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Selma Bandeira: diferenças entre revisões

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'''Selma Bandeira Mendes''' ou simplesmente '''Selma Bandeira''' ([[Delmiro Gouveia (Alagoas)|Delmiro Gouveia]], [[1 de janeiro]] de [[1944]] - [[7 de setembro]] de [[1986]]) foi uma [[médico|médica]] e [[político|política]] [[brasil]]eira.<ref name="cm0">{{citar web|url=https://www.historiadealagoas.com.br/revolucionaria-selma-bandeira.html|título=A revolucionária Selma Bandeira|publicado=''História de Alagoas''|data=2015-05-04|acessodata=2023-04-03}}</ref><ref name="cm1">{{citar web|url=https://maceio.al.gov.br/noticias/gabinete-da-mulher/conheca-a-historia-de-selma-bandeira-que-da-nome-ao-premio-que-reconhece-atuacao-de-mulheres-alagoanas|título=Conheça a história de Selma Bandeira que dá nome ao prêmio que reconhece atuação de mulheres alagoanas|publicado=Prefeitura Municipal de Maceió|autor=Michaelle Pereira|data=2023-03-23|acessodata=2023-04-03}}</ref>
'''Selma Bandeira Mendes''', conhecida como '''Selma Bandeira''' ([[Delmiro Gouveia (Alagoas)|Delmiro Gouveia]], [[1 de janeiro]] de [[1944]] - [[7 de setembro]] de [[1986]]), foi uma [[médico sanitarista|médica sanitarista]] e [[político|política]] [[brasil]]eira.<ref name="cm0">{{citar web|url=https://www.historiadealagoas.com.br/revolucionaria-selma-bandeira.html|título=A revolucionária Selma Bandeira|publicado=''História de Alagoas''|data=2015-05-04|acessodata=2023-04-03}}</ref><ref name="cm1">{{citar web|url=https://maceio.al.gov.br/noticias/gabinete-da-mulher/conheca-a-historia-de-selma-bandeira-que-da-nome-ao-premio-que-reconhece-atuacao-de-mulheres-alagoanas|título=Conheça a história de Selma Bandeira que dá nome ao prêmio que reconhece atuação de mulheres alagoanas|publicado=Prefeitura Municipal de Maceió|autor=Michaelle Pereira|data=2023-03-23|acessodata=2023-04-03}}</ref>


== Biografia ==
== Biografia ==
Filha de Lauro Mendes Correia e Alexandrina Bandeira Mendes, nasceu na cidade de Delmiro Gouveia, no sertão alagoano, tendo se mudado para a [[Maceió|capital do estado]], onde ela estudou no ''Colégio Moreira e Silva''.<ref name="cm2">{{citar web|url=https://www.cadaminuto.com.br/noticia/2021/06/28/a-revolucionaria-selma-bandeira|título=A revolucionária Selma Bandeira|publicado=Cada Minuto|autor=Marcelo Bastos|data=2021-06-28|acessodata=2023-04-03}}</ref>
Filha de Lauro Mendes Correia e Alexandrina Bandeira Mendes, nasceu na cidade de Delmiro Gouveia, no [[sertão alagoano]]. Mudou-se para a [[Maceió|capital do estado]], onde estudou no Colégio Moreira e Silva.<ref name="cm2">{{citar web|url=https://www.cadaminuto.com.br/noticia/2021/06/28/a-revolucionaria-selma-bandeira|título=A revolucionária Selma Bandeira|publicado=Cada Minuto|autor=Marcelo Bastos|data=2021-06-28|acessodata=2023-04-03}}</ref> Cursou medicina na [[Universidade Federal de Alagoas]] (UFAL), vindo a exercer a profissão médica de forma alternada com a militância política.<ref name="cm0"/><ref name="cm1"/><ref name="cm2"/>


Aprovada no vestibular para o curso de [[medicina]] na [[Universidade Federal de Alagoas]] (UFAL), ela ingressou no ensino superior, tendo se graduado como [[médico|médica]] pela UFAL, vindo a exercer a profissão da medicina de forma alternada com sua militância política.<ref name="cm0"/><ref name="cm1"/><ref name="cm2"/>
Enquanto estudante de medicina, também trabalhou como professora de [[Biologia]] do Colégio Estadual de Alagoas.<ref name="cm0"/><ref name="cm1"/><ref name="cm2"/>


=== Militância política ===
Durante o período em que era estudante de medicina na UFAL, Selma Bandeira trabalhou como [[professora]], tendo ensinado [[Biologia]] no 2º ano do Ensino Científico do [[Colégio Estadual de Alagoas]].<ref name="cm0"/><ref name="cm1"/><ref name="cm2"/>
A sua estreia na política deu-se no [[movimento estudantil]] [[secundarista]] de [[Maceió]]. Logo veio a se tornar uma das lideranças da União dos Estudantes Secundaristas de Alagoas (UESA).<ref name="cm2"/>


Como estudante de medicina da UFAL, foi vice-presidenta do Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina.<ref name="cm0"/><ref name="cm1"/><ref name="cm2"/>
== Militância política ==
A sua estreia na política se deu quando ela começou a participar do [[movimento estudantil]] no ensino secundarista de [[Maceió]], vindo a se tornar uma das lideranças da [[União dos Estudantes Secundaristas de Alagoas]] (UESA).<ref name="cm2"/>


Em maio de 1966, aos 22 anos de idade, Selma Bandeira participou da fundação do [[Partido Comunista Revolucionário]] (PCR), em [[Recife]], juntamente com [[Amaro Luiz de Carvalho]] (conhecido como "Capivara"), [[Manoel Lisboa de Moura]], Valmir Costa e [[Ricardo Zarattini]].<ref name="cm2"/>.
Após integrar no ensino superior, como estudante de medicina da [[Universidade Federal de Alagoas|UFAL]], Selma Bandeira se tornou vice-presidenta do Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina da UFAL.<ref name="cm0"/><ref name="cm1"/><ref name="cm2"/>


Em 1968, participou do 30º Congresso da [[UNE]], na cidade de [[Ibiúna]], onde acabou por ser presa e indiciada com base na [[Lei de Segurança Nacional]], respondendo a [[inquérito policial militar]], depois de ser posta em liberdade, no dia 17 de outubro do mesmo ano.<ref name="cm2"/>
Quando tinha apenas 22 anos de idade participou da fundação do [[Partido Comunista Revolucionário]] (PCR), na cidade do [[Recife]] ([[Pernambuco]]), em maio de 1966, época em que a [[Ditadura Militar de 1964|Ditadura Militar]] no Brasil estava avançando em seu autoritarismo, junto com Amaro Luiz de Carvalho (vulgo "Capivara"), [[Manoel Lisboa de Moura]], Valmir Costa e [[Ricardo Zarattini]].<ref name="cm2"/>


Por ser vinculada ao PCR, Selma Bandeira foi perseguida pela polícia em alguns estados do [[Região Nordeste do Brasil|Nordeste]], em ações da equipe do delegado paulista [[Sérgio Paranhos Fleury]]. Essa equipe, ao não encontrá-la em Pernambuco, foi a Maceió e prendeu seus familiares (o seu irmão Lauro e suas irmãs Maria das Graças e Sônia) em 18 de agosto de 1973, com o objetivo de forçá-los a revelar o paradeiro de Selma. Posteriormente foram levados a Recife, onde sofreram diversos tipos de [[tortura|tortura física e psicológica]] durante um mês.<ref name="cm2"/>
Em 1968, participou do 30º Congresso da [[UNE]] realizado na cidade de Ibiúna (SP), onde veio a ser presa e indiciada com base na [[Lei de Segurança Nacional]], respondendo a Inquérito Policial Militar, enquanto fora posta em liberdade no dia 17 de outubro do mesmo ano.<ref name="cm2"/>


Selma foi uma das últimas dirigentes do [[Partido Comunista Revolucionário|PCR]] a ser presa, o que somente ocorreu em abril de 1978, quando ela estava com Valmir Costa em um apartamento situado em [[Casa Amarela (Recife)]]. Mais de 30 policiais invadiram o prédio e os levaram à prisão. Com a aprovação da [[Lei da Anistia]], sancionada em agosto de 1979, ela foi a primeira [[Preso político|presa política]] a ser [[anistia|anistiada]], depois de ficar presa por um ano e três meses, na Colônia Penal Feminina Bom Pastor, em Recife.<ref name="cm2"/> Retornou então a Maceió, onde se filiou ao [[Movimento Democrático Brasileiro]] (MDB), atuando, concomitantemente, como médica sanitarista.<ref name="cm2"/>
Por ser vinculada ao PCR, Selma Bandeira foi perseguida pela polícia em alguns estados do Nordeste em uma ação chefiada pela equipe do delegado paulista [[Sérgio Paranhos Fleury]]. Essa equipe, ao não encontrá-la em Pernambuco, foi à Maceió e prendeu seus familiares (o seu irmão Lauro Bandeira e suas irmãs Maria das Graças Bandeira e Sônia Bandeira) em 18 de agosto de 1973 com o objetivo de forçá-los a revelarem o paradeiro de sua irmã. Assim, os familiares de Selma foram levados para a cidade do [[Recife]] onde sofreram diversos tipos de [[tortura|tortura física e psicológica]] durante um mês.<ref name="cm2"/>

Ela foi uma das últimas dirigentes do [[Partido Comunista Revolucionário|PCR]] que veio a ser presa, o que somente ocorreu em abril de 1978, quando ela estava junto com Valmir Costa em um apartamento situado no bairro de Casa Amarela, em Recife, momento em que foram abordados por mais de 30 policiais que invadiram o prédio e os levaram para a prisão. Com a aprovação da [[Lei da Anistia]] no final da década de 1970, ela foi a primeira presa política beneficiada pela [[anistia|anistia política]], depois de ficar custodiada no ''Presídio Feminino Bom Pastor'', situado em Pernambuco, pelo período de um ano e três meses.<ref name="cm2"/>

Após ser anistiada, ela retornou a Maceió, onde se filiou ao partido político [[Movimento Democrático Brasileiro]] (MDB) e, concomitantemente, atuou como médica sanitarista na capital alagoana.<ref name="cm2"/>


=== Mandato parlamentar ===
=== Mandato parlamentar ===
Em 1982, ela foi eleita [[deputado estadual]] pelo antigo [[Movimento Democrático Brasileiro|MDB]] que veio a se converter no [[Movimento Democrático Brasileiro (1980)|PMDB]]. No último ano de seu mandato, decidiu se candidatar à deputada federal pelo mesmo partido para a Assembleia Constituinte, cujas eleições tinham sido convocadas para o ano de 1986.<ref name="cm2"/> Assim, Selma Bandeira iniciou uma campanha política, tanto na capital, quanto andando pelos mais distintos locais no interior do estado de Alagoas, em razão de defender bandeiras políticas mais abrangentes (democracia, justiça social, saúde pública) que transcendiam as disputas corriqueiras envolvendo as oligarquias locais que, secularmente, caracterizam a realidade política alagoana divida em vários clã repartidos geograficamente pelo estado.<ref>{{citar tese|sobrenome=Santos|nome= Paulo Alberto Paixão dos|ano=2022|url= https://www.repositorio.ufal.br/bitstream/123456789/9768/1/Parentesco%20e%20poder%20na%20pol%c3%adtica%20alagoana%3a%20o%20caso%20da%20fam%c3%adlia%20Beltr%c3%a3o.pdf|título= Parentesco e poder na política alagoana: o caso da família Beltrão|tipo=[[Graduação|Monografia em Ciências Sociais]]|lugar=Maceió|editorial=[[Universidade Federal de Alagoas]]|página=|acessodata=2023-04-03}}</ref>
Em 1982, foi eleita [[deputada estadual|deputada estadual]] pelo [[Partido do Movimento Democrático Brasileiro]] (PMDB). No último ano do seu mandato de deputada estadual, decidiu candidatar-se, pelo mesmo partido, a deputada federal para a [[Assembleia Nacional Constituinte de 1987|Assembleia Constituinte]], cujas eleições haviam sido marcadas para 1986.<ref name="cm2"/> Assim, Selma Bandeira iniciou uma campanha política - tanto na capital, quanto no interior do [[estado de Alagoas]] - privilegiando temas como [[democracia]], [[justiça social]] e [[saúde pública]], causas mais abrangentes que as disputas corriqueiras entre os clãs da [[oligarquia]] alagoana que secularmente dividem o poder no Estado.<ref>{{citar tese|sobrenome=Santos|nome= Paulo Alberto Paixão dos|ano=2022|url= https://www.repositorio.ufal.br/bitstream/123456789/9768/1/Parentesco%20e%20poder%20na%20pol%c3%adtica%20alagoana%3a%20o%20caso%20da%20fam%c3%adlia%20Beltr%c3%a3o.pdf|título= Parentesco e poder na política alagoana: o caso da família Beltrão|tipo=[[Graduação|Monografia em Ciências Sociais]]|lugar=Maceió|editorial=[[Universidade Federal de Alagoas]]|página=|acessodata=2023-04-03}}</ref>
==Morte==
==Morte==
No dia 7 de setembro de 1986, quando se dirigia a um comício político na cidade de [[Viçosa (Alagoas)|Viçosa]], Selma Bandeira sofreu um acidente automobilístico que resultou na morte dela e de todos os outros ocupantes do carro. Milhares pessoas seguiram seu féretro, camihando em cortejo por aproximadamente 10 km, até o Cemitério Parque das Flores, em [[Maceió]].<ref name="cm0"/><ref name="cm1"/><ref name="cm2"/>
Em 7 de setembro de 1986, quando se dirigia a um comício na cidade de [[Viçosa (Alagoas)|Viçosa]], Selma Bandeira sofreu um acidente automobilístico que resultou na morte dela e de todos os demais ocupantes do veículo. Seu funeral foi acompanhado por milhares pessoas que seguiram féretro, caminhando por aproximadamente 10 km, até o Cemitério Parque das Flores, em [[Maceió]].<ref name="cm0"/><ref name="cm1"/><ref name="cm2"/>


== Homenagens ==
== Homenagens ==
* ''Troféu Selma Bandeira'': criado em 2004 pela Prefeitura Municipal de Maceió, busca premiar mulheres que se destacam nos mais diversos âmbitos da vida social da capital alagoana.<ref name="cm3">{{citar web|url=https://www.cadaminuto.com.br/noticia/2023/03/30/trofeu-selma-bandeira-e-entregue-a-mulheres-maceioenses-nesta-quinta-veja-as-homenageadas|título=Troféu Selma Bandeira é entregue a mulheres maceioenses nesta quinta; veja as homenageadas|publicado=Cada Minuto|autor=|data=2023-03-30|acessodata=2023-04-03}}</ref>
* Prêmio ''Selma Bandeira '', criado em 2004 pela Prefeitura Municipal de Maceió, é concedido a mulheres que se destacam nas mais diversas áreas da vida social da capital alagoana.<ref name="cm3">{{citar web|url=https://www.cadaminuto.com.br/noticia/2023/03/30/trofeu-selma-bandeira-e-entregue-a-mulheres-maceioenses-nesta-quinta-veja-as-homenageadas|título=Troféu Selma Bandeira é entregue a mulheres maceioenses nesta quinta; veja as homenageadas|publicado=Cada Minuto|autor=|data=2023-03-30|acessodata=2023-04-03}}</ref>
* Comenda ''Selma Bandeira'', criada em 1997, é conferida pela Câmara Municipal de Maceió a personalidades de destaque na luta pelo fim da violência e na defesa dos [[direitos humanos]].<ref>[https://tribunahoje.com/noticias/politica/2023/06/14/121958-comenda-selma-bandeira-sera-conferida-ao-desembargador-tutmes-airan Comenda Selma Bandeira será conferida ao desembargador Tutmés Airan], ''tribunahoje.com'', 14 de junho de 2023.</ref>


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Edição atual tal como às 05h08min de 19 de julho de 2024

Selma Bandeira Mendes
Deputado estadual de Alagoas
Período 1º de janeiro de 1983
a 1º de fevereiro de 1986
Dados pessoais
Nascimento 1 de janeiro de 1944
Delmiro Gouveia (AL)
Morte 7 de setembro de 1986 (42 anos)
Nacionalidade brasileiro
Partido PCR, MDB
Profissão médica, política

Selma Bandeira Mendes, conhecida como Selma Bandeira (Delmiro Gouveia, 1 de janeiro de 1944 - 7 de setembro de 1986), foi uma médica sanitarista e política brasileira.[1][2]

Filha de Lauro Mendes Correia e Alexandrina Bandeira Mendes, nasceu na cidade de Delmiro Gouveia, no sertão alagoano. Mudou-se para a capital do estado, onde estudou no Colégio Moreira e Silva.[3] Cursou medicina na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), vindo a exercer a profissão médica de forma alternada com a militância política.[1][2][3]

Enquanto estudante de medicina, também trabalhou como professora de Biologia do Colégio Estadual de Alagoas.[1][2][3]

Militância política

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A sua estreia na política deu-se no movimento estudantil secundarista de Maceió. Logo veio a se tornar uma das lideranças da União dos Estudantes Secundaristas de Alagoas (UESA).[3]

Como estudante de medicina da UFAL, foi vice-presidenta do Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina.[1][2][3]

Em maio de 1966, aos 22 anos de idade, Selma Bandeira participou da fundação do Partido Comunista Revolucionário (PCR), em Recife, juntamente com Amaro Luiz de Carvalho (conhecido como "Capivara"), Manoel Lisboa de Moura, Valmir Costa e Ricardo Zarattini.[3].

Em 1968, participou do 30º Congresso da UNE, na cidade de Ibiúna, onde acabou por ser presa e indiciada com base na Lei de Segurança Nacional, respondendo a inquérito policial militar, depois de ser posta em liberdade, no dia 17 de outubro do mesmo ano.[3]

Por ser vinculada ao PCR, Selma Bandeira foi perseguida pela polícia em alguns estados do Nordeste, em ações da equipe do delegado paulista Sérgio Paranhos Fleury. Essa equipe, ao não encontrá-la em Pernambuco, foi a Maceió e prendeu seus familiares (o seu irmão Lauro e suas irmãs Maria das Graças e Sônia) em 18 de agosto de 1973, com o objetivo de forçá-los a revelar o paradeiro de Selma. Posteriormente foram levados a Recife, onde sofreram diversos tipos de tortura física e psicológica durante um mês.[3]

Selma foi uma das últimas dirigentes do PCR a ser presa, o que somente ocorreu em abril de 1978, quando ela estava com Valmir Costa em um apartamento situado em Casa Amarela (Recife). Mais de 30 policiais invadiram o prédio e os levaram à prisão. Com a aprovação da Lei da Anistia, sancionada em agosto de 1979, ela foi a primeira presa política a ser anistiada, depois de ficar presa por um ano e três meses, na Colônia Penal Feminina Bom Pastor, em Recife.[3] Retornou então a Maceió, onde se filiou ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), atuando, concomitantemente, como médica sanitarista.[3]

Mandato parlamentar

[editar | editar código-fonte]

Em 1982, foi eleita deputada estadual pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). No último ano do seu mandato de deputada estadual, decidiu candidatar-se, pelo mesmo partido, a deputada federal para a Assembleia Constituinte, cujas eleições haviam sido marcadas para 1986.[3] Assim, Selma Bandeira iniciou uma campanha política - tanto na capital, quanto no interior do estado de Alagoas - privilegiando temas como democracia, justiça social e saúde pública, causas mais abrangentes que as disputas corriqueiras entre os clãs da oligarquia alagoana que secularmente dividem o poder no Estado.[4]

Em 7 de setembro de 1986, quando se dirigia a um comício na cidade de Viçosa, Selma Bandeira sofreu um acidente automobilístico que resultou na morte dela e de todos os demais ocupantes do veículo. Seu funeral foi acompanhado por milhares pessoas que seguiram féretro, caminhando por aproximadamente 10 km, até o Cemitério Parque das Flores, em Maceió.[1][2][3]

  • Prêmio Selma Bandeira , criado em 2004 pela Prefeitura Municipal de Maceió, é concedido a mulheres que se destacam nas mais diversas áreas da vida social da capital alagoana.[5]
  • Comenda Selma Bandeira, criada em 1997, é conferida pela Câmara Municipal de Maceió a personalidades de destaque na luta pelo fim da violência e na defesa dos direitos humanos.[6]

Referências

  1. a b c d e «A revolucionária Selma Bandeira». História de Alagoas. 4 de maio de 2015. Consultado em 3 de abril de 2023 
  2. a b c d e Michaelle Pereira (23 de março de 2023). «Conheça a história de Selma Bandeira que dá nome ao prêmio que reconhece atuação de mulheres alagoanas». Prefeitura Municipal de Maceió. Consultado em 3 de abril de 2023 
  3. a b c d e f g h i j k l Marcelo Bastos (28 de junho de 2021). «A revolucionária Selma Bandeira». Cada Minuto. Consultado em 3 de abril de 2023 
  4. Santos, Paulo Alberto Paixão dos (2022). Parentesco e poder na política alagoana: o caso da família Beltrão (PDF) (Monografia em Ciências Sociais). Maceió: Universidade Federal de Alagoas. Consultado em 3 de abril de 2023 
  5. «Troféu Selma Bandeira é entregue a mulheres maceioenses nesta quinta; veja as homenageadas». Cada Minuto. 30 de março de 2023. Consultado em 3 de abril de 2023 
  6. Comenda Selma Bandeira será conferida ao desembargador Tutmés Airan, tribunahoje.com, 14 de junho de 2023.
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