AFVG
AFVG | |
---|---|
Conceito artístico do AFVG | |
Descrição | |
Tipo / Missão | Interceptor Ataque táctico Reconhecimento |
País de origem | Reino Unido / França |
Fabricante | British Aircraft Corporation/Dassault Aviation |
Período de produção | Cancelado |
Quantidade produzida | 0 |
Desenvolvido em | Panavia Tornado |
Tripulação | 2 |
Especificações | |
Dimensões | |
Comprimento | 17,53 m (57,5 ft) |
Envergadura | 12,98 m (42,6 ft) |
Altura | 5,39 m (17,7 ft) |
Peso(s) | |
Peso carregado | 22 680 kg (50 000 lb) |
Propulsão | |
Motor(es) | 2 × SNECMA/Bristol Siddeley M45G |
Performance | |
Velocidade máxima | 3 017 km/h (1 630 kn) |
Velocidade máx. em Mach | 2,5 Ma |
Alcance (MTOW) | 6 486 km (4 030 mi) |
Teto máximo | 18 290 m (60 000 ft) |
Armamentos | |
Metralhadoras / Canhões | 2 x canhões de 30 mm (1,18 in) |
Bombas | Arma nuclear táctica de 1 134 kg (2 500 lb)[1] |
O AFVG (Anglo-French Variable Geometry) foi uma aeronave experimental supersónica de combate táctico com uma asa de geometria variável,[nota 1] desenvolvida por uma parceria entre a British Aircraft Corporation no Reino Unido e a Dassault Aviation de França. O projecto foi cancelado em Junho de 1967, quando o governo francês retirou-se do projecto. A BAC modificou as especificações do caça para atender unicamente às necessidades da Força Aérea Real, reconfigurando o design como UKVG e procurando novos parceiros internacionais para desenvolver a aeronave, que no final resultou no Panavia Tornado.
Desenvolvimento
[editar | editar código-fonte]Início do projecto
[editar | editar código-fonte]O projecto AFVG teve início num estudo de design de um P.45 da BAC[nota 2] para uma aeronave de geometria variável capaz de servir nas missões de treino e na linha da frente para a Força Aérea Real. Outros designs também estiveram na origem para o projecto inicial[nota 3] para alcançar um AST.362.[4]
Colaboração anglo-francesa
[editar | editar código-fonte]Discussões em torno do projecto tiveram início em 1964 entre a França e a Grã-Bretanha num clima de colaboração em programas de aviação militar com Handel Davies, o co-presidente do comité anglo-francês, e o francês Lecamus, negociando o lançamento de duas novas aeronaves militares de combate. Os franceses tomariam a liderança do projecto no que competia às componentes de treino e de ataque-terrestre ligeiro, enquanto os britânicos assumiriam a liderança do desenvolvimento da asa multi-funções da aeronave.[5]
A 17 de Maio de 1965, depois do cancelamento do BAC TSR-2, os governos britânico e francês assinaram acordos para dois projectos conjuntos; um baseado no proposto Breguet Aviation Be.121 ECAT ("Tactical Combat Support Trainer"), que mais tarde com o cancelamento do AFVG se tornaria no SEPECAT Jaguar, e o outro seria o AFVG, uma aeronave com uma envergadura ligeiramente maior, com geometria variável, capaz de aterrar em porta-aviões franceses, actuar como interceptor, efectuar ataques tácticos e reconhecimento para a Força Aérea Real.[6]
Espeficicações de design
[editar | editar código-fonte]Ao serviço da RAF, pretendia-se original que o AFVG fosse um caça, substituindo o English Electric Lightning.[7] Contudo, devido à decisão da RAF em optar pelo F-4 Phantom II para preencher essa lacuna, o papel do AFVG mudou em 1966 para servir como aeronave de apoio ao F-111K[nota 4] ao substituir o English Electric Camberra e o V bomber.[8]
O AFVG seria alimentado por dois motores turbofan SNECMA/Bristol Siddeley M45G.[9] O programa de desenvolvimento dos motores seria apresentado pelo governo francês a uma parceria composta pela SNECMA e Bristol Siddeley, em França.[8]
Cancelamento
[editar | editar código-fonte]Para Marcel Dassault, o fundador da empresa que carregava o seu nome, a Dassault Aviation ao recuar-se da liderança num grande projecto como o AFVG em prol da BAC, a empresa seria seriamente afectada no seu objectivo a longo-prazo de se tornar numa grande potência no desenvolvimento de aeronaves de combate.[10] Depois de pouco menos de um ano, a Dassault começou propositadamente a afastar-se do projecto AFVG, trabalhando em dois projectos da empresa: o Dassault Mirage G e o Dassault Mirage F1.[11]
Em Junho de 1967, o governo francês anunciou a sua retirada do projecto AFVG alegando motivos relativos a custos monetários.[nota 5] Esta decisão por parte dos franceses levou a acesos debates na Câmara dos Comuns.[13] Por esta altura, o Ministério do Ar do Reino Unido via-se num dilema devido ao pouco tempo que restava para se formalizar o cancelamento do F-111k, uma decisão que foi tomada no início de 1968.[14]
Novo design
[editar | editar código-fonte]Com a RAF vendo-se sem algum tipo de aeronave capaz de cumprir o papel de interceptor, a BAC reaproveitou o design do AFVG, eliminando as características francesas que deixariam de fazer sentido consoante as necessidades da RAF, transformando o AFVG numa aeronave de maior envergadura, sendo ainda de geometria variável, porém com um poder de ataque superior. O seu nome seria UKVG.[11] O financiamento para este projecto, ao ser seriamente restrito pela governo britânico, fez com que houvesse uma necessidade de procurar parceiros internacionais na NATO[nota 6] para a realização deste, tornando-o num interceptor comum a diversos países NATO. Este projecto evoluiria assim para o Panavia Tornado.[5]
Notas
- ↑ Na época, o termo em uso era o de geometria variável.
- ↑ A BAC cessou os trabalhos no P.45 e no seu sucessor P.61 em 1965.[2]
- ↑ Aos P.45 e P.61 da BAC, juntava-se o Folland Fo.147, o Hawker Siddeley P.1173, o Hunting H.155 e o Vickers 593 como concorrentes ao AST.362.[3]
- ↑ Outro design de geometria variável, desta vez pelos E.U.A., substituíndo o TSR-2.
- ↑ A Dassault adquiriu dados valiosos sobre as configurações da geometria variável e poderá ter usado a "desculpa" dos custos para desviar fundos para os seus outros dois projectos.[12]
- ↑ Bélgica, Canada, Itália, Países-Baixos e Alemanha Ocidental foram consultados para participar no novo projecto UKVG.[5]
Referências
- ↑ Wood 1986, p. 185
- ↑ «The Sepecat Jaguar and its roots». Top Secret (em inglês). Abovetopsecret.com. Consultado em 4 de fevereiro de 2011. Cópia arquivada em 4 de março de 2016.
- ↑ Hastings, David (2010). «SEPECAT Jaguar: Origins». Target Lock (em inglês). Targetlock.org.uk. Consultado em 13 de fevereiro de 2011. Arquivado do original em 19 de junho de 2016.
- ↑ Bowman 2007, p. 13
- ↑ a b c «Obituary: Handel Davies». The Guardian (em inglês). Guardian.co.uk. 24 de maio de 2003. Consultado em 29 de janeiro de 2011. Cópia arquivada em 6 de março de 2016
- ↑ «Anglo-French projects go ahead… The AFVG and its dual role». Flight (em inglês). Flightglobal.com. 26 de janeiro de 1967. Cópia arquivada em 28 de dezembro de 2016
- ↑ Gardner 1981, p. 137
- ↑ a b «AFVG Programme Details: Questions and some answers from the Commons debate on defence». Flight (em inglês). Flightglobal.com. 9 de março de 1967. Consultado em 29 de janeiro de 2011. Cópia arquivada em 28 de dezembro de 2016
- ↑ Morris 1994, p. 137
- ↑ Gardner 2006. pp. 214–215
- ↑ a b «The death of European fighters?». Hush-Kit. 23 de dezembro de 2013. Consultado em 16 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 21 de abril de 2017
- ↑ «Military and Research». Flight (em inglês). Flightglobal.com. 1 de junho de 1967. Consultado em 29 de janeiro de 2011. Cópia arquivada em 5 de março de 2016.
- ↑ «Mr. Healey under Fire: The AFVG Censure debate». Flight (em inglês). Flightglobal.com. 20 de julho de 1967. Consultado em 29 de janeiro de 2011. Cópia arquivada em 23 de dezembro de 2017
- ↑ «General Dynamics F-111K». www.joebaugher.com. Consultado em 16 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 18 de novembro de 2016
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Bowman, Martin W. SEPECAT Jaguar. Barnsley, South Yorkshire, UK: Pen and Sword Books, 2007. ISBN 1-84415-545-5.
- Gardner, Charles. British Aircraft Corporation: A History. London: B.T. Batsford Limited, 1981. ISBN 0-7134-3815-0.
- Gardner, Robert. From Bouncing Bombs to Concorde: The Authorised Biography of Aviation Pioneer Sir George Edwards OM. Stroud, Gloustershire, UK: Sutton Publishing, 2006. ISBN 0-7509-4389-0.
- Heron, Group Captain Jock. "Eroding the Requirement." The Birth of Tornado. London: Royal Air Force Historical Society, 2002. ISBN 0-9530345-0-X.
- Morris, Peter W. G. The Management of Projects. Reston, VA: American Society of Civil Engineers, 1994. ISBN 978-0-7277-1693-4.
- Wallace, William. "British External Relations and the European Community: The Changing Context of Foreign Policy-making." JCMS: Journal of Common Market Studies, Volume 12, Issue 1, September 1973, pp. 28–52.
- Willox, Gerrie. "Tornado/MRCA: Establishing Collaborative partnerships and Airframe Technology." The Birth of Tornado. London: Royal Air Force Historical Society, 2002. ISBN 0-9530345-0-X.
- Wood, Derek. Project Cancelled: The Disaster of Britain's Abandoned Aircraft Projects. London: Jane's, 2nd edition, 1986. ISBN 0-7106-0441-6.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «"Projecto anglo-francês segue em frente… O AFVG e a sua dupla missão"». Flight, 26 de Janeiro de 1967 - flightglobal.com
- «"Projecto anglo-francês segue em frente… Inclui um design artístico da aeronave pretendida tanto pelos britânicos como pelos franceses, concebido pelo ilustrador da Flight Frank Munger,"». Flight, 26 de Janeiro de 1967 - flightglobal.com