Aurora do cinquentenário filosófico do PPG Filosofia – PUCRS, 2024
O presente estudo tem por intuito analisar como é percebida a condição
feminina pela ótica dos fi... more O presente estudo tem por intuito analisar como é percebida a condição feminina pela ótica dos filósofos estoicos. Como as fontes primárias dos textos estoicos são, muitas vezes, fragmentadas e esparsas, as intepretações sobre a perspectiva desses filósofos podem ficar enredadas, visto que, em certos momentos, eles exaltam as capacidades femininas, mas, em outros, expressam preconceitos em relação às mulheres. Além disso, como os escritos estoicos evidenciam que havia divergências e debates teóricos dentro da própria escola, não é correto apontar um posicionamento único desses filósofos no que se refere à visão sobre as mulheres, sendo mais adequado tratar de posicionamentos de filósofos estoicos quanto ao assunto em questão. Ao longo do texto, perceber-se-á que esse movimento filosófico, por um lado, apropriou-se de alguns jargões preconceituosos de sua época, condizente com o machismo estrutural daquelas sociedades, mas, por outro lado, foi também um movimento revolucionário no que diz respeito à sua contribuição para a emancipação feminina, principalmente na figura de Caio Musônio Rufo.
Texto integral: https://www.editorafi.org/353cafe
- Um estoicismo para o mundo contemporâneo, ta... more Texto integral: https://www.editorafi.org/353cafe - Um estoicismo para o mundo contemporâneo, tal qual está sendo proposto por alguns acadêmicos, filósofos e psicólogos, parece estar ganhando cada vez mais espaço. No entanto, é preciso ter cautela ao buscar compreender o que é o estoicismo levando em consideração apenas abordagens que se adaptem ao estilo de vida dos dias atuais. Em vista disso, torna-se importante entender o que de fato é o estoicismo para evitar associações indevidas ou anacronismos. Ao fazer isso, compreender-se-á com mais nitidez os motivos pelos quais essa escola filosófica frequentemente reaparece com grande relevância na história.
O presente artigo trata do pensamento de Epicteto pelo viés do exercício (áskēsis), ou seja, por ... more O presente artigo trata do pensamento de Epicteto pelo viés do exercício (áskēsis), ou seja, por meio de práticas que conduzem ao aperfeiçoamento de quem elege para si o ofício de filósofo. Para tal, inicialmente esclarecemos o que significam os exercícios na filosofia antiga, tendo como subsídio as teses de Pierre Hadot. Logo depois, exploramos seis exercícios que consideramos centrais para o filósofo de Nicópolis, contextualizando com os ensinamentos que estão envolvidos e descrevendo as principais características de seu método. Por fim, defendemos que a importância deste artigo está em esclarecer a áskēsis em Epicteto de maneira a evitar possíveis anacronismos.
O objetivo deste artigo é demonstrar como a ética proferida por Epicteto se relaciona com uma pos... more O objetivo deste artigo é demonstrar como a ética proferida por Epicteto se relaciona com uma postura filosófica, mais precisamente com uma atitude filosófica. Essa atitude não é especificamente uma exigência prévia para pensar a ética filosoficamente, pois não se trata de tê-la para então começar a filosofar, mas trata-se da manifestação de autenticidade daquele que se diz filósofo, porque evidencia a real assimilação das opiniões e teorias que defende. Para Epicteto, o progresso do filósofo necessariamente está unido ao progresso no campo ético, sendo impossível desvinculá-los. Por entender a filosofia como um modo de vida, ele adverte para que a teoria seja sempre colocada em prática, estabelecendo assim o conhecido caráter ascético de seus ensinamentos.
The objective of this article is to demonstrate how the ethics pronounced by Epictetus relates to a philosophical stance, more precisely with a philosophical attitude. This attitude is not a prior requirement to think about ethics philosophically, since it is not a mandatory requirement to begin philosophizing, but it is the manifestation of authenticity of the one who calls himself a philosopher, because it shows the real assimilation of opinions and theories he advocates. For Epictetus, the progress of the philosopher is necessarily bound up with his progress in the field of ethics, and it is impossible to untie them. By understanding philosophy as a way of life, he warns so that the theory is always put into practice, thus establishing the well-known ascetic character of his teachings.
Diagnóstico do tempo: implicações éticas, políticas e sociais da pandemia, 2020
Em função da pandemia de Covid-19, o ano de 2020 marcou a vida de todos. Em escala global, exigiu... more Em função da pandemia de Covid-19, o ano de 2020 marcou a vida de todos. Em escala global, exigiu-se da população restringir as interações físicas o que fosse possível. Ainda assim, as interações sociais permaneceram, tanto as remotas, proporcionadas pela tecnologia da internet e das comunicações, quanto as presenciais, incluindo nestas as indispensáveis ou não. Portanto, mesmo que se entenda que a pandemia tenha ocasionado restrições sociais, em muitas ocasiões talvez seja melhor dizer que ela ocasionou restrições físicas à sociabilidade. Neste sentido, vale tentarmos atualizar o termo kathēkonta da ética estoica em função dessa interação social que se afigurou nesse momento. Enquanto seres de comunidade, “pois nossa raça toda é disposta para a comunidade”, como afirma Hiérocles, quais atos adequados que mantém e fomentam a interação ética tanto individual quanto social? Kathēkonta enquanto atos adequados será visto na perspectiva de Hiérocles situada em seu tratado Sobre Atos Adequados, onde ele sustenta tais atos enquanto interações sociais éticas. E uma vez definido esse termo da ética estoica na perspectiva de Hiérocles, como perceber esses atos nesta situação pandêmica em que as interações sociais físicas enfraqueceram? Nessa nova configuração social, teriam os atos adequados algum papel relevante no desenvolvimento ético do indivíduo e da sociedade? Esses atos não teriam espaços de efetivação em tal circunstância?
XX Semana Acadêmica do PPG em Filosofia da PUCRS Vol. 1, 2020
Neste texto será analisada a crítica de Cícero à retórica dos estoicos. Primeiramente é feita uma... more Neste texto será analisada a crítica de Cícero à retórica dos estoicos. Primeiramente é feita uma exposição da retórica estoica de acordo com os testemunhos que nos chegaram. Em seguida, são mencionadas as críticas de Cícero aos estoicos. Após isso, é argumentado que as críticas ciceronianas ocorrem em função de sua retórica ter um objetivo diferente da retórica estoica. Em vista disso, torna-se relevante perceber que os estoicos tinham motivos para se oporem à crítica de Cícero.
RESUMO
Neste artigo elaboramos um estudo exegético de 1 Coríntios 2,1-5 com o objetivo de cotejar... more RESUMO Neste artigo elaboramos um estudo exegético de 1 Coríntios 2,1-5 com o objetivo de cotejar com a visão estoica de sabedoria. Na perícope em ques-tão, assim como no contexto de 1 Coríntios, Paulo torna explícita sua defesa de superação do ideal de sabedoria, pois defende que esta ainda se encontra no nível humano, não divino. Ao fazer isso, o apóstolo se opõe a uma das principais linhas filosóficas de sua época, o estoicismo, uma vez que os es-toicos têm por finalidade justamente a sabedoria, ou mais objetivamente, a vida sábia.
ABSTRACT In this article we elaborated an exegetical study of 1 Corinthians 2,1-5 with the objective of comparing with the stoic view of wisdom. In the pericope, as in the context of 1 Corinthians, Paul makes explicit his defense of overcoming the ideal of wisdom, because he argues that it is still at the human level, not divine. In doing so, the apostle opposes one of the main philosophical lines of his time, stoicism, since stoics are intended for wisdom, or more objectively, wise life.
My goal with this article is to present the elements involved in Cicero's criticism of Stoic rhet... more My goal with this article is to present the elements involved in Cicero's criticism of Stoic rhetoric. First, I will present the rhetoric of the Stoics based on the testimonies we have left on these philosophers. Soon after, I will expose Cicero's criticisms of the Stoics. Next, I will argue that Cicero's criticisms arise because his proposal with rhetoric is different from the Stoics' proposal. Due to this difference, it is necessary to understand that the Stoics, on the other hand, also had motives to defend their vision of rhetoric in face of Ciceronian criticism.
RESUMO: Meu objetivo neste artigo é apresentar os elementos envolvidos na crítica de Cícero à retórica estoica. Inicialmente apresentarei a retórica dos estoicos baseado nos testemunhos que nos restaram sobre esses filósofos. Logo depois, exporei as críticas assinaladas por Cícero aos estoicos. Em seguida, argumentarei que as críticas de Cícero surgem em consequência de que sua proposta com a retórica é diferente da proposta estoica. Em função dessa diferença, é preciso compreender que os estoicos, em contrapartida, também tinham motivos para defender sua visão de retórica perante as críticas ciceronianas. PALAVRAS-CHAVE: Cícero. Retórica. Estoicos.
Resumo: Neste artigo exploramos a concepção estoica de πάθος, suas causas e consequências. Inicia... more Resumo: Neste artigo exploramos a concepção estoica de πάθος, suas causas e consequências. Inicialmente abordamos o modo como as paixões se encaixam na ética estoica, uma vez que elas se mos-tram como impedimentos para aquele que quer viver melhor. Logo depois, analisamos os debates realizados no seio da escola, os acrés-cimos e os aperfeiçoamentos teóricos. Por fim, mostramos a distinção entre πάθη, προπάθειαι e εὐπαθεῖαι, pois isso propicia uma melhor compreensão da dimensão emocional da psicologia da Stoa, servin-do principalmente para evitar interpretações precipitadas que podem ocorrer ao se ler um texto estoico. Abstract: In this article the stoic conception of πάθος is explored, its causes and consequences. Initially, it is approached how passions fit Stoic ethics, since they appear as impediments to those who want to live better. Afterwards the debates within this school are analyzed, its additions and the theoretical improvements. Finally, the distinction between πάθη, προπάθειαι and εὐπαθεῖαι is presented, since this provides a better understanding of the emotional dimension of Stoa’s psychology, mainly to avoid precipitous interpretations that may occur when reading a Stoic text.
Resumo: O presente artigo trata do pensamento de Epicteto pelo viés do exercício (áskēsis), ou se... more Resumo: O presente artigo trata do pensamento de Epicteto pelo viés do exercício (áskēsis), ou seja, por meio de práticas que conduzem ao aperfeiçoamento de quem elege para si o ofício de filósofo. Para tal, inicialmente esclarecemos o que significam os exercícios na filosofia antiga, tendo como subsídio as teses de Pierre Hadot. Logo depois, exploramos seis exercícios que consideramos centrais para o filósofo de Nicópolis, contextualizando com os ensinamentos que estão envolvidos e descrevendo as principais características de seu método. Por fim, defendemos que a importância deste artigo está em esclarecer a áskēsis em Epicteto de maneira a evitar possíveis anacronismos.
Palavras-chave: Epicteto, Exercício, Áskēsis, Desejo, Proaíresis.
Abstract: This article deals with Epictetus' thought through the exercise bias (áskēsis), that is, through the perfectioning practices of those who choose the office of philosophy. In order to do so, we first clarified what exercises in ancient philosophy mean, based on the theses of Pierre Hadot. Continuing, we explore six exercises considered central to the philosopher of Nicopolis, contextualizing with the teachings involved and describing the main characteristics of his method. Finally, we argue that the importance of this article lies in clarifying the áskēsis in Epictetus in order to avoid possible anachronisms.
Resumo: O hábito para os estoicos deve ser entendido de modo diferente da maneira descrita por Pl... more Resumo: O hábito para os estoicos deve ser entendido de modo diferente da maneira descrita por Platão ou Aristóteles. Dado que, para estes, a formação do caráter é considerada a partir de uma psicologia que aborda a alma por meio de partes distintas, tal interpretação os levou a descrever o hábito como um elemento fundamental para a educação da parte irracional da alma, enquanto a parte racional é educada por meio da razão. Para os estoicos, no entanto, o hábito se faz importante para a alma como um todo, sem distinção entre racional e irracional. Seguindo essa perspectiva, Epicteto não trata da habituação de qualquer elemento irracional. Quando o filósofo fala em " habituar-se " a determinadas ações, ele não se refere a uma atividade de repetição que condiciona aspectos distintamente irracionais, mas, ao contrário, refere-se a uma atividade autonomamente filosófica, que envolve a razão, com atenção especial ao cuidado com as representações.
Abstract: The habit for stoics must be treated differently from the manner described by Plato or Aristotle. Given that for the latter the formation of character is considered from a psychology that approaches the soul through distinct parts, such an interpretation led them to describe habit as a fundamental element for education of the irrational part of the soul, while the rational part is educated through reason. For the Stoics, however, habit is important for the soul as a whole, without distinction between rational and irrational. Following this perspective, Epictetus does not discourse about the habituation of any irrational element. When the philosopher speaks of "becoming accustomed" to certain actions, he does not refer to a repetitive activity that conditions distinctly irrational aspects, but instead refers to an autonomously philosophical activity involving reason, with special attention to the care with representations.
Resumo: O presente artigo aborda a dimensão psicológica da filosofia de Epicteto. Para tal, explo... more Resumo: O presente artigo aborda a dimensão psicológica da filosofia de Epicteto. Para tal, exploramos inicialmente a distinção epictetiana entre as coisas que dependem de nós e as que não dependem, visto que é por meio dela que o filósofo separa o que é interno do que é externo. Ao fazer isso, ele foca a abordagem ética naquilo que é interno, pois afirma que é isso que depende de nós (ἐφ ̓ ἡμῖν). Dentre as ações que são ἐφ ̓ ἡμῖν, o desejo parece possuir uma relevância específica, uma vez que condiciona os demais âmbitos de ação. Além disso, outro aspecto psicológico importante para a compreensão da filosofia epictetiana é a sua concepção de προαίρεσις, dada a identificação desta com o " eu ".
Abstract: This article discusses the psychological dimension of Epictetus' philosophy. First, it is explored the epictetian distinction between things that depend of individuals and those that do not depend, since it is through this distinction that the philosopher separates what is internal from what is external. In doing so, it focuses on the ethical approach of what is internal, of that that it is up to us (ἐφ ̓ ἡμῖν). Among the actions that are ἐφ ̓ ἡμῖν, the desire seems to have a specific relevance, since it conditions the other scopes of actions. In addition, another important psychological aspect for the understanding of epictetian philosophy is its conception of προαίρεσις, given its identification with the self.
Resumo: O objetivo do presente artigo é expor os motivos porque Frédéric Lordon assinala a necess... more Resumo: O objetivo do presente artigo é expor os motivos porque Frédéric Lordon assinala a necessidade de as ciências sociais precisarem de uma fundamentação filosófica spinozista. Para isso, inicialmente, explicitamos as carências que o filósofo encontra nos estudos sociais, e, logo depois, analisamos a forma como a filosofia de Spinoza se encaixa como base teórica de fundamentação. Demonstramos o modo como Lordon se apropria dos termos spinozistas para justificar seu insight, pois, dessa maneira, podemos esclarecer como elementos da ética de Spinoza encontram lugar em seu estudo sociológico. Ao final, concluímos que a proposta, apesar de relevante, carece de uma abordagem satisfatória acerca da liberdade. Palavras-chave: Spinoza, Ética, Lordon, Sociais.
Abstract: The article explains the reasons why Frédéric Lordon points out the need for the social sciences to have a Spinozist philosophical foundation. In order to do this, we initially explained the philosopher's view of deficiencies in social studies, and soon after, we analyze how Spinoza's philosophy fits as a theoretical basis for reasoning. We demonstrate how Lordon appropriates the Spinozist terms to justify his insight, because thus we can clarify how elements of Spinoza's ethics find room in his sociological study. In the end, we conclude that the proposal, while relevant, lacks a satisfactory approach to freedom. Keywords: Spinoza, Ethics, Lordon, Social.
RESUMO: A concepção de mundo estoica é fundamentada por uma rede causal de relações determinadas ... more RESUMO: A concepção de mundo estoica é fundamentada por uma rede causal de relações determinadas pela natureza. O destino faz parte dessas relações, problematizando a questão da liberdade num ambiente determinista. Levando em consideração esse legado teórico, Epicteto coloca a liberdade nas escolhas do indivíduo em relação a essas determinações que ele atribui à providência divina.
Download (livro completo): https://www.editorafi.org/586diogo
Com alegria vemos o nascimento de m... more Download (livro completo): https://www.editorafi.org/586diogo Com alegria vemos o nascimento de mais um livro brasileiro e lusófono sobre estoicismo e sobre Epicteto de um amigo e colaborador do Pórtico de Epicteto. Páthos: distúrbio passional e terapia em Epicteto, de Diogo da Luz, mestre em filosofia pela PUC/RS, agora ingressando no doutorado, é um trabalho de grande utilidade para os estudantes do estoicismo em geral e de Epicteto em particular. Diogo parte do contexto doutrinário do estoicismo para, em seguida, se concentrar no conceito estoico de páthos (‘paixão’ ou ‘emoção’). No terceiro capítulo da obra, volta-se sobre Epicteto, apresentando alguns de seus conceitos básicos, tais como eph’hemîn, prohaíresis e prolépsis. O quarto capítulo é dedicado ao tema das paixões em Epicteto. O quinto, aos exercícios filosóficos. Diogo da Luz integra uma nova geração de entusiastas brasileiros da filosofia estoica que eu e Antonio Carlos de Oliveira Rodrigues (que por décadas estudamos em silêncio o velho de Nicópolis) vimos nascer. Estudar a filosofia de Epicteto é um ofício feliz por si mesmo. Estudando-o, logo logo encontramos a felicidade, natural, despojada, da ataraxia correndo gélida em nossas veias e da realidade divina se nos apresentando em nossa retina e na superfície de nossa pele. O pensamento de Epicteto é um presente dos Deuses para nós, humanos, presente que Diogo da Luz, fazendo ao seu nome jus, traz à luz, iluminando as trevas de nossos tempos. Aldo Lopes Dinucci
Aurora do cinquentenário filosófico do PPG Filosofia – PUCRS, 2024
O presente estudo tem por intuito analisar como é percebida a condição
feminina pela ótica dos fi... more O presente estudo tem por intuito analisar como é percebida a condição feminina pela ótica dos filósofos estoicos. Como as fontes primárias dos textos estoicos são, muitas vezes, fragmentadas e esparsas, as intepretações sobre a perspectiva desses filósofos podem ficar enredadas, visto que, em certos momentos, eles exaltam as capacidades femininas, mas, em outros, expressam preconceitos em relação às mulheres. Além disso, como os escritos estoicos evidenciam que havia divergências e debates teóricos dentro da própria escola, não é correto apontar um posicionamento único desses filósofos no que se refere à visão sobre as mulheres, sendo mais adequado tratar de posicionamentos de filósofos estoicos quanto ao assunto em questão. Ao longo do texto, perceber-se-á que esse movimento filosófico, por um lado, apropriou-se de alguns jargões preconceituosos de sua época, condizente com o machismo estrutural daquelas sociedades, mas, por outro lado, foi também um movimento revolucionário no que diz respeito à sua contribuição para a emancipação feminina, principalmente na figura de Caio Musônio Rufo.
Texto integral: https://www.editorafi.org/353cafe
- Um estoicismo para o mundo contemporâneo, ta... more Texto integral: https://www.editorafi.org/353cafe - Um estoicismo para o mundo contemporâneo, tal qual está sendo proposto por alguns acadêmicos, filósofos e psicólogos, parece estar ganhando cada vez mais espaço. No entanto, é preciso ter cautela ao buscar compreender o que é o estoicismo levando em consideração apenas abordagens que se adaptem ao estilo de vida dos dias atuais. Em vista disso, torna-se importante entender o que de fato é o estoicismo para evitar associações indevidas ou anacronismos. Ao fazer isso, compreender-se-á com mais nitidez os motivos pelos quais essa escola filosófica frequentemente reaparece com grande relevância na história.
O presente artigo trata do pensamento de Epicteto pelo viés do exercício (áskēsis), ou seja, por ... more O presente artigo trata do pensamento de Epicteto pelo viés do exercício (áskēsis), ou seja, por meio de práticas que conduzem ao aperfeiçoamento de quem elege para si o ofício de filósofo. Para tal, inicialmente esclarecemos o que significam os exercícios na filosofia antiga, tendo como subsídio as teses de Pierre Hadot. Logo depois, exploramos seis exercícios que consideramos centrais para o filósofo de Nicópolis, contextualizando com os ensinamentos que estão envolvidos e descrevendo as principais características de seu método. Por fim, defendemos que a importância deste artigo está em esclarecer a áskēsis em Epicteto de maneira a evitar possíveis anacronismos.
O objetivo deste artigo é demonstrar como a ética proferida por Epicteto se relaciona com uma pos... more O objetivo deste artigo é demonstrar como a ética proferida por Epicteto se relaciona com uma postura filosófica, mais precisamente com uma atitude filosófica. Essa atitude não é especificamente uma exigência prévia para pensar a ética filosoficamente, pois não se trata de tê-la para então começar a filosofar, mas trata-se da manifestação de autenticidade daquele que se diz filósofo, porque evidencia a real assimilação das opiniões e teorias que defende. Para Epicteto, o progresso do filósofo necessariamente está unido ao progresso no campo ético, sendo impossível desvinculá-los. Por entender a filosofia como um modo de vida, ele adverte para que a teoria seja sempre colocada em prática, estabelecendo assim o conhecido caráter ascético de seus ensinamentos.
The objective of this article is to demonstrate how the ethics pronounced by Epictetus relates to a philosophical stance, more precisely with a philosophical attitude. This attitude is not a prior requirement to think about ethics philosophically, since it is not a mandatory requirement to begin philosophizing, but it is the manifestation of authenticity of the one who calls himself a philosopher, because it shows the real assimilation of opinions and theories he advocates. For Epictetus, the progress of the philosopher is necessarily bound up with his progress in the field of ethics, and it is impossible to untie them. By understanding philosophy as a way of life, he warns so that the theory is always put into practice, thus establishing the well-known ascetic character of his teachings.
Diagnóstico do tempo: implicações éticas, políticas e sociais da pandemia, 2020
Em função da pandemia de Covid-19, o ano de 2020 marcou a vida de todos. Em escala global, exigiu... more Em função da pandemia de Covid-19, o ano de 2020 marcou a vida de todos. Em escala global, exigiu-se da população restringir as interações físicas o que fosse possível. Ainda assim, as interações sociais permaneceram, tanto as remotas, proporcionadas pela tecnologia da internet e das comunicações, quanto as presenciais, incluindo nestas as indispensáveis ou não. Portanto, mesmo que se entenda que a pandemia tenha ocasionado restrições sociais, em muitas ocasiões talvez seja melhor dizer que ela ocasionou restrições físicas à sociabilidade. Neste sentido, vale tentarmos atualizar o termo kathēkonta da ética estoica em função dessa interação social que se afigurou nesse momento. Enquanto seres de comunidade, “pois nossa raça toda é disposta para a comunidade”, como afirma Hiérocles, quais atos adequados que mantém e fomentam a interação ética tanto individual quanto social? Kathēkonta enquanto atos adequados será visto na perspectiva de Hiérocles situada em seu tratado Sobre Atos Adequados, onde ele sustenta tais atos enquanto interações sociais éticas. E uma vez definido esse termo da ética estoica na perspectiva de Hiérocles, como perceber esses atos nesta situação pandêmica em que as interações sociais físicas enfraqueceram? Nessa nova configuração social, teriam os atos adequados algum papel relevante no desenvolvimento ético do indivíduo e da sociedade? Esses atos não teriam espaços de efetivação em tal circunstância?
XX Semana Acadêmica do PPG em Filosofia da PUCRS Vol. 1, 2020
Neste texto será analisada a crítica de Cícero à retórica dos estoicos. Primeiramente é feita uma... more Neste texto será analisada a crítica de Cícero à retórica dos estoicos. Primeiramente é feita uma exposição da retórica estoica de acordo com os testemunhos que nos chegaram. Em seguida, são mencionadas as críticas de Cícero aos estoicos. Após isso, é argumentado que as críticas ciceronianas ocorrem em função de sua retórica ter um objetivo diferente da retórica estoica. Em vista disso, torna-se relevante perceber que os estoicos tinham motivos para se oporem à crítica de Cícero.
RESUMO
Neste artigo elaboramos um estudo exegético de 1 Coríntios 2,1-5 com o objetivo de cotejar... more RESUMO Neste artigo elaboramos um estudo exegético de 1 Coríntios 2,1-5 com o objetivo de cotejar com a visão estoica de sabedoria. Na perícope em ques-tão, assim como no contexto de 1 Coríntios, Paulo torna explícita sua defesa de superação do ideal de sabedoria, pois defende que esta ainda se encontra no nível humano, não divino. Ao fazer isso, o apóstolo se opõe a uma das principais linhas filosóficas de sua época, o estoicismo, uma vez que os es-toicos têm por finalidade justamente a sabedoria, ou mais objetivamente, a vida sábia.
ABSTRACT In this article we elaborated an exegetical study of 1 Corinthians 2,1-5 with the objective of comparing with the stoic view of wisdom. In the pericope, as in the context of 1 Corinthians, Paul makes explicit his defense of overcoming the ideal of wisdom, because he argues that it is still at the human level, not divine. In doing so, the apostle opposes one of the main philosophical lines of his time, stoicism, since stoics are intended for wisdom, or more objectively, wise life.
My goal with this article is to present the elements involved in Cicero's criticism of Stoic rhet... more My goal with this article is to present the elements involved in Cicero's criticism of Stoic rhetoric. First, I will present the rhetoric of the Stoics based on the testimonies we have left on these philosophers. Soon after, I will expose Cicero's criticisms of the Stoics. Next, I will argue that Cicero's criticisms arise because his proposal with rhetoric is different from the Stoics' proposal. Due to this difference, it is necessary to understand that the Stoics, on the other hand, also had motives to defend their vision of rhetoric in face of Ciceronian criticism.
RESUMO: Meu objetivo neste artigo é apresentar os elementos envolvidos na crítica de Cícero à retórica estoica. Inicialmente apresentarei a retórica dos estoicos baseado nos testemunhos que nos restaram sobre esses filósofos. Logo depois, exporei as críticas assinaladas por Cícero aos estoicos. Em seguida, argumentarei que as críticas de Cícero surgem em consequência de que sua proposta com a retórica é diferente da proposta estoica. Em função dessa diferença, é preciso compreender que os estoicos, em contrapartida, também tinham motivos para defender sua visão de retórica perante as críticas ciceronianas. PALAVRAS-CHAVE: Cícero. Retórica. Estoicos.
Resumo: Neste artigo exploramos a concepção estoica de πάθος, suas causas e consequências. Inicia... more Resumo: Neste artigo exploramos a concepção estoica de πάθος, suas causas e consequências. Inicialmente abordamos o modo como as paixões se encaixam na ética estoica, uma vez que elas se mos-tram como impedimentos para aquele que quer viver melhor. Logo depois, analisamos os debates realizados no seio da escola, os acrés-cimos e os aperfeiçoamentos teóricos. Por fim, mostramos a distinção entre πάθη, προπάθειαι e εὐπαθεῖαι, pois isso propicia uma melhor compreensão da dimensão emocional da psicologia da Stoa, servin-do principalmente para evitar interpretações precipitadas que podem ocorrer ao se ler um texto estoico. Abstract: In this article the stoic conception of πάθος is explored, its causes and consequences. Initially, it is approached how passions fit Stoic ethics, since they appear as impediments to those who want to live better. Afterwards the debates within this school are analyzed, its additions and the theoretical improvements. Finally, the distinction between πάθη, προπάθειαι and εὐπαθεῖαι is presented, since this provides a better understanding of the emotional dimension of Stoa’s psychology, mainly to avoid precipitous interpretations that may occur when reading a Stoic text.
Resumo: O presente artigo trata do pensamento de Epicteto pelo viés do exercício (áskēsis), ou se... more Resumo: O presente artigo trata do pensamento de Epicteto pelo viés do exercício (áskēsis), ou seja, por meio de práticas que conduzem ao aperfeiçoamento de quem elege para si o ofício de filósofo. Para tal, inicialmente esclarecemos o que significam os exercícios na filosofia antiga, tendo como subsídio as teses de Pierre Hadot. Logo depois, exploramos seis exercícios que consideramos centrais para o filósofo de Nicópolis, contextualizando com os ensinamentos que estão envolvidos e descrevendo as principais características de seu método. Por fim, defendemos que a importância deste artigo está em esclarecer a áskēsis em Epicteto de maneira a evitar possíveis anacronismos.
Palavras-chave: Epicteto, Exercício, Áskēsis, Desejo, Proaíresis.
Abstract: This article deals with Epictetus' thought through the exercise bias (áskēsis), that is, through the perfectioning practices of those who choose the office of philosophy. In order to do so, we first clarified what exercises in ancient philosophy mean, based on the theses of Pierre Hadot. Continuing, we explore six exercises considered central to the philosopher of Nicopolis, contextualizing with the teachings involved and describing the main characteristics of his method. Finally, we argue that the importance of this article lies in clarifying the áskēsis in Epictetus in order to avoid possible anachronisms.
Resumo: O hábito para os estoicos deve ser entendido de modo diferente da maneira descrita por Pl... more Resumo: O hábito para os estoicos deve ser entendido de modo diferente da maneira descrita por Platão ou Aristóteles. Dado que, para estes, a formação do caráter é considerada a partir de uma psicologia que aborda a alma por meio de partes distintas, tal interpretação os levou a descrever o hábito como um elemento fundamental para a educação da parte irracional da alma, enquanto a parte racional é educada por meio da razão. Para os estoicos, no entanto, o hábito se faz importante para a alma como um todo, sem distinção entre racional e irracional. Seguindo essa perspectiva, Epicteto não trata da habituação de qualquer elemento irracional. Quando o filósofo fala em " habituar-se " a determinadas ações, ele não se refere a uma atividade de repetição que condiciona aspectos distintamente irracionais, mas, ao contrário, refere-se a uma atividade autonomamente filosófica, que envolve a razão, com atenção especial ao cuidado com as representações.
Abstract: The habit for stoics must be treated differently from the manner described by Plato or Aristotle. Given that for the latter the formation of character is considered from a psychology that approaches the soul through distinct parts, such an interpretation led them to describe habit as a fundamental element for education of the irrational part of the soul, while the rational part is educated through reason. For the Stoics, however, habit is important for the soul as a whole, without distinction between rational and irrational. Following this perspective, Epictetus does not discourse about the habituation of any irrational element. When the philosopher speaks of "becoming accustomed" to certain actions, he does not refer to a repetitive activity that conditions distinctly irrational aspects, but instead refers to an autonomously philosophical activity involving reason, with special attention to the care with representations.
Resumo: O presente artigo aborda a dimensão psicológica da filosofia de Epicteto. Para tal, explo... more Resumo: O presente artigo aborda a dimensão psicológica da filosofia de Epicteto. Para tal, exploramos inicialmente a distinção epictetiana entre as coisas que dependem de nós e as que não dependem, visto que é por meio dela que o filósofo separa o que é interno do que é externo. Ao fazer isso, ele foca a abordagem ética naquilo que é interno, pois afirma que é isso que depende de nós (ἐφ ̓ ἡμῖν). Dentre as ações que são ἐφ ̓ ἡμῖν, o desejo parece possuir uma relevância específica, uma vez que condiciona os demais âmbitos de ação. Além disso, outro aspecto psicológico importante para a compreensão da filosofia epictetiana é a sua concepção de προαίρεσις, dada a identificação desta com o " eu ".
Abstract: This article discusses the psychological dimension of Epictetus' philosophy. First, it is explored the epictetian distinction between things that depend of individuals and those that do not depend, since it is through this distinction that the philosopher separates what is internal from what is external. In doing so, it focuses on the ethical approach of what is internal, of that that it is up to us (ἐφ ̓ ἡμῖν). Among the actions that are ἐφ ̓ ἡμῖν, the desire seems to have a specific relevance, since it conditions the other scopes of actions. In addition, another important psychological aspect for the understanding of epictetian philosophy is its conception of προαίρεσις, given its identification with the self.
Resumo: O objetivo do presente artigo é expor os motivos porque Frédéric Lordon assinala a necess... more Resumo: O objetivo do presente artigo é expor os motivos porque Frédéric Lordon assinala a necessidade de as ciências sociais precisarem de uma fundamentação filosófica spinozista. Para isso, inicialmente, explicitamos as carências que o filósofo encontra nos estudos sociais, e, logo depois, analisamos a forma como a filosofia de Spinoza se encaixa como base teórica de fundamentação. Demonstramos o modo como Lordon se apropria dos termos spinozistas para justificar seu insight, pois, dessa maneira, podemos esclarecer como elementos da ética de Spinoza encontram lugar em seu estudo sociológico. Ao final, concluímos que a proposta, apesar de relevante, carece de uma abordagem satisfatória acerca da liberdade. Palavras-chave: Spinoza, Ética, Lordon, Sociais.
Abstract: The article explains the reasons why Frédéric Lordon points out the need for the social sciences to have a Spinozist philosophical foundation. In order to do this, we initially explained the philosopher's view of deficiencies in social studies, and soon after, we analyze how Spinoza's philosophy fits as a theoretical basis for reasoning. We demonstrate how Lordon appropriates the Spinozist terms to justify his insight, because thus we can clarify how elements of Spinoza's ethics find room in his sociological study. In the end, we conclude that the proposal, while relevant, lacks a satisfactory approach to freedom. Keywords: Spinoza, Ethics, Lordon, Social.
RESUMO: A concepção de mundo estoica é fundamentada por uma rede causal de relações determinadas ... more RESUMO: A concepção de mundo estoica é fundamentada por uma rede causal de relações determinadas pela natureza. O destino faz parte dessas relações, problematizando a questão da liberdade num ambiente determinista. Levando em consideração esse legado teórico, Epicteto coloca a liberdade nas escolhas do indivíduo em relação a essas determinações que ele atribui à providência divina.
Download (livro completo): https://www.editorafi.org/586diogo
Com alegria vemos o nascimento de m... more Download (livro completo): https://www.editorafi.org/586diogo Com alegria vemos o nascimento de mais um livro brasileiro e lusófono sobre estoicismo e sobre Epicteto de um amigo e colaborador do Pórtico de Epicteto. Páthos: distúrbio passional e terapia em Epicteto, de Diogo da Luz, mestre em filosofia pela PUC/RS, agora ingressando no doutorado, é um trabalho de grande utilidade para os estudantes do estoicismo em geral e de Epicteto em particular. Diogo parte do contexto doutrinário do estoicismo para, em seguida, se concentrar no conceito estoico de páthos (‘paixão’ ou ‘emoção’). No terceiro capítulo da obra, volta-se sobre Epicteto, apresentando alguns de seus conceitos básicos, tais como eph’hemîn, prohaíresis e prolépsis. O quarto capítulo é dedicado ao tema das paixões em Epicteto. O quinto, aos exercícios filosóficos. Diogo da Luz integra uma nova geração de entusiastas brasileiros da filosofia estoica que eu e Antonio Carlos de Oliveira Rodrigues (que por décadas estudamos em silêncio o velho de Nicópolis) vimos nascer. Estudar a filosofia de Epicteto é um ofício feliz por si mesmo. Estudando-o, logo logo encontramos a felicidade, natural, despojada, da ataraxia correndo gélida em nossas veias e da realidade divina se nos apresentando em nossa retina e na superfície de nossa pele. O pensamento de Epicteto é um presente dos Deuses para nós, humanos, presente que Diogo da Luz, fazendo ao seu nome jus, traz à luz, iluminando as trevas de nossos tempos. Aldo Lopes Dinucci
Uploads
Papers by Diogo da Luz
feminina pela ótica dos filósofos estoicos. Como as fontes primárias dos textos estoicos são, muitas vezes, fragmentadas e esparsas, as intepretações sobre a perspectiva desses filósofos podem ficar enredadas, visto que, em certos momentos, eles exaltam as capacidades femininas, mas, em outros, expressam preconceitos em relação às mulheres. Além disso, como os escritos estoicos evidenciam que havia
divergências e debates teóricos dentro da própria escola, não é correto apontar um posicionamento único desses filósofos no que se refere à visão sobre as mulheres, sendo mais adequado tratar de posicionamentos de filósofos estoicos quanto ao assunto em questão. Ao longo do texto, perceber-se-á que esse movimento filosófico, por um lado, apropriou-se de alguns jargões preconceituosos de sua época, condizente com o machismo estrutural daquelas sociedades, mas, por outro lado, foi também um movimento revolucionário no que diz respeito à sua contribuição para a emancipação feminina, principalmente na figura de Caio Musônio Rufo.
- Um estoicismo para o mundo contemporâneo, tal qual está sendo proposto por alguns acadêmicos, filósofos e psicólogos, parece estar ganhando cada vez mais espaço. No entanto, é preciso ter cautela ao buscar compreender o que é o estoicismo levando em consideração apenas abordagens que se adaptem ao estilo de vida dos dias atuais. Em vista disso, torna-se importante entender o que de fato é o estoicismo para evitar associações indevidas ou anacronismos. Ao fazer isso, compreender-se-á com mais nitidez os motivos pelos quais essa escola filosófica frequentemente reaparece com grande relevância na história.
The objective of this article is to demonstrate how the ethics pronounced by Epictetus relates to a philosophical stance, more precisely with a philosophical attitude. This attitude is not a prior requirement to think about ethics philosophically, since it is not a mandatory requirement to begin philosophizing, but it is the manifestation of authenticity of the one who calls himself a philosopher, because it shows the real assimilation of opinions and theories he advocates. For Epictetus, the progress of the philosopher is necessarily bound up with his progress in the field of ethics, and it is impossible to untie them. By understanding philosophy as a way of life, he warns so that the theory is always put into practice, thus establishing the well-known ascetic character of his teachings.
possível. Ainda assim, as interações sociais permaneceram, tanto as remotas, proporcionadas pela tecnologia da internet e das comunicações, quanto as presenciais, incluindo nestas as indispensáveis ou não. Portanto, mesmo que se entenda que a pandemia tenha ocasionado restrições sociais, em muitas ocasiões talvez seja melhor dizer que ela ocasionou restrições físicas à sociabilidade.
Neste sentido, vale tentarmos atualizar o termo kathēkonta da ética estoica em função dessa interação social que se afigurou nesse momento. Enquanto seres de comunidade, “pois nossa raça toda é disposta para a comunidade”, como afirma Hiérocles, quais atos adequados que mantém e fomentam a interação ética tanto individual quanto social? Kathēkonta enquanto atos adequados será visto na
perspectiva de Hiérocles situada em seu tratado Sobre Atos Adequados, onde ele sustenta tais atos enquanto interações sociais éticas. E uma vez definido esse termo da
ética estoica na perspectiva de Hiérocles, como perceber esses atos nesta situação pandêmica em que as interações sociais físicas enfraqueceram? Nessa nova configuração social, teriam os atos adequados algum papel relevante no
desenvolvimento ético do indivíduo e da sociedade? Esses atos não teriam espaços de efetivação em tal circunstância?
Neste artigo elaboramos um estudo exegético de 1 Coríntios 2,1-5 com o objetivo de cotejar com a visão estoica de sabedoria. Na perícope em ques-tão, assim como no contexto de 1 Coríntios, Paulo torna explícita sua defesa de superação do ideal de sabedoria, pois defende que esta ainda se encontra no nível humano, não divino. Ao fazer isso, o apóstolo se opõe a uma das principais linhas filosóficas de sua época, o estoicismo, uma vez que os es-toicos têm por finalidade justamente a sabedoria, ou mais objetivamente, a vida sábia.
Palavras-chave: Paulo. Coríntios. Estoicos. Sabedoria.
ABSTRACT In this article we elaborated an exegetical study of 1 Corinthians 2,1-5 with the objective of comparing with the stoic view of wisdom. In the pericope, as in the context of 1 Corinthians, Paul makes explicit his defense of overcoming the ideal of wisdom, because he argues that it is still at the human level, not divine. In doing so, the apostle opposes one of the main philosophical lines of his time, stoicism, since stoics are intended for wisdom, or more objectively, wise life.
RESUMO: Meu objetivo neste artigo é apresentar os elementos envolvidos na crítica de Cícero à retórica estoica. Inicialmente apresentarei a retórica dos estoicos baseado nos testemunhos que nos restaram sobre esses filósofos. Logo depois, exporei as críticas assinaladas por Cícero aos estoicos. Em seguida, argumentarei que as críticas de Cícero surgem em consequência de que sua proposta com a retórica é diferente da proposta estoica. Em função dessa diferença, é preciso compreender que os estoicos, em contrapartida, também tinham motivos para defender sua visão de retórica perante as críticas ciceronianas. PALAVRAS-CHAVE: Cícero. Retórica. Estoicos.
Palavras-chave: Epicteto, Exercício, Áskēsis, Desejo, Proaíresis.
Abstract: This article deals with Epictetus' thought through the exercise bias (áskēsis), that is, through the perfectioning practices of those who choose the office of philosophy. In order to do so, we first clarified what exercises in ancient philosophy mean, based on the theses of Pierre Hadot. Continuing, we explore six exercises considered central to the philosopher of Nicopolis, contextualizing with the teachings involved and describing the main characteristics of his method. Finally, we argue that the importance of this article lies in clarifying the áskēsis in Epictetus in order to avoid possible anachronisms.
Abstract: The habit for stoics must be treated differently from the manner described by Plato or Aristotle. Given that for the latter the formation of character is considered from a psychology that approaches the soul through distinct parts, such an interpretation led them to describe habit as a fundamental element for education of the irrational part of the soul, while the rational part is educated through reason. For the Stoics, however, habit is important for the soul as a whole, without distinction between rational and irrational. Following this perspective, Epictetus does not discourse about the habituation of any irrational element. When the philosopher speaks of "becoming accustomed" to certain actions, he does not refer to a repetitive activity that conditions distinctly irrational aspects, but instead refers to an autonomously philosophical activity involving reason, with special attention to the care with representations.
Abstract: This article discusses the psychological dimension of Epictetus' philosophy. First, it is explored the epictetian distinction between things that depend of individuals and those that do not depend, since it is through this distinction that the philosopher separates what is internal from what is external. In doing so, it focuses on the ethical approach of what is internal, of that that it is up to us (ἐφ ̓ ἡμῖν). Among the actions that are ἐφ ̓ ἡμῖν, the desire seems to have a specific relevance, since it conditions the other scopes of actions. In addition, another important psychological aspect for the understanding of epictetian philosophy is its conception of προαίρεσις, given its identification with the self.
Palavras-chave: Spinoza, Ética, Lordon, Sociais.
Abstract: The article explains the reasons why Frédéric Lordon points out the need for the social sciences to have a Spinozist philosophical foundation. In order to do this, we initially explained the philosopher's view of deficiencies in social studies, and soon after, we analyze how Spinoza's philosophy fits as a theoretical basis for reasoning. We demonstrate how Lordon appropriates the Spinozist terms to justify his insight, because thus we can clarify how elements of Spinoza's ethics find room in his sociological study. In the end, we conclude that the proposal, while relevant, lacks a satisfactory approach to freedom.
Keywords: Spinoza, Ethics, Lordon, Social.
Books by Diogo da Luz
Com alegria vemos o nascimento de mais um livro brasileiro e lusófono sobre estoicismo e sobre Epicteto de um amigo e colaborador do Pórtico de Epicteto. Páthos: distúrbio passional e terapia em Epicteto, de Diogo da Luz, mestre em filosofia pela PUC/RS, agora ingressando no doutorado, é um trabalho de grande utilidade para os estudantes do estoicismo em geral e de Epicteto em particular. Diogo parte do contexto doutrinário do estoicismo para, em seguida, se concentrar no conceito estoico de páthos (‘paixão’ ou ‘emoção’). No terceiro capítulo da obra, volta-se sobre Epicteto, apresentando alguns de seus conceitos básicos, tais como eph’hemîn, prohaíresis e prolépsis. O quarto capítulo é dedicado ao tema das paixões em Epicteto. O quinto, aos exercícios filosóficos. Diogo da Luz integra uma nova geração de entusiastas brasileiros da filosofia estoica que eu e Antonio Carlos de Oliveira Rodrigues (que por décadas estudamos em silêncio o velho de Nicópolis) vimos nascer. Estudar a filosofia de Epicteto é um ofício feliz por si mesmo. Estudando-o, logo logo encontramos a felicidade, natural, despojada, da ataraxia correndo gélida em nossas veias e da realidade divina se nos apresentando em nossa retina e na superfície de nossa pele. O pensamento de Epicteto é um presente dos Deuses para nós, humanos, presente que Diogo da Luz, fazendo ao seu nome jus, traz à luz, iluminando as trevas de nossos tempos.
Aldo Lopes Dinucci
feminina pela ótica dos filósofos estoicos. Como as fontes primárias dos textos estoicos são, muitas vezes, fragmentadas e esparsas, as intepretações sobre a perspectiva desses filósofos podem ficar enredadas, visto que, em certos momentos, eles exaltam as capacidades femininas, mas, em outros, expressam preconceitos em relação às mulheres. Além disso, como os escritos estoicos evidenciam que havia
divergências e debates teóricos dentro da própria escola, não é correto apontar um posicionamento único desses filósofos no que se refere à visão sobre as mulheres, sendo mais adequado tratar de posicionamentos de filósofos estoicos quanto ao assunto em questão. Ao longo do texto, perceber-se-á que esse movimento filosófico, por um lado, apropriou-se de alguns jargões preconceituosos de sua época, condizente com o machismo estrutural daquelas sociedades, mas, por outro lado, foi também um movimento revolucionário no que diz respeito à sua contribuição para a emancipação feminina, principalmente na figura de Caio Musônio Rufo.
- Um estoicismo para o mundo contemporâneo, tal qual está sendo proposto por alguns acadêmicos, filósofos e psicólogos, parece estar ganhando cada vez mais espaço. No entanto, é preciso ter cautela ao buscar compreender o que é o estoicismo levando em consideração apenas abordagens que se adaptem ao estilo de vida dos dias atuais. Em vista disso, torna-se importante entender o que de fato é o estoicismo para evitar associações indevidas ou anacronismos. Ao fazer isso, compreender-se-á com mais nitidez os motivos pelos quais essa escola filosófica frequentemente reaparece com grande relevância na história.
The objective of this article is to demonstrate how the ethics pronounced by Epictetus relates to a philosophical stance, more precisely with a philosophical attitude. This attitude is not a prior requirement to think about ethics philosophically, since it is not a mandatory requirement to begin philosophizing, but it is the manifestation of authenticity of the one who calls himself a philosopher, because it shows the real assimilation of opinions and theories he advocates. For Epictetus, the progress of the philosopher is necessarily bound up with his progress in the field of ethics, and it is impossible to untie them. By understanding philosophy as a way of life, he warns so that the theory is always put into practice, thus establishing the well-known ascetic character of his teachings.
possível. Ainda assim, as interações sociais permaneceram, tanto as remotas, proporcionadas pela tecnologia da internet e das comunicações, quanto as presenciais, incluindo nestas as indispensáveis ou não. Portanto, mesmo que se entenda que a pandemia tenha ocasionado restrições sociais, em muitas ocasiões talvez seja melhor dizer que ela ocasionou restrições físicas à sociabilidade.
Neste sentido, vale tentarmos atualizar o termo kathēkonta da ética estoica em função dessa interação social que se afigurou nesse momento. Enquanto seres de comunidade, “pois nossa raça toda é disposta para a comunidade”, como afirma Hiérocles, quais atos adequados que mantém e fomentam a interação ética tanto individual quanto social? Kathēkonta enquanto atos adequados será visto na
perspectiva de Hiérocles situada em seu tratado Sobre Atos Adequados, onde ele sustenta tais atos enquanto interações sociais éticas. E uma vez definido esse termo da
ética estoica na perspectiva de Hiérocles, como perceber esses atos nesta situação pandêmica em que as interações sociais físicas enfraqueceram? Nessa nova configuração social, teriam os atos adequados algum papel relevante no
desenvolvimento ético do indivíduo e da sociedade? Esses atos não teriam espaços de efetivação em tal circunstância?
Neste artigo elaboramos um estudo exegético de 1 Coríntios 2,1-5 com o objetivo de cotejar com a visão estoica de sabedoria. Na perícope em ques-tão, assim como no contexto de 1 Coríntios, Paulo torna explícita sua defesa de superação do ideal de sabedoria, pois defende que esta ainda se encontra no nível humano, não divino. Ao fazer isso, o apóstolo se opõe a uma das principais linhas filosóficas de sua época, o estoicismo, uma vez que os es-toicos têm por finalidade justamente a sabedoria, ou mais objetivamente, a vida sábia.
Palavras-chave: Paulo. Coríntios. Estoicos. Sabedoria.
ABSTRACT In this article we elaborated an exegetical study of 1 Corinthians 2,1-5 with the objective of comparing with the stoic view of wisdom. In the pericope, as in the context of 1 Corinthians, Paul makes explicit his defense of overcoming the ideal of wisdom, because he argues that it is still at the human level, not divine. In doing so, the apostle opposes one of the main philosophical lines of his time, stoicism, since stoics are intended for wisdom, or more objectively, wise life.
RESUMO: Meu objetivo neste artigo é apresentar os elementos envolvidos na crítica de Cícero à retórica estoica. Inicialmente apresentarei a retórica dos estoicos baseado nos testemunhos que nos restaram sobre esses filósofos. Logo depois, exporei as críticas assinaladas por Cícero aos estoicos. Em seguida, argumentarei que as críticas de Cícero surgem em consequência de que sua proposta com a retórica é diferente da proposta estoica. Em função dessa diferença, é preciso compreender que os estoicos, em contrapartida, também tinham motivos para defender sua visão de retórica perante as críticas ciceronianas. PALAVRAS-CHAVE: Cícero. Retórica. Estoicos.
Palavras-chave: Epicteto, Exercício, Áskēsis, Desejo, Proaíresis.
Abstract: This article deals with Epictetus' thought through the exercise bias (áskēsis), that is, through the perfectioning practices of those who choose the office of philosophy. In order to do so, we first clarified what exercises in ancient philosophy mean, based on the theses of Pierre Hadot. Continuing, we explore six exercises considered central to the philosopher of Nicopolis, contextualizing with the teachings involved and describing the main characteristics of his method. Finally, we argue that the importance of this article lies in clarifying the áskēsis in Epictetus in order to avoid possible anachronisms.
Abstract: The habit for stoics must be treated differently from the manner described by Plato or Aristotle. Given that for the latter the formation of character is considered from a psychology that approaches the soul through distinct parts, such an interpretation led them to describe habit as a fundamental element for education of the irrational part of the soul, while the rational part is educated through reason. For the Stoics, however, habit is important for the soul as a whole, without distinction between rational and irrational. Following this perspective, Epictetus does not discourse about the habituation of any irrational element. When the philosopher speaks of "becoming accustomed" to certain actions, he does not refer to a repetitive activity that conditions distinctly irrational aspects, but instead refers to an autonomously philosophical activity involving reason, with special attention to the care with representations.
Abstract: This article discusses the psychological dimension of Epictetus' philosophy. First, it is explored the epictetian distinction between things that depend of individuals and those that do not depend, since it is through this distinction that the philosopher separates what is internal from what is external. In doing so, it focuses on the ethical approach of what is internal, of that that it is up to us (ἐφ ̓ ἡμῖν). Among the actions that are ἐφ ̓ ἡμῖν, the desire seems to have a specific relevance, since it conditions the other scopes of actions. In addition, another important psychological aspect for the understanding of epictetian philosophy is its conception of προαίρεσις, given its identification with the self.
Palavras-chave: Spinoza, Ética, Lordon, Sociais.
Abstract: The article explains the reasons why Frédéric Lordon points out the need for the social sciences to have a Spinozist philosophical foundation. In order to do this, we initially explained the philosopher's view of deficiencies in social studies, and soon after, we analyze how Spinoza's philosophy fits as a theoretical basis for reasoning. We demonstrate how Lordon appropriates the Spinozist terms to justify his insight, because thus we can clarify how elements of Spinoza's ethics find room in his sociological study. In the end, we conclude that the proposal, while relevant, lacks a satisfactory approach to freedom.
Keywords: Spinoza, Ethics, Lordon, Social.
Com alegria vemos o nascimento de mais um livro brasileiro e lusófono sobre estoicismo e sobre Epicteto de um amigo e colaborador do Pórtico de Epicteto. Páthos: distúrbio passional e terapia em Epicteto, de Diogo da Luz, mestre em filosofia pela PUC/RS, agora ingressando no doutorado, é um trabalho de grande utilidade para os estudantes do estoicismo em geral e de Epicteto em particular. Diogo parte do contexto doutrinário do estoicismo para, em seguida, se concentrar no conceito estoico de páthos (‘paixão’ ou ‘emoção’). No terceiro capítulo da obra, volta-se sobre Epicteto, apresentando alguns de seus conceitos básicos, tais como eph’hemîn, prohaíresis e prolépsis. O quarto capítulo é dedicado ao tema das paixões em Epicteto. O quinto, aos exercícios filosóficos. Diogo da Luz integra uma nova geração de entusiastas brasileiros da filosofia estoica que eu e Antonio Carlos de Oliveira Rodrigues (que por décadas estudamos em silêncio o velho de Nicópolis) vimos nascer. Estudar a filosofia de Epicteto é um ofício feliz por si mesmo. Estudando-o, logo logo encontramos a felicidade, natural, despojada, da ataraxia correndo gélida em nossas veias e da realidade divina se nos apresentando em nossa retina e na superfície de nossa pele. O pensamento de Epicteto é um presente dos Deuses para nós, humanos, presente que Diogo da Luz, fazendo ao seu nome jus, traz à luz, iluminando as trevas de nossos tempos.
Aldo Lopes Dinucci