Mostrar código-fonte de Mata Atlântica

{{Info/Ecorregião
 |nome                  = Mata Atlântica
 |Imagem                = Serra da Graciosa, de Curitiba a Morretes.jpg|thumb|[[Parque Estadual da Graciosa]], no [[Paraná]].]]
 |Imagem legenda        = [[Parque Estadual da Graciosa]], no [[Paraná]]. 
 |Bioma                 = 
 |Área                  = {{convert|20020532|ha|km2|1|sortable=on}}<br> área original: {{convert|131029898|ha|km2|1|sortable=on}}
 |Largura               =
 |Comprimento           =
 |alt_max               = 2892 metros ([[Pico da Bandeira]])
 |alt_min               =
 |Coordenadas           =
 |Países                = [[Argentina]]<br />[[Brasil]]<br />[[Paraguai]]
 |Parte de              = [[América do Sul]]
 |Rio                   = [[Rio Paraná]], [[Rio Paraíba do Sul]], [[Rio Uruguai]], [[Rio São Francisco]], [[Rio Doce]], [[Rio Ribeira do Iguape]].
 |Mapa                  = Atlantic Forest WWF.jpg
 |Mapa legenda          = Mapa da ecorregião da Mata Atlântica definida pelo [[World Wide Fund for Nature|WWF]]. A linha amarelo escuro representa os limites dessa ecorregião. Imagem de satélite da [[NASA]].
 |Notas                 =
}}

A '''Mata Atlântica''' é um [[bioma]]{{nota de rodapé|A respeito da aplicação do termo "bioma" à área fito- e biogeográfica da '''Mata Atlântica''', na literatura científica brasileira, em detrimento do uso internacional do termo, confira a [[Bioma#História do conceito|história do conceito]].}} de [[floresta tropical]] que abrange a costa leste, nordeste, sudeste e sul do [[Brasil]], leste do [[Paraguai]] e a província de [[Misiones (província)|Misiones]], na [[Argentina]]. Seus processos ecológicos evoluíram a partir do [[Eoceno]], quando os [[continente]]s já estavam relativamente dispostos como estão hoje. A região é ocupada por seres humanos há mais de {{fmtn|10000}} anos.<ref name="neves"/><ref name="neves2"/> A partir da colonização europeia, e principalmente, no [[século XX]], a Mata Atlântica passou por intenso desmatamento, restando menos de 20% da cobertura vegetal original.

É um grande centro de [[endemismo]] e suas formações vegetais são extremamente heterogêneas, indo desde campos abertos em regiões montanhosas até florestas chuvosas perenes nas terras baixas do litoral. A fauna abriga diversas espécies endêmicas, e muitas são carismáticas, como o [[mico-leão-dourado]] e a [[onça-pintada]]. O [[World Wide Fund for Nature|WWF]] dividiu a Mata Atlântica em 15 [[ecorregião|ecorregiões]], visando manter ações mais regionalizadas na conservação, já que o grau de desmatamento e as ações conservacionistas são específicas para cada região abrangida pelo bioma.<ref name="Visão da Biodiversidade"/>

Atualmente, cerca de 16% da cobertura original existe, a maior parte em pequenos fragmentos, de floresta secundária. No [[Brasil]], restam cerca de 15,3% (a maior parte na [[Serra do Mar]]), no [[Paraguai]], cerca de 15% e na [[Argentina]], 45% da vegetação. Na conservação da Mata Atlântica brasileira, a criação de dois [[corredor ecológico|corredores ecológicos]] ligando os principais remanescentes de floresta no sul da [[Bahia]] e norte do [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]] (Corredor Central) e os fragmentos na região da Serra do Mar e da [[Serra dos Órgãos]] (Corredor da Serra Mar) são de suma importância na conservação da [[biodiversidade]].

Os remanescentes do Paraguai e Argentina fazem parte de uma estratégia trinacional de conservação, com a criação de corredores unindo as principais unidades de conservação desses países e outras quatro unidades de conservação do Brasil.<ref name="Visão da Biodiversidade"/> Na [[Argentina]], restam cerca de 10 000&nbsp;km², o que representa o maior trecho contínuo de "mata Atlântica do Interior". A ''Lei do Corredor Verde'' é uma tentativa de resguardar legalmente esses  pedaços  de floresta na Argentina.<ref name="giraudo2"/> No [[Paraguai]], o desmatamento se deu principalmente a partir da década de 1980 e as unidades de conservação são poucas e na maior parte particulares.<ref name="yanosky"/> Apesar do alto grau de desmatamento, a região da Mata Atlântica é a que mais possui unidades de conservação na [[América Latina]], apesar de muitas serem pequenas e insuficientes para manutenção de processos ecológicos e biodiversidade.

==Conceito==
===Histórico===
[[Imagem:Ilha do Cardoso - Marujá.jpg|thumb|Vista do [[Parque Estadual da Ilha do Cardoso]], em [[São Paulo (estado)|São Paulo]].]]
[[Imagem:20140202_Parque_Nacional_de_Itatiaia_(2).JPG|thumb|Vegetação do [[Parque Nacional do Itatiaia]], entre o [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] e [[Minas Gerais]].]]

Em 1824, [[Martius]] descreve um tipo de vegetação brasileira a que ele chamou "Matto-virgem [''Urwäldern''] do litoral", ou "Matta Geral".<ref>Martius, C. F. P. von. (1824). ''Die Physiognomie des Pflanzenreiches in Brasilien. Eine Rede, gelesen in der am 14. Febr. 1824 gehaltnen Sitzung der Königlichen Bayerischen Akademie der Wissenschaften.'' München, Lindauer, [http://www.brasiliana.usp.br/handle/1918/01305200#page/5/mode/1up Brasiliana], [https://books.google.be/books/about/Die_Physiognomie_des_Pflanzenreichs_in_B.html?hl=nl&id=bkMPAAAAQAAJ Google Books].</ref><ref>Martius, C. F. P. von (1943, 1951). A fisionomia do reino vegetal no Brasil. Tradução de E. Niemeyer e C. Stellfeld. ''Arquivos do Museu Paranaense'', v. 3, p. 239-271, 1943, [http://www.museuparanaense.pr.gov.br/arquivos/File/arquivos_do_mp_vol03_screen.pdf], [https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&id=ZxzQAAAAMAAJ]; ''Boletim Geografico'', v. 8, n. 95, p. 1294-1311, 1951, [http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/19/bg_1951_v8_n95_fev.pdf].</ref> O mesmo autor, em 1837, denominou a área fitogeográfica do litoral do Brasil como ''Regio montano-nemorosa'' ou ''Dryas'', renomeada em 1858 como ''Dryades''.<ref>Martius, C. F. P. de (1837). ''Herbarium florae brasiliensis''. Beiblätter zur allgemeinen botanischen Zeitung. Zweiter Band, p. 1—352, [https://books.google.com.br/books?id=pNkYAAAAYAAJ].</ref><ref>Martius, C. F. P. von. (1858). Tabula geografica brasiliae et terrarum adjacentium exhibens itinera botanicorum et florae brasiliensis quinque provincias. In: Martius, C. F. P. von, Eichler, A. W. & Urban, I. (ed.). ''Flora brasiliensis''. Monacchi et Lipsiae: R: Oldenbourg, 1840-1906, v. 1, pars 1, fasc. 21. Disponível em: <http://bdlb.bn.br/acervo/handle/123456789/48095> e <http://www.biodiversitylibrary.org/item/9632#page/136/mode/1up>.</ref><ref name="IBGE 2012">IBGE (2012). ''Manual Técnico da Vegetação Brasileira''. 2a ed. Rio de Janeiro: IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/vegetacao/manual_vegetacao.shtm>.</ref>

Nos anos de 1850, Burmeister a chamaria ''Südöstliches Urwald- oder Küstengebiet'', "região das matas virgens do sudeste ou costeiras".<ref>Burmeister, H. ''Reise nach Brasilien: durch die Provinzen von Rio de Janeiro und Minas geraës. Mit besonderer Rücksicht auf die Naturgeschichte der Gold und Diamantestricte.''.  Berlin: G. Reimer, 1853. [https://books.google.com.br/books?id=vz1CAAAAcAAJ link]. [Tradução em português: ''Viagem ao Brasil: através das províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, visando especialmente a história natural dos distritos auri-diamantíferos.'' São Paulo: Livraria Martins, 1952, [https://books.google.com.br/books?redir_esc=y&hl=pt-BR&id=QKVlAAAAMAAJ link], trechos em Outrora, [https://outrora.info/index.php?title=Viagem_ao_Brasil_Atrav%C3%A9s_das_Prov%C3%ADncias_do_Rio_de_Janeiro_e_Minas_Gerais link]{{Ligação inativa|data=janeiro de 2019}}; Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1980, [https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&id=1_ArAAAAYAAJ link].]</ref><ref>Burmeister, H. 1854-56. ''Systematische Uebersicht der Thiere Brasiliens''. [3 vol.] Berlin, Georg Reimer, 341 p. [http://www.biodiversitylibrary.org/bibliography/13607#/summary link]. [Cf.
 vol. 1, p. 9-10.]</ref><ref>Mello-Leitão, C. (1937). ''Zoogeografia do Brasil''. São Paulo: Companhia Editora Nacional, [http://www.brasiliana.com.br/brasiliana/colecao/obras/68/Zoogeografia-do-Brasil], [https://books.google.com.br/books?id=EBISyvSwyZMC].</ref><ref>DÁRIO, F.R. ''Influência de corredor florestal entre fragmentos da mata atlântica utilizando-se a avifauna como indicador ecológico''. 1999. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1999. [http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11142/tde-16022009-090354/pt-br.php].</ref>

Dentre os primeiros autores a usar como referência o nome do adjacente [[oceano Atlântico]], estão [[Johann Eduard Wappäus|Wappäus]] (1884), que usou os termos "zona do litoral", "zona da mata virgem da costa oriental", "zona das florestas virgens do Atlântico" e "matta virgem da costa do Atlântico".<ref>Wappäus, J.E. (1884). ''A geographia physica do Brasil refundida. (Edição condensada).'' Rio de Janeiro: Typ. de G. Leuzinger, 470 p., [https://archive.org/details/obrasilgeograph00wappgoog]. [Título na capa interna ''O Brasil geográfico e histórico, vol. 1, A terra e o homem''. Tradução aumentada de Wappäus, J.E. (1871). ''Handbuch der Geographie und Statistik des Kaiserreichs Brasilien'', [https://archive.org/details/bub_br_1918_01778000]. A segunda parte, sobre Geografia Política do Brasil, não foi traduzida para o Português.]</ref><ref name="Urbanetz">Urbanetz, C. (2005). ''Estudos florísticos da floresta ombrófila densa atlântica da Fazenda Folha Larga, Cananéia, SP''. Dissertação (mestrado). Campinas: Unicamp, [http://www.registro.unesp.br/sites/museu/basededados/arquivos/00000297.pdf].</ref>

===Amplitude===
A expressão Mata Atlântica pode ser usada em ao menos dois sentidos: Mata Atlântica ''sensu stricto'' e Mata Atlântica ''sensu lato''.<ref name="Urbanetz"/>

Alguns autores, como Ferri (1980), Leitão Filho (1987) e Veloso et al. (1992) restringem a aplicação do termo Mata Atlântica (''sensu stricto'') às áreas de [[Floresta Ombrófila Densa]] do litoral.<ref name="Urbanetz"/><ref>Ferri, M.G. 1980. ''A vegetação brasileira''. São Paulo: EDUSP.</ref><ref>Leitão Filho, H.F. 1987. Consideração sobre a florísitca de florestas tropicais e subtropicais do Brasil. ''Revista IPEF'' 35:41-46, [http://files.pedroeisenlohr.webnode.com.br/200000480-db2dfdc27d/Leit%C3%A3o-Filho_1987_IPEF.pdf.]{{Ligação inativa|data=janeiro de 2019}}.</ref><ref>IBGE [Veloso, H.P., L.C. Oliveira-Filho, A.M.S.F. Vaz, M.P.M. Lima, R. Marquete & J.E.M Brazão] (1992). ''Manual técnico da vegetação brasileira''. 1a. ed. Rio de Janeiro: IBGE. 92 p. (Manuais técnicos em geociências, n. 1). Disponível em: <[http://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=223267]>.</ref> Para Joly et al. (1991), tal Mata Atlântica ''sensu stricto'' (ou Floresta Pluvial Atlântica) das regiões sudeste e sul apresenta três formações florestais distintas, segundo critérios fisionômicos, florísticos e de origem: Matas de Planície Litorânea, Matas de Encostas e Matas de Altitude.<ref name="Joly1991"/>

Segundo Joly et al. (1991, 1999) e Rizzini (1997) Mata Atlântica (''sensu lato'') se refere à vegetação que, ocorre ao longo de todo o litoral brasileiro, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, estendendo-se para o interior nas regiões sul e sudeste (nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, e partes de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, além de Paraguai e Argentina), sendo característica das [[serra do Mar|Serras do Mar]] e da [[serra da Mantiqueira|Mantiqueira]]. Apresenta os seguintes tipos de vegetação: [[Floresta Ombrófila Densa]] (Mata Atlântica ''sensu stricto''), [[Floresta Ombrófila Mista]] ([[Mata de Araucária]]) e [[Floresta Estacional Semidecidual]] e [[Floresta Estacional Decidual|Decidual]] ([[Mata Seca]], ou Mata Atlântica do Interior, ou Mata de Planalto), além de ecossistemas associados, que são os [[campos sulinos]] e as áreas de influência flúvio-marinha ([[manguezais]] e [[restinga]]s).<ref name="Urbanetz"/><ref name="Joly1991">Joly, C.A., Leitão-Filho, H.F. & Silva, S.M. (1991). O patrimônio florístico - The floristic heritage. In: ''Mata Atlântica - Atlantic rain forest'' (G.I. Câmara, coord.). Ed. Index Ltda. e Fundação S.O.S. Mata Atlântica: São Paulo,  p. 94-125, [https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&id=kejaAAAAMAAJ].</ref><ref name="Joly1999">Joly, C.A., Aidar, M.P.M., Klink, C.A., McGrath, D.G., Moreira, A.G., Moutinho, P., Nepstad, D.C., Oliveira, A.A.; Pott, A.; Rodal, M.J.N. & Sampaio, E.V.S.B. (1999). Evolution of the Brazilian phytogeography classification systems: implications for biodiversity  conservation. ''Ciência e Cultura'' 51: 331-348, [https://www.researchgate.net/publication/286005090_Evolution_of_the_Brazilian_phytogeography_classification_systems_Implications_for_biodiversity_conservation], [http://ecologia.ib.usp.br/ecovegetal/leituras/CienCultJolyet.pdf].</ref><ref name="Rizzini 1997">Rizzini, C.T. (1997). ''Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e florísticos''. 2a edição. Rio de Janeiro, Âmbito Cultural, 1997. Volume único, 747 p.</ref>

== História==
===Formação===
[[Imagem:Guaecá - São Sebastião - Brasil, Serra do Mar with Atlantic rain forest - panoramio.jpg|thumb|esquerda|Trecho da [[Serra do Mar]] em [[São Sebastião (São Paulo)|São Sebastião]], [[São Paulo (estado)|São Paulo]]]]

A história da Mata Atlântica tem seu início há 50 milhões de anos, quando o continente sul-americano já era uma massa de terra isolada e suas formas de vida passaram a evoluir localmente, sem transtornos geológicos adicionais. Ao longo desse tempo, no período [[Quaternário]], a floresta passou por períodos de fragmentações e expansões, em decorrências das inúmeras [[era Glacial|eras Glaciais]] que ocorreram durante esse período.<ref name="dean"/> Nos períodos em que o planeta se encontrava com temperaturas mais baixas, os refúgios eram centros em que a biodiversidade florestal evoluía de forma isolada. Essa hipótese pode explicar a enorme diversidade desse bioma, tal como seu alto grau de [[endemismo]].<ref name="dean">DEAN, W.(2004) A Ferro e Fogo: A História e a Devastação da Mata Atlântica Brasileira. São Paulo:Companhia das Letras, 484p ISBN 85-7164-590-6</ref> É notável que exatamente o sul da [[Bahia]], norte do [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]] e litoral de [[Pernambuco]] são centros de endemismo na Mata Atlântica e os registros de [[pólen]] demonstram que tais regiões eram refúgios no final do [[Pleistoceno]].<ref name="carnaval">{{citar periódico|autor=CARNAVAL, A. C.; MORITZ, C|título=Historical climate modelling predicts patterns of current biodiversity in the Brazilian Atlantic forest|doi=10.1111/j.1365-2699.2007.01870.x|periódico=Journal of Biogeography|volume=35|número=7|páginas=1187-1202|data=2008|issn = 0305-0270 }}</ref> Concomitante a relativa estabilidade no nordeste brasileiro, havia uma instabilidade climática à sudeste, embora isso parece não ter evitado endemismo de alguns táxons  de anfíbios amplamente distribuídos.<ref name="carnaval"/><ref name="carnaval2">{{citar periódico|autor=CARNAVAL, A. C.; HICKERSON, M. J., HADDAD, C.; RODRIGUES, M. T.; MORITZ, C|título=Stability Predicts Genetic Diversity in the Brazilian Atlantic Forest Hotspot|doi=10.1126/science.1166955|periódico=Science|volume=323|número=5915|páginas=785-789|data=2009}}</ref> Essa instabilidade climática no sudeste e sul do Brasil tinha como consequência o surgimento de outras fitofisionomias que não eram florestadas: estudos paleoclimáticos utilizando [[pólen]] demonstram que o sudeste e sul passaram por inúmero momentos em que as florestas eram substituídas por formações abertas, como [[pradarias]].<ref name="behling">{{citar periódico|autor=BEHLING, H|título=South and southeast Brazilian grasslands during Late Quaternary times: a synthesis|doi=10.1016/S0031-0182(01)00349-2|periódico=Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology|volume=177|número=1|páginas=19-27|data=2002}}</ref> Mais especificamente, a [[Mata de Araucária]], chegou a ocorrer até a latitudes em torno de 19º (muito ao norte do que ocorre atualmente) durante as glaciações, sendo substituída pela [[floresta estacional semidecidual]] há cerca de 10 000 anos, quando o clima voltou a ficar mais quente.<ref name="ledru">{{citar periódico|autor=LIEDRU, M.P.|título=Late Quaternary Environmental and Climatic Changes in Central Brazil|doi=10.1006/qres.1993.1011|periódico=Quaternary Research|volume=39|número=1|páginas=90-98|data=1993}}</ref>

===Povos indígenas===
[[Imagem:Thomas Ender - View of Rio de Janeiro.jpg|thumb|Thomas Ender: ''Vista do Rio'', 1817]]
[[Imagem:Vallée da Serra do Mar - Chaine de Montaignes prés de la Mer.jpg|thumb|Vale da [[Serra do Mar]] retratado por [[Johann Moritz Rugendas|Rugendas]] cerca de 1835.]]

A primeira leva de colonizadores humanos na região da Mata Atlântica ocorreu há entre 12 e 10 mil anos, como evidenciado por achados arqueológicos em [[Lagoa Santa (Minas Gerais)|Lagoa Santa]], [[Minas Gerais]].<ref name="neves">{{citar periódico|autor=NEVES, W. A.; PROUS, A.; GONZALES-JOSÉ, R.; KIPNIS, R.; POWELL, J.|título=Early Holocene human skeletal remains from Santana do Riacho, Brazil: implications for the settlement of the New World|doi=10.1016/S0047-2484(03)00081-2|periódico=Journal of human Evolution|volume=45|número=1|data=2003|páginas=19-42}}</ref><ref name="neves2">{{citar periódico|autor=NEVES, W. A.; GONZALES-JOSÉ, R.; HUBBE, M.; KIPNIS, R.; ARAUJO, A.; BLASI, O.|título=Early Holocene human skeletal remains from Cerca Grande, Lagoa Santa, Central Brazil, and the origins of the first Americans|doi=10.1080/0043824042000303665|periódico=World Archaelogy|volume=36|número=4|páginas=479-501|data=2004}}</ref> Esses colonizadores já impactaram o ambiente com atividades agricultoras itinerantes (atividades agrícolas em sistemas agroflorestais, baseado em queimada e derrubada, principalmente do sub-bosque) após sua chegada, principalmente em regiões em que as queimadas para o cultivo eram mais frequentes, ocorrendo savanização.<ref name="dean"/> Existe a hipótese de que os [[pampas]] surgiram decorrente das intensas queimadas provocadas por povos indígenas, já que vestígios mostram que a região era florestada há cerca de 5 mil anos.<ref>{{citar periódico|autor=SCHMEIDER, O|título=The Pampa. a naturally or culturally induced phenomenon?|periódico=University of California Publications in Geography|volume=2|número=8|data=1927|páginas=255-270}}</ref> É provável que toda a mata da baixada litorânea tivesse sido, pelo menos uma vez, modificada para o cultivo pelos [[Tupis]]. É interessante que uma das fitofisionomias mais conhecidas, a [[Mata de Araucária]] atual, pode ter surgido decorrente do manejo feito por agricultores itinerantes da ''[[Araucaria angustifolia]]''.<ref name="dean"/> Também, a agricultura itinerante é praticada até hoje por vários grupos caiçaras e quilombolas do litoral do [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] e [[São Paulo (estado)|São Paulo]].<ref name="adams">{{citar periódico|autor=ADAMS, C.|título=As roças e o manejo da Mata Atlântica pelos caiçaras: Uma Revisão|url=http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/339/33904504.pdf|periódico=Interciência|volume=25|número=3|data=2000|páginas=143-150}}</ref>

=== Colonização europeia ===
{| class="wikitable sortable" style="float: left; margin: 1em 1em 1em 1em"
|-
! colspan="2" |Mata Atlântica em 1500<ref name="sos2011" />
|-
! Estado|| Área de<br />domínio
|-
| [[Alagoas]] ||align="right"| 53%
|-
| [[Bahia]] ||align="right"| 33%
|-
| [[Ceará]] ||align="right"| 3%
|-
| [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]] ||align="right"| 100%
|-
| [[Goiás]] ||align="right"| 3%
|-
| [[Mato Grosso do Sul]] ||align="right"| 18%
|-
| [[Minas Gerais]] ||align="right"| 46%
|-
| [[Paraíba]] ||align="right"| 12%
|-
| [[Paraná]] ||align="right"| 98%
|-
| [[Pernambuco]] ||align="right"| 18%
|-
| [[Piauí]] ||align="right"| 9%
|-
| [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] ||align="right"| 100%
|-
| [[Rio Grande do Norte]] ||align="right"| 6%
|-
| [[Rio Grande do Sul]] ||align="right"| 48%
|-
| [[Santa Catarina]] ||align="right"| 100%
|-
| [[São Paulo (estado)|São Paulo]] ||align="right"| 68%
|-
| [[Sergipe]] ||align="right"| 54%
|}

Com a chegada dos portugueses, a partir de 1500, inicia-se uma nova fase da exploração da Mata Atlântica. O [[Caesalpinia echinata|pau-brasil]] foi o principal alvo de extração e exportação dos exploradores que colonizaram a região, no início da colonização pelos europeus. O primeiro contrato comercial para a exploração do pau-brasil foi feito em 1502, o que levou o [[Brasil]] a ser conhecido como "Terra Brasilis", ligando o nome do país à exploração dessa madeira avermelhada como brasa.

Nota-se que a colonização europeia e posterior dizimação dos povos indígenas, acabou por interromper um processo de degradação da floresta por meio da agricultura itinerante dos tupis, pois criou imensos espaços vazios, o que contribuiu (embora não propositalmente) para a conservação da floresta primária e recuperação  de muitas áreas secundárias: a extração do pau-brasil e os cultivos de [[cana-de-açúcar]] e [[trigo]], embora extremamente degradadores em âmbito local, não foram preponderantes para a destruição da vegetação "globalmente", que permaneceu conservada em grande parte de sua ocorrência até pelo menos, o [[século XIX]].<ref name="dean"/> Entretanto, não havia uma "consciência ecológica", ou qualquer preocupação com o uso do solo, e cada vez mais, havia uma divisão clara entre o que era [[civilização]] e "mundo natural", que passava, inclusive, a ser desprezado pelos "brancos".<ref name="dean"/> Ao contrário do que havia ocorrido em suas colônias na [[Ásia]], os portugueses não demonstravam grande interesse pela [[biota (ecologia)|biota]] americana, com exceção de alguns [[jesuítas]]: este fato foi mudar a partir do século XIX, com a chegada do rei D. João VI ao Brasil em 1808, permitindo, inclusive, a entrada de cientistas que não eram portugueses.<ref name="dean"/> Mas, o incentivo da [[Coroa Portuguesa]] em se conhecer a Mata Atlântica era mais por motivos econômicos, do que por "curiosidade": o objetivo era conhecer a região para que fosse possível fazer a introdução de espécies exóticas tropicais, vindas da [[África]] e [[Ásia]].<ref name="dean"/>

A partir do [[século XVIII]], há uma aceleração na devastação da floresta no Sudeste, principalmente devido ao [[ciclo do ouro]] e a criação de gado, inclusive, com a introdução de pastagens exóticas, o que deve ter destruído pelo menos, 30 mil km² da Mata Atlântica nesse século.<ref name="dean"/><ref name="hueck">{{citar periódico|autor=HUECK, K|título=Sobre a origem dos campos cerrados no Brasil e Algumas novas observações no seu limite meridional|periódico=Revista Brasileira de Geografia|volume=19|páginas=68-80|data=1957}}</ref> Em [[Ouro Preto]], por exemplo, a extração do ouro, além do desmatamento, provocou erosão e surgimento de inúmeras voçorocas.<ref name="ouro">{{citar periódico|autor=LAMIM-GUEDES, V|título=Uma análise histórico-ambiental da região de Ouro Preto pelo relato de naturalistas viajantes do século XIX|periódico=Filosofia e História da Biologia|volume=5|número=1|páginas=97-114|data=2010|url=http://www.abfhib.org/FHB/FHB-05-1/FHB-05-1-06-Valdir-Lamim-Guedes.pdf}}</ref>

Paradoxalmente, a extração de madeira no fim do século XVIII e início do século XIX para a construção de navios é que despertou um interesse conservacionista das florestas: na capitania de São Paulo, foram criadas reservas no litoral e toda uma legislação visando regulamentar a exploração do que passou a ser chamado de "floresta virgem".<ref name="dean"/> [[Rodrigo de Sousa Coutinho]] delineou planos de como explorar a floresta de forma mais sustentável, embora isso causou furor nos madeireiros, pois ia de encontro a todos interesses econômicos por trás de uma exploração desenfreada da madeira pelas elites locais.<ref name="dean"/> Entretanto, tal "conservacionismo" era para atender os interesses de aumentar o poder bélico da Coroa.<ref name="dean"/>

[[Imagem:Rodrigo de Sousa Coutinho.jpg|thumb|200px|esquerda|[[Rodrigo de Sousa Coutinho]] visava uma exploração mais racional da madeira da Mata Atlântica no fim do século XVIII.]]

=== O Brasil independente ===
Com a [[Independência do Brasil]], pouca coisa mudou em relação a um uso mais racional do solo: pelo contrário, as elites locais, agora livres de uma intervenção de uma Coroa distante, se viram numa situação mais favorável à total exploração e aumento das riquezas pessoais. Surgem inúmeras propriedades de dimensões gigantescas, que acabavam refletindo um uso totalmente irracional dos recursos: a terra era visto como recurso descartável, sendo mais vantajoso exaurir uma determinada área para depois ir para áreas de fronteira que estavam sendo desmatadas, do que trabalhar a terra.<ref name="dean"/> Esse modelo de produção refletia a mentalidade escravocrata da época: a exploração da terra até a exaustão era tão válida quanto a exploração de seres humanos como escravos. Era também, uma versão ampliada da [[agricultura itinerante]], se baseando na queimada e derrubada e consequente mudança de local com a exaustão dos recursos. E mesmo após 1850, em que houve uma tentativa de se regularizar as propriedades e por conseguinte seu uso, o desmatamento prosseguiu: na realidade, a inabilidade e conivência na administração de terras públicas que a Coroa possuía também eram presentes no [[Brasil Império]], resultando nos mesmos problemas anteriores de propriedade e exploração desenfreada.<ref name="dean"/>

Foi com [[ciclo do café]] que começou haver uma devastação significativa da Mata Atlântica: até então, embora de forma exploratória, os ciclos de cana-de-açúcar e do ouro, e extração de "curiosidades" da floresta, não foram tão destrutivos para a floresta como um todo, visto que acabavam ficando restritos, muitas vezes, a áreas de floresta secundária e campos degradados.<ref name="dean"/><ref name="devastaçao"/> Entretanto, somada à cultura de uso descartável do solo e desperdício no cultivo em si, o [[café]] parecia exigir o plantio em solos de floresta primária, o que acabou expandido o desmatamento para muitas áreas florestadas do [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], [[Minas Gerais]], [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]] e [[São Paulo (estado)|São Paulo]].<ref name="dean"/> No estado de São Paulo, é notável uma correlação entre o avanço dos cafezais e as derrubadas e queimadas: até 1886 foram derrubados 28 000&nbsp;km² de florestas em função do plantio do café, a uma taxa de 720&nbsp;km² por ano.<ref name="devastaçao"/> Havia, também, uma mentalidade que refletia não apenas o uso descartável do solo, mas também um desprezo pelo "mundo natural", considerado, inclusive, fonte de muitos males. Apesar disso, alguns estadistas, como [[José Bonifácio de Andrada e Silva]], manifestavam preocupação com a destruição das florestas.<ref name="devastaçao"/>

Nesse século é que a tecnologia começa a ser preponderante no avanço do desmatamento sobre as terras "desconhecidas" do interior. A cultura do café e demais produtos agrícolas tinha sua expansão dificultada pela impenetrabilidade do interior. A chegada das [[ferrovia]]s ao país permitiu a exploração de novas áreas, antes inacessíveis.<ref name="dean"/> Começa um acelerado processo que terá seu ápice no século seguinte. Apesar disso, tem início também uma mudança de mentalidade com o descaso no uso da terra e o desperdício dos recursos naturais. Entretanto, tal mudança ainda é muito incipiente, já que o "progresso", com a [[Proclamação da República do Brasil|Proclamação da República]], é visto como algo totalmente contrário à manutenção das florestas naturais.<ref name="dean"/>

=== O século XX ===
[[Imagem:Pontal conservation units.jpg|thumb|Unidades de conservação do [[Pontal do Paranapanema]] no extremo oeste do estado de [[São Paulo]]. Em amarelo, o [[Parque Estadual Morro do Diabo]], a única unidade de conservação da região que foi consolidada e efetivamente preservada.]]

Foi no [[século XX]] que a Mata Atlântica passou pelas maiores taxas de desmatamento. Grande parte foi desmatada em poucos anos. O [[Pontal do Paranapanema]] é um bom exemplo de como o desmatamento na Mata Atlântica foi brutal, principalmente na metade do século:  na década de 1940 foram criados a [[Grande Reserva do Pontal do Paranapanema]], a [[Reserva Estadual do Morro do Diabo]] e a [[Reserva Lagoa São Paulo]], somando mais de 300 mil hectares, que em menos de 20 anos foram reduzidos aos cerca de 37 mil hectares do Parque Estadual do Morro do Diabo e pequenos fragmentos nas proximidades.<ref name="devastaçao"/><ref name="Diabo">{{citar web|url=http://www.fflorestal.sp.gov.br/media/uploads/planosmanejo/morrododiabo.pdf|título=Plano de Manejo do Parque Estadual do Morro do Diabo|publicado=Fundação Florestal|autor=Vários autores|data=2008|acessodata=13 de abril de 2012}}{{Ligação inativa|data=janeiro de 2019}}</ref> De fato, o Pontal do Paranapanema foi o último "Sertão Paulista", ainda apresentando grandes porções de floresta até o início da década de 1960. Ademais, o estado de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], por conta do [[ciclo do café]] no [[século XIX]], conservava 59% da cobertura original até 1907, mas em menos de 70 anos, isso foi reduzido a menos de 9% (cerca de 20 699&nbsp;km²).<ref name="devastaçao">{{citar web|autor=VICTOR, M. A. |numero-autores=et al |título=Cem Anos de Devastação Revisitada 30 Anos Depois|url=http://lcf.esalq.usp.br/prof/pedro/lib/exe/fetch.php?media=ensino:graduacao:cem_anos_de_devastacao_-_m._vitor_2005_1_.pdf|publicado=Brasília Ministério do Meio Ambiente|data=2005|acessodata=15 de maio de 2012}}</ref>

Também, no [[Sul da Bahia]], em 45 anos, uma cobertura vegetal de quase 215 mil km² foi reduzida a pouco mais de 0,4% em 1990.<ref name="nordeste">{{citar web|url=http://www.nybg.org/bsci/res/bahia/Defor.html|título=Deforestation and Conservation|autor=THOMAS, W. W.; AMORIM, A|publicado=Northeast Atlantic Coastal Forest Project|acessodata=15 de maio de 2012}}</ref><ref name="mendonça">{{citar periódico|autor=MENDONÇA, J. R.; CARVALHO, L. A.; MATTOS SILVA, THOMAS, W. W|título=45 Anos de Desmatamento no Sul da Bahia, Remanescentes da Mata Atlântica - 1945, 1960, 1974, 1990|periódico=Projeto Mata Atlântica Nordeste, CEPEC, Ilhéus, Bahia, Brazil|data=1994}}</ref> O estado do [[Paraná]] conservava cerca de 80% de suas florestas no início do século, e graças à exploração da [[araucária]] (principalmente a partir da [[Primeira Guerra Mundial]]) e expansão agrícola, até a década de 1960, haviam sido desmatados 119 688&nbsp;km² a uma taxa de 2 400&nbsp;km² por ano: no estado restam, hoje, apenas o [[Parque Nacional do Iguaçu]] no extremo oeste e a cobertura vegetal na [[Serra do Mar]].<ref name="parana">{{citar web|autor=GUBERT FILHO, F. A.|título=O Desflorestamento do Paraná em um Século|url=http://www.itcg.pr.gov.br/arquivos/File/LIVRO_REFORMA_AGRARIA_E_MEIO_AMBIENTE/PARTE_1_1_FRANCISCO_GUBERT.pdf|publicado=Instituto de Terras, Cartografia e Geociências|acessodata=15 de maio de 2012}}</ref>

As causas para tamanho desmatamento são relacionadas à crescente urbanização e industrialização do país, ao aumento da população em si, (aumentando o consumo dos recursos florestais), tal como os interesses políticos e econômicos na expansão de fronteiras agrícolas e de ferrovias.<ref name="dean"/> Trata-se de uma "continuação" do que já ocorrera nos séculos anteriores. O que há de diferente nesse momento, é o surgimento de uma mentalidade propriamente conservacionista, principalmente por parte da comunidade científica, embora, o "brasileiro médio" ignorasse tal mudança e até mesmo visse com o mesmo desprezo de épocas passadas a floresta tropical. Até a década de 1980, habitantes do entorno do [[Parque Estadual Morro do Diabo]], viam-no como uma "imensa área de floresta inútil".<ref name="Diabo"/> Foi no início dos anos 1900, que [[Alberto Loefgren]] iniciou campanhas conservacionistas das florestas do estado de São Paulo, com ideias que embasaram o [[Código Florestal]] de 1934.<ref name="dean"/> Com essa mudança, ainda que pequena, na mentalidade, foram criadas inúmeras unidades de conservação do país, como o [[Parque Nacional do Iguaçu]].

[[Imagem:Paraguay gls 1990-2000 lrg.jpg|thumb|esquerda|Desmatamento no [[Paraguai]] na [[década de 1990]]. Em azul, áreas do bioma da Mata Atlântica. Azul claro: remanescente em 1990; Azul escuro: remanescente no ano 2000.]]

Entretanto, os esquemas de grilagem de terras, principalmente no oeste paulista, oeste e norte do [[Paraná]] e norte do [[Espírito Santo]], além de favorecerem o desmatamento em si, dificultaram a implementação de unidades de conservação que poderiam conter o desmatamento nessas regiões que ainda possuíam grandes extensões de florestas no início do século.<ref name="dean"/><ref name="devastaçao"/><ref name="Diabo"/> Tal forma de ocupação da terra, tinha também consequências sociais graves: no Pontal do Paranapanema, além dos 5,3% de vegetação original restantes atualmente, observa-se que 40% das terras compõe-se de terras devolutas e griladas, passíveis de reforma agrária.<ref name="leonidio">{{citar periódico|autor=LEONIDIO, A.|título=Violências Fundadoras: O Pontal do Paranapanema entre 1850-1930|url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-753X2009000100004&script=sci_arttext|periódico=Ambiente & Sociedade|volume=12|número=1|páginas=37-48|data=2009}}</ref><ref name="semterra">{{citar periódico|autor=FERNANDES, B.M.; RAMALHO, C. B|título=Luta pela terra e desenvolvimento rural no Pontal do Paranapanema (SP)|url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142001000300018&script=sci_arttext|periódico=Estudos Avançados|volume=15|número=43|páginas=239-254|data=2001}}</ref>

Depois da metade do século, um dos empreendimentos que mais contribuíram para a destruição dos remanescentes de floresta, vinculado ao pensamento de desenvolvimento econômico e a [[ditadura militar]], foram as construções de [[hidrelétricas]], principalmente aquelas na bacia do [[rio Paraná]].<ref name="dean"/> Tais empreendimentos, além de aumentar o corte de árvores no entorno, alagar matas e alterar o ecossistema pluvial em si, inundou unidades de conservação já consolidadas, como o [[Parque Estadual Morro do Diabo]] ([[Usina Hidrelétrica de Rosana|UHE de Rosana]]) e a [[Reserva Estadual Lagoa São Paulo]] ([[Usina Hidrelétrica de Porto Primavera|UHE de Porto Primavera]]) e ecossistemas riquíssimos, como as [[várzeas]], levando, por exemplo, uma espécie de mamífero, o [[cervo-do-pantanal]], à beira da extinção na região da Mata Atlântica.<ref name="dean"/><ref name="IUCN">{{citar web |url=http://www.iucnredlist.org/apps/redlist/details/2828/0|autor=Duarte, J.M.B., Varela, D., Piovezan, U., Beccaceci, M.D. & Garcia, J.E|data=2008|titulo=''Blatocerus dichotomus'' |publicado=IUCN: Red List of Threatened Species|acessodata=31 de março de 2012}}</ref>

Foi também no século XX, que as áreas de Mata Atlântica fora do território brasileiro foram rapidamente desmatadas: no [[Paraguai]], entre 1945 e 1997, houve uma redução da cobertura vegetal em cerca de 75%, sendo que só entre 1987 e 2001, foram desmatados 15 400&nbsp;km² (uma perda de 35,2% do remanescente de 1987).<ref name="paraguay">{{citar web|autores=Altstatt, A.; Kim, S.; Rodas, O.; Yanosky, A.; Townshend, J.; Tucker, C.; Clay, R. y Musinsky, J.|título=Change in the Subtropical Forest of Eastern Paraguay in the 1990s.|url=http://glcf.umiacs.umd.edu/library/pdf/paraguay_handout.pdf|data=2003|publicado=The University of Maryland Global Land Cover Facility|acessodata=15 de maio de 2012}}</ref><ref name="paraguay2">{{citar web|autor=SÁNCHEZ V.|título=!! PARAGUAY: CÓMO SE PIERDE EL 90% DE LOS BOSQUES !!|url=http://www.natura-medioambiental.com/2008/09/paraguay-cmo-se-pierde-el-90-de-los.html|publicado=Natura-Medio Ambiental|data=2008|acessodata=15 de maio de 2012}}</ref><ref name="paraguay3">{{citar periódico|autor=CHENGQUAN, H. |numero-autores=et al |título=Assessment of Paraguay's forest cover change using Landsat observations|doi=10.1016/j.gloplacha.2008.12.009|periódico=Global and Planetery Change|volume=67|número=1|páginas=1-12|data=2009}}</ref> A província de [[Misiones (província)|Misiones]], na [[Argentina]], foi em grande parte conservada, devido a sua relativa inacessibilidade dentro da nação argentina, embora houvesse planos do governo argentino, desde o século XIX, de se ocupar a região com uma população de origem europeia.<ref name="argentina">{{citar periódico|autor=WILDE, G|título=De la Depredación a La Conservación. Génesis y Evolución del Discurso Hegemónico sobre La Selva Misionera y Sus Habitantes|url=http://www.scielo.br/pdf/asoc/v10n1/v10n1a06.pdf|periódico=Ambiente & Sociedade|volume=10|número=1|páginas=87-106|data=2007}}</ref> De fato, essa província argentina constitui-se um dos maiores trechos de [[Floresta Atlântica do Alto Paraná|Mata Atlântica do Interior]], conservando aproximadamente 50% da cobertura original.<ref name="Visão da Biodiversidade"/>

Após 500 anos de colonização europeia, a Mata Atlântica passou por mudanças drásticas que a reduziram a menos de 10% de sua cobertura original: seus remanescentes estão basicamente restritos à província de [[Misiones (província)|Misiones]], na Argentina, e às escarpas da [[Serra do Mar]].<ref name="Visão da Biodiversidade"/><ref name="SOS Mata Atlântica"/> A história do desmatamento da Mata Atlântica reflete a história da [[América Latina]], especialmente do [[Brasil]], e essa mesma história dramática pode se repetir novamente, na outra grande floresta sul-americana: a [[Amazônia|Floresta Amazônica]].

== Caracterização ==
[[Imagem:Mata_Atlântica_pelo_Canyon_Realengio.jpg|thumb|Mata Atlântica no [[Parque Nacional da Serra Geral]], no [[Rio Grande do Sul]].]]
[[Imagem:Floresta_ombrófila_Densa.JPG|thumb|Vista do [[Parque Estadual Intervales]], em [[São Paulo (estado)|São Paulo]].]]
[[Imagem:Mata Atlântica - Olinda, PE.JPG|thumb|Fragmento de Mata Atlântica em [[Olinda]], na [[Região Metropolitana do Recife]], [[Pernambuco]].]]

As áreas de domínio (área cuja vegetação clímax era esta formação vegetal) abrangia total ou parcialmente dezessete estados no Brasil, abrangendo regiões no sudeste do [[Paraguai]] e a província de [[Misiones (província)|Misiones]], na [[Argentina]].<ref name="Visão da Biodiversidade"/>

A área original no Brasil era 1 315 460&nbsp;km², 15% do território; sendo que contando as coberturas vegetais da Argentina e Paraguai, totaliza 1 713 535&nbsp;km².<ref name="Visão da Biodiversidade"/><ref name="SOS Mata Atlântica"/> Atualmente o remanescente é  102 012&nbsp;km², 7,91% da área original.<ref name="SOS Mata Atlântica">{{citar web |url=http://www.sosmatatlantica.org.br/index.php?section=content&action=contentDetails&idContent=392 |titulo=Fundação SOS Mata Atlântica e INPE divulgam novos dados |publicado=SOS Mata Atlântica|acessodata=30 de março de 2012}}</ref>

=== Biodiversidade ===
{{Artigo principal|Lista de espécies endêmicas da flora da Mata Atlântica}}
A [[biodiversidade]] da Mata Atlântica é semelhante à biodiversidade da [[Amazônia]]. Há subdivisões do bioma da Mata Atlântica em diversos ecossistemas devido a variações de latitude e altitude. Há ainda formações pioneiras, seja por condições climáticas, seja por recuperação, zonas de campos de altitude e enclaves de tensão por contato. A interface com estas áreas cria condições particulares de fauna e [[flora]].

A [[fauna]] de [[vertebrados]] [[Endemismo|endêmica]] é formada principalmente por [[anfíbio]]s (grande variedade de [[anuro]]s), mamíferos e aves. Da flora, 55% das espécies arbóreas e 40% das não arbóreas são [[endemismo|endêmicas]]. Das [[bromélia]]s, 70% são endêmicas dessa formação vegetal, [[palmeira]]s, 64%. Estima-se que 8 mil espécies vegetais sejam endêmicas da Mata Atlântica.{{carece de fontes|data=abril de 2017}}

Observa-se também que 39% dos [[mamífero]]s dessa floresta são endêmicos, inclusive 15% dos [[primata]]s brasileiros, como o [[mico-leão-dourado]]. Cento e sessenta espécies de aves e 183 de anfíbios são endêmicas da Mata Atlântica.{{carece de fontes|data=abril de 2017}}

=== Hidrografia ===
De acordo com o [[Conselho Nacional de Recursos Hídricos]], a área de domínio da Mata Atlântica compreende oito bacias hidrográficasː<ref name="ibamarelatorio">{{citar livro|autor=Vários autores|título=PMDBBS: Monitoramento do bioma Mata Atlântica - 2002 a 2008|url=http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/mataatlantica/RELATORIO_PMDBBS_MATA_ATLANTICA_2002-2008.pdf|local=Brasília|editora=[[IBAMA]] e [[MMA]]|ano=2010|páginas=42}}</ref>

* [[Bacia do rio Paraná|Paraná]]
* [[Bacia do rio Uruguai|Uruguai]]
* [[Bacia do rio São Francisco|São Francisco]]
* [[Bacia do rio Parnaíba|Parnaíba]]
* [[Região hidrográfica do Atlântico Sul|Atlântica Sul]]
* [[Região hidrográfica do Atlântico Sudeste|Atlântico Sudeste]]
* [[Região hidrográfica do Atlântico Leste|Atlântico Leste]]
* [[Região hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental|Atlântico Nordeste Oriental]]

É também no domínio da Mata Atlântica, que se localiza um dos maiores [[aquífero]]s do mundo: o [[Aquífero Guarani]].

=== Flora ===
{{Artigo principal|Lista de plantas da vegetação de Mata Atlântica}}

A Mata Atlântica é uma das florestas mais ricas em [[biodiversidade]] de plantas no Planeta, sendo constatada mais de 450 espécies no Sul da Bahia, perto de [[Una]].<ref name="thomas"/> Entretanto, tal diversidade e grau de endemismo varia, já que ela não se constitui em uma formação vegetal homogênea, com variações na riqueza de espécies devido a fatores como latitude, altitude, precipitação e solo.<ref name="tabarelli"/> Alguns grupos de plantas como a tribo [[Olyreae]] ([[Poaceae]]), possuem uma grande porcentagem de espécies no bioma da Mata Atlântica.<ref name="plantas">{{citar periódico|autor=GIULIETTI, A. M. |numero-autores=et al |título=Biodiversidade e conservação das plantas no Brasil|url=http://www.conservation.org.br/publicacoes/megadiversidade/09_Giulietti_et_al.pdf|periódico=Megadiversidade|volume=1|número=1|páginas=52-61|data=2005}}</ref>

=== Fauna ===
[[Imagem:Domingo de volta a floresta (+ fotos do tucano de bico preto).jpg|thumb|esquerda|[[Tucano-de-bico-preto]] é uma ave típica das florestas da Mata Atlântica.]]
[[Imagem:Brachyteles hypoxanthus2.jpg|thumb|esquerda|[[Muriqui-do-norte]], uma espécie de [[primata]] endêmica da Mata Atlântica.]]

Existe uma relativa precariedade referente à realização de levantamentos de fauna da Mata Atlântica, o que torna sua descrição mais difícil que a da vegetação, mas ela pode ser dividida em dois grandes grupos de animaisː<ref name="mata atlantica">{{citar web|título=Fauna|url=http://www.ib.usp.br/ecosteiros/textos_educ/mata/fauna/fauna.htm|publicado=Mata Atlântica|autor=Carvalhal, F |numero-autores=et al |acessodata=9 de maio de 2012}}</ref>

* Generalistas: pouco exigentes, com altas taxas de reprodução e grande variabilidade de dieta e hábitos alimentares, o que permite que habitem trechos de mata secundária. Ex.: [[macaco-prego]], [[sabiá-laranjeira]].
* Especialistas: dieta e habitats muito restritos. São sensíveis à perturbações no meio, e por isso tendem a ser encontradas em trechos de floresta primária. Ex.:[[Jacutinga (ave)|jacutinga]], [[muriqui]].

A história evolutiva da Mata Atlântica é marcada por momentos de relativo isolamento e outros por contato com outras florestas sul-americanas, como a [[Amazônia]].<ref name="biomata">SILVA, J. M. C.; CATELETTI, C. H. M. Estado da biodiversidade da Mata Atlântica Brasileira. Em Galindo-Leal, C.; Câmara, I. G. (Orgs).''Mata Atlântica: Biodiversidade, Ameaças e Perspectivas''. Belo Horizonte: SOS Mata Atlântica e Conservação Internacional. p. 43-60, 2005. ISBN 85-98946-02-8</ref> Como conseqüência, existem elementos "antigos", que habitam a região desde há 3 milhões de anos, até outros que vieram de outros biomas há cerca de 10 mil anos.<ref name="biomata"/>

É evidenciado, com as quatro espécies de [[mico-leão|micos-leões]] (gênero ''[[Leontopithecus]]''), que dentro do próprio bioma houve diferenciação biológica: o [[mico-leão-de-cara-dourada]] é típico das florestas do sul da Bahia e norte do Espírito Santo, o [[mico-leão-dourado]] do [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], o [[mico-leão-preto]] da floresta semidecidual do interior do estado de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] e o [[mico-leão-de-cara-preta]] é da costa do [[Paraná]].<ref name="biomata"/> O surgimento de espécies com esse padrão de distribuição restrita derivam da formação de rios e mudanças paleoecológicas globais e regionais causadas por movimentos de [[placas tectônicas]].<ref name="biomata"/> Outros grupos, como o gênero ''[[Sapajus]]'' (o popular [[macaco-prego]]), devem ter evoluído primeiramente na Mata Atlântica e depois ido para outros biomas como o [[Cerrado]] e [[Floresta Amazônica]].<ref name="lynch">{{citar periódico|autor=LYNCH ALFARO, J. W.; SILVA JR, J.; RYLANDS, A. B.|título=How Different Are Robust and Gracile Capuchin Monkeys? An Argument for the Use of Sapajus and Cebus|doi=10.1002/ajp.22007|periódico=American Journal of Primatology|volume=74|número=4 |páginas=273-286|data=2012}}</ref><ref name="lynch2">{{citar periódico|autor=LYNCH ALFARO, J. W. |numero-autores=et al |título=Explosive Pleistocene range expansion leads to widespread Amazonian sympatry between robust and gracile capuchin monkeys|doi=10.1111/j.1365-2699.2011.02609.x|periódico=Journal of Biogeography|volume=39|número=2|páginas=272-288|data=2011}}</ref>

Visto os fatores citados anteriormente, a [[fauna]] da Mata Atlântica é extremamente diversa: no caso dos [[vertebrados]], são 261 espécies [[mamífero]]s, 1020 espécies de [[ave]]s, 197 de répteis, 340 de anfíbios e 350 de peixes que são conhecidos até hoje no bioma. Ainda existe muito a ser descoberto referente a fauna, tanto que, recentemente, foram catalogadas a [[rã-de-alcatrases]] e a [[rã-cachoeira]], os pássaros [[Tapaculo-ferreirinho|tapaculo-ferrerinho]] e [[bicudinho-do-brejo]], os peixes ''[[Listrura boticario]]'' e o ''[[Moenkhausia bonita]]'', e até um novo primata, o [[mico-leão-de-cara-preta]],<ref>{{citar web |url=http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/retratosparana/curiosidades/conteudo.phtml?tl=1&id=1177003&tit=Conheca-dez-dos-animais-mais-famosos-da-fauna-paranaense |título=Confira dez dos animais mais famosos da fauna paranaense |acessodata=13 de outubro de 2012 |autor=Anderson Gonçalves |data=6 de outubro de 2012 |publicado=Gazeta do Povo }}</ref><ref>{{citar web |url=http://ambientes.ambientebrasil.com.br/fauna/mamiferos/mico-leao-da-cara-preta_(leontopithecus_caissara).html |título=Mico-leão-da-cara-preta (Leontopithecus caissara) |acessodata=13 de outubro de 2012 |data= |obra=MMA/SINAMA |publicado=Ambiente Brasil }}</ref> e uma nova espécie de porco-espinho em [[Pernambuco]], o ''[[Coendou speratus]]'', descoberto em 2013.<ref>{{citar web|url=http://m.g1.globo.com/natureza/noticia/2013/04/nova-especie-de-porco-espinho-e-descoberta-por-cientistas-brasileiros.html|título=Nova espécie de porco-espinho é descoberta por cientistas brasileiros|data=10 de abril de 2013|publicado=G1, O portal de notícias da Globo|acessodata=14 de agosto de 2013}}</ref>

==Subdivisões==

=== Vegetação: fitofisionomias ===
[[Imagem:Vista_PARNA_Monte_Pascoal.jpg|thumb|Vista do [[Parque Nacional do Monte Pascoal]], na [[Bahia]].]]

Fitofisionomias do bioma da Mata Atlântica (''sensu lato''), definidas pelo [[CONAMA|CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente)]] em 1992<ref name="ibge91"/><ref name="ibge92"/><ref name="ibgemap"/><ref name="Fisionomias vegetais da Mata Atlântica">{{citar web |url=http://www.webartigos.com/artigos/fisionomias-vegetais-da-mata-atlantica/9204/ |titulo=Fitofisionomias da Mata Atlântica |publicado=Web Artigos|acessodata=30 de março de 2012}}</ref>: [[floresta ombrófila densa]]; [[floresta ombrófila aberta]]; [[floresta ombrófila mista]]; [[floresta estacional decidual]]; [[floresta estacional semidecidual]]; [[mangue]]s; [[restinga]]s e [[campos de altitude]].

Tal variedade de fitofisionomias se explica pois, em toda sua extensão, a Mata Atlântica é composta por uma série de ecossistemas cujos processos ecológicos se interligam, acompanhando as características climáticas das regiões onde ocorrem e tendo como elemento comum a exposição aos ventos úmidos que sopram do oceano. A distância a corpos d'água também tem fator preponderante, tal como a probabilidade da vegetação ser inundada em determinadas épocas do ano ou permanentemente (como por exemplo, se observa em ecossistemas de [[várzeas]], outrora abundantes na bacia do [[rio Paraná]]). O solo também tem papel importante, seja na disponibilidade de nutrientes, seja na sua capacidade de reter água. Esses fatores possibilitam, inclusive, a subdivisão e surgimento de ecossistemas típicos dentro desses grandes grupos de fitofisionomias.

==== Floresta ombrófila densa ====
{{AP|Floresta Ombrófila Densa|Florestas da Serra do Mar|Florestas Costeiras da Bahia|Florestas Costeiras de Pernambuco}}
[[Imagem:Serra do mar paraná.jpg|thumb|[[Floresta ombrófila densa]] na [[Serra do Mar]], [[Paraná]].]]

É a formação vegetal que ocorre no litoral, nas escarpas da cordilheira atlântica ou em áreas próximas ao oceano, sob influência das massas de ar úmida, o que confere alta pluviosidade durante o ano todo.<ref name="ibgemap"/><ref name="Fisionomias vegetais da Mata Atlântica"/><ref name="fito">{{citar web|título=Mata Atlântica|url=ftp://www.ufv.br/def/disciplinas/ENF448/aula_10_fitogeografia/BIOMAS/MATA%20ATL%C2NTICA.pdf|publicado=UFV|acessodata=18 de maio de 2012}}</ref> É a formação vegetal que possui maior grau de endemismo de espécies vegetais, como evidenciado em estudos nos [[Sul da Bahia]] e norte do [[Espírito Santo]].<ref name="thomas">{{citar periódico|autor=THOMAS, W. M. |numero-autores=et al |título=Plant endemism in two forests in southern Bahia, Brazil|doi=10.1023/A:1008825627656|periódico=Biodiversity and Conservation|volume=7|número=3|páginas=311-322|data=1998}}</ref> É interessante salientar, que no litoral de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], não se constatou um elevado grau de riqueza nas espécies de plantas, apesar de se constituir em um centro de endemismo: os autores sugerem que a importância dessa floresta se relaciona mais ao número de espécies únicas e não a um número elevado de espécies.<ref name="tabarelli">{{citar periódico|autor=TABARELLI, M.; MANTOVANI, W.|título=A riqueza de espécies arbóreas na floresta atlântica de encosta no estado de São Paulo (Brasil)|periódico=Revista Brasileira de Botânica|volume=22|número=2|páginas=217-223|data=1999|url=http://www.scielo.br/pdf/rbb/v22n2/22n2a12.pdf}}</ref> Nas regiões sudeste e sul, essa formação possui variação decorrentes da altitude, constituindo formações de terras baixas (até 50m), submontana (entre 50 e 500 m), montana (500 e 1 000 m) e altamontana (entre 1 000 e 1 200 m).<ref name="rizzini"/><ref name="visaobiodiver">{{citar web|autor=SCARAMUZZA, C. A. M. |numero-autores=et al |título=Visão da Biodiversidade da Ecorregião da Serra do Mar|publicado=[[World Wide Fund for Nature|WWF]]|data=2004|url=http://assets.wwfbr.panda.org/downloads/visao_conservacao_serra_do_mar.pdf |acessodata=18 de maio de 2012}}</ref> Na encosta (que faz parte das "terras baixas"), as árvores tendem a ser mais robustas e altas, ao passo que com o aumento da altitude, elas tendem a ficar mais delgadas e baixas, e isso também ocorre quanto mais próximo do oceano.<ref name="lacerda">{{citar web|autor=LACERDA, M.S.|título=Composição floristica e estrutura da comunidade arborea num gradiente altitudinal da Mata Atlantica. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas|url=http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000215037}}</ref> As árvores da encosta, graças à abundância de matéria orgânica, podem chegar a ter mais de 40m de altura.<ref name="visaobiodiver"/> No nordeste, a formação predominante é a de terras baixas.<ref name="rizzini">RIZZINI, C. T. (1979) Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos sociológicos e florísticos. EDUSP, São Paulo</ref>

==== Floresta ombrófila aberta ====
{{Artigo principal|Brejos de Altitude}}
[[Imagem:Brejo de altitude em sobral ceara.jpg|thumb|[[Floresta ombrófila aberta]] ([[Brejos de Altitude]]) em [[Sobral (Ceará)|Sobral]], [[Ceará]].]]

Sendo considerada uma vegetação de transição com a [[Floresta Amazônica]], ela está basicamente restrita à região Nordeste.<ref name="ibge91">{{citar livro|autor=VELOSO, H. P. |numero-autores=et al |título=Classificação da Vegetação Brasileira, Adaptada a um Sistema Universal|local=Rio de Janeiro|editora=IBGE|isbn=85-240-0384-7|ano=1991|url=http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/classificacaovegetal.pdf}}</ref><ref name="ibgemap">{{citar web|título=Mapa da área de Aplicação da Lei nº 11.428 de 2006|url=ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas_tematicos/mapas_murais/lei11428_mata_atlantica.pdf|publicado=[[IBGE]]|acessodata=19 de maio de 2012}}</ref> Pode ser incluída nessa fitofisionomia, a [[Mata dos Cocais]] no [[Maranhão]], ocorrendo também ponto isolados das "florestas de [[babaçu]]" no [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]] e [[Pernambuco]].<ref name="ibge91"/> É considerada em algumas localidades, como uma formação de floresta secundária. Tal vegetação é encontrada nos [[brejos de altitude]], no [[Sertão Nordestino]], em altitudes superiores a 600 m, onde a precipitação é maior que 850&nbsp;mm anuais.<ref name="fito"/><ref name="brejo">{{citar periódico|autor=de OLIVEIRA, F. X. |numero-autores=et al |título=Comparações florísticas e estruturais entre comunidades de Floresta Ombrófila Aberta com diferentes idades, no Município de Areia, PB, Brasil|periódico=Acta. Bot. Bras|volume=20|número=4|páginas=861-873|data=2006|url=http://www.scielo.br/pdf/abb/v20n4/11.pdf}}</ref> O [[Planalto da Borborema]] é um dos ambientes mais característicos desse tipo de vegetação, que possui espécies que ocorrem amplamente pela [[América do Sul]].<ref name="brejo2">{{citar periódico|autor=RODAL, M. J. N. |numero-autores=et al |título=Flora de um Brejo de Altitude na escarpa oriental do planalto da Borborema, PE, Brasil|url=http://www.scielo.br/pdf/abb/v19n4/a20v19n4.pdf|periódico=Acta. Bot. Bras|volume=19|número=4|páginas=843-858|data=2005}}</ref> Os brejos de altitude constituem um tipo de floresta ombrófila submontana.<ref name="ibge91"/><ref name="fito"/><ref name="brejo"/><ref name="brejo2"/>

==== Floresta ombrófila mista ====
{{Artigo principal|Mata de Araucária}}
[[Imagem:Araucaria Parna aparados da serra.jpg|thumb|[[Floresta ombrófila mista]] no [[Parque Nacional de Aparados da Serra]].]]

Tendo sua maior parte de ocorrência no planalto meridional, nos estados do [[Paraná]], [[Santa Catarina]] e [[Rio Grande do Sul]], ela eventualmente pode ocorrer no estado de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] e nas escarpas da [[Serra do Mar]] e da [[Serra da Mantiqueira]].<ref name="ibge92">{{citar livro|autor=Vários autores|título=Manual Técnico da Vegetação Brasileira|local=Rio de Janeiro|editora=IBGE|ano=1992|isbn=85-240-0427-4}}</ref><ref name="ibgemap"/><ref name="fito"/><ref name="mahus">{{citar livro|autor=MAHUS, J|título=Fitossociologia e Regeneração Natural de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Exposto a Perturbações Antrópicas|local=São Leopoldo|editora=UNISINOS-Dissertação de Mestrado|ano=2002}}</ref> As espécies que caracterizam essa formação pertencem, principalmente, aos gêneros ''[[Araucaria]]'' e ''[[Drymis]]'' (Australasiáticos) ''[[Podocarpus]]''(Afro-asiático), sugerindo uma ocupação recente, a partir dos refúgios alto-montanos.<ref name="ibge91"/><ref name="ibge92"/> A [[Araucaria angustifolia]] apresenta um caráter dominante na estrutura dessa formação vegetal, constituindo o dossel da floresta, com inúmeros indivíduos emergentes, podendo representar até 40% das espécies encontradas em determinada área.<ref name="cascavel">{{citar periódico|autor=NASCIMENTO, A. R. T.; LONGHI, S. J.; BRENA, D. A|título=Estrutura e Padrões de distribuição espacial de espécies arbóreas em uma amostra de Floresta Ombrófila Mista em Nova Prata, RS|periódico=Ciência Florestal|volume=11|número=1|páginas=105-119|url=http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/cienciaflorestal/article/viewFile/499/385|data=2001}}</ref><ref name="medeiros">{{citar periódico|autor=MEDEIROS, J. D.; SAVI, M.; DE BRITO, B. F. A|título=Seleção de Áreas para criação de Unidades de Conservação da floresta Ombrófila Mista|periódico=Biotemas|volume=18|número=2|páginas=33-50|data=2005|url=http://150.162.1.115/index.php/biotemas/article/view/21411}}</ref> Estudos feitos em [[Nova Prata]], apontam que existe um padrão de distribuição típico, em que as maiores populações de plantas formam "agregados", o que acaba conferindo uma relativa homogeneidade da floresta, comum em formações vegetais de [[Gimnospermas]].<ref name="cascavel"/> Devido ao alto grau de desmatamento que sofreu essa fitofisionomia, é difícil encontrar áreas em que se apresentam grandes aglomerações da ''Araucaria'', visto que elas são geralmente encontradas na floresta madura ou em graus avançados de regeneração.<ref name="mahus"/>

==== Floresta estacional semidecidual ====
[[Imagem:Morro do diabo vista sul.jpg|thumb|[[Floresta estacional semidecidual]] no [[Parque Estadual Morro do Diabo]].]]
{{AP|Floresta Estacional Semidecidual|Floresta Atlântica do Alto Paraná|Florestas do Interior da Bahia|Florestas do Interior de Pernambuco}}
É uma formação caracterizada por ocorrer em regiões em que existe uma sazonalidade no regime de chuvas, o que acaba conferindo a perda de 20% a 50% das folhas na estação mais seca.<ref name="ibge92"/> É a formação que ocorre em grande parte do interior do [[Brasil]], ocupando principalmente a bacia do [[rio Paraná]], se estendendo até o leste do [[Paraguai]] e a província argentina de [[Misiones (província)|Misiones]].<ref name="Visão da Biodiversidade"/><ref name="ibgemap"/> Por ter uma área de ocorrência muito ampla, ela também fica sujeita a inúmeras variações, principalmente com relação a altitude: no estado de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], observou-se que as florestas que ocorrem em locais mais altos tendem a ser mais homogêneas que as que ocorrem em locais mais baixos do oeste e centro do estado.<ref name="salis">{{citar periódico|autor=SALIS, S.M., SHEPHERD, G. J.; JOLY, C. A.|título=Floristic comparison of mesophytic semideciduous forests of the interior of the state of São Paulo, Southeast Brazil|doi=10.1007/BF00045595|periódico=Plant Ecology|volume=119|número=2|páginas=155-164|data=1995}}</ref> Dados referentes a unidades de conservação dessa fitofisionomia, mostram que apesar de seu alto grau de alteração pelo homem, no interior do Brasil, ela ainda apresenta uma diversidade considerável de árvores.<ref name="Diabo"/><ref name="caetetus">{{citar web|autor=RAMOS, V.S. |numero-autores=et al |título=Árvores da Floresta Estacional Semidecidual|url=http://www.iflorestal.sp.gov.br/publicacoes/Serie_registros/IFSerReg31/137-141.pdf|publicado=Instituto Florestal|data=2007|acessodata=19 de maio de 2012}}</ref>

==== Floresta estacional decidual ====
{{AP|Floresta Estacional Decidual|Florestas Secas da Mata Atlântica}}
[[Imagem:Floresta estacional morro do plato santa maria RS.jpg|thumb|[[Floresta estacional decidual]] em [[Santa Maria (Rio Grande do Sul)|Santa Maria]], no [[Rio Grande do Sul]].]]

Caracteriza-se pela perda de mais de 50% das folhas na estação seca.<ref name="ibge91"/><ref name="ibge92"/> Isso se evidencia pelo aumento de [[serrapilheira]] nessa estação.<ref name="konig">{{citar periódico|autor=KONIG, F.G.;SCHUMACHER, M.V.; BRUN, E.; SELING, I|título=Avaliação da sazonalidade de serrapilheira numa Floresta Estacional Decidual no município de Santa Maria-RS|url=http://www.scielo.br/pdf/%0D/rarv/v26n4/a05v26n4.pdf|periódico=Árvore|volume=26|número=4|páginas=429-435|data=2002}}</ref> Essa fitofisionomia possui encraves no [[Rio Grande do Sul]], interior da [[Bahia]], [[Minas Gerais]], [[Goiás]] e [[Tocantins]].<ref name="ibge91"/><ref name="ibge92"/><ref name="ibgemap"/> Apesar do clima subtropical úmido no Rio Grande do Sul, essa vegetação aparece, provavelmente por conta de uma estação em que as temperaturas ficam muito baixas.<ref name="ibge92"/> Essa floresta aparece em solos ricos em calcário.<ref name="silva">{{citar periódico|autor=SILVA, L. A.; SCARIOT, A|título=Composição florística e estrutura da comunidade arbórea em uma Floresta Estacional Decidual em afloramento calcário|url=http://www.scielo.br/pdf/abb/v17n2/a12v17n2.pdf|periódico=Acta. Bot. Bras.|volume=17|número=2|páginas=305-313|data=2003}}</ref> Em Goiás, foi constada 36 espécies de árvores em um mesmo local.<ref name="silva"/>

==== Manguezais ====
[[Imagem:Manguezal Pernambuco 2.jpg|thumb|[[Manguezal]] no litoral de [[Pernambuco]].]]
{{AP|Manguezal|Mangues da Bahia|Mangues do Rio Piranhas|Mangues do Rio São Francisco|Mangues da Ilha Grande}}
Considerada como vegetação pioneira, visto ocorrerem em solos instáveis do litoral, rejuvenescidos pela constante deposição de areias marinhas e fluviais. Devido à influência marinha, a salinidade tem grande efeito nos manguezais, fazendo com que as espécies se adaptem a essa condição ambiental restritiva, como no caso de ''[[Rhizophora mangle]]''.<ref name="ibge92"/><ref name="ibgemap"/> Manguezais também não são formações homogêneas, com suas fisionomias variando ao longo da costa.<ref name="mangue">{{citar periódico|autor=SCHAEFFER-NOVELLI, Y.; CINTRÓN-MOLERO, G.; CAMARGO, T. M|título=Variability of Mangroves Ecosystems along the Brazilian coast|url=http://urutau.proderj.rj.gov.br/inea_imagens/downloads/pesquisas/RB_Guaratiba/Schaeffer_Novelli_etal_1990.pdf|periódico=Estuaries|volume=13|número=2|páginas=204-218|data=1990}}</ref> O tipo de solo, precipitação e insolação ao longo do ano podem definir tipos de manguezais específicos de cada parte do litoral: ''[[Rhizophora mangle]]'' tende a ser mais abundante nos manguezais de [[Pernambuco]] do que aqueles encontrados na [[baía de Paranaguá]], no [[Paraná]].<ref name="mangue"/> Sua grande [[Produtividade (ecologia)|produção biológica]] torna os manguezais particularmente importantes do ponto de vista econômico para comunidades [[caiçara]]s, visto serem ambientes em que muitas espécies de [[peixe]]s e [[crustáceos]] se reproduzem.<ref name="goeldi">{{citar periódico|autor=BASTOS, M.N.C|título=A importância das formações vegetais da restinga e do manguezal para as comunidades pesqueiras|url=http://repositorio.museu-goeldi.br/jspui/bitstream/123456789/568/1/B%20MPEG%20Ant%2011(1)%201995%20BASTOS.pdf|periódico=Emílio Goeldi|volume=11|número=1|páginas=41-56|data=1995}}</ref>

==== Restingas ====
{{AP|Restinga|Restingas da Costa Atlântica}}
[[Imagem:Parque_Estadual_Restinga_de_Bertioga_-_Restinga.jpg|thumb|[[Parque Estadual Restinga de Bertioga]], São Paulo.]]

Trata-se de um tipo de vegetação que recebe influência direta das águas marinhas, e com gênero de plantas típicas das praias: a influência direta das marés, a [[salinidade]] do solo, a estabilidade da areia e o microclima  definem as fisionomias vegetais que compõe a restinga.<ref name="ibge91"/><ref name="ibge92"/><ref name="restinga">{{citar periódico|autor=OLIVEIRA-FILHO, A. T.; CARVALHO, D.A|título=Florística e fisionomia da vegetação no extremo norte do litoral da Paraíba|url=http://www.icb.ufmg.br/treeatlan/Downloads/a17.pdf|periódico=Revista Brasileira de Botânica|volume=16|número=1|páginas=115-130|data=1993}}</ref> É uma vegetação que se segue imediatamente à zona praiana, estendendo-se pelo litoral de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], [[Espírito Santo]], [[Alagoas]], [[Sergipe]] e [[Bahia]]. Em estudos realizados em [[Pernambuco]], ela foi dividida em 2 tipos: a floresta de restinga, e os campos de restinga, ou restinga propriamente dita.<ref name="restinga2">{{citar periódico|autor=LIMA, D.A.|título=Estudos Fitogeográficos de Pernambuco|url=http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/34635/1/AAPCA-V4-Artigo-01.pdf|periódico=Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica|volume=4|páginas=243-274|data=2007}}</ref> As árvores das matas de restinga possuem copa larga e irregular, não muito elevadas, e a restinga propriamente dita é formada por uma vegetação arbustiva, de densidade variável.<ref name="restinga"/> A vegetação dos campos é muito pobre em espécies, com a dominância ecológica de algumas delas altamente adaptadas: fato que se deve às condições extremas de salinidade e instabilidade da areia.<ref name="restinga"/> A mata de restinga surge com a distância crescente do mar, já que a severidade ambiental diminui, conferindo, por exemplo, maior proteção ao solo e ao sub-bosque contra os ventos alísios, e há uma maior deposição de matéria orgânica e retenção de água no solo.<ref name="restinga"/>

==== Campos de altitude ====
{{AP|Campos de altitude|Campos rupestres}}
[[Imagem:Nascer_do_Sol_visto_do_Pico_da_Bandeira.jpg|thumb|[[Campos de altitude|Campo de altitude]] no [[Pico da Bandeira]], no [[Espírito Santo]].]]

É uma vegetação típica de ambientes montano e alto-montano encontrada principalmente nas regiões serranas do sudeste: ocorrem em cadeias elevadas da [[Serra do Espinhaço]], [[Serra da Mantiqueira]] e da [[Serra do Mar]].<ref name="vasconcelos">{{citar periódico|autor=VASCONCELOS,M.F.|título=O que são campos rupestres e campos de altitude nos topos de montanha do Leste do Brasil?|url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-84042011000200012&script=sci_arttext|periódico=Revista Brasileira de Botânica|volume=34|número=2|páginas=241-246|data=2011}}</ref><ref name="campos"/> As variações de altitude definem tipos de campos de altitude específicos: o montano corresponde às faixas de altitude entre 600 a 2 000 m nas latitudes entre 5º N e 16º S; de 500 a 1 500 m nas latitudes entre 16º S e 24º S; e de 400 a 1 000 m nas latitudes acima de 24º S. O altomontano ocorre nas altitudes acima dos limites máximos considerados para o ambiente montano.<ref name="campos">{{citar web | url=http://pt.scribd.com/doc/104734210/Campos-de-Altitude-Campos-Rupestres-e-Aplicacao-da-Lei-da-Mata-Atlantica | título="Vasconcelos, V.V. (2010) Campos de Altitude, Campos Rupestres a Aplicação da Lei da Mata Atlântica. IBAMA. 2010." | publicado=pt.scribd.com }}</ref> Trata-se de uma fitofisionomia da Mata Atlântica ainda muito pouco conhecida do ponto de vista da biodiversidade, mas levantamentos florísticos em [[Minas Gerais]] mostraram uma alta diversidade de plantas vasculares.<ref name="jacobi">{{citar periódico|autor=JACOBI,C.M.;CARMO, F.F|título=Diversidade dos campos rupestres ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG|url=http://www.conservation.org.br/publicacoes/files_mega4/03_diversidade_dos_campos_rupestres_ferruginosos_no_quadrilatero_ferrifero_mg.pdf|periódico=Megadiversidade|publicado=[[Conservação Internacional]]|volume=4|número=1-2|páginas=25-33|data=2008}}</ref> Tipo de solo, tal como a inclinação do relevo, determinam as espécies predominantes, como mostrado em estudos fitossociológicos em campos rupestres de [[Minas Gerais]]: ''[[Vellozia compacta]]'' é predominante em platôs ferruginosos, ao passo que ''[[Echinolaena inflexa]]'' predomina em platôs sobre quartzito.<ref name="messias">{{citar periódico|autor=MESSIAS, M.C.T.B. |numero-autores=et al |título=Fitossociologia de campos rupestres quartzíticos e ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais|url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-33062012000100022&script=sci_arttext|periódico=Acta Botanica Brasilica|volume=26|número=1|páginas=230-242|data=2012}}</ref> De fato, a vegetação varia desde áreas abertas cobertas por gramíneas, até áreas mais densas com vegetação arbustiva, possuindo ou não afloramentos rochosos.<ref name="vasconcelos"/>

=== Ecorregiões ===
[[Imagem:Morro_na_mata_atlântica_baiana.jpg|thumb|[[Parque Nacional do Pau Brasil]], na [[Bahia]].]]
[[Imagem:Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba 08.jpg|thumb|[[Restinga]] no [[Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba]].]]

Visto a enorme diversidade de ambientes da Mata Atlântica e de muitas vezes serem necessárias ações mais regionalizadas, o [[World Wide Fund for Nature|WWF]] dividiu o [[bioma]] em 15 ecorregiõesː<ref name="Visão da Biodiversidade">{{citar livro|autor=DI BITETTI, M.S; PLACCI, G.;DIETZ,L.A.|ano=2003|url=http://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/altoparana_versao_completa_portugues.pdf|titulo=Visão da Biodiversidade da Ecorregião Florestas do Alto Paraná|local=Washington, D.C.|editora=[[WWF]]}}</ref>

* '''[[Floresta tropical|Florestas tropicais e subtropicais húmidas]]'''
** [[Floresta Atlântica do Alto Paraná|Florestas do Alto Paraná]]
** [[Mata de Araucárias|Floresta de Araucárias]]
** [[Restingas da Costa Atlântica|Restingas]]
** [[Florestas Costeiras da Bahia]]
** [[Florestas do Interior da Bahia]]
** [[Brejos de Altitude]]
** [[Florestas Costeiras de Pernambuco]]
** [[Florestas do Interior de Pernambuco]]
** [[Florestas da Serra do Mar]]
* '''[[Florestas tropicais e subtropicais secas]]'''
** [[Florestas Secas da Mata Atlântica]]
* '''[[Manguezal|Manguezais]]'''
** [[Mangues da Bahia]]
** [[Mangues da Ilha Grande]]
** [[Mangues do Rio Piranhas]]
** [[Mangues do Rio São Francisco]]
* '''[[Savana|Pastagens, savanas e matagais tropicais e subtropicais]]'''
** [[Campos rupestres]]

== Conservação ==
=== No Brasil ===
{| class="wikitable sortable" style="float: right; margin: 1em 1em 1em 1em"
|-
!colspan="3"|Remanescentes da Mata Atlântica no [[Brasil]] em 2016<ref name="sos2011">{{citar web|título=Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica - Período 2015-2016|url=https://www.sosma.org.br/link/Atlas_Mata_Atlantica_2015-2016_relatorio_tecnico_2017.pdf|publicado=[[SOS Mata Atlântica]]|data=2017|acessodata=9 de outubro de 2017}}</ref>
|-
! Estado|| Remanescente ||% remanescente
|-
| [[Alagoas]] ||align="right"|{{convert|161365|ha|km2|1|sortable=on}}  ||align="right"| 10,6%
|-
| [[Bahia]] ||align="right"| {{convert|2525715|ha|km2|1|sortable=on}}||align="right"|14%
|-
| [[Ceará]] ||align="right"|{{convert|190865|ha|km2|1|sortable=on}}  ||align="right"|22%
|-
| [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]] ||align="right"| {{convert|581580|ha|km2|1|sortable=on}} ||align="right"|12,6%
|-
| [[Goiás]] ||align="right"|{{convert|33518|ha|km2|1|sortable=on}}  ||align="right"|2,8%
|-
| [[Mato Grosso do Sul]] ||align="right"|{{convert|968998|ha|km2|1|sortable=on}}  ||align="right"|15,2%
|-
| [[Minas Gerais]] ||align="right"| {{convert|3205455|ha|km2|1|sortable=on}} ||align="right"|11,6%
|-
| [[Paraíba]] ||align="right"|{{convert|70499|ha|km2|1|sortable=on}}  ||align="right"|11,8%
|-
| [[Paraná]] ||align="right"| {{convert|2526900|ha|km2|1|sortable=on}} ||align="right"|12,9%
|-
| [[Pernambuco]] ||align="right"|{{convert|212293|ha|km2|1|sortable=on}}  ||align="right"|12,6%
|-
| [[Piauí]] ||align="right"| {{convert|938738|ha|km2|1|sortable=on}} ||align="right"|35,3%
|-
| [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] ||align="right"|{{convert|915741|ha|km2|1|sortable=on}} ||align="right"|20,9%
|-
| [[Rio Grande do Norte]] ||align="right"|{{convert|82345|ha|km2|1|sortable=on}}  ||align="right"|23,5%
|-
| [[Rio Grande do Sul]] ||align="right"|{{convert|1883813|ha|km2|1|sortable=on}}  ||align="right"|13,6%
|-
| [[Santa Catarina]] ||align="right"|{{convert|2831286|ha|km2|1|sortable=on}}  ||align="right"|29,6%
|-
| [[São Paulo (estado)|São Paulo]] ||align="right"|{{convert|2776513|ha|km2|1|sortable=on}}  ||align="right"|16,3%
|-
| [[Sergipe]] ||align="right"|{{convert|114908|ha|km2|1|sortable=on}}  ||align="right"|11,3%
|}

Na região da Mata Atlântica é onde residem cerca de 70% da população brasileira, o que é refletido no alto grau de desmatamento que sofreu o bioma.<ref name="ibama1">{{citar web|url=http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/mataatlantica/index.htm|título=Mata Atlântica|publicado=[[IBAMA]]|acessodata=18 de maio de 2012}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/s41467-020-20217-w |titulo=The erosion of biodiversity and biomass in the Atlantic Forest biodiversity hotspot |data=2020-12-11 |acessodata=2022-01-24 |jornal=Nature Communications |número=1 |ultimo=de Lima |primeiro=Renato A. F. |ultimo2=Oliveira |primeiro2=Alexandre A. |paginas=6347 |lingua=en |doi=10.1038/s41467-020-20217-w |issn=2041-1723 |ultimo3=Pitta |primeiro3=Gregory R. |ultimo4=de Gasper |primeiro4=André L. |ultimo5=Vibrans |primeiro5=Alexander C. |ultimo6=Chave |primeiro6=Jérôme |ultimo7=ter Steege |primeiro7=Hans |ultimo8=Prado |primeiro8=Paulo I.}}</ref> Embora tenha sido observado aumento no desmatamento na Mata Atlântica entre 2015 e 2016 ({{convert|29075|ha|km2|1|sortable=on}} foram desmatados, o que representa um aumento de 57,5% com os anos de 2014 e 2015), o desmatamento diminuiu desde 1985 (entre 1985 e 1990, {{convert|107296|ha|km2|1|sortable=on}} foram desmatados por ano).<ref name="sos2011"/> A [[Bahia]] foi o estado com maior taxa de desmatamento entre 2015 e 2016, havendo perda de até {{convert|12288|ha|km2|1|sortable=on}}, o que representa um aumento de 207% com relação a 2014 e 2015.<ref name="sos2011"/> Entretanto, foi o estado de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] que apresentou o maior aumento no desmatamento (foram desmatados {{convert|698|ha|km2|1|sortable=on}} entre 2015 e 2016, o que representa um aumento de 1462%).<ref name="sos2011"/> [[Pernambuco]] teve diminuição de até 88% no desmatamento<ref>{{Citar web |url=https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2021/03/25/fiscalizacao-flagra-desmatamento-de-especies-da-mata-atlantica-em-paulista-e-multa-empresa-em-r-72-mil.ghtml |titulo=Fiscalização flagra desmatamento de espécies da Mata Atlântica em Paulista e multa empresa em R$ 72 mil |acessodata=2021-04-26 |website=G1 |lingua=pt-br}}</ref>, perdendo apenas {{convert|16|ha|km2|1|sortable=on}} de floresta entre 2015 e 2016.<ref name="sos2011"/>

Atualmente existem cerca de 15,3% de áreas naturais, incluindo [[floresta tropical|formações florestais]], [[mangue]]s e áreas não florestais ([[savana]]s), cerca de {{convert|20020532|ha|km2|1|sortable=on}}.<ref name="sos2011"/><ref name="metzger">{{citar periódico|autor=RIBEIRO, M. C.; METZGER, J. P.; MARTENSEN, A.C.; PONZONI, F. J.|título=The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, andhow is remaining forest distributed? Implications for conservation|doi=10.1016/j.biocon.200|periódico=Biological Conservation|volume=142|número=6|páginas=1141-1153|data=2009}}</ref><ref name="leal">{{citar livro|autor=GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I.|título= ''Status'' do ''hotspot'' Mata Atlântica: uma síntese. Em Galindo-Leal, C; Câmara, I. (Orgs) Mata Atlântica: Biodiversidade, ameaças e Perspectivas.|local= Belo Horizonte|editora=Fundação SOS Mata Atlântica|páginas=427|url=http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/CapituloIStatusdoHotspotMataAtlantica.pdf9.02.021|ano=2005|isbn=85-98946-02-8}}</ref> A maior parte dos remanescentes de mata constituem-se de pequenos fragmentos (cerca de 83% com menos de 50ha), isolados entre si.<ref name="metzger"/> Existem apenas duas regiões onde os remanescentes são contínuos, somando quase 10 000&nbsp;km² de floresta cada uma: a [[Serra do Mar]] e de [[Paranapiacaba]], nos estados de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] e [[Paraná]], no [[Brasil]]; e a província argentina de [[Misiones (província)|Misiones]] que é contínua com [[Parque Nacional do Iguaçu]] e o [[Parque Estadual do Turvo]], no Brasil.<ref name="leal"/>

Não obstante, o grau de conservação  de ecorregiões desse bioma varia, com ecorregiões que possuem até mais de 20 % da cobertura original (como a [[ecorregião]] da [[Serra do Mar]]) até outras que conservam apenas 3 % da cobertura original (como as Florestas do Interior, encontradas no interior de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], oeste do [[Paraná]] e [[Minas Gerais]]).<ref name="metzger"/><ref name="leal"/>
[[Imagem:REBIO Perobas 2.jpg|thumb|esquerda|O desmatamento isolou muitos trechos de floresta em ilhas, como é o caso da [[Reserva Biológica das Perobas]].]]

Esse bioma possui 75,6% das espécies ameaçadas e endêmicas do Brasil, o que o torna um dos mais prioritários para conservação no país.<ref>{{citar livro|titulo=Conservação da biodiversidade: dos conceitos às ações|ultimo=Piratelli|primeiro=Augusto João|editora=Technical Books|ano=2013|local=Rio de Janeiro|paginas=22|acessodata=}}</ref>

Existem pelo menos 510 espécies em extinção, algumas em âmbito global, outras em âmbito nacional, e outras estão ameaçadas apenas no bioma: inúmeras espécies endêmicas como o [[Caesalpinia echinata|pau-brasil]] e o [[mico-leão-preto]] acabam se tornando ameaçadas em todos os níveis desde o regional até o global.<ref name="tabarelli2" /> Extinções locais certamente ocorrerão nos próximos anos, visto a enorme fragmentação em algumas regiões como observado nas [[Florestas Costeiras de Pernambuco]] e na [[Floresta Atlântica do Alto Paraná]]: não necessariamente pela conversão dos fragmentos em campos cultivados, mas pelo isolamento deles e por atividades como [[caça furtiva|caça]], queimadas e extração de produtos florestais.<ref name="ibama1"/><ref name="tabarelli2">{{citar livro|autor=TABARELLI, M.|numero-autores=et al|título=Espécies Ameaçadas e Planejamento da Conservação. Em Galindo-Leal, C.; Câmara, I.B. (Orgs). Mata Atlântica: Biodiversidade, ameaças e perspectivas|local=Belo Horizonte|ano=2005|editora=SOS Mata Atlântica e Conservação Internacional|isbn=85-98946-02-8|páginas=470|url=http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/CapituloVIIIEspeciesameacadaseplanejamentodaconservacao.pdf|acessodata=1 de agosto de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130511164720/http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/CapituloVIIIEspeciesameacadaseplanejamentodaconservacao.pdf#|arquivodata=11 de maio de 2013|urlmorta=yes}}</ref>

Na conservação da [[fauna]], o uso de "[[espécie bandeira|espécies bandeira]]"  tem sido útil tanto na preservação de algumas espécies em específico, como o caso do [[mico-leão-dourado]] e do [[muriqui]], quanto na conservação do bioma e conscientização da população.<ref name="tabarelli3">{{citar periódico|autor=TABARELLI, M. |numero-autores=et al |título=Desafios e oportunidades para a conservação da Mata Atlântica brasileira|periódico=Megadiversidade|volume=1|número=1|páginas=132-138|data=2005|url=http://www.researchgate.net/publication/260591848_Desafios_e_oportunidades_para_a_conservao_da_biodiversidade_na_Mata_Atlntica_brasileira}}</ref> Esforços para preservar uma determinada espécie "carismática" como a [[onça-pintada]], acaba por culminar na preservação de grandes áreas de floresta.

==== Corredores ecológicos ====
[[Imagem:Serra do Mar Corredor.jpg|thumb|Imagem de satélite em que se observa o Corredor da Serra do Mar (linha amarela). É o maior trecho de Mata Atlântica no [[Brasil]].]]

As estratégias na conservação da biodiversidade e dos processos ecológicos na Mata Atlântica consistem na criação de [[corredor ecológico|corredores]] unindo os principais fragmentos, possibilitando o fluxo gênico e evitando o isolamento das populações da fauna e flora. Na Mata Atlântica brasileira foram identificados duas áreas estratégicas na criação de corredores: o Corredor da Serra do Mar e o Corredor Central (unindo as florestas do sul da Bahia e norte do Espírito Santo).<ref name="leal"/><ref name="corredor">{{citar livro|autor=AYRES, J.M. |numero-autores=et al |título=Os Corredores Ecológicos das Florestas Tropicais do Brasil|páginas=258|ano=2005|editora=Sociedade Civil Mamirauá|local=Belém, PA|isbn=85-85924-12-8|url=http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/CorredoresEcologicos.pdf}}</ref><ref name="corredorcentral">{{citar livro|autor=LAMAS, I |numero-autores=et al |título=O Corredor Central da Mata Atlântica|editora=Ministério do Meio Ambiente, Conservação Internacional, SOS Mata Atlântica|local=Brasília, FD|ano=2006|isbn=85-7738-014-9|páginas=46|url=http://www.meioambiente.ba.gov.br/arquivos/File/Publicacoes/Cadernos/CorredorCentraldaMataAtlantica.pdf}}</ref> Na Mata Atlântica argentina e paraguaia a estratégia é trinacional (em conjunto com o Brasil), formando um corredor com unidades de conservação da Argentina, Paraguai e Brasil (interior de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul) na ecorregião do [[Floresta Atlântica do Alto Paraná|Alto Paraná]].<ref name="Visão da Biodiversidade"/>

===== Corredor da Serra do Mar =====
Trata-se da ecorregião com os maiores trechos contínuos de Mata Atlântica, além de já haver uma série de unidades de conservação bem consolidadas, sendo portanto, o corredor mais fácil de ser implementado.<ref name="visaobiodiver"/> É uma região com enorme grau de endemismo, notadamente nos remanescentes de florestas costeiras no [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]].<ref name="aguiar">{{citar livro|autor=AGUIAR, A.P.|numero-autores=et al|título=Os Corredores Central e da Serra do Mar na Mata Atlântica brasileira. Em Galindo-Leal, C.; Câmara, I.G. (Orgs). Mata Atlântica: Biodiversidade, Ameaças e Perspectivas|editora=SOS Mata Atlântica e Conservação Internacional|local=Belo Horizonte|ano=2005|páginas=470|isbn=85-98946-02-8|url=http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/CapituloXIOsCorredoresCentraledaSerradoMarnaMataAtlanticabrasileira.pdf|acessodata=1 de agosto de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20130511175200/http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/CapituloXIOsCorredoresCentraledaSerradoMarnaMataAtlanticabrasileira.pdf#|arquivodata=11 de maio de 2013|urlmorta=yes}}</ref> Nos estados de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] e [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] localizam-se importantes unidades de conservação, que possuem em média 350&nbsp;km², como o [[Parque Nacional da Serra da Bocaina]] e o [[Parque Nacional da Serra dos Órgãos]].<ref name="aguiar"/> A presença de enormes trechos de floresta neste corredor deve-se ao relevo muito acidentado, que dificultou a ocupação e o uso da terra para a agropecuária intensiva, entretanto, as terras baixas litorâneas, principalmente regiões de [[manguezal|manguezais]] e [[restinga]]s sofrem com a crescente urbanização e industrialização.<ref name="aguiar"/> Não obstante, a caça e pesca predatórias são ameaças diretas à conservação da fauna.

===== Corredor Central =====
[[Imagem:Corredor Central Sul da Bahia - Espírito Santo.jpg|thumb|esquerda|upright|Imagem de satélite do Corredor Central, no [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]] e [[sul da Bahia]] .]]

A região do Corredor Central compreende cerca de 86 000&nbsp;km² incluindo o [[sul da Bahia]] e todo o [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]].<ref name="corredor"/><ref name="corredorcentral"/><ref name="aguiar"/> É o maior centro de endemismo na Mata Atlântica, com grande riqueza de espécies de plantas, como registrado em [[Una (Bahia)|Una]] e na região central do Espírito Santo.<ref name="aguiar"/> São conhecidas 12 espécies de primatas, representando 60% das espécies endêmicas da Mata Atlântica: o carismático [[mico-leão-de-cara-dourada]] é endêmico das matas do sul da Bahia. Trata-se de região com os principais trechos de "mata de tabuleiro" (uma variação da [[floresta ombrófila densa]]), caracterizada por uma enorme quantidade de [[liana]]s.<ref name="corredorcentral"/>

No sul da Bahia, especificamente, o [[Cacauicultura|cultivo]] do [[cacau]] no sistema de [[cabruca]] foi menos danoso à preservação da biodiversidade, visto não exigir desmatamento total da floresta.<ref name="aguiar"/> Entretanto, foi uma das regiões que mais sofreu com o desmatamento nos últimos anos, principalmente devido à crise do cacau e à [[Indústria papeleira|indústria de papel]]. Visto o alto grau de ameaça aos remanescentes e sua enorme biodiversidade, são exigidas ações de preservação urgentes para o Corredor Central.<ref name="corredor"/><ref name="corredorcentral"/>

Apesar de grande parte da vegetação nativa já ter sido desmatada, existem 83 unidades de conservação, contemplando cerca de 270 000 hectares, sendo no sul do Bahia onde se encontra um importante mosaico de unidades de conservação, totalizando 500 quilômetros quadrados de florestas: [[Parque Nacional do Monte Pascoal]], [[Parque Nacional do Descobrimento]], [[Parque Nacional do Pau-Brasil]].<ref name="corredorcentral"/> No Espírito Santo, a [[Reserva Biológica de Sooretama]] e a [[Reserva Natural Vale]], em [[Linhares (Espírito Santo)|Linhares]], somam 440 quilômetros quadrados de florestas.<ref name="corredorcentral"/> Deve-se salientar que a falta de recursos para implementar os [[Manejo sustentável|planos de manejo]], a insuficiência de pessoal técnico para administrar e proteger as unidades de conservação e impedir a extração ilegal de madeira, [[caça predatória]] e queimadas intencionais dificultam a implementação do corredor e preservação dos remanescentes de floresta.<ref name="aguiar"/>

==== Lei da Mata Atlântica ====
A Lei da Mata Atlântica é uma norma da legislação brasileira que estabeleceu regras sobre a proteção e utilização desse bioma. Ela permite supressão de vegetação em alguns casos. Trata do regime jurídico, dos vários estágios de conservação e evolução dos remanescentes, da abordagem em áreas urbanas e regiões metropolitanas, dos incentivos econômicos e creditícios. O primeiro caso deles é chamado de utilidade pública, que se refere às atividades de segurança nacional e proteção sanitária, obras essenciais de infraestrutura de interesse nacional destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento e energia. Quando necessária ao pequeno produtor rural e populações tradicionais para o exercício de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais imprescindíveis à sua subsistência e de sua família, até o limite máximo de 2 hectares, ressalvadas as áreas de preservação permanente. Espécies arbóreas pioneiras nativas cuja presença, no fragmento florestal, for superior a 60% em relação às demais espécies. Estabelece ainda o Fundo de Restauração do ''Bioma Mata Atlântica''.<ref>{{citar web|url = http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11428.htm|título = LEI Nº 11.428, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2006.|data = 2006|acessodata=6 de Abril de 2015|autor = Brasil.|publicado = Presidência da República}}</ref>

====Planos Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica====
[[Imagem:Camera_digital_nikon_119.jpg|thumb|O [[Parque Nacional da Serra da Bocaina]] é uma das maiores unidades de conservação da Mata Atlântica no [[Brasil]].]]

Os Planos Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica foram criados para facilitar medidas de conservação e recuperação da Mata Atlântica. Devido a grande relevância da Mata Atlântica com a sua importância dentro do cenário da manutenção do ecossistema, e diante de um cenário de degradação e fragmentação cada vez maior deste Bioma, o PMMA é uma ferramenta de trabalho dos órgãos municipais. Dessa forma os municípios atuam como os principais atores para a conservação e recuperação da vegetação nativa e da biodiversidade, com base em um mapeamento dos seus remanescentes, como foi instituído, no Artigo 38 da lei 11 428, - Lei da Mata Atlântica - de dezembro de 2006.<ref>{{citar web | url=http://pmma.etc.br/index.php?option=com_content&view=article&id=79&Itemid=1083 | título=  Título ainda não informado (favor adicionar) | publicado=pmma.etc.br }}</ref> A [[Constituição Brasileira]] (BRASIL, 1988), estabelece autonomia para os municípios atuarem na proteção dos recursos naturais, trazendo uma nova tendência de descentralização para este tema, possibilitando a cada município, estudar o seu cenário e a sua ocupação dentro da Mata Atlântica, e elaborar seu plano de ação de acordo com a sua realidade e possibilidade real de preservação, conservação e restauração.<ref>AGUIAR, A. de O.; STEINMETZ, Sandra: Planos municipais de conservação e recuperação da Mata Atlântica: Lições Aprendidas num projeto de mobilização e capacitação. EnANPAD. Rio de Janeiro, pg 4, 2013.</ref>

==== Unidades de conservação ====
{{Artigo principal|Lista de Unidades de Conservação da Mata Atlântica}}
{{AP|Lista de parques estaduais de São Paulo}}
[[Imagem:Paisagem_a_partir_da_Vila_de_Superaguí.JPG|thumb|[[Parque Nacional de Superagüi]], no [[Paraná]].]]

No domínio da Mata Atlântica existem 131 unidades de conservação federais, 443 estaduais, 14 municipais e 124 privadas, distribuídas por dezesseis estados, com exceção de [[Goiás]]. O domínio da Mata Atlântica é provavelmente a região com o maior número de unidades de conservação na [[América Latina]], entretanto, esses números grandiosos não são suficientes, visto que o sistema está longe de ser adequado: ainda assim, as áreas protegidas cobrem menos de 2% do bioma, as áreas de proteção integral representam apenas 24% dessas unidades e muitas vezes consistem de fragmentos pequenos e isolados, e metade das espécies de vertebrados ameaçadas não se encontram em qualquer área protegida.<ref name="tabarelli3"/> Outros problemas relacionados são a falta de infraestrutura para se manter as unidades de conservação e uma série de impasses com lideranças indígenas e comunidades tradicionais, como observado no [[Ilha do Cardoso|Parque Estadual da Ilha do Cardoso]], [[Parque Nacional de Superagüi|Parque Nacional de Superagui]] e no [[Parque Nacional do Monte Pascoal]].<ref name="tabarelli3"/>

Dentre todas as categorias de unidades de conservação brasileiras, as [[Reserva Particular do Patrimônio Natural|Reservas Particulares do Patrimônio Natural]] (RPPN) têm sido as mais importantes para o estabelecimento de  novas áreas protegidas, dado que a maior parte dos remanescentes de floresta ainda estão em propriedades particulares.<ref name="tabarelli3"/> Principalmente na região nordeste, as RPPNs protegem importantes fragmentos com espécies endêmicas e muito ameaçadas de extinção, principalmente de aves.<ref name="tabarelli3"/> Outra estratégia para criação de novas unidades é a compensação fiscal dada a municípios e estados que possuem áreas protegidas declaradas oficialmente ([[ICMS Ecológico]]).<ref name="tabarelli3"/>

==== "Destruição oculta" ====
Segundo um estudo feito para a tese de doutorado de Marcos Rosa, geógrafo do MapBiomas, a Mata Atlântica está sendo destruída de forma "oculta", pois a área antiga que é rica em biodiversidade está sendo substituída por uma mais jovem.<ref>{{Citar vídeo|pessoas= |data=2021-01-21|titulo=Estudo revela “destruição oculta” da Mata Atlântica [EmResumo]|lingua=português|url=https://www.youtube.com/watch?v=qyznJ-mmFDk&feature=youtu.be|acessodata=2021-01-22|arquivourl=|arquivodata=|formato= vídeo|tempo= |local= Brasil|editora= Canal USP (YouTube)}}</ref>

=== Na Argentina ===
[[Imagem:Anodorhynchus glaucus.jpg|thumb|esquerda|upright|[[Arara-azul-pequena]] é uma espécie provavelmente extinta da Mata Atlântica do Interior na [[Argentina]], [[Paraguai]] e sul do [[Brasil]].]]
A província de [[Misiones (província)|Misiones]] é a única na [[Argentina]] que possui parte de seu território no domínio da Mata Atlântica. É também a que possui os maiores trechos contínuos, com cerca de 10 000&nbsp;km², possibilitando a conservação de extensas áreas de floresta.<ref name="leal"/><ref name="giraudo">{{citar livro|autor=GIRAUDO, A, R, |numero-autores=et al |título=Status da biodiversidade da Mata Atlântica de Interior da Argentina. Em Galindo-Leal, C.; Câmara, I. G. (Orgs). Mata Atlântica: Biodiversidade, Ameaças e Perspectivas|url=http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/CapituloXVStatusdabiodiversidadedaMataAtlanticadeInteriordaArgentina.pdf|editora=SOS Mata Atlântica e Conservação Internacional|ano=2005|local=Belo Horizonte|páginas=160-180|isbn=85-98946-02-8}}</ref> Os remanescentes de floresta em Misiones constituem um importante [[corredor ecológico]] das [[Florestas do Alto Paraná]], possuindo inúmeras unidades de conservação bem consolidadas, como o [[Parque Nacional Iguazú]], o [[Parque Provincial Urugua-í]] e o [[Parque Provincial Puerto Península]].<ref name="Visão da Biodiversidade"/><ref name="leal"/><ref name="giraudo"/> Entretanto, isso representa cerca de 57,5% da cobertura vegetal original.<ref name="giraudo"/> Do ponto de vista da biodiversidade, das 850 espécies de vertebrados conhecidos em Misiones, cerca de 20% correm risco de extinção em âmbito nacional, com algumas espécies provavelmente extintas em âmbito global, como a [[arara-azul-pequena]], que também habitava áreas do sul do [[Brasil]] e leste do [[Paraguai]].<ref name="giraudo"/><ref name="arara">{{citar web|autor=Bird Life Internationl 2012|título=''Anodorhynchus glaucus''|url=http://www.iucnredlist.org/details/106001545/0|publicado=UCN 2012. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2012.1. <www.iucnredlist.org>|acessodata=12 de agosto de 2012}}</ref>

As unidades de conservação representam quase metade da área dos remanescentes de floresta, uma área 4 597,66&nbsp;km² em cerca de 60 áreas protegidas.<ref name="giraudo2">{{citar livro|autor=GIRAUDO, A. |numero-autores=et al |título=Análise crítica das áreas protegidas na Mata Atlântica da Argentina. Em Galindo-Leal, C.; Câmara,I.C. (Orgs). Mata Atlântica: Biodiversidade, Ameaças e Perspectivas.|url=http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/CapituloXXIAnalisecriticadasareasprotegidasnaMataAtlanticadaArgentina.pdf|local=Belo Horizonte|editora=SOS Mata Atlântica e Conservação Internacional|ano=2005|páginas=245-261|isbn=85-98946-02-8}}</ref>  Porém, as diferentes regiões biogeográficas estão desigualmente protegidas, com a maior parte localizadas em áreas de Florestas Montana.<ref name="giraudo2"/> Outros problemas mostrando que o sistema ainda não é ideal, vão desde falta de infra-estrutura, até a escolha das áreas, que muitas vezes se dá por critérios "não científicos".<ref name="giraudo2"/> Visto o desmatamento ainda ocorrer em altas taxas, as unidades de conservação estão se tornando isoladas, o que é um grave problema na conservação da biodiversidade: espécies que exigem grandes áreas, como a [[onça-pintada]] e a [[anta]] são diretamente impactadas por esse isolamento. Na esfera jurídica, a Lei do Corredor Verde institui a criação de um corredor ligando as principais unidades de conservação, de norte a sul da província.<ref name="giraudo2"/> Deve-se salientar, porém, que um dos maiores problemas na implementação desse corredor e de outras áreas protegidas é que o trabalho nem sempre é feito em conjunto com as populações locais, o que acaba causando um impasse entre os interesses dos habitantes e dos conservacionistas.<ref name="giraudo2"/> Ainda prevalece uma cultura "importada" dos países vizinhos (Brasil e Paraguai) de que as florestas são áreas virgens desperdiçadas.<ref name="rey">{{citar livro|autor=REY, L.A.|título=Última oportunidade para a Mata Atlântica|url=http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/CapituloXXIIultimaoportunidadeparaaMataAtlantica.pdf|editora=SOS Mata Atlântica e Conservação Internacional|local=Belo Horizonte|páginas=262-264|ano=2005|isbn=85-98946-02-8}}</ref>
Por fim, os remanescentes de floresta da [[Argentina]] também possuem grande importância em uma ação de conservação trinacional, que une interesses conservacionistas das [[Florestas do Alto Paraná]] no [[Brasil]], Argentina e [[Paraguai]], já que possui os maiores trechos contínuos de floresta nessa ecorregião.<ref name="Visão da Biodiversidade"/> Existe a iniciativa de implementação de unir as unidades de conservação de Mata Atlântica do Interior desses três países através de um corredor reflorestado pela bacia do [[rio Paraná]].<ref name="Visão da Biodiversidade"/>

=== No Paraguai ===
[[Imagem:Itabo33.png|thumb|[[Reserva Biológica Itabó]], na parte paraguaia do reservatório de [[Usina Hidrelétrica de Itaipu|Itaipu]].]]

O domínio da Mata Atlântica cobria todo o leste do [[Paraguai]], totalizando cerca de 156 028&nbsp;km².<ref name="paraguay"/> Atualmente, restam cerca de 15% da vegetação original (pouco mais de 11 000&nbsp;km²), distribuídos em fragmentos relativamente isolados nos complexos da bacia do [[rio Paraguai]] e [[rio Paraná|Paraná]].<ref name="Visão da Biodiversidade"/> Por muito tempo, as florestas do Paraguai permaneceram isoladas e preservadas, com um aumento no desmatamento a partir da década de 1980, resultando em uma perda de 15 400&nbsp;km² somente na década de 1990: tal desmatamento acabou por isolar as unidades de conservação implantadas como forma de compensação pela construção de [[Usina Hidrelétrica de Itaipu|Itaipu]], como a [[Reserva Biológica Itabó]].<ref name="paraguay"/> Até hoje, a [[biodiversidade]] da região é pouco conhecida, tendo o conhecimento muitas vezes baseados em relatos superficiais e amplos de padres e pesquisadores estrangeiros isolados. Sabe-se que em relação à [[fauna]] aquática, existe notável semelhança com a [[Floresta Amazônica]]. As dificuldades sócio-econômicas do Paraguai dificultam as ações conservacionistas, visto que a manutenção de florestas passa a ser visto como um empecilho ao desenvolvimento da região: isto é causa de extrema pressão não só em áreas de floresta particulares, como aquelas que são oficialmente protegidas.<ref name="cartes"/> Tal dificuldade na conservação das florestas também se reflete na dificuldade na implementação de uma [[reforma agrária]] e na solução do uso ilegal de terras devolutas.<ref name="cartes">{{citar livro|autor=CARTES, J.L.; YANOSKY, A.|título=Dinâmica da perda da biodiversidade na Mata Atlântica paraguaia: uma introdução|url=http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/CapituloXXIIIDinamicadaperdadabiodiversidadenaMataAtlanticaparaguaia.pdf|editora=SOS Mata Atlântica e Conservação Internacional|ano=2005|local=Belo Horizonte|páginas=267-268|isbn=85-98946-02-8}}</ref> Apesar das dificuldades de implementação de unidades de conservação da Mata Atlântica paraguaia, existe um bom exemplo de como ações conservacionistas podem dar certo no país: a [[Reserva Natural Bosque Mbaracayú]], que junto com outros fragmentos próximos, constitui a única [[Reserva da Biosfera]] paraguaia.<ref name="yanosky"/><ref name="unesco">{{citar web|título=Reserva de Biosfera del Bosque Mbaracayú|url=http://www.unesco.org.uy/mab/fileadmin/ciencias%20naturales/mab/wp38baja.pdf|publicado=[[UNESCO]]|acessodata=5 de agosto de 2012}}</ref> Essa reserva é uma unidade de conservação particular, que consiste no único grande fragmento (possui cerca de 640&nbsp;km²) de floresta no país que é efetivamente protegido.<ref name="yanosky"/> Ademais, as reservas particulares têm se mostrado uma eficiente estratégia na conservação das [[Florestas do Alto Paraná]] no [[Paraguai]], visto que as áreas públicas passam por sérios problemas, resultado de uma política ineficiente do Estado em reger tais áreas.<ref name="yanosky">{{citar livro|autor=YANOSKY, A.; CABRERA, E.|título=Capacidade de conservação na Mata Atlântica de Interior do Paraguai. Em Galindo-Leal, C.; Câmara, I.C. (Orgs). ''Status'' do hotspot Mata Atlântica: Biodiversidade, Ameaças e Perspectivas.|url=http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/CapituloXXVIIICapacidadedeconservacaonaMataAtlanticadeInteriornoParaguai.pdf|editora=SOS Mata Atlântica e Conservação Internacional|local=Belo Horizonte|ano=2005|páginas=326-352|isbn=85-98946-02-8}}</ref>

=== Projetos sustentáveis ===
Muitas comunidades utilizam da mata atlântica para a própria sobrevivência, como a comunidade Mandira<ref>{{Citar web |url=https://cananeiaemfoco.com.br/comunidade-quilombola-do-mandira/ |titulo=Comunidade Quilombola do Mandira - História contada de geração em geração {{!}} A Revista de todos nós |acessodata=2021-04-26 |lingua=en}}</ref> que utiliza das ostras e venda delas, para o próprio sustento. Essa comunidade,  pratica o processo de extração das ostras efetuam uma pratica de mercado sustentável, mas porque ela é uma pratica sustentava. Primeira mente o aspecto social (trás recursos e fontes de renda para a comunidade) aspetos económicos (geram uma fonte de renda fixa para a comunidade) e os aspetos ambientais se dão (no próprio processo de engorda, se importam para não afetar o ecossistema, preservado ostras matrizes somente retirando ostras com tamanhos medianos e em quantidade restritas. Este é um exemplo de projeto sustentável presente dentro da mata Atlântida mais especificamente no ecossistema mangue.

== Ver também ==
* [[Código Florestal]]
* [[Lista de parques nacionais do Brasil]]
* [[Lista de Unidades de Conservação da Mata Atlântica]]
* [[SOS Mata Atlântica]]
* [[World Wide Fund for Nature]]

{{Notas e referências}}

===Bibliografia===
{{refbegin|2}}
* Galindo-Leal, c. & Gusmão, I. (2003). ''The Atlantic Forest of South America: Biodiversity Status, Threats, and Outlook''. Island Press, [http://www.academia.edu/3412772/The_Atlantic_forest_of_South_America_Biodiversity_status_threats_and_outlook], [https://books.google.com.br/books?id=FkPy-K4iroAC].
* Joly, C.A. et al. (2012). Florística e fitossociologia, em parcelas permanentes, da Mata Atlântica do sudeste do Brasil ao longo de um gradiente altitudinal. ''Biota Neotropica'' 12(1), [http://www.biotaneotropica.org.br/v12n1/pt/fullpaper?bn01812012012+pt].
* Pereira, A.B. (2009). Mata Atlântica: uma abordagem geográfica. ''Nucleus'', v.6, n.1, p.&nbsp;27-52, [https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/4033686.pdf].
* Por, F. D. (1992). ''Sooretama. The Atlantic Rain Forest of Brazil''. SPB Academic Publishing, The Hague, 130p., [https://books.google.com.br/books?id=hf5cAAAAMAAJ].
* Scudeller, V.V. (2002). ''Análise fitogeográfica da Mata Atlântica, Brasil''. Tese de Doutorado, PG Biologia Vegetal, IB, UNICAMP, [http://repositorio.unicamp.br/Acervo/Detalhe/242047].
* UFV (2006). ''Mata Atlântica''. Material da disciplina ENF448 - Recursos Naturais e Manejo de Ecossistemas. Viçosa: UFV, Departamento de Engenharia Florestal, [ftp://www.ufv.br/def/disciplinas/ENF448/aula_10_fitogeografia/BIOMAS/MATA%20ATL%C2NTICA.pdf].
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== Ligações externas ==
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* {{citar web | url=http://www.mma.gov.br/port/sbf/pnf/n2dados.html | título= Ministério do Meio Ambiente | publicado=www.mma.gov.br }}

{{Mata Atlântica Eco WWF}}
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