Mafalda de Saboia: diferenças entre revisões
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Também é possível que Afonso Henriques não pudesse escolher uma das infantas dos reinos ibéricos por razões de parentesco{{Sfn|Rodrigues Oliveira|2010|p=80}} ou que o casamento foi sugerido pelo cardeal [[Guido de Vico]], o [[legado papal]] na [[Península Ibérica]] e uma das testemunhas em 1143 do [[Tratado de Zamora]].{{Sfn|Rodrigues Oliveira|2010|pp=67–68}} |
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As rainhas de [[Portugal]] contaram, desde cedo, com os rendimentos de bens, adquiridos, na sua grande maioria, por doação. Por [[testamento]], Mafalda reservou determinados direitos de portagem à manutenção de uma [[Pousada (hotelaria)|albergaria]] e uma gafaria (hospital para leprosos) que fundara na antiga [[São Nicolau (Marco de Canaveses)|vila de Canaveses]] (próximo do centro do atual concelho de [[Marco de Canaveses]]). |
As rainhas de [[Portugal]] contaram, desde cedo, com os rendimentos de bens, adquiridos, na sua grande maioria, por doação. Por [[testamento]], Mafalda reservou determinados direitos de portagem à manutenção de uma [[Pousada (hotelaria)|albergaria]] e uma gafaria (hospital para leprosos) que fundara na antiga [[São Nicolau (Marco de Canaveses)|vila de Canaveses]] (próximo do centro do atual concelho de [[Marco de Canaveses]]). De facto, D. Mafalda terá vivido em [[São Nicolau (Marco de Canaveses)|Canaveses]] durante algum tempo, dirigindo a reconstrução de uma velha ponte romana sobre o [[rio Tâmega]]. Tal leva a pensar se a terra em questão lhe pertenceria, apesar de continuarem a subsistir dúvidas sobre se as referências a Mafalda se reportam à rainha consorte de Afonso Henriques ou [[Beata Mafalda de Portugal|à sua neta]], filha de [[Sancho I de Portugal]].<ref name=":0">{{citar livro|título=Vila de Canaveses. Notas para a sua história.|ultimo=Vasconcelos|primeiro=Manuel de|editora=Imprensa Nacional de Lisboa|ano=1935}}</ref> |
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== Vida como rainha consorte == |
== Vida como rainha consorte == |
Revisão das 18h42min de 6 de novembro de 2022
Mafalda de Saboia | |
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Representação de Mafalda na Genealogia dos Reis de Portugal. | |
Rainha de Portugal | |
Reinado | Janeiro/Junho de 1146 – 4 de Dezembro de 1157 |
Antecessor(a) | Teresa de Leão (como condessa de Portucale) |
Sucessor(a) | Dulce de Aragão |
Nascimento | 1125 |
Morte | 4 de dezembro de 1157 (32 anos) |
Coimbra, Portugal | |
Sepultado em | Mosteiro de Santa Cruz, Coimbra |
Cônjuge | Afonso I de Portugal |
Casa | Saboia (por nascimento) Borgonha (por casamento) |
Pai | Amadeu III de Saboia |
Mãe | Mafalda de Albon |
Mafalda de Saboia ou Matilde (em francês: Mathilde de Savoie; 1125[1] — Coimbra, provavelmente em 4 de dezembro de 1157[2][3]) foi a primeira rainha de Portugal, desde 1146 até à sua morte, como esposa de Afonso I de Portugal.
Origens
Era a segunda ou terceira filha do conde Amadeu III de Saboia e da sua segunda esposa Mafalda (ou Matilde) de Albon,[1][4] (irmã de Guigues IV, conde de Albon, “o Delfim”). Uma tia de Mafalda, Adelaide de Saboia, foi rainha consorte de França pelo seu matrimônio com o rei Luís VI e um de seus tios-avó foi o Papa Calisto II.[5]
Possíveis razões para o seu casamento com Afonso Henriques
O pai de Mafalda havia participado na Segunda Cruzada e isso poderia ter sido uma das razões para a eleição de Mafalda como consorte do primeiro rei de Portugal com o objetivo de formar uma aliança entre o novo reino e a Casa de Saboia para a expulsão de muçulmanos do território português e, ao mesmo tempo, demonstram a sua independência escolhendo uma esposa fora do escopo e influência da Monarquia de Leão
Também é possível que Afonso Henriques não pudesse escolher uma das infantas dos reinos ibéricos por razões de parentesco[6] ou que o casamento foi sugerido pelo cardeal Guido de Vico, o legado papal na Península Ibérica e uma das testemunhas em 1143 do Tratado de Zamora.[7]
As rainhas de Portugal contaram, desde cedo, com os rendimentos de bens, adquiridos, na sua grande maioria, por doação. Por testamento, Mafalda reservou determinados direitos de portagem à manutenção de uma albergaria e uma gafaria (hospital para leprosos) que fundara na antiga vila de Canaveses (próximo do centro do atual concelho de Marco de Canaveses). De facto, D. Mafalda terá vivido em Canaveses durante algum tempo, dirigindo a reconstrução de uma velha ponte romana sobre o rio Tâmega. Tal leva a pensar se a terra em questão lhe pertenceria, apesar de continuarem a subsistir dúvidas sobre se as referências a Mafalda se reportam à rainha consorte de Afonso Henriques ou à sua neta, filha de Sancho I de Portugal.[8]
Vida como rainha consorte
A presença de Mafalda é registrada pela primeira vez em Portugal em 23 de maio de 1146, quando, junto com o marido, confirmou uma doação de sua sogra, Teresa de Leão à Ordem de Cluny.[9] Foi padroeira dos cistercienses e fundou o Mosteiro da Costa em Guimarães e uma albergaria para peregrinos, uma gafaria e uma capela na antiga vila de Canaveses (atualmente parte do concelho de Marco de Canaveses). Em Canaveses ainda sobrevive o paço real onde terá vivido, mas tendo sofrido já várias obras desde então. [9][8]
O historiador medieval inglês, Walter Map, em sua obra De nugis curialium, diz que "o rei de Portugal que agora vive", quase com certeza Alfonso I, tinha sido convencido por maus conselheiros de matar sua esposa grávida por causa do ciúme. No entanto, não há outra fonte para confirmar esta história que geralmente não é aceita. Mafalda provavelmente morreu após o nascimento de seu filha Sancha, se a rainha Mafalda morreu em 1157.
Morte e sepultura
A rainha Mafalda morreu em Coimbra, provavelmente em 4 de dezembro de 1157.[nota 1] Mafalda está sepultada no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, junto do marido.[12]
Descendência
Segundo os Annales D. Alfonsi Portugallensium Regis, o casamento com Alfonso Henriques foi celebrado em 1145, no entanto não foi até um ano depois, em maio de 1146,[13] quando ambos aparecem juntos pela primeira vez. O historiador José Mattoso cita outra fonte, "Notícias sobre a Conquista de Santarém", segundo a qual a cidade foi tomada em 15 de maio de 1147, menos de um ano após o casamento real. Devido a que naquele tempo os casamentos não podiam ser celebrados durante a quaresma, Mattoso sugere que o casamento foi celebrado em março ou abril de 1146, possivelmente no Domingo de Páscoa que naquele ano foi o 31 de março.[14]
Deste casamento nasceram:
- D. Henrique Afonso de Portugal (5 de março de 1147[15]-1155), chamado como seu avô, morreu quando tinha apenas oito anos de idade. Representou a seu pai, a pesar de sua idade, com cerca de três anos, em um conselho na cidade de Toledo.[16]
- D. Urraca Afonso de Portugal (1148[16]-1211[17]) casou com o rei Fernando II de Leão.[17]
- D. Teresa Afonso de Portugal (1151[16]-1218[6]), depois do casamento chamada Matilde ou Mafalda,[17] casou com Filipe, Conde da Flandres[18] e depois em 1194 com seu primo Eudo III, Duque da Borgonha, matrimónio que foi anulado pelo Papa no ano seguinte por razões de consanguinidade.[17]
- D. Mafalda Afonso de Portugal (1153[16]-depois de março 1164[19]). Seu casamento com o infante Afonso de Aragão foi acordado por seu pai e pelo conde de Barcelona, Raimundo Berengário IV em janeiro de 1160.[15] Após a morte do conde de Barcelona no verão de 1162, o rei Fernando II de Leão convenceu a rainha viúva Petronila de Aragão, de modo que o compromisso do infante Afonso com Mafalda foi anulado e seu casamento foi acordado com a infanta Sancha de Castela, filha do segundo casamento do rei Afonso VII.[20] O ano preciso da norte de Mafalda, que morreu quando ainda era criança, é desconhecido.
- D. Sancho I de Portugal (1154-1211)[16], rei de Portugal.
- D. João Afonso de Portugal (1156-25 de agosto de 1163)[21][19]
- D. Sancha Afonso de Portugal (24 de novembro de 1157-depois de 1167[19]), nasceu dez dias antes da morte da mãe (se sua mãe morreu em 1157) e morreu antes de cumprir dez anos,[22][23] segundo o livro de óbitos do Mosteiro de Santa Cruz, a 14 de fevereiro.[15]
Precedida por Teresa de Leão (condessa com título de rainha) |
Rainha de Portugal 1146 — 1157 |
Sucedida por Dulce de Aragão |
Notas
- ↑ José Mattoso diz que Mafalda morreu em 1157.[10] O historiador La Figanière menciona o mesmo dia, mas um ano depois, e cita um documento que mostra que a rainha ainda vivia em 1158.[11] O documento, arquivado na Torre do Tombo, refere-se à doação de Atouguia pelo rei Alfonso e sua esposa onde o rei confirma cum uxore mea Regina domna Mahalda filia comitis Amadei et de Moriana.[3]
Referências
- ↑ a b Rodrigues Oliveira 2010, p. 67.
- ↑ Mattoso 2014, p. 223-227.
- ↑ a b La Figanière 1859, p. 231.
- ↑ Caetano de Souza 1735, p. 65.
- ↑ Rodrigues Oliveira 2010, p. 69.
- ↑ a b Rodrigues Oliveira 2010, p. 80.
- ↑ Rodrigues Oliveira 2010, pp. 67–68.
- ↑ a b Vasconcelos, Manuel de (1935). Vila de Canaveses. Notas para a sua história. [S.l.]: Imprensa Nacional de Lisboa
- ↑ a b Rodrigues Oliveira 2010, p. 75.
- ↑ Mattoso 2014, p. 223.
- ↑ Rodrigues Oliveira 2010, p. 612, n. 33.
- ↑ Rodrigues Oliveira 2010, p. 76.
- ↑ Rodrigues Oliveira 2010, p. 71.
- ↑ Mattoso 2014, p. 220.
- ↑ a b c Caetano de Souza 1735, p. 60.
- ↑ a b c d e Mattoso 2014, p. 226.
- ↑ a b c d Rodrigues Oliveira 2010, p. 79.
- ↑ Mattoso 2014, pp. 372-373.
- ↑ a b c Castro 1997, p. 297.
- ↑ Mattoso 2014, pp. 287-288 e 290.
- ↑ Mattoso 2014, p. 227.
- ↑ Mattoso 2014, pp. 227 y 383.
- ↑ Rodrigues Oliveira 2010, p. 72.
Bibliografia
- Caetano de Souza, Antonio (1735). Historia Genealógica de la Real Casa Portuguesa (PDF). I, Livros I e II. Lisboa: Lisboa Occidental, na oficina de Joseph Antonio da Sylva. ISBN 978-84-8109-908-9
- Castro, José Ariel de (1997). «Sancho e Teresa entre seus irmãos e na política de Afonso Henriques após o desastre de Badajoz. Tratamento da questão». Actas do 2.º Congresso Histórico de Guimarães (PDF). II. [S.l.]: Câmara Municipal de Guimarães. Universidade do Minho. pp. 289–317. OCLC 47261917
- La Friganiére, Frederico Francisco de (1859). Memorias da rainhas de Portugal. Lisboa: Typographia Universal. OCLC 680459800
- Mattoso, José (2014). D. Afonso Henriques. Lisboa: Temas e Debates. ISBN 978-972-759-911-0
- Rodrigues Oliveira, Ana (2010). Rainhas medievais de Portugal. Dezassete mulheres, duas dinastias, quatro séculos de História. Lisboa: A esfera dos livros. ISBN 978-989-626-261-7