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2024, Signum - Estudos da Linguagem
https://doi.org/10.5433/2237-4876.2024v27n3p84-100…
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O artigo foca-se na análise de textos do gênero acadêmico Mínima Onomástica, publicados na Rivista Italiana di Onomastica (RIOn). Este gênero, que é novo e não foi ainda descrito no âmbito da Linguística do Texto e do Discurso, tem como principal objetivo apresentar reflexões ou resultados sobre um tópico ou objeto de estudo delimitado da Onomástica. Por meio da aplicação do modelo CARS, ancorado na teorização de Swales (1990, 2004) e na adaptação de Bunton (2002), foi analisada a estrutura composicional de um corpus constituído por 18 textos, sendo dezesseis redigidos em italiano, um em inglês e um em catalão. Dos exemplares estudados, dois passos do modelo CARS (a indicação do tema e a apresentação dos resultados) destacaram-se pela prevalência em todos os textos analisados. Além disso, o passo relativo à contextualização foi identificado na maioria dos textos. Os resultados obtidos permitem sistematizar as principais propriedades retórico-estruturais do gênero Mínima Onomástica e confirmam a sua capacidade de divulgar descobertas, contribuindo para a difusão e o avanço do conhecimento no campo da Onomástica.
Nomes Próprios de Pessoa: Introdução à Antroponímia Brasileira, 2020
PANORAMA DOS ESTUDOS ONOMÁSTICOS O nome de um homem não é algo como um manto, que pende simplesmente de seus ombros e que pode ser esticado e puxado a esmo; antes, é um traje que o veste perfeitamente, é como a própria pele, que cresce com ele e recobre seu corpo inteiro e que não se pode arranhar nem arreganhar, sem deixar alguém machucado.
Revista GTLex
O ato de nomear é atividade essencial ao homem desde que se têm notícias de vida social, uma vez que, por meio da ação denominativa, objetos, espaços, sentimentos são categorizados, classificados e apropriados pelo nomeador. Nesse sentido, léxico, cultura, sociedade e ambiente formam um amálgama indissolúvel e revelador da visão de mundo e do conhecimento de alguém. Assim, tudo no universo tem um nome a lhe singularizar, diferenciar e definir. Assim, o léxico, como um saber partilhado culturalmente entre os membros de uma sociedade, integra um dos níveis da língua mais suscetíveis a inovações e mudanças em decorrência de condicionantes sociais, físicos, geográficos, ambientais e, desse modo, torna-se revelador de crenças, expectativas, realidade, conhecimento de cada ser humano. Nomeia-se e se particulariza "coisas" sobre as quais se têm poder cognitivo ao se atribuir um designativo por meio de ações como identificar, categorizar, delimitar e singularizar, ou seja, aplicam-se noções para se demonstrar que algo, dentre outras existências no universo, tem características próprias e, por isso, é diferente. Para tanto, o nomeador lança mão de aspectos internos e externos da * Doutor em Linguística pela UFC. Professor na UFAC.
Revista GTLex, 2020
Este artigo busca descrever o contexto atual das pesquisas em Onomástica Ficcional no Brasil, bem como ilustrar corpus inexplorados que seriam gratos à pesquisa contemporânea na área. Considerando as pesquisas do Léxico, a Onomástica Literária (ou Onomástica Ficcional) nos domínios científicos luso-brasileiros, ainda é uma disciplina em ascensão, cujos pressupostos teóricos – transformados ao longo de sua origem – precisam ser revisitados, restabelecidos e constantemente aplicados em corpus de linguagens ficcionais diversificadas. De acordo com Altman (1981), a Onomástica Literária seria uma especificidade do Criticismo concentrada nos níveis de significação do nome na Literatura; passados quase quarenta anos, Eckert e Röhrig (2018) e Camargo (2018) têm demonstrado em solos brasileiros que a Onomástica Literária não apenas auxilia na Análise Literária como possibilita meios de comparação da função e status do signo onomástico em sociedade e nas mais diversas linguagens ficcionais, c...
Revista Portuguesa de Arqueologia, 3:1, 2000, p. 121-151.
In this article, we discuss the study of some Hispanic pre-Roman and non-Indo-European place-names and personal names, the majority of which is Iberian. Some of these have been the subject of analyses that we feel were not adequately substantiated, and, for this reason, we will be refuting these analyses in this article.
Calidoscópio, 2023
Considerações iniciais Neste artigo, examinamos a presença dos gêneros orais da esfera científica, especificamente, no Campo das práticas de estudo e pesquisa na Base Nacional Comum Curricular-doravante BNCC (Brasil, 2018), tecendo a análise a partir da importância desse constructo para o desenvolvimento de capacidades de linguagem dos/as estudantes para o agir social por meio da língua. O foco está direcionado às normativas do referido documento para os anos escolares que compreendem o Ensino Fundamental (1º ao 9º ano), etapa com a qual lidamos em nossas práticas de formação docente e pesquisa, sobretudo em cursos de Letras e Pedagogia. A escolha desse Campo de atuação está aportada no nosso interesse em aprofundar estudos anteriores que tematizam os gêneros da esfera científica, assim como ampliar a discussão sobre o fazer científico e seus gêneros, articulada a estudos voltados à escola básica ou à formação docente
Letras
A popularização da ciência (PC) envolve um processo complexo de recontextualização, no qual o discurso científico, produzido por especialistas, é recontextualizado por jornalistas para uma audiência não especializada, em gêneros discursivos da mídia de massa. Pesquisas recentes têm apontado um efeito de monologismoem notícias de PC em português (MOTTA-ROTH; LOVATO, 2011 conforme MOIRAND, 2003) e inglês (MOTTA-ROTH; MARCUZZO, 2010), nas quais há um predomínio da voz da ciência e um apagamento de outras vozes possíveis como o governo ou o público, já identificados na mídia de PC francesa (BEACCO et al., 2002; MOIRAND, 2003). Com base em estudos prévios, o objetivo do presente artigo é apresentar uma análise engajamento discursivo e do jogo entre expansão e contração dialógica em 45 notícias de PC em inglês. Para tanto, consideramos os Sistemas de Transitividade e de Modalidade (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004) e o Sistema de Avaliatividade (MARTIN; WHITE, 2005) da Linguística Sis...
Raído, 2017
O gênero monografia é uma ação social que organiza a cultura acadêmica em fase de conclusão de um curso universitário de Graduação e Especialização, bem como é uma ação textual esquematizada na produção escrita. Para o presente artigo, tomamos seis exemplares deste gênero, oriundos de um curso de Letras e de Ciências Sociais, para, através de um estudo de casos múltiplos, com uma metodologia descritivo-interpretativista, analisar o referido gênero e seus movimentos recorrentes na sua seção de introdução. Com o respaldo em abordagens sociorretóricas, de Swales (1990; 2004) e de Bhatia (2004; 2009), investigamos monografias no contínuo com outros gêneros de iniciação no meio científico. Concluímos que elas revelam uma prototipicidade marcada por movimentos mais gerais, como identificação de tema, apresentação de objeto, questão e objetivos de pesquisa. Além disso, por movimentos mais específicos, como a informação de que as pesquisas são derivadas de projetos desenvolvidos no programa...
Tinta-da-china, 2020
Fernando Pessoa Prosa — Antologia Mínima Edição de Jerónimo Pizarro Lisboa: Tinta-da-china, 2020 JUNHO DE 2020 | 328 PP | 18,5 X 13 CM ISBN: 978-989-671-544-1 Depósito legal No. 469994/20 https://tintadachina.pt/produto/prosa-antologia-minima/ A MAIS SINTÉTICA ANTOLOGIA DO MAIS VASTO DOS AUTORES O essencial da prosa de Fernando Pessoa e seus principais heterónimos, numa edição de Jerónimo Pizarro. Para ler esta antologia, é preciso aceitar primeiro aquela que pode ser uma estranha constatação para os admiradores do poeta: «A maior parte do espólio pessoano está em ‘prosa’», diz a introdução. Assim, depois do volume dedicado à poesia, esta Antologia Mínima vai além do Livro do Desassossego, rumo a «escritos sociopolíticos, filosóficos, esotéricos, epistolares, teóricos». Há alguns mais conhecidos, como a carta a João Gaspar Simões sobre a génese dos heterónimos, outros mais divertidos – aforismos, ficções breves, cartas a Ofélia… –, mas também há surpresas, até para os mais conhecedores, como a «Crónica Decorativa». Bons pretextos para embarcar mais uma vez nesta nova forma de «desaprender Pessoa», citando o mestre Alberto Caeiro, e lê‑lo como se o descobríssemos pela primeira vez.
2014
Com o objetivo de divulgar a Anatomia Humana para fora da sala de aula e trabalha-la de forma motivante, interativa e reflexiva e enriquecendo o curriculo dos alunos, foi desenvolvido a anatomania, uma oficina de Anatomia Humana para o ensino medio. Participaram da oficina 40 alunos. As aulas foram ministradas semanalmente por alunos do curso de graduacao em Enfermagem da Faculdade Adventista Paranaense, sob a supervisao da coordenadora do laboratorio de Anatomia e professora da Instituicao. O conteudo selecionado foi abordado por meio de aulas teoricas e praticas, seguidas de atividades complementares.
O estudo ora apresentado insere-se na área da Linguística do Texto e do Discurso e, para o concretizar, foram adotadas propostas teórico-metodológicas da área do Ensino de Línguas para Fins Específicos, nomeadamente do Inglês para Fins Acadêmicos (English for Academic Purposes ou EAP; Swales, 1990Swales, , 2004)). Entre os conceitos-chave que se destacam no seio da área em causa e que são relevantes para a pesquisa efetuada, contam-se o de comunidade discursiva e o de gênero. De acordo com Swales (1990, p. 21-32), uma comunidade discursiva pode ser caracterizada com base nas propriedades que a seguir se sistematiza.
Em primeiro lugar, os membros de cada comunidade discursiva possuem um conjunto acordado e reconhecido de objetivos públicos comuns. Além disso, dispõem de mecanismos de intercomunicação entre eles e usam-nos, de forma efetiva, com vista à partilha de informações. Para tal, têm, à sua disposição, um ou mais gêneros que os ajudam a promover e a concretizar os objetivos visados. Acresce que, no âmbito das suas atividades socioprofissionais, adquiriram e servem-se de um vocabulário específico. Por fim, cada comunidade discursiva integra alguns membros que evidenciam um elevado grau de conhecimentos sobre conteúdos pertinentes no seio do grupo, assim como boas competências discursivas plasmadas nos gêneros que usam (para nomear este grupo de "expert members", usa-se frequentemente a designação de gatekeepers).
O conceito de comunidade discursiva é relevante no âmbito desta pesquisa, porque permite delimitar, num recorte que é sempre artificial, o conjunto de indivíduos que conhecem, usam e promovem o gênero Mínima Onomástica. Trata-se de um grupo composto por investigadores da área das Ciências Sociais e Humanas que se interessam pela análise, descrição e sistematização dos nomes e que, de forma voluntária e consciente, se inserem na disciplina conhecida por Onomástica, uma subdisciplina da Linguística. Em particular, engloba os indivíduos desta área que leem e/ou escrevem textos de vários gêneros publicados na revista Rivista Italiana di Onomastica (RIOn). Duas constatações asseguram e reforçam a delimitação proposta da comunidade discursiva: o gênero em causa foi recentemente criado e nomeado no âmbito dessa publicação periódica em língua italiana; e uma das características que Swales (1990) associa a cada comunidade discursiva reside no uso de gêneros específicos.
Quanto ao conceito de gênero, no seio da área conhecida como English for Academic Purposes (EAP), ele é definido da seguinte maneira:
Um gênero constitui uma classe de eventos comunicativos, sendo usado por indivíduos que partilham os mesmos objetivos comunicativos. Esses objetivos são reconhecidos pelos especialistas da comunidade discursiva em causa, constituindo, assim, o princípio orientador do gênero. Com base neste critério, é modelada a estrutura esquemática dos textos, dado que ele influencia e restringe as escolhas relativas ao conteúdo e ao estilo. O objetivo comunicativo é simultaneamente um critério privilegiado e um fator que mantém o escopo do gênero, conforme é aqui concebido, circunscrito a ações retóricas comparáveis. Além do objetivo comunicativo, os exemplares de um gênero exibem diversos padrões de semelhança em termos da sua estrutura, estilo, conteúdo e público-alvo. Se todas as principais expectativas inerentes ao gênero forem respeitadas, o exemplar será considerado prototípico no seio da sua comunidade discursiva. As etiquetas dos gêneros herdados e produzidos pelas comunidades discursivas e importados por outras constituem uma Signum: Estudos da Linguagem, Londrina, v.27, n.3, p.84-100, dezembro. 2024 comunicação etnográfica valiosa, embora exijam, geralmente, uma validação adicional. Swales (1990, p. 58). 2 A citação destaca os objetivos comunicativos subjacentes aos textos que se inserem em cada gênero, erigindo essa propriedade como decisiva para caracterizar um dado gênero e distingui-lo de outros. Acresce que os objetivos comunicativos inerentes aos gêneros contribuem para moldar as respectivas propriedades textuais: a estrutura dos textos, por um lado, assim como constrangimentos relativos quer aos conteúdos que neles podem ou devem ocorrer, quer ao estilo adotado.
A definição proposta por Swales (1990) refere-se, de igual modo, ao caráter (mais ou menos) prototípico de cada exemplar de um dado gênero. Considerando os objetivos comunicativos e o público-alvo, se as principais propriedades textuais associadas a um gênero -estrutura, conteúdos e estilo -são atestadas num dado texto, ele será reconhecido como um exemplar mais prototípico desse gênero.
Por fim, merece destaque uma breve reflexão sobre as etiquetas dos gêneros. Elas são geradas no seio da comunidade discursiva que os usa e, no caso dos gêneros que permanecem muito tempo em uso, são sucessivamente herdadas pelos membros das gerações seguintes. No caso específico dos textos do gênero Mínima Onomástica, que são objeto de análise nesta pesquisa, a designação foi atribuída pelo editor da Rivista Italiana di Onomastica (RIOn), como se verá na seção seguinte.
A partir da constatação da existência do gênerofoot_0 , iniciou-se a investigação de suas características linguísticas, retóricas e discursivas ancorada na teorização de Swales (1990Swales ( , 2004)). O modelo CARS foi desenvolvido por este autor como resultado da investigação das características de 48 introduções de artigos de pesquisa. Inserido na área do Inglês para Fins Acadêmicos, Swales propôs um modelo descritivo das introduções desse gênero que prevê dois tipos de categorias: os movimentos que são unidades de nível superior que concretizam uma dada função comunicativa; e os passos que são unidades de nível inferior que integram um movimento e contribuem para que a principal função comunicativa do movimento seja atingida. O modelo CARS inclui três movimentos que seguem uma metáfora ecológica inspirada pelo processo de ocupação de um nicho por uma dada espécie: o movimento 1 consiste em delimitar um território, o movimento 2 equivale a delimitar um nicho no seio desse território e o movimento 3 traduz-se na ocupação desse nicho. Pode-se fazer corresponder estas indicações figuradas aos seguintes objetivos comunicativos: o movimento 1 enquadra a pesquisa numa dada área do conhecimento; o movimento 2 indica um espaço dessa área que ainda não foi devidamente estudado e o movimento 3 apresenta a especificidade da pesquisa que se introduz (tema, objetivos, enquadramento teórico, metodologia, etc.). Cada movimento inclui diversos passos. Na versão modificada do modelo CARS proposta por Bunton (2002), os movimentos 1 e 2 integram cinco passos cada, enquanto o movimento 3 inclui quinze passos. Neste artigo, os seguintes movimentos e passos se revelaram úteis à descrição do gênero: Movimento 1, Passo 1 (Centralidade da área de pesquisa); Movimento 1, Passo 2 (Contextualização); Movimento 1, Passo 4 (Revisão da literatura); Movimento 2, Passo 1A (Lacuna no conhecimento); Movimento 2, Passo 1C (Questão de pesquisa ou pergunta); Movimento 3, Passo 4 (Materiais ou temas); Movimento 3, Passo 5 (Resultados).
Este modelo conheceu muito sucesso e revela grande vitalidade, tendo em vista quer a análise e descrição de textos acadêmicos, quer a sua didatização. Tem sido reiteradamente aplicado não só às introduções (Dudley-Evans, 1986;Bunton, 2002;Loan;Pramoolsook, 2016), mas também a outras seções e capítulos -revisão da literatura, metodologia, resultados, discussão, conclusões (Wood, 1982;Crookes, 1986;Kwan, 2006;Chen;Kuo, 2012.) -de diversos gêneros de investigação, entre os quais se destacam o artigo científico, a tese de doutorado e a dissertação de mestrado.
No Brasil, o modelo tem sido utilizado desde há bastante tempo, como se comprova com as pesquisas de Motta-Roth (1995) e Araújo (1996) sobre resenhas de livros, as de Santos (1996) sobre resumos de dissertações de mestrado, assim como as de Hemais e Biasi-Rodrigues (2005) sobre introduções das áreas da Física, da Educação, da Psicologia. Em Portugal, foi aplicado, nos últimos anos, em teses de doutorado para descrever as introduções (Silva;Santos, 2018) e as conclusões (Silva;Santos, 2020).
Nas seções seguintes, serão explicitadas algumas das principais propriedades dos textos do gênero Mínima Onomástica e fundamentar-se-á a adoção do modelo CARS no presente estudo.
O nome do gênero, Mínima Onomástica, é uma designação criada pelo investigador italiano Enzo Cafarelli, um renomado estudioso da Onomástica, disciplina que tem como objeto de estudo os nomes próprios. Além de pesquisador, ele é editor da Rivista Italiana di Onomastica (RIOn), onde os exemplares de Minima Onomastica são publicados. Em um número da revista que se encontra no prelo, o editor da RIOn comemora o feito de já terem sido publicados 400 textos desse gênero, informa aos leitores sobre sua gênesis e algumas de suas características.
A criação do gênero deveu-se à necessidade de encontrar, na revista, um espaço para a publicação de um texto que não se encaixava em nenhuma seção pré-existente. Este texto seminal foi escrito por Giovanni Rapelli, era breve e autônomo. De modo a possibilitar a publicação desse texto na revista, em 2016, foi instituída no periódico italiano uma nova seção chamada Mínima Onomástica. Depois de publicada a primeira, muitas outras foram resultando no reconhecimento social do gênero.
O editor esclarece que não há sobreposição entre esta seção e as demais seções da revista assim designadas: Saggi (ensaios), Varietà (variedades), Opinioni (opiniões), Repliche (respostas), Materiali bibliografici (materiais bibliográficos como relatórios, lançamentos de novos livros e revistas ), Incontri (eventos), Attualità (notícias -projetos, pesquisas, cursos, teses de graduação e doutorado, novas associações etc.), Ludonomastica (ludonomástica) e Ossevatóri (observatóriosterminológicos, deonímicos, antroponímicos, toponímicos, odonímicos, crematonímicos, transonímicos, estatísticos, literários e didáticos).
Os nomes e as descrições das seções indicam que há espaços diversos para artigos científicos do tipo ensaio, para diferentes tipos de informação bibliográfica e para notícias sobre eventos e lançamentos de livros, jornais e anais de eventos a área. O espaço disponibilizado para a seção Mínima Onomástica dedica-se à publicação de [...] artigo curto ou muito curto, mas autônomo, sobre a etimologia ou motivação de um único nome próprio ou sobre a história e vitalidade de um deônimo, ou sobre a presença de antropônimos e topônimos em determinada área territorial ou mesmo sobre a descoberta e interpretação de nomes raros e curiosos. Não é um formato de resumo-abstract, não é o início ou a conclusão de um grande artigo, não há uma relação necessária com os acontecimentos atuais, portanto, não é o anúncio de uma notícia ou uma revisão (Caffarelli, no prelo, tradução nossa). 4No relativo à extensão dos textos desse gênero, o editor (em comunicação pessoal) esclareceu que impôs, inicialmente, a condição de eles terem entre 2.900 e 3.100 caracteres, mas que, após insistência de alguns autores, passou a acolher também textos que tenham entre 6.300 e 6.700 caracteres. Assim, há duas medidas padronizadas alternativas para a extensão dos textos do gênero: no primeiro caso, ocupam uma página e, no segundo, duas páginas. Caffarelli enfatizou que esta é a principal regra inerente ao gênero, a qual constrange a amplitude dos conteúdos que se pretende comunicar. Acresce que se espera que o título do texto seja o mais referencial possível, sem que contenha trocadilhos ou jogos de palavras.
O gênero Mínima Onomástica é comparável a outros gêneros acadêmicos, no que diz respeito ao principal objetivo que os autores visam atingir: divulgar, entre os membros da comunidade de investigadores a quem se dirige, os resultados de estudos ou reflexões sobre temas de uma área disciplinar específica (neste caso, a Onomástica). Assim, além do objetivo comunicativo que se pretende alcançar, partilha com esses gêneros duas outras propriedades externas ou situacionais: trata-se de textos escritos em suporte papel e/ou digital que são produzidos e circulam no seio de uma dada área de atividade (a investigação) e os respetivos autores assumem um dado papel socioprofissional (o de investigador). Partilha, de igual modo, propriedades internas ou textuais, como os temas abordados (específicos de uma dada área disciplinar) e o estilo tipicamente adotado em textos acadêmicos.
As diferenças ou especificidades deste gênero relativamente a outros que são usados no seio da mesma comunidade discursiva residem nas propriedades seguintes: a) na etiqueta do gênero adotada (Mínima Onomástica) -que, sendo explicitada no início da seção em que os textos constam, o individualiza claramente em relação a outros gêneros; b) nas normas restritivas de extensão textual atrás indicadas (que preveem duas possibilidades: entre 2.900 e 3.100 caracteres, num caso, e entre 6.300 e 6.700 caracteres, no outro); c) na sua autonomia e autossuficiência (em contraste com textos académicos curtos de outros gêneros, como o abstract ou o resumo); d) na estruturação retórica dos textos (cf. seção 5).
Estas propriedades, associadas aos objetivos comunicativos dos textos deste gênero, confirmam que se trata um gênero distinto de outros que são usados pela mesma comunidade discursiva, como o artigo científico.
É sabido que, na maioria das vezes, cada novo gênero é criado com base noutro(s) já existente(s) e que os gêneros usados numa dada comunidade discursiva se podem influenciar reciprocamente. No caso do gênero em tela, vale a pena ressaltar que foi criado por um editor de revista científica, na qual são publicados textos de diversos outros gêneros, entre os quais o artigo científico. Dada esta constatação, assim como o objetivo principal associado ao gênero (divulgar, num texto curto, reflexões e resultados decorrentes de pesquisas e reflexões no âmbito da Onomástica), considerou-se que seria pertinente basear o estudo no modelo CARS, já abundantemente aplicado a textos dos gêneros artigo científico, tese de doutorado e dissertação de mestrado. Os resultados obtidos que serão adiante apresentados corroboraram essa opção metodológica.
Os textos do gênero Mínima Onomástica foram analisados de acordo com a versão do modelo CARS proposta por Bunton (2002). Dado que este modelo tem sido usado para descrever seções e capítulos de textos de diversos gêneros acadêmicos (cf. seção 2. Enquadramento teórico), vale a pena refletir sobre as razões que fundamentam e validam a sua adoção num estudo que visa descrever a estrutura composicional de textos completos do gênero a que se dedica este artigo.
O modelo CARS tem sido aplicado, de forma reconhecidamente válida e profícua, à análise da estruturação de gêneros acadêmicos, considerando as suas seções e capítulos, em do artigo científico, da tese de doutorado e da dissertação de mestrado. Foi inicialmente proposto e desenvolvido por Swales (1990), tendo sido adotado e adaptado por inúmeros autores na área do Inglês para Fins Acadêmicos (Bunton, 2002;Chen;Kuo, 2012;Loan;Pramoolsook, 2016;entre outros). Nesse sentido, tem-se revelado um instrumento fiável para dar conta dos modos flexíveis que subjazem à estruturação dos textos acadêmicos que visam comunicar processos de investigação e os seus resultados. Tal como é perspectivada no âmbito do modelo, a estruturação inclui os tipos de conteúdos selecionados, a sua ordenação e articulação no texto, bem como as ações retóricas (ou atos de fala) que nele se concretizam.
Outro procedimento metodológico adotado foi o de realizar mais de uma análise dos textos que foram selecionados para esta pesquisa. No mês de março de 2023, os textos foram avaliados de modo independente por Silva e Seide. Em abril, os resultados foram reunidos, comparados e discutidos com manutenção do que foi convergente. Em julho, houve revisão das versões iniciais das análises, resultando na análise final que é a apresentada neste artigo.
No que se refere à amostra de exemplares estudada, ela foi constituída em fevereiro de 2023. Cumpre informar que o acesso à revista RIOn não é gratuito: requer o pagamento de uma assinatura ou a aquisição de um exemplar. Na ausência de recursos financeiros para a realização da pesquisa, foi solicitada uma amostra gratuita de seções de Mínima Onomástica. Atendendo ao pedido, o editor enviou separatas de seção dos volumes 26 (2020), 27 (2021) e 28 (2022), sendo que, em cada volume, há dois números da revista, totalizando 6 números.
Ao todo foram escolhidos dezoito artigos mediante sorteio aleatório 5 de dois números de cada volume para constituição do corpus. Considerando que, nos volumes, houve publicação de 145 exemplares, a amostra corresponde a cerca de 12,4% do total dos artigos aos quais se teve acesso. Comparando-se os artigos selecionados com todos os que foram publicados nos números da revista disponibilizados para fim de pesquisa, percebe-se que a amostra é representativa, pois há maioria de textos escritos em italiano, mas também escritos em inglês (Jordan, 2022) e noutras línguas românicas: em catalão na amostra (Ballester Gómez, 2020), e, noutros números, em catalão e em espanhol. Também se manteve a proporção de exemplares com uma e com duas páginas de extensão. Chegou-se, assim, à amostra de dezoito exemplares do gênero Minima Onomástica sendo dezesseis textos redigidos em italiano, um em inglês e um em catalão. Para os fins desta pesquisa, houve uma análise inicial dos textos originais seguida de uma reanálise, considerando-se a tradução dos textos para línguas mais bem dominadas pelos autores deste artigo 6 .
O estudo foi primeiramente efetuado com base na versão adaptada do modelo CARS. Uma vez que foram detectados mais mecanismos considerados relevantes para descrever o gênero Minima Onomastica, a análise foi, depois, complementada com a identificação de outras ações retóricas, como adiante será referido.
Quanto ao modelo CARS, foram identificados, nos exemplares analisados, sete passos dos três movimentos previstos. São os seguintes: Movimento 1, Passo 1 (Centralidade da área de pesquisa); Movimento 1, Passo 2 (Contextualização); Movimento 1, Passo 4 (Revisão da literatura); -Movimento 2, Passo 1A (Lacuna no conhecimento); Movimento 2, Passo 1C (Questão de pesquisa ou pergunta); Movimento 3, Passo 4 (Materiais ou temas); Movimento 3, Passo 5 (Resultados). Trata-se, então, de três passos do movimento 1, dois passos do movimento 2 e dois passos do movimento 3.
O quadro 1 exemplifica os movimentos identificados num exemplar de Mínima Onomástica.
Quadro 1 -Ilustração de movimentos de um exemplar do gênero Mínima Onomástica Título A paisagem fala através dos nomes de lugar e às vezes mente: os topônimos na Toscana.
Caracterizados por uma carga sugestiva notável, os nomes de lugares refletem ao mesmo tempo condições objetivas e percepções, como demonstra, entre outras coisas, o frequente uso de expressões metafóricas ou antifrásticas. (...) Movimento 2 (Passo 1C: questão de pesquisa) É, portanto, correto afirmar que a paisagem fala através dos nomes de lugar? Movimento 3 (Passo 5: resultados) É sim, assim como é através da ação onomástica realizada ao longo dos séculos pelas comunidades humanas, resultado da maneira como o ambiente de vida foi percebido, utilizado e organizado. (...) No entanto, é preciso prestar atenção ao que os nomes "dizem", de forma explícita ou velada, e às vezes até mesmo irônica, para enfatizar determinadas características -sejam elas naturais ou humanas -ou até mesmo negá-las.
No quadro 1, os segmentos textuais apresentados na coluna da direita concretizam os passos referidos na coluna da esquerda. O exemplo ilustra o trabalho de análise que consistiu na identificação dos movimentos e dos passos atestados nos textos selecionados para este estudo.
O quadro 2 sistematiza o total de movimentos e de passos identificados em cada um dos dezoito exemplares analisadosfoot_3 .
Entre os dados recolhidos, destacam-se os que dizem respeito aos passos 4 e 5 do movimento 3, ou seja, à indicação do tema abordado no texto e à apresentação de resultados. Os dois passos foram atestados em todos os exemplares analisados, o que indicia a sua relevância nos textos do gênero Mínima Onomástica. Esta constatação não é surpreendente, pois o objetivo principal dos exemplares deste gênero consiste precisamente em apresentar um tópico e reflexões ou resultados considerados relevantes acerca dele.
Também o passo 2 do movimento 1 foi recorrentemente identificado: ocorre em catorze dos dezoito textos da amostra (77,7%). Este passo corresponde à contextualização da pesquisa realizada, através da exposição de generalizações necessárias à interpretação dos conteúdos e de informações de fundo que permitem compreender as ideias manifestadas. De acordo com os dados recolhidos, é um passo que ocorre na maioria dos textos deste gênero.
Outro passo com uma taxa de frequência assinalável é o que equivale à apresentação da revisão da literatura (movimento 1, passo 4). Foi observado em sete exemplares (38,8%). Com uma taxa de ocorrência próxima, foram identificados os passos correspondentes a sublinhar a centralidade da área de pesquisa em que se insere o tema abordado no texto (movimento 1, passo 1) e indicar uma questão de pesquisa ou pergunta à qual se pretende dar resposta (movimento 2, passo 1C). Ambos foram detectados em cinco textos (27,7%). Por fim, observou-se a referência a uma lacuna no conhecimento (movimento 2, passo 1A) num único exemplar (5,5%).
Foram atestadas outras ações retóricas nos textos analisados, entre as quais se contam a prática de citar outras publicações, a ilustração com exemplos, a apresentação de recomendações e a inclusão de segmentos narrativos. Estes aspetos não são abordados no presente texto, porque serão objeto de uma futura pesquisa. Não obstante as limitações da pesquisa realizada, os conceitos operatórios estabelecidos e definidos como procedimentos metodológicos, bem como o modelo de análise textual que prevê movimentos e passos retóricos (modelo CARS), revelaram-se adequados à descrição e sistematização das propriedades do gênero Mínima onomástica.
De acordo com a análise efetuada, as propriedades específicas dos textos do gênero Mínima Onomástica traduzem-se em consequências relativas à estruturação textual: em textos de outros gêneros acadêmicos que apresentam os processos e os resultados de investigações explicita-se, de forma mais ou menos abrangente, conteúdos como os objetivos que se pretende atingir e a relevância da pesquisa, o enquadramento teórico e a metodologia adotada (incluindo a definição de conceitos operatórios importantes), sendo que os conteúdos não se apresentam distribuídos em seções ou capítulos 8 .
Os dados recolhidos indiciam que a estruturação destes textos assenta num conjunto restrito de ações retóricas. De fato, apenas três passos do modelo CARS (Bunton, 2002) evidenciam uma elevada frequência na amostra analisada: a contextualização do estudo (em 14 exemplares: 77,7%), a indicação do tema e a apresentação de resultados (em todos os exemplares). Dado que são estes os três passos que mais vezes foram detectados na amostra, pode-se concluir que correspondem às principais tarefas concretizadas em exemplares do gênero Mínima Onomástica. É plausível afirmar, com alguma dose de certeza, que os textos deste gênero incluem geralmente na sua estruturação uma contextualização inicial, a apresentação do tema tratado e a indicação dos resultados obtidos nas reflexões e nas pesquisas efetuadas. Uma vez que os textos desse gênero são exemplares de curta extensão (em comparação com os textos do gênero artigo científico), a sua estrutura retórica básica parece consistir na sucessão destes três passos. Mais estudos, que incluam um número superior de exemplares, poderão confirmar ou infirmar a asserção de que esta constitui a estruturação textual típica dos textos do gênero.
A seguir, são apresentados diversos exemplos que ilustram a concretização dos principais passos identificados nos textos que foram objeto de análise. A contextualização do estudo apresentado (movimento 1, passo 2) consiste na exposição de informações genéricas, que podem incidir numa subárea científica:
(1) A toponímia é útil para a reconstrução histórica, especialmente para os períodos da nossa história pouco cobertos pela documentação, como é o caso da Ligúria nos séculos V a VII e alémfoot_4 (Caprini, 2021, p. 224).
Num outro exemplo de contextualização, apresenta-se uma asserção genérica que introduz o tema estudado:
(2) Se é verdade que os bens ambientais valem tanto quanto os culturais, eles também se configuram como "monumentos", pontos de referência material, cuja destruição leva irreversivelmente à perda do sistema de valores subjacente a eles. Este é o caso da demolição da Rocca Çiaccata, literalmente 'rocha partida' (no território de Caltavuturo, na Sicília), um imponente corpo rochoso que há cerca de vinte anos foi quase completamente derrubado para corrigir a trajetória de uma curva em uma estrada provincial 10 (Sottile, 2021, p. 242).
Neste caso, a primeira frase (em que se defende a ideia de que, no âmbito da toponímia, bens naturais também podem ser perspectivados como bens culturais) serve para enquadrar a 10 Tradução nossa de "Se è vero che i beni ambientali valgono come quelli culturali, anch'essi si configurano come "monumenti", punti di riferimento materiale, distrutti i quali si determina irreversi bilmente la perdita del sistema di valori ad essi sotteso. È il caso della demolizione della Rocca çiaccata lett. 'rocca spaccata' (nel territorio di Caltavuturo, in Sicilia), un imponente corpo roccioso che una ventina di anni fa è stato quasi del tutto abbattuto per correggere la traiettoria di una curva di una strada provinciale.".
apresentação do tema (movimento 3, passo 4) -os efeitos toponímicos da demolição da Rocca çiaccata -, concretizada na segunda frase.
Por vezes, o tema do texto é diretamente introduzido, sem que haja a preocupação de o contextualizar, o que possivelmente se deve aos rígidos limites impostos à extensão dos textos deste gênero:
(3) No Grande Dicionário Italiano de Uso (GRADIT, Tullio de Mauro [dir.], Grande dizionario italiano dell 'uso, Turim, UTET 1999-2007, 8 vol.), são registrados muitos etnônimos 11 exóticos ignorados por todos os outros dicionários italianos 12 (Matt, 2020, p. 272).
Em alguns textos, numa mesma frase introdutória, são concretizados dois ou mais passos. No exemplo seguinte, a indicação do tema ocorre conjuntamente com a recomendação de se adotar um procedimento de natureza teórico-metodológica 13 (4) O interesse pelo antropônimo Romolo não pode ser separado da correlação com o topônimo Roma, mas na intersecção com a hodonímia estendida aos nomes das estações de metrô e com a hagionomástica 14 , é possível encontrar outras referências 15 (Mussano, 2021, p. 236).
Neste caso, explicita-se o tema (o antropônimo Romolo) ao mesmo tempo que se recomenda e justifica um procedimento metodológico: o estudo desse antropônimo requer a consideração da hodonímia (em particular, os nomes de estações de metrô) e a hagionomástica.
A apresentação de resultados (movimento 3, passo 5) constitui o passo mais frequentemente concretizado na amostra estudada. É esta a ação retórica que permite atingir o principal objetivo dos textos do gênero em causa: divulgar novos conhecimentos relativos à área da Onomástica. Os dois exemplos seguintes, entre outros possíveis, ilustram este passo:
Outros três passos apresentam uma taxa de ocorrência que merece ser sublinhada: revisão da literatura (identificado em sete exemplares: 38,8%), referência à centralidade da pesquisa e indicação de uma questão da pesquisa (cada um destes dois passos ocorre em cinco exemplares: 27,7%). Os dados recolhidos indiciam que se trata de ações retóricas relevantes nos textos do gênero Minima Onomastica.
Esses passos complementam os três anteriormente referidos, que constituem a estrutura retórica central do gênero. Assim, em diversos exemplares, os autores abordam ou referem-se a outras publicações relevantes para o estudo apresentado (exemplo 7), sublinham a centralidade do tema da pesquisa (exemplo 8) e/ou indicam uma questão de investigação a que o texto dará resposta (exemplo 9): (Milão, Paravia 2000), com o GRADIT (1999, 2007) (Castiglione, 2020, p. 261).
(9) Qual é a origem do topônimo Claro (Crèe na fala local), agora pertencente à "nova" Bellinzona a partir de 2017? 20 (Bullo, 2022, p. 288).
O exemplo 7 ilustra a referência a outras publicações (movimento 1, passo 4), num exercício de revisão da literatura acerca da pronúncia do estrangeirismo Nobel. No exemplo 8, a centralidade da área de pesquisa (movimento 1, passo 1) é inferida pelo fato de a autora já ter anteriormente abordado temas de Onomástica Literária relativos à obra de uma dada escritora. O exemplo 9 constitui uma questão de pesquisa que o texto visa esclarecer (movimento 2, passo 1C).
Por fim, a indicação de lacuna no conhecimento (movimento 2, passo 1A) ocorre apenas num exemplar (5,5%), sendo um passo pouco significativo na amostra analisada:
(10) Conseguimos encontrar uma pista para um enigma humano (não apenas científico) que nos intrigava há algum tempo: Niva, que fica acima de Campo, em Valmaggia (ou Vallemaggia ou Valle Maggia) no Cantão de Ticino, parecia indecifrável 21 (Lurati, 2020, p. 840).
Note-se que o modelo CARS inclui um total de vinte e cinco passos, distribuídos por três movimentos: o movimento 1 e o movimento 2 incluem cinco passos cada, e o movimento 3 prevê quinze passos. Na análise efetuada, foram apenas identificados sete passos. Uma razão plausível 21 Tradução nossa de "Siamo riusciti a individuare una pista per un enigma umano (non solo scientifico) che ci intrigava da tempo:
Niva, che sta alta sopra Campo, in Valmaggia (o Vallemaggia o Valle Maggia) nel Cantone Ticino, riusciva indecifrabile". 20 Tradução nossa de "Qual è l'origine del toponimo Claro (Crèe nella parlata locale) divenuto ormai quartiere della "nuova" Bellinzona a partire dal 2017?".
para este escasso número de passos atestados decorre da curta extensão dos textos do gênero Mínima Onomástica (que têm entre 2.900 e 6.700 caracteres). O modelo CARS usado neste estudo foi originalmente proposto para analisar introduções de teses de doutorado, ou seja, textos muito mais longos 22 . Por isso, não é de estranhar que, na amostra analisada, os autores concretizem um menor número de ações retóricas: a curta extensão dos textos não permite nem requer que múltiplos outros passos sejam executados. No que diz respeito à estruturação retórica, os passos centrais do gênero parecem consistir, como se viu, na indicação de um tema, na contextualização e na apresentação dos resultados da pesquisa. Realmente, ao analisar o gênero Minima Onomástica, observa-se uma abordagem textual que prioriza a concisão sem comprometer a integridade e a profundidade do conteúdo. Diferentemente de outros gêneros acadêmicos que permitem uma expansão detalhada dos argumentos, a Minima Onomastica opera sob a premissa de transmitir informações de forma resumida 23 . Isso é alcançado pela indicação clara e precisa de um tema e por uma contextualização cuidadosamente apresentada que estabelece o cenário para o leitor. Os resultados, embora apresentados de forma compacta, são expressos de maneira que o seu valor e relevância sejam facilmente discerníveis. Ao aplicar o modelo CARS a este gênero, nota-se que os autores dos exemplares analisados procedem a uma adaptação e a uma seleção criteriosa das ações retóricas concretizadas. Em vez de seguir rigidamente todas as etapas propostas pelo modelo, os exemplares do gênero Minima Onomastica evidenciam escolhas seletivas com base em sua necessidade intrínseca de brevidade.
Essa constatação foi fruto das experiências de Seide com o gênero tanto como leitora quanto como escritora, isto é, como usuária do gênero e parte da comunidade discursiva que o utiliza.2 Tradução nossa de "A genre comprises a class of communicative events, the members of which share some set of communicative purposes. These purposes are recognized by the expert members of the parent discourse community and thereby constitute the rationale for the genre. This rationale shapes the schematic structure of the discourse and influences and constrains choice of content and style. Communicative purpose is both a privileged criterion and one that operates to keep the scope of a genre as here conceived narrowly focused on comparable rhetorical action. In addition to purpose, exemplars of a genre exhibit various patterns of similarity in terms of structure, style, content and intended audience. If all high probability expectations are realized, the exemplar will be viewed as prototypical by the parent discourse community. The genre names inherited and produced by discourse communities and imported by others constitute valuable ethnographic communication, but typically need further validation",Swales (1990, p. 58).
Tradução nossa de "un articolo breve o brevissimo ma autonomo, sull'etimologia o la motivazione di un singolo nome proprio o sulla storia e la vitalità di un deonimico, o sulla presenza di antroponimi e toponimi in una certa area territoriale o ancora sulla scoperta e interpretazione di nomi comunque rari e curiosi. Non un formato sommario-abstract, non l'inizio o la conclusione di un articolo di grandi dimensioni, non una necessaria relazione con l'attualità, dunque non l'annuncio di una notizia o una recensione".
Os exemplares em língua italiana foram traduzidos para o português por Bini, o texto em Catalão foi traduzido para a língua portuguesa por Seide, não tendo havido necessidade de tradução do texto em língua inglesa.5 Os artigos de um mesmo volume foram numerados e, utilizando um software de sorteador de números, procedeu-se à escolha de dois artigos de cada volume da revista.
Dado o limite de páginas deste artigo, não foi possível reproduzir uma Mínima Onomástica na íntegra, tendo-se optado por um recorte representativo dos movimentos caracterizadores do gênero.
Tradução nossa de "La toponomastica è utile per la ricostruzione storica, specie per i periodi della nostra storia poco coperti dalla documentazione, com'è il caso della Liguria nei secoli dal V al VII e oltre".8 Também não foram detectados quaisquer elementos infográficos, como imagens, quadros ou diagramas.Signum: Estudos da Linguagem,Londrina, v.27, n.3, p.84-100, dezembro. 2024
(5) A paisagem marcadamente montanhosa de nossa região é frequentemente refletida nos nomes dos lugares, com a sucessão de denominações derivadas de termos como poggio, colle, monte, em forma simples ou composta e na maioria das vezes qualificadas por adjetivos que especificam algumas condições (Montauto, Montebello, Poggio Secco, Poggio Deserto) 16(Cassi, 2022a, p. 293).
Tradução nossa de "Con la scomparsa (naturale) della consonante dentale, sonorizzatasi e poi dileguatasi, nativa dava *Naiva e poi, con l'alleggerimento dell'accumulo di vocali, Niva".16 Tradução nossa de "Il paesaggio marcatamente collinare della nostra regione si riflette frequentemente nei nomi di luogo, col susseguirsi di denominazioni derivate dai termini poggio, colle, monte, in forma semplice o composta e per lo più qualificati da aggettivi che ne precisano alcune condizioni (Montaùto, Montebello, Poggio Secco, Poggio Deserto)".15 Tradução nossa de "L'interesse per l'antroponimo Romolo non può prescindere dalla correlazione con il toponimo Roma ma, nell'intersezione con l'odonimia estesa ai nomi delle stazioni della metropolitana e con l'agionomastica, è possibile rintracciare altri riferimenti".14 A hagionomástica é o nome dado ao estudo dos nomes próprios relativos a referentes sagrados e/ou religiosos, como, por exemplo, os nomes dos santos da Igreja Católica.13 Como já se referiu anteriormente, trata-se de uma ação retórica não prevista no modelo CARS(Bunton, 2002) mas atestada nos textos analisados.12 Tradução nossa de "Nel GRADIT (TULLIO DE MAURO [dir.], Grande dizionario italiano dell'uso, Torino, UTET 1999-2007, 8 voll.) sono registrati moltissimi etnonimi esotici ignorati da tutti gli altri dizionari italiani".
Tradução nossa de "Dell'onomastica letteraria della scrittrice Silvana Grasso ho già parlato in diverse sedi, facendo rilevare la dimensione fortemente motivata della nominatio autoriale, spesso in prospettiva fatalistica (L'antroponimo in Silvana Grasso: fra tradizione culturale, evocazione ancestrale, patologia moderna, «Il Nome del testo», XIII[2011], p. 33-46; Apollonia e le sue metà. Introduzione a Il cuore a destra di Silvana Grasso, Valverde [Catania], Le farfalle
2014, p. 9-27)".18 Tradução nossa de "Il De Mauro(Milano, Paravia 2000) colGRADIT (1999GRADIT ( , 2007) ) riporta le due varianti nell'ordine: 'nobèl, nòbel', ma normativamente giudicate alla pari, entrambe corrette. Analogamente Il vocabolario della lingua italiana Treccani (2005/2009): 'Nobel /no'bεl/ o /'nɔbel/ s.m.'".
A Minima Onomastica se aproxima do resumo expandido e do resumo de teses e dissertações com uma diferença: nos textos do gênero Minima Onomastica, é possível fazer um recorte delimitado de uma pesquisa anterior, isto é, não há a obrigação, que existe nos resumos, de espelhar a totalidade da pesquisa a que se faz referência.22 Em Silva e Santos (2018), as introduções de teses de doutorado analisadas continham geralmente mais de 30.000 caracteres.Signum: Estudos da Linguagem,Londrina, v.27, n.3, p.84-100, dezembro. 2024
Signum: Estudos da Linguagem,Londrina, v.27, n.3, p.84-100, dezembro. 2024
FEPS Policy Study, 2024
International Journal of English Language & Translation Studies , 2019
Jesuit Higher Education: A Journal, 2024
Dante Studies, with the Annual Report of the Dante …, 2007
La ascensión y la caída. Diablos, brujas y posesas en México y Europa, 2013
Journal for the Study of the New Testament
Journal of Ayurveda Campus, 2021
“Archeologia dell’Architettura”, XVI, pp.34-50., 2012
Revista de la Sociedad Argentina de Diabetes
Francia-Recensio, 2018/1
Quality and Quantity, 2025
Capturing the Senses Digital Methods for Sensory Archaeologies, 2023
Revista Istmica , 2025
Journal of Environmental Planning and Management, 2020
Zbornik radova Građevinskog fakulteta, 2017
The Astronomical Journal, 1987