Papers by Lucas André Gasparotto L.A.
O trabalho analisa a polêmica em torno do samba, travada na imprensa carioca entre Pedro Calmon e... more O trabalho analisa a polêmica em torno do samba, travada na imprensa carioca entre Pedro Calmon e José Lins do Rego em meados de 1939. O debate ocorre por ocasião da viagem de Carmen Miranda aos Estados Unidos, acompanhada do “Bando da Lua”, para realizar uma série de shows que incluía uma temporada no Broadhurst Theater, na Broadway, e apresentações no pavilhão brasileiro inaugurado pelo Estado Novo na “Feira Mundial de Nova York”. Carmen e seu grupo levariam uma amostra da cultura brasileira ao maior palco internacional da música, num momento em que diversas nações se reuniam para mostrar ao
mundo sua cultura e seus avanços tecnológicos no evento norte-americano. A polêmica entre Pedro Calmon, historiador da Academia Brasileira de Letras, e José Lins do Rego, romancista expoente da geração modernista de 30, expõe o debate em que se encontrava a
intelectualidade brasileira desde a segunda metade do século XIX, retomando o confronto entre o classicismo erudito dos autores consagrados e a proposta de subversão dos novos escritores da “Semana de Arte Moderna de 1922”. Sob o contexto do Estado Novo, quando uma política cultural nacionalista procura conformar uma unidade ao país, imprimindo uma identidade popular à nação, a polêmica coloca em evidência camadas discursivas constituídas
das matrizes explicativas da cultura brasileira em termos estéticos, opondo tradição e modernidade, raça e cultura.
Buscando dar conta das transformações ocorridas no Brasil desde o final do século XIX até os prim... more Buscando dar conta das transformações ocorridas no Brasil desde o final do século XIX até os primeiros anos da década de 1930, o presente trabalho tem como objeto de estudo as composições Rapaz Folgado, Feitiço da Vila e Palpite Infeliz, de Noel Rosa, produzidas por ocasião da polêmica musical travada com Wilson Batista. Partindo do conceito de
equilíbrio de antagonismos, criado por Freyre (1954) em Casa-grande & Senzala, buscou-se apontar de que forma acomodaram-se os elementos que identificavam os ideais de nação presentes no final do século XIX e início do XX, período definido como Belle Époque brasileira, no qual se observa um ideal cosmopolita, até os primeiros anos da década de 1930, considerado Tempo do nacional-estatismo, durante o qual ocorre a disputa.
Aos meus pais, Marcos e Carmen, por serem responsáveis pela formação de meu caráter, pelo apoio e... more Aos meus pais, Marcos e Carmen, por serem responsáveis pela formação de meu caráter, pelo apoio e por me incentivarem sempre; À querida Ju, a quem eu mais amei, por me mostrar que pode existir o amor, pelo carinho, cuidado, apoio, amizade e companheirismo durante os últimos intensos seis anos; À Carmela, ao Floriano e à Preta Rosa, pelo amor incondicional; À especialíssima amiga Magali, pelo carinho "agridoce", por compartilhar seus conhecimentos, pelas discussões e divagações, pelas conversas divertidas -censuradas ou não -, pelas revisões e dicas; Ao Professor Marçal de Menezes Paredes, pelas idéias sem as quais este trabalho não teria sido possível; À Nanda, pela amizade verdadeira e por me mostrar que a vida pode ser um pouco mais leve; À Patrícia, pela amizade quase materna e por ser um modelo de profissional com quem aprendi muito; Ao Rodrigo, por tratar pacientemente minha loucura; À Rubia e à Carla, pela amizade com que me acolheram durante os meses difíceis que antecederam a elaboração deste trabalho, e a esta última novamente pelas revisões, dicas e principalmente pelas longas discussões e divagações; Aos meus irmãos, Manuela e João Pedro, pelo carinho e por sempre valorizarem meu conhecimento; Ao Alexandre Amaro e à Célia Regina, colegas da Uergs, ele por procurar inúmeros discos e músicas indispensáveis à realização deste trabalho, ela pelos livros que retirou na biblioteca da PUCRS; Aos colegas Jacson e "Lenon", pela troca de idéias ao longo de todo o curso; À Professora Liliane Prestes, pelas palavras de conforto, pela confiança, compreensão e apoio; e ao pessoal da Pró-Reitoria de Ensino da Uergs, pelo coleguismo; À Professora Carla Meinerz, pela parceria e incentivo; Ao Professor René E. Gertz; Ao pessoal da Cia. de Flamenco Del Puerto -Ana, Dani, Gigio, Ju K, Ju P, Marcelo, Tati e Sonia, por me emocionarem sempre, e à Ana e à Ju P novamente, por terem levado o Flamenco à escola pública; Ao meu orientador. Resumo Buscando dar conta das transformações ocorridas no Brasil desde o final do século XIX até os primeiros anos da década de 1930, o presente trabalho tem como objeto de estudo as composições Rapaz Folgado, Feitiço da Vila e Palpite Infeliz, de Noel Rosa, produzidas por ocasião da polêmica musical travada com Wilson Batista. Partindo do conceito de equilíbrio de antagonismos, criado por Freyre (1954) em Casa-grande & Senzala, buscou-se apontar de que forma acomodaram-se os elementos que identificavam os ideais de nação presentes no final do século XIX e início do XX, período definido como Belle Époque brasileira, no qual se observa um ideal cosmopolita, até os primeiros anos da década de 1930, considerado Tempo do nacional-estatismo, durante o qual ocorre a disputa.
O fado, gênero musical considerado canção nacional em Portugal, surge na periferia da cidade de L... more O fado, gênero musical considerado canção nacional em Portugal, surge na periferia da cidade de Lisboa na década de 1840. A partir dos anos 1860, já é possível observá-lo circulando entre as diversas camadas da sociedade portuguesa. Este trabalho investiga duas “imagens” do fado compostas entre a segunda metade do século XIX e os primeiros anos do século XX, a fim de desemaranhar a tessitura que tramou tais retratos através do tempo. Busca-se, assim, demonstrar a historicidade na construção dos símbolos nacionais, bem como o caráter mutável
do conceito de nação, através da apreensão dessas “imagens” do fado construídas em dois momentos da história de Portugal: ora como elemento incapaz de figurar como símbolo da nação portuguesa, ora como objeto cultural genuinamente português. Constituídas no contexto
em que se percebe a alteração da perspectiva temporal de análise da história de Portugal, quando a intelectualidade portuguesa rompe com uma tradição passadista na concepção da nação e descortina a possibilidade de repensá-la segundo pressupostos com condições de
consolidação no futuro, as “imagens” do fado em questão, defende-se, estiveram ligadas às “estéticas de recomposição identitária” desenvolvidas pela cultura portuguesa. Através da articulação das temporalidades expressas pelas categorias de “espaço de experiência” e “horizonte de expetativa”, aponta-se, assim, a elaboração das referidas “estéticas” por duas lógicas de pensamento vinculadas às ideias em torno de dois agrupamentos de intelectuais. A primeira, demarcada pela chamada Geração de 1870, de cunho cientificista ligado à corrente
literária realista e a um modelo racional de nação de inspiração classicista-humanista, encontra síntese nas obras de Eça de Queirós, O Primo Basílio (1878) e A Ilustre Casa de Ramires (1900), nas quais o fado é desconsiderado como símbolo nacional. A segunda lógica
de pensamento, atribuída à dita Geração de 1890, cujas ideias caracterizam-se por um viés nacionalista relacionado ao contexto pós-Ultimatum de 1890, ligada à corrente literária simbolista e a um modelo etnocultural de nação de inspiração romântica, estão presentes nas
obras dos olisipógrafos Pinto de Carvalho, História do Fado (1903), e Alberto Pimentel, A Triste Canção do Sul (1904), nas quais o fado figura como expressão da “alma nacional”.
Thesis Chapters by Lucas André Gasparotto L.A.
No início do século XXI, o samba, no Brasil, e o fado, em Portugal, foram reconhecidos por órgãos... more No início do século XXI, o samba, no Brasil, e o fado, em Portugal, foram reconhecidos por órgãos nacionais e internacionais como expressões culturais simbólicas das identidades brasileira e portuguesa. Contudo, se ocupam, atualmente, um lugar no panteão nacional de seus respectivos países no âmbito da música, a análise de seus percursos históricos expõe interpretações dissonantes acerca dos critérios capazes de defini-los como manifestações tradicionais. Este trabalho coloca em perspectiva histórica as diferentes leituras sobre o povo e a nação presentes no processo de construção desses gêneros musicais como símbolos identitários. Através de um conjunto de fontes heterogêneas, desierarquizadas e encaradas como discursos produtores de sentido, investiga-se como diferentes interpretações da nacionalidade forneceram a matéria capaz de corporificar a “presentificação” da nação em três contextos específicos em que o samba e o fado surgem como “expressão do popular”, como “folclore urbano” e como “canção nacional”. Expondo distintas camadas históricas, os discursos da e referente à música conformaram identidades fissuradas resultantes da diversidade de elementos que compõem a coletividade nacional reunida nas noções de povo e nação.
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mundo sua cultura e seus avanços tecnológicos no evento norte-americano. A polêmica entre Pedro Calmon, historiador da Academia Brasileira de Letras, e José Lins do Rego, romancista expoente da geração modernista de 30, expõe o debate em que se encontrava a
intelectualidade brasileira desde a segunda metade do século XIX, retomando o confronto entre o classicismo erudito dos autores consagrados e a proposta de subversão dos novos escritores da “Semana de Arte Moderna de 1922”. Sob o contexto do Estado Novo, quando uma política cultural nacionalista procura conformar uma unidade ao país, imprimindo uma identidade popular à nação, a polêmica coloca em evidência camadas discursivas constituídas
das matrizes explicativas da cultura brasileira em termos estéticos, opondo tradição e modernidade, raça e cultura.
equilíbrio de antagonismos, criado por Freyre (1954) em Casa-grande & Senzala, buscou-se apontar de que forma acomodaram-se os elementos que identificavam os ideais de nação presentes no final do século XIX e início do XX, período definido como Belle Époque brasileira, no qual se observa um ideal cosmopolita, até os primeiros anos da década de 1930, considerado Tempo do nacional-estatismo, durante o qual ocorre a disputa.
do conceito de nação, através da apreensão dessas “imagens” do fado construídas em dois momentos da história de Portugal: ora como elemento incapaz de figurar como símbolo da nação portuguesa, ora como objeto cultural genuinamente português. Constituídas no contexto
em que se percebe a alteração da perspectiva temporal de análise da história de Portugal, quando a intelectualidade portuguesa rompe com uma tradição passadista na concepção da nação e descortina a possibilidade de repensá-la segundo pressupostos com condições de
consolidação no futuro, as “imagens” do fado em questão, defende-se, estiveram ligadas às “estéticas de recomposição identitária” desenvolvidas pela cultura portuguesa. Através da articulação das temporalidades expressas pelas categorias de “espaço de experiência” e “horizonte de expetativa”, aponta-se, assim, a elaboração das referidas “estéticas” por duas lógicas de pensamento vinculadas às ideias em torno de dois agrupamentos de intelectuais. A primeira, demarcada pela chamada Geração de 1870, de cunho cientificista ligado à corrente
literária realista e a um modelo racional de nação de inspiração classicista-humanista, encontra síntese nas obras de Eça de Queirós, O Primo Basílio (1878) e A Ilustre Casa de Ramires (1900), nas quais o fado é desconsiderado como símbolo nacional. A segunda lógica
de pensamento, atribuída à dita Geração de 1890, cujas ideias caracterizam-se por um viés nacionalista relacionado ao contexto pós-Ultimatum de 1890, ligada à corrente literária simbolista e a um modelo etnocultural de nação de inspiração romântica, estão presentes nas
obras dos olisipógrafos Pinto de Carvalho, História do Fado (1903), e Alberto Pimentel, A Triste Canção do Sul (1904), nas quais o fado figura como expressão da “alma nacional”.
Thesis Chapters by Lucas André Gasparotto L.A.
mundo sua cultura e seus avanços tecnológicos no evento norte-americano. A polêmica entre Pedro Calmon, historiador da Academia Brasileira de Letras, e José Lins do Rego, romancista expoente da geração modernista de 30, expõe o debate em que se encontrava a
intelectualidade brasileira desde a segunda metade do século XIX, retomando o confronto entre o classicismo erudito dos autores consagrados e a proposta de subversão dos novos escritores da “Semana de Arte Moderna de 1922”. Sob o contexto do Estado Novo, quando uma política cultural nacionalista procura conformar uma unidade ao país, imprimindo uma identidade popular à nação, a polêmica coloca em evidência camadas discursivas constituídas
das matrizes explicativas da cultura brasileira em termos estéticos, opondo tradição e modernidade, raça e cultura.
equilíbrio de antagonismos, criado por Freyre (1954) em Casa-grande & Senzala, buscou-se apontar de que forma acomodaram-se os elementos que identificavam os ideais de nação presentes no final do século XIX e início do XX, período definido como Belle Époque brasileira, no qual se observa um ideal cosmopolita, até os primeiros anos da década de 1930, considerado Tempo do nacional-estatismo, durante o qual ocorre a disputa.
do conceito de nação, através da apreensão dessas “imagens” do fado construídas em dois momentos da história de Portugal: ora como elemento incapaz de figurar como símbolo da nação portuguesa, ora como objeto cultural genuinamente português. Constituídas no contexto
em que se percebe a alteração da perspectiva temporal de análise da história de Portugal, quando a intelectualidade portuguesa rompe com uma tradição passadista na concepção da nação e descortina a possibilidade de repensá-la segundo pressupostos com condições de
consolidação no futuro, as “imagens” do fado em questão, defende-se, estiveram ligadas às “estéticas de recomposição identitária” desenvolvidas pela cultura portuguesa. Através da articulação das temporalidades expressas pelas categorias de “espaço de experiência” e “horizonte de expetativa”, aponta-se, assim, a elaboração das referidas “estéticas” por duas lógicas de pensamento vinculadas às ideias em torno de dois agrupamentos de intelectuais. A primeira, demarcada pela chamada Geração de 1870, de cunho cientificista ligado à corrente
literária realista e a um modelo racional de nação de inspiração classicista-humanista, encontra síntese nas obras de Eça de Queirós, O Primo Basílio (1878) e A Ilustre Casa de Ramires (1900), nas quais o fado é desconsiderado como símbolo nacional. A segunda lógica
de pensamento, atribuída à dita Geração de 1890, cujas ideias caracterizam-se por um viés nacionalista relacionado ao contexto pós-Ultimatum de 1890, ligada à corrente literária simbolista e a um modelo etnocultural de nação de inspiração romântica, estão presentes nas
obras dos olisipógrafos Pinto de Carvalho, História do Fado (1903), e Alberto Pimentel, A Triste Canção do Sul (1904), nas quais o fado figura como expressão da “alma nacional”.