Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, Brasília, v.7, n.1, abr., p. 115-130, 2019
Resumo: O período final do trabalho de Foucault no Collège de France pode ser interpretado, em pa... more Resumo: O período final do trabalho de Foucault no Collège de France pode ser interpretado, em parte, como resultado de uma intensa influência de Pierre Hadot no desenvolvimento do seu pen-samento e por ser uma tentativa de reconquistar a sabedoria perdida dos filósofos helenistas e romanos. Ambos consideram Montaigne como um dos pioneiros, talvez o único filósofo moderno que tenha compreendido a extrema relevância dessa questão. Os Ensaios criam uma base histórica concreta, pois estabelecem um diálogo íntimo com a tradição helenística e romana, produzindo assim algo único no contexto da literatura renascentista. O plano desta apresenta-ção é explorar mais especificamente o cinismo e um dos princípios fundamentais dessa escola, a noção de parresía (fala franca), em uma tentativa de compreender como o modelo de vida cínico foi assimilado por Foucault e Montaigne. Ao se dedicar à temática do cuidado de si, Foucault revela seu desencanto com o obscurantismo da filosofia cristã e com a cegueira deixada como herança pelo meca-nicismo da filosofia cartesiana. A maneira de reverter isso seria olhar para o passado e Montaigne seria o caminho certo a ser percorrido. Palavras-chave: Foucault, Montaigne, ética, cinismo, cuidado de si. Abstract: The final period of Foucault's work in the Collège de France can be interpreted, in part, as the result of an intense influence of Pierre Hadot in the development of his thought and as an attempt to regain the lost wisdom of the Hellenist and Roman philosophers. Both consider Montaigne as one of the pioneers, perhaps the only modern philosopher who has understood the extreme relevance of this question. The Essays create a concrete historical basis, for they establish an intimate dialogue with the Hellenistic and Roman tradition, thus producing something unique in the context of Renaissance literature. The plan of this essay is to explore more specifically cynicism and one of the fundamental principles of this school, the notion of parre-sía (frank speak), in an attempt to understand how the cynical example of life was assimilated by Foucault and Montaigne. By focusing on the subject of care of the self, Foucault reveals his disenchantment with the obscurantism of Christian philosophy and with the blindness inherited from the mechanicism of Cartesian philosophy. The way to reverse this would be to look back and Montaigne would be the right way to go.
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