Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio
Processo de Avaliação do Risco de Extinção da Fauna Brasileira
Macrobrachium potiuna (Müller, 1880)
Fernando Luis Medina Mantelatto; Emerson Contreira Mossolin; Celio Ubirajara Magalhaes; Allysson Pontes Pinheiro; Felipe
Bezerra Ribeiro; William Ricardo Amancio Santana; Marcelo Antonio Amaro Pinheiro; Harry Boos.
Como citar
Mantelatto, F.L.M.; Mossolin, E.C.; Magalhaes, C.U.; Pinheiro, A.P.; Ribeiro, F.B.; Santana, W.R.A.; Pinheiro, M.A.A.;
Boos, H. 2024. Macrobrachium potiuna. Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade - SALVE.
Disponível em: https://salve.icmbio.gov.br Digital Object Identifier (DOI): https://doi.org/10.37002/salve.ficha.24136.2 Acesso em: 24 de jul. de 2024.
Categoria: Menos Preocupante (LC)
Última avaliação: 24/05/2019
Ano da publicação: 2024
Justificativa
Macrobrachium potiuna é uma espécie endêmica do Brasil, com ocorrência confirmada nos estados de
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Considerando sua
ampla distribuição e a ausência de ameaça que possa levar a espécie ao risco de extinção no futuro próximo,
M. potiuna foi avaliada como Menos Preocupante (LC).
Classificação Taxonômica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Malacostraca
Ordem: Decapoda
Família: Palaemonidae
Gênero: Macrobrachium
Espécie: Macrobrachium potiuna
Nomes Comuns
- Camarão-preto
- Pitu (Brasil/Português)
Nomes Antigos
- Macrobrachium holthuisi Genofre & Lobão, 1978
- Macrobrachium petronioi Lobão, Melo & Fernandes, 1986
Notas Taxonômicas
Pileggi & Mantelatto (2012), com base em evidencias moleculares, analisando-se várias populações
brasileiras, ficou caracterizada a formação de dois grupos distintos, porem sem caracteres morfológicos
capazes de identificar cada um deles (Carvalho, Pileggi & Mantelatto, 2013).
Utilizando evidências genéticas e morfológicas, foi demonstrado o posicionamento filogenético desta
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espécie e determinaram que Macrobrachium petronioi Melo, Lobão & Fernandes, 1986 é sinônima de M.
potiuna (Pileggi & Mantelatto 2010).
Distribuição
Endêmica do Brasil: Sim
Distribuição Global
Macrobrachium potiuna é endêmica do Brasil, com ocorrência nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso,
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Souza, Barros &
Braun, 1996; Melo, 2003; Mattos & Oshiro, 2009; Carvalho, Pileggi & Mantelatto, 2013). A ocorrência de
M. potiuna nos estados de Minas Gerais e Mato Grosso foi mencionada no trabalho de Melo (2003), mas
nenhum documento comprovando as ocorrências foi apresentado (Pileggi et al., 2013).
Estados
Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo
Biomas
Mata Atlântica, Sistema Costeiro-Marinho
Bacias Hidrográficas
Sub-bacia Iguaçu, Sub-bacia Litoral ES, Sub-bacia Litoral SP, Sub-bacia Litoral SP PR SC, Sub-bacia
Paranapanema
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História Natural
Espécie migratória? Não
Comparado a outros camarões do mesmo gênero, M. potiuna pode ser considerado de pequeno porte
(Valenti, Mello, & Lobão, 1989), sendo os machos maiores que as fêmeas (Mattos & Oshiro 2009). Diversas
populações estudadas mostraram equilíbrio entre a proporção dos sexos (Lima & Oshiro, 2000; Antunes &
Oshiro, 2004; Mattos & Oshiro, 2009). Por outro lado, populações da região sul do Brasil apresentam
desequilíbrio entre tais taxas, ora a favor das fêmeas (Müller & Carpes 1991), ora a favor dos machos
(Souza & Fontoura 1996). Os tamanhos máximos de espécimes coletados no sudeste e sul do Brasil foram
45,6mm (Lima & Oshiro 2000) e 54,0mm (Bond-Buckup & Buckup, 1989), respectivamente. Estas
diferenças de tamanho podem estar relacionadas às diferentes condições climáticas das regiões (Mattos &
Oshiro, 2009).
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Hábito alimentar especialista? Não
Restrito a hábitat primário? Não
Especialista em micro-hábitat? Não
Observações sobre o hábitat
Habita preferencialmente riachos de montanha com correnteza, fundo arenoso e vasta vegetação nas
margens (Bond-Buckup & Buckup, 1989; Melo, 2003). Macrófitas dos gêneros Elodea, Egeria e Luziola
podem servir de refúgio para a espécie em ambiente natural e, especificamente no caso de Elodea, também
podem servir como alimento para espécimes mantidos em condições de cultivo experimental (Bond &
Buckup, 1982; Souza, Barros & Braun, 1996).
Reprodução
Macrobrachium potiuna pertence a um grupo de camarões de água doce que não depende da água salobra
para completar seu ciclo de vida. Os ovos dessa espécie são grandes e a fecundidade é baixa (Bond-Buckup
& Buckup, 1982; Bueno & Rodrigues, 1995), podendo variar de 24 (Muller & Carpes, 1991; Antunes &
Oshiro, 2004) até 47 ovos (Souza & Fontoura, 1996). O período reprodutivo da espécie é marcadamente
sazonal, ocorrendo principalmente durante a primavera e verão (Bond & Buckup 1982; Muller & Carpes,
1991; Souza & Fontoura, 1996; Antunes & Oshiro, 2004; Mattos & Oshiro, 2009). A maturidade sexual
morfológica foi estimada entre 28-32 mm de comprimento total (Antunes & Oshiro 2004) e entre 33,1-36,0
mm (Lima & Oshiro, 2000).
População
Tendência populacional: Estável
Características Genéticas
Estudos contextualizando a especie filogeneticamente e sobre variabilidade genética foram realizados por
Pileggi & Mantelatto (2010) e Carvalho, Pileggi & Mantelatto (2013), os quais geraram sequencias para
distintos genes e que estão depositadas no Genbank, com respectiva referencia nesses artigos.
Observações sobre a população
Moulton, Souza & Oliveira (2007) relataram a extinção local de uma população no rio Grande, estado do
Rio de Janeiro. A espécie não foi mais encontrada após uma grande enchente varrer e mudar
catastroficamente o leito do rio, extinguindo localmente várias espécies de peixes e camarões. Se as lagoas
costeiras ou outras regiões rio abaixo não estivessem completamente poluídas ou represadas para
fornecimento de água às comunidades, tais espécies (entre elas M. potiuna) poderiam ter recolonizado o
local a partir de (Moulton, Souza & Oliveira, 2007). Apesar disso sua população no Brasil encontra-se
aparentemente em situação estável.
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Ameaças
A espécie sofre impacto pela poluição e modificação dos rios, desmatamento das matas ciliares e descarte de
esgoto, lixo e agrotóxicos em ambientes de manguezais, água doce e estuarinos. Além disso, a expansão
urbana desordenada e as atividades turísticas e agrícolas, também podem ser consideradas ameaças
relevantes à espécie. Contudo, não são conhecidas ameaças que indiquem risco de extinção no futuro
próximo.
Usos
Não foram encontradas informações para o táxon.
Conservação
Última avaliação
Data: 03/09/2019
Categoria: Menos Preocupante (LC)
Histórico do processo de avaliação
Tipo
Ano
Abrangência
Categoria
Referência
bibliográfica
Critério
Global
2013
Menos Preocupante
(LC)
Nacional Brasil
2019
Menos Preocupante
(LC)
Nacional Brasil
2010
Menos Preocupante
(LC)
De Grave, 2013
* Categoria não utilizada no método IUCN.
Presença em lista nacional oficial vigente? Não
Presença em UC/TI
UC/TI
Referência Bibliográfica
Área de Proteção Ambiental Estadual de
Guaratuba
Melo & Masunari, 2017
Área de Proteção Ambiental Estadual do
Piraquara
Melo & Masunari, 2017
RPPN Parque Ecológico Artex
Boos & Althoff, 2002
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Pesquisa
Tema
Situação
Estudo populacional
Necessária
Taxonomia
Necessária
Referência Bibliográfica
Equipe Técnica
Allan Scalco, Crisller S. Pereira, Estevão C. F. de Souza, Fabíola Schneider
Avaliadores
Allysson Pontes Pinheiro, Célio Ubirajara Magalhães Filho, Emerson Contreira Mossolin, Felipe Bezerra
Ribeiro, Fernando Luis Medina Mantelatto, Harry Boos Junior, Marcelo Antonio Amaro Pinheiro,
William Ricardo Amancio Santana
Validadores
Carlos Augusto Rangel, Carlos Eduardo Guidorizzi de Carvalho
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Referências Bibliográficas
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potiuna (Müller) (Crustacea, Decapoda, Palaemonidae) na Serra do Piloto, Mangaratiba, Rio de Janeiro,
Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. 21 (2), 261-266.
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(Crustacea, Decapoda). Revista Brasileira de Biologia. 49 (4), 883-896.
Bond, G. & Buckup, L. (1982) O clico reprodutor de Macrobrachium borellii (Nobili, 1896) e
Macrobrachium potiuna (MüIler, 1880) (Crustacea, Decapoda, Palaemonidae) e suas relações com a
temperatura. Revista Brasileira de Biologia. 42 (3), 473-83.
Boos, H. & Althoff, S. L. (2002) Biologia reprodutiva de Macrobrachium potiuna (Müller, 1880)
(Crustacea, Decapoda, Palaemonidae) no Parque Natural Municipal São Francisco de Assis, Blumenau, SC.
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Bueno, S.L.S. & Rodrigues, S.A. (1995) Abbreviated larval development of the freshwater prawn,
Macrobrachium iheringi (Ortmann, 1897) (Decapoda, Palaemonidae), reared in the laboratory.
Crustaceana. 68, 665-686.
Carvalho, F. L., Pileggi, L. G. & Mantelatto, F. L. (2013) Molecular data raise the possibility of cryptic
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Journal of Aquatic Research. 41 (4), 707-717.
De Grave, S. (2013) Macrobrachium potiuna. https://www.iucnredlist.org/species/198286/2519024.
[Acessado em: 23/jan/2019].
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Acta Biologica Leopoldensia. 22 (1), 67-77.
Mattos, L. A. & Oshiro, L. M. Y. (2009) Estrutura populacional de Macrobrachium potiuna (Crustacea,
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Melo, M. S. & Masunari, S. (2017) Sexual dimorphism in the carapace shape and length of the freshwater
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Moulton, T.P., Souza, M.L. & Oliveira, A.F. (2007) Conservation of catchments: some theoretical
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Muller, Y. M. R. & Carpes, S. (1991) Macrobrachium potiuna (Müller): aspectos do ciclo reprodutivo e sua
relação com parâmetros ambientais (Crustacea, Decapoda, Palaemonidae). Revista Brasileira de Biologia. 8
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(1/2/3/4), 23-30.
Pileggi, L.A. & F.L. Mantelatto (2012) Taxonomic revision of doubtful Brazilian freshwater shrimp species
of the genus Macrobrachium (Decapoda, Palaemonidae). Iheringia, Série Zoologia. 102 (4), 426-437.
Pileggi, L.G. & Mantelatto, F.L. (2010) Molecular phylogeny of the freshwater prawn genus
Macrobrachium (Decapoda, Palaemonidae), with emphasis on the relationships among selected American
species. Invertebrate Systematics. 2 (2), 194-208.
Pileggi, L. G., Magalhães, C., Bond-Buckup, G. & Mantelatto, F. L. (2013) New records and extension of
the known distribution of some freshwater shrimps in Brazil. Revista Mexicana de Biodiversidad. 84 (2),
563-574.
Souza, G. D. & Fontoura, N. F. (1996) Reprodução, longevidade e razão sexual de Macrobrachium potiuna
(Müller, 1880) (Crustacea, Decapoda, Palaemonidae) no arroio Sapucaia, município de Gravataí, Rio
Grande do Sul. Nauplius. 4, 49-60.
Souza, G. D., Barros, M. P. & Braun, A. S. (1996) Densidade populacional de Macrobrachium potiuna
(Müller, 1880) (Decapoda, Palaemonidae) no arroio Sapucaia, localidade Morro Agudo, município de
Gravataí, RS. Nauplius. 4, 61-72.
Valenti, W. C., Mello, J. T. C. & Lobão, V. L. (1989) Fecundidade em Macrobrachium acanthurus
(Wiegmann, 1836) do Rio Ribeira do Iguape (Crustacea, Decapoda, Palaemonidae). Revista Brasileira de
Zoologia. 6, 9-15.
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Referências dos Registros
Barros, T.S. (2013) Sistema de Autorização de Informação em Biodiversidade - SISBIO.
Junior, W.P.K. (2018) Sistema de Autorização de Informação em Biodiversidade - SISBIO.
Senckenberg. (2020) Collection Crustacea - ZMB. Occurrence dataset.
https://www.gbif.org/occurrence/251628586.
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