Books by Raul Landim Filho
Analytuca, 2019
O conhecimento sensível e a noção de experiência parecem não desempenhar funções significativas n... more O conhecimento sensível e a noção de experiência parecem não desempenhar funções significativas no sistema cartesiano. No resumo das Meditações Metafísicas, justificando a dúvida universal e abrangente, Descartes escreve: "... a utilidade da dúvida tão geral (...) é, todavia muito grande, pois ela nos livra de todos os preconceitos e nos abre um caminho muito fácil para afastar nossa mente dos sentidos" 2 (grifo meu). Na Segunda Meditação, a despeito da dúvida sobre a existência dos corpos, de outras mentes e de Deus, é estabelecida a indubitabilidade e a verdade, ao menos provisória, do Cogito. Esta 1 Este artigo é a versão final do texto que foi lido no Colóquio "Ceticismo, Filosofia e História da Filosofia: Homenagem a Oswaldo Porchat" realizado em agosto de 2018 na USP. Agradeço às Professoras Ethel Rocha, pelas observações críticas e sugestões feitas à versão final deste artigo, e Lia Levy pelas inúmeras discussões que mantivemos ao longo do seu pós-doutorado sobre temas abordados neste artigo.
GIORNALE CRITICO DI STORIA DELLE IDEE RIVISTA INTERNAZIONALE DI FILOSOFIA, 2028
My aim in this article is to answer the question: is the Cartesian Theory of Ideas a direct reali... more My aim in this article is to answer the question: is the Cartesian Theory of Ideas a direct realist or a representationalist theory? To answer this question, I analyze the notions of idea, objective being, objective reality and essence in Descartes's Meditations. I show that from the point of view of the apprehension of the essences of external things, Descartes is a direct realist. However since some proofs of the existence are inferential, I also show that from this standpoint the Cartesian theory is representationalist. L'analisi della teoria delle idee cartesiana ha varie porte di entrata: quelle medievali, come, ad esempio, la nozione di essere obiettivo introdotta da Scoto e tematizzata dal suo discepolo Alnwick, quella di concetto formale e di concetto obiettivo, diffusa da Suárez, e quelle moderne, come la nozione di inesistenza intenzionale o di oggettività immanente di Brentano che, ispirata a concezioni scolastiche, ebbe un'enorme influenza nella filosofia del XX secolo. In questo articolo, non intendiamo realizzare uno studio storico sulle influenze medievali nella teoria cartesiana delle idee e neppure sull'impatto e sull'influenza di questa dottrina nei sistemi post-cartesiani. È un fatto che Descartes riprese e reinterpretò nozioni scolastiche, essendone per ciò stesso fortemente influenzato. La sua teoria delle idee, dunque, non contribuì solo ad una valorizzazione retrospettiva di alcune tesi della filosofia medievale, ma portò anche alla luce questioni che divennero determinanti per la filosofia moderna. Ci riferiamo, in particolare, alla questione dell'"accesso" o della percezione del mondo esteriore. Quali sarebbero gli oggetti immediati della conoscenza: sono le cose "al di fuori" della mente o le idee stesse, nel significato cartesiano del termine "idea"? L'oggetto immediato dell'intelletto è il contenuto dell'idea, quello che l'idea esibisce nella mente? O è la costa stessa, ossia la cosa resa oggetto per colui che conosce mediante le operazioni dell'intelletto? Il
Ideias Materialmente Falsas, 2016
A noção de ideia ocupa um lugar central na metafísica cartesiana. Embora usada em di-ferentes sen... more A noção de ideia ocupa um lugar central na metafísica cartesiana. Embora usada em di-ferentes sentidos 1 , 'ideia' é caracterizada prioritariamente "como imagens de coisas" 2. Ela exibe um objeto "como se fosse uma coisa" 3 e por isso pode ser interpretada como ideia de coisas. Na medida em que é "como uma imagem", ela seria semelhante, em algum sentido de 'seme-lhante', à coisa que exibe. Dessa maneira, em uma primeira aproximação, ideia, em seu sentido próprio, é uma representação daquilo que ela exibe. Ao menos dois aspectos estão envolvidos na caracterização de ideia: o ato de exibir uma coisa e a própria coisa exibida pela ideia. É o que assinala Descartes no Prefácio à edição latina das Meditações. Ele escreve: 1 Em geral, citaremos a obra de Descartes na edição standard de C. Adam e P. Tannery, 1964-1974. Ao citar os textos de Descartes, usaremos a seguinte abreviação: AT, seguida do número do volume, do título da obra, da página e, algumas vezes, da linha. Sobre os diversos sentidos do termo "ideia", ver, por exemplo, AT, VII, Meditationes de Prima Philosophia (doravante Meditationes),
Papers by Raul Landim Filho
Analytica - Revista de Filosofia, 2001
Analytica - Revista de Filosofia, 2011
Em um artigo anterior , analisando a questão da relação entre conceito e objeto em Tomás, formula... more Em um artigo anterior , analisando a questão da relação entre conceito e objeto em Tomás, formulamos duas teses que poderiam sustentar uma interpretação representacionalista do realismo tomásico: [a] o conceito, termo da operação imanente da primeira operação da mente, é o que é primeiramente inteligido. Mas, como o conceito exprime intencionalmente o seu objeto, formar um conceito significa apreender um objeto intencional, uma similitude de uma quididade; [b] a formação do conceito se prolonga em uma 'ação' que Tomás denomina de "conversão ao fantasma". Graças ao conceito, quididades ou similitudes intencionais são apreendidas; graças à conversão ao fantasma, as quididades apreendidas são concretizadas no sensível. Dessa maneira, as coisas materiais são representadas mediante as quididades intencionais expressas pelo conceito. Quer no passado, quer nas discussões contemporâneas, o Realismo Direto se impôs como a interpretação canônica da gnoseologia tomista. Neste artigo, analisaremos a plausibilidade dessa interpretação e os pressupostos em que ela se apoia. A dificuldade em aceitar seus pressupostos poderá ser um indício de que o Representacionalismo é uma interpretação alternativa ao Realismo Direto.
Rencontres, 2019
Si la pensée est universelle, nous ne pouvons toutefois pas nier la spécificité des modalités de ... more Si la pensée est universelle, nous ne pouvons toutefois pas nier la spécificité des modalités de pensées. Les études réunies dans cet ouvrage apparaissent ainsi comme une occasion d'interroger et de dégager les différentes modalités d'appropriation de la philosophie cartésienne au Brésil. Nombre de pages: 222
Analytica - Revista de Filosofia, 1994
Kriterion-revista De Filosofia, Dec 1, 2014
RESUMO O objetivo deste artigo é responder à questão: a teoria cartesiana das ideias é realista d... more RESUMO O objetivo deste artigo é responder à questão: a teoria cartesiana das ideias é realista direta ou representacionalista? Para responder a essa questão, analiso as noções de ideia, ser objetivo, realidade objetiva e essência nas "Meditações" de Descartes. Eu procuro mostrar que do ponto de vista da apreensão das essências das coisas externas, Descartes é um realista direto. Mas como algumas provas da existência são inferenciais, eu mostro também que deste ponto de vista a teoria cartesiana é representacionalista.
Analytica - Revista de Filosofia, 2008
predicável é o que é apto a ser dito de muitos; universal é o que é apto a estar ou a existir em ... more predicável é o que é apto a ser dito de muitos; universal é o que é apto a estar ou a existir em muitos. Assim, o problema do universal se desdobrou em ao menos dois aspectos: o dizer a mesma coisa de muitos e o ser comum a muitos. Ora, excluída a hipótese platônica da existência real e separada dos universais, os medievais analisaram algumas alternativas para explicar as relações entre o dizer de muitos e o existir em muitos: ou bem os universais seriam apenas predicados, só existiriam na mente, e nada existiria de comum entre as coisas existentes fora da mente, ou dizer o mesmo de muitos se apoiaria na existência de algo comum e imanente a muitos.
Presses Universitaires de France eBooks, 1994
Analytica - Revista de Filosofia, 2016
Ideia e Representação A noção de ideia ocupa um lugar central na metafísica cartesiana. Embora us... more Ideia e Representação A noção de ideia ocupa um lugar central na metafísica cartesiana. Embora usada em diferentes sentidos 1 , 'ideia' é caracterizada prioritariamente "como imagens de coisas" 2. Ela exibe um objeto "como se fosse uma coisa" 3 e por isso pode ser interpretada como ideia de coisas. Na medida em que é "como uma imagem", ela seria semelhante, em algum sentido de 'semelhante', à coisa que exibe. Dessa maneira, em uma primeira aproximação, ideia, em seu sentido próprio, é uma representação daquilo que ela exibe. Ao menos dois aspectos estão envolvidos na caracterização de ideia: o ato de exibir uma coisa e a própria coisa exibida pela ideia. É o que assinala Descartes no Prefácio à edição latina das Meditações. Ele escreve: 1 Em geral, citaremos a obra de Descartes na edição standard de C.
Analytica (Rio de Janeiro), Dec 10, 2021
O conhecimento sensível e a noção de experiência parecem não desempenhar funções significativas n... more O conhecimento sensível e a noção de experiência parecem não desempenhar funções significativas no sistema cartesiano. No resumo das Meditações Metafísicas, justificando a dúvida universal e abrangente, Descartes escreve: "... a utilidade da dúvida tão geral (...) é, todavia muito grande, pois ela nos livra de todos os preconceitos e nos abre um caminho muito fácil para afastar nossa mente dos sentidos" 2 (grifo meu). Na Segunda Meditação, a despeito da dúvida sobre a existência dos corpos, de outras mentes e de Deus, é estabelecida a indubitabilidade e a verdade, ao menos provisória, do Cogito. Esta 1 Este artigo é a versão final do texto que foi lido no Colóquio "Ceticismo, Filosofia e História da Filosofia: Homenagem a Oswaldo Porchat" realizado em agosto de 2018 na USP. Agradeço às Professoras Ethel Rocha, pelas observações críticas e sugestões feitas à versão final deste artigo, e Lia Levy pelas inúmeras discussões que mantivemos ao longo do seu pós-doutorado sobre temas abordados neste artigo. 'sensus', que foi traduzido por 'sentiment' nos textos em francês. Se 'sentimento' em português evoca emoções e pode significar apenas estados afetivos do sujeito pensante, no século XVII, 'sentiment' significava o que hoje em dia significa na nossa linguagem ordinária o termo 'sensação'. Raramente Descartes usa o termo 'sensatio', que seria também traduzido em português por 'sensação'. 'Sensatio' ocorre em AT VIII-1,
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