Academia.eduAcademia.edu

Alô, Comunidade

2022, Revista internacional de folkcomunicação

Este artigo examina o quadro Alô Comunidade, que integra o telejornal local Jornal do Almoço, sob o olhar teórico da Folkcomunicação. Para isso, analisa as características centrais do quadro e identifica marcas folkmidiáticas em duas reportagens que tecem narrativas sobre o Monte Serrat, comunidade situada no Maciço do Morro da Cruz, região central da Ilha de Santa Catarina. A análise identifica a presença de elementos folkmidiáticos associados a essas produções telejornalísticas e reflete sobre as potencialidades e os limites desse espaço para a promoção das culturas populares.

RIF Artigos/Ensaios 10.5212/RIF.v.20.i45.0008 Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) Camila Maurer1 Cintia Xavier2 Submetido em: 14/10/2022 Aceito em: 28/10/2022 RESUMO Este artigo examina o quadro Alô Comunidade, que integra o telejornal local Jornal do Almoço, sob o olhar teórico da Folkcomunicação. Para isso, analisa as características centrais do quadro e identifica marcas folkmidiáticas em duas reportagens que tecem narrativas sobre o Monte Serrat, comunidade situada no Maciço do Morro da Cruz, região central da Ilha de Santa Catarina. A análise identifica a presença de elementos folkmidiáticos associados a essas produções telejornalísticas e reflete sobre as potencialidades e os limites desse espaço para a promoção das culturas populares. PALAVRAS-CHAVE Folkcomunicação; Folkmídia; Televisão; Comunidades; Jornal do Almoço. 1 Mestranda em Jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Especialista em Produção e Gestão de Rádio e TV e graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Correio eletrônico: maurercamila7@gmail.com. 2 Doutora em Comunicação pela Unisinos. Professora do curso de Jornalismo e do Mestrado em Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Possui graduação em Comunicação Social Jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1995) e mestrado em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (2004). Correio eletrônico: cintia_xavierpg@yahoo.com.br. RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 Hello, Community: folkmedia narratives about Monte Serrat, in Florianópolis (SC) ABSTRACT This article examines the segment Alô Comunidade, wich is part of the local news Jornal do Almoço, on a theoretical framework of Folkcommunication. For this, it analyzes the main characteristics of the segment and identifies folkmedia marks in two stories about Monte Serrat, a community located in Maciço do Morro da Cruz, central region of Ilha de Santa Catarina. The analysis identifies the presence of folkmedia elements associated with these journalistic productions and reflects on the potentials and limits of the space for the promotion of popular cultures. KEY-WORDS Folkcommunication; Folmedia; Television; Communities; Jornal do Almoço. Hola comunidad: narrativas folkmedia sobre el Monte Serrat, en Florianópolis (SC) RESUMEN Este artículo examina el marco Alô Comunidade, que integra el programa informativo local Jornal do Almoço, desde la perspectiva teórica de la Folkcomunicación. Para ello, analiza las características centrales del encuadre e identifica marcas folkmediáticas en dos reportajes que tejen narrativas sobre Monte Serrat, comunidad ubicada en el Maciço do Morro da Cruz, región central de la isla de Santa Catarina. El análisis identifica la presencia de elementos folkmedia asociados a estas producciones periodísticas y reflexiona sobre las potencialidades y límites de este espacio de promoción de las culturas populares. PALABRAS-CLAVE Folkcomunicación; Folkmedia; Television; Comunidades; Jornal do Almoço. 146 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 Introdução No mundo contemporâneo, cultura popular e cultura de massa estão profundamente imbricadas, não sendo mais possível identificar fronteiras nítidas entre uma e outra (TRIGUEIRO, 2006). O desenvolvimento de tecnologias de telecomunicações, aliado a aspectos mercadológicos sempre preponderantes no cenário da radiodifusão comercial brasileira, transformaram a televisão em produto cultural onipresente nos lares brasileiros, mediadora de apropriações e negociações entre a cultura popular e a cultura de massa. Considerando esse contexto, considera-se válido analisar o modo como a televisão regional apropria-se de elementos culturais provenientes de classes populares em suas narrativas. Assim, propõe-se investigar a existência de marcas folkmidiáticas no quadro “Alô Comunidade”, que integra o Jornal do Almoço de Florianópolis (SC), telejornal local veiculado pela NSCTV, afiliada da Rede Globo em Santa Catarina. O quadro é comandado pelo comunicador Edson Amaral, mais conhecido pelo nome artístico Edsoul, que produz reportagens a partir de comunidades periféricas da região metropolitana de Florianópolis, tendo moradores desses territórios como protagonistas. Pretende-se investigar se o quadro pode ser compreendido enquanto produto cultural folkmidiático através da análise de conteúdo de duas reportagens, cujo objetivo é realizar inferências que permitam “extrair conhecimentos sobre os aspectos latentes da mensagem analisada” (FONSECA JUNIOR, 2017, p. 284). Assim, investiga-se o uso das fontes e sua relação com os locais retratados nas reportagens, a presença de elementos que fazem referência às identidades culturais e aspectos históricos da comunidade (que podem estar representados, por exemplo, em marcas de linguagem nos textos do repórter e na fala de suas fontes, bem como nas locações escolhidas para as gravações). Do mesmo modo, investiga-se na atuação dos comunicadores que conduzem as reportagens elementos de aproximação em relação à figura do ativista midiático da rede folkcomunicacional. A análise tem como base um quadro teórico que se constrói a partir da reflexão em torno das noções de comunicador folk e ativista midiático da rede folkcomunicacional. Da comunicação dos excluídos à folkmídia A Folkcomunicação é uma abordagem teórica cuja origem remete aos estudos pioneiros de Luiz Beltrão em torno da comunicação popular em meados dos anos 1960. Esses movimentos iniciais faziam referência à “utilização de mecanismos artesanais de 147 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 difusão simbólica para expressar em linguagem popular mensagens previamente veiculadas pela indústria cultural” (MARQUES DE MELO, 2007, p. 21, grifo do autor). Tal concepção original considerava a existência de um processo de intermediação entre a cultura popular e a cultura de massa. Inscrita em um contexto teórico funcionalista, dominante à época de seus estudos, as primeiras pesquisas associadas a essa perspectiva de investigação voltaram o olhar para os processos de decodificação da cultura de massa através de veículos rudimentares. Nesse cenário, os agentes intermediários, comunicadores folk, tinham importância fundamental, pois eram os responsáveis por reorganizar as narrativas midiáticas de modo que pudessem ser acessadas e compreendidas pelos grupos populares. Tais agentes são descritos por Trigueiro (2008) como indivíduos dotados de prestígio em seus grupos de referência, que têm maior acesso aos meios massivos de informação e que mantêm contato com diferentes grupos, permanecendo sempre ligados às referências culturais locais. É um narrador da cotidianidade, guardião da memória e da identidade local, reconhecido como porta-voz do seu grupo social e transita entre as práticas tradicionais e modernas, apropria-se das novas tecnologias de comunicação para fazer circular as narrativas populares nas redes globais. Quando usa os seus próprios meios de comunicação, ocupa um espaço conquistado e reconhecido pelo seu grupo social, mas quando usa a mídia, o espaço é quase sempre concedido no transcurso de um tempo social, quase sempre sem o reconhecimento dos seus proprietários (TRIGUEIRO, 2008, p. 5). Questões mercadológicas associadas a fatores socioculturais e tecnológicos levaram a uma mudança no cenário originalmente observado por Beltrão e os pioneiros da Folkcomunicação. Fatores como a ampliação das redes de telecomunicações, associada à necessidade de legitimação e conquista de novos mercados junto às camadas populares levaram a indústria cultural brasileira a apropriar-se de elementos da cultura popular. Com isso, os processos e produtos resultantes de tais apropriações, de natureza folkmidiática, tornaram-se objeto de investigação a partir da perspectiva da Folkcomunicação (MARQUES DE MELO, 2007). Assim, o termo folkmidiático passa a fazer parte do vocabulário associado a essa área de estudo e representa uma “tentativa de melhor se compreenderem essas estratégias multidirecionais onde operam protagonistas de diferentes segmentos socioculturais, ou seja; do midiático e da folkcomunicação” (TRIGUEIRO, 2008, p. 7). 148 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 Considerando esse novo cenário, em que há proliferação de meios de comunicação e apropriações que borram as linhas entre o local e o global, os comunicadores folk já não se caracterizam mais pelo papel de decodificadores e agora são vistos enquanto ativistas midiáticos, que atuam como interlocutores entre contextos culturais diversos (TRIGUEIRO, 2008). Nesse contexto, cultura de massa e cultura popular se tornam indissociáveis e criam zonas de intersecção em que há permanentes apropriações em ambas as direções, num processo de negociação marcado por tensões “entre os movimentos promovidos pela nova economia cultural global e a economia cultural do local” (TRIGUEIRO, 2008, p. 2). É a partir desse cenário que se propõe refletir sobre o quadro Alô Comunidade enquanto produto cultural folkmidiático, buscando identificar na atuação dos comunicadores à frente das reportagens elementos de aproximação em relação à figura do ativista midiático da rede folkcomunicacional. Jornal do Almoço e o apelo às pautas de inspiração comunitária O Jornal do Almoço é um telejornal veiculado pela NSCTV, afiliada da Rede Globo em Santa Catarina, de segunda-feira a sábado na faixa de horário do meio-dia, espaço dedicado aos telejornais locais na programação da Rede Globo. O telejornal é ancorado localmente a partir de Florianópolis, Chapecó, Criciúma, Joinville e Blumenau, cidades nas quais há geradoras da emissora3, cujo histórico remete a um cenário de concentração de propriedade e audiência (SANTOS; MUNEIRO, 2019). A atração apresenta-se ao público como um telejornal voltado a assuntos comunitários, uma característica comum entre os telejornais locais que ocupam essa faixa de horário na programação da Rede Globo. Essa linha editorial inscreve-se em um contexto que teve início a partir da segunda metade da década de 1990, com um movimento de aproximação da Rede Globo em relação ao público proveniente das classes C, D e E, concomitantemente à inserção dessa parcela da população ao mundo do consumo (FIGUEIREDO, 2015). Esse movimento resultou em alterações na programação da emissora e levou à instauração de um modelo de telejornalismo que procurava alçar bairros carentes de infraestrutura à esfera de visibilidade constituída pelos telejornais locais da emissora e servir de mediador entre esses locais e as autoridades públicas (FIGUEIREDO, 2015). Tais bairros são comumente chamados pela emissora de 3 Com o início da pandemia de Covid-19 no Brasil, em março de 2020, o Jornal do Almoço passou a ser ancorado exclusivamente a partir da capital catarinense para todo o Estado. As edições locais retornaram em abril de 2021. 149 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 “comunidades”. O conceito de comunidade, no entanto, é polissêmico e não está necessariamente atrelado a uma determinada territorialidade, podendo constituir-se como tal a partir de uma “proximidade de interesses, objetivos e outros sentidos de vida em comum” (PERUZZO, 2007, p. 110). Ainda que, institucionalmente, telejornais como o Jornal do Almoço façam uso corrente do termo “comunitário”, considera-se importante ressaltar que autores como Peruzzo (2005) e Figueiredo (2015) defendem que o jornalismo comunitário é definido pela participação popular em todas as etapas do processo, não pela mera tematização de assuntos provenientes de uma determinada comunidade. Alô Comunidade e a visibilidade dos sujeitos periféricos A existência de quadros temáticos é uma das características da linha editorial do telejornal em questão. O quadro Alô Comunidade, objeto empírico deste artigo, foi ao ar pela primeira vez há 10 anos. As reportagens que o compõem são normalmente veiculadas nas edições de sábado do telejornal e agrupadas em temporadas esporádicas. Institucionalmente, o quadro é definido como um espaço no jornal que “dá visibilidade à cultura das comunidades periféricas da Grande Florianópolis” (NSCTV, 2021). Desde sua estreia, as reportagens que compõem o quadro são produzidas pelo comunicador Edsoul Amaral, homem negro4, morador do Morro da Mariquinha, uma das 16 comunidades que integram a região do Maciço do Morro da Cruz, no centro da Ilha de Santa Catarina. Enquanto morador do morro, conhece profundamente os meandros da vida nas comunidades do Maciço, junto às quais mantêm prestígio, resultante de uma atuação constante, anterior à sua inserção na mídia, sobretudo na área cultural, pois é ator, músico e ativista do movimento negro na cidade. A partir de sua inserção como repórter do Jornal do Almoço, ocupou também outros espaços em veículos pertencentes ao mesmo grupo de comunicação, tais como uma coluna semanal no jornal popular Hora de Santa Catarina. Desse modo, atua como interlocutor entre múltiplas comunidades da Grande Florianópolis e a grande mídia, uma das características que permitem estabelecer 4 O uso do termo negro/negra para se referir a pessoas identificadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como pretas e pardas inscreve-se em um cenário de disputa semântica, associado a aspectos históricos e culturais. A discussão de tais aspectos extrapola os objetivos deste artigo, em que se opta pelo uso do termo negros/negras, por entender que essa é a forma como as pessoas da comunidade retratada nas reportagens se referem à sua identidade racial, o que se encontra representado no nome de uma das entidades mais importantes da comunidade, a Associação de Mulheres Negras Antonieta de Barros. 150 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 conexões entre o seu trabalho dentro e fora das telas e a figura do ativista midiático da rede folkcomunicacional. Edsoul, que carrega em seu nome artístico a identificação com a Soul Music5, faz parte da equipe regular de repórteres do telejornal, de modo que sua presença em tela não está atrelada exclusivamente à veiculação do quadro Alô Comunidade. No período entre temporadas, o repórter integra a escala de reportagem do Jornal do Almoço, envolvendo-se majoritariamente com pautas de cunho comunitário. As reportagens veiculadas no espaço demarcado pelo quadro Alô Comunidade têm moradores das periferias como protagonistas, com destaque para mulheres negras. Essas produções tendem a focalizar aspectos positivos das periferias, em contraste com um discurso midiático hegemônico que tematiza a periferia a partir de suas ausências (de infraestrutura, de serviços públicos, de recursos financeiros). Cabe reconhecer que o termo periferia constitui conceito em disputa, que admite uma pluralidade de entendimentos (ROVIDA, 2020). Milton Santos (2004) explica que as periferias brasileiras são fruto direto do processo de crescimento das cidades de forma dispersa, que gerou escassez de terras, especulação imobiliária e déficit habitacional. Sobre esse tema, o autor ressalta que o que define a periferia não é sua distância em relação a um polo, mas sua acessibilidade. Nesse sentido, a falta de vias de transporte que permitam a locomoção dos indivíduos para satisfação de suas necessidades cotidianas os coloca em uma situação periférica (SANTOS, 2004). Com o objetivo de identificar marcas que remetem aos elementos da folkcomunicação, realizamos uma análise de conteúdo a partir de reportagens, produtos da prática jornalística através dos quais se materializam parte dos diálogos e apropriações característicos dos produtos culturais folkmidiáticos. Foram analisadas duas reportagens6 que tecem narrativas sobre o Monte Serrat, veiculadas nas duas temporadas mais recentes do quadro Alô Comunidade, em 2016 e 20197. A amostra não se pretende representativa ou descritiva de um cenário atual, mas é capaz de fornecer elementos para reflexão em torno das potencialidades desses produtos culturais. 5 Gênero musical popular originado na comunidade afro-americana dos Estados Unidos a partir do final da década de 1950 que se tornou símbolo do movimento negro. 6 O acesso às reportagens se deu através da plataforma digital Globoplay. 7 Nos anos de 2020 e 2021, não foram identificadas reportagens atreladas ao quadro, que teve sua produção interrompida em decorrência das reconfigurações das rotinas produtivas causadas pela pandemia de Covid-19. Em julho de 2021, foi veiculada uma reportagem especial em alusão aos dez anos que se passaram desde a estreia do quadro, o que demonstra que a proposta ainda é considerada relevante para a linha editorial do telejornal em questão, disponível em: https://redeglobo.globo.com/sc/nsctv/noticia/quadro-alo-comunidade-completa-10-anos-no-jornal-doalmoco-da-nsc-tv.ghtml. Acesso em 20 ago. 2021. 151 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 Em 2016, a temporada do quadro Alô Comunidade teve como fio condutor a celebração de aspectos positivos de oito comunidades. Cada reportagem tematizava uma comunidade específica e era veiculada nas edições de sábado do telejornal, ao longo de oito semanas. O quadro possuía uma vinheta específica, cujo BG era um samba composto especialmente para este fim, em que se ouve “Se liga no papo da paz, Alô Comunidade”. Assim, a referência ao samba é o primeiro elemento da cultura popular que pode ser identificado e permite um movimento inicial de aproximação do quadro enquanto um produto folkmidiático. Dessa temporada, analisamos a reportagem veiculada em 16 de julho de 2016 cujo cenário foi o Monte Serrat (também chamado de Morro da Caixa). A principal rua da comunidade em questão, General Vieira da Rosa, é a mesma onde se localiza a NSC TV (à época, sob a marca RBSTV)8, ainda que, oficialmente, a emissora esteja localizada no Centro. A proximidade geográfica entre esses dois territórios, fisicamente tão próximos e politicamente tão distantes, materializa um cenário de tensões e atravessamentos que devem ser considerados quando se pretende refletir sobre as relações e apropriações entre cultura popular e cultura de massa. A comunidade, assim como a emissora, localizase no Maciço do Morro da Cruz, região central da Ilha de Santa Catarina, a curta distância de alguns dos endereços mais valorizados do Estado, como a Avenida Beira-Mar Norte, por exemplo. A ocupação do Maciço teve início no século XVIII, quando se tornou território relegado aos negros, cativos e libertos (SANTOS, 2009). Atualmente, a região é composta por 16 comunidades, onde moram quase 23 mil pessoas9. A reportagem inicia com forte referência ao samba, elemento cultural em comum entre as comunidades do Maciço: “O Morro da Caixa lembra quase que automaticamente uma certa escola de samba que espalha sua grandeza pelos becos e vielas, de onde um dia já foi favela no centro da cidade” (ALÔ..., 2016). A menção aos becos e vielas e à “favela no centro da cidade” evidencia elementos de uma territorialidade com características próprias, resultantes do processo de segregação que levou a população negra de Florianópolis a habitar os morros. 8 Em 7 de março de 2016, após 37 anos no Estado, o Grupo RBS anunciou a venda das operações de mídia em Santa Catarina (oito emissoras de rádio, quatro jornais e seis emissoras de televisão) para os empresários Carlos Sanchez e Lírio Parisotto. Em 15 de agosto de 2017, a RBSTV passou a se chamar NSC TV. 9 Disponível em: https://www.pmf.sc.gov.br/entidades/infraestrutura/index.php?cms=projeto+macico+do+morro+da+cr uz&menu=6&submenuid=303. 152 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 O Monte Serrat é sede da segunda escola de samba mais antiga de Florianópolis, Embaixada Copa Lord, cujos integrantes encontram-se fortemente representados na reportagem analisada, que mostra membros da Bateria Guerreira (nome pelo qual é conhecida a bateria da escola), passistas adultas e mirins e um casal de mestre-sala e porta-bandeira fazendo evoluções nos becos e vielas. A primeira sonora da reportagem é de Juninho Zuação, mestre de bateria da escola: “Primeiro ano aqui na frente, vindo de outra escola, abraçado pela comunidade. Você conhece esse morro como ninguém, sabe que não é fácil. Mas aqui, como eu falei, é a Mangueira de Floripa, então tem que ser bom pra estar na frente10”. Na sonora do entrevistado, dois aspectos se destacam: a busca de um parâmetro de comparação entre a escola de samba da comunidade e a tradicional Estação Primeira de Mangueira, referência proveniente do carnaval carioca; e o reconhecimento, por parte do entrevistado, do entrevistador enquanto conhecedor da comunidade, o que nos permite inferir que o repórter possui prestígio junto a esse grupo social, uma das características expostas por Beltrão (2001) em relação aos líderes de opinião e recuperada por Trigueiro (2008) ao descrever os ativistas midiáticos da rede folkcomunicacional. Em outro momento da reportagem, Edsoul introduz o espectador às matriarcas da comunidade, Dona Daura Veloso e Dona Uda Gonzaga: “Juntas, elas somam mais de 150 anos de resistência, de muita experiência” (ALÔ..., 2016). A relação traçada pelo comunicador entre as mulheres negras matriarcas da comunidade e a resistência indica o reconhecimento de relações de raça, classe e gênero inscritas naquele contexto, historicamente marcado pela segregação. “Tem uma coisa que não dá pra negar é que as mulheres são as guerreiras da comunidade. Desde a época das lavadeiras...” (ALÔ..., 2016). O protagonismo das mulheres negras é uma das características culturais fundantes da comunidade em questão e remete, como cita Edsoul, à “época das lavadeiras”. Trata-se de uma referência ao período, durante a década de 1920, em que as mulheres que trabalhavam como lavadeiras foram expulsas do centro de Florianópolis, no contexto de um processo de urbanização que visava “limpar” a cidade, a exemplo do que ocorreu com outras grandes cidades brasileiras. Desalojadas, passaram a viver e trabalhar no Monte Serrat, que possuía córregos e fontes de água nas quais se podia lavar roupas como forma de subsistência (SANTOS, 2009). Dona Daura e Dona Uda são filhas e netas de lavadeiras. O uso do termo “guerreiras” para se referir a essas mulheres podem ser associado a uma 10 Sonora do entrevistado Juninho Zuação (ALÔ..., 2016). 153 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 narrativa de romantização da pobreza e da exclusão social. O emprego da palavra, no entanto, pode também ser interpretado como referência à bateria da escola de samba da comunidade, conhecida como Bateria Guerreira. Figura 1 – Reportagem Alô Comunidade 16/07/2016 Fonte: RBS, 2016. Na fala de Dona Daura sobre o fato de que seus filhos, seis homens e cinco mulheres, “foram criados dentro da Copa Lord11”, evidencia-se o entrelaçamento entre a escola de samba e a cultura da comunidade, de modo que o samba, nesse contexto, opera como elemento cultural agregador em torno do qual se constrói parte da identidade da comunidade e que se faz presente em múltiplas dimensões na vida dos moradores. Esse aspecto também emerge em outros momentos da reportagem, como a passagem em que os moradores da comunidade estão reunidos em um bingo na sede da escola de samba. É nesse cenário que Edsoul entrevista a moradora Sandra Nascimento, que ressalta o papel da Associação de Mulheres Negras (AMAB)12 na organização de atividades e projetos sociais voltados aos moradores. Outra voz mobilizada pela narrativa é a de Vilson Groh, um padre católico morador da comunidade desde os anos 1980, fundador de uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que desenvolve ações educativas e socioassistenciais em regiões periféricas da Grande Florianópolis. Nas palavras do religioso, apontado pelo repórter como uma 11 Sonora da entrevistada Daura Veloso (ALÔ..., 2016). Associação de Mulheres Negras Antonieta de Barros. O nome da organização presta homenagem à primeira mulher negra eleita deputada no país. Natural de Florianópolis, Antonieta de Barros era filha de uma lavadeira escravizada, posteriormente liberta (NUNES, 2001). A associação que hoje leva seu nome foi criada por iniciativa de Maria de Lurdes da Costa Gonzaga, professora conhecida como Dona Uda, uma das entrevistadas da reportagem. Dona Uda foi a primeira aluna negra do Instituto Estadual de Educação, maior escola pública de Santa Catarina, no mesmo período em que Antonieta de Barros dirigia a instituição (TORRES, 2016). 12 154 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 figura importante na “evolução do morro”, destaca-se o reconhecimento do protagonismo comunitário: “Olha o filme que passa na cabeça é que nessa história, nessa memória, um povo que se levantou, um povo que fez da sua força e dos seus talentos e do seu grande capital social uma perspectiva de oportunidade13”. O último entrevistado mobilizado pela reportagem é Seu Teco14, apresentado por Edsoul como alguém que “enfrentou as dificuldades, participou efetivamente da evolução do morro e hoje evidencia a felicidade de um povo que valoriza coisas simples, que mantém a harmonia e a cumplicidade” (ALÔ..., 2016). Ainda que o texto da reportagem não detalhe, Seu Teco foi um dos fundadores do Centro Cultural Escrava Anastácia (CCEA), militante pelos direitos da população do morro e pela educação de jovens negros e foi um dos principais responsáveis pela implantação da linha de ônibus que atende o morro, que está presente na reportagem em vários takes. Nas palavras de Seu Teco destacadas pela reportagem: “nós aqui vivemos bem. Não só eu, como todos aqui vivem assim. E quero é zelar, melhorar mais o que nós temos15”. Um aspecto a ser destacado é o uso de pronomes de tratamento nos créditos da reportagem para identificação das fontes (Dona Daura, Dona Uda, Seu Teco), prática incomum na reportagem de telejornalismo diário que, neste caso específico, pode ser interpretada como manifestação de valorização e respeito pelos entrevistados. Do mesmo modo, o uso dos nomes pelos quais os sujeitos entrevistados são conhecidos na comunidade, em vez dos nomes que constam em seus documentos, evidencia um movimento de valorização de suas identidades no contexto comunitário. O texto da reportagem e a condução das entrevistas não se detêm em explicar quem são os personagens mobilizados pela narrativa e por quais motivos eles foram incluídos como representativos da comunidade. Desse modo, mobiliza sentidos que estão além da tela, estabelecendo um diálogo cuja plena compreensão exige algum nível de conhecimento sobre a comunidade retratada. O encerramento das reportagens dessa temporada tem características literárias, em que, novamente, destaca-se o protagonismo das três mulheres negras ouvidas na reportagem: “O morro é delas, Uda, Daura e Sandra, as damas que trabalham, sambam e sorriem sozinhas ou acompanhadas. Da guerreira da embaixada ou com o malandrear do 13 Sonora do entrevistado Vilson Groh (ALÔ..., 2016). João Ferreira de Souza, mais conhecido como Seu Teco, morreu em 3 de agosto de 2020, em decorrência de problemas cardíacos, aos 85 anos: https://www.nsctotal.com.br/noticias/morre-seuteco-figura-tradicional-do-macico-do-morro-da-cruz-em-florianopolis 15 Sonora do entrevistado Seu Teco (ALÔ..., 2016). 14 155 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 mestre-sala. Nem mais, nem menos, apenas Morro da Caixa” (ALÔ..., 2016). Uma das imagens que cobre o fechamento da reportagem é de um muro grafitado em referência ao Dia da Consciência Negra16, onde se veem as figuras de Zumbi dos Palmares e Nelson Mandela sobre a frase “a força da luta de Zumbi e Mandela vive em nós”. A referência à questão racial e à resistência em cenários de segregação é um elemento cultural fundante dessa comunidade, que começou a ser ocupada por negros escravizados e libertos ainda no século XVIII, motivo pelo qual é percebida por parte dos moradores como um quilombo urbano, como recupera Maia (2019). Em 2019, uma nova temporada do quadro Alô Comunidade foi ao ar no Jornal do Almoço de Florianópolis. O formato sofreu modificações: o quadro passou a ser ancorado a partir do estúdio por Edsoul, o que adquire um significado que transcende ao quadro, tendo em vista que não existem âncoras negros na tela da NSCTV. Assim, durante uma parte do telejornal, Edsoul assume um lugar de equivalência em relação aos âncoras da atração, o que potencializa sua condição de líder de opinião. Nesta temporada, as comunidades eram retratadas em reportagens diárias ao longo de uma semana, finalizada com uma entrada ao vivo a partir da comunidade. A maior modificação de formato, no entanto, encontra-se no fato de que a condição de repórter, antes ocupada por Edsoul, foi repassada aos moradores da comunidade, que receberam a nomenclatura de “correspondentes” do Alô Comunidade. Nesta temporada, a linha editorial das reportagens mescla a celebração de aspectos culturais e a busca por melhorias estruturais e adoção de políticas públicas. As reportagens, no entanto, não incluem a “cobrança” de soluções por parte do poder público. Esse elemento está presente apenas ao final da semana de reportagens, em uma entrada ao vivo do repórter Edsoul de dentro da comunidade em questão. Novamente, lançamos um olhar sobre os aspectos da cultura popular midiatizados em uma das reportagens que tematizou o Monte Serrat. A reportagem analisada foi veiculada em 17 de junho de 2019 e teve os moradores Djavan Nascimento e Helder Antunes na condição de repórteres. Djavan Nascimento é rapper e produtor cultural, nascido e criado na região conhecida como “pastinho”, primeiro local ocupado no Morro. Helder Antunes é ator e modelo, natural de Cabo Verde, no continente africano, aspecto 16 Em 2009, a Câmara Municipal de Florianópolis declarou 20 de novembro feriado municipal por meio da Lei nº 8.046/2009. No ano seguinte, a lei foi julgada inconstitucional em resposta a uma ação movida por entidade representativa dos lojistas do município: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/11/justicasuspende-feriado-em-florianopolis.html. Acesso em 01 set. 2021. 156 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 que se encontra marcado logo no início da referida reportagem: “Vim da Mãe África pra conhecer a comunidade onde nosso povo se mantém forte” (CONFIRA...,2019). Ambos possuem atuação junto à cena cultural da comunidade. Assim, sua inserção na esfera de visibilidade constituída pela grande mídia provém desse lugar de prestígio ocupado por ambos em seu contexto cultural local, um dos elementos definidores dos ativistas midiáticos da rede folkcomunicacional. Ainda que as reportagens conduzidas por eles não possam ser consideradas uma iniciativa de jornalismo produzido a partir das periferias (ROVIDA, 2020), pois trata-se de material jornalístico produzido no contexto de uma emissora de televisão comercial que ocupa posição hegemônica no cenário estadual, há que se reconhecer a força simbólica da iniciativa. Figura 2 – Reportagem Alô Comunidade 17/06/2019 Fonte: NSC, 2019. Por tratar-se da primeira reportagem de uma série de quatro, possui um caráter de apresentação do morro e centra a narrativa nos aspectos históricos e culturais que determinaram os dois nomes pelos quais a comunidade ficou conhecida: Monte Serrat e Morro da Caixa. Um dos primeiros cenários da reportagem é o terreno no alto do morro que abriga o Monumento da Caixa D’Água. A instalação de um reservatório de água no local em 1909 fez com que o local ficasse conhecido como Morro da Caixa, nome ainda hoje amplamente utilizado para se referir à comunidade. A obra, no entanto, teve como finalidade atender os bairros Saco dos Limões, Agronômica e Centro. Os moradores do morro, que já era ocupado por descendentes de negros escravizados desde o século XVIII, só receberam água encanada em suas casas durante a década de 1980 (CULLETON, 2019). Nas palavras de Djavan: “Estamos na famosa caixa d’água. Daqui de cima a gente vê a cidade lá embaixo. A construção é de 1909 e aqui pra cima subiam e desciam as nossas 157 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 guerreiras com as trouxas e a lata d’água na cabeça” (CONFIRA..., 2019). Assim como na reportagem veiculada em 2016, identifica-se novamente a referência ao trabalho das lavadeiras, figuras centrais no imaginário local e referência histórica fundamental para compreender a formação da comunidade. Na sequência, mobiliza-se a figura do Padre Vilson Groh, para explicar que o nome Monte Serrat é uma referência à padroeira da comunidade, Nossa Senhora de Montserrat, cuja devoção é originária da Espanha. O religioso traça relações entre a imagem religiosa de pele negra e as matriarcas da comunidade, outro aspecto cultural já presente na reportagem anteriormente analisada, que fornece pistas sobre os entrelaçamentos entre a religiosidade popular e a formação cultural da comunidade. Sobre esses aspectos, lembra-se que a narrativa possui um papel importante na formação das identidades culturais, ao passo que “toda identidade se gera e se constitui no ato de narrar-se como história, no processo e na prática de contar-se aos outros” (MARTÍN-BARBERO, 2018, p. 20, grifo do autor). Assim, no processo de contar a história do local onde se vive, constroem-se e reafirmam-se as identidades dos sujeitos que ali vivem. Considerações finais O acesso de atores sociais aos meios de comunicação é marcado por uma série de exclusões e silenciamentos que refletem as assimetrias de poder presentes na sociedade. A inserção de comunidades periféricas no telejornalismo da Rede Globo inscreve-se em um contexto caracterizado por interesses mercadológicos e institucionais. Nesse cenário, é importante considerar que a relação entre cultura popular e cultura de massa é marcada por uma série de tensões e atravessamentos, mas também apresenta potencialidades a serem exploradas. A análise das características centrais do quadro Alô Comunidade e de duas reportagens veiculadas nesse espaço identificou elementos que permitem considerar a atração como produto cultural folkmidiático, uma vez que promove a midiatização de elementos da cultura popular através da focalização de sujeitos provenientes de comunidades periféricas que, ao falar sobre a comunidade, reforçam suas identidades culturais e comunitárias. Desse modo, ainda que as questões mercadológicas sejam sempre preponderantes no contexto da radiodifusão comercial, há que se reconhecer que produtos culturais como o Alô Comunidade guardam em si potencialidades a serem desenvolvidas no sentido de 158 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 promover a valorização das diversidades culturais e seus sujeitos, atendendo de forma mais abrangente a uma das finalidades constitucionais da programação de televisão, a promoção da cultura nacional e regional. 159 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 Referências ALÔ comunidade visita o Morro da Caixa, em Florianópolis. Produção: Edsoul Amaral. Globoplay. 16 jul. 2016. 5’33”. Disponível em: https://globoplay.globo.com/v/5168401/?s=0s. BELTRÃO, Luiz. Folkcomunicação: um estudo dos agentes e dos meios populares de informação de fatos e expressão de idéias. Porto Alegre. EIPUCRS, 2001. CONFIRA o quadro Alô Comunidade desta segunda-feira. Produção: Edsoul Amaral. Globoplay. 17 jun. 2019. 3’56”. Disponível em: https://globoplay.globo.com/v/7698233/?s=0s. CULLETON, Billy. Morro do centro com caixa d’água desde 1910, e que só teve água encanada 70 anos depois, ganha primeira praça. Floripa Centro, 2019. Disponível em: https://floripacentro.com.br/morro-do-centro-com-caixa-dagua-desde-1910-e-que-soteve-agua-encanada-70-anos-depois-ganha-primeira-praca/. FIGUEIREDO, Carlos. Nem comunitário, nem público. O jornalismo de prestação de serviço da rede globo. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 38, 2015, Rio de Janeiro (Anais). Disponível em: https://portalintercom.org.br/anais/nacional2015/resumos/R10-1869-1.pdf. FONSECA JÚNIOR, Wilson Corrêa. Análise de conteúdo. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (org). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2017. MAIA, Cauane Gabriel Azevedo. A revolução vem do pastinho: escrevivências antropológicas sobre vozes negras em Florianópolis. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Florianópolis, 2019. MARQUES DE MELO, José. Folkcomunicação. In: GADINI, Sergio Luiz; WOITOWICZ, Karina Janz (org). Noções básicas de folkcomunicação: uma introdução aos principais termos, conceitos e expressões. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2007. MARTÍN-BARBERO, Jesus. Diversidade em convergência. Revista Matrizes. São Paulo, USP. V. 2, N°8, jul/dez, 2014. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/matrizes/article/view/90445. NSC TV. Quadro 'Alô Comunidade' completa 10 anos no Jornal do Almoço da NSC TV. Rede Globo, 2021. Disponível em: https://redeglobo.globo.com/sc/nsctv/noticia/quadro-alocomunidade-completa-10-anos-no-jornal-do-almoco-da-nsc-tv.ghtml. NUNES, Karla Leonora Dahse. Antonieta de Barros: uma história. Dissertação (mestrado) Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em História. Florianópolis, 2001. PERUZZO, Cicilia Maria Krohling. Televisão comunitária: dimensão pública e participação cidadã na mídia local. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007. 160 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC) RIF, Ponta Grossa/ PR Volume 20, Número 45, p.145-161, jul./dez. 2022 ROVIDA, Maria. Jornalismo das periferias: uma pesquisa de campo na Região Metropolitana de São Paulo. Revista Famecos, Porto Alegre, vol. 27, p. 1-11, jan.-dez. 2020. SANTOS, André Luiz. Do mar ao morro: a geografia histórica da pobreza urbana em Florianópolis. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-graduação em Geografia, Florianópolis, 2009. SANTOS, Carlos Roberto Praxedes.; MUNEIRO, Liliam. Os 50 anos da televisão em Santa Catarina: concentração de mídia e de audiência. In: Anais do XII Encontro Nacional de História da Mídia. Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia. 19 a 21 jun. 2019. Natal (RN): UFRN, 2019. Disponível em: http://www.ufrgs.br/alcar/encontrosnacionais-1/encontros-nacionais/12o-encontro-2019/gt-historia-das-midiasaudiovisuais/os-50-anos-da-televisao-em-santa-catarina-concentracao-de-midia-e-deaudiencia/view. SANTOS, Milton. O espaço dividido: os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004. TRIGUEIRO, Osvaldo. O ativista midiático da rede folkcomunicacional. In: Revista Internacional de Folkcomunicação. Ponta Grossa, vol. 4, n. 7, jan./jun., 2006. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/folkcom/article/view/18667. TORRES, Aline. Dona Uda Gonzaga é uma liderança na autoestima do Monte Serrat. Online. ND Mais, 2016. Disponível em: https://ndmais.com.br/noticias/serie-engajadosdona-uda-gonzaga-e-uma-lideranca-na-autoestima-no-monte-serrat/. 161 | Alô, Comunidade: narrativas folkmidiáticas sobre o Monte Serrat, em Florianópolis (SC)