído na Cruz.


Poema à Virgem

Mãe , mas e st e p re ci o so f ru t o d e Teu ve nt r e

D e u vi d a e t er na a t o d o s o s fi ei s q u e O amam,

E p r e f e r e a magi a d o nascer à f o rça d a mo r t e,

Re ssu rgi n d o, d e i xo u a t i como p e nh or e h erança.

Mas fi n d a Tu a vi d a, Teu Co ração p e rse ver ou n o amor,

Foi p ara o Te u re p o uso co m u m amo r mui t o f o r t e!

O i n i mi go Te ar rast o u a est a cru z amar ga,

Qu e p e so u i nco mo d o em Teu d o ce sei o.


Poema à Virgem

M o r r e u J E S U S t ra s p a s s a d o c o m t e r r í v e i s c h a g a s

E L E , f o r m o s o e s p í r i t o, g l ó r i a e l u z d o m u n d o ;

Q u a n t a c h a g a s o f r e u e t a n t a s L H E c a u s a ra m d o r e s ;

E f e t i va m e n t e , u m a v i d a e m v ó s e ra d u a s ! ( N a t u r e z a H u m a n a e N a t u r e z a D i v i n a d o
SENHOR)

To d a v i a c o n s e r va o A m o r e m Te u C o ra ç ã o, e j a m a i s

E v i d e n t e m e n t e d e i xo u d e o h o s p e d a r n o C o ra ç ã o,

Fe i t o e m p e d a ç o s p e l a m o r t e c r u e l q u e s u p o r t o u

Po i s à l a n ç a ra s g o u o Te u C o ra ç ã o e n r i j e c i d o .
Poema à Virgem

O Te u E sp í r i t o p i ed o so e co movi d o q u eb r o u na fl agel ação,

A co ro a d e e sp i n ho s e nsangu en t o u o Te u Co ração fi el .

Co nt ra T i co nsp i r ou o s t e rr í ve i s cravo s san gr en t o s,

Tu d o q ue é amargo e cru el o Te u FI LHO su p o r t o u n a Cru z.

Mo r t o D E US, en t ão p o r q u e vi ve s Tu a Tua vi d a?

Po r q ue n ão f o st e arrast ad a e m mo r t e p ar eci d a?

E co mo é q ue , ao mor r er, n ão l evo u o Teu e sp í r i t o,

S e o Te u Co ração semp r e un i u o s d o i s esp í r i t o s?


Poema à Virgem

A d m i t o , n ã o p o d e t a n t a s d o r e s e m Tu a v i d a

S u p o r t a r, a g u e n t a n d o s e n ã o c o m u m a m o r i m e n s o ;

S e n ã o Te a l e n t a r a f o r ç a d o n a s c i m e n t o D i v i n o

D e i x a r á o Te u C o r a ç ã o s o f r e n d o m u i t o m a i s .

Vives ainda, Mãe, sofrendo muitos trabalhos,

Já te assalta no mar onda maior e cruel.

M a s c o b r e Tu a Fa c e M ã e , o c u l t a n d o o p i e d o s o o l h a r :

Eis que a lança em fúria ataca pelo espaço leve,

Rasga o sagrado peito ao teu FILHO já morto,

Tr e m e n d o a l a n ç a i n d i f e r e n t e n o Te u C o r a ç ã o .
Poema à Virgem

S e m d ú vi d a t ão grand e sof r i men t o f o i à sí n t e se,

Fal t ava acr escen t á-l o a Tuas ch agas!

E st a f e r i d a cr u el p er man ece u co m o sup l í ci o!

T ão p e n o so so f r i me nt o e st e cast i go gu ar d ava!

Co m O q ue r i d o FI LHO p r egad o a Cr uz Tu q ue ri as

Qu e t amb é m p re gassem Teu s p é s e mãos vi r gi n ai s.

E LE t o mo u p ara S I a d ura Cr uz e o s cravos,

E d e u-Te a l ança p ara gu ar d ar n o Co ração.


Poema à Virgem

Ago ra p o d e s, ó Mãe, d escan sar, q u e p o ssui o d esej ad o,

A d o r mu d o u p ara o f u nd o d o Teu Co ração.

E st e go l p e d ei xou o Teu co r p o f r i o e d esl i gad o,

S ó Tu co mp assi va guard a a cru el ch aga no p ei t o.

Ó ch aga sagrad a f ei t a p el o f er ro d a l an ça,

Qu e i me nsame nt e no s f az amar o Amo r!

Ó r i o, f o n t e q u e t ran sb o rd a d o Paraí so,

Qu e i n t u mesce com águ a f ar t amen t e a t e r ra!


Poema à Virgem

Ó cami nh o r eal com p e d ras p r eci o sas, p or t a d o Céu,

To rr e d e ab ri go, l ugar d e r ef ú gi o d a al ma p ura!

Ó r o sa q ue exal a o p er f u me d a vi r t ud e D i vi n a!

J ói a l ap i d ad a q ue n o Céu o p o b r e u m t r o no t e m!

D o ce n i nh o o n d e as p uras p o mb as p õ em ovi nh os,

E as cast as r o l as t êm garan t i a d e sust er o s fi l h o t i nh os!

Ó ch aga, q u e és u m ad o r no ve rme l ho e esp l end or,

Fe r e s os p i e d o so s p e i t o s co m d i vi n al amo r !
Poema à Virgem

Ó d o c e c h a g a , q u e r e p a ra o s c o ra ç õ e s f e r i d o s ,

A b r i n d o l a r g a e s t ra d a p a ra o C o ra ç ã o d e C R I S TO.

P r o va d o n o v o a m o r q u e n o s c o n d u z a u n i ã o ! ( A m a i u n s a o s o u t r o s c o m o E U v o s
amo)

Po r t o d o m a r q u e p r o t e g e o b a r c o d e a f u n d a r !

Em TI todos se refugiam dos inimigos que ameaçam:

T U, S E N H O R , é s m e d i c i n a p r e s e n t e a t o d o m a l !

Q u e m s e a c a b r u n h a e m t r i s t e z a , e m c o n s o l o s e a l e g ra :

A d o r d a t r i s t e z a c o l o c a u m f a r d o n o c o ra ç ã o !
Poema à Virgem

Po r T i Mãe , o p ecad o r est á fi r me na esp erança,

Cami nh ar p ara o Céu , l ar d a b em-aven t urança!

Ó Mo rad a d e Paz! Can al d e águ a semp r e vi vo,

J or rand o águ a p ara a vi d a e t e rn a!

E st a f e r i d a d o p ei t o, ó Mãe, é só Tu a,

S o me n t e Tu sof r es co m el a, só Tu a p o d e s d ar.

D á-me acal en t ar n est e p ei t o ab e r t o p el a l an ça,

Para q ue p o ssa vi ver no Co ração d o me u S EN HOR !


Poema à Virgem

Entrando no âmago amoroso da piedade Divina,

Este será meu repouso, a minha casa preferida.

No sangue jorrado redimi meus delitos,

E purifi quei com água a sujeira espiritual!

Embaixo deste teto (Céu) que é morada de todos,

Viver e morrer com prazer, este é o meu grande desejo.


Principais
características do
Quinhentismo
 Crônicas de informação ou crônicas de
viagem;

 Te x t o s d e c a r á t e r d o c u m e n t a l e
religioso;

 Uso de uma linguagem simples;

 Descrição e exaltação à terra;

 Uso exagerado de adjetivos e


superlativos;

 Literatura pedagógica: poesia didática


e teatro pedagógico.

A Primeira Missa no Brasil, quadro de Victor Meirelles (1860)


Referências

DIANA, Daniela. Prof. licenciada em Letras - Artigo sobre


Quinhetismo;

DIANA, Daniela. Prof. licenciada em Letras - Carta de Pero Vaz


de Caminha - Site:www.todamateria.com.br

Site: apostoladosagradoscoracoes.angelfi re.com - Poema a


Virgem - Padre José de Anchieta.

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