Januário de Benevento: diferenças entre revisões
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'''Januário''' (em [[latim]] ''Ianuarius''; em [[língua italiana|italiano]]: ''Gennaro''; [[Benevento]], [[21 de abril]] de [[272]] {{mdash}} [[Pozzuoli]], [[19 de setembro]] de [[305]]), nascido como '''Próculo''' (em [[latim]]: ''Proculus''; em [[italiano]]: ''Procolo''), foi um [[bispo]] e [[mártir]] [[cristão]], venerado como [[santo]] pela [[Igreja Católica]] (cujo culto se celebra em 19 de setembro) e pela [[Igreja Ortodoxa]]. Foi condenado à morte no ano 305 durante as perseguições de [[Diocleciano]]. É patrono da cidade de [[Nápoles]]. |
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De acordo com a tradição, Januário chamava-se ''Prócolo'' e pertencia à família patrícia dos "Ianuarii", consagrada ao deus [[Jano]]. |
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Condenado à morte no ano 305, segundo conta-se, durante as perseguições de [[Diocleciano]], é considerado santo e mártir tanto para a igreja católica como para as ortodoxas. |
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==No Brasil== |
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É um santo de especial devoção na [[Mooca]], tradicional bairro da [[Imigração italiana no Brasil|colônia italiana]] na cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] que tem uma igreja em homenagem a ele. Na cidade de Ubá, na zona da mata mineira, também encontramos uma igreja em sua honra. |
É um santo de especial devoção na [[Mooca]], tradicional bairro da [[Imigração italiana no Brasil|colônia italiana]] na cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] que tem uma igreja em homenagem a ele. Na cidade de Ubá, na zona da mata mineira, também encontramos uma igreja em sua honra.<ref>{{Citar web |url=http://www.sangennaro.org.br/ |titulo=San Gennaro |acessodata=2021-09-17 |website=www.sangennaro.org.br |lingua=pt-BR}}</ref> e, anualmente, o Santo recebe uma festa em sua homenagem: a [[Festa de San Gennaro]], que é feita de [[setembro]] a [[outubro]], sendo uma das festas religiosas mais tradicionais da cidade de São Paulo. |
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São Januário também é o santo padroeiro do [[Clube Atlético Juventus]], tradicional clube do [[Futebol Paulista]] fundado por imigrantes [[italianos]] que trabalhavam no [[Cotonifício Crespi]], e viviam no bairro da [[Mooca]]. |
São Januário também é o santo padroeiro do [[Clube Atlético Juventus]], tradicional clube do [[Futebol Paulista]] fundado por imigrantes [[italianos]] que trabalhavam no [[Cotonifício Crespi]], e viviam no bairro da [[Mooca]]. |
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==Tesouro de São Januário== |
==Tesouro de São Januário== |
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[[Ficheiro:Busto di San Gennaro vescovo e martire, Patrono di Napoli, illustrazione.jpg|miniaturadaimagem|Januário de Benevento]] |
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A riqueza oferecida durante séculos pelos devotos do santo, patrono de Nápoles, é de um valor incalculável. O tesouro é considerado a maior coleção de [[pedras preciosas]] do mundo e suplanta largamente outras coleções de referência, as joias do [[Lista de monarcas da Rússia|Czar da Rússia]] e da [[Monarquia do Reino Unido|Coroa Britânica]]. |
A riqueza oferecida durante séculos pelos devotos do santo, patrono de Nápoles, é de um valor incalculável. O tesouro é considerado a maior coleção de [[pedras preciosas]] do mundo e suplanta largamente outras coleções de referência, as joias do [[Lista de monarcas da Rússia|Czar da Rússia]] e da [[Monarquia do Reino Unido|Coroa Britânica]]. |
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=== Sangue de São Januário === |
=== Sangue de São Januário === |
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Segundo a tradição, é preservada em Nápoles uma ampola que contém sangue recolhido do corpo do padroeiro da cidade, São Januário, após o seu martírio. |
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A liquefação acontece 3 vezes por ano, 19 de setembro, dia de S. Januário, 16 de dezembro, porque nesse dia, em 1631, foi feita uma procissão com as relíquias de S. Januário que impediu a iminente erupção do vulcão Vesúvio e no sábado que antecede o primeiro domingo de maio, dia da primeira trasladação do corpo do santo.<ref>{{citar web |ultimo= |primeiro= |url=https://padrepauloricardo.org/blog/por-que-o-milagre-de-sao-januario-e-tao-importante |titulo=Sangue São Januário |data= |acessodata= |publicado=}}</ref> |
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Três vezes por ano, ocorre o chamado "milagre", que consiste na liquefação do sangue, que passa do estado sólido ao estado líquido: 19 de setembro, dia de S. Januário, 16 de dezembro, porque nesse dia, em 1631, foi feita uma procissão com as relíquias de S. Januário que impediu a iminente erupção do vulcão Vesúvio e no sábado que antecede o primeiro domingo de maio, dia da primeira trasladação do corpo do santo.<ref name="Não_nomeado-xwkb-1">{{citar web |ultimo= |primeiro= |url=https://padrepauloricardo.org/blog/por-que-o-milagre-de-sao-januario-e-tao-importante |titulo=Sangue São Januário |data= |acessodata= |publicado=}}</ref> |
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O primeiro registo deste fenómeno data de 1389. |
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⚫ | O sangue de São Januário está recolhido em duas ampolas de vidro, hermeticamente fechadas, protegido por duas lâminas de cristal transparente. A ampola maior possui 60 cm cúbicos de volume; a menor tem capacidade de 25 cm cúbicos. Em geral, o sangue endurecido ocupa até a metade da ampola maior, na menor, encontra-se disperso em fragmentos.<ref |
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As datas da liquefação do sangue de São Januário são celebradas com grande pompa e esplendor, as relíquias são expostas ao público, e se a liquefação não se verifica imediatamente, iniciam-se preces coletivas. Se o milagre tarda, os fiéis convencem-se de que a demora se deve aos seus pecados, então rezam orações penitenciais, como o salmo "''Miserere''", quando o milagre ocorre, o Clero entoa um solene ''Te Deum'', a multidão irrompe em vivas, os sinos repicam e toda a cidade rejubila.<ref name="Não_nomeado-xwkb-1"/> |
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⚫ | A liquefação do sangue produz-se espontaneamente, sob as mais variadas circunstâncias, independentemente da temperatura ou do movimento, o sangue passa do estado pastoso ao fluido e, até, fluidíssimo. A liquefação ocorre da periferia para o centro e vice-versa. Algumas vezes, o sangue liquefaz-se instantânea e inteiramente, ou, por vezes, permanece um denso coágulo em meio ao resto liquefeito. Varia o colorido: desde o vermelho mais escuro até o rubro mais vivo. Não poucas vezes surgem bolhas e sangue fresco e espumante sobe rapidamente até o topo da ampola maior.<ref |
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⚫ | O sangue de São Januário está recolhido em duas ampolas de vidro, hermeticamente fechadas, protegido por duas lâminas de cristal transparente. A ampola maior possui 60 cm cúbicos de volume; a menor tem capacidade de 25 cm cúbicos. Em geral, o sangue endurecido ocupa até a metade da ampola maior, na menor, encontra-se disperso em fragmentos.<ref name="Não_nomeado-xwkb-1"/> |
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⚫ | Trata-se verdadeiramente de sangue humano, comprovado por análises espectroscópicas e há algumas peculiaridades, que constituem outros milagres dentro do milagre liquefação, há uma variação do volume: algumas vezes diminui e outras vezes aumenta até o dobro. Varia também quanto à massa e quanto ao peso. Em janeiro de 1991, o Professor G. Sperindeo fazendo uso, com o máximo cuidado, de aparelhos de alta precisão, encontrou uma variação de cerca de 25 gramas. O peso aumentava enquanto o volume diminuía. Esse acréscimo de peso contraria frontalmente o princípio da conservação da massa e é considerado pela Igreja Católica como inexplicável, pois as ampolas encontram-se hermeticamente fechadas, sem possibilidade de receber acréscimo de substâncias do exterior.<ref |
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⚫ | A liquefação do sangue produz-se espontaneamente, sob as mais variadas circunstâncias, independentemente da temperatura ou do movimento, o sangue passa do estado pastoso ao fluido e, até, fluidíssimo. A liquefação ocorre da periferia para o centro e vice-versa. Algumas vezes, o sangue liquefaz-se instantânea e inteiramente, ou, por vezes, permanece um denso coágulo em meio ao resto liquefeito. Varia o colorido: desde o vermelho mais escuro até o rubro mais vivo. Não poucas vezes surgem bolhas e sangue fresco e espumante sobe rapidamente até o topo da ampola maior.<ref name="Não_nomeado-xwkb-1"/> |
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⚫ | A notícia escrita mais antiga e segura do milagre consta de uma crônica do século XIV. Desde 1659, estão rigorosamente anotadas todas as liquefações, que já perfazem mais de dez mil.<ref |
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⚫ | Trata-se verdadeiramente de sangue humano, comprovado por análises espectroscópicas e há algumas peculiaridades, que constituem outros milagres dentro do milagre liquefação, há uma variação do volume: algumas vezes diminui e outras vezes aumenta até o dobro. Varia também quanto à massa e quanto ao peso. Em janeiro de 1991, o Professor G. Sperindeo fazendo uso, com o máximo cuidado, de aparelhos de alta precisão, encontrou uma variação de cerca de 25 gramas. O peso aumentava enquanto o volume diminuía. Esse acréscimo de peso contraria frontalmente o princípio da conservação da massa e é considerado pela Igreja Católica como inexplicável, pois as ampolas encontram-se hermeticamente fechadas, sem possibilidade de receber acréscimo de substâncias do exterior.<ref name="Não_nomeado-xwkb-1"/> |
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A falta do milagre sempre esteve ligada a momentos nefastos da história da cidade: em setembro de 1939 e 1940, datas do início da [[Segunda Guerra Mundial]] e da entrada da Itália na guerra; em setembro de 1943, durante o início da [[ocupação nazista]]; em 1973, quando [[Nápoles]] foi atingida por uma epidemia de [[cólera]]; e, em 1980, por fim, ano em que se deu um [[terremoto]] de alta magnitude em Irpínia.<ref name=":0" /> |
A falta do milagre sempre esteve ligada a momentos nefastos da história da cidade: em setembro de 1939 e 1940, datas do início da [[Segunda Guerra Mundial]] e da entrada da Itália na guerra; em setembro de 1943, durante o início da [[ocupação nazista]]; em 1973, quando [[Nápoles]] foi atingida por uma epidemia de [[cólera]]; e, em 1980, por fim, ano em que se deu um [[terremoto]] de alta magnitude em Irpínia.<ref name=":0" /> |
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Em dezembro de 2016, a liquefação não aconteceu. Às 19h15min do dia 16 de dezembro de 2016, a ampola foi recolocada no [[relicário]] que a custodia, e a Capela do Tesouro de São Januário, na [[Catedral de Nápoles]], foi fechada.<ref name=":0">{{Citar web|url=https://padrepauloricardo.org/blog/milagre-de-sao-januario-nao-se-repete-na-italia|titulo=Milagre de São Januário não se repete na Itália|acessodata=2016-12-18|obra=padrepauloricardo.org|lingua=pt-BR}}</ref> |
Em dezembro de 2016, a liquefação não aconteceu. Às 19h15min do dia 16 de dezembro de 2016, a ampola foi recolocada no [[relicário]] que a custodia, e a Capela do Tesouro de São Januário, na [[Catedral de Nápoles]], foi fechada.<ref name=":0">{{Citar web|url=https://padrepauloricardo.org/blog/milagre-de-sao-januario-nao-se-repete-na-italia|titulo=Milagre de São Januário não se repete na Itália|acessodata=2016-12-18|obra=padrepauloricardo.org|lingua=pt-BR}}</ref> |
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=== Teorias === |
=== Teorias === |
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Há teorias que o suposto milagre que faz o sangue de São Januário se liquefazer seria uma fabricação de [[Alquimia|alquimistas]] medievais numa época caracterizada pelo lucrativo comércio através da compra e venda de [[Relíquia|relíquias]] sagradas, |
Há teorias que o suposto milagre que faz o sangue de São Januário se liquefazer seria uma fabricação de [[Alquimia|alquimistas]] medievais numa época caracterizada pelo lucrativo comércio através da compra e venda de [[Relíquia|relíquias]] sagradas, ato conhecido como [[simonia]]. No entanto esta hipótese nunca foi provado e a Igreja Católica nunca permitiu que o sangue fosse submetido a análise científica do material, pois ele fica no interior de uma ampola lacrada que nunca foi aberta.<ref>{{Citar web|ultimo=Atualizado|primeiro=Saber|url=https://www.saberatualizado.com.br/2016/12/sangue-de-sao-januario-milagre-ou.html|titulo=Sangue de São Januário: Milagre ou Alquimia?|acessodata=2024-09-19|website=Saber Atualizado}}</ref> |
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==Ver também== |
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{{Commonscat|Saint Januarius}} |
{{Commonscat|Saint Januarius}} |
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* [http://www.cicap.org/articoli/at100063.htm Estudo publicado pela revista ''Nature'', demonstrando como o alegado milagre pode ser um truque da química] (em inglês) |
* [http://www.cicap.org/articoli/at100063.htm Estudo publicado pela revista ''Nature'', demonstrando como o alegado milagre pode ser um truque da química] (em inglês) |
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* [http://www.cicap.org/articoli/at100062.htm Pesquisa sobre o sangue de São Januário] (em italiano) |
* [http://www.cicap.org/articoli/at100062.htm Pesquisa sobre o sangue de São Januário]{{Ligação inativa|data=abril de 2021 }} (em italiano) |
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* [http://www.sangennaro.org.br Paróquia de San Gennaro na Mooca (São Paulo)] |
* [http://www.sangennaro.org.br Paróquia de San Gennaro na Mooca (São Paulo)] |
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* [http://brazil.skepdic.com/saojanuario.html Refutação em português] |
* [http://brazil.skepdic.com/saojanuario.html Refutação em português] |
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[[Categoria:Santos do Império Romano|Janário]] |
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[[Categoria:Primeiros cristãos mártires|Januário]] |
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[[Categoria:Romanos antigos do século III]] |
[[Categoria:Romanos antigos do século III]] |
Edição atual tal como às 10h31min de 19 de setembro de 2024
Januário | |
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Santo da Igreja Católica | |
Bispo de Benevento | |
Atividade eclesiástica | |
Diocese | Diocese de Benevento |
Sucessor | Teófilo de Benevento |
Ordenação e nomeação | |
Nomeação episcopal | Século III |
Santificação | |
Veneração por | Igreja Católica Romana e Igrejas Católicas Ortodoxas |
Principal templo | Catedral de Nápoles |
Festa litúrgica | 19 de setembro |
Atribuições | hábito de bispo, cajado pastoral, palma, ampolas contendo seu sangue, leões de circo |
Dados pessoais | |
Nascimento | Benevento 21 de abril de 272 |
Morte | Pozzuoli 19 de setembro de 305 (33 anos) |
Nome nascimento | Prócolo |
dados em catholic-hierarchy.org Categoria:Igreja Católica Categoria:Hierarquia católica Projeto Catolicismo |
Januário (em latim Ianuarius; em italiano: Gennaro; Benevento, 21 de abril de 272 — Pozzuoli, 19 de setembro de 305), nascido como Próculo (em latim: Proculus; em italiano: Procolo), foi um bispo e mártir cristão, venerado como santo pela Igreja Católica (cujo culto se celebra em 19 de setembro) e pela Igreja Ortodoxa. Foi condenado à morte no ano 305 durante as perseguições de Diocleciano. É patrono da cidade de Nápoles.
De acordo com a tradição, Januário chamava-se Prócolo e pertencia à família patrícia dos "Ianuarii", consagrada ao deus Jano.
No Brasil
[editar | editar código-fonte]É um santo de especial devoção na Mooca, tradicional bairro da colônia italiana na cidade de São Paulo que tem uma igreja em homenagem a ele. Na cidade de Ubá, na zona da mata mineira, também encontramos uma igreja em sua honra.[1] e, anualmente, o Santo recebe uma festa em sua homenagem: a Festa de San Gennaro, que é feita de setembro a outubro, sendo uma das festas religiosas mais tradicionais da cidade de São Paulo.
São Januário também é o santo padroeiro do Clube Atlético Juventus, tradicional clube do Futebol Paulista fundado por imigrantes italianos que trabalhavam no Cotonifício Crespi, e viviam no bairro da Mooca.
No Rio de Janeiro o santo dá nome ao estádio do Club de Regatas Vasco da Gama, o Estádio de São Januário. O nome São Januário se popularizou devido à rua homônima que fica próxima ao estádio. São Januário também é padroeiro da cidade de Ubá, em Minas Gerais, onde é feriado em 19 de setembro, dia do santo.
Tesouro de São Januário
[editar | editar código-fonte]A riqueza oferecida durante séculos pelos devotos do santo, patrono de Nápoles, é de um valor incalculável. O tesouro é considerado a maior coleção de pedras preciosas do mundo e suplanta largamente outras coleções de referência, as joias do Czar da Rússia e da Coroa Britânica.
A coleção foi enriquecida ao longo dos anos pelas ofertas feitas por papas, reis, imperadores (Napoleão Bonaparte foi um deles), aristocratas europeus e ricas famílias napolitanas.[2]
Sangue de São Januário
[editar | editar código-fonte]Segundo a tradição, é preservada em Nápoles uma ampola que contém sangue recolhido do corpo do padroeiro da cidade, São Januário, após o seu martírio.
Três vezes por ano, ocorre o chamado "milagre", que consiste na liquefação do sangue, que passa do estado sólido ao estado líquido: 19 de setembro, dia de S. Januário, 16 de dezembro, porque nesse dia, em 1631, foi feita uma procissão com as relíquias de S. Januário que impediu a iminente erupção do vulcão Vesúvio e no sábado que antecede o primeiro domingo de maio, dia da primeira trasladação do corpo do santo.[3]
O primeiro registo deste fenómeno data de 1389.
As datas da liquefação do sangue de São Januário são celebradas com grande pompa e esplendor, as relíquias são expostas ao público, e se a liquefação não se verifica imediatamente, iniciam-se preces coletivas. Se o milagre tarda, os fiéis convencem-se de que a demora se deve aos seus pecados, então rezam orações penitenciais, como o salmo "Miserere", quando o milagre ocorre, o Clero entoa um solene Te Deum, a multidão irrompe em vivas, os sinos repicam e toda a cidade rejubila.[3]
O sangue de São Januário está recolhido em duas ampolas de vidro, hermeticamente fechadas, protegido por duas lâminas de cristal transparente. A ampola maior possui 60 cm cúbicos de volume; a menor tem capacidade de 25 cm cúbicos. Em geral, o sangue endurecido ocupa até a metade da ampola maior, na menor, encontra-se disperso em fragmentos.[3]
A liquefação do sangue produz-se espontaneamente, sob as mais variadas circunstâncias, independentemente da temperatura ou do movimento, o sangue passa do estado pastoso ao fluido e, até, fluidíssimo. A liquefação ocorre da periferia para o centro e vice-versa. Algumas vezes, o sangue liquefaz-se instantânea e inteiramente, ou, por vezes, permanece um denso coágulo em meio ao resto liquefeito. Varia o colorido: desde o vermelho mais escuro até o rubro mais vivo. Não poucas vezes surgem bolhas e sangue fresco e espumante sobe rapidamente até o topo da ampola maior.[3]
Trata-se verdadeiramente de sangue humano, comprovado por análises espectroscópicas e há algumas peculiaridades, que constituem outros milagres dentro do milagre liquefação, há uma variação do volume: algumas vezes diminui e outras vezes aumenta até o dobro. Varia também quanto à massa e quanto ao peso. Em janeiro de 1991, o Professor G. Sperindeo fazendo uso, com o máximo cuidado, de aparelhos de alta precisão, encontrou uma variação de cerca de 25 gramas. O peso aumentava enquanto o volume diminuía. Esse acréscimo de peso contraria frontalmente o princípio da conservação da massa e é considerado pela Igreja Católica como inexplicável, pois as ampolas encontram-se hermeticamente fechadas, sem possibilidade de receber acréscimo de substâncias do exterior.[3]
A notícia escrita mais antiga e segura do milagre consta de uma crônica do século XIV. Desde 1659, estão rigorosamente anotadas todas as liquefações, que já perfazem mais de dez mil.[3]
A falta do milagre sempre esteve ligada a momentos nefastos da história da cidade: em setembro de 1939 e 1940, datas do início da Segunda Guerra Mundial e da entrada da Itália na guerra; em setembro de 1943, durante o início da ocupação nazista; em 1973, quando Nápoles foi atingida por uma epidemia de cólera; e, em 1980, por fim, ano em que se deu um terremoto de alta magnitude em Irpínia.[4]
Em dezembro de 2016, a liquefação não aconteceu. Às 19h15min do dia 16 de dezembro de 2016, a ampola foi recolocada no relicário que a custodia, e a Capela do Tesouro de São Januário, na Catedral de Nápoles, foi fechada.[4]
Teorias
[editar | editar código-fonte]Há teorias que o suposto milagre que faz o sangue de São Januário se liquefazer seria uma fabricação de alquimistas medievais numa época caracterizada pelo lucrativo comércio através da compra e venda de relíquias sagradas, ato conhecido como simonia. No entanto esta hipótese nunca foi provado e a Igreja Católica nunca permitiu que o sangue fosse submetido a análise científica do material, pois ele fica no interior de uma ampola lacrada que nunca foi aberta.[5]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «San Gennaro». www.sangennaro.org.br. Consultado em 17 de setembro de 2021
- ↑ «Tesouro de São Januário troca Nápoles por Roma»
- ↑ a b c d e f «Sangue São Januário»
- ↑ a b «Milagre de São Januário não se repete na Itália». padrepauloricardo.org. Consultado em 18 de dezembro de 2016
- ↑ Atualizado, Saber. «Sangue de São Januário: Milagre ou Alquimia?». Saber Atualizado. Consultado em 19 de setembro de 2024