Papers by Maria Lidia Valdivia
Revista Brasileira de Políticas Públicas e Internacionais, 2024
Neste artigo, busco engajar produtivamente com o silêncio e com as violências contidas nos arquiv... more Neste artigo, busco engajar produtivamente com o silêncio e com as violências contidas nos arquivos disponíveis sobre a vida de mulheres afro-brasileiras em cativeiro a partir de um alargamento e de um aprofundamento do conceito (e da prática) de teorizar desenvolvido por feministas negras, pós-coloniais, decoloniais e pós-estruturalistas. Sobretudo a partir de um questionamento acerca dos arquivos da disciplina de Relações Internacionais considerados legítimos e neutros, busco apresentar formas outras de conceber a epistemologia por meio da relação entre a literatura feminista negra, o conceito de fabulação crítica de Saidiya Hartman, e o conceito de interrupção crítica como proposto por David Kazanjian. Ao invés de tentar preencher os silêncios do escasso arquivo colonial sobre a vida de mulheres negras em cativeiro, este exercício permite imaginar criticamente seus modos de teorizar sobre o mundo ao seu redor a partir de interrupções às narrativas dominantes sobre elas, trazendo outras relações, dinâmicas e experiências como centrais para a produção epistemológica e, principalmente, para a produção de conhecimento sobre o internacional. Para realizar tal movimento, tomo como exercício imaginativo o escasso arquivo sobre Esperança Garcia, uma mulher negra escravizada reconhecida pela Ordem dos Advogados, secção Piauí, como a primeira advogada piauiense
MONÇÕES: REVISTA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA UFGD, 2024
O presente artigo explora as dinâmicas de in/segurança no campo de Estudos de In/Segurança Intern... more O presente artigo explora as dinâmicas de in/segurança no campo de Estudos de In/Segurança Internacional a partir de uma analítica sensível às redes múltiplas de relações, agentes, práticas e objetos que constituem discursos sobre a alteridade racial e informam processos de racialização. Para tal, a partir de revisão de literatura de fontes secundárias, realizamos uma revisão crítica dos Estudos de In/Segurança clássicos e críticos, de modo a evidenciar seus pressupostos racializados, e oferecer maneiras mais complexas de observar como as práticas de in/segurança emergem a partir de relações cotidianas. Em um segundo momento, construímos uma analítica de in/segurança racial a partir de noções de raça como significante deslizante, de ambivalência do discurso racial e de gênero e da complexificação da manifestação da violência a partir de relações simultâneas de proximidade e distanciamento. A partir disso, analisamos as dinâmicas de revitalização e pacificação da Lapa, Rio de Janeiro, para evidenciar as ambiguidades da in/segurança no cotidiano. Trazendo as experiências de mulheres travestis na Lapa neste contexto, demonstramos tanto o imaginário racializado subscrito às manifestações de violência por elas sofridas quanto as ambiguidades de sentir-se in/seguro neste espaço.
Revista Tempo, Espaço, Linguagem, 2024
A partir de um estudo de caso dos protestos realizados pelo Coletivo Lastesis (2019), neste artig... more A partir de um estudo de caso dos protestos realizados pelo Coletivo Lastesis (2019), neste artigo observamos a relação entre afetos e emoções e práticas sociopolíticas. Utilizamos um referencial teórico feminista interseccional e uma abordagem psicanalítica, a partir da qual argumentamos a importância de se considerar as mobilizações emocionais/afetivas nas dinâmicas da política. Em vista disso, o artigo explora articulação/instrumentalização de três emoções centrais: a raiva, o medo, e o amor.
Afro-Ásia
Neste artigo mapeamos as práticas cotidianas realizadas no/pelo Instituto de Pesquisa e Memória P... more Neste artigo mapeamos as práticas cotidianas realizadas no/pelo Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) que produzem e articulam um conjunto de conhecimentos, narrativas e arquivos contra-hegemônicos. Nosso argumento principal consiste no entendimento de que o IPN empreende uma reparação e reescrita da memória afrodiaspórica, conforme suas práticas se dão em movimentos transversais da existência negra como uma forma de pluralizar abordagens históricas e de promover a descolonização do conhecimento. Para conduzir a análise, consideramos, como estratégia teórico-metodológica, a teoria como um verbo e a análise de linhas transversais com ênfase nas práticas de politização do internacional. Constatamos três grupos de práticas cotidianas mobilizadas pelo IPN, revisão de arquivos, sensibilização e contrageografias, as quais emergem transversalmente em um processo de constante resgate e narração de memórias afrodiaspóricas que desorganizam, descentralizam e complexificam as conc...
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