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"Intuição e Inovação"

2 "(...) nada há no universo que não nos afete." 1 Gottfried Leibniz "La verdad es lo que es y sigue siendo verdad aunque se piense al revés." 2 Antonio Machado Nos últimos anos, a inovação tornou-se o principal tema de discussão entre profissionais de diversas áreas. A busca pela inovação, considerada por muitos como o grande diferencial competitivo do século XXI, move cientistas, artistas, designers, homens de negócios... Para muitos autores, inovar é mais do que desejável: trata-se de uma questão de sobrevivência. Para aquelas poucas empresas hesitantes quanto à inovação, o escritor de negócios Gary Hamel tem uma horrível previsão: 'Em algum outro lugar, numa garagem qualquer, há um empresário fabricando uma bala de revólver com o nome da sua empresa. Agora você tem uma opção: atirar antes. Você precisa inovar antes dos inovadores'. 3 Cabe ressaltar que a disseminação de um termo nem sempre corresponde a uma difusão proporcional do seu verdadeiro significado. Logo, o que realmente é inovação, e como podemos de fato alcançá-la? Para o público em geral, o termo inovação pode corresponder simplesmente à criação de produtos ou técnicas inéditas e revolucionárias. Na verdade, esse tipo de inovaçãoconhecido como inovação disruptiva -não ocorre com tanta freqüência. As inovações mais comuns surgem para aperfeiçoar produtos e técnicas já existentes; são, por isso, chamadas de incrementais. 4 De qualquer forma, seja uma inovação disruptiva ou incremental, o 1 LEIBNIZ, G. W. LITTMAN, J. A Arte da Inovação. São Paulo: Futura, 2001. p. 18. 4 Para mais definições sobre os diversos tipos de inovação, ver: CHRISTENSEN, C.; ANTHONY, S.; ROTH, E. O Futuro da Inovação: Usando as Teorias da Inovação para Prever Mudanças no Mercado. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 322 p.

Intuição e Inovação Felipe G. de Souza F. Loureiro felipe.loureiro@rioarquitetura.com 1 “(...) nada há no universo que não nos afete.” 1 Gottfried Leibniz “La verdad es lo que es y sigue siendo verdad aunque se piense al revés.” 2 Antonio Machado Nos últimos anos, a inovação tornou-se o principal tema de discussão entre profissionais de diversas áreas. A busca pela inovação, considerada por muitos como o grande diferencial competitivo do século XXI, move cientistas, artistas, designers, homens de negócios... Para muitos autores, inovar é mais do que desejável: trata-se de uma questão de sobrevivência. Para aquelas poucas empresas hesitantes quanto à inovação, o escritor de negócios Gary Hamel tem uma horrível previsão: ‘Em algum outro lugar, numa garagem qualquer, há um empresário fabricando uma bala de revólver com o nome da sua empresa. Agora você tem uma opção: atirar antes. Você precisa inovar antes dos inovadores’. 3 Cabe ressaltar que a disseminação de um termo nem sempre corresponde a uma difusão proporcional do seu verdadeiro significado. Logo, o que realmente é inovação, e como podemos de fato alcançá-la? Para o público em geral, o termo inovação pode corresponder simplesmente à criação de produtos ou técnicas inéditas e revolucionárias. Na verdade, esse tipo de inovação – conhecido como inovação disruptiva – não ocorre com tanta freqüência. As inovações mais comuns surgem para aperfeiçoar produtos e técnicas já existentes; são, por isso, chamadas de incrementais. 1 4 De qualquer forma, seja uma inovação disruptiva ou incremental, o LEIBNIZ, G. W. Discurso de Metafísica. Lisboa: Edições 70, 1985. p. 50. MACHADO, A. Provérbios e Cantares: Canto XXX. In: VARGAS, F. A. (org.). Poesia Espanhola – Das Origens à Guerra Civil. São Paulo: Hedra, 2009. p.100. 2 3 KELLEY, T.; LITTMAN, J. A Arte da Inovação. São Paulo: Futura, 2001. p. 18. 4 Para mais definições sobre os diversos tipos de inovação, ver: CHRISTENSEN, C.; ANTHONY, S.; ROTH, E. O Futuro da Inovação: Usando as Teorias da Inovação para Prever Mudanças no Mercado. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 322 p. 2 fundamental é destacar que, para que possamos de fato inovar, não basta que tenhamos uma boa ideia. A inovação é, justamente, uma boa ideia aplicada, ou seja, concretizada e transformada em um benefício real. Diante disto, a questão da aplicação da ideia ganha relevância. Esta preocupação com a execução 5 permeia uma metodologia que ganhou destaque entre os diversos “caminhos para a inovação” que vêm sendo discutidos recentemente. Esta metodologia é conhecida como Design Thinking, e sua ideia central é a aplicação da metodologia usada por designers para a solução de problemas complexos. O processo em si é tão antigo quanto o próprio design: o termo Design Thinking, cunhado por David Kelley, da consultoria de design IDEO, serve apenas para identificar essa metodologia, e nos permite acompanhar sua disseminação. Segundo Tim Brown, CEO da IDEO, o Design Thinking é uma alternativa a uma visão puramente tecnocêntrica da inovação: Ninguém quer gerir uma empresa com base apenas em sentimento, intuição e inspiração, mas fundamentar-se demais no racional e no analítico também pode ser perigoso. A abordagem integrada que reside no centro do processo de design sugere um ‘terceiro caminho’. 6 A “abordagem integrada” do design está intimamente relacionada à execução das ideias que conduzem o processo criativo. Como todo processo de design tem como objetivo a criação de algo, ou seja, pressupõe-se um produto final – seja ele material ou não – podemos dizer que esta prática permite um exercício constante de criação e execução. Ou seja, se por um lado o design subentende um processo amplamente criativo, ele também deve considerar restrições à execução daquele conceito, independente do objetivo final: uma cadeira, uma marca, uma casa, etc. Poderíamos afirmar que a inovação é o ofício do designer (sempre que há a preocupação com a criação de algo novo, evidentemente), já que sua atividade consiste, basicamente, em transformar ideias em “objetos”. Essa transformação é sempre baseada na busca de um equilíbrio entre “o que se quer fazer” e “o que se pode fazer” - a concretização da ideia força Para um panorama da crescente importância dada à “execução” das ideias, ver: BOSSIDY, L; CHARAN, R. Execução: A Disciplina para Atingir Resultados. 16ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. 261 p. 5 6 BROWN, T. Design Thinking: Uma Metodologia Poderosa para Decretar o Fim das Velhas Ideias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 4. 3 o designer a trabalhar com diversas condicionantes, em um processo extremamente complexo que demanda sensibilidade, conhecimento técnico e um enorme poder de síntese. Essa síntese, identificada por Brown como “um terceiro caminho”, está presente também em outras teorias da inovação: Dee Hock 7 usa o termo “era caórdica” para denominar o atual momento, sugerindo que a inovação “reside” entre a ordem e o caos. Daniel H. Pink , por sua vez, anuncia a “revolução do lado direito do cérebro”, defendendo a “valorização” 8 do lado direito do cérebro, que seria o “lado emotivo”, em contraposição à hegemonia do lado esquerdo, que seria “o lado racional”. Segundo o autor, o sucesso só pode ser alcançado através do equilíbrio entre o emocional e o racional. O que podemos perceber é uma convergência de ideias entre os três autores, no sentido de equilibrar os agrupamentos criação/emoção/caos e execução/lógica/ordem. Em outras palavras, os três autores acreditam que já não é mais possível pensar o mundo – e especialmente as pessoas – como um mecanismo que pode ser compreendido unicamente através de uma única lente, seja ela exclusivamente emocional ou unicamente baseada no raciocínio analítico. Durante o século XX, “aprendemos” a encarar o Iluminismo como um momento no qual o desenvolvimento intelectual despertou a humanidade da “escuridão” da Idade Média. Este período é geralmente associado a uma ruptura radical com a visão de mundo dominante até então. O determinismo mecanicista, formulado por Descartes no início do século XVII, reduziu o mundo a um sistema matemático, que poderia ser inteiramente conhecido através da razão. A concepção cartesiana considera um universo formado apenas por “quantidades”, negando a existência real de qualquer aspecto qualitativo. Para Descartes, quando vejo uma maçã vermelha, a única coisa real em minha visão é a extensão – a massa, o tamanho – da maçã. A cor vermelha, que é uma qualidade da maçã, na verdade não existe na maçã em si, mas apenas na minha mente, e é, portanto, um elemento subjetivo que pode ser descartado. Dessa forma, iniciou-se a construção de uma visão de mundo – ou cosmovisão - baseada pura e simplesmente no pensamento analítico, que lida apenas com as quantidades, em contraposição às concepções escolásticas correntes à época, que buscavam a integração entre a tradição da Grécia clássica e o Cristianismo. Assim, podemos dizer que Descartes promoveu uma “revolução do lado esquerdo do cérebro”, 7 HOCK, D. Nascimento da Era Caórdica. São Paulo: Cultrix, 1999. 295 p. 8 PINK, D. H. O Cérebro do Futuro: A Revolução do Lado Direito do Cérebro. São Paulo: Campus, 2007. 280 p. 4 porém sem intenção de buscar um equilíbrio com o “outro lado” 9. Por isso, podemos dizer que a escolha de um “terceiro caminho”, entre o racional e o emocional, o objetivo e o subjetivo, é na verdade um resgate – e uma releitura – de um princípio básico presente na visão de mundo pré- cartesiana. Nesse sentido, a “revolução do lado direito” é, na verdade, uma contra-revolução um tanto tardia, que não tem o objetivo de dominar ou negar o conhecimento atual, mas sim complementá-lo e torná-lo mais completo. O primeiro passo neste caminho é abandonar os sistemas reducionistas, que tentam simplificar a realidade. Para lidar com uma realidade complexa, precisamos de uma abordagem igualmente complexa. O design é sempre complexo, por mais simples que possa parecer, justamente porque, no design, nenhum aspecto pode ser ignorado. Todos nós percebemos isso no nosso dia-a-dia. Muitas vezes, encontramos defeitos em detalhes que aparentemente não fazem parte da “função principal” do objeto: uma bela panela pode ser completamente inútil se seu cabo ficar muito quente; uma camisa com caimento perfeito pode ser descartada se uma costura arranhar a pele de quem a vestir. Estes problemas surgem simplesmente porque os designers também “erram”. A visão holística, que deveria ser um pressuposto para o processo de design, pode ser contaminada e “mutilada”. Durante o processo de design, o apego a ideologias e “correntes estéticas” pode levar a escolhas que ignorem ou minimizem alguns aspectos que deveriam merecer mais atenção. Por que isso ocorre? Porque, por mais que tentemos ser “racionais” e “imparciais” perante a realidade, somente temos acesso à nossa visão da realidade, e esta visão será sempre parcial e incompleta. Muitas vezes, isso leva a uma confusão entre a realidade em si e uma leitura pessoal da realidade, como identificado pelo sociólogo francês Edgar Morin, que afirma que “(...) a realidade não é facilmente legível. As ideias e as teorias não refletem, mas traduzem a realidade, que podem traduzir de forma errônea. Nossa realidade não é outra senão nossa ideia de realidade.” 10 Em outras palavras, ao buscarmos seguir exclusivamente o caminho “execução/lógica/ordem” citado anteriormente, acabamos por nos afastar completamente da realidade, e, portanto, de uma execução lógica e ordenada. Compreender - e aceitar - este fato é fundamental. Descartes é um exemplo deste paradigma: ao criar uma teoria que 9 Para uma crítica aprofundada do reducionismo cartesiano à luz das descobertas da física quântica, ver: SMITH, W. O Enigma Quântico: Desvendando a Chave Oculta. Campinas: Vide Editorial, 2011. 10 MORIN, E. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 2ª Ed. São Paulo: Cortez, 2011. p. 74. 5 buscava excluir qualquer subjetividade, acabou por desconsiderar todas as visões da realidade, menos a sua própria – que era, sem dúvida, subjetiva. A grande questão que emerge é: como lidar com esta complexidade? Como verificar a validade de nossas percepções? Será isso possível? Sim, isso é possível, e essa possibilidade faz parte da metodologia utilizada pelos designers em seus projetos. A validação da percepção, entretanto, não é testada com mais ideias e conceitos, mas sim através da prática, da aplicação na realidade. O trabalho dos designers sempre é avaliado pela sua própria aplicação na execução e teste dos inúmeros protótipos. Grande parte da efetividade desta metodologia reside nisto: encarar a realidade como o “teste final”. Para um objeto de design, a realidade é, sempre, o fim. E exatamente por isso ela deve ser também o começo. A abordagem essencial do Design Thinking consiste em compreender a realidade, e trabalhar a partir dela. Isso pode parecer óbvio, mas, se considerarmos grande parte do debate intelectual ocorrido no século XX, trata-se de uma inovação. O século passado foi marcado por uma espécie de “racionalidade subjetiva”, algo que podemos identificar, por exemplo, nos sistemas ideológicos que se multiplicaram na esteira do cartesianismo. Todas as ideologias são produtos intelectuais, sistemas fechados que tentam explicar o funcionamento da realidade a partir de alguns conceitos. Qualquer ideólogo dirá que estes conceitos foram construídos racionalmente a partir da realidade. Porém, sabemos que eles podem, no máximo, terem sido extraídos de uma visão que alguém teve da realidade, como nos diz Pedro Marques de Abreu, professor de Teoria da Arquitetura na Universidade Técnica de Lisboa: O conceito informador das ideologias não é nunca testado no confronto com a realidade, da maneira absoluta como quer ser aplicado. Ele é sempre a interpretação da História que um indivíduo realiza. Esse indivíduo consegue persuadir alguns – tornando-os partidários da sua ideologia –, mas não segundo um processo integralmente racional, que verificasse todas as situações e todas as alternativas. A ‘ideia’ germinal das ideologias é pois, mais propriamente, um pré-conceito. 11 11 ABREU, P. M. A Insustentável Leveza... das Utopias. p. 5. In: Uma Utopia Sustentável: Arquitectura e Urbanismo no Espaço Lusófono: que Futuro? Lisboa: Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, 2010. 6 Quando esta “ideia germinal” serve de base para a construção de um sistema – como o sistema cartesiano -, temos uma ideologia. Ainda segundo Pedro Marques de Abreu, uma ideologia é, portanto, “(...) o sistema gerado pela extrapolação ad infinitum da ‘ideia’, a absolutização de um ‘pré-conceito’ arvorado em chave de leitura da História” 12. Apesar de seu distanciamento em relação à realidade, as ideologias continuam a ser largamente disseminadas. Muitas pessoas são convencidas através de argumentos aparentemente lógicos, ainda que tais argumentos ignorem ou simplesmente neguem veementemente fatos que elas mesmas observam em suas vidas cotidianas. Isso ocorre pois, nesse tipo de argumentação, a lógica utilizada não é a lógica da realidade, mas sim a “lógica do sistema”. Logo, todos os argumentos são construídos a partir da ideia germinal, que passa a ser a única referência de validação. Podemos dizer, então, que uma ideologia só permite discussões internas, e que todas as discussões possíveis já estão, a priori, vencidas, uma vez que o sistema encerra todas as possibilidades e impossibilidades. Segundo o filósofo Olavo de Carvalho, a difusão de uma ideologia normalmente depende mais das emoções que seus defensores são capazes de despertar do que da análise supostamente racional que teria gerado o sistema em si: As ideias influenciam o curso das coisas na sociedade, decerto, menos pela validade objetiva do seu conteúdo do que por servir de símbolos que condensam sentimentos coletivos - desejos, ódios, temores, esperanças. É possível, até, que toda ideia brote desses sentimentos. Mas a transformação do sentimento em ideia tem vários graus possíveis de elaboração. 13 As ideologias correspondem sempre a uma realidade reduzida. Quando as ideologias são confrontadas com a realidade, as duas simplesmente não se encaixam. Por isso mesmo, as ideologias estão constantemente ligadas à ideia de “Revolução”. Esta nada mais é do que uma tentativa de transformar o mundo, para que ele se adéqüe às ideias que temos sobre ele. A revolução cartesiana, por exemplo, conseguiu de fato criar um “novo mundo” no plano intelectual; porém, no “plano real”, o mundo continuou, obviamente, o mesmo. Um processo oposto, no qual as ideias se adéquam à realidade, poderia ser considerado como uma “Evolução”, ou seja, um processo no qual não precisamos descartar absolutamente tudo 12 Ibid. p. 7. 13 CARVALHO, O. Motivos da Filosofia. Artigo publicado em O Globo em 10 de fevereiro de 2001. Disponível em: http://www.olavodecarvalho.org/semana/motivos.htm. Acesso em: 30/08/2011, às 09:00 h. 7 que já foi concebido, mas convocar um olhar crítico para que sejamos capazes de aproveitar alguns aspectos e descartar aqueles que não nos servirão. Segundo Pedro Marques de Abreu, este é o modus-operandi da “Tradição”. Podemos, então, traçar um paralelo entre dois blocos diametralmente opostos: “Ideologia-Revolução” e “Tradição-Evolução”, conforme colocado no trecho abaixo: Existe uma certa simetria entre o conceito de Ideologia e o de Tradição: ambas são constituídas por um núcleo embrionário e por um processo decorrente. Contudo a primeira é totalmente abstrata, a segunda totalmente real. A Ideologia é o sistema lógico construído sobre um pré-conceito (toda ela se desenvolve num mundo mental). A Tradição é o processo crítico de comparação ou verificação posto em execução a partir de um acontecimento (de correspondência da realidade do mundo à realidade do Eu). 14 Considerar o conceito de Tradição como parte de uma pesquisa sobre inovação pode soar como algo estranho. Porém, devemos atentar para o seguinte: Se as ideias que fomentam uma mudança ou inovação forem realmente “extraídas” da realidade, elas poderão se encaixar à mesma. Para que isso ocorra, porém, é necessário um processo crítico gradual – a Tradição -, no qual estas ideias sejam constantemente testadas, ou seja, confrontadas com a realidade. Conceitos que tenham sido construídos somente a partir de outros conceitos provavelmente nunca conseguirão deixar o plano das ideias e passar a habitar o mundo real em sua totalidade. A insistência em transformar o mundo, para que o mesmo se adéqüe a estes conceitos, será sempre violenta – e frustrada. A arquitetura moderna, por exemplo, foi em grande parte baseada em uma leitura equivocada da realidade. O Homem não era – e nem viria a ser – o “Homem Moderno” que habitava os sonhos utópicos de modernistas como Le Corbusier. Quando seus projetos foram construídos, muitos se revelaram inabitáveis. Mesmo que a chegada deste “Homem Moderno” fosse realmente certa e inevitável, antecipar uma transformação tão profunda no estilo de vida das pessoas nunca poderia dar certo. O conceito de Arquitetura Moderna foi construído sobre o conceito de Modernidade; esta arquitetura deveria configurar o espaço onde viveria o Homem Moderno – que também era um conceito. Logo, o conceito de Arquitetura Moderna estava apoiado somente em outros conceitos, todos eles mais ou 14 ABREU, P. M. Op. Cit.. p. 5. 8 menos descolados da realidade. O arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa descreve um episódio bastante ilustrativo: Nosso conceito de arquitetura é baseado na ideia do objeto arquitetônico perfeitamente articulado. A famosa disputa judicial entre Mies van der Rohe e sua cliente, a Dra. Edith Farnsworth, a respeito da Casa Farnsworth, é um exemplo da contradição entre ‘arquitetura’ e ‘lar’. Como todos nós sabemos, Mies havia criado uma das casas mais importantes e esteticamente atraentes de nosso século, mas sua cliente não a considerou satisfatória como lar. O tribunal, finalmente, decidiu em favor de Mies. Eu não estou subestimando a arquitetura de Mies; estou apenas destacando o distanciamento em relação à vida e uma deliberada redução de seu espectro. 15 Embora a casa Farnsworth seja considerada por muitos uma obra-prima da arquitetura, seria correto afirmar que a obra não foi aprovada no “teste final da realidade”. A visão de Mies pode ter triunfado como ideia, mas falhou como objeto; ou melhor: a casa Farnsworth é um sucesso como ícone, mas um fracasso como casa. Mies tentou – e conseguiu – criar uma casa para o Homem Moderno; porém, como este homem não existe, o arquiteto acabou criando apenas uma casa onde ninguém saberia morar. Somente uma “abordagem tradicional” poderia criar, aos poucos, adaptações e inovações que fossem respondendo, paulatinamente, às pequenas e sucessivas transformações que ocorriam no dia-a-dia. Essa seria a abordagem de um “design thinker”. Afinal, a compreensão da realidade é um pré-requisito para a inovação. Como já vimos anteriormente, a visão sistemática das ideologias é sempre um modelo mental que encerra todas as possibilidades e impossibilidades referentes a cada elemento ou às relações entre os elementos que constituem o sistema. A ideologia é um mundo à parte, um mundo puramente abstrato, que pode ou não ter alguma correspondência com o “mundo real”. O “mundo real” é irredutível. A realidade existe de forma completa (e complexa), e nós a percebemos e vivemos de forma completa. Reduzir a realidade através de esquemas mentais pode, sim, facilitar sua compreensão. Porém, não podemos esquecer de que este modelo é apenas uma abstração, uma pseudo-realidade que criamos, e que corresponde, no máximo, a 15 PALLASMAA, J. Identity, Intimacy and Domicile: Notes on the Phenomenology of Home. In: The Concept of Home: An Interdiciplinary View – Simpósio na Universidade de Trondheim, 21-23 de Agosto de 1992. Disponível em: http://www.uiah.fi/opintoasiat/history2/e_ident.htm. Acesso em: 30/08/2011, às 09:10 h. 9 uma realidade reduzida, que construímos a partir de uma seleção de quais elementos devem ser considerados e quais devem ser ignorados ou desprezados. Como vimos, a Era Moderna foi construída a partir de muitos desses sistemas. Porém, o reducionismo foi se acumulando, uma vez que sistemas abstratos deram origem a outros sistemas abstratos. Esse processo foi afastando, cada vez mais, a construção intelectual e a realidade. O universo intelectual tornou-se cada vez mais fechado e auto-referencial, com conceitos e sistemas ideológicos que só se comunicavam uns com os outros, formando uma corrente suspensa no ar, sem nenhum ponto de fixação na realidade da experiência humana. As ideologias e, mais especificamente, o “espírito revolucionário”, sempre buscaram transgredir e substituir a Tradição, tornando-se as novas bases para um novo mundo. Esta atitude pode ser percebida, por exemplo, no caráter a - histórico do Modernismo. Porém, se apagamos nosso passado, apagamos a nós mesmos; nossa identidade é formada, em grande parte, pela nossa memória. Isso é tanto verdade para cada indivíduo como para povos inteiros. Logo, é natural que, ao negar as bases tradicionais que foram sendo desenvolvidas e aperfeiçoadas ao longo dos séculos, o Homem precisasse de algo que substituísse essa Tradição. As ideologias oferecem um sistema fechado, uma explicação total da realidade, o que, sem dúvida, pode ser reconfortante. Porém, a zona de conforto criada por esses sistemas é muito frágil. O psiquiatra austríaco Viktor Frankl identificou o que ele chamou de “um fenômeno muito difundido no século XX”: a existência de um “vazio existencial”. No século XX, o Homem ocidental encontrava-se desorientado em relação à sua própria existência: Nenhum instinto lhe diz o que deve fazer e não há tradição que lhe diga o que ele deveria fazer; às vezes, ele não sabe sequer o que deseja fazer. Em vez disso, ele deseja fazer o que os outros fazem (conformismo), ou ele faz o que outras pessoas querem que ele faça (totalitarismo). 16 Para muitas pessoas, as ideologias preenchiam este vazio. Porém, perante o fracasso das “alternativas à Tradição”, tornou-se inevitável repensar a forma como nos relacionamos com o mundo. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman identificou uma situação peculiar no mundo contemporâneo, ao que ele chamou de “mal-estar da pós-modernidade”. 17 Atualmente, nem mesmo a fé nas ideologias persiste. Logo, a desorientação é ainda maior, e mais profunda. Por mais que novas descobertas científicas e novas criações tecnológicas 16 FRANKL, V. Em Busca de Sentido. 25ª Ed. São Leopoldo: Sinodal, 2008. Petrópolis: Vozes, 2008. p. 131. 17 BAUMAN, Z. O Mal-Estar da Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. 272 p. 10 prometam revolucionar, mais uma vez, o mundo em que vivemos, de nada adiantará se continuarmos carregando este “vazio”. A única forma de reverter esta situação é, naturalmente, parar de buscar a zona de conforto oferecida pelos sistemas intelectuais; precisamos voltar a enfrentar a realidade como ela realmente é. Assim, estendendo a metáfora do “terceiro caminho” para a forma como concebemos o mundo e como nos relacionamos com ele, podemos dizer que a “revolução do lado direito do cérebro”, comentada anteriormente, vem para equilibrar não apenas nosso processo criativo, mas toda a nossa cosmovisão. Cabe ressaltar, entretanto, que não podemos nos reduzir somente às nossas capacidades intelectuais. Ao invés de tentar aprender a usar o lado direito do cérebro, precisamos reaprender a realmente pensar, a refletir de forma completa, holística – pensar como designers. Mas o que seria, então, pensar como um designer? O que um designer tem de diferente? A metodologia do design compreende, necessariamente, uma visão incrivelmente abrangente. Teoricamente, o designer possui a capacidade de compreender os fatores que atuam sobre um processo ou objeto; além disso, o designer é capaz de criar soluções que respondam a todos estes fatores enquanto cumprem um objetivo específico. Segundo o filósofo cingalês Ananda Coomaraswamy, na Idade Média – ou seja, antes de Descartes - “o artista não era um tipo especial de homem, mas todo homem era um tipo especial de artista.” 18 Esta frase, cunhada por um filósofo tradicionalista nascido no século XIX, corresponde a um dos conceitos básico do Design Thinking: todos nós somos designers. Mesmo sem perceber, todos nós fazemos design, seja cozinhando ou posicionando os móveis na sala de estar. Logo, todo dia, todos nós solucionamos problemas incrivelmente complexos. Estes problemas são complexos pois tudo que existe se relaciona com tudo o que mais existe. Nada está isolado; tudo está integrado a tudo, em diferentes graus de intensidade, é claro. A própria noção de sustentabilidade, tão em voga atualmente, provém da lembrança– incrivelmente tardia - desta noção. Porém, como podemos querer compreender um mundo no qual tudo importa, no qual tudo está ligado a tudo? Como ter qualquer tipo de controle sobre um mundo que não podemos “transformar”, através do pensamento analítico, em um objeto finito, inteiramente conhecido? Ora, tudo o que temos para apreender a realidade una e indivisível é nossa percepção, também ela uma e indivisível. O problema é que, quando 18 COOMARASWAMY, A. K. The Nature of Medieval Art. In: The Essential Ananda K. Coomaraswamy. World Wisdom, Inc, 2004. p. 175. Tradução do autor. 11 pensamos sobre algo que tenhamos percebido, precisamos, necessariamente, desconstruir e analisar cada parte desta percepção separadamente. Juntando os pedaços, podemos reconstruir a impressão que tivemos daquela experiência, mas nunca poderemos reconstruir a experiência em si. Como podemos, então, combinar percepção e pensamento, a fim de evitar que a realidade nos escape por entre os dedos? A chave para uma compreensão completa está em nós mesmos, na nossa capacidade de intuir. Devido à nossa herança cartesiana, geralmente entendemos a intuição como algo que sentimos, mas que não conseguirmos explicar; a intuição seria, assim, um pressentimento, uma espécie de conhecimento “instintivo”, impossível de ser explicado e justificado “racionalmente”. Porém, intuir é muito mais do que pressentir “sem nenhum motivo aparente”. A intuição é fruto do conhecimento e de experiências prévias, relacionados e recombinados através da complexidade de nosso processo cognitivo, como definido por Olavo de Carvalho: A intuição de qualquer objeto é intuição de uma forma finita, cujas fronteiras com os outros objetos nos revelam imediatamente os limites do seu conjunto de possibilidades de ação e paixão. (...) Ser objeto - real ou imaginário - é ter o poder de apresentar-se como sistema articulado de possibilidades e impossibilidades condensadas numa forma instantaneamente apreensível por intuição. 19 Quando percebemos algo, percebemos também suas possibilidades e impossibilidades. Repetindo o exemplo usado por Olavo de Carvalho 20, podemos dizer que, quando vemos um gato, intuímos que ele não pode voar. Esta intuição é possível pois reconhecemos, no objeto que vemos, a forma que identificamos como “gato”; além disso, sabemos, por experiências anteriores, que gatos não podem voar. Alguém que nunca tenha visto um gato, ou que não saiba nada sobre gatos, jamais poderia afirmar isso. Logo, quanto mais soubermos sobre alguma coisa, mais completa será a intuição que temos dela. Se estudarmos essa coisa profundamente, analisando todos os seus elementos e todas as relações entre estes elementos, podemos, ao invés de reduzi-la para que ela torne-se compreensível, realmente começar a entendê-la em sua realidade, ou seja, em sua totalidade. Quando chegamos a esse nível de conhecimento sobre algo, chegamos a conclusões e soluções que nos parecem CARVALHO, O. A metafísica e os fundamentos da objetualidade. In: Apostila do Seminário de Filosofia – Rascunho para Comentário em Classe. Disponível em: http://www.olavodecarvalho.org/apostilas/kant3.htm. Acesso em: 30/08/2011, às 09:30 h. 19 20 CARVALHO, O. Ibid. 12 adequadas. Porém, podemos ter muita dificuldade em explicar nossas conclusões para outras pessoas; mais difícil ainda é “provar” que estamos certos. Isso ocorre porque conhecemos a “coisa” em questão tão bem que intuímos uma série de coisas a seu respeito. Quando intuímos, não intuímos de forma racional ou subjetiva, usando o lado esquerdo ou o direito do cérebro. Intuímos de forma completa; a completude da nossa percepção – e, na verdade, de todo o nosso ser - se relaciona com a completude da coisa que está perante nós. Somente quem compartilha do mesmo conhecimento sobre a mesma coisa pode intuir de forma semelhante. Logo, talvez não sejamos capazes de provar para ninguém, mas estamos certos. E sabemos que estamos certos. Essa certeza, que no fundo nada mais é do que o reconhecimento de uma correspondência com a realidade, também é intuída. Esse processo combina conhecimento, raciocínio e emoção. De certa forma, o Design Thinking tenta, em sua metodologia, sistematizar processos que estimulem o desenvolvimento da intuição (conhecer o objeto de estudo sob várias formas, de forma complexa). Podemos encontrar um exemplo desta intuição na descrição, feita pelo arquiteto e designer finlandês Alvar Aalto, do seu processo criativo: As inúmeras demandas e os diferentes componentes formam uma barreira, e é difícil que a ideia arquitetônica básica possa emergir de detrás desta barreira. Eu então procedo da seguinte forma – embora não intencionalmente. Esqueço toda a massa de problemas por um instante, depois que a atmosfera do trabalho e os inumeráveis requisitos diferentes tenham mergulhado em meu subconsciente. Então, sigo com um método de trabalho que é muito similar à arte abstrata. Simplesmente desenho por instinto, não sínteses arquitetônicas, mas o que muitas vezes são composições infantis, e desta forma, sobre esta base abstrata, a ideia central gradualmente toma forma, um tipo de substância universal que me ajuda a criar harmonia entre inumeráveis componentes contraditórios. 21 Como podemos aprender a “intuir” como Alvar Aalto? Basta estudar os problemas que queremos resolver? De certa forma, sim. Mas, mais importante ainda, é saber como estudar os problemas. Este processo criativo de Aalto rendeu frutos brilhantes, mas não só porque ele era capaz de analisar cada elemento corretamente. Aalto possuía, também, um talento extraordinário para unir e sintetizar as diversas sub-respostas aos diversos sub-problemas 21 AALTO, A. The Trout and the Stream. In: SCHILDT, G. Alvar Aalto in His Own Words. Nova York: Rizzoli, 1997. p. 108. Tradução do Autor. 13 em uma fantástica “resposta” a um “problema”. Aalto era, sem dúvida, um brilhante design thinker. Podemos dizer que Aalto era capaz de compreender a “incerteza do real” identificada por Edgar Morin: (...) importa não ser realista no sentido trivial (adaptar-se ao imediato) nem irrealista no sentido trivial (subtrair-se às limitações da realidade); importa ser realista no sentido complexo: compreender a incerteza do real, saber que há algo possível ainda invisível no real. 22 Um poder de intuição similar pode ser percebido na obra de outro grande arquiteto, este contemporâneo: o suíço Peter Zumthor. O próprio Zumthor explica o que o faz capaz de criar algumas das obras mais tocantes deste início de século: As raízes do nosso entendimento da arquitetura estão em nossa infância, em nossa juventude; elas estão em nossa biografia. Os estudantes precisam aprender a trabalhar conscientemente com suas experiências arquitetônicas pessoais. […] Isso é pesquisa; isso é o trabalho de relembrar. 23 Este processo de rememoração citado por Zumthor nada mais é do que um processo crítico, que busca confrontar aquilo que é percebido com o depósito de experiências que cada um de nós possui dentro de si. Isto é, de certa forma, a definição de Tradição. Porém, neste caso, estamos falando de um processo que ocorre dentro do indivíduo, e que, portanto, só pode ser realizado por ele mesmo. Somente o indivíduo que realiza esta operação de reflexão crítica desenvolve sua intuição, podendo, portanto, criar algo de realmente significativo, e que tenha relação com a realidade. Pedro Marques de Abreu nos lembra que “A Tradição não é objeção à criatividade, bem pelo contrário. É neste horizonte de rememoração crítica que se resolvem os obstáculos de comunicação entre a sociedade e o operar contemporâneo da arquitetura.” 24 Logo, a Tradição existe dentro de cada um de nós, o que faz com que, naturalmente, ela passe a viver também na memória de grupos e povos inteiros. 22 MORIN, E. Op.Cit. p. 74. 23 ZUMTHOR, P. Teaching architecture, learning architecture. In: ZUMTHOR, P. Thinking Architecture. Basiléia, Boston, Berlin: Birkhauser, Publishers for Architecture, 1999. p. 57-58. 24 ABREU, P. M. Palácios da Memória II: a revelação da arquitectura - Volume I - Secção Teórica - O Processo de Leitura do Monumento. 2007. 415 f. Tese (Doutorado em Arquitetura) - Faculdade de Arquitectura, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa. 2007. p. 375 14 Assim, podemos concluir que uma abordagem “tradicional” pode, sim, ser um caminho para a inovação. Esta abordagem consiste em tentar compreender a realidade como ela é, observando como esta realidade é percebida por nós. É importante destacar que a abordagem tradicional não é, de forma alguma, uma nostalgia historicista. A base da Tradição é o processo crítico que a cria e perpetua. É este processo que nos permite verificar a atual validade de conceitos desenvolvidos no passado, evitando que a simples repetição acrítica leve ao desenvolvimento de um automatismo cego. Esta noção levou o filósofo catalão Eugeni D’Ors a afirmar: “Tudo que permanece fora da tradição é plagiarismo.” 25 O Design Thinking busca desconstruir muitos destes dogmas, a fim de identificar quais elementos “merecem” ser perpetuados. Este confronto permanente com a realidade é a única forma de avaliar as ideias que temos acerca do mundo em que vivemos. É também a única forma de criar obras significativas, que passarão pelo mesmo processo nas mãos das futuras gerações. Para realizar este processo, precisamos usar todas as ferramentas das quais dispomos, principalmente nossa intuição. Esta não está no lado esquerdo ou no lado direito do cérebro – a intuição está em nós, e, mais especificamente, em nossa relação com o mundo ao nosso redor. Porém, se considerarmos a intuição como algo subjetivo – e podemos de fato fazê-lo -, então talvez a “revolução do lado direito do cérebro”, anunciada por Daniel Pink, possa ser encarada como a “revolução da intuição”. Esta revolução teria, na verdade, um “caráter evolutivo”, uma vez que engloba o resgate de um enfoque tradicional, nos termos que apresentamos anteriormente. Seu caráter revolucionário está presente em uma ruptura em relação às práticas que dominaram o século XX , uma vez que a “hegemonia do lado esquerdo” engessou nossa intuição. Segundo Titus Burckhardt, “A tirania monopolizadora do mental, mais exatamente do pensamento interessado e ansioso, impede que as faculdades instintivas da alma se desenvolvam em toda sua generosidade original” 26. O Design Thinking rompe essa camisa-de-força, abandonando as fórmulas prontas e voltandose para a solução concreta de problemas reais. As metodologias e as teorias podem nos ajudar, e muito, mas não podemos, nunca, nos deixar seduzir pelo mundo intelectual, 25 D’ORS, E. In: PALLASMAA, J. The Thinking Hand. Wiley, 2009. p.113. 26 BURCKHARDT, T. A Arte Sagrada no Oriente e no Ocidente: Princípios e Métodos. São Paulo: Attar, 2004. p. 227228. 15 esquecendo o mundo real. Afinal, “você não pode se abrir à realidade construindo alguma coisa em lugar dela.” 27 27 CARVALHO, O. Notas para uma introdução à filosofia. Texto-base para comentário em aula do Seminário de Filosofia. São Paulo: É-Realizações, 28 de março de 2007. Disponível em: http://www.olavodecarvalho.org/textos/notas_introducao.html. Acesso em: 30/08/2011, às 12:45 h. 16