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Literatura Infantojuvenil

Profª Laís Sena


Literatura Infanto-Juvenil: Gêneros
Narrativos
 Contos Maravilhosos

• O conto, segundo a terceira acepção de Julio Casares,


entendido como “fábula que se conta às crianças para diverti-
las”, liga-se mais estreitamente ao conceito de estória e do
contar estórias, e refere-se, sobretudo, ao conto maravilhoso,
com personagens não determinadas historicamente. E narra
como “as coisas deveriam acontecer”, satisfazendo assim uma
expectativa do leitor e contrariando o universo real, em que
nem sempre as coisas acontecem da forma que gostaríamos.
• Este é o sentido que lhe atribui André Jolles, para quem o
conto, ao lado da legenda, saga, mito, adivinha, ditado, caso,
memorável e chiste, é uma “forma simples”, isto é, uma forma
que permanece através dos tempos, recontada por vários, sem
perder sua “forma” e opondo-se, pois, à “forma artística”,
elaborada por um autor, única, portanto, e impossível de ser
recontada sem que perca sua peculiaridade.
Características
• Narrativa com ou sem fadas. Apresentam uma visão mágica
da realidade, rompe com a ordem natural e adota outras
normas: caráter mágico, elementos pertencentes ao plano do
maravilhoso, não há surpresa nem hesitação do leitor em face
da nova ordem, é aceito naturalmente.
• Traz a marca do “Era uma vez...” tem caráter simbólico:
realização de sonhos e fantasias e questionamentos da
realidade. O ponto de partida do relato pode ser o mundo
material o mágico.
• Segundo Todorov (1970), o maravilhoso é o gênero
onde se incluem as obras nas quais não é possível
qualquer explicação racional para os fenômenos
(sobre)naturais.
• O herói e o leitor implícito de uma narrativa
maravilhosa aceitam sem surpresa novas leis da
natureza.
• A definição do gênero maravilhoso é determinada na relação
que Todorov estabelece com os gêneros que lhe são
próximos, isto é, o gênero fantástico em que o herói e o
leitor mantém a hesitação entre uma explicação natural e
(sobre)natural dos fenômenos ao longo da narrativa e o
género estranho onde é fornecida uma explicação racional
dos fenómenos insólitos, mantendo-se desse modo intactas
as leis da natureza.
• Seguindo o critério dicotômico racionalidade/irracionalidade,
os três gêneros distribuem-se esquematicamente em gênero
estranho/fantástico/maravilhoso.
Maravilhoso

• Se a personagem e o leitor decidem que se deve


admitir novas leis da natureza, pelas quais o
sobrenatural pode ser explicado, é um conto
maravilhoso.
Considera o mundo das personagens
como um mundo de pessoas vivas.

Hesitação (desconfiança) entre uma


Fantástico explicação natural e uma explicação
sobrenatural dos acontecimentos.

A desconfiança tem que ser do


personagem da história junto com o
leitor.
Estranho

• Se a personagem e o leitor decidem que as leis da


realidade (da vida real) permanecem intatas e permitem
explicar o sobrenatural do conto, é um conto estranho.
Conto de Fadas X Conto Maravilhoso

• A partir da origem notam-se as diferenças; Enquanto o conto de fadas tem


origem celta, o conto maravilhoso tem origem oriental.
• Conto de fadas: pode ter ou não a presenças de fadas, mas obrigatoriamente
deve ter elementos feéricos (mundo da fantasia).
O núcleo problemático caracteriza-se pela busca do herói pela realização
pessoal marcada pelo teor existencialista. Nessa busca, o herói enfrenta
adversidades e contratempos, e recebe, na maioria das vezes, o auxílio de uma
fada para alcançar seu ideal, o amor. O termo fada vem do latim fatum que
significa destino, fado. Sendo assim, atuam como mediadores intervindo no
destino do herói ou da heroína. Há fadas que podem dificultar a trajetória do
herói são comumente conhecidas como bruxas. A dualidade entre o bem e o
mal é outro aspecto importante desse tipo de conto. Nessa batalha, o bem
sempre vence o mal, o que indica o conteúdo moralizante dos contos.
Conto de Fadas X Conto Maravilhoso

• Já os contos maravilhosos apresentam a problemática da


tentativa de ascensão social, realização do exterior.
• Nesses contos, o protagonista ou o antagonista partido da
pobreza tenta ascender socialmente e na busca por riquezas
acontecem as venturas e desventuras.
• É importante salientar que as fadas não integram o universos
maravilhoso desses contos, outros elementos mágicos estão
presentes (duendes, animais e objetos falantes, entre
outros).
• O conto de fadas não é mais que uma das variedades do
maravilhoso e os acontecimentos sobrenaturais não
provocam nele surpresa alguma: nem o sonho que dura cem
anos, nem o lobo que fala, nem os dons mágicos das fadas. O
que distingue o conto de fadas é uma certa escritura, não o
status do sobrenatural (Todorov, 2008, p. 30).
• O conceito de maravilhoso, assim, transcende a noção de conto de
fadas, com seus elementos tradicionais. Não exige final feliz, mas
demanda a presença do sobrenatural encarado como natural dentro
de seu universo narrativo, aliado a uma linguagem metafórica
responsável por trazer à tona experiências humanas simbolizadas em
mitos e arquétipos. Além disso, como todo conto, carece de uma
unidade dramática, independentemente de sua extensão – aliás, a
extensão de um conto é um elemento irrelevante para sua
caracterização.
Conto de Fadas: A Bela Adormecida

Charles Perrault (1697) Versão Disney (1959) Malévola (2014)


Malévola (2014) A Bela Adormecida no Reino da Magia - 2014
Leitura do Conto...
Conto maravilhoso: João e o Pé de Feijão
 Estória mais antiga é a de Benjamin Tabart (1807);
 Versão popularizada por Joseph Jacobs (1890).
Versão em filme Jack – O Caçador de Gigantes (2013)
Leitura do Conto...
Mil e uma noites
• Um rei chamado Shariar membro de poderosa dinastia, descobre
certo dia que a mulher o trai com um escravo. Em crise, esse rei sai
pelo mundo, iniciando uma busca que é também de fundo
espiritual: ele quer saber se existe neste mundo alguém mais infeliz
do que ele.
• A resposta é positiva, com um agravante: ninguém pode conter as
mulheres – é o que lhe garante uma bela jovem que trai o marido.
• Então ele retorna para o seu reino decidido a tomar uma medida
drástica e violenta: casar-se a cada dia com uma mulher diferente e
após a consumação do casamento matar a esposa, e assim nunca
mais ser traído.
• Depois de muitas mortes e pânico entre as famílias, durante três
anos.
• Um dia, a filha mais velha do primeiro-ministro do rei, a bela e
sábia Sherazade, diz ao pai que tem um plano para acabar com a
barbaridade do rei. Para aplicá-lo, porém, ela precisa casar-se
com ele. Horrorizado, o pai tenta convencer a filha a desistir da
ideia, mas Sherazade estava decidida a acabar de vez com a
maldição que aterroriza a cidade.
• Quando chega a noite de núpcias, sua irmã mais nova,
Duniazade, faz o que Sherazade havia pedido. Vai de madrugada
até o quarto dos recém-casados e, chorando, pede para ouvir
uma das fabulosas histórias que a irmã conhece. Sherazade
começa então a narrar uma intrigante história que cativa a
atenção do rei, mas não tem tempo de acabar antes do
amanhecer. Curioso para saber o fim do conto, Shariar concede-
lhe mais um dia de vida. Mal sabe ele que essa seria a primeira
de mil e uma noites! As histórias de Sherazade, uma mais
envolvente que a outra, são sempre interrompidas na parte
mais interessante. Assim, dia após dia, sua morte vai sendo
adiada.
• São fábulas de terror e de piedade, de amor e de ódio, de
medos e de paixões desenfreadas, de atitudes generosas e
de comportamentos cruéis, de delicadeza e de brutalidade.
Um repertório fantástico que até hoje nenhuma outra obra
humana igualou, e que, desde o início do século XVIII, vem
sendo traduzido para os mais diversos idiomas do mundo, a
tal ponto que, para Jorge Luis Borges, passou a ser “parte
prévia da nossa memória”.
Estórias mais conhecidas mundialmente:

• Aladim e a lâmpada mágica.


• Ali-Babá e os quarenta ladrões.
• As viagens de Simbad.
• O cavalo encantado.
• A Rainha Serpente.

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