Análise Sintática Nos Moldes Tradicionais.

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2024

FACULDADE DE LETRAS/ UFMG

ANÁLISE SINTÁTICA NOS


MOLDES TRADICIONAIS

Prof. Lorenzo Vitral


O que é análise sintática?
ANÁLISE ( do substantivo grego analysis, cognato do verbo
analycin , "desatar, desprender, soltar", composto do prefixo ana-, "para cima", + lyein,
"soltar") é a decomposição de um todo em seus elementos componentes.

A ANÁLISE SINTÁTICA divide um período em


orações que o compõem; e cada oração nos seus
termos:
1. Essenciais;
2. Integrantes; e
3. Acessórios.
NORMA , REGRA E PRINCÍPIO

Duplo Objetivo da teoria gramatical


tradicional:

1)Descrever a língua
2)Normatizar o uso da língua
Temas principais

1) A definição de sujeito
2)A oração sem sujeito
3)Complementos e adjuntos
4)Transitividade
5)Auxiliares modais
6)Distinção entre coordenação e subordinação
O período simples

A oração independente absoluta

TERMOS ESSENCIAIS

SUJEITO e PREDICADO
1. SUJEITO

Critérios de análise de Gramática Tradicional:

1)Critério formal: a) fonético; b) morfológico; c)


sintático.

2)Critério semântico
1. SUJEITO

Exemplos:

“Está chovendo”

1) O primeiro termo da locução é oxítono.


2) Refere-se a um fenômeno da natureza.
3) O segundo termo contém o morfema –ndo que
forma o gerúndio.
4) É uma locução verbal formada por um auxiliar
e um verbo principal.
1. SUJEITO

Definições de sujeito:

1)O ser que pratica ou sofre a ação.

2)O ser ou aquilo sobre o qual se diz algo.

3)O termo com o qual o verbo concorda.


1. SUJEITO
Sujeito simples e composto

1)Quando tem um só núcleo ( substantivo, equivalente, ou


pronome) , o sujeito é SIMPLES:
"Eu teria ido meu caminho." ( M. d e Assis, Sem., 48. ) ;
"Por que está você com esse ar?" ( lei., VH, 229.) ;
"Amanhã é feriado nacional." (Aníbal Machado, HR, 159.) ;
"Súbita mão de algum fantasma oculto sacode-me." (F. Pessoa, OP,
57.)

2)É COMPOSTO o sujeito quando tem mais de um núcleo


(substantivo, equivalente, ou pronome ) :
''Meu pai e minha mãe conservaram-se grandes, temerosos,
incógnitos." (Gracil ano, Inf ., 12.) ;
"O magistrado e sua família eram odiosos ao pai de Teresa."
( Camilo, A P, 23.) ;
"Deus e tu são testemunhas." ( Garrett, ap. Mário Barreto, GL,106.)
SUJEITO
Sujeito oculto (elíptico)

Nem sempre há necessidade de explicitar o sujeito de uma oração,


seja porque já figura numa oração contígua, seja porque a
desinência do verbo claramente o indica. Diz­-se, então, que o sujeito
está elíptico, ou oculto por "elipse“:

"Estou sozinho." (O sujeito é o pron. eu, implícito na forma verbal


estou) ;
"A empregada que D. Alice me arranjou traz-me o café e as
refeições. É discreta e alheia." ( Corção, LA , 14.).
(O sujeito dos predicativos discreta e alheia , no 2.0 período, é o
pron. ela, substituto de a empregada que D . Alice me arranjou ,
que não se repete por já ter aparecido no 1.0 período.)
SUJEITO
Sujeito indeterminado

Muitas vezes não se pode, ou não se deseja, ou não interessa indicar


o sujeito de uma oração, o qual então se diz INDETERMINADO.
SUJEITO INDETERMINADO
1. - Verbo na 3.ª pessoa do plural.
A apresentação linguística típica de sujeito indeterminado, em
português, é deixar o verbo na 3.ª pessoa do plural, "não referido a
nenhum substantivo no plural anteriormente expresso, nem ao pronome
eles" ( G. C. Melo, NM AS , 40.) :

"Pediram silêncio." ( An. Machado, HR, 290.) -


"Vão lá pedir sinceridade ao coração!" ( Camilo, AP, 39.)

2.-Verbo na 3.ª pessoa do singular + pronome se. A maioria dos autores


relacionam entre os casos de sujeito indeterminado aquele em que o
verbo está na 3.ª pessoa do singular, acompanhado do pronome se:

"Devagar se vai ao longe." "Não se progride sem esforço.“

3.- Verbo no infinitivo dito impessoal:


“Conseguir um emprego hoje em dia está mais difícil”
ORAÇÃO SEM SUJEITO
Caso distinto é o das orações sem sujeito: nelas a enunciação se
concentra no predicado, que não se atribui a nenhum ser; o sujeito é
inexistente, e o verbo, por não estar referido a nenhuma pessoa
gramatical, se diz IMPESSOAL. Eis os principais casos :
a ) com verbos e expressões que denotam fenômenos da natureza
(amanhecer, entardecer , anoitecer, chover, fazer calor, fazer frio, estar
frio, gear , nevar, relampe jar, trovejar , ventar, etc. ) ;
b ) com o verbo haver quando significa "existir":
"Há uma gota de sangue em cada poema." (Mário de Andrade) ;
c) com o verbo ser , na designação de tempo em geral:
“É cedo." - "São duas horas." - "Era de madrugada.";
d ) com os verbos andar, fazer, haver, ir, na indicação de tempo
decorrido:
"Andava por um mês que Dagoberto se achava no Bondó." (J. A. d
e Almeida, Bag., 116.) [Poderia dizer-se também "Fazia um mês",
"Havia um mês“.
ORAÇÃO SEM SUJEITO
e) cm certas orações de conjugação pronominal impessoal:

"Trata-se de uma estranha confusão etnológica." (C. de Laet, "Crôn. Lit.",


in Rev . Brasileira , 1879, t. I, 217.)

Aqui se tem em mente apenas o predicado, não se atribuindo o processo


verbal a nenhum ser.
2. O PREDICADO
À exceção do vocativo, tudo o que, na oração bimembre, não é sujeito
ou não está no sujeito, constitui o PREDICADO, termo que contém a
informação nova para o ouvinte.

Predicado nominal , verbal e verbonominal


1) NOMINAL: quando a informação que se dá acerca do sujeito - o seu verdadeiro
predicado - está contida num NOME (adjetivo, locução adjetiva, substantivo ou
equivalen te ) ou pronome, que se denomina PREDICATIVO; este se liga ao sujeito
por intermédio de um verbo sem significação precisa, que por isso mesmo se chama
VERBO DE LIGAÇÃO. Ex. :
"O mistério é o ENCANTO da viela." (M. de Assis, H sD, 73.) ;
"Você é DAS ARÁBIAS." ( lb., 55.) ;
"Desde então fiquei PERDIDO." (lb., 128.) ;
2. O PREDICADO
À exceção do voca tivo, tudo o que, na oração bimembre, não é sujeito
ou não está no sujeito, constitui o PREDICADO, termo que contém a
informação nova para o ouvinte.

Predicado nominal , verbal e verbo-nominal


2)VERBAL: quando tem como núcleo de sentido um VERBO de significação
precisa, sozinho ou em locução verbal:

"Está CHOVENDO."; "SUPORTA-SE com paciência a cólica do próximo." (M. de


Assis, BC, 304.) ; "Ia eu ANDANDO pelas alamedas." ( torção, LA , 96.) ; "Todos
os caminhos vão DAR a Roma."
2. O PREDICADO
À exceção do voca tivo, tudo o que, na oração bimembre, não é sujeito
ou não está no sujeito, constitui o PREDICADO, termo que contém a
informação nova para o ouvinte.

Predicado nominal , verbal e verbo-nominal


3) VERBO-NOMINAL : é o predicado misto, que possui dois núcleos
significativos, um VERBO e um NOME PREDICATIVO :

“Ela CHEGAVA sempre ATRASADA." ( Corção, LA , 1 6.) ; "A lua IA GRANDE e


BELA." (Garrett, VMT, 303. ) ; "Virgília ENTROU RISONHA e SOSSEGADA." ( M. d
e Assis, BC, 207)
3. O predicativo
Chama-se PREDICATIVO à palavra ou locução de natureza nominal ou
pronominal que constitui:
a) o núcleo de um predicado nominal:
"A rua estava SILENCIOSA.";
"O anel é DE OURO."; "O aluno é VOCÊ.";
b ) o elemento nominal de um predicado verbonominal:
"Encontrei a rua SILENCIOSA."
-O predicativo do sujeito pode encontrar-se:

a ) num predicado nominal:


"Ela parecia ESPA NTADA." ( Corção, LA , 232. ) ;
b ) num predicado verbonominal :
"A rua foi encon trada SILE NCIOSA.”

-O predicativo do objeto só aparece no predicado verbonominal:

"Um fraco rei faz FRACA a forte gente." ( Lus., III, 138.)
João fez Maria feliz.
PREDICAÇÃO VERBAL
Chama-se PREDICAÇÃO (ou REGÊNCIA) VERBAL ao tipo de conexão
entre verbo e complementos.

1) INTRANSITIVOS são os verbos que podem conter em si toda a


significação do predicado sem acréscimo de complemento. São habi-
tualmente intransitivos verbos de ação, que exprimem fatos causados por
um ser capaz de executá-los, um AGENTE : brincar, trabalhar, correr , voar,
etc. :
“"As crianças brincam."; "Os pássaros voam.“.
PREDICAÇÃO VERBAL
Chama-se PREDICAÇÃO (ou REGÊNCIA) VERBAL ao tipo de conexão
entre verbo e complementos.

2) TRANSITIVOS são os verbos que requerem o acréscimo de um


COMPLEME NTO que integre o sentido do predicado. Classificam-se
em TRANSITIVOS DIRETOS, TRANSITIVOS INDIRETOS,
TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS ao mesmo tempo.
PREDICAÇÃO VERBAL
Chama-se PREDICAÇÃO (ou REGÊNCIA) VERBAL ao tipo de conexão
entre verbo e complementos.

2a) TRANSITIVOS DIRETOS são os verbos que têm seu


sentido integra- izado por um complemen to não introd uzido
por preposição obrigatória, ou ocasional mente pela preposição
a , denominado OBJETO DIRETO.
PREDICAÇÃO VERBAL
Chama-se PREDICAÇÃO (ou REGÊNCIA) VERBAL ao tipo de conexão
entre verbo e complementos.

3a) TRANSITIVOS INDIRETOS são os verbos que têm seu


sentido integralizado por um OBJETO INDIRETO, isto é, um com­
plemento que, quando substa ntivo, ou pronome substantivo,
vem obrigatoriamente regido de preposição sem valor
circunstancial:

“Perdoa A seus inimigos." "Discordava DE tudo."


PREDICAÇÃO VERBAL
Chama-se PREDICAÇÃO (ou REGÊNCIA) VERBAL ao tipo de conexão
entre verbo e complementos.

4a) Verbos transitivos diretos e indiretos: além do objeto


direto, requerem simultaneamente o acréscimo de outro
complemento, o OBJETO INDIRETO, que, quando substantivo,
vem obrigatoriamente precedido de preposição ( a, para ) , e
que designa o ser a quem a ação beneficia ou prejudica (dar,
devolver, entregar, mostrar , oferecer, pedir, etc. ) :

"Deu tudo AOS pobres."


"PARA o filho reservara os melhores livros."
PREDICAÇÃO VERBAL
Chama-se PREDICAÇÃO (ou REGÊNCIA) VERBAL ao tipo de conexão
entre verbo e complementos.

5a) Verbos transitivos adverbiais: Certos verbos de movimen


to ou de situação (como chegar , ir, partir , seguir , vir, voltar ;
estar, ficar , morar, etc, ) , quando pedem um constituinte que
lhes integre o sentido, embora tradicionalmente classificados
como intransitivos, devem ser considerados transitivos, desde
que se entenda por TRANSITIVIDADE a necessidade de um
complemento "que vem acabar uma ideia insuficiente em si
mesma”:
PREDICAÇÃO VERBAL
Chama-se PREDICAÇÃO (ou REGÊNCIA) VERBAL ao tipo de conexão
entre verbo e complementos.
5a) Verbos transitivos adverbiais: Levando em conta esse fato, vários autores têm
incluído esses verbos entre os transitivos: José Oiticica os denomina "verbos
adverbiados"; Rocha Lima lhes chama "transitivos circunstanciais"; Evanildo Bechara
sugere o nome "transitivos adverbiais'', observando que, numa oração como "Irei
à cidade.", à cidade é COMPLEMENTO, e não ADJUNTO ( LPAS , p.
44).Antenor Nascentes, embora os inclua entre os intransitivos, adverte: "Tratando-se
de verbos intransitivos de movimento, o complemento de direção não pode ser
considerado elemento meramente acessório." (PR, 17-18.).Considerando esses
motivos, incluímos entre os verbos transitivos indiretos os exemplos:

"Ela IA à igreja todas as manhãs.";


"MORO no Rio d e Janeiro.";
"O Presidente VOLTOU da China."
CONSTRUÇÕES ESPECIAIS DOS VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS
AS VOZES VERBAIS

Voz ativa, voz passiva e voz medial:


a. Voz ATIVA é a forma habitual que reveste o verbo transitivo direto para
denotar que o seu sujeito ( claro, elíptico, ou indeterminado ) é AGENTE,
isto é, executa ou pratica a ação que exprime:
SUJEITO AÇÃO OBJETO DIRETO
(agente) (verbo na voz ativa) (paciente)
Caim matou Abel
b. Voz PASSIVA ANALÍTICA é a forma composta, com auxiliar, que o verbo
transitivo direto assume para exprimir que o seu sujeito é PACIENTE, isto é,
recebe ou sofre a ação:
SUJEITO AÇÃO AGENTE DA PASSIVA
(paciente) (verbo na voz passiva) (agente)
Abel foi morto por Caim
CONSTRUÇÕES ESPECIAIS DOS VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS
AS VOZES VERBAIS

Voz ativa,voz passiva e voz medial:

c. Voz PASSIVA PRONOMINAL (ou sintética):


Quando, numa oração na voz ativa com verbo transitivo direto, o agente
(sujeito) é indeterminado, e o paciente (objeto direto ) é um ser inanimado,
incapaz de praticar a ação expressa pelo verbo, nossa língua admite, além
da voz passiva composta, com auxiliar, outra construção, sintética, em que à
forma do verbo na voz ativa se acrescenta, para indicar passividade, o
pronome se:
"Construíram-se muitos edifícios." (sujeito paciente : muitos edifícios; verbo
construir na voz passiva pronominal: construíram-se ; não se declara o
agente. )
CONSTRUÇÕES ESPECIAIS DOS VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS
AS VOZES VERBAIS

voz medial:
c. Voz MEDIAL (ou MÉDIA): o termo voz média, tal como originalmente
empregado, designa uma categoria flexional que, do ponto de vista formal,
constituía, nas línguas clássicas do Indo-europeu, um conjunto
paradigmático de sufixos verbais com uma função semântica bem delineada:
expressar eventos em que a ação ou o estado afeta o sujeito do verbo ou
seus interesses (Lyons, 1979,p. 373). Embora a categoria de voz básica no
português não apresente expressão desinencial, a morfologia verbal permite
distinguir a diátese ativa da média mediante o uso do clítico se em
construções sintáticas alternativas com a expressão de diferentes funções
semânticas, mais ou menos similares à diátese das línguas clássicas:

“Ele se levantou” (compare com “ele o levantou”)


"Os desafetos cumprimentaram-se publicamente."
VERBOS DE LIGAÇÃO
Chamam-se DE LIGAÇÃO verbos que, sem possuírem
geralmente significação precisa, ligam um sujeito a um predi­
cat ivo, exprimindo ao mesmo tempo:
a ) o estado ou condição do sujeito;
B ) o tipo de relação (aspecto) que há entre sujeito e predica
tivo:
l ) Aspecto permanente (estado natural ou habitual ) , expresso pelo verbo
ser , que pode ligar-se a um adjetivo, designando atribuição ou qualif
icação, ou a um substant ivo, indicando classificação : "Vênus É
brilhante.", "Vênus É um planeta. "
2 ) Aspecto tramitório ( estado adquirido ) - estar, andar, viver : “Pedro
ESTÁ (ou ANDA, ou VIVE ) resfriado. "
3 ) Aspecto permansivo ( mudança de estado ) -ficar, virar ( com substantivo
) : "Ficou louco; Virou louco”.
4 ) Aspecto durativo ( duração de estado ) -continuar, permanecer : "Fulano
CONTINUOU ( ou FICOU, ou P ERMANECEU ) silencioso.“
5) Aspecto aparente ( aparência de estado -natural ou adquirido ) - parecer
( com adjetivo ou substantivo ) : "Vênus PARECE uma estrela ."
Verbos auxiliares
Segundo a finalidade do seu emprego, assim podemos classificar os verbos
auxiliares que formam uma locução verbal com uma das formas nominais do
verbo: Aspecto
1)Auxiliares que servem para a formação de novos tempos
(sempre com o verbo principal no particípio ) :
a ) na voz ativa : ter, haver e, hoje mais raramente, ser :
“TINHA feito , HAVIA dito, Já SOIS chegados”.
b ) na voz passiva analítica: de ação -ser : "Abel FOI morto por Caim."; “A
ilha ERA habitada por nativos”.
2. Auxiliares que determinam com mais rigor o momento do processo
verbal, indicando, entre outros, os seguintes aspectos:
a ) momento inicial (INCOATIVOS) : começar a , desatar a , “COMEÇOU a
chorar; "DESATOU a correr, como louco”.
b ) repetição, hábito (ITERATIVOS): costumar , tomar a , voltar a , etc. :
"COSTUMO estudar pela manhã."; "TORNOU a errar .";
c ) duração, continuação, progressão ( PROGRESSIVOS ou CURSIVOS ) :
l ) com gerúndio: andar, estar, ficar , ir, vir, etc.: “O Que ESTÁ fazendo?”
2 ) com infinitivo : andar a, estar a, ficar a , etc.: "Que ANDA a fazer? ";
"FICO a meditar.";
Verbos auxiliares
d ) momento final, cessação: acabar de, cessar de, deixar de,
parar de (todos com o verbo principal no infinitivo) : "Ele
ACABA DE chegar."; "DEIXEI DE fumar. ";
e ) momento futuro próximo: ir + infinitivo: "Vou viajar
para Paris” MODAL x MODO SAID ALI, MANUEL

3. Auxiliares MODAIS, que indicam o modo segundo o qual o


sujeito, ou o falante, encara o processo do infinitivo;
acrescentam à locução caráter de:
a ) volição: desejar, querer, haver de : "QUERO votar para
presidente."; "HAVEMOS de superar esta crise.";
b) possibilidade ou capacidade: poder , saber : “POSSO
carregar 30 kilos”
c) necessidade: dever (de) , ter de, ter que: "Não DEVO viajar
sozinho"; "TENHO QUE sair agora.";
2)TERMOS INTEGRANTES
1)O OBJETO DIRETO
Chama-se OBJETO DIRETO ao termo da oração que integra o sentido de um
verbo transitivo direto, exprimindo, pois, o “ser” ou a “coisa” para o qual se
dirige a ação, o qual integrada o significado do verbo:

"O sino chama os CRISTÃOS à matriz."

O objeto direto pode exprimir-se por meio de:

a ) substantivo (ou palavra substantivada ) não regido de preposição


obrigatória:
"Vais encon trar o MUNDO." (R. Pompéia , Aten., 5.)
b ) pronome pessoal oblíquo átono ( me, te, se, nos); na 3.ª pessoa tem as
formas privativas o, a, os, as ( com suas variantes lo, no, etc. ) :
"Viste-A?"; "Trouxemo-Lo."; "Trouxeram-NAS.";
c ) qualquer pronome substantivo não regido de preposição obrigatória :
“Quem procuras?''.
2)TERMOS INTEGRANTES
2)O OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO
Quando o objeto direto tem como núcleo certos substantivos ou pronomes
substantivos, não raro vem regido da preposição a , sobretudo quando se segue
a verbos que exprimem sentimentos:

a) em certas expressões da língua em que aparecem substantivos próprios:


"Louvemos a Deus."; "Os romanos adoravam a Júpiter. ";
b ) quando o substantivo indica pessoa:
"Estimo a meus pais. ";
c) quando é pronome pessoal tônico ( uso obrigatório ) : .
"Ofendeste a ele, não a nós."; "Feriu-se a si mesmo.";
d ) com pronomes substantivos demonstrativos, indefinidos, interrogativos:
"Apreciei mais a este."; "Ofendeu a todos indistintamente.";
"A quem você prefere?";
e)com numerais substantivos :
"Aprovei a ambos."
2)TERMOS INTEGRANTES
3) Objeto direto pleonástico

Sempre que haja necessidade expressiva de reforço, de ênfase, pode o objeto


vi r repetido. Essa reiteração recebe o nome de PLEONASMO, e pode ocorrer
em qualquer função sintática:

"A mim, abandonaste-ME." (Eça, PB, 146.)

Esse livro, já o li.

Já li esse livro
Esse livro, já li___ Topicalização
2)TERMOS INTEGRANTES
4) O OBJETO INDIRETO

Recebe o nome de OBJETO INDIRETO o termo da oração que, sem


caracterização lógica perf eitamente definida, pode exprimir:
a) o ser para o qual se dirige a ação de um verbo transitivo indireto:
"Gosto de MÚSICA.”
"Ele recorreu ao DICIONÁRIO.“
b ) nos verbos bitransitivos, o ser a quem se destina o objeto direto:
"Entreguei o livro ao ALUNO.";
c ) o ser em que se manifesta a ação :
"Aconteceu a FULANO uma desgraça.";
"Custou muito ao MENINO aceitar esta situação.";
2)TERMOS INTEGRANTES
5) Duplo objeto indireto

Em casos bastante limitados, podem aparecer dois objetos indiretos referidos


ao mesmo verbo.Isso ocorre, por exemplo em virtude de um cruzamento de
regência, com verbos como ajudar, ensinar (um dos objetos é oracional ) :

"Ajudei-lhe a pôr o selo e despedimo-nos." (M. de Assis, RCV ,65.) ;


"Antes de ensinar ao filho a falar, ensinava-lhe a ler." (J. A. Almeida, Bag., 133.)
2)TERMOS INTEGRANTES
6) O AGENTE DA PASSIVA

Chama-se AGENTE DA PASSIVA, como o próprio nome o diz, o termo da oração


que exprime, na voz passiva com auxi­ liar (V. § 49. ) , o ser que exerce a ação
que o sujeito paciente recebe ou sofre:

"O espaço está sendo conquistado pelo HOMEM."


"Ele é estimado de/por TODOS."
2)TERMOS INTEGRANTES
7) O COMPLEMENTO NOMINAL

É o complemento das palavras transitivas (nomes e adjetivos),


obrigatoriamente preposicionado, que recebe o nome de COMPLEMENTO
NOMINAL.
Comparem-se estas construções: [ nome ]
a) vender mercadorias
(obj. dir.)
b ) venda de mercadorias; A MRV constru+iu um prédio
(compl. nom.)
c) Creio em você.
( obj. ind.) [ A construção do prédio]
d ) minha crença em você ;
(compl. nom.)
e) Eu receio as novidades
(Obj. dir.)
f) Estou receoso das novidades
(compl. Nom.)
3)TERMOS ACESSÓRIOS
1. O ADJUNTO ADNOMINAL

Em qualquer função sintática que possa ter como núcleo um substantivo, este
pode vir acompanhado de palavras ou locuções de valor ou função adjetiva que
lhe delimitam o sentido geral:

“[Os TEUS olhos NEGROS] são como DUAS flores DO M A L." ( EÇa,PB , 5.)

O adjunto adnominal pode ser expresso por: O filho do vizinho


O João da farmácia
a) nome adjetivo: olhos negros, olhos felinos; O João da Maria
b) locução ou expressão adjetiva: olhos de gala; carioca da gema .
c) artigo : os olhos, uns olhos;
d) pronome adjetivo possessivo : teus olhos;
e) demonstrativo: esses olhos;
f) indefinido : tais olhos, mais aulas, qualquer livro, cada dia;
g) numeral adjetivo: trinta alunos; primeiro dia.
3)TERMOS ACESSÓRIOS
2. O ADJUNTO ADVERBIAL

Advérbios ou locuções adverbiais, que, na frase, acrescentam circunstâncias a


verbos, ou intensificam a ideia expressa por verbo, adjetivo ou advérbio,
recebem o nome de ADJUNTOS ADVERBIAIS. É muito difícil relacionar todos os
tipos de adjunto adverbial. Alguns deles são: Sujeito
Predicado
a)causa : Morriam à míngua ; Não saí por precaução Objeto
b)companhia : Sairei com você; Adjunto
c)concessão : Apesar dos seus esforços, não conseguia progredir;
d)condição : Sem esforço, não progredirás;
e)conformidade : Pagar dízimos segundo o costume;
f)modo: Tomou a limonada rapidamente.
g)matéria: Era feito de cobre.
h)intensidade: dormi muito feliz; dormi muito ontem; muito provavelmente, não
conseguirá escapar da multa.
i) instrumento: Ele conseguiu consertar o celular com uma chavinha.
3)TERMOS ACESSÓRIOS
3. O APOSTO

Uma idéia fundamental contida num termo de valor substantivo, em qualquer


função sintática, pode ser continuada, explicada desenvolvida ou resumida num
termo acessório, também necessariamente substantivo, ou seja, o APOSTO:

Conforme seu valor na oração, classifica-se o aposto em:


a ) EXPLICATIVO :
"Sete anos de pastor Jacó servia Labão, PAI DE RAQUEL. ( Camões, Rimas.);
Amanhã, SÁBADO, não sairei.";

b ) ENUMERATIVO :
"Para um homem se ver a si mesmo são necessárias três cousas:
OLHOS, ESPELHO e LUZ." (Vieira, ap. G. e. Melo, NMAS, 76.) ;
3)TERMOS ACESSÓRIOS
4. O VOCATIVO

À parte tanto do sujeito como do predicado, pode ocorrer na oração um termo


com que se interpela o ouvinte, o VOCATIVO:

“ O João, passe-me o sal por favor”; “Passe-me o sal por favor, João.”
O PERÍODO COMPOSTO

Já sabemos que se diz COMPOSTO o período formado


de mais de uma oração, e que as orações que o compõem
podem ser de quatro tipos : INDEPENDENTES,
PRINCIPAIS, COORDENADAS, SUBORDINADAS e
CORRELATAS.

João disse que Maria chegou

João foi ao cinema e Maria foi ao shopping


João tocava bateria e Pedrinho dormiu
Independência?
O PERÍODO COMPOSTO
1) Coordenação
Se todas as orações de um período são independentes, isto é, têm sentido por si
mesmas, e poderiam, por isso, constituir cada uma um período, o período se diz
COMPOSTO POR COORDENAÇÃO (por justaposição e, portanto, ASSINDÉTICA,
isto é, sem conjunção) Exs. :

"Aqui estou, aqui vivo, aqui morrerei." ( M. de Assis, MA, 4': ) ;

"Nosso céu tem mais estrelas,


Nessas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.“

Com o auxílio de "conjunção coordenativa"; a oração coordenada se denomina


então, SINDÉTICA . Exs.:

"Bati-lhe e ela caiu."


“Pedro estava no Rio, logo não foi ele que vimos no baile.”
O PERÍODO COMPOSTO
Orações desenvolvidas e orações reduzidas

Se uma oração tem o seu verbo no indicativo, subjuntivo, ou


imperativo, recebe o nome de DESENVOLVIDA. Se, porém, o
verbo está numa forma nominal (infinitivo, gerúndio, ou
particípio), ela se denomina REDUZIDA. Exs.:

a) O inspetor garantiu estar correto em relação à multa.

b) O inspetor garantiu que estava correto em relação à multa.


O PERÍODO COMPOSTO
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS

1) ADITIVAS: quando os vários pensamentos


coordenados estão simplesmente em
sequência, sem o acréscimo de outra ideia.
Quando sindéticas, são introduzidas nelas
conjunções e, nem e outras. Exs.:

Não vê, não ouve, não fala e não conhece


ninguém." (Garrett, VMT, 318. ) ;
“Recebeu a jóia, entregando-a [= e entregou-a]
depois à esposa".
O PERÍODO COMPOSTO
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS

2) ADVERSATIVAS : a segunda oração


coordenada exprime contraste, compensação.
Quando sindéticas, são introduzidas pelas
conjunções e locuções conjuntivas mas
(típica) , porém, entretanto, no entanto,
contudo, não obstante, senão, todavia, etc. Ex. :

"Crê em ti, mas nem sempre duvides dos


outros." (M. de Assis, BC, 305.)
O PERÍODO COMPOSTO
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS

3)ALTERNATIVAS: as várias orações exprimem


pensamentos que se alternam, ou se excluem. A
conjunção alternativa típica é ou:

"As pessoas atingidas baixavam a cabeça,


humildes, ou corriam a executar ordens." (Gr.
Ramos, Inf ., 28.)
O PERÍODO COMPOSTO
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS

4) CONCLUSIVAS : a segunda oração coordenada


exprime conclusão ou consequência lógica da primeira. As
orações conclusivas são introduzidas pelas conjunções ou
locuções logo, portanto, então, assim, por isso, por
conseguinte , pois (posposta ao verbo) , de modo que, em
vista disso, etc. :

"Teu amigo está doente e sem recursos; deves, portanto,


auxiliá-lo e confortá-lo." (Said Ali, GS, 185.) ;
"A desintegração do núcleo libera calor, logo fornece
trabalho."
O PERÍODO COMPOSTO
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS

5) EXPLICATIVAS : a segunda oração coordenada


exprime o motivo de se ter feito a declaração
anterior. Quando sindéticas, são introduzidas pelas
conjunções pois (anteposta ao verbo ) , porque,
porquanto, que :

“ Roda, meu carro, pois vamos rodando . . . . " ( C.


Meireles, OP, 223.) ;
"Roda, meu carro, que é curto o caminho." (Id.,
ibid., 222.)
O PERÍODO COMPOSTO
A CORRELAÇÃO
Nas orações formadas por correlação, que é comum no grego clássico,
aparecem constituintes necessários e interdependentes nos dois pares
que compõem o período composto. Observem-se os exemplos:

1) Não somente Maria socorreu a pobre família, mas também adotou as


duas órfãs. (pode-se dizer o mesmo com uma coordenação: Maria
socorreu a pobre família e ainda adotou as duas órfãs).
2)Tais foram sua promessas, tais são hoje suas realizações.
3)Tanta bondade tinha ela, quanta ruindade mostravam seus parentes.

Mηκέτι οὖν πóνει αλλά κάθιζε και δειπνεί.


“Não mais então trabalha, mas senta e come”
O PERÍODO COMPOSTO
AS ORAÇÕES SUBORDINADAS

Já sabemos que é SUBORDINADA a oração que


depende de uma oração principal nela
desempenhando uma função sintática. Exs:
mentiroso
“Desprezo[ o homem que mente.]“
“ Disseram que os convidados chegarão às 19 horas”
Disseram verdades.

Eu amo a pessoa a quem você deu um presente


O PERÍODO COMPOSTO
CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS

Qualquer oração subordinada se classificará,


primeiramente, conforme a sua função na oração
principal, em :

1) SUBSTANTIVA, quando exerce função própria de


substantivo (sujeito,objeto,predicativo, complemento
nominal , aposto, agente da passiva);
2)ADJETIVA, quando exerce função de adjunto
adnominal;
3)ADVERBIAL, quando exerce a função de adjunto
adverbial.
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

1) Substantivas
SUBJETIVAS

a ) “É claro [que não tenho medo]." (Ferr. de Castro, in M CP,


128. ) ;
b)”Em verdade, eu tinha fama e era valsista emérito: não
admira [que ela me preferisse]." (M. de Assis, BC , 144.)
c)"Parece [que o patrão nos queria experimentar]."
(A. Arinos,! PS. ) ;
d) "Não me agrada [lembrar o passado]." ( An. Machado,
HR , 98.) ;
e)"Vejam como é bom [ser superior às borboletas]!" (M. de
Assis, BC , 101.)

SV – VS (sujeito posposto) - Duas pessoas chegaram


Chegaram duas pessoas
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

1) Substantivas
OBJETIVAS DIRETAS
a)"[Que ela andou por aqui], tudo proclama." (Ad. Tavares,
PC, 113.) ;
b)"Não me venham dizer [que flor de jabuticaba não tem
perfume]." ( Coaraci, CV, 42. ) ;
"Sei [que estou salvo, apesar dos meus pecados]." ( 0. Lessa,
EL, 45 .) ;
c)"Sabe dizer [se ela tem filhos]?" ( An. Machado, HR, 64.)
d)Eu vi [as ondas engolirem-no]." ( HR, 247.) ;
e)"Fingia [prestar atenção].";
f) "Fitavam o azul do céu, a perguntar [de onde vinha aquela
noite adiantada no tempo]." (J. Amado, MM, 13.) ;
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

1) Substantivas
OBJETIVAS INDIRETAS

a) "Lembrou-se [de que a classe estava sem


serviço]." ! (O. Lessa, FS, 25.) (Pode também vir
elíptica a preposição: “Lembrou-se [que a vida é
curta]."; '
b ) "Obedece [a quantos te são superiores].";
c) "Anuiu [ a libertarem os presos]."
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

1) Substantivas
COMPLETIVAS NOMINAIS

a ) "Tenho a horrível sensação [de que me furam os tímpanos


com pontas de ferro]." ( Gr. Ramos, lnf ., 32.) - Pode estar
elíptica a preposição;
b) "Tinha remorso [de quanto fizera]." (C. P. Luft, GR, 151:3.);
"Para defesa [de quem vinha ao Senhor dos Navegantes],
havjam construído ali um murozito." (Ferr. de Castro, in
M CP, 127.) ;
c) "Fora desrespeitada a recomendação [de se preservar a
pessoa do réu]." (An. Machado, HR , 9.)
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

1) Substantivas
COMPLETIVAS NOMINAIS

a ) "Tenho a horrível sensação [de que me furam os tímpanos


com pontas de ferro]." (Gr. Ramos, lnf ., 32.) - Pode estar
elíptica a preposição;
b) "Tinha remorso [de quanto fizera]." (C. P. Luf t, GR, 151:3.);
"Para defesa [de quem vinha ao Senhor dos Navegantes],
havjam construído ali um murozito." (Ferr. de Castro, in
M CP, 127.) ;
c) "Fora desrespeitada a recomendação [de se preservar a
pessoa do réu]." (An. Machado, HR , 9.)
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

1) Substantivas
PREDICATIVAS

a)"A conclusão que tiro é [que a vida e a morte são hete­


rogêneas]." (Corção, LA , 75 .) ;
b ) "Sua resposta foi [compelir-me fortemente a olhar pra
baixo]." (M. de Assis, BC.)
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

1) Substantivas
APOSITIVAS

a)"Não é impossível que descobrisse meia verdade,


a saber, [que estava ali o pai do inventor das
borboletas]." ( BC, 100.) ;
b)"Ela me disse apenas isto: [não me aborreça].";
c) "Uma coisa me assombrava: [terem eles
mentido]."
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

1) Substantivas
COM FUNÇÃO DE AGENTE DA PASSIVA

Estas orações são sempre justapostas, sem conjunção,


introduzidas por pronome indefinido regido de por ou de.
Não as consigna a NGB. Exs. :

a)"Este trabalho foi feito [por quem entende do riscado].";

b)"É estimado [de quantos o conhecem]."


O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

2) Adjetivas
RESTRITIVAS
É uma oração que delimita ou define mais claramente um
substantivo antecedente. Na fala, ligam-se ao antecedente
SEM PAUSA; portanto não se isola, na escri ta, por vírgula.
Exs. :
[ boas]
a)“As pessoas [que aprendiam a ler na escola rural]
achavam indigna a labuta agrícola.”;
b) "Cada qual tem o ar [que Deus lhe deu]." (M. de Assis,
Vii,229. ) ;
c) “Eles encontraram o carro cujo dono havia desaparecido.”
d) “ A pessoa a quem eu dei o emprego me surpreendeu
muito”.
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

2) Adjetivas
EXPLICATIVAS

Exprimem o sentido geral do substantivo antecedente; têm o


valor aproximado de um aposto explicativo ou atributivoNa
fala, isolam-se do antecedente por uma pausa, indicada na
escrita por vírgula. Exs.:
a)"O homem, [que é mortal], tem alma imortal.";
b) “O pátio, [que se desdobrava diante do copiar], era
imenso." ( Gr. Ramos, lnf., 12.)
c) FHC, que foi um antigo presidente do Brasil, tem um
apartamento em Paris.
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

3) Adverbiais
As orações subordinadas adverbiais, que
funcionam sempre como adjunto adverbial da
oração principal de que dependem, podem
apresentar-se desenvolvidas e reduzidas (de
infinitivo, de gerúndio, de particípio ) .
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

3) CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS


1) ORAÇÕES CAUSAIS: Equivalem a um adjunto adverbial de causa. Quando
desenvolvidas, são introduzidas por conjunção ou locução conjuntiva
causal, cujo tipo é porque (pois, como, porquanto, pois que, uma vez que,
visto que, visto como, por isso que, já que, como quer que, etc. ) :

"Um dia quebrei a cabeça duma pessoa, [ porque me recusara


uma colher do doce de coco] que estava fazendo." (M. de Assis,
BC, 33.) ;
"[Como fosse acanhado], não interrogava a ninguém." (Id., ibid.,
139.) ;
"Alugou uma casa no bairro de Alfama, [ por lhe terem dito que,
naquela porção da Lisboa antiga,…];
"[Não obtendo resultado], fustigou-o com a bainha da
faca."(Gr. Ramos, Inf ., 8.).
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

3) CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS


2) ORAÇÕES COMPARATIVAS: Equivalem a um adjunto adverbial
de comparação; servem, pois, "para esclarecer um pensamento
ou conceito mostrando a semelhança, a igualdade (ou
desigualdade) , ou aquilo com que outra coisa está ou deixa de
estar de acordo". (Said Ali, GS, 199.):

"Os meus olhos rompiam a escuridão do horizonte, [como se


a luz do sol os iluminasse]." (Herc., ap. Said Ali, GS, 201.);
"Sabe-o o leitor tão bem [como eu sei].";
"Ninguém ama a brandura mais [do que eu amo].";
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

3) CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS


3) ORAÇÕES CONCESSIVAS: Equivalem a um adjunto adverbial
de concessão; indicam "que um obstáculo - real ou suposto -
não impedirá ou modificará, de modo algum, a declaração da
oração principal". ( Bechara, LPAS , 132.):

"[Mesmo que começasse a ventar], não era razão para que


as famílias se recolhessem, insensíveis que eram, de tão habi­
tuadas, àquele vento famoso." (An. Machado, HR, 7.) ;
"[ Apesar de estar doente], saiu para o trabalho.";
"Sei que se pode admirar uma mulher, [sem a desejar];
que se pode desejar [sem a amar]." ( Garrett, VM T , 292.)
"[Sendo pobre], ainda assim auxiliava os mais pobres."
"[Mesmo afastado o perigo], o temor ainda lhe perpassava
no olhar."
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

3) CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS


4) ORAÇÕES CONDICIONAIS: equivalem a um adjunto adverbial
de condição e exprimem condição ou hipótese:

"Não te irrites, [se te pagarem mal um benef ício]: antes cair das
nuvens, que de um terceiro and ar." ( M. de Assis, BC, 305.) ;
"Eles não prosseguirão nas obras [sem que o Governo lhes
pague].“
"Não obstante os meus quarenta anos, como eu amase
a harmonia da família, entendi não tratar o casamento [sem
primeiro falar ao Cotrim]." ( M. de Assis, BC, 313.);
"[Responsabilizando qualquer deles], meu pai me esqueceria."
( Gr. Ramos, Jnf ., 32. ) ;
"[Executada esta blasfêmia], não faria senão inaugurar a organi-
zaçao d a miséria. (Rui, OM, 33.)
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

3) CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS


5)ORAÇÕES CONFORMATIVAS: equivalem a um adjunto
adverbial de conformidade, e exprimem acordo ou con­
formidade de um fato com outro. Sempre desenvolvidas, são
introduzidas pelas conjunções conforme , como, consoante,
segundo, etc.:

"A voz dela era, [ como dizia o pai], muito mimosa." (M.
de Assis, BC, 250.) ;
"Cad a um colhe [conforme semeia]." (Prov.) ;
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

3) CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS


6) ORAÇÕES CONSECUTIVAS : equivalem a um adjunto adverbial
de consequência; exprimem, pois, que o fato declarado na
oração subordinada é consequência do que se enuncia na
principal:

"Eles me contavam estas histórias dando detalhe por detalhe,


[que ninguém podia suspeitar de mentira]." (J. L. do Rego,
ME, 84.) ;
"Todos estavam exaustos, [de modo que se recolheram logo]."
"Não podia vê-lo [sem rir]."
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

3) CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS


6) ORAÇÕES CONSECUTIVAS : equivalem a um adjunto adverbial
de consequência; exprimem, pois, que o fato declarado na
oração subordinada é consequência do que se enuncia na
principal:

"Eles me contavam estas histórias dando detalhe por detalhe,


[que ninguém podia suspeitar de mentira]." (J. L. do Rego,
ME, 84.) ;
"Todos estavam exaustos, [de modo que se recolheram logo]."
"Não podia vê-lo [sem rir]."
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

3) CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS


7) ORAÇÕES FINAIS - Equivalem a um adjunto adverbial de fim,
e exprimem a finalidade do que se enuncia na oração principal:

Fiz-lhe sinal [para que não insistisse], e ele calou-se por alguns
instantes." ( M. de Assis, BC , 241.);
“Foram a Inglaterra [pelejar em desagravo das damas
inglesas]." (Herc., ap. Bechara, LPAS,167.)
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

3) CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS


8) ORAÇÕES LOCATIVAS: equivalem a um circunstancial de lugar.
Apresentam-se sempre como desenvolvidas sem conjunção,
introduzidas pelo advérbo de lugar onde (combinado ou não
com preposição ) :

"Os mortos ficam bem [onde caem]." (M. de Assis, M A;1


10.) “;
"Precipitou-se [ para onde mais cerrado fervia o
pelejar].“ (Herc., E11r., cap. X.). 1
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

3) CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS


9)ORAÇÕES TEMPORAIS: quivalem a um adjunto adverbial de
tempo em suas várias modalidades: anteroridade,
posterioridade, repetição periódica, simultaneidade, término.
Exs.:
“[Quando estiou], partiram” (C. de Oliveira, AC,19)
"[Tanto que entrei na pousada], encerrei-me na minha câmara." (Herc.,
MC, 35.) ;
"Um dia, [depois de me confessar que tinha momentos de remorsos], …, é
porque me não tinha amor, Virgília cingiu-me com os seus magníficos
braços,… (M. de Assis, BC, 161);
"[Entrando em casa de D. Plácida], vi um papelinho dobrado sobre a
mesa.“(M. de Assis, BC, 296);
"[ Decorridos alguns dias], D. Rita disse ao marido que tinha medo de
ser devorada pelas ratazanas." ( Camilo, AP, 12.)
O PERÍODO COMPOSTO por SUBORDINAÇÃO

3) CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES ADVERBIAIS


10)ORAÇÕES PROPORCIONAIS: equivalem a um adjunto
adverbial de proporcionalidade. Exprimem: "aumento ou
diminuição que se faz paralelamente no mesmo sentido ou em
sentido contrário a outro aumento ou diminuição" (Said Ali,
GS, 202. )Ex.:

“[À medida que o tempo decorria], as figuras iam tomando


maior vulto na sua retina.” (J.Paço d´arcos, CVL,295);
“Choviam os ditos [ao passo que ela seguia pela mesas]”
(Almada Negreiros, NG,92)
A Regência, a Concordância e a Colocação
são as três partes fundamentais da sintaxe.

A Regência é a principal delas uma vez que


determina as relações de concordância entre os
itens lexicais, estabelecendo, por fim, a
colocação (ou construção) dos enunciados.
SINTAXE DA REGÊNCIA

A Regência é a parte da sintaxe que


estuda as relações de determinações,
que mantém entre si as partes do
discurso.
O vocábulo “regência” deriva de
“reger” que em Gramática significa
“subordinar” ou “determinar”
SINTAXE DA REGÊNCIA

Classificam-se as palavras em:


a)Palavras de sentido intransitivo ou absoluto;
b)Palavras de sentido transitivo ou relativo.
Palavras de sentido intransitivo são as que bastam a si
mesmas; como tal não exigem outras, que lhes
completem o sentido. São palavras de sentido
intransitivo:
a)Os verbos intransitivos (dormir; espirrar; nadar);
b)Os adjetivos que exprimem qualidade absoluta
(bom; amargo; quente);
c)Os substantivos comuns expressos em sua
generalidade (casa; hipocrisia; irmandade)
SINTAXE DA REGÊNCIA

Classificam-se as palavras em:


a)Palavras de sentido intransitivo ou absoluto;
b)Palavras de sentido transitivo ou relativo.
São palavras de sentido transitivo as que não se
bastam a si mesmas, exigindo outras, que lhes
completem o sentido:
a)Os verbos transitivos (comprar; comer; fazer);
b)Os adjetivos com força transitiva (temente a Deus;
devotado à causa);
c)Os substantivos de significação relativa (amor ao
próximo; horror ao vício).
d)Os advérbios de significação relativa (perto de casa;
longe da cidade)
SINTAXE DA REGÊNCIA

Leis fundamentais da Regência:


1) A regência é baseada na relação de determinação do
termo regido ao termo regente.
2) O termo regido subordina-se à natureza do termo
regente.
3) São os termos regidos que se acomodam aos regentes.
SINTAXE DA REGÊNCIA

1) VERBOS TRANSITIVOS
Verbo transitivo direto : é aquele cuja ação se projeta do sujeito
para recair adiante sobre outro ente ou coisa:

Pedro derrubou a cadeira; matei o escorpião; o incêndio


devorou a floresta; Pedro viu-me ou Pedro me viu.

Verbo transitivo indireto: nesse caso, o objeto reclamado é


introduzido por preposição:

O professor desistiu da lição; renuncei ao projeto; o soldado


fugiu do inimigo.
SINTAXE DA REGÊNCIA

1) VERBOS TRANSITIVOS
Verbo transitivo direto e indireto (ou bitransitivos): ocorrem,
nesse caso, dois objetos (um direto e outro indireto):

Emprestei o livro a José; cedí a João meu direito; vendemos um


terreno a Pedro.
SINTAXE DA REGÊNCIA

1) VERBOS TRANSITIVOS
A mesma forma verbal pode mudar de sentido conforme seja
empregado como transitivo direto ou transitivo indireto:

Fugia de todos (afastar-se); um grito fugiu dos lábios (escapou);


ele fugiu dos olhos (desapareceu; ausentou-se)

Quero-a ou a quero (desejo-a carnalmente); quero-lhe (muito


bem) (amizade).

Não lhe sofri (permitir) o insulto; sofro de reumatismo.

Declinar o favor (declarar qual seja o favor); declinar do favor


(desistir)
SINTAXE DA REGÊNCIA

1) VERBOS TRANSITIVOS
A mesma forma verbal pode mudar de sentido conforme seja
empregado como transitivo direto ou transitivo indireto:

Passei o rio (transpor); passei pela ponte (andar por).

Mandei-o em meu lugar (enviar); Mandei-lhe que se retirasse


(ordenei).

Descer a prateleira (pôr abaixo); descer da prateleira


(saltar;sair).

Dispor os objetos (ordenar); dispor do dinheiro (utilizar; ter


disponível).

Assistir o doente (atender); assistir ao jogo (estar presente)


SINTAXE DA REGÊNCIA

1) VERBOS TRANSITIVOS
A mesma forma verbal pode mudar de sentido conforme seja
empregado como transitivo direto ou transitivo indireto:

O pedreiro acabou o trabalho.


A diretora acabou com a brincadeira.

A decoradora combinou todas as cores.


O vizinho não combina com você.

Seu Tobias desceu os preços.


Foi ali que ela desceu do ônibus.
SINTAXE DA REGÊNCIA

1) VERBOS TRANSITIVOS
A mesma forma verbal pode mudar de sentido conforme seja
empregado como transitivo direto ou transitivo indireto. Nos
casos a seguir é um verbo pronominal que aparece seguido de
preposição:

Eu entendi a nova matéria de física.


Eu me entendi com os alunos.

Neide apertou a saia


Neide não se apertou com a falta de dinheiro.

Tiago aproveitou a minha presença.


Tiago se aproveitou da minha presença
SINTAXE DA REGÊNCIA

1) VERBOS TRANSITIVOS
A mesma forma verbal pode também mudar de sentido
passando de transitivo direto para verbo transitivo direto e
indireto:
O escândalo envolveu um deputado.
Eu envolvi Maria de Fátima na confusão.

Fila de banco enche a gente.


Ele encheu o garrafão de água.

Eu distingui os dois gêmeos.


O professor distinguiu os espíritas dos católicos.

A tora deu 5 tábuas.


Carmem deu um safanão no Pedro.
SINTAXE DA REGÊNCIA

1) VERBOS TRANSITIVOS
Há casos em que o constituinte que é interpretado como objeto
aparece no lugar do sujeito, o que faz com que o primeiro
concorde com o verbo:

Dona Clara fechou a porta. 2 argumentos


A porta fechou. 1 argumento
João dormiu (agente)
João esvaziou a banheira. João correu
A banheira esvaziou.

Um prego furou o pneu.


O pneu furou.
SINTAXE DA REGÊNCIA

1) VERBOS TRANSITIVOS
Há enfim uma tendência de empregar alguns verbos como
transitivos indiretos ou verbos transitivos diretos:

A festa agradou a João/ A festa agradou João.


Essa ideia interessou ao chefe/ Essa ideia interessou o chefe.
As crianças não obedecem mais aos pais/ As crianças não
obedecem mais os pais.
Eles responderam a João de forma amigável/ Eles responderam
João de forma amigável.

Já lhe obedece a terra (Camões)/ Não pude deixar de a


obedecer (A.Vieira)
SINTAXE DA REGÊNCIA

1) VERBOS INTRANSITIVOS
Verbo intransitivo: é aquele cuja ação não passa além do
sujeito. Noutros termos, é o verbo que por si só exprime sentido
completo:

Pedro sorriu; O cão uivou; Maria desmaiou.


SINTAXE DA REGÊNCIA

1) VERBOS UNIPESSOAIS

Verbos unipessoais: Convém estudar; Convém que


estudes;parece-me que ele virá; consta que muito menos havia
no mundo
SINTAXE DA REGÊNCIA

1) VERBOS INTRANSITIVOS
Os verbos transitivos podem passar a intransitivos, ou o inverso,
em alguns casos:

Pedro estuda física ; Pedro estuda muito; Maria dança tango ;


Maria dança bem; ele mentiu que estava doente; Ele mente
muito (nesses casos, é necessária a presença de um adjunto
adverbial).

Pedro abaixou o tom da voz; a temperatura abaixou.

Morrerás morte vil das mãos de um forte (G. Dias); Milcau


cavalgava o cansado cavalo; dormiu um sono tranquilo (nesses
casos, ocorre o chamado objeto cognato, extraído do próprio
significado do verbo)
SINTAXE DA REGÊNCIA

Outros exemplos
Vejam-se a seguir um exemplo de cada caso discutido:

Tiago comunica bem.


Tiago comunicou sua escolha aos pais.
Tiago comunicou aos pais que vai cursar design de moda.
Ela não se comunica com os colegas.
O quarto comunica com a sala.
SINTAXE DA REGÊNCIA
CRASE
A crase é estudada normalmente como um tópico de
regência verbal porque depende dos verbos que exigem a
preposição “a”.

A palavra crase (do grego krasis (κρασις); “mistura,fusão”)


designa a contração da preposição a com:

1)O artigo a ou as: Fomos à cidade e assistimos às festas.


2)O pronome demonstrativo a ou as: Irei à (loja) do centro.
3)O a inicial dos pronomes: aquele(s); aquela(s); aquilo: Refiro-
me àquele fato.
SINTAXE DA REGÊNCIA
CRASE
A crase, como se vê, resulta da contração da preposição com
o artigo feminino:
Fomos a + a praia: Fomos à praia.

Se não houver a presença da preposição ou do artigo, não


haverá crase:

Os turistas visitaram a cidade


Não diga isso a ninguém
Ele parece entregue a seus problemas.
SINTAXE DA REGÊNCIA
CRASE
Não se craseia, portanto, o a ou as:
4)Nas locuções formadas com a repetição da mesma palavra:
Tomou o remédio gota a gota; estavam frente a frente; dia a
dia, a empresa foi crescendo.
5)Diante do substantivo terra, em oposição a bordo:
Os turistas tinham descido a terra para visitar a cidade.
6)Diante de artigos indefinidos e de pronomes pessoais, de
tratamento e interrogativos: Chegaram à cidade a uma hora
dessas; recorreram a mim (a nós,etc); Não me referi a Vossa
Excelência; Você se refere a qual delas?
7)Diante dos outros pronomes que repelem o artigo, o que
ocorre à maioria deles: Escrevi a todas (a algumas, a várias,etc);
o letreiro pode cair a qualquer momento; estamos a pouca
distância da fronteira; eu gostava da Ana, a quem sempre
ajudava.
SINTAXE DA REGÊNCIA
CRASE
Não se craseia, portanto, o a ou as:
8)Diante dos numerais cardinais que não precedem
substantivos determinados: O prefeito iniciou viagem a oito
países; assisti a duas seções; daqui a quatro semanas, parto em
viagem.
9)Diante de verbos: Estamos dispostos a trabalhar; começaram
a discutir em voz alta.
SINTAXE DA REGÊNCIA
CRASE
Haverá crase, no entanto, nos seguintes casos:
1) Ocorrendo a elipse da palavra moda ou maneira diante de
nomes masculinos: calçados à Luis XV (à moda Luiz XV);escrevia
à Drummond.
2)Se a palavra casa vier modificada por adjetivo ou locução
adjetiva, terá lugar o nosso acento: Voltou à casa paterna; fui à
casa de meu colega ontem.
3)Diante da palavra distância quando esta vier determinada
pelo artigo a: Achava-me à distância de cem (ou alguns) metros.
4)Acentua-se, geralmente o a ou as de locuções adverbiais,
prepositivas, formadas de substantivo feminino (expresso ou
eliptivo: à noite, à primeira vista, à direita, à custa de, à medida
que, à força de, às vezes, às pressas.
SINTAXE DA REGÊNCIA
CRASE
O uso do artigo sendo, às vezes, opcional, segue-se que
também se torna estilístico o emprego da crase:

A minha viagem é certa – Referiu-se à minha viagem.


Minha viagem é certa – Referiu-se a minha viagem.

As minhas colegas virão – Fiz um apelo às minhas colegas.


Minhas colegas virão – Fiz um apelo a minhas colegas.
SINTAXE DA REGÊNCIA
ADJETIVOS DE DUPLA REGÊNCIA
Há adjetivos que podem reger seus complementos com mais
de uma preposição:

Essa terra é fértil em matéria orgânica – Essa terra é fértil de


matéria orgânica.
O Brasil era abundante de árvores – O Brasil era abundante em
árvores.
Os móveis ficaram rentes à garagem – Os móveis ficaram rentes
com a garagem.
Ele é apaixonado pelas letras – Ele é apaixonado com as letras.
Ana é contente de si mesma – Ana está contente com o que
aconteceu.
SINTAXE DA REGÊNCIA
SUBSTANTIVOS DE DUPLA REGÊNCIA
Há substantivos que podem reger seus complementos com
mais de uma preposição:

Temor a Deus/ Temor de Deus.


Inclinação para o bem/ Inclinação ao bem.
Conformidade à lei/ Conformidade com a lei.
Simpatia com alguém/Simpatia por alguém/Simpatia para com
alguém.
SINTAXE DA REGÊNCIA
PREPOSIÇÕES SEM COMPLEMENTO OU REGIME
Há preposições que podem ser usadas sem a presença
obrigatória de um complemento:

Pedro votou contra.


Logo após tomou lugar (Camões).
Toda minha vida colegial se desenha no espírito com tão vivas
cores...e todavia mais de 30 anos já lhe pairaram sobre (José de
Alencar; Como e porque sou romancista, cap.1)
SINTAXE DA REGÊNCIA
LOCUÇÕES PREPOSITIVAS DE DUPLA REGÊNCIA
Existem locuções prepositivas que podem variar na escolha
da preposição:

Ao redor de/ Em redor de.


A respeito de/ Com respeito a.
Todos sentaram em torno a mim/ em torno de mim.
Com relação a/ Em relação a.
SINTAXE DA REGÊNCIA
REGÊNCIA PREPOSICIONAL DOS PRONOMES
Quando um pronome do singular vier regido por preposição
essencial (a, ante, em, até, contra, etc), a forma oblíqua (dativa)
deverá ser empregada. Porém, se vierem regido por preposição
acidental (conforme, segundo, exceto, salvo,etc) eles se
mantém na forma reta:

Pedro acredita em mim/ Após ti vinha o cortejo/Votou contra si.


A vida, segundo eu, é uma graça de Deus/ Serão todos
reprovados afora eu e ela/Todos compareceram exceto ele.
Entre Deus e mim, existe um percurso/ Entre mim e ti....
SINTAXE DA REGÊNCIA
REGÊNCIA DO COMPLEMENTO COMUM
Duas ou mais palavras podem ter um complemento comum
desde que cada uma delas reclame complemento regido pela
mesma preposição:

Submisso e fiel ao patrão (submisso ao patrão e fiel ao patrão)


Domiciliado e estabelecido em Sabará (domiciliado em Sabará e
estabelecido em Sabará).

Nessa perspectiva, é considerado desvio da norma “mistura” de


regência como em:

Entrou e saiu da sala (ora: entrou na sala e saiu da sala)


SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância é a conformidade de flexão de certas
palavras à flexão de outras, de que dependem
1)Regra principal: equivalência formal entre dois ou
mais constituintes quanto a propriedades como
número, pessoa, gênero e caso.
2)Regras secundárias: ausência de equivalência
formal entre dois ou mais constituintes
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA

1) Regra principal
Cunha;Cintra (1985), na sua página 485, definem
como regra de concordância verbal principal aquela
formulada nos seguintes termos:

(1)A solidariedade entre o verbo e o sujeito, que ele


faz viver no tempo, exterioriza-se na CONCORDÂNCIA,
isto é, na variabilidade do verbo para conformar-se ao
número e à pessoa do sujeito.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Ernout;Thomas (1951,p.126) sobre o latim

Uma tendência sempre subsistirá de realizar a


concordância por atração ou de acordo com o sentido
e isso não somente na língua falada ou vulgar[...]mas
no próprio latim literário, que apresenta assim
numerosas “particularidades” de concordância
(tradução nossa;aspas do autor)
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Regras Secundárias

(1)Isto é assaz para as tristes das molheres, que nam temos


remédios para o mal, que os homens têm. (Hystoria de menina
e moça. RIBEIRO, Bernadim (1554,p.17)) (negrito nosso)

(2)Um rancho de meninas desciam ao jardim (Coração, Cabeça


e Estômago, CASTELO BRANCO, Camilo (1862, p.40)) apud Góis,
1940,p.65). (negrito nosso)
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA

Góis (1940)
Classifica-se a concordância quanto à flexão, quanto à forma
e quanto à relação.

1) Quando à flexão, a concordância pode ser:

de gênero;
de número;
de pessoa.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Góis (1940)

Classifica-se a concordância quanto à flexão, quanto à forma


e quanto à relação.

1) Quando à flexão, a concordância pode ser:

de gênero;
de número;
de pessoa.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância é a conformidade de flexão de certas
palavras à flexão de outras, de que dependem
Classifica-se a concordância quanto à flexão, quanto à forma
e quanto à relação.

2) Quanto à forma, a concordância difere em:

Concordância regular;
Concordância irregular ou figurada;
Concordância facultativa;
Concordância reflexa;
Concordância atrativa;
Concordância rítmica.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância é a conformidade de flexão de certas
palavras à flexão de outras, de que dependem
Classifica-se a concordância quanto à flexão, quanto à forma
e quanto à relação.

3) Quando à relação, a concordância compreende:

Concordância do verbo com o sujeito;


Concordância do adjetivo com o substantivo;
Concordância do predicativo com o sujeito ou com o objeto;
Concordância do pronome com o nome.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo com o sujeito
1) O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa:
Eu sou feliz – Nós somos felizes – Pedro e Maria são felizes.

2) Concorrendo sujeitos de diferentes pessoas gramaticais


antepostas ao verbo, este irá para a primeira pessoa do plural
(ou segunda do plural em registros nos quais existem as formas
tu e vós):
Eu, você e João somos grandes amigos.

3) Quando o sujeito vier posposto ao verbo, a primazia é pela


concordância com a pessoa mais próxima:
Acuso-te disso eu e todo o povo de Santarem (Garret)
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo com o sujeito
4) Quando, sendo o verbo da oração o verbo ser e este vier
seguido de pronome pessoal reto em função predicativa, é com
o pronome que se faz a concordância:
Quem mais carece disso são vocês e os da tua laia.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo com o sujeito composto
1) Regra geral: sendo o sujeito composto, e anteposto ao verbo,
deve este ir para o plural:
Brasil e Argentina são países amigos.

2) Há, no entanto, exceções. Comentemos as principais:

-Quando as partes do sujeito composto se atribuírem a um


mesmo indivíduo:
A rainha da Inglaterra e imperatriz das Índias faleceu.
-Quando as partes do sujeito composto forem sinônimas:
Triste ventura e negro fado os chama (Camões (Lusíadas);
...cuja narração e história se oferecerá a V. Majestade (Vieira);
-Quando as partes do sujeito formarem um todo indiviso:
Seu ar, seu gesto a mostrava entre as outras a primeira (Garret)
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo com o sujeito composto

-Quando, achando-se as partes do sujeito ligadas por conjunção


indicando:

-Exclusão: Pedro ou Paulo será eleito;


-Sinonímia: A Glótica ou Glossologia é uma ciência.
(quando ou equivaler a e, o verbo deve ir para o plural: Sem
haver dia vago em que a morte ou infortúnio não andem
visitando).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo com o sujeito composto

--Quando os elementos do sujeito vierem ligados por como


(equivalentes a assim como, qual): A estima das instituições,
como as das pessoas, se enraiza pela liberdade. No entanto, se
como equivaler a e, o verbo deverá ir para o plural: Saul como
Davi foram grandes homens.
-Quando os elementos do sujeito vierem ligados pela conjunção
nem, com ideia de exclusão: Nem Pedro nem Paulo irá à festa.
- Quando o sujeito composto for constituído por formas verbais
de infinitivo nominalizadas: Comer, andar e dormir é proveitoso
à saúde (J.Ribeiro). Porém, se vierem precedidos de artigos, é
preferível colocar o verbo no plural: O comer, o andar e o dormir
são proveitosos à saúde.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo com o sujeito composto

--Quando o segundo elemento do sujeito composto já estiver


contido no primeiro: A boca, e a língua, foi o principal
instrumento de sua traição (Vieira; Sermões).
-Quando os termos do sujeito vierem determinados pelo
distributivo cada: Cada vez, cada geração, cada povo exprime o
sentimento (R.Barbosa).
-Quando os termos do sujeito vierem determinados pelo
indefinido nenhum: Nenhuma opinião, nenhuma política,
nenhuma invenção humana é privilegiada (R.Barbosa)
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo com o sujeito composto posposto
Vindo o sujeito composto posposto ao verbo, a tendência da
língua, por razões eufônicas e rítmicas, é a concordância com o
termo mais próximo, ficando o verbo no singular:

Hoje mesmo estará em minha casa o tabelião, as testemunhas,


e os nossos parentes (A.Garret).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo com o sujeito composto posposto
Poderá, no entanto, o verbo vir no plural nos seguintes casos:

1)Se houver contraste ou oposição entre os termos do sujeito:


Passaram Heitor e Aquiles (L.Pereira).
2)Se a voz for reflexa: Ali em cadeiras ricas, cristalinas se
assentam dois e dois, amante e dama (Camões).
3)Se houver um recíproco: Deram-se as mãos virtude e
formosura (Bocage).
4)Se os sujeitos vierem modificados por aposto no plural: Não
menos caridade e amor mostraram Gaspar Ximenes e Fernão
Ximenes, irmãos, homens honrados, naturais de Lisboa (F.
Toscano).
5)Se o sujeito vier precedido de um adjetivo no plural:
Encurvadas rebrilham a esmeralda e a safira.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo com UM e OUTRO, NEM UM NEM
OUTRO, MAIS DE UM.
Se o sujeito for um e outro, pode o verbo ficar
indiferentemente no singular ou no plural: Um e outro é feliz ou
são felizes. Os clássicos preferiam o singular: Uma e outra cousa
era boa (Vieira).
É, no entanto, de rigor o plural:
1)Se houver reciprocidade de ação: Um e outro se
descompuzeram.
2)Se o predicativo for necessariamente plural: Um e outro são
irmãos.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo com UM e OUTRO, NEM UM NEM
OUTRO, MAIS DE UM.
Se o sujeito for nem um nem outro ou mais de um, é
também facultativa a concordância: Nem um nem outro
compareceu ou compareceram. Mais de um soldado foi morto
ou foram mortos.
É, no entanto, de rigor o plural:
1)Também no caso de reciprocidade de ação: Mais de um sócio
se insultaram.Nem um nem outro se insultaram
2)Se o predicativo for necessariamente plural: Nem um nem
outro são irmãos.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo com PRONOMES RELATIVOS

Com os pronomes relativos, é esperado,normalmente, que


o verbo fique no singular (uma vez que quem, por exemplo, é a
pessoa que): Fui eu quem falou. Somos nós quem paga. Nesse
último caso, pode também o verbo vir no plural: Somos nós
quem pagamos.
Se a oração for iniciada por quem, é esperado o singular:
Quem paga somos nós. No entanto, por ênfase, critério
subjetivo, admite-se a ida do verbo para o plural: Não foram
elas só quem mataram (Bernardes); Quem deveriam ser
considerados os representantes daquela parte da nação
(Garret).
Ocorre porém a concordância atrativa, ou com o mais
próximo, em casos como: Quem falou fui eu; quem falou fomos
nós.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo com PRONOMES RELATIVOS

Com o relativo que em função subjetiva, tem-se observado


dupla sintaxe: Eu sou o que falei/ eu sou o que falou.
Ocorrendo a elipse do demonstrativo, no entanto, é de
rigor a concordância do verbo com o antecedente de que: Sou
eu que falo; somos nós que falamos
Se o antecedente de que for um substantivo em função
predicativa do verbo ser, varia nos autores a concordância: Sou
um homem que ainda não vendi a consciência; sou um homem
que ainda não vendeu a consciência (apud J.Ribeiro).(“os
melhores autores fazem a concordância com o predicativo
antecedente de que. Ex.: Eu sou um homem pobre que vivo
nestes campos (M. Bernardes)”(C.Goís,1940,p.75).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo com PRONOME INTERROGATIVO

Em orações interrogativas iniciadas por quem e servidas


com o verbo ser, o verbo concorda com o sujeito posposto:

Quem são os culpados?; Quem serão os felizardos?; Quem é o


assassino de Pedro?

E vai para o singular com verbos intransitivos: Quem saiu?;


Quem dormiu?
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo com O SUJEITO MODIFICADO OU
REPRESENTADO POR CADA
Ensina Morais (Dic.,1831) que sendo cada sujeito do verbo,
o verbo irá para o singular ou para o plural. Irá para o singular se
efetivamente “a cada um se atribui a ação”; irá para o plural se
“a ação é de todos”: Cada um foi por seu caminho; Entrando
cada um por sua porta, foram dar a um jardim.
No português moderno, o verbo ficará no singular: se
houver sinonímia: Cada país, cada nação tem sua língua
própria.
Poderá ir para o plural, porém, com o sujeito posposto:
Onde se assentaram cada um em sua cadeira (D.de Goís).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo SER

O verbo ser, quando indica fenômeno metereológico, é


flexionado na terceira pessoa do singular: É dia; É meio-dia; É
uma hora; Era a época das chuvas.
Se o constituinte posposto estiver no plural, a concordância
o acompanha: São relâmpagos; Foram trovões; São duas horas;
Eram fins deste mês consagrado a João.
Se, porém, o termo no plural vier regido de preposição ou
locução prepositiva, o verbo permanece no singular: Era perto
de duas horas; É menos de três horas.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo SER

Nas perguntas e respostas relativas a datas, o verbo ser pode


empregar-se no singular ou no plural, conforme o sentido da
frase.
Emprega-se no singular: quando corresponder a um número
ordinal: Quanto é hoje do mês? Hoje é o vigésimo (dia do mês).
Emprega-se no plural: quando a data corresponder a um
numeral cardinal: Quantos são hoje do mês? Hoje são vinte
(hoje são decorridos vinte dias). (mas: Quantos são do mês?
Hoje é o primeiro de maio).

Hoje é dia 11 de fevereiro


SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo SER

Vindo o verbo ser seguido de predicativo no plural, tendo


por sujeito nome de coisa, o verbo vai para o plural (é um caso
de concordância atrativa): A cama são umas palhas (C.Castelo
Branco). A causa eram os seus projetos (M. de Assis). Tudo eram
sintomas (idem). Eram tudo qualidades excelentes (Camões). As
lágrimas era um rio (Garret)
Uma maneira de contornar essa concordância é a
introdução da preposição de diante do predicativo: A despesa
foi de 2 mil reais (por “foram de 2 mil reais”).
Se porém o sujeito for pessoa ou nome próprio de pessoa,
o verbo concorda com o sujeito: Cada um é suas ações (Vieira).
O homem já é cinzas. Lili é os cuidados de sua mãe.
Porém, se o sujeito for pessoa e se também o predicativo
for pessoa, o verbo concorda com o predicativo: Cuja gente
eram cristãos com mouros juntamente (Camões).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo SER
Há também casos de discordância do sujeito com o verbo,
isto é, o verbo ser flexionar-se no singular com sujeito no plural:
a) O sujeito encerra ideia de preço, porção, quantidade: Dois
anos era muito (M.de Assis). Vinte cruzados é dinheiro
(C.Castelo Branco). Duas colheradas é suficiente (M. de Assis).
Se, porém, o predicativo se flexionar no plural, impõe-se
nesse caso o plural do verbo: Quatro meses são insuficientes.
b)Quando o sujeito for substantivo indeterminado no plural,
vindo o predicativo determinado e no singular: Fatos e não
teses é o que trago aqui (Camilo).
c) Se o sujeito vier determinado no plural e se o predicativo vier
no singular, podendo, porém, avocar o sujeito ou conter em si o
sujeito, o verbo ser ficará no singular: As lágrimas era um rio
(Garret). As armas é a insígnia que cada um tem de sua nobreza
(Lobo).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo SER
Nas expressões é necessário, é preciso, encontra-se muito
comumente o verbo no singular: Não foi preciso rodeios
(Camilo). É preciso outras testemunhas (Garret) (Goís atribui
essa tendência à presença de um verbo haver elíptico: É preciso
que haja outras testemunhas).
Há, no entanto, autores que flexionam o verbo nesse
mesmo contexto: São necessários vários materiais (Bernardes).
Para falar ao coração, são necessárias obras (Vieira).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo HAVER
a)O verbo haver, com sentido existencial, aparece
normalmente no singular independentemente do termo que lhe
sucede: Houve distúrbios nas ruas. Há homens justos no país.
No português antigo, esse verbo exibia outras acepções
que, nesses casos, o levavam a flexionar-se: Hão medo de
perder a autoridade (=ter)(Camões). Os lesados houveram da
justiça (=obtiveram). A obra (eles) houveram que era igual a um
dos trabalhos de Hércules) (Barros) (=julgaram).
b)Empregado como auxiliar, o verbo acompanha o sujeito:
Os alunos haviam estudado.
c) Nas formas há dias, há pouco, também é de regra o
singular: Há dias que cheguei. Pedro aqui esteve há pouco. Em
tais casos, costuma ser substituído por fazer que também se
mantém no singular: Faz dias que cheguei. Ele chegou faz
pouco. (o verbo ir pode também assumir esse lugar: Vai para
dois anos que isso se deu).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do verbo HAVER
d) Nas expressões com bem haja, mal haja, o verbo é
encontrado normalmente flexionado de acordo com o termo
posposto: Mal hajam as desgraças da minha vida (Camilo). Bem
hajam as providências do governo (Sá de Miranda).
e) A expressão haja vista é invariável no português atual:
Haja vista as minhas cartas de Inglaterra (R.Barbosa).
f) No modo optativo (modalidade do subjuntivo) já se
colheu empregos de flexão no português antigo hoje
condenados: Hajam festas de prazer. Hajam contos para ouvir
(Camões; Auto do Rei Seleuco).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância atrativa do verbo
Apontamos os seguintes casos:
a)Sendo o sujeito constituído de mais de um termo, em vez do
verbo concordar com todos os termos, concorda apenas com o
mais próximo:
-Quando o sujeito (composto) vier posposto ao verbo: Falta-me
o tempo e o alento para escrever (Vieira).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância atrativa do verbo
Apontamos os seguintes casos:
b) Sendo o sujeito constituído de dois termos, um no singular e
outro no plural, o verbo concorda com o termo no plural:
-Quando, sendo o sujeito um coletivo partitivo ou indicador de
quantidade no singular acompanhado de adjunto restritivo no
plural: [Um rancho de meninas] desciam ao jardim (Camilo);
Grande quantidade das pessoas vivem nas cidades grandes.
Contemporaneamente, admite-se igualmente a possibilidade da
concordância no singular. Nesse caso, o verbo concorda com o
núcleo do sintagma: Um grupo de meninas descia a rua.
c) Com o verbo ser quando tiver sujeito indicado por nome de
coisa, quantificador ou mesmo um pronominal genérico: Tudo
para mim são impressões (Garret). Cuja gente eram cristãos...
(Camões). Cinco mil libras é muito (Herculano).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Discordância do verbo
A discordância de pessoa se manifesta quando o locutor se
dirige à uma segunda pessoa, mas o verbo é flexionado na
terceira:
a) Quando o sujeito for qualquer das formas de tratamento,
título nobiliárquico ou título profissional: Vossa excelência, O
senhor, A senhora, O Conde, o Doutor, expressão de afeto etc.: O
senhor gostaria de se repousar? Pensa assim o conde? O que o
doutor vai me receitar? O amigo gostaria de ir comigo?
b) O verbo com referência à primeira pessoa acomoda-se à
flexão de terceira: O suplicante aguarda deferimento.
c) Outra possibilidade é a discordância se dá com o verbo que se
flexiona de acordo com a pessoa que fala embora o sujeito
esteja na terceira pessoa: O suplicante aguardo deferimento. Os
abaixo assinados aguardamos justiça. Os cariocas gostamos da
vida. Os brasileiros gostamos de feijoada.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Infinitivo flexionado e não flexionado
Vamos propor o seguinte critério: considera-se ocorrências
de infinitivo não flexionado aqueles casos em que não é possível
a presença de um sujeito realizado, o que forçaria a presença da
flexão, tendo-se então uma ocorrência de infinitivo não
flexionado.
O caso mais claro desse emprego é o infinitivo que se
segue aos auxiliares e aos verbos modais os quais, nesse caso,
funcionam mais propriamente também como auxiliares.
Vejamos os exemplos:
a.João queria viajar amanhã/ *João queria ele/Maria/ nós
viajar (mos) amanhã.
b.João vai viajar amanhã/ *João vai ele/Maria/ nós viajar
(mos) amanhã.
c. Eles continuaram a correr/ *Eles continuaram a
correrem/a nós corrermos.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Infinitivo flexionado e não flexionado
Pode-se também considerar que há infinitivo não flexionado
quando o verbo é interpretado com um sujeito genérico:
d) Fumar é ruim para a saúde (trata-se nesse caso do
infinitivo que funciona como oração subjetiva reduzida de
infinitivo. Discutir não adianta. Pedir conselhos não adianta
muito.
Note-se, no entanto, que se pode abdicar da interpretação
genérica e o infinitivo aparecer flexionado nesses mesmos
contextos: Discutirmos não adianta. Pedirem ajuda não
adiantou muito.
Outra ocorrência de infinitivo não flexionado é encontrada
quando o verbo infinito é regido por preposição em casos como:
As gerações por nascer terão que lutar pelo meio ambiente. Os
fogos a ser queimados já foram comprados. (nesse último caso,
há uma tendência atual de flexionar o infinitivo, o que na nossa
opinião pode ser um caso de hipercorreção).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Infinitivo flexionado e não flexionado
A ocorrências de infinitivo flexionado podem ser apreciadas
nos seguintes ambientes:
a. Nas completivas reduzidas de infinitivo: Lamentamos
terem os senadores decidido contra a população. Todos
disseram termos conseguido muitas vantagens. (observe-se
que, nesses casos, é mais natural a inversão entre o sujeito da
completiva e o verbo ou auxiliar que se encontra na forma de
infinitivo flexionado).
b. Em construções mais recentes, tendo em vista a história
do português, de completivas de infinitivo de verbos da classe
dos causativos e dos verbos de percepção: Mandei/deixei/fiz
as crianças saírem/ Maria sair . Vi/ouvi/senti os pássaros
voarem/ Maria sair. (observe-se que se o sujeito for de primeira
ou terceira pessoa do singular, a concordância se manifesta
como um morfema zero: Eles deixaram eu sairØ.)
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Infinitivo flexionado e não flexionado
A ocorrências de infinitivo flexionado podem ser apreciadas
ainda nos seguintes ambientes:
c. Em completivas de substantivos: O fato de sairmos agora
não prejudicará os trabalhos. O fato de Maria ter saído mais
cedo não atrapalhou em nada.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Infinitivo flexionado e não flexionado
Em certos ambientes, deparamos com certa variação no que
concerne à legitimidade ou não do flexionamento. Os casos
mais conhecidos são:
a)Quando o infinitivo funcionar como uma completiva em
estrutura bitransitivas: A lei estabelece aos juízes punir (em) os
criminosos verdadeiramente culpados. Eu pedi aos alunos para
sair (em) rapidamente. (Esse último caso talvez seja também
um caso de hipercorreção que, no entanto, tem se detectado
com alguma frequência)
Se por outro lado, há certa “distância” entre os dois
complementos de forma que o verbo que está no infinitivo se
afasta do restante da oração, autores há que aplicam a
concordância: Importa aos prelados, depois de toda a luta para
que a verdade vencesse, ousarem um pouco mais e obterem
uma vitória completa.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA NOMINAL
Concordância do Adjetivo com o Substantivo
O Adjetivo, quando em caráter restritivo ou delimitador,
concorda com o substantivo em gênero e número: Homem são;
mulher sã; homens sãos; mulheres sãs.
Há, no entanto, discordância do adjetivo com o substantivo
nos seguintes casos:
a.Quando o adjetivo for indeclinável e oriundo de um
substantivo: vestidos rosa (vestidos de cor de rosa ou cor de
rosa); luvas pérola (luvas cor de pérola). No entanto, não
havendo a possibilidade de paráfrase com o substantivo cor, a
flexão se manifesta: Olhos azuis; camisas marrons (*olhos de
cor de azul; *Camisas de cor de marron).
b.Quando o adjetivo tiver uma só forma genérica: Esposa
modelo (“modelar”); criança prodígio.
c. Quando menos for adjetivo quantitativo: menos gente; menos
horas (uso adverbial: Ando comendo menos agora)
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA NOMINAL
Concordância do Adjetivo com o Substantivo
Há, no entanto, discordância do adjetivo com o substantivo
nos seguintes casos:
d. Os adjetivos compostos que apresentam como segundo
elemento um substantivo (adjetivo+substantivo) não concordam
com o termo a que se referem, são invariáveis em gênero e
número: Tinta branco-gelo.; Tintas branco-gelo; Uniforme
amarelo-limão; Uniformes amarelo-limão.
f.O adjetivo meio, quando vier modificando outro adjetivo,
ganha caráter de advérbio, permanece invariável: Portas meio
cerradas; meio louca (como numeral flexiona: meia garrafa).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA NOMINAL
Concordância do Adjetivo com o Substantivo
Outras ocorrências:
1) Vindo um adjetivo modificando a dois substantivos no
singular, e de gêneros diferentes, que o precedam, deve o
adjetivo ir para o masculino plural: Nariz, face e boca
monstruosos (Durão).É válido também repetir o adjetivo para
dar valor enfático: Feito de ouro puro e neve pura.(Eça de
Queiroz).
Essa norma está sujeito às seguintes exceções quando o
adjetivo ficar no singular concordando com o substantivo mais
próximo:
Quando os substantivos forem sinônimos: O furor e raiva
humana (Arrais). Como contraparte, na antonímia, temos a
concordância: o dia e a noite chuvosos.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA NOMINAL
Concordância do Adjetivo com o Substantivo
c.se o adjetivo vier anteposto aos substantivos: Informada a
princesa e seu cortejo (Garret); Pasmado Diogo e a multidão
(Durão)
d.Quando o adjetivo modifica o último de dois substantivos
ligados pela conjunção ou: Uma flor ou um fruto muito saboroso
(Carneiro).
2)Vindo um adjetivo posposto modificando a dois substantivos
no singular, do mesmo gênero, poderá concordar com ambos,
ou só com o último: Prodígios de bondade e onipotência divina
ou divinas; Sua inteligência e ambição precoce (Lisboa)(Goís,
1940,p. 192: “A concordância só com o último é mais conforme
ao gênio da língua”.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA NOMINAL
Concordância do Adjetivo com o Substantivo
3) Concorrendo um adjetivo modificando a dois substantivos, de
gênero diferente e número diferente ou ambos no plural e de
gêneros diferentes, o adjetivo concorda com o mais próximo:
Com pescoço e mãos bonitas; Estudos e profissão monástica;
Terras e mares apartados (Camões); Com palavras e modos
rústicos (Ribeiro)
4) É usual vir um substantivo no plural modificado por dois
adjetivos no singular, correspondentes às partes em que se
decompõe o plural: Os mundos velho e novo; as vidas
intelectual e espiritual. (Há divergência entre autores a respeito
dessa última doutrina que sugerem construções como: A língua
francesa e a inglesa em lugar de As línguas francesa e inglesa).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do Predicativo
1)Há duas espécies de predicativo: predicativo do sujeito e
predicativo do objeto. Ambos concordam em gênero e número,
respectivamente, com o sujeito e com o objeto: Pedro é bom;
Maria é boa. Vi Pedro furioso; vi Maria furiosa.
2) O predicativo do sujeito pode deixar de concordar com o
sujeito, no entanto, quando:
a. for alguns substantivos abstratos: As navegações
ultramarinas foram a glória máxima dos portugueses.
b. o predicativo for um substantivo tomado em sentido
absoluto: As leis são regra do que os sujeitos hão de fazer
(F.Lopes).
c. Não for passível de forma feminina: A rosa é o encanto
do jardim. As senhoras são membros da Cruz Vermelha.
d. quando o sujeito vier indefinido, enunciado em sua
“generalidade abstrata”: Água de Melissa é muito bom (M.de
Assis).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do Predicativo
e. quando o pronome sujeito nós (e vós) se empregarem
com referência a um só indivíduo: Antes sejamos breve que
prolixo (J. de Barros; = Antes eu seja breve que prolixo).
f. quando for um pronome demonstrativo antecedente de
que (relativo), sem referência a pessoa: É a ambição o que faz
desejar o impossível. É a ociosidade o que põe a perder muita
gente.
g. quando o sujeito for uma expressão de tratamento:
Vossa excelência é justo. Sua majestade foi magnânimo.
h. Quando o predicativo for um pronome não “pessoal”,
mas retoma uma qualidade ou estado, tornando-se neutro: É
casada? Sou-o.
i. Quando o sujeito for nome de “coisa”, o verbo for o
verbo ser e o predicativo vier no plural, é do gênio da língua
concordar com o predicativo: O conteúdo eram duas palavras
(Camilo). A surpresa eram os pêssegos.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do Pronome com o Nome
1) O pronome deve concordar com o nome em gênero,
número e pessoa: Vi Pedro e chamei-o. Vi Maria e chamei-a.
2) porém, quando representa uma oração, o pronome
adquire gênero neutro e fica invariável: Essas alunas são
aplicadas, aquelas não o são.
3) o pronome que se referir a dois substantivos no singular,
de gêneros diferentes, flexiona-se no masculino plural: O arco e
a flecha, ele não os tinha.
4) o pronome que se referir a um substantivo feminino no
plural e a outro substantivo masculino no singular, flexiona-se
no masculina plural: Essas honras vãs, esse ouro puro, melhor é
merecê-los sem os ter (Camões).
5) Referindo-se a dois substantivos de gênero diferente,
concordará “com o mais próximo”: Semelhantes agravos e
afrontas já as permitistes em vosso corpo (Vieira).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância do Pronome com o Nome
6) Referindo-se o pronome a dois substantivos no plural de
gêneros diferentes, flexiona-se no masculino plural: Rosas de
amor ou lírios de saudade, tarde ou cedo os esfolha a mão do
tempo.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância Figurada
A concordância figurada é a que se opera, não com um
termo expresso, mas com um termo latente, que se
subentende. (também chamada de lógica, latente, semiótica,
etc.)
A concordância figurada decorre da figura de sintaxe
denominada silepse. Há quatro casos de silepse:
A)Silepse de gênero:
A1)com os nomes próprios de rios e de cidades, a concordância
opera-se com o apelativo da classe (rio, cidade): O Ribeira é
tortuoso. Salvador é bonita.
A2)com formas de tratamento, a concordância se dá com o
gênero da pessoa: Vossa Senhoria é justo.
A3)Com o artigo o, um atributivo a nome feminino com
referência a pessoa do sexo oposto: João é um criança. João é
um banana.
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância Figurada
A4)Quando o pronome concorda, não com o nome expresso,
mas com o gênero da pessoa: Conheci uma criança...mimos e
castigos pouco podiam com ele (Garret).
A5) Com um pronome indefinido neutro, a concordância
pode acomodar-se ao gênero da pessoa: alguém andava então
bem saudosa (J.de Barros).
B)Silepse de número:
B1)No emprego de nós por eu: Antes sejamos breve que
prolixo (J.Barros).
B2)Com o adjetivo no plural em função atributiva a um
coletivo no singular: Esta gente está furiosa e com medo,
capazes de tudo (Garret). Ou ainda:Essa gente já terá vindo?
Saíram há um bom pedaço.
B3) Com o verbo no singular sendo o sujeito composto de
termos sinônimos ou equivalentes: A nobreza e excelência do
homem consiste no livre alvedrio (Vieira).
SINTAXE DA CONCORDÂNCIA
Concordância Figurada
B)Silepse de número:
B4)O verbo pode concordar com uma ideia de
indivisibilidade do todo: A não vista arte,a cor...fez concorrer a
vê-lo todo o povo (Camões)
C)Silepse de pessoa:
Quando a concordância do verbo não se faz com a pessoa
explícita, mas com a ideia oculta que pode indicar inclusão:
Dizem que os cariocas somos pouco dados a jardins públicos
(Assis). Os dois íamos ali por visita (M. Assis).
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Ordem Direta e Ordem Inversa
Ordem direta: é a disposição dos termos na frase segundo as
relações canônicas da língua e segundo as relações de
coordenação e subordinação também canônicas.
A ordem direta se manifesta da seguinte maneira:
1.O conectivo da oração (se houver)
2.O sujeito. (não havendo conectivo, o sujeito é o primeiro
termo; sendo elíptico, o verbo passa a ser o primeiro termo).
3.O verbo ou o auxiliar de uma locução verbal.
4.O objeto direto, ou o predicativo.
5.O objeto indireto (se houver)
6.O adjunto adverbial (se houver).
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Ordem Direta e Ordem Inversa
Ordem inversa: é aquela em que a disposição dos termos
fogem da sequência canônica prevista na ordem direta e vêm
colocados segundo os imperativos expressivos dos falantes ou
escritores. É própria da poesia, da oratória e do estilo narrativo.
No período entre o século 12 e o século 16, predominou a
ordem inversa. A partir do século 17, devido à predominância
da cultura científica, menor influência da cultura clássica e
outras razões, passa a se impor a ordem direta. Essa é uma das
hipóteses; outra seria pensar numa evolução pré-determinada
da sintaxe das línguas, o que coloca problemas, no entanto, que
dizem respeito à plausibilidade da teleologia das mudanças nas
línguas.
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Ordem Transposta e Ordem Interpolada
Ordem transposta: é aquela em que a frase começa pelo fim
e termina pelo princípio: Toda a corte alvoroça a novidade
(Camões), por: A novidade alvoroça toda a corte. O mar cortava
a armada (Camões), por: A armada cortava o mar.
Ordem interpolada: é aquela em que outras orações e
outras palavras se interpõem, distanciando palavras que
deveriam vir intimamente ligadas: Pedro é, na verdade, segundo
todos afirmam, um caráter reto. Afirmei, porque não podia
deixar de fazê-lo, visto ser essa a minha convicção, a inocência
de Pedro.
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Colocação do Sujeito
A colocação natural do sujeito é imediatamente antes do
verbo.
Há, no entanto, os casos de posposição do sujeito. Trata-se
dos seguintes casos:
1)Quando o verbo estiver no particípio passado, isto é, quando
a oração for uma cláusula reduzida participial: Soada a hora da
aula, levantam-se todos. Acabadas as bebidas, os convidados se
retiraram (exceção: Isso posto...)
2)Quando o verbo vier no gerúndio, ou seja, quando a oração
for uma cláusula reduzida gerundial: Sobrevindo a noite, o céu
nublou-se. No PB atual,no entanto, a anteposição é comum: Os
convidados chegando, começamos a servir.
3)Quando a oração for interrogativa: Quem é ele? Onde mora
Pedro? Onde fica a igreja? No PB atual, por outro lado, ocorre a
presença de que na modalidade oral ou é que na escrita: Onde
que a igreja fica? Onde é que ele mora?
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Colocação do Sujeito
Há, no entanto, os casos de posposição do sujeito. Trata-se
dos seguintes casos:
4) Quando a oração for optativa (no subjuntivo, quando
encerrar desejo ou vaticínio de um fato: Permita o destino que
tudo dê certo. Livre-me Deus das más tentações.
5) Quando a oração for exclamativa: Lá sobe a lua! (Castilho).
Parece o mundo um túmulo!
6) Quando o verbo vier apassivado pela partícula se: Vendem-se
lotes. Trocaram-se os papéis.
7) Quando o sujeito for fraseológico: Convém que espere.
Parece que Maria não virá mais. Cumpre que fique atento. É
importante que todos sejam atendidos. Urge não demorar
muito.
8) Quando a oração for imperativa: Venham a mim os
pequeninos. Cuidem vocês para que tudo dê certo!
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Colocação do Sujeito
A colocação natural do sujeito é imediatamente antes do
verbo.
Há, no entanto, os casos de posposição do sujeito. Trata-se
dos seguintes casos:
9) Se, com verbo no subjuntivo, vier oculta a conjunção se:
Quisesse ele, tudo teria dado certo. Estudasse ela, seria
aprovada.
10) Quando o verbo vier no infinitivo regido de preposição: É o
momento de sair a procissão. É hora de folgarem os alunos.
11) Quando a oração começar por um advérbio: Pouco fizeram
eles para ajudar. Muito sofri eu.
12) No discurso direto: Que temos de novo?, perguntou João.
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Colocação do Adjetivo
O adjetivo pode vir colocado antes ou depois do substantivo:
linda casa; casa linda.
Há, porém, as restrições que se seguem:
1)Se o adjetivo for empregado em sentido próprio, deverá ser
colocado depois do substantivo; se empregado em sentido
figurado,antes: As folhas verdes da árvore. Os verdes anos da
mocidade. As pedras duras da calçada. As duras contingências
da vida.
2) Adjetivos há cuja acepção varia conforme venham colocados
antes ou depois do substantivo: Pobre homem (infeliz); homem
pobre (sem recursos). Pura formalidade (mera); formalidade
pura (sincera). Santa Casa (casa de caridade ou hospitalar); casa
santa (venerável).
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Colocação do Adjetivo
3) Adjetivos há que, antepostos, tem valor de determinantes;
pospostos, são qualificativos: Várias opiniões (quantidade);
opiniões várias (desencontradas). Tais palavras (estas); palavras
tais (de mau conceito). Certa hora (indefinida); hora certa
(definida). A mesma questão (já referida); a questão mesma
(em si).
4) Há adjetivos que têm colocação posterior obrigatória. São:
a.Os que exprimem a forma do objeto: fruta redonda; rosto
oval.
b.Os que exprimem o gosto de uma substância: fruta azeda;
cana doce.
c.Os que exprimem a cor do “ser”: calças pretas; listas
amarelas.
d.Os adjetivos derivados de substantivos próprios: estilo
camoniano; política maquiavélica.
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Colocação do Adjetivo
4) Há adjetivos que têm colocação posterior obrigatória. São:
e.Os que exprimem estados corporais: homem sadio; homem
doente.
f. Os adjetivos de significação relativa (com complemento): a
questão concernente ao ensino; bebida nociva à saúde.
g.Os adjetivos que formam com o substantivo uma expressão
indivisa: carne seca; caixa forte; escola mista.
h. Os adjetivos gentílicos: nação brasileira; povo português.
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Colocação do Objeto Direto
O objeto direto deve vir colocado imediatamente após o verbo
transitivo direto: Comprei o livro.
Exceções
a)Se o verbo for bitransitivo e o seu objeto indireto for um
pronome oblíquo átono, este vira antes do objeto direto no caso
de ênclise: Dei-lhe o livro.
b.Se o estilo for enfático, o objeto virá no princípio da oração.
Neste caso, é imprescindível retomá-lo por um pronome pessoal
átono: Os sinos já não há quem os toque (Herculano). Há ainda
autores que usam ainda regê-lo pela preposição a: Aos outros
peixes mata-os o anzol (Vieira).
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Colocação do Objeto Indireto
Se o verbo for intransitivo indireto, o objeto indireto coloca-se
após o verbo: Necessito de repouso. Anseio pela paz. E com
verbo bitransitivo, após o objeto direto: Aluguei minha casa
a/para Pedro.
Exceção
No estilo for enfático, é permitido antepô-lo: À morte ninguém
escapa. Da honra ninguém deve prescindir. A João, ele não quis
entregar (-lhe) a encomenda
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Colocação do Predicativo do Sujeito
O predicativo do sujeito coloca-se, em regra, logo após o
verbo de ligação: Pedro é bom.
Exceções
a.Por ênfase pode o predicativo do sujeito vir colocado antes do
verbo. Neste caso, por cautela, convém repeti-lo por um
pronome: Sabedor nunca o fui.
b. Há casos idiomáticos de deslocação de predicativo: Fácil é
isso de fazer. Triste estava ela.
c. Casos idiomáticos em que o predicativo pode ocupar tanto o
início quanto o fim da oração: Pedro é este. Este é Pedro.
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Colocação do Vocativo
Pode o vocativo colocar-se:
a.No princípio da frase: O meu Brasil, curva o teu joelho diante
de Jesus Cristo (Macedo Costa). Ei João, passe o sal para mim.
b.No meio da frase: Eu desejara,Senhores, pronunciar esse
nome...(Idem). Eu queria, João, que você não fizesse mais isso.
c.No fim da frase: Defendei a honra da Pátria, soldados! Passe o
sal por favor, João.
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Colocação da Conjunção
Sendo a conjunção um conectivo, segue-se que a sua
colocação natural deve ser o princípio da oração. Conjunções
há, todavia, que podem vir pospostas ao rosto da oração: são,
por isso, chamadas conjunções pospositivas.São elas:
a.As aditivas mais, outrossim: Peço a você que não falte; peço
mais que seja pontual.
b.As adversativas porém, entretanto,etc.: A civilização, porém,
que suavizou a rudeza dos bárbaros, era uma civilização velha e
corrupta.
c.As conclusivas pois, portanto, etc.: Dirigi-me, portanto, à
capela (Herculano).
d. A concessiva embora: Digam embora que me biografei
(Castilho).
e.Podem as conjunções figurar no final da oração: Assiste-te o
direito de lutar; não lutes porém. Tens muitos inimigos; acaute-
la-te pois.
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
Colocação dos Pronomes Oblíquos Átonos
Classificam-se os pronomes pessoais em retos e oblíquos. Os
retos funcionam como sujeito: eu, ele,nós, etc. Os oblíquos são
os que funcionam como complementos: me, te,o,a, lhe, nos,
etc.
A instável colocação dos pronomes átonos é uma das
dificuldades da língua portuguesa, sobretudo, na sua variante
brasileira. Palavra satélite do verbo, o pronome átono- sem
acentuação própria - gira em torno do verbo ou da locução
verbal, ora pospondo-lhe, ora antepondo-lhe, ora interpondo-
lhe, o que os define como proclíticos, enclíticos ou mesoclíticos.
O português do Brasil apresenta dificuldades adicionais
devido às diferenças de colocação em relação ao português de
Portugal na modalidade falada e a adoção das normas
europeias no que concerne à modalidade escrita culta.
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
PRÓCLISE
Casos líquidos em que o pronome átono deve vir anteposto
ou proclítico ao verbo:
a.Quando figurar na frase qualquer palavra com valor de
negação: Não me ouviu. Ninguém o entendia. Nunca nos disse
nada sobre isso. Nota: Se o predicado for constituído de uma
locução verbal infinitiva, recomenda-se pospor o pronome: Não
vou comprometê-lo. Clíticos: se escoram; tem hospedeiro
b.Quando figurar na frase, antes do verbo, um advérbio, com
algum valor enfático: Aqui te espero. Já me disseram isso. Lá me
encontraram.Nota: Se houver pausa, representada pela vírgula,
admite-se a ênclise: Aqui, canta-se. Lá, encontrei-o feliz.
c.Quando figurar na frase uma conjunção: Espero que me
obedeça. Se me ouvisse, seria mais feliz. Quando se levantou,
percebeu o que tinha feito. Faltei à aula porque me
impediram.Nota: Se houver locução verbal, é preferível a
ênclise: Disseram que ele vinha ver-me.
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
PRÓCLISE
d. Na presença de um pronome relativo: O amigo de quem te
falei... A pessoa que me procurava...O lugar onde o vi...
e. Quando figurar na oração qualquer das palavras tudo, todo,
todos...: Tudo o aborrece. Todos se levantaram.
f.Quando figurar na frase qualquer das palavras isto, isso,
aquilo,...: Isso me irrita. Aquilo me agrada.
g.Quando o verbo for proparoxítono: Nós te chamáramos. Nós o
louváramos.
h.Quando a oração for optativa: Deus te proteja. Deus o
acompanhe.
i.Quando o sujeito, embora claro, deixar de vir determinado
pelo artigo: Flores a cobriam. Meses se passaram.
j. Quando o infinitivo for flexionado regido por preposição: Seus
intentos são para nos matarem e roubarem (Camões) (difícil
saber já que o português antigo era tipicamente próclítico)
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
ÊNCLISE
Casos líquidos em que o pronome oblíquo deve vir posposto ao
verbo:
a.Quando o período começa por verbo: Parece-me que vai
chover. Custa-nos crer que isso seja possível. Nota: também nos
casos de objeto pleonástico: A nós parece-nos que...
b.Quando o verbo vier no gerúndio não regido por preposição
em: Ao romper o dia, colocamo-nos em marcha. Nota: com a
presença da preposição, impõe-se a próclise: Ao romper o dia,
em nos colocando em marcha, aconteceu aquele imprevisto.
c.Quando o verbo vier no imperativo afirmativo, achando-se
oculto o seu sujeito: Deus, valei-me. Senhores, escutem-no.
d.Quando verbo vier no infinitivo não flexionado regido da
preposição a: Corri a dar-lhe a boa nova.Nota: se a preposição
for para,a colocação é facultativa: Tudo fiz para te encontrar.
Tudo fiz para encontrar-te.
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
ÊNCLISE
Casos líquidos em que o pronome oblíquo deve vir posposto ao
verbo:
e.Quando o advérbio vier depois do verbo: Pedro espera-te
amanhã.
f.Quando o pronome for pleonástico: O tempo desperdicei-o..
g.Quando o predicado for composto de dois verbos e o segundo
está no infinitivo não flexionado: Mandei prendê-lo. Desejo
visitá-lo.
h.Nas orações interrogativas com o verbo no infinitivo não
flexionado: Por que ocultar-te a verdade? Para que desanimá-lo.
i.Quando o infinitivo vier nominalizado: O aventurar-se na
vida...O defender-se dos inimigos é um direito.
j.Quando figurar a forma eis (oriunda de heis(haver)): Eis-me
aqui.
k.Quando o verbo vier no infinitivo impessoal regido do verbo
auxiliar haver + de: Haverá de pagar-me. Hei de perguntar-lhe.
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
ÊNCLISE
Casos líquidos em que o pronome oblíquo deve vir posposto ao
verbo:
l. Com um verbo modal seguindo de infinitivo não flexionado
apassivado por se: Deve dizer-se a verdade (a verdade deve ser
dita). Podem ocultar-se as provas (As provas podem ser
ocultadas).
m.Quando o verbo vier entre parênteses: O banco (diz-se) está
na iminência de fechar as portas.
Nota: Chama-se dupla ênclise a posposição ao verbo de dois
pronomes átonos em função de complementos: Deparou-se nos
um belo espetáculo. Não sei se devo contar-lho.
SINTAXE DA COLOCAÇÃO
ÊNCLISE
n)A ênclise é impraticável Junto ao particípio passado: Eu havia-
lhe dito (e nunca: Eu havia dito-lhe).

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