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João António de Azevedo Coutinho Fragoso de Sequeira

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João António de Azevedo Coutinho Fragoso de Sequeira
João António de Azevedo Coutinho Fragoso de Sequeira
Nascimento 3 de fevereiro de 1865
Alter do Chão
Morte 7 de dezembro de 1944
Lisboa
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Ocupação explorador, oficial de marinha, político
Distinções
  • Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo
  • Grande-Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada
  • Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada
  • Grã-Cruz da Ordem do Império

João António de Azevedo Coutinho Fragoso de Sequeira GOTEGCTEGCCGCIC (Alter do Chão, Alter do Chão, 3 de Fevereiro de 1865Lisboa, 7 de Dezembro de 1944), mais conhecido apenas por João de Azevedo Coutinho ou João Coutinho, foi um político, administrador colonial e militar da Armada Portuguesa, na qual atingiu o posto de contra-almirante honorário,[1] que aos 25 anos foi um dos heróis africanos que foram proclamados Benemérito da Pátria pela Câmara dos Deputados das Cortes, pelo seu papel nas Campanhas de Conquista e Pacificação das colónias portuguesas de África. Foi deputado, governador-geral da colónia de Moçambique (1905-1906), Ministro da Marinha e Ultramar (1909-1910) e senador monárquico no Congresso da República (1925-1926). Monárquico convicto, foi lugar-tenente do rei D. Manuel II de Portugal quando este se encontrava no exílio após a implantação da República Portuguesa.[2]

João António de Azevedo Coutinho Fragoso de Sequeira nasceu em Alter do Chão, Alter do Chão, filho de Manuel de Azevedo Coutinho Fragoso de Sequeira e de Maria Efigénia de Azevedo Coutinho da Gama Lobo Pinto Guedes, uma família com ligações aristocráticas.

Assentou praça na arma de Cavalaria do Exército Português a 13 de outubro de 1880, transferindo-se para a Armada a 10 de Novembro de 1882, com o posto de aspirante.

Em 1884 foi promovido ao posto de guarda-marinha. Em Fevereiro de 1885 foi colocado na Divisão Naval do Índico onde cumpriu o seu tirocínio obrigatório de 3 anos. Nesse período foi enviado em comissão de serviços para Moçambique onde se destacou nas operações de ocupação colonial, distinguindo-se pela bravura e capacidade de comando de tropas.

Comandou os iates navais Tungué e Lúrio e o vapor Auxiliar, com os quais, entre 1886 e 1888, para além das operações militares em que participou, conduziu diversos trabalhos hidrográficos, entre os quais o reconhecimento da costa entre Moginquale e Ponta Bajona e o levantamento hidrográfico das barras do rio Moginquale e do rio Muite[3] em Infusse. Os resultados dos levantamentos por ele efectuados foram publicados pela Comissão de Cartografia da Marinha Portuguesa e pelo Almirantado Britânico. Como comandante do vapor Auxiliar, coadjuvou o então capitão-tenente João Augusto Botto no levantamento da planta da Baía de Lourenço Marques e dos acessos à Baía de Tungue.[4]

Terminado o tirocínio, em janeiro de 1889 regressou a Portugal, mas logo em junho daquele mesmo ano foi nomeado para nova comissão em Moçambique. Esta nomeação deveu-se à organização de um corpo expedicionário que acompanhou António Enes com o objectivo de reduzir a pressão dos povos nativos e dos britânicos sobre Lourenço Marques e o sul do território.

Nesta sua segunda comissão, entre outras ações, comandou a canhoneira Cherim quando Serpa Pinto chegou a África com a missão de manter o domínio português na região do Chire e Ruo, nas vésperas do ultimato britânico de Janeiro de 1890. Foi o comandante da rendição de Chilomo e o pacificador do régulo Gambi, tendo imposto o domínio português na zona do Ruo ao Milange.

A sua acção em Moçambique levou a que 15 de janeiro de 1891, com apenas 25 anos de idade, no seu regresso a Lisboa fosse recebido em apoteose e proclamado, por decisão unânime das Cortes, como benemérito da Pátria. Ao longo da sua carreira foi agraciado com dois graus da Ordem Militar da Torre e Espada.

Foi ajudante de campo de D. Carlos I e de D. Manuel II e por várias vezes condecorado.

Em 1900 foi eleito deputado.

A 3 de Outubro de 1902 como Primeiro-Tenente da Armada e Governador da Zambézia, foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada (Diário do Governo, n.º 227, 8 de Outubro de 1902).

Nessa altura fez a Campanha do Barué[5], cujas tropas percorreram três mil quilómetros, conseguindo a pacificação completa da região[6].

Foi nomeado governador-geral de Moçambique (1905-1906). A 31 de Dezembro de 1904 teve o Título de Conselho de Sua Majestade Fidelíssima como Capitão-Tenente da Armada e Governador-Geral da Província de Moçambique, nos termos do Art.º 9.º do Decreto de 1 de Dezembro de 1869 (proposta do Ministério da Marinha e Ultramar) (Diário do Governo, n.º 3, 4 de Janeiro de 1905).[7]

A 9 de Fevereiro de 1908, após o regicídio que pôs termo ao reinado de D. Carlos I de Portugal, e até 16 de Abril de 1909, foi nomeado 53.º Governador Civil do Distrito de Lisboa, então um cargo de grande importância face ao clima insurreccional que se vivia na cidade. A 4 de Janeiro de 1909[8], sendo do Conselho de Sua Majestade Fidelíssima e Governador Civil do Distrito de Lisboa, por relevantes serviços prestados ao Estado, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo (Diário do Governo, n.º 4, 7 de Janeiro de 1909).[9]

Foi, por duas vezes, Ministro da Marinha e Ultramar (1909-1910) dos últimos governos da Monarquia Constitucional Portuguesa.

A implantação da República Portuguesa levou a que fosse reformado compulsivamente em 1910, no posto de capitão-de-fragata, já que se manteve fiel aos ideais monárquicos.

Chegou a fazer parte de uma conspiração monárquica que ocorreu em diversas cidades portuguesas a 21 de Outubro de 1913, conhecida por Primeira Outubrada, dirigido por ele em Lisboa, só que o golpe foi contido porque o governo tinha um infiltrado entre os conspiradores.

Em 1919, com Aires de Ornelas, foi um dos líderes da revolta que em Lisboa apoiou a Monarquia do Norte, participando activamente na tomada de Monsanto. Pela sua acção nestes incidentes que foi preso e exilado.

Tendo beneficiado de uma das amnistias concedidas aos monárquicos pelos governos da Primeira República Portuguesa, regressou a Portugal e em 1925 foi eleito senador no Congresso da República pelo círculo eleitoral de Portalegre, integrado nas listas monárquicas.

Mais tarde, liderou a Causa Monárquica e foi lugar-tenente em Portugal do ex-rei D. Manuel II de Portugal, exilado em Londres. Após a morte de D. Manuel II, acabou por se tornar um interlocutor privilegiado de António de Oliveira Salazar nas matérias respeitantes à Casa de Bragança-Saxe-Coburgo e Gota e aos seus bens em Portugal. A 3 de Agosto de 1932, ano da morte de D. Manuel II, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Império Colonial e a 8 de Dezembro de 1939 foi elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada.[10]

Em 1942 foi solenemente integrado na Armada, e promovido a vice-almirante honorário. Foi então alvo de expressivas homenagens por parte do Estado Novo, nas quais se exaltou a sua vida cheia de episódios onde a coragem extrema, o respeito pelos adversários, o interesse pela cultura africana, a esclarecida capacidade e, sobretudo, o inflexível cumprimento dos deveres de fidelidade e de honra, sempre sobressaíram de forma invulgar.

A 7 de Março de 1970 procedeu-se ao lançamento ao mar da corveta NRP João Coutinho, da Marinha Portuguesa, assim denominada em sua homenagem.

Foi impressa uma nota de 50$00 de Moçambique com a sua imagem.

Casamento e descendência

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João de Azevedo Coutinho casou com Maria Inês de Barahona Caldeira de Castel-Branco (n. 25 de Outubro de 1866), filha de Inácio Cardoso de Barros Castelo-Branco Barba Mouzinho e Mattos e de Maria José Barahona Fragoso Cordovil da Gama Lobo. Filhos:

Obras publicadas

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  • Do Nyassa a Pemba, Typog. da Companhia Nacional Editora (1893)
  • A campanha do Barué em 1902, Typ. da Livraria Ferin, (1904);
  • Valor e eficiência patriótica das missões católicas, Tip. Leitão (1934)
  • O combate de Macequece (1935);
  • As duas conquistas de Angoche (1935);
  • Manuel António de Sousa: um capitão-mór da Zambézia, Divisão de Publicações e Biblioteca, Agência Geral das Colónias (1936)
  • Memórias de Um velho Marinheiro e soldado de África (1941).

Notas

  1. "Vice-Almirante João de Azevedo Coutinho", Boletim Geral das Colónias, Ano 18.º, n.º 202 (Abril de 1942), pp. 35-40.
  2. "Vice-almirante João de Azevedo Coutinho" im Boletim Geral das Colónias, Ano 21.º, n.º 235 (Janeiro de 1945), pp. 5-9.
  3. Carta da Barra do Muite.
  4. Carta da Baía de Tungue produzida pelo levantamento.
  5. Campanha do Barué, sob o comando de João de Azevedo Coutinho., Código de referência PT/AHM/FE/110/B7/PQ/06, Arquivo Histórico Militar, 1902
  6. AZEVEDO COUTINHO. (João de) A CAMPANHA DO BARUÉ EM 1902., Livraria castro e Silva
  7. "Mercês Honoríficas do Século XX (1900-1910)", Jorge Eduardo de Abreu Pamplona Forjaz, Guarda-Mor, 1.ª Edição, Lisboa, 2012, p. 58
  8. "Mercês Honoríficas do Século XX (1900-1910)", Jorge Eduardo de Abreu Pamplona Forjaz, Guarda-Mor, 1.ª Edição, Lisboa, 2012, p. 116 indica erradamente o ano de 1908.
  9. "Mercês Honoríficas do Século XX (1900-1910)", Jorge Eduardo de Abreu Pamplona Forjaz, Guarda-Mor, 1.ª Edição, Lisboa, 2012, p. 116
  10. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "João António de Azevedo Coutinho Fragoso de Siqueira". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 14 de fevereiro de 2013 
  • António M. Martinó. João de Azevedo Coutinho, Marinheiro e Soldado de Portugal. Lisboa: Edições Colibri, 2002 (ISBN 972-772-355-1).
  • Teixeira da Silva, Reis Arenga, Silva Ribeiro, Santos Serafim, Alburquerque e Silva e Melo e Sousa. A Marinha na Investigação do Mar. 1800-1999. Lisboa: Instituto Hidrográfico, 2001.
  • Marinho da Silva. João de Azevedo Coutinho. Lisboa: Colecção pelo Império (n.ºs 113-114).

Ligações externas

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Precedido por
Tomás António Garcia Rosado
Governador-geral de Moçambique
1905 - 1906
Sucedido por
Alfredo Augusto Freire de Andrade