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Revolução inglesa

Iorque, 6 de fevereiro de 1912 -Chipping Norton, Oxfordshire, 23 de fevereiro de 2003) foi um historiador marxista britânico. Sua produção está ligada à de um grupo de historiadores marxistas ingleses dos quais se destacam Eric Hobsbawm e Edward Palmer Thompson. A maior parte de sua pesquisa concentra-se na compreensão da Revolução Inglesa, ocorrida no século XVII, sendo considerado o maior historiador sobre a Inglaterra do século XVII. Em 1940 publicou o ensaio The English Revolution? 1640, criando uma nova visão sobre a Revolução Puritana, antes vista como uma aberração dentro da história inglesa. Também foi autor de importante biografia de Oliver Cromwell, chamada God's Englishman. Passou o ano de 1935 dentro da URSS, quando se interessou pela história política e a cultura russa. Criticou à relutância do Partido Comunista em condenar a invasão da Hungria pela URSS em 1956, abandonando o partido em seguida. Foi mestre do Balliol College, de Oxford, cargo que ocupou de 1965 até 1978. Hill terminou seu primeiro casamento em divórcio. Sua segunda esposa, Bridget, morreu em 2002. Ele deixa seu filho, Andrew, e sua filha, Dinah.

FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS VITOR CAVICCHIA AMAT RA: 2961878 A REVOLUÇÃO INGLESA SÃO PAULO 2019 FICHAMENTO DO LIVRO: A REVOLUÇÃO INGLESA DE 1640 SOBRE O AUTOR John Edward Christopher Hill (Iorque, 6 de fevereiro de 1912 — Chipping Norton, Oxfordshire, 23 de fevereiro de 2003) foi um historiador marxista britânico. Sua produção está ligada à de um grupo de historiadores marxistas ingleses dos quais se destacam Eric Hobsbawm e Edward Palmer Thompson. A maior parte de sua pesquisa concentra-se na compreensão da Revolução Inglesa, ocorrida no século XVII, sendo considerado o maior historiador sobre a Inglaterra do século XVII. Em 1940 publicou o ensaio The English Revolution? 1640, criando uma nova visão sobre a Revolução Puritana, antes vista como uma aberração dentro da história inglesa. Também foi autor de importante biografia de Oliver Cromwell, chamada God's Englishman. Passou o ano de 1935 dentro da URSS, quando se interessou pela história política e a cultura russa. Criticou à relutância do Partido Comunista em condenar a invasão da Hungria pela URSS em 1956, abandonando o partido em seguida. Foi mestre do Balliol College, de Oxford, cargo que ocupou de 1965 até 1978. Hill terminou seu primeiro casamento em divórcio. Sua segunda esposa, Bridget, morreu em 2002. Ele deixa seu filho, Andrew, e sua filha, Dinah. INTRODUÇÃO “Objecto deste ensaio é sugerir uma interpretação dos acontecimentos do século XVII que nada tem a ver com aquela que é habitualmente apresentada nas escolas. Resumindo, esta interpretação considera que a revolução inglesa de 1640-60 foi um grande movimento social, como a revolução francesa de 1789. O poder de Estado que protegia uma velha ordem essencialmente feudal foi derrubado, passando o poder para as mãos de uma nova classe, e tornando-se possível o livre desenvolvimento do capitalismo. A guerra civil foi um guerra de classe, em que o despotismo de Carlos I foi defendido por forças reacionárias da Igreja vigente e pelos proprietários de terras conservadores.” (p.11) “A explicação mais comum da revolução do século XVII é a que foi apresentada pelos leaders do Parlamento em 1640, nas suas declarações de propaganda e apelos ao povo. E tem sido repetida desde aí, com pormenores e enfeites adicionais, pelos historiadores whigs e liberais. Esta explicação diz que os exércitos parlamentares lutavam pela liberdade do indivíduo e pelos seus direitos, consagrados na lei, contra governo tirânico que o lançava para a prisão sem processo jurídico, o tributava sem seu consentimento, aquartelava soldados na sua casa, lhe saqueava os bens e procurava destruir as suas estimadas instituições parlamentares.”(p.13) “(...), contudo a sua vitória era importante, na medida em que punha alguns limites ao governo autónomo das classes mais ricas da sociedade.” (p.14) “Ora, é verdade que a revolução inglesa de 1640, tal como a revolução inglesa de 1640, tal como revolução francesa de 1789, foi uma luta pelo poder político, económico e religioso, empreendida pela classe média, a burguesia, que crescia em riqueza e força à medida que o capitalismo se desenvolvia. Mas não é verdade que, ao opor-se a ela, o governo real tivesse em vista os interesses do povo em geral: pelo contrário, os partidos populares provaram ser os opositores mais combativos do rei, se longe mais vigorosos, impiedosos e radicais do que a própria burguesia.” (p.16) “Os interesses defendidos pela monarquia do rei Carlos não eram, de modo algum, os do povo geral.” (p.16) “A luta da classe média para sacudir o controlo exercido por este grupo não era meramente interesseira; desempenhava uma função histórica progressiva.” (p.17) “Era para benefício da grande massa da população que o capitalismo devia desenvolver-se livremente.” (p.17) “Os novos progressos económicos dos séculos XVI e XVII tornaram o velho sistema económico, social e político irremediavelmente anacrónico.” (p.17) “Uma terceira teoria, mais familiar, é posta em relevo por ambos os lados: que o conflito tinha vista decidir qual das duas religiões, o puritanismo ou anglicanismo, deveria ser dominante em Inglaterra.” (p.18) “A Igreja defendia, pois, a ordem vigente, e era importante que o governo mantivesse o seu controlo sobre esta agência de publicidade e propaganda. Pela mesma razão, aqueles que pretendiam derrubar o Estado feudal tinham de atacar e de obter o controlo da Igreja. É por isso que as teorias políticas tendiam a ser envolvidas numa linguagem religiosa.” (p.21) “Nestas circunstâncias, os conflitos sociais tornaram-se inevitavelmente conflitos religiosos.” (p.21) “Cada classe criava e procurava impor a perspectiva religiosa que melhor conduzia com as suas próprias necessidades e interesses. Porém, era entre estes interesses de classe que se dava o verdadeiro conflito: por detrás do pároco estava o nobre rural.” (p.22) PONTOS ECONÔMICOS DA REVOLUÇÃO INGLESA A TERRA, A INDÚSTRIA E O COMÉRCIO. “Durante séculos, a sociedade inglesa tinha sido feudal constituída por comunidades locais isoladas que produziam para o seu próprio consumo sendo quase inexistente comércio entre elas. Mas, gradualmente, entre os séculos XV e XVII comunidade agrícola começou a sofrer modificações. Os alimentos produzidos pela aldeia começaram a ser vendidos mais longe as fiandeiras e os labradores transformaram-se em produtores de bens destinados ao mercado nacional. “(p.25) “A prata tinha sido descoberta na América e começar a afluir à Europa numa altura em que o comércio se expandia e as relações monetárias entre os senhores da terra e os arrendatários, entre patrão e trabalhador, substituíam as antigas relações baseadas no pagamento em espécie ou em trabalho.” (p.26) “Todos estes acontecimentos modificavam a estrutura da sociedade rural inglesa. A terra tornava-se um domínio extraordinariamente atraente para o investimento de capital. “Na Inglaterra feudal, a terra passava por herança de pai para filho, sendo sempre cultivada, por meios tradicionais, para o consumo de uma só família; raramente mudava de mãos. Agora, a lei adaptava se as necessidades económicas da sociedade e a terra tornava-se mercadoria, comprada e vendida no mercado competitivo: assim, o capital acumulado nas cidades era aplicado no campo.” (p.27) “Tanto na Idade Média como no século XVII, a razão principal da importância de uma propriedade residia no facto de proporcionar ao senhor das terras (através de seu controlo do trabalho dos outros) os meios de subsistência.” (p.28) “Agora, com o desenvolvimento do modo de reprodução capitalista dentro da estrutura do feudalismo, muitos dos proprietários de terras começaram, quer a colocar no mercado essa porção dos produtos que não era consumida pelas famílias, quer a arrendar as suas terras a um agricultor, o que produzia para o mercado. Assim, os proprietários encaravam o seus domínios segundo uma nova perspectiva: como uma fonte de ganhar dinheiro, de lucros o que eram elásticos que podiam ser aumentados.” (p.28) “Tratava-se, em si mesma, de uma revolução tanto moral como económica, de um corte com tudo o que os homens tinham considerado justo e correcto, e teve os efeitos mais perturbadores nas formas de pensamento e de crença.” (p.29) “A sociedade feudal fora dominada pelo hábito, pela tradição. Comparativamente, o dinheiro não tinha importância. Constituía o ultraje à imoralidade dessa sociedade o facto de as rendas sofrerem um aumento tão brusco, e de os homens, por não poderem pagá-las, serem lançados para as estradas, mendigando, roubando ou morrendo de fome.” (p.29) “(...) No século XVI, a ideia de o lucro ser mais importante do que a vida humana (...).” (p.29) “uma nova espécie de agricultor emergia, assim, nos vários condados - o agricultor capitalista.” (p.30) “Efectivamente, eram os proprietários de terras que controlavam o governo local, como senhores de vastos domínios ou juízes de paz.” (p.30) “Modificavam domínios estabelecidos de há muito tempo - transformando os aforamentos em arrendamentos e alugando as suas terras por períodos mais curtos -, expulsavam impiedosamente os foreiros impossibilitados de pagar as novas rendas económicas pedidas.” (p.31) “Porém, não puderam fazer as coisas exactamente como queriam antes de 1640. (...) Subsistiam ainda muitas restrições legais a utilização capitalista sem limites da propriedade fundiária, ao livre comércio da terra. Essas restrições mantinham se no interesse da Coroa (...).” (p.32) “Esta rede legal tinha de ser despedaçada, para que o capitalismo rural pudesse desenvolver o máximo os recursos do interior.” (p.30) “Os meios de comunicação deficientes impediam, contudo, o total desenvolvimento de um mercado nacional, restringiu as possibilidades da de visão do trabalho e, portanto, da evolução capitalista da agricultura. O foco desta sociedade era a corte do rei. O maior proprietário de terras deste tipo era a própria Coroa, sempre com falta de capital.” (p.33) “(...) A alta de preços tornou impossível a manutenção do seu antigo nível de vida, e ainda menos competirem no luxo com os príncipes do comércio.” (p.34) “(...) Grande parte do solo mais rico da Inglaterra não é utilizada no máximo das capacidades técnicas do tempo”. Quanto o poder de Estado, era utilizado para impedir o crescimento de um mercado nacional. “Todas as classes participavam de uma intensa luta para tirarem proveito das mudanças que ocorriam na agricultura. Em geral, estas transformações proporcionavam maior produtividade e permitiam a alguns camponeses mais ricos e pequenos proprietários de terras subirem na vida.” (p.34) “Muitos lavradores, cujas pequenas propriedades impediam os agricultores de levar a cabo a consolidação de vastas herdades destinadas à criação de carneiros, eram brutalmente expropriados.” (p.35) “O Estado é sempre um instrumento de coerção nas mãos da classe dominante; e os proprietários de terras dominavam a Inglaterra do século XVI.” (p.36) “(...) Não houve revolução em grande escala na técnica agrícola até o século XVIII (...) Assim, essas transformações não tiveram qualquer efeito revolucionário sobre a sociedade como um todo. Ali estava nova classe de agricultores capitalistas, forçando o seu caminho para adiante, travada por sobrevivências feudais, cuja abolição era necessária ao seu livre desenvolvimento (...).” “Embora a maior parte do povo inglês trabalha-se nos campos antes de 1640, reproduzir verificar se no comércio e na indústria transformações não menos importantes do que as que descrevemos, as quais impulsionaram efetivamente o desenvolvimento agrário.” (p.39) “(...) por volta de 1640, a Inglaterra produzia mais de 4/5 de carvão da Europa. Por sua vez, o os carros vão desempenhava um importante papel na expansão de muitas outras indústrias: ferro, estanho, vidro, sabões, construção naval.” (p.40) “Rússia, Turquia, Índias Ocidentais e Orientais. Assim teve início a colonização inglesa, com vista a desenvolver o comércio e ganhar um controlo político monopolista sobre as partes do mundo que a Inglaterra se propunha a explorar economicamente.” (p.40) “O Parlamento começou a atacar a monarquia e os seus esforços para regular a vida econômica do país (...).” (p.41) “Este novo desenvolvimento econômico deu origem a novos conflitos de classe.” (p.41) “No sistema doméstico, o patrão explorava os trabalhadores cobrando lhes preços e taxas de juros elevados, mais do que pagando lhes salários baixos. Assim começava a surgir uma classe pequeno-burguesa com interesses econômicos próprios.” (p.42) “Os obstáculos à expansão do capitalismo no comércio e na indústria eram tantos e tão sérios como na agricultura. Durante a Idade Média, o comércio e a indústria restringiam-se às cidades, onde eram rigidamente controlados pelas guildas.” (p.43) “Porém, agora, o mercado estava em expansão: a nação inteira tornava-se uma unidade econômica. (...) As barreiras locais ao comércio desapareceram.” (p.43) ”A cidade-mercado não podia continuar a tiranizar os campos em volta, pois tinha de fazer face à concorrência dos mercados de Londres, que vinham vender as suas mercadorias e comprar os produtos de artesanato local. A concorrência acabou com o monopólio.” (p.44) “A indústria transbordou dos burgos para os subúrbios, para as cidades onde não havia corporações e as zonas rurais, onde a produção não sofria interferências nem estava sujeita a regulamentos. Aqui encontraram uma oferta de mão de obra barata no seio da classe camponesa arruinada expropriada em consequência das transformações da agricultura.”(p.44) “As guildas representavam demasiados interesses ligados à estrutura social do feudalismo, em oposição às forças mais recentes e livres do capitalismo.” (p.45) “É a migração do capital para zonas rurais, quer através do arrendamento ou da compra de propriedades, quer através dos empréstimos, introduzir um novo espírito competitivo e de negócio nas relações agrárias”. (p.46) “Em 1640, a Inglaterra era ainda dominada pelos senhores das terras e as relações de produção era em parte feudais, mas existia um vasto sector capitalista em expansão, cujo desenvolvimento a Coroa e os senhores feudais não poderiam continuar a refrear.” (p.47) “Portanto, existiam realmente três classes em conflito. Contra os proprietários de terras feudais e parasitas e os financeiros especuladores, contra o governo, cuja política consistia em limitar e controlar a expansão industrial, os interesses da nova classe de comerciantes e agricultores capitalistas identificavam-se temporariamente com os dos pequenos camponeses e dos artesãos artífices. Mas um novo conflito viria desenvolver-se, irremediavelmente, entre as duas últimas classes, uma vez que a expansão do capitalismo envolvia a dissolução das antigas relações agrárias e industriais e a transformação de pequenos patrões e camponeses independentes entre proletários.” (p.48) PONTOS POLÍTICOS DA REVOLUÇÃO INGLESA MONARQUIA E BURGUESIA “Contra este fundo de transição econômica e social, o papel da monarquia Tudor torna-se claro.” (p.49) ”Século XV a força das classes em progresso em declínio esteve equilibrada por um breve período, durante o qual a função da monarquia consistiu em zelar por que as concessões às exigências da burguesia afetassem o menos possível a classe dominante.” (p.49) “A Coroa tentou controlar o comércio e a indústria no interesse do erário nacional, apresentando frequentemente como o defensor dos camponeses e os artesãos contra os ricos: mas, em última instância, continuava retroceder perante a burguesia, de quem dependia para os fornecimentos de empréstimos.” (p.50) ”Assim, a pequena nobreza feudal, à medida que os rendimentos provenientes das terras diminuíam, tornava-se cada vez mais dependente da corte para o trabalho e os ganhos econômicos, cada vez mais parasitas.” (p.51) “Na verdade, a monarquia estava ligada à ordem feudal por algo mais que os laços de um sentimento conservador.” (p.52) “No princípio do século XVI, a monarquia utilizara a burguesia como um aliado contra os seus rivais mais poderosos - outras grandes casas feudais, enfraquecidas pela Guerra das Rosas, e Igreja.” (p.52) “A colaboração entre a Coroa é o Parlamento no período Tudor baseava-se numa comunhão de verdadeiros interesses.” (p.53) “Mas na última década do século XVI, quando todos os inimigos internos e externos tinham sido esmagados, a burguesia deixou de depender da proteção da monarquia; ao mesmo tempo, a Coroa tornou-se progressivamente consciente do perigo que a crescente riqueza da burguesia significava batendo se por consolidar a sua posição, antes que fosse demasiado tarde.” (p.52) “Os preços subiam, à prosperidade da burguesia aumentava rapidamente, e, contudo, os rendimentos da Coroa, bem como da maior parte dos proprietários das terras, mantinham se estacionários e inadequados às novas necessidades. A menos que a Coroa pudesse sangrar essa riqueza quer (a) aumentando drasticamente impostos, à custa da burguesia e da pequena nobreza, quer (b) participando de algum modo do próprio processo produtivo, a sua capacidade de independência teria de desaparecer.” (p.54). “Estavam em conflito dois sistemas sociais e as respectivas ideologias o Presbiterianismo (o que advogava abolição da nomeação dos bispos pelo rei e o domínio de cada Igreja por anciãos - personalidades locais importantes) era uma teoria oligárquica que apelava especialmente para a grande burguesia.” (p.57) “Os ricos eram para acumular capital, os pobres para se ocuparem de suas tarefas.” (p.58) “A hierarquia contra atacava, procurando elevar o pagamento de dízimas na cidade e recuperar alguns dos rendimentos que a Igreja perdera.” (p.58) “Ao mesmo tempo, tentava ampliar o seu controlo sobre o patronato, de modo a designar para o sustento da Igreja os indivíduos com posição social e doutrinalmente satisfatória.” (p.58) “Assim, a luta pelo controlo da Igreja era de importância fundamental; quem quer que controlasse a sua doutrina e organização estava em posição de definir a natureza da sociedade.” (p.59) “A luta política foi travada no Parlamento durante os primeiros anos do século. Abrangia vários assuntos – religiosos econômicos e constitucionais.” (p.59) “O protestantismo e o patriotismo ingleses estavam estritamente ligados. Jaime I ultrajou-os a ambos quando, temendo as tendências revolucionárias do protestantismo extremista em Inglaterra e no estrangeiro, se aproximou de Espanha.” (p.59) ”Contra a política de conciliação de Jaime I, a Câmara dos Comuns apelou para uma política anti-espanhola militante. Porém, esta só viria a ser assegurada depois da queda da monarquia.” (p.60) “A política externa está ligada tanto as finanças como à religião.” (p.61) “A primeira denúncia em grande escala de toda a política econômica do governo e de abdicação de Jaime I. Carlos, o que sucedeu a seu pai em 1625, utilizou empréstimos forçados, apoiando-se nas prisões arbitrárias dos que se recusavam a pagar.” (p.62) “Na petição de direitos de 1628 o Parlamento declarou que a fixação de impostos sem o seu consentimento e a prisão arbitrária eram igualmente ilegais; outras cláusulas procuraram impedir o rei de manter um exército permanente.” (p.62) “Em março de 1629, um súbito golpe dissolveu o Parlamento” (p.62) “A situação já era revolucionária, mas Carlos I tinha tomado à iniciativa e, durante 11 anos, pôs em prática um governo pessoal.” (p.63) “A oposição foi temporariamente abafada (...). Durante estes anos a Inglaterra esteve em paz com o mundo(...).” (p.63) “Expedientes financeiros do governo pessoal de Carlos I afectou todas as classes. Os tributos feudais foram restabelecidos e alargados, o que afectou os proprietários de terras e os seus arrendatários. Os declínios da marinha e os ataques dos piratas aos navios e cidades costeiras serviram de pretexto para aplicação de um imposto marítimo. Tratava-se de um imposto nacional obsoleto, que o Parlamento não votara, e recaía especialmente sobre as cidades e a pequena nobreza. Os monopólios e o apertado controlo dos círculos corruptos da corte sobre a vida econômica do país significavam a riqueza para um punhado de grandes mercadores, mas traziam graves inconvenientes a grande massa de homens de negócios e de pequenos produtores.” (p.65) “Os monopólios causaram uma alta acentuada de todos os preços que atingia em particular dureza os pobres.” (p.66) “Durante estes 11 anos a oposição organizava-se, ao mesmo tempo em que se expandia. O seu núcleo era constituído por um grupo de famílias proprietários de terras, intimamente ligadas por laços comerciais e de casamento, e bem representadas em ambas as câmaras do Parlamento.” (p.67) “Assim, a burguesia acabou por reconhecer que as suas queixas econômicas só poderiam ser reparadas pela ação política.” (p.68) “A necessidade de um governo capaz de se dedicar as questões econômicas, o que se fazia sentir desde a crise de 1621, tornava-se cada vez mais premente.” (p.68) “A burguesia tinha entrado em greve.” (p.68) “Em 1640, todavia, a maior parte das classes estava unida contra a Coroa. Os seus objetivos eram: (a) a destruição da máquina burocrática que permitira o governo governar transgredindo os desejos da grande maioria dos seus súbditos politicamente influente; (...) (b) a proibição da existência de um exército permanente controlado pelo rei; (c) abolição dos expedientes financeiros mais recentes, cuja finalidade era tornar o rei independente do controlo da burguesia através do parlamento (...); (d) controlo parlamentar (isto é, burguês) da Igreja, para que não continuasse a ser utilizada como agência de propaganda reacionária.” (p.70) “Em todo o país, a divisão acompanhava vastas linhas de classe.” (p.71) “Tratava-se de uma questão de poder político. A burguesia tinha rejeitado o governo de Carlos I, não porque ele fosse um homem ruim, mas por representar um sistema social obsoleto. O seu governo procurava perpetuar uma ordem social feudal quando havia condições para o livre desenvolvimento capitalista, quando apenas este permitia o aumento da riqueza nacional.” (p.74) “Durante o seu reinado, a política de Carlos Ilustra a base de classe do seu governo. Procurou controlar o comércio e a indústria, com a intenção, contraditória, quer de travar um desenvolvimento capitalista demasiado rápido, quer de participar nos seus lucros. Quanto à política externa, tinha em vista uma aliança com as potências mais reacionárias, a Espanha e a Áustria, recusando por isso a política nacional avançada exigida pela burguesia. Por ter perdido as boas graças das classe endinheiradas, foi forçado a cobrar taxas ilegais, procurou prescindir do Parlamento e governar pela força.” (p.75) ”A burguesia não tinha confiança em Carlos I não iria confiar-lhe o seu dinheiro, pois sabia que o governo deste assentava na hostilidade ao seu desenvolvimento.” (p.76) AS GUERRAS E O PODER “Uma vez iniciada a guerra contra o rei surgiram divisões no seio e no exterior do Parlamento quanto ao modo de a conduzir. As tropas da pequena nobreza realista (Os Cavaleiros) tinham determinadas vantagens militares. Os Cabeças Redondas (...) Eram nobres fortes na cidade, (...) Não eram inicialmente homens experimentados na luta. Os Cavaleiros, por outro lado, contavam principalmente com o norte e oeste de Inglaterra, economicamente atrasados e mal administrados.” (p.79) “Durante muito tempo, contudo, o Parlamento procurou lutar contra os cavaleiros com as próprias armas destes - chamando as milícias feudais dos condados leais ao Parlamento, (...).” (p.80) “Na realidade, tratava-se de uma divisão de classes- entre a grande burguesia mercantil e o sector da aristocracia dos grandes proprietários de terras cujos interesses lhes estavam ligados- << Presbiterianos>>- é a pequena nobreza progressiva, os pequenos proprietários rurais, a burguesia livre cambista, apoiado pelas massas dos pequenos camponeses e artesãos- <<Independentes>>- e - <<Sectários>>.” (p.81) As congregações Independentes e Sectárias constituíram o modo como, naqueles tempos, o povo em geral se organizava, a fim de escapar a propaganda da Igreja instituída e de discutir à sua maneira o que havia a discutir. Os << Presbiterianos>> Apontavam como uma das heresias dos Sectários a ideia de que a nascença, todos os homens são iguais, que nascem para os mesmos bens, direitas e liberdades.” (p.82) “Eram essas dificuldades porque a burguesia passava no início de sua carreira; precisava do povo e, contudo, temia o pretendendo manter a monarquia como um controlo da democracia - contanto que Carlos I atuasse como eles desejavam e Carlos II veio, grosso modo, a actuar.” (p.82) “As classes que pagavam os impostos começavam a ficar irritadas com a tática lenta é dilatória dos aristocráticos chefes Presbiterianos.” (p.83) “A destruição da burocracia real deixaram vazio o que deveria ser preenchido por funcionários da classe média (...).” (p.84) “O velho sistema estatal foi parcialmente destruído e modificado; novas instituições surgiram sobre a pressão dos acontecimentos.” (p.84) “No sentido militar a guerra foi ganha pela artilharia (que só o dinheiro podia comprar) e pela cavalaria de Cromwell constituída por pequenos proprietários rurais.” (p.84) “As lutas do Parlamento foram ganhas devido à disciplina, unidade e elevada consciência política das massas organizadas do Novo Exército Modelo.” (p.85) “O Novo Exército Modelo avançava rapidamente para a vitória, e os realistas foram definitivamente derrotados em Naseby (1645) .” (p.85) “Uma vez terminada à luta, os presbiterianos partidários do compromisso recomeçaram a levantar a cabeça dentro e fora do Parlamento.” (p.85) “O principal obstáculo para uma população de camponeses e artesãos tornara sua vontade reconhecida consistia na dificuldade de organização da pequena burguesia; porém, os radicais viram no exército uma organização que podia ensinar os camponeses a compreenderem a liberdade.” (p.86) “Em Londres, surgiu um partido político representante das ideias dos pequenos produtores, quem entrou em contato com a agitação do exército. Eram os Levellers.” (p.86) “O exército e o Parlamento coexistiam agora no Estado como poderes rivais.” (p.87) “Foi formado um conselho do exército, (...)” No qual se sentavam lado a lado representantes eleitos dos soldados e oficiais, com a finalidade de decidirem sobre questões políticas. A Inglaterra nunca mais voltou a ver um controlo democrático do exército como que existiu durante os seis meses seguintes.” (p.80) “Mas a pequena burguesia, cujos interesses os Levellers representavam cada vez mais, desejava grandes modificações. Ao mesmo tempo, a influência dos Levellers no exército crescia rapidamente.” (p.88) “Uma tentativa dos Levellers para ficarem com o controlo do exército foi frustrada pelos grandes em Ware, em Novembro de 1647, daí resultando a dissolução do Conselho do Exército e o fim da democracia no exército. Entretanto, o rei fugiu da prisão, a guerra civil recomeçou em maio do ano seguinte, e o exército voltou a formar-se com Cromwell à frente.” (p.89) “Após a vitória do exército nesta segunda guerra civil, os Grandes e os Levellers aliaram-se para afastarem do Parlamento os partidários do compromisso que levaram o rei a tribunal. Depois de um julgamento sumário, o rei foi executado em 30 de janeiro de 1649, como inimigo público do bom povo desta nação. A monarquia foi declarada desnecessária, opressiva e perigosa para a liberdade, segurança e interesse público do povo e foi abolida.” (p.90) “Em 19 de maio de 1649 foi proclamada a República.” (p.90) “Não é difícil apresentar razões para o fracasso dos Levellers. As suas exigências eram as da pequena burguesia, uma classe instável de difícil organização, devido à sua dependência econômica e ideológica da grande burguesia.” (p.90) “Os Levellers nunca representaram uma classe suficientemente homogênea para ser capaz de atingir os seus objetivos.” (p.91) “A cabal realização das tarefas democráticas, mesmo no caso de uma revolução burguesa, não é possível sem uma classe trabalhadora apta a levá-las a cabo.” (p.91) “Após os fuzilamentos de Buford, o movimento dos Levellers degenerou. Muitos dos seus chefes tornaram-se carreiristas ou passaram a especular com terras.” (p.90) “A história da revolução inglesa de 1649 a 1660 pode ser contada em poucas palavras. O fuzilamento por Cromwell dos Levellers, em Buford, tornou absolutamente inevitável a restauração da monarquia e dos senhores, pois a ruptura entre a grande burguesia e a pequena nobreza, por um lado, e as forças populares, por outro, significava que o seu governo só poderia ser mantido por um exército (o que, em longo prazo, provou ser extraordinariamente dispendioso e de difícil controlo) ou por um compromisso com os representantes da velha ordem que restavam.” (p.90) “O traço mais notável da década de 50 é o crescente conservadorismo dos chefes independentes e o seu receio, igualmente crescente, dá revolução social, à medida que se fartavam e eram reassimilados aos Presbiterianos.” (p.100) “Na Revolução Inglesa, comparável ao Código de Napoleão, produzido pela Revolução Francesa para proteção da pequena propriedade.” (p.103) “O rei não tinha poderes para cobrar impostos independentemente do Parlamento.” (p.103) “A Igreja de Inglaterra renunciou até a pretensão de tudo abarcar,... os nãos conformistas, do que reabsorvê-los. Deixou de ser um instrumento de poder, tornando-se numa marca de respeitabilidade (...).” (p.104) “Os domínios feudais tinham sido abolidos em 1646, e a confirmação da sua abolição foi o primeiro alvo da atenção do Parlamento.” (p.105.) “Entre 1646 e 1660, uma grande parte das terras confiscadas tinha passado para as mãos de especuladores, na maioria burgueses, que tinham desenvolvido cultivo, construído cercados e feito subir as rendas até o nível do mercado.” (p.105) “O rei já não podia viver pelos seus próprios meios, do rendimento privado proveniente dos seus domínios e dos impostos feudais, e nunca mais voltaria a ser independente.” (p.105) “No mundo dos negócios, os monopólios e controlo real da indústria e do comércio desaparecem para sempre. As guildas e as leis relativas aos aprendizes tinham acabado, e não foi feita qualquer tentativa concreta para as fazer reviver. O comércio e a indústria agora livres expandiram se rapidamente.” (p.106) “Do mesmo modo a tecnologia beneficiava extraordinariamente com a liberalização da ciência e o estímulo dado pela revolução ao livre pensamento e à experimentação.” (p.107) “O período entre 1640 e 1660 viu a destruição de um tipo de Estado e a introdução de uma nova estrutura política dentro da qual o capitalismo podia desenvolver-se livremente.” (p.109) CONCLUSÃO O autor destaca todos os nuances históricos na Inglaterra entre 1640 e 1660, onde ocorreram as duas revoluções inglesas, a contra o Rei Carlos I e a Revolução Gloriosa, na qual não houve nenhuma morte. A luta da classe burguesa em ascensão contra os altos impostos da realeza, desempenhando uma função progressiva em comparação com o sistema anacrônico, pontos como a religião e a questão social também era levada em consideração, por exemplo, o puritanismo e o anglicanismo. A terra se torna uma mercadoria e assim, muitos homens perdem as duas terras por dívidas acumuladas, o agricultutor capitalista começava acumular lucro, sobreponto a vida humana. A coroa detinha muitas terras e o poder do Estado impedia o crescimento do mercado nacional. A criação de ovelhas, não precisava de tanta mão de obra, assim, os homens não trabalhavam mais nas terras para a própria sustentação. O parlamento discordava da monarquia, que não queria o crescimento de uma nova classe com os fins das barreiras locais de comércio, acabando com o monopólio, muitas vezes administrado pelos realistas. O livre comércio ultramarino enfraqueceu as guildas, que tinham um papel social importante na antiga estrutura. A nobreza estava empobrecida por causa dos empréstimos solicitados à burguesia, que não tinha mais pontos em comum com os Tudor. Iniciada a guerra entre o norte e o sul da Inglaterra, os cavaleiros tinham vantagens nas batalhas, por experiências de combate, enquanto os Cabeças Redondas tinham uma economia e administração melhor. Os combates eram longos e lentos, e o Rei precisava aumentar os impostos para se manter na guerra gerando uma grande insatisfação. O novo exercito de Cromwell, fez a derrota dos realistas. O Rei foi executado em 1649 e no mesmo ano proclama a República. Os domínios feudais foram abolidos e a nova estrutura política alavancava o crescimento do capitalismo livre. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Hill, Christopher. A Revolução Inglesa de 1640. 2 ed. Lisboa, Presença, 1983. 111 p. https://pt.wikipedia.org/wiki/Christopher_Hill