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DIABETES MELLITUS EM CÃES E SUAS COMPLICAÇÕES

Predisposição

Cães com diabetes melitus comumente situam-se na faixa etária entre 4 e 14 anos, com pico de incidência nos 7 a 9 anos. As fêmeas são afetadas aproximadamente duas vezes mais que os machos (NELSON,1992 (FELDMAN, 1996).

Complicações associadas ao Diabetes Mellitus

Complicações resultantes do estado diabético e da própria terapia são comuns. Muitos proprietários são hesitantes para tratar cães diabéticos recém diagnosticados pela comparação em relação às complicações em humanos diabéticos que são devastadoras e a preocupação que destino semelhante aguarda seu animal de estimação. Porém muitas destas requerem cerca de 10 a 20 anos ou mais para se desenvolverem, sendo menos comuns em cães (FELDMAN, 1996).

Complicações da insulinoterapia

Hipoglicemia

Uma abordagem demasiadamente agressiva pode provocar hipoglicemia, uma complicação grave e potencialmente mortal. As vantagens de manter um controle estreito da glicose sanguínea devem ser pesadas face ao risco de induzir uma crise de hipoglicemia (GROU, 2008).

Nervosismo, ansiedade, vocalização, tremores musculares, ataxia e midríase devem ser identificadas como sinais possíveis da hipoglicemia. Numa evolução do de choque hipoglicêmico o animal pode se apresentar em decúbito, comatoso ou convulsionando (GRECO, 1994). A hipoglicemia prolongada resulta em morte por depressão dos centros respiratórios (NELSON, 1992).

Na ausência de acesso venoso administra-se glicose (xarope de panqueca, mel) por via oral. Na clínica realiza-se bolus intravenosos de dextrose 50% lentamente, seguida por infusão contínua da mesma solução (GRECO, 1994).

Sempre que ocorra a hipoglicemia a dose de insulina deve ser diminuída em 25 a 50% por 2 a 3 dias e então deve-se realizar a curva glicêmica de concentrações sanguíneas seriadas (NELSON, 1998).

Fenômeno Somogyi

Resulta da instalação de uma resposta fisiológica normal a hipoglicemia iminente induzida pelo excesso de insulina (NELSON, 1998 Muitos animais se adaptam bem a cegueira mantendo sua rotina normalmente e em geral se conduzem corretamente, porém, pede-se que não haja mudanças na posição dos móveis da casa (CHASTAIN, 1990).

Como tratamento pode-se realizar a remoção dos cristalinos anormais com uma taxa de 75% a 80% de recuperação da visão, porém fatores como um controle rigoroso da glicemia e presença de doenças da retina e uveíte induzida pelo cristalino interferem no sucesso da cirurgia (NELSON, 1998). Deve-se realizar eletroretinograma quando disponível, antes da cirurgia para assegurar uma função da retina. (FELDMAN, 1996).

Quanto as uveítes associadas à presença de catarata reabsorvente e hipermaduras, o tratamento abrange a redução da inflamação e a prevenção de lesão intra-ocular futura. Os corticoesteróides tópicos provocam reabsorção sistêmica, possivelmente antagonizando a ação da insulina, como alternativa utiliza-se o antiinflamatório não esteróide, apesar da menor potência (FELDMAN, 1996).

Segundo NELSON (1998) há trabalhos experimentais com inibidores da aldose redutase, o sorbinil, que teria ação inibitória na produção do sorbitol, prevenindo a formação da catarata.

Pancreatite

A destruição das ilhotas pancreáticas pela defesa inflamatória do pâncreas exócrino é causa de diabetes mellitus (NELSON, 1998), mas também a hiperlipidemia tem sido proposta como uma possível causa de incitação de pancreatite canina e é comumente visto em cães diabéticos (FLEEMAN, 2008).

Figure 2008

Infelizmente, a pancreatite com freqüência é moléstia crônica, latente que periodicamente resulta em sintomas clínicos, como a dor abdominal, êmese e anorexia. O quadro algumas vezes grave requer fluidoterapia intensiva e dieta controlada, pobre em gordura. (NELSON, 1998).

Infecções Bacterianas

Os diabéticos têm tendência ao desenvolvimento de infecções futuras, principalmente se a concentração glicêmica é deficientemente controlada. O diabetes reduz a resistência às infecções devido ao aumento de glicose circulante (promovendo crescimento de bactérias), diminuição da fagocitose, desnutrição celular e má circulação (CHASTAIN,1990 (NELSON, 1992).