Operador adjunto
Em matemática e, em especial, em análise funcional, um operador linear em um espaço de Hilbert pode possuir um operador adjunto. Essa relação é a generalização, para qualquer dimensão, do conceito da matriz transposta conjugada. Se pensarmos no espaço de Hilbert como uma "generalização dos números complexos", então o adjunto de um operador desempenha o papel do conjugado de um número complexo.[1]
O adjunto de um operador é, por vezes, chamado de conjugado Hermitiano de (em homenagem a Charles Hermite) e é denotado por ou , sendo a última notação especialmente utilizada em conjunto com a notação Bra-ket.[2]
Definição para os operadores limitados
[editar | editar código-fonte]Suponha que é um espaço de Hilbert, com o produto interno . Considere um operador linear contínuo (isso é o mesmo que um operador linear limitado).
Usando o teorema da representação de Riesz, pode-se mostrar que existe um operador linear contínuo único com a seguinte propriedade:
Esse operador é o adjunto de . Isso pode ser visto como uma generalização da matriz adjunta.
Propriedades
[editar | editar código-fonte]Propriedades imediatas:
- (Involução )
- Se é inversível, então assim é , com
- (aditividade)
- , onde denota o conjugado do número complexo
Se definimos a norma operacional de por
então
- .
Além disso,
O conjunto de operadores lineares limitados em um espaço de Hilbert juntamente com a operação adjunta e norma operacional formam um protótipo de uma álgebra .
Componentes
[editar | editar código-fonte]Seja um espaço vetorial finito sobre o corpo complexo e dois vetores ortonormais contidos na base canônica desse espaço vetorial. Para qualquer dois vetores contidos nesse espaço na base canônica teremos que
.
Assim considere o operador ( é endomórfico a ), suas componentes são dadas por
mas note que
portanto
desse modo
portanto o adjunto de um operador representado matricialmente é igual à transposta da sua matriz com os conjugados complexos tomados.
Operador Hermitiano
[editar | editar código-fonte]Um operador que atua num determinado espaço vetorial é dito hermitiano se satisfaz
Um exemplo de operador hermitiano é o operador momento, visto na mecânica quântica. Suas componentes na base do operador posição são encontradas a partir da relação de completeza (estamos supondo que o espaço vetorial onde esses operadores atuam é completo)
pois as componentes do operador de derivação não são hermitianas (é anti-hermitiano)
o fator torna o operador hermitiano:
Como o valor de um observável tem de ser uma grandeza real, os autovalores de qualquer operador que corresponde a um observável, têm de ser reais por si próprios. Esta condição é garantida se o operador apresenta a propriedade especial de "hermiticidade" (nome dado em homenagem ao matemático francês do século XIX, Charles Hermite).[4]
Uma característica fundamental dos operadores hermitianos reside no espaço vetorial gerado por seus autovetores. Esse espaço possui a propriedade de completude, permitindo que qualquer função que obedeça às mesmas condições de contorno seja expressa como uma combinação linear desses autovetores. Além disso, os autovetores associados a diferentes autovalores são mutuamente ortogonais.
Conjugado hermitiano de um operador constante
[editar | editar código-fonte]Temos um operador , onde e são números reais, pela definição temos que o conjugado hermitiano
Substituimos por ,
temos que, o conjugado de um operador hermitiano constante é o seu conjugado complexo.[5]
Adjuntos de operador antilinear
[editar | editar código-fonte]Para um operador antilinear a definição de adjunto necessita ser ajustado a fim de compensar a conjugação complexa. Um operador adjunto do operador antilinear em um espaço de Hilbert é um operador antilinear com a propriedade:
Outros adjuntos
[editar | editar código-fonte]Esta Equação
é formalmente semelhante à definição de propriedades de pares de functores adjuntos na teoria da categoria, e neste momento que functor adjunto tem seu nome retirado.
Definição para os Operadores Ilimitados
[editar | editar código-fonte]Sejam espaços de Banach . Um operador linear ilimitado é uma aplicação linear , onde é um subespaço de , chamado domínio de . Dizemos que o operador é densamente definido quando .
Dado um operador linear ilimitado densamente definido, o seu Operador Adjunto é um operador linear ilimitado que definiremos a seguir.
Primeiramente, definimos o domínio de como sendo o conjunto formado pelos funcionais tais que são contínuos, em outras palavras
Note que, se , então tal que
Agora, podemos definir em . De fato, dado , como é denso em , existe uma única que estende [6]. Assim, definimos . Em particular, temos a seguinte relação fundamental entre e :
Na notação par dualidade, escrevemos
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Weisstein, Eric W. «Conjugado Transposta». MathWorld (em inglês)
- ↑ Weisstein, Eric W. «Dagger». MathWorld (em inglês)
- ↑ Hermitian Conjugate of an Operator
- ↑ Atikins, Paula, Friedman. Quanta, Matéria e Mudança. [S.l.]: LTC
- ↑ Hermitian Conjugate of a Constant Operator
- ↑ Kreyszig 1978, Theorem 2.7-11.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Brézis, Haïm (2010). Functional Analysis, Sobolev Spaces and Partial Differential Equations. [S.l.]: Springer. ISBN 978-0-387-70914-7. doi:10.1007/978-0-387-70914-7
- Kesavan, Srinivasan (2015). Topics in Functional Analysis and Applications second ed. [S.l.]: New Age International Publishers. ISBN 978-81-224-3797-3
- Kreyszig, Erwing (1978). Introductory Functional Analysis with Applications. [S.l.]: John Wiley & Sons
- Hollauer, Eduardo (2007). Química Quântica. LTC