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Aleksandr Oparin: diferenças entre revisões

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'''Aleksandr Ivanovich Oparin''' ({{lang-ru|'''Алекса́ндр Ива́нович Опарин'''}}; [[Uglitch]], [[2 de março]] (<small>18 de fevereiro [[Calendário Juliano|juliano]]</small>) de [[1894]] — [[Moscou]], [[21 de abril]] de [[1980]]) foi um [[Biologia|biólogo]] e [[Bioquímica|bioquímico]] russo considerado um dos precursores dos estudos sobre a [[origem da vida]].<ref>{{citar web |url=http://www.britannica.com/EBchecked/topic/429565/Aleksandr-Oparin |título=Science & Technology: Aleksandr Oparin |acessodata=10 de dezembro de 2010 |autorlink=Encyclopædia Britannica Online |língua2=en }}</ref>
'''Aleksandr Ivanovich Oparin''' ({{lang-ru|'''Алекса́ндр Ива́нович Опарин'''}}; [[Uglitch]], [[2 de março]] (<small>18 de fevereiro [[Calendário Juliano|juliano]]</small>) de [[1894]] — [[Moscou]], [[21 de abril]] de [[1980]]) foi um [[Biologia|biólogo]] e [[Bioquímica|bioquímico]] russo considerado um dos precursores dos estudos sobre a [[origem da vida]].<ref>{{citar web |url=http://www.britannica.com/EBchecked/topic/429565/Aleksandr-Oparin |título=Science & Technology: Aleksandr Oparin |acessodata=10 de dezembro de 2010 |autorlink=Encyclopædia Britannica Online |língua=en }}</ref>


== Vida ==
== Vida ==
Oparin se formou na [[Universidade de Moscou]] em [[1917]]. Em [[1924]] publicou um opúsculo com a primeira versão de sua teoria para explicar o surgimento da vida na Terra, a partir da evolução química gradual de [[molécula]]s baseadas em [[carbono]]. A segunda versão, de 1938, alcançaria sucesso internacional que resultou na conhecida versão em inglês, de 1953<ref>Oparin, A.I. (1938). Origin of life. 1953 edition. Dover Publications Inc, Nova York.</ref>. Em [[1946]], foi admitido na [[Academia Russa das Ciências|Academia Soviética das Ciências]]. Em [[1970]], foi eleito presidente da "Sociedade Internacional para o Estudo da Origem da Vida"<ref>{{citar web |url=http://www.cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_40/EraUmaVez.html |título=Aleksandr Ivanovich Oparin e a Origem da Vida |acessodata=10 de dezembro de 2010 |autor=Agnaldo Arroio|língua2=pt }}</ref>. Faleceu aos 86 anos, em 21 de abril de 1980, e foi sepultado no [[Cemitério Novodevichy]] em [[Moscou]].
Oparin se formou na [[Universidade de Moscou]] em 1917. Em 1924 publicou um opúsculo com a primeira versão de sua teoria para explicar o surgimento da vida na Terra, a partir da evolução química gradual de [[molécula]]s baseadas em [[carbono]]. A segunda versão, de 1938, alcançaria sucesso internacional que resultou na conhecida versão em inglês, de 1953.<ref>Oparin, A.I. (1938). Origin of life. 1953 edition. Dover Publications Inc, Nova York.</ref> Em [[1946]], foi admitido na [[Academia Russa das Ciências|Academia Soviética das Ciências]]. Em [[1970]], foi eleito presidente da "Sociedade Internacional para o Estudo da Origem da Vida".<ref>{{citar web |url=http://www.cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_40/EraUmaVez.html |título=Aleksandr Ivanovich Oparin e a Origem da Vida |acessodata=10 de dezembro de 2010 |autor=Agnaldo Arroio |língua=pt |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090221053048/http://cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_40/EraUmaVez.html |arquivodata=2009-02-21 |urlmorta=yes }}</ref> Faleceu aos 86 anos, em 21 de abril de 1980, e foi sepultado no [[Cemitério Novodevichy]] em [[Moscou]].


== Teoria ==
== Teoria ==
Sua teoria tem um forte embasamento [[Charles Darwin|darwiniano]]: através de competição e seleção natural, determinadas formas de organização molecular tornaram-se dominantes e caracterizam as moléculas vivas de hoje. Segundo ele, não existe diferença fundamental entre os organismos vivos e matéria sem vida. Em princípio havia soluções simples de substâncias orgânicas, cujo comportamento era governado pelas propriedades de seus átomos e pelo arranjo destes átomos em uma estrutura molecular. Gradualmente, entretanto, como resultado do crescimento em complexidade, novas propriedades surgiram em conseqüência do arranjo espacial e relacionamento mútuo das moléculas. Portanto, a complexa combinação de propriedades que caracteriza a vida surgiu a partir do processo de evolução da matéria.
Sua teoria tem um forte embasamento [[Charles Darwin|darwiniano]]: através de competição e [[seleção natural]], determinadas formas de organização molecular tornaram-se dominantes e caracterizam as moléculas vivas de hoje. Segundo ele, não existe diferença fundamental entre os organismos vivos e matéria sem vida. Em princípio havia soluções simples de substâncias orgânicas, cujo comportamento era governado pelas propriedades de seus átomos e pelo arranjo destes átomos em uma estrutura molecular. Gradualmente, entretanto, como resultado do crescimento em complexidade, novas propriedades surgiram em consequência do arranjo espacial e relacionamento mútuo das moléculas. Portanto, a complexa combinação de propriedades que caracteriza a vida surgiu a partir do processo de evolução da matéria.


Levando em conta a então recente descoberta de [[metano]] na [[atmosfera de Júpiter|atmosfera]] de [[Júpiter (planeta)|Júpiter]] e outros planetas gigantes, Oparin postulou que a Terra primitiva também possuía uma atmosfera fortemente redutora, contendo [[metano]], [[amônia]], [[hidrogênio]] e [[água]]. Em sua opinião, esses foram os elementos essenciais para a evolução da vida.
Levando em conta a então recente descoberta de [[metano]] na [[atmosfera de Júpiter|atmosfera]] de [[Júpiter (planeta)|Júpiter]] e outros planetas gigantes, Oparin postulou que a Terra primitiva também possuía uma atmosfera fortemente redutora, contendo metano, [[amônia]], [[hidrogênio]] e [[água]]. Em sua opinião, esses foram os elementos essenciais para a evolução da vida.


Nessa época a Terra estava passando por um processo de resfriamento, que permitiu o acúmulo de água nas depressões da sua crosta, formando os mares primitivos. As [[tempestade]]s com [[raio]]s eram freqüentes e ainda não havia na atmosfera o escudo de [[ozônio]] contra radiações. As descargas elétricas e as [[Radiação|radiações]] que atingiam nosso planeta teriam fornecido energia para que algumas [[molécula]]s presentes na atmosfera se unissem, dando origem a moléculas maiores e mais [[Complexidade|complexas]]: as primeiras moléculas orgânicas. Estas eram arrastadas pelas águas das [[chuva]]s e passavam a se acumular nos mares primitivos, que eram quentes e rasos.
Nessa época a Terra estava passando por um processo de resfriamento, que permitiu o acúmulo de água nas depressões da sua crosta, formando os mares primitivos. As [[tempestade]]s com [[Raio (meteorologia)|raio]]s eram freqüentes e ainda não havia na atmosfera o escudo de [[ozônio]] contra radiações. As descargas elétricas e as [[Radiação|radiações]] que atingiam nosso planeta teriam fornecido energia para que algumas [[molécula]]s presentes na atmosfera se unissem, dando origem a moléculas maiores e mais [[Complexidade|complexas]]: as primeiras moléculas orgânicas. Estas eram arrastadas pelas águas das [[chuva]]s e passavam a se acumular nos mares primitivos, que eram quentes e rasos.


O [[processo]], repetindo-se ao longo de vários anos, teria transformado os mares primitivos em "sopas primitivas", ricas em matéria orgânica. Baseado no trabalho de [[Bungenberg de Jong]] em [[coacervado]]s, certas moléculas orgânicas (especialmente as [[proteína]]s) podem espontaneamente formar agregados e camadas, quando estão na água. Oparin sugeriu que diferentes tipos de coacervados podem ter se formado nas "sopas primitivas" dos oceanos. Esses coacervados não eram seres vivos, mas sim uma primitiva organização das substâncias orgânicas, principalmente proteínas, em um sistema isolado. Apesar de isolados os coacervados podiam trocar substâncias com o meio externo, sendo que em seu interior houve possibilidade de ocorrerem inúmeras [[Reação química|reações químicas]]. Subseqüentemente, sujeitos ao processo de seleção natural, esses coarcervados cresceram em complexidade, adquirindo por fim características de organismos vivos
O [[processo]], repetindo-se ao longo de vários anos, teria transformado os mares primitivos em "sopas primitivas", ricas em matéria orgânica. Baseado no trabalho de [[Bungenberg de Jong]] em [[coacervado]]s, certas moléculas orgânicas (especialmente as [[proteína]]s) podem espontaneamente formar agregados e camadas, quando estão na água. Oparin sugeriu que diferentes tipos de coacervados podem ter se formado nas "sopas primitivas" dos oceanos. Esses coacervados não eram seres vivos, mas sim uma primitiva organização das substâncias orgânicas, principalmente proteínas, em um sistema isolado. Apesar de isolados os coacervados podiam trocar substâncias com o meio externo, sendo que em seu interior houve possibilidade de ocorrerem inúmeras [[Reação química|reações químicas]]. Subseqüentemente, sujeitos ao processo de seleção natural, esses [[Coacervado|coacervados]] cresceram em complexidade, adquirindo por fim características de organismos vivos.


== Repercussão ==
{{Referências}}
Oparin teve sua carreira marcada pela íntima colaboração com a [[comunismo|ideologia comunista]] e com o [[União das repúblicas socialistas soviéticas|estado soviético]]. Suas ideias se coadunavam com o [[materialismo dialético]] e eram promovidas no país e no exterior, enquanto Oparin era mitificado como "[[Charles Darwin|Darwin]] do século XX". É notória sua associação com [[Lysenko|Trophim Lysenko]] e [[Olga Lepeshinsakya]], [[pseudociência|pseudocientistas]] que dominaram o ''establishment'' científico soviético no período [[estalinismo|estalinista]].<ref>Jukes TH. Oparin and Lysenko. J Mol Evol. 1997 Oct;45(4):339-40</ref>


Um aspecto de sua hipótese, a ideia da [[atmosfera]] [[redução|redutora]], interessou muito ao [[Química|químico]] estadunidense [[Harold Urey]]. Urey, que se notabilizara pela descoberta do [[deutério]], encarregou seu aluno [[Stanley Miller]] de investigar experimentalmente as proposições de Oparin. O [[experimento]] realizado demonstrou que as condições atmosféricas imaginadas por Oparin permitiriam a síntese abiótica de alguns [[aminoácido]]s, fato que teve ampla repercussão na imprensa internacional.
{{Esboço-biografia}}


Embora as concepções de Oparin sobre a atmosfera primitiva tenham perdido o apoio quase unânime de que desfrutavam,<ref>J.F. Kasting. "Earth's Early Atmosphere" Science 259: 920-926 (1993) [http://www3.geosc.psu.edu/~jfk4/PersonalPage/Pdf/Science_93.pdf] {{Wayback|url=http://www3.geosc.psu.edu/~jfk4/PersonalPage/Pdf/Science_93.pdf|date=20120426203923}}</ref> alguns pesquisadores, como [[Freeman Dyson]]<ref >Freeman Dyson, ''Gravity is Cool, or, Why our Universe is Hospitable to Life'', ''Oppenheimer lecture, given at the University of California. Berkeley, California, March 9, 2000'' [http://www.ocf.berkeley.edu/~fricke/dyson.html <nowiki>[em linha]</nowiki>]</ref> e [[Doron Lancet]], químico do [[Instituto Weizmann da Ciência]] de [[Israel]] tem investigado mais recentemente a formação de coacervados, outro aspecto original das ideias de Oparin.
{{Controle de autoridade}}


== Principais trabalhos ==

* Oparin, A. I. ''Proiskhozhdenie zhizni''. Moscow: Izd. Moskovskii Rabochii, 1924. {{in lang|ru}}
** Traduções em inglês:
*** Oparin, A. I. "The origin of life", translation by Ann Synge. In: Bernal, J. D. (ed.), ''The origin of life'', Weidenfeld & Nicolson, London, 1967, p.&nbsp;199–234. [https://books.google.com/books?id=ob6PhrWXZ4gC Google], [http://breadtagsagas.com/wp-content/uploads/2015/12/AI-Oparin-The-Origin-of-Life.pdf Valencia University].
*** Oparin, A. I. ''The Origin and Development of Life'' (NASA TTF-488). Washington: D.C.L GPO, 1968.
* Oparin, A. I. ''Vozniknovenie zhizni na zemle''. Moscow: Izd. Akad. Nauk SSSR, 1936.
** English translations:
*** Oparin, A. I. ''The Origin of Life'', 1st ed., Nova York: Macmillan, 1938.
*** Oparin, A. I. ''The Origin of Life'', 2nd ed., Nova York: Dover, 1953, reimpresso em 2003, [https://books.google.com/books?id=Jv8psJCtI0gC Google].
*** Oparin, A. I. ''The Origin of Life on the Earth'', 3rd ed., Nova York: Academic Press, 1957, [https://www.biodiversitylibrary.org/item/23465#page/7/mode/1up BHL]
* Oparin, A., Fesenkov, V. ''Life in the Universe''. Moscow: USSR Academy of Sciences publisher, 3a. Edição, 1956. {{in lang|ru}}
** Tradução para o inglês: Oparin, A. e V. Fesenkov. ''Life in the Universe''. New York: Twayne Publishers (1961).
* "The External Factors in Enzyme Interactions Within a Plant Cell"
* "Life, Its Nature, Origin and Evolution"
* "The History of the Theory of Genesis and Evolution of Life"

== Ver também ==
*[[Experiência de Miller e Urey]]

{{referências}}

{{Portal3|Biografias|Biologia|Bioquímica|Ciência|União Soviética|Rússia}}

{{Controle de autoridade}}
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[[Categoria:Prêmio Kalinga]]
[[Categoria:Prêmio Kalinga]]
[[Categoria:Membros da Academia de Ciências da Rússia]]
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[[Categoria:Cientistas da Rússia]]
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Edição atual tal como às 12h25min de 9 de setembro de 2024

Aleksandr Oparin
Aleksandr Oparin
Oparin na década de 1970
Nascimento 2 de março de 1894
Uglitch
Morte 21 de abril de 1980 (86 anos)
Moscovo
Sepultamento Cemitério de Novodevichy
Cidadania União Soviética
Alma mater
Ocupação biólogo, bioquímico, químico
Distinções
Empregador(a) Universidade Estatal de Moscovo, Bach Institute of Biochemistry RAS

Aleksandr Ivanovich Oparin (em russo: Алекса́ндр Ива́нович Опарин; Uglitch, 2 de março (18 de fevereiro juliano) de 1894Moscou, 21 de abril de 1980) foi um biólogo e bioquímico russo considerado um dos precursores dos estudos sobre a origem da vida.[1]

Oparin se formou na Universidade de Moscou em 1917. Em 1924 publicou um opúsculo com a primeira versão de sua teoria para explicar o surgimento da vida na Terra, a partir da evolução química gradual de moléculas baseadas em carbono. A segunda versão, de 1938, alcançaria sucesso internacional que resultou na conhecida versão em inglês, de 1953.[2] Em 1946, foi admitido na Academia Soviética das Ciências. Em 1970, foi eleito presidente da "Sociedade Internacional para o Estudo da Origem da Vida".[3] Faleceu aos 86 anos, em 21 de abril de 1980, e foi sepultado no Cemitério Novodevichy em Moscou.

Sua teoria tem um forte embasamento darwiniano: através de competição e seleção natural, determinadas formas de organização molecular tornaram-se dominantes e caracterizam as moléculas vivas de hoje. Segundo ele, não existe diferença fundamental entre os organismos vivos e matéria sem vida. Em princípio havia soluções simples de substâncias orgânicas, cujo comportamento era governado pelas propriedades de seus átomos e pelo arranjo destes átomos em uma estrutura molecular. Gradualmente, entretanto, como resultado do crescimento em complexidade, novas propriedades surgiram em consequência do arranjo espacial e relacionamento mútuo das moléculas. Portanto, a complexa combinação de propriedades que caracteriza a vida surgiu a partir do processo de evolução da matéria.

Levando em conta a então recente descoberta de metano na atmosfera de Júpiter e outros planetas gigantes, Oparin postulou que a Terra primitiva também possuía uma atmosfera fortemente redutora, contendo metano, amônia, hidrogênio e água. Em sua opinião, esses foram os elementos essenciais para a evolução da vida.

Nessa época a Terra estava passando por um processo de resfriamento, que permitiu o acúmulo de água nas depressões da sua crosta, formando os mares primitivos. As tempestades com raios eram freqüentes e ainda não havia na atmosfera o escudo de ozônio contra radiações. As descargas elétricas e as radiações que atingiam nosso planeta teriam fornecido energia para que algumas moléculas presentes na atmosfera se unissem, dando origem a moléculas maiores e mais complexas: as primeiras moléculas orgânicas. Estas eram arrastadas pelas águas das chuvas e passavam a se acumular nos mares primitivos, que eram quentes e rasos.

O processo, repetindo-se ao longo de vários anos, teria transformado os mares primitivos em "sopas primitivas", ricas em matéria orgânica. Baseado no trabalho de Bungenberg de Jong em coacervados, certas moléculas orgânicas (especialmente as proteínas) podem espontaneamente formar agregados e camadas, quando estão na água. Oparin sugeriu que diferentes tipos de coacervados podem ter se formado nas "sopas primitivas" dos oceanos. Esses coacervados não eram seres vivos, mas sim uma primitiva organização das substâncias orgânicas, principalmente proteínas, em um sistema isolado. Apesar de isolados os coacervados podiam trocar substâncias com o meio externo, sendo que em seu interior houve possibilidade de ocorrerem inúmeras reações químicas. Subseqüentemente, sujeitos ao processo de seleção natural, esses coacervados cresceram em complexidade, adquirindo por fim características de organismos vivos.

Oparin teve sua carreira marcada pela íntima colaboração com a ideologia comunista e com o estado soviético. Suas ideias se coadunavam com o materialismo dialético e eram promovidas no país e no exterior, enquanto Oparin era mitificado como "Darwin do século XX". É notória sua associação com Trophim Lysenko e Olga Lepeshinsakya, pseudocientistas que dominaram o establishment científico soviético no período estalinista.[4]

Um aspecto de sua hipótese, a ideia da atmosfera redutora, interessou muito ao químico estadunidense Harold Urey. Urey, que se notabilizara pela descoberta do deutério, encarregou seu aluno Stanley Miller de investigar experimentalmente as proposições de Oparin. O experimento realizado demonstrou que as condições atmosféricas imaginadas por Oparin permitiriam a síntese abiótica de alguns aminoácidos, fato que teve ampla repercussão na imprensa internacional.

Embora as concepções de Oparin sobre a atmosfera primitiva tenham perdido o apoio quase unânime de que desfrutavam,[5] alguns pesquisadores, como Freeman Dyson[6] e Doron Lancet, químico do Instituto Weizmann da Ciência de Israel tem investigado mais recentemente a formação de coacervados, outro aspecto original das ideias de Oparin.

Principais trabalhos

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  • Oparin, A. I. Proiskhozhdenie zhizni. Moscow: Izd. Moskovskii Rabochii, 1924. (em russo)
    • Traduções em inglês:
      • Oparin, A. I. "The origin of life", translation by Ann Synge. In: Bernal, J. D. (ed.), The origin of life, Weidenfeld & Nicolson, London, 1967, p. 199–234. Google, Valencia University.
      • Oparin, A. I. The Origin and Development of Life (NASA TTF-488). Washington: D.C.L GPO, 1968.
  • Oparin, A. I. Vozniknovenie zhizni na zemle. Moscow: Izd. Akad. Nauk SSSR, 1936.
    • English translations:
      • Oparin, A. I. The Origin of Life, 1st ed., Nova York: Macmillan, 1938.
      • Oparin, A. I. The Origin of Life, 2nd ed., Nova York: Dover, 1953, reimpresso em 2003, Google.
      • Oparin, A. I. The Origin of Life on the Earth, 3rd ed., Nova York: Academic Press, 1957, BHL
  • Oparin, A., Fesenkov, V. Life in the Universe. Moscow: USSR Academy of Sciences publisher, 3a. Edição, 1956. (em russo)
    • Tradução para o inglês: Oparin, A. e V. Fesenkov. Life in the Universe. New York: Twayne Publishers (1961).
  • "The External Factors in Enzyme Interactions Within a Plant Cell"
  • "Life, Its Nature, Origin and Evolution"
  • "The History of the Theory of Genesis and Evolution of Life"

Referências

  1. «Science & Technology: Aleksandr Oparin» (em inglês). Consultado em 10 de dezembro de 2010 
  2. Oparin, A.I. (1938). Origin of life. 1953 edition. Dover Publications Inc, Nova York.
  3. Agnaldo Arroio. «Aleksandr Ivanovich Oparin e a Origem da Vida». Consultado em 10 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 21 de fevereiro de 2009 
  4. Jukes TH. Oparin and Lysenko. J Mol Evol. 1997 Oct;45(4):339-40
  5. J.F. Kasting. "Earth's Early Atmosphere" Science 259: 920-926 (1993) [1] Arquivado em 26 de abril de 2012, no Wayback Machine.
  6. Freeman Dyson, Gravity is Cool, or, Why our Universe is Hospitable to Life, Oppenheimer lecture, given at the University of California. Berkeley, California, March 9, 2000 [em linha]