Fortaleza de Babilónia (Cairo)
Fortaleza de Babilónia Babalyûn, Qasr al-Sham | |
---|---|
Uma das torres da fortaleza | |
Informações gerais | |
Fim da construção | Período romano |
Geografia | |
País | Egito |
Cidade | Cairo |
Coordenadas | 30° 00′ 22″ N, 31° 13′ 47″ L |
mapa_legenda |
A Fortaleza de Babilónia (português europeu) ou Fortaleza de Babilônia (português brasileiro) foi uma cidade-fortaleza ou castelo situado no Delta do Nilo, Egito, numa área que então era chamada Babilónia e que atualmente é conhecida como Cairo Copta, uma parte do Velho Cairo.[nt 1] Era constituída por um conjunto de bastiões ligados por uma muralha de tijolo.[nt 2]
A área fazia parte do Nomo de Heliópolis, na margem direita (oriental) do Nilo, em frente à ilha de Rhoda, perto do Canal Faraónico (também chamado Canal de Heliópolis, de Ptolomeu ou de Trajano), que ligava o Nilo ao mar Vermelho, na fronteira entre o Baixo e Médio Egito. O local era de grande importância estratégica, pois permitia o controlo de todo o tráfego no Nilo, no ponto onde o seu cruzamento é mais fácil. Ali eram cobradas portagens às embarcações que passavam no rio.[nt 1][nt 2]
Diodoro Sículo atribuiu a construção do primeiro forte a cativos rebeldes Assírios durante o reinado de Sesóstris e Ctésias data-a do tempo de Semíramis. Com mais fiabilidade, Josefo (século I d.C.), atribuiu a estrutura a seguidores de Cambises II, em 525 a.C.[1] Os Romanos construíram uma nova fortaleza com a típica alvenaria em bandas brancas e vermelhas, mais perto do rio.[2][nt 1]
Atualmente, no recinto da fortaleza encontra-se o Museu Copta, um convento e várias igrejas, nomeadamente a Igreja de São Jorge e a Igreja Suspensa.[2][nt 1]
Nome e história
Babilónia era o nome original da cidade principal da Mesopotâmia, mas segundo outra hipótese o nome pode estar ligado ao antigo Pr-Hapi-n-Iwnw (Casa do Nilo de Heliópolis), o santuário da divindade Hapi, a personificação das águas do Nilo, em Heliópolis.[2][nt 1]
De acordo com a tradição, o primeiro forte foi construído pelos Persas c. século VI a.C., mas nesse tempo situava-se nos penhascos perto do rio. Quando os Romanos tomaram posse do Egito, reconhecendo a sua importância estratégica no Nilo, usaram o forte durante algum tempo, mas devido aos problemas de abastecimento de água, no reinado de Trajano (r. 98–117) a fortaleza foi transferida para a sua localização atual, mais perto do rio.[2] No reinado de Arcádio (r. 395–408) as fortificações foram reforçadas.[carece de fontes] Desde então, o leito do Nilo deslocou-se 400 metros para norte.[2]
No tempo de Augusto, a Babilónia do Delta tornou-se uma cidade com alguma importância e foi o quartel-general das três legiões que asseguravam a obediência do Egito. Na Notitia Imperii, Babilónia é mencionada como o quartel-general da Legio XIII Gemina. As ruínas da antiga cidade e da fortaleza ainda são visíveis a norte de Fostate, ou Velho Cairo. Entre as ruínas encontram-se os vestígios do grande aqueduto mencionado por Estrabão e pelos primeiros geógrafos árabes.[1][nt 1]
Durante a invasão árabe do Egito, no século VII, a fortaleza foi cercada durante cerca de sete meses, antes de ser tomada em 9 de abril de 641 pelo general árabe Anre ibne Alas.[2][nt 1] A seguir à tomada da fortaleza, Anre fundou a cidade de Fostate, cujo centro era, segundo a tradição, o local da sua tenda. A fortaleza foi integrada na nova cidade. Durante o primeiro século da existência de Fostate, a fortaleza continuou a ser chamada Babilónia e nos documentos da época tanto se usava Fostate como Babilónia (Babalyûn). Depois passou a ser chamada Alcácer Alxam (Qasr al-Sham; "Fortaleza da Vela"), nome que ainda é usado atualmente.[2]
Em 750 os Abássidas fundaram a localidade de Alascar e em 868 os Tulúnidas fundaram Alcatai. As três cidades vizinhas foram posteriormente unificadas para formar o Cairo (al-Qahira, "a Vitoriosa"), a qual foi dotada de uma muralha e uma cidadela pelo soberano aiúbida Saladino em 1173. Atualmente Fostate corresponde ao Velho Cairo.[nt 2][carece de fontes]
O recinto da fortaleza da Babilónia cedo se tornou um enclave cristão e judeu. A maior parte das velhas igrejas coptas situam-se nas ruínas da fortaleza, entre as quais se destacam a al Moallaqa (ou al Mu'allaqa, "a suspensa"), construída no século V sobre o pórtico sul, de onde lhe vem o nome de suspensa, e a de São Jorge, esta última dos Gregos ortodoxos, construída por cima de uma da torres da porta norte.[2][nt 2]
Notas
- ↑ a b c d e f g Trechos baseados no artigo «Babylon Fortress» na Wikipédia em inglês (acessado nesta versão).
- ↑ a b c d Trechos baseados no artigo «Forteresse de Babylone du Caire» na Wikipédia em francês (acessado nesta versão).
Referências e bibliografia
Este artigo incorpora texto de uma publicação, atualmente no domínio público: William, Smith (1854), «Ba´bylon», Londres: Walton and Maberly, Dictionary of Greek and Roman Geography (em inglês), consultado em 2 de junho de 2013
- Talbert, Richard (2000), Barrington Atlas of the Greek and Roman World, ISBN 9780691049458 (em inglês), Princeton University Press, p. 74