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Cisto periodontal lateral

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O cisto periodontal lateral (CPL) é um cisto do desenvolvimento incomum, que representa entre 0,4 a 0,7% de todos os cistos da região oral e maxilofacial.[1][2] Ele é um cisto odontogênico causado pela proliferação de restos odontogênicos como a lâmina dentária, o epitélio reduzido do esmalte, e os restos epiteliais de Malassez.[2]

Sinais e sintomas

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O CPL é normalmente assintomático, mas pode causar expansão indolor da cortical óssea.[2] Raramente pode perfurar a cortical óssea e se comunicar com a superfície gengival.[2] Ele está associado a dentes vitais.[2]

Aspectos radiológicos e histológicos

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Radiograficamente, o CPL é caracterizado por ser uma lesão radiolúcida unilocular bem delimitada, normalmente menor que 1 cm de diâmetro, localizada entre as raízes de um dente ou lateralmente às raízes, assumindo formato arredondado, ovoide ou em gota.[1][2][3] O CPL é delimitado por um halo radiopaco.[3] Em casos de lesões multiloculares, ele passa a ser chamado de cisto odontogênico botrioide.[2][3]

Histologicamente, o CPL é caracterizado por ser um cisto verdadeiro (cavidade revestida por epitélio), cujo revestimento epitelial é fino (entre 1 a 5 mm de espessura) e não queratinizado, assemelhando-se ao epitélio reduzido do esmalte.[2][3] O epitélio escamoso não queratinizado é organizado em até 5 camadas em forma de paliçada, e pode possuir áreas de maior espessura (placas) que contém células claras fusiformes ricas em glicogênio, e nessas áreas espessas, há hialinização do tecido conjuntivo subjacente.[3] A inflamação não está presente, e a cápsula do cisto é composta de tecido conjuntivo fibroso.[2][3]

O cisto odontogênico botrioide possui características um pouco diferentes, pelo aspecto multicístico dentro do osso, mas com características celulares idênticas ao CPL.[3]

O CPL possui origem nos restos da lâmina dentária (que também apresenta células claras ricas em glicogênio), ou no epitélio reduzido do esmalte (cujo epitélio cístico se assemelha, e que também apresenta PCNA na imuno-histoquímica), ou nos restos epiteliais de Malassez (que estão próximos da sua localização típica).[3]

Sua patogênese está relacionada ao cisto gengival do adulto (considerado por muitos autores sua variante extraóssea/periférica) e ao cisto odontogênico glandular.[3]

Epidemiologia

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O CPL afeta mais homens do que mulheres (2:1) e principalmente pacientes entre a quinta e sétima década de vida, sendo raro em pacientes com menos de 30 anos.[2][3][4] Acomete principalmente a mandíbula, em região de pré-molares e caninos.[4] Ele representa entre 0,6 a 2% de todos os cistos odontogênicos, sendo incomum.[1]

O diagnóstico do CPL associa as características clínicas, radiológicas e histopatológicas da lesão.[1] Apesar de radiograficamente possuir um aspecto bem particular, em alguns casos, especialmente quando se apresenta de forma multilocular como um cisto odontogênico botrioide, ele pode se assemelhar a outras lesões.[1] A localização incomum do CPL em casos raros também pode confundir o diagnóstico.[1]

Diagnóstico diferencial inclui:[1]

Prognóstico e tratamento

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O CPL possui excelente prognóstico.[3] Seu tratamento consiste na enucleação da lesão, e normalmente pode ser feito sem prejuízo ao dente associado.[3] A recidiva não é comum, mas já foi relatada na literatura para a variante botrioide.[3]

  1. a b c d e f g Barbirato, Ds.; Fogacci, M.; Rodrigues, M.; Vasconcelos, Be.; de Barros, M.; Pires, F. (2022). «Lateral periodontal cyst: A rare clinicopathological presentation mimicking a residual cyst» (PDF). Journal of Clinical and Experimental Dentistry: e95–e99. PMC PMC8760967Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 35070130. doi:10.4317/jced.58668. Consultado em 19 de outubro de 2024 
  2. a b c d e f g h i j Morrison, Annie (5 de dezembro de 2021). «Lateral periodontal cyst and botryoid odontogenic cyst.». PathologyOutlines.com. Consultado em 19 de outubro de 2024 
  3. a b c d e f g h i j k l m Carvalho, Luis Felipe; Lima, Celina Faig; Cabral, Luiz Antonio; Brandão, Adriana Aigotti; Almeida, Janete Dias (27 de outubro de 2010). «Lateral Periodontal Cyst: a Case Report and Literature Review». Journal of Oral and Maxillofacial Research (4). PMC PMC3886068Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 24421982. doi:10.5037/jomr.2010.1405. Consultado em 19 de outubro de 2024 
  4. a b Soluk-tekkesin, Merva; Wright, John M. (2022). «The world health organization classification of odontogenic lesions: a summary of the changes of the 2022 (5th) edition». Turkish Journal of Pathology. ISSN 1018-5615. PMC PMC9999699Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 35578902. doi:10.5146/tjpath.2022.01573. Consultado em 19 de outubro de 2024