artigo - article
DOI: 10.35621/23587490.v10.n1.p152-164
HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO
PÓS-PARTO DE ÓBITO FETAL
HUMANIZATION OF NURSING CARE IN THE POSTPARTUM OF
FETAL DEATH
Ana Évora de Araújo1
Maria Amanda Laurentino Freires2
Wyara Ferreira Melo3
Suelia Alves da Costa4
Anne Carolinne de Carvalho Costa5
Ankilma do Nascimento de Andrade Feitosa6
RESUMO: Objetivo: Desenvolver uma revisão integrativa acerca da humanização
da assistência de enfermagem no pós-parto de óbito fetal. Método: O estudo tratase de uma revisão integrativa, realizada mediante a busca de estudos publicados e
indexados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) a partir das bases de dados do
Banco de Dados em Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana em
Ciências de Saúde (LILACS) e Sistema Online de Busca e Análise de Literatura
Médica (MEDLINE). Para a extração dos estudos nas bases citadas foi feito o
cruzamento dos seguintes descritores: Assistência de Enfermagem. Óbito fetal. Pósparto. A pergunta que norteia esta pesquisa foi: Como acontece a humanização da
assistência de enfermagem no pós-parto de óbito fetal? A coleta de dados ocorreu
entre os meses de maio a junho de 2022. Para compor os artigos selecionados da
revisão integrativa, foram definidos os seguintes critérios de inclusão: artigos
científicos na íntegra e que estivesse no idioma português ou inglês, possuíssem
acesso gratuito e fossem publicados nos últimos 5 anos, ou seja, entre 2017 e 2022.
Resultados: Os resultados encontrados na busca inicial foram 57 estudos, deste
total apenas 12 atenderam aos critérios de inclusão e exclusão e após ser feita a
leitura seletiva e analítica dos trabalhos, selecionou-se 04 pesquisas para fazerem
Bacharel em Enfermagem, Pós Graduada em Enfermagem Obstétrica e Neonatal.
Bacharel em Enfermagem pela Faculdade Santa Maria, Pós Graduada em Enfermagem Obstétrica
e Neonatal pela Faculdade Santa Maria, Mestranda em Gestão em Sistemas Agroindustrial (UFCG).
3 Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Engenharia de Processos (UFCG).
4 Bacharela e Licenciada em Enfermagem pela UERN; Mestre em Educação, Trabalho e Inovação em
Medicina.
5 Bacharel em Enfermagem, Especialista em Urgência e Emergência e UTI.
6 Pós-doutorado pela Universidade Federal de Campina Grande. Doutora em Ciências da Saúde pela
Faculdade de Medicina do ABC. Docente da Faculdade Santa Maria, Cajazeiras, Paraíba.
1
2
Revista Interdisciplinar em Saúde, Cajazeiras, 10 (único): 152-164, 2023, ISSN: 2358-7490.
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parte da amostra. O período da publicação destes artigos variou de 2018 a 2021,
havendo mais publicações em 2021. Observou-se 04 tipos distintos de pesquisa: 01
Estudo descritivo de análise temporal, 01 Estudo Reflexivo, 01 Estudo ecológico e
01 Estudo de abordagem qualitativa. No tocante ao idioma prevalente entre as
publicações, notou-se que os 04 trabalhos podem ser encontrados tanto em língua
portuguesa quanto em língua inglesa. As Bases de dados com maior destaque,
presentes em 03 publicações, foram a LILACS e BDENF - Enfermagem. Conclusão:
Conclui-se que o cuidado de enfermagem e da equipe multidisciplinar no
acolhimento à mulher durante o óbito fetal é indispensável para que ela e a família
possam ter o suporte necessário para superar o luto e que os serviços de saúde
possam desenvolver ações de forma integrada e humanizada em todos os níveis
para intervir na redução dos riscos a gestante e ao feto.
Palavras-chaves: Assistência de Enfermagem. Óbito fetal. Pós-parto.
ABSTRACT: Objective: To develop an integrative review about the humanization of
nursing care in the postpartum period of fetal death. Method: The study is an
integrative review, carried out by searching for studies published and indexed in the
Virtual Health Library (VHL) from the databases of the Nursing Database (BDENF),
Latin American Literature in Health Sciences (LILACS) and Online Medical Literature
Search and Analysis System (MEDLINE). For the extraction of studies in the
mentioned databases, the following descriptors were crossed: Nursing Assistance.
Fetal death. Post childbirth. The question that guided this research was: How does
the humanization of nursing care in the postpartum period of fetal death happen?
Data collection took place between the months of May and June 2022. To compose
the selected articles of the integrative review, the following inclusion criteria were
defined: scientific articles in full and that were in Portuguese or English, had free
access and were published in the last 5 years, that is, between 2017 and 2022.
Results: The results found in the initial search were 57 studies, of which only 12 met
the inclusion and exclusion criteria and after a selective and analytical reading of the
works, selected 04 surveys were selected to be part of the sample. The period of
publication of these articles ranged from 2018 to 2021, with more publications in
2021. There were 04 different types of research: 01 Descriptive study of temporal
analysis, 01 Reflective Study, 01 Ecological study and 01 Study with a qualitative
approach. With regard to the language prevalent among the publications, it was
noted that the 04 works can be found both in Portuguese and in English. The most
prominent databases, present in 03 publications, were LILACS and BDENF Nursing. Conclusion: It is concluded that nursing care and the multidisciplinary team
in welcoming women during fetal death are essential so that she and her family can
have the necessary support to overcome grief and that health services can develop
actions in a way that integrated and humanized at all levels to intervene in the
reduction of risks to the pregnant woman and the fetus.
Keywords: Nursing Assistance. Fetal death. Post childbirth.
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Humanização da Assistência de Enfermagem no Pós-Parto de Óbito Fetal
INTRODUÇÃO
O óbito fetal (OF) é compreendido como a morte de um produto da
concepção, antes que ocorra a expulsão ou da extração completa do corpo da mãe,
independentemente da duração da gravidez. Após a separação, o feto não respira
nem apresenta qualquer outro sinal de vida indica o óbito. No Brasil, a morte fetal é
considerada um grave problema de saúde pública, uma vez que, o número de óbitos
fetais por causas evitáveis no Brasil ainda é alto (COUTO et al., 2020).
Mahmud et al. (2021) acrescentam que o OF ocorre a partir da 22ª semana
completa de gestação ou 154 dias, ou fetos com peso igual ou superior a 500g ou
estatura a partir de 25 centímetros, em que haja ausência de batimentos cardíacos,
pulsação do cordão umbilical, respiração ou movimentos de músculos voluntários
após a separação do organismo materno. Entretanto, para a emissão da declaração
de óbito, é considerado OF o feto com idade gestacional de 20 semanas ou mais.
A respeito da etiologia do óbito fetal, Feitosa; Paiva (2021) destacam que
apresenta múltiplas causas e pode ter sua origem em desordens maternas, fetais e
placentárias; podendo estar associada ao nível socioeconômico e da assistência
obstétrica ofertada. Apesar dos esforços em auditar esses óbitos e tentar definir a
causa, cerca de 25-60% permanecem como causa inexplicada. O diagnóstico é
baseado na ausência de evidência de vida, como respiração, batimento cardíaco,
pulsação do cordão umbilical ou movimentação.
Mediante o que foi apresentado, Gonçalves et al. (2019) aborda que a perda
fetal é um problema relevante de saúde pública dado seu impacto nos indicadores
de saúde perinatal e na qualidade de vida das pessoas envolvidas, especialmente,
às mulheres e seus familiares. Dessa forma, é primordial visibilizar o problema,
propor condutas que possam auxiliar na redução de suas taxas, como também
entender os fatores associados a essa problemática, tais como as condições de
saúde da população de mulheres que vivenciam gestações de risco habitual ou
específico e a qualidade da assistência obstétrica. Nesse sentido é indispensável
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Humanização da Assistência de Enfermagem no Pós-Parto de Óbito Fetal
para o campo da enfermagem obstétrica ampliar a produção de conhecimentos
sobre essa temática.
Para Silva et al. (2018) o ramo da obstetrícia na enfermagem envolve
diversas etapas, além de inúmeros desafios como a minimização do sofrimento
materno, o trabalho no pré-parto e pós-parto, ressaltando sua importância no
período clínico, atentando para assistência humanizada. O sentido da assistência
humanizada da enfermagem obstétrica ao parto assumiu um papel indispensável,
diminuindo o número de intervenções como a episiotomia e o parto instrumental,
refletindo na melhoria da qualidade do parto e proporcionando mais sensação de
controle da experiência do parto pelas mulheres.
Diante desse cenário tão complexo, Silva et al. (2019) discorrem que são
notáveis os desafios com relação à assistência prestada as mães e familiares que
vivenciam a perda fetal. É importante destacar também que tratar a perda perinatal é
uma tarefa delicada, pois, trata-se de uma situação que envolve os profissionais de
saúde, que não sabem como assistir aos pais que vivenciam esta perda. Assim, o
acompanhamento e atenção aos pais que sofreram perda perinatal não é algo que
permite improvisos, sendo necessário o preparo específico a respeito do luto
perinatal, desenvolvimento de comunicação e do processo de cuidar do outro. A
formação representa peça fundamental aos profissionais possibilitando a assistência
adequada.
Monteiro et al. (2021) ressaltam a importância dos profissionais da saúde
serem devidamente qualificados para assistência da mulher em óbito fetal,
implementando ações que possibilitem a humanização desse momento difícil. Frente
a esse panorama, emerge a figura da Enfermagem Obstétrica, não obstante a esse
profissional, mas toda a equipe precisa desenvolver habilidades de comunicação,
reflexão e implementação de estratégias de educação permanente, tendo a
finalidade de promover à atenção integral da mulher que vivencia o óbito perinatal.
Com isso, é preciso centrar no usuário para compreender a humanização do parto e
os efeitos positivos, uma vez que, muitas vezes pode acontecer a carência de apoio
psicológico e medidas que poderiam ser determinantes em uma melhor vivência do
processo de luto após a perda gestacional.
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Humanização da Assistência de Enfermagem no Pós-Parto de Óbito Fetal
Diante do exposto, o estudo foi pensado a partir da experiência pessoal de
óbito fetal e ao observar como a assistência dos profissionais de saúde ainda é
deficitária quando se trata da humanização nesse contexto. Além desse ponto, é
observado que a literatura não aborda esse tema como mereceria, sendo observado
que não há tantas publicações voltadas as questões referentes a humanização da
assistência das enfermeiras durante o pós-parto de óbito fetal, fazendo com que se
torne relevante enfoca-lo e fazer com que este estudo sirva de base para pesquisas
posteriores.
A pesquisa objetiva desenvolver uma revisão integrativa acerca da
humanização da assistência de enfermagem no pós-parto de óbito fetal.
METODOLOGIA
O estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, conceituada por
Reigota et al. (2019), como a compilação de dados coletados de fontes secundárias
por levantamento bibliográfico. A análise da literatura científica disponível é
primordial para todo e qualquer estudo, como base. Este processo é conhecido
como revisão de literatura, sendo a revisão integrativa um subtipo do mesmo,
objetivando assim, sintetizar as evidências disponíveis através de uma busca e de
uma avaliação crítica para promover uma melhor compreensão de um assunto e
para que se possa identificar lacunas para desenvolvimento de novas pesquisas,
discussões e intervenções sobre o tema.
Ao observar os princípios referentes a revisão integrativa, Mendes; Silveira;
Galvão (2019) pontuam que as etapas deste método são: 1- elaboração da pergunta
da revisão; 2- busca e seleção dos estudos primários; 3- extração de dados dos
estudos; 4- avaliação crítica dos estudos primários incluídos na revisão; 5- síntese
dos resultados da revisão e 6- apresentação do método, como pode ser analisado
na Figura 01.
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Humanização da Assistência de Enfermagem no Pós-Parto de Óbito Fetal
Figura 01: Etapas da revisão integrativa.
Fonte: Mendes; Silveira; Galvão (2019, p. 13).
A pergunta que norteia esta pesquisa foi: Como acontece a humanização da
assistência de enfermagem no pós-parto de óbito fetal?
A seleção dos artigos ocorreu mediante a busca de estudos publicados e
indexados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) a partir das bases de dados do
Banco de Dados em Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-Americana em
Ciências de Saúde (LILACS) e Sistema Online de Busca e Análise de Literatura
Médica (MEDLINE). Para a extração dos estudos nas bases citadas foi feito o
cruzamento dos seguintes descritores: Assistência de Enfermagem. Óbito fetal. Pósparto.
A coleta de dados ocorreu entre os meses de maio a junho de 2022. Para
compor os artigos selecionados da revisão integrativa, foram definidos os seguintes
critérios de inclusão: artigos científicos na íntegra e que estivesse no idioma
português ou inglês, possuíssem acesso gratuito e fossem publicados nos últimos 5
anos, ou seja, entre 2017 e 2022. Foram excluídos artigos incompletos ou
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Humanização da Assistência de Enfermagem no Pós-Parto de Óbito Fetal
duplicados, estudos que não estão em língua portuguesa e inglesa ou que
possuíssem acesso restrito e aqueles que não estão dentro do período estipulado no
critério de inclusão.
Para uma melhor compreensão a respeito da realização da busca dos
estudos elencados para a pesquisa. Inicialmente foram utilizados os 3 descritores:
“Assistência de Enfermagem”, “Óbito Fetal” e “Pós-Parto”; e posteriormente, foi feito
o cruzamento de 2 descritores: “Assistência de Enfermagem”, “Óbito Fetal”, através
do cruzamento mediante o descritor booleano and em ambos os casos, para que se
pudesse ter acesso a uma maior quantidade de estudos para compor a amostra da
presente revisão integrativa. O Quadro 01 apresentará as informações referentes a
quantidade dos artigos encontrados após os cruzamentos.
Quadro 01: Dados referentes ao quantitativo dos artigos científicos após a busca na
BVS.
Descritores utilizados
“Assistência de Enfermagem”
“Óbito Fetal”
“Pós-Parto”
“Assistência de Enfermagem”
“Óbito Fetal”
TOTAL
Busca
inicial
Busca Final (Critérios de
inclusão e exclusão)
Artigos
selecionados
07
02
-
50
10
04
57
12
04
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
RESULTADOS
Os resultados obtidos a partir da análise dos artigos após ser feito o
cruzamento dos descritores na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), mostraram que
foram encontrados na busca inicial 57 estudos, deste total apenas 12 atenderam aos
critérios de inclusão e exclusão inerentes à pesquisa e após ser feita a leitura
seletiva e analítica dos trabalhos, selecionou-se 04 pesquisas para fazerem parte da
amostra.
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Humanização da Assistência de Enfermagem no Pós-Parto de Óbito Fetal
O período da publicação destes artigos variou de 2018 a 2021, distribuindo-se
em 02 estudos publicados em 2021 e 01 artigo publicado em 2018 e 2019,
respectivamente. O ano de 2017 e 2022 não apresentaram nenhuma publicação que
se enquadrasse nos critérios estabelecidos no estudo.
Com relação a tipologia dos estudos selecionados observa-se 04 tipos
distintos de pesquisa: 01 Estudo descritivo de análise temporal, 01 Estudo Reflexivo,
01 Estudo ecológico e 01 Estudo de abordagem qualitativa. No tocante ao idioma
prevalente entre as publicações, notou-se que os 04 trabalhos podem ser
encontrados tanto em língua portuguesa quanto em língua inglesa. As Bases de
dados com maior destaque, presentes em 03 publicações, foram a LILACS e BDENF
- Enfermagem, somente 01 artigo cientifico foi encontrado na MEDLINE.
No Quadro 02, o qual pode ser observado logo a seguir, destacam-se as
seguintes variáveis: Autor(es), Ano, Idioma, Base(s) de dados, Título dos estudos,
Objetivos, Metodologia e os Principais Resultados.
Quadro 02: Autor(es), Ano, Base de dados, Título dos Estudos, Objetivos,
Metodologia e os Principais Resultados.
Nº
01
02
Autor
(es)
Rêgo et
al.
Schmalf
uss;
Matsue;
Ferraz
Ano
2018
2019
Idioma
Português
e Inglês
Português
e Inglês
Base (s)
de dados
LILACS e
BDENF Enfermag
em
MEDLINE
Título
Objetivo
Metodologia
Óbitos
perinatais
evitáveis por
intervenções
do
Sistema
Único
de
Saúde
do
Brasil
Descrever
característic
as
epidemiológi
cas
dos
óbitos
perinatais
por
ações
do Sistema
Público de
Saúde.
Estudo
descritivo de
análise
temporal
Mulheres em
situação
de
perda
fetal:
limitações
assistenciais
de
enfermeiros
Apresentar
as
limitações
assistenciais
de
enfermeiros
a mulheres
em situação
de
perda
fetal,
tencionando
uma
reflexão
Estudo
Reflexivo
Principais
Resultados
Ocorreram 1.756
óbitos perinatais
(1.019 fetais e 737
neonatais
precoce),
observou-se
redução
dos
óbitos neonatais
precoces (-15,8%)
e aumento dos
fetais
(12,1%).
Apresentou como
principais causas:
feto
e
recémnascido
afetado
por
afecção
materna
e
asfixia/hipóxia ao
nascer.
Identificam-se
limitações
relacionadas
à
assistência
de
enfermeiros
envolvendo
sensação
de
insegurança
e
impotência,
atitudes
impróprias desses
profissionais com
as
mulheres,
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Humanização da Assistência de Enfermagem no Pós-Parto de Óbito Fetal
sobre esse
desafio para
as práticas
de cuidado
03
04
Canuto
et al.
Serafim
et al.
2021
2021
Português
e Inglês
Português
e Inglês
LILACS e
BDENF Enfermag
em
LILACS e
BDENF Enfermag
em
Perfil
epidemiológic
o, padrões e
evitabilidade
da mortalidade
fetal
em
Pernambuco
Descrever
característic
as
epidemiológi
cas,
evitabilidade
e
distribuição
espacial dos
óbitos fetais.
Estudo
ecológico
Atenção
à
mulher
em
situação
de
óbito
fetal
intrauterino:
vivências de
profissionais
de saúde
Compreend
er
as
vivências
dos
profissionais
de saúde na
assistência
obstétrica
em relação
à situação
de óbito fetal
intrauterino
Estudo
de
abordagem
qualitativa
dificuldades
em
lidar com aspectos
emocionais, além
de
problemas
estruturais
dos
serviços de saúde.
Os resultados do
estudo
apresentaram uma
caracterização dos
óbitos fetais, na
parte evitáveis, e
da maioria dos
fatores para a
compreensão da
cadeia
de
envolvidos
na
ocorrência
das
mortes.
O
mapeamento das
consequências da
morte para as
regiões de saúde
prioritárias
para
redução dos fetos.
A dificuldade dos
profissionais em
lidar com o tema e
sua invisibilidade
durante
a
formação mostrouse desafiadora. A
falta de ambiência
e as formas de
organização
da
atenção refletem
no cuidado às
mulheres
e
famílias que estão
em óbito fetal
intrauterino. A falta
de estratégias e
espaços
de
compartilhamento
entre
os
profissionais
esteve
diretamente
relacionada
ao
sofrimento
e
sentimento
de
impotência
nos
casos.
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
DISCUSSÃO
De acordo com o estudo realizado por Serafim et al. (2021) existem inúmeros
elementos que podem estar envolvidos na forma como a equipe de saúde lida com
as situações de óbito fetal e como é prestado o cuidado às mulheres e famílias que
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Humanização da Assistência de Enfermagem no Pós-Parto de Óbito Fetal
vivenciam essa situação. Destacam-se, por exemplo, o pouco espaço para discutir
estratégias de cuidado à mulher e sua família em situação de óbito fetal; a carência
de orientações assistenciais para acompanhamento dos casos de óbito fetal
intrauterino.
Rêgo et al. (2018) discutem que as afecções e complicações maternas, como
é o caso da hipóxia intrauterina, da asfixia ao nascer e do trabalho de parto prématuro são as principais causadoras dos óbitos perinatais. Dos desfechos perinatais
com causas maternas, as hemorragias (principalmente descolamento da placenta) e
as doenças hipertensivas (especialmente pré-eclâmpsia) são as mais propensas a
contribuir para as mortes, especificamente nos fetais de terceiro trimestre.
Apoiando esta discussão e falando especialmente da assistência dos
enfermeiros frente ao óbito fetal, Schmalfuss; Matsue; Ferraz (2019) entendem que a
insegurança e o sentimento de impotência do enfermeiro no tocante ao cuidado
prestado, atrelados à falta de estratégias, de destrezas e de recursos desse
profissional, poderão resultar em dificuldades para lidar com situações de perda
fetal. Vale salientar também que a atitude profissional imprópria pode influenciar
negativamente a evolução dos pais no processo de enlutamento, não atendendo
suas demandas.
Nesse sentido, Ferreira et al. (2021) destacam que os profissionais de
enfermagem reconsideram a prática do cuidado pós-parto, avaliando a singularidade
das mulheres que acabaram de dar à luz. A assistência de enfermeiros e técnicos de
enfermagem ajudam a promover avanços na saúde materna, superando além da
assistência técnica.
Diante desse contexto, Serafim et al. (2021) acrescentam a importância de
ações, como por exemplo, o contato com o bebê após o nascimento e o ato de
registrar/manter uma memória têm sido incentivados nos espaços de atenção
obstétrica por impactar positivamente no processo de luto. Assim, observa-se que é
relevante que se discuta esse tema para o fortalecimento das práticas de cuidado.
Pois, a ambiência na perspectiva da humanização favorece o modelo de atenção
centrado nas mulheres, bebês e famílias que vivenciam esse processo, ampliando
as possibilidades de compreensão das angústias, desafios e barreiras que as
equipes enfrentam no cotidiano vidas de serviços. Os casos de OF necessitam de
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Humanização da Assistência de Enfermagem no Pós-Parto de Óbito Fetal
atenção específica e contínua para que investimentos em prevenção e cuidado
possam ocorrer nos diferentes níveis de atenção ao evento.
A esse respeito, Canuto et al. (2021) acrescentam qua as práticas de trabalho
a assistência humana e durante as intervenções multidisciplinares, o parto e o
serviço incluem o atendimento preventivo, desde a assistência multidisciplinar, a
assistência e o atendimento preventivo. Outro fator relevante que pode ser
ressaltado nas unidades de saúde são os recursos estruturais e humanos suficientes
para uma assistência obstétrica adequada, tornando-se imprescindíveis para a
sobrevivência fetal. A peregrinação da gestante em busca do acesso à rede
hospitalar aumenta o risco de morte evitável da mãe e do concepto.
CONCLUSÃO
Abordar e eleger um tema tão desafiador para o contexto profissional,
acadêmico e pessoal é algo que permite ampliar esse debate para as mais diversas
camadas da sociedade, pois, nota-se que ainda existe uma falta de preparo da
equipe de saúde em lidar com as questões relacionadas à perda fetal. De modo que,
a própria literatura não apresenta essas discussões tão aprofundadas ou
detalhadas, mostrando assim que ainda há uma escassez de informações ou
informações insuficientes a respeito da humanização da assistência de enfermagem
frente ao pós-parto de óbito fetal.
Tal fato permite a possibilidade de enxergar a mãe, o pai e os familiares que
vivenciaram essa perda sob uma outra ótica, buscando ampliar a perspectiva da
assistência tecnicista, para um olhar mais generoso e cauteloso frente a uma perda
e um luto irreparável para cada familiar que perpassa por um momento tão complexo
e desolador.
Dessa forma, conclui-se que o cuidado de enfermagem e da equipe
multidisciplinar no acolhimento à mulher durante o óbito fetal é indispensável para
que ela e a família possam ter o suporte necessário para superar o luto e que os
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Humanização da Assistência de Enfermagem no Pós-Parto de Óbito Fetal
serviços de saúde possam desenvolver ações de forma integrada e humanizada em
todos os níveis para intervir na redução dos riscos a gestante e ao feto.
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