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Perfografia

2012, Revista Redobra

Escrevemos este artigo em busca de rastros, vestígios, pegadas na memória do corpo em um esforço de propormos aproximações e desdobramentos possíveis da experiência metodológica que nos propusemos compartilhar, nesta terceira edição do Corpocidade. Compartilhamento que nos propiciou um mergulho intensivo na geografia dos afetos, cujos trajetos tentaremos aqui transfazer, ao deixarmo-nos roçar pela ausência da presença daquelas longínquas, ensolaradas e azuladas tardes de Abril.

^ experiencias OFICINA “PERFOGRAFIA performance como cartografia, performer como cartógrafo” COORDENAÇÃO DA OFICINA: COLETIVO PARABELO Diego Marques - Graduado Comunicação e Artes do Corpo com ênfase em Performance, PUC/SP ACOMPANHANTE: Priscila Lolata - Doutoranda PPG Arquitetura e Urbanismo/UFBA , membro do Laboratório Urbano 152 Perfografia Performance como cartografia, performer como cartógrafo Diego Marques Graduado Comunicação e Artes do Corpo com ênfase em Performance, PUC/SP Denise Rachel Mestranda Arte Educação/UNESP Uma lembrança para estes artistas de hoje. Escavar camadas da história pessoal e coletiva, chegar ao rosto enigma, debaixo da máscara ‘civilizada’. Tatear os frágeis alicerces da nossa “polis” miserável. Chegar à terra que pulsa sob o asfalto. Cassiano SydowQuilici Começamos este artigo em busca de rastros, vestígios, pegadas na memória do corpo em um Escrita como experiment[ação] errante ou conto não/e conceitualdesdobramentos ficcionais de uma suposta experiência da cidade Yuri Tripodi Graduando Artes Cênicas Priscila Lolata Graduada Turismo, doutoranda PPG Arquitetura e Urbanismo/UFBA e membro Laboratório Urbano esforço de propormos aproximações e desdobramentos possíveis da experiência metodológica que nos propusemos compartilhar, nesta terceira Esse escrito não possui elucubração teórica [visto edição do Corpocidade. Compartilhamento que por uma superfície de percepção]. Não para ser nos propiciou um mergulho intensivo na geo- avesso às citações e às metodologias, sabe-se o grafia dos afetos, cujos trajetos tentaremos aqui quanto proporcionam, acrescentam, potenciali- transfazer, ao deixarmo-nos roçar pela ausência zam [...] Mas é justamente para tencionar o lugar da presença daquelas longínquas, ensolaradas e da escrita do relacionar; e propor uma espécie de azuladas tardes de Abril. escrito-relato-poético (performativo por si) que 153 Fomos de São Paulo até Salvador, para ministrar a ultrapassa o cunho da primeira pessoa a partir oficina Perfografia – Performance como cartogra- da reflexão sobre (e como) uma experimentação, fia, performer como cartógrafo. Em linhas gerais, a a performance intrínseca a esta e, no comparti- proposta consistia em um compartilhamento da lhamento, reverberar meditações sobre a cidade pesquisa que desenvolvemos como integrantes contemporânea. Enviesado na afirm[ação]: refle- do Coletivo Parabelo,1 por meio do qual, temos in- tir-compor a partir de um acontecimento por si já vestigado interações possíveis entre espaço urba- é conceito. Incorporados alguns outros e a partir no, corpo e a performance arte. Talvez possamos das discussões e do exercício na rua junto à oficina dizer que nossas experimentações tem se nortea- perfografia, no Corpocidade, surgiu este conto: do em torno de duas questões que não cessam de se reconfigurarem: o que pode um corpo em estado performático mover no espaço urbano? Ou ainda, quê corpo pode mover na cidade? (FABIÃO, 2008, p. 238) ponentes da perfografia, recordo que era algo do tipo: “ocupe os espaços vazios da cidade”. tentando me livrar de algumas resistências e certezas-casca-duras como a da imprevisibilidade da ex- Foi na tentativa de esboçar possíveis respostas periência, ultrapass(e)ei o portão da FAU-UFBA e, para questões como estas, que começamos a pro- como de se esperar naquele contexto, me deparei por uma conversa entre leituras e procedimentos com a avenida recheada de corpos-máquina na que vínhamos testando em nossas performances aceleração própria d’o que é (o) contemporâ- urbanas, pelas periferias paulistanas. De um lado, neo(?). ocupar espaços vazios. espaços vazios? es- tínhamos a pesquisa pioneira empreendida por vaziados? expropriados? espetacularizados? [...] e Renato Cohen em seu livro Performance como lin- ocupar? preencher? se relacionar? [...] excerto pul- guagem (1989), no qual ele propõe um consisten- sante do pensamento-guia que conduziu o mo- te estudo sobre a Arte da Performance, até então mento posterior: “ande e repare. somente”. foi o inédito no Brasil; de outro, Cartografia sentimental que fiz. segui, pelo pouco espaço destinado àque- (1989), de Suely Rolnik que, de modo geral, discu- les que andam, em direção a dois lugares: algum te a modelização das subjetividades femininas na lugar e lugar nenhum. passeei por algum tempo. sociedade capitalista contemporânea e chama- observei o espaço destinado àqueles que andam. -nos a atenção para a dimensão política do desejo, (re)parei nas re(l)ações. os corpos-humanos se ao afirmar a possibilidade da configuração de sub- deslocavam numa velocidade inferior, mas direta- jetividades que desestabilizam os modelos vigen- mente proporcional à dos corpos anteriormente tes, ao fermentar outras possibilidades de vida. citados. quem se mantinha estático (numa per- O que pode parecer um tanto quanto discrepante à primeira vista, pode não o ser em uma leitura mais acurada: ambas as obras foram publicadas pela primeira vez no emblemático ano de 1989 e apontam, cada uma a seu modo e em seus dados 154 Não me lembro de certo qual a indicação dos pro- cepção superficial de movimento), reparava em minha observância e minha atenção se desviava, simultaneamente, para essa ou esse. um suposto campo comum de vibração dos vagantes. agora o texto é que se desvia do trajeto pensado como primordial e apesar de contribuir para enunciar contextos, a alteridade e a experiência corporal como chaves para a constituição de territórios existenciais (ROLNIK, 1989; CARVALHAES, 2012) ou a criação de um tempo-espaço de experimentação (COHEN,1989) seja na vida, seja na arte, ou ainda, na emergência de territórios existenciais que borrem as fronteiras entre arte e vida, como costuma operar a performance arte ao enfatizar a materialidade, a presença ou mesmo a cotidianidade do corpo. Assim, se para Cohen o performer é um ritualizador do instante presente, que lança mão de leitmotivs, dentre outras formas, como procedimentos para disparar uma ação performática auto-organizada; para Rolnik o cartógrafo é aquele que, ao acionar seu corpo vibrátil, participa das estratégias da formação de desejo no campo social, o que por sua vez, só se dá no exercício ativo do que ela chama de Linhas de Vida. Deste modo, podemos observar que tanto o performer quanto o cartógrafo ao operarem através de linhas de força/vida, deixam-se afetar de corpo inteiro, indo para além do olhar, não só ao refazerem, mas ao transfazerem linguagem artística quanto a cartografia parecem o caminho do outro, neste caso,o outro urbano. estar interessadas no engendramento de proces- (AQUINO; AZAMBUJA; MEDEIROS, 2008) Trajetos sos criativos no/com o mundo. A teórica de teatro poéticos que por excelência permitem a desrei- alemã, Erika Fischer-Lichte em seu livro The trans- ficação, à medida que o Perfomer e o Cartógrafo formative power of performance, a new aesthetics são atravessados pelo devir urbano, propiciando (2004), chama-nos a atenção para um fenômeno a reativação da cidade subjetiva (GUATTARI,1992) acontecido nos idos dos anos 60, no campo das ar- o que torna evidente a dimensão ética, estética e, tes em geral e ao qual ela denomina performative portanto eminentemente política da prática do turn. Segundo a autora, esta virada performativa performer e do cartógrafo. pode ser constatada não só na borra das fronteiras Nesta perspectiva, outra aproximação entre a prática do performer e do cartógrafo pode ser feita, uma vez que ambas apresentam uma lógica notadamente processual. Tanto a performance como entre as linguagens artísticas, de onde provém a arte da performance, como também no deslocamento do processo criativo para o centro do ato artístico, rarefazendo a noção de obra, artista e público, reaproximando a práxis artística da práxis vital. 155 No que diz respeito à cartografia, a própria Rolnik com esse desvio, volto para o mote de criação é quem nos conta que esta, diferentemente de da performance-experimento: a quantidade de um mapa, que representa um todo mais ou me- lixo(s) que encontrei na calçada. era exorbitante. nos estático, é um desenho em movimento que muito lixo. praticamente em todos os postes que acompanha e se faz ao mesmo tempo em que o passei haviam mais de três sacos plásticos de re- movimento de transformação da paisagem. Nes- síduos do consumo. o pouco espaço destinado ta perspectiva, podemos pensar a cartografia àqueles que andam é (para) lixo. vivenciei o que não como um método, mas como um hódosmetá surgiu [...] existiam dois pontos nevrálgicos. dois (ESCÓSSIA, KASTRUP, PASSOS, 2012) uma vez que grandes lixões que, por ocuparem a calçada por esta propõe uma inversão metodológica, etimoló- inteiro, faziam desviar o trajeto dos andantes. para gica e conceitual ao escolher uma postura na qual se deslocar, gente disputava com carro. combate o cartógrafo não preestabelece um caminho (do desleal. o grande espaço-asfalto não foi produ- grego hódos) em direção a uma meta (do grego zido para àqueles que andam. tenso. tamanha e metá), mas sim aposte nos caminhos, nos trajetos, contínua velocidade dos carros ao dobrarem a nos percursos, em suma, na experimentação dos curva. eita, esqueci de avisar: um dos lixões era es- processos criativos; o que não implicaria em uma quina. começo a me relacionar com esta. abri dois falta de rigor, uma vez que este estaria diretamen- dos sacos. resto de carne vermelha. embalagens te implicado com a potência de vida. Deste modo, amassadas de cigarro e produtos de supermer- podemos entender que tanto o performer como o cado. livro. três calcinhas. o cheiro de sangue era cartógrafo são aqueles que vão sem ver, mas vão forte em uma das. organizei caixas de papelão pra de corpo inteiro, porque sabem de saída, que o ca- sentar. e li um pouco do livro. uma ode à biografia minho só se faz caminhando. de um escritor baiano que o nome é o que menos Foi no meio do caminho do Coletivo Parabelo, que o performer encontrou o cartógrafo e que a performance arte abraçou a cartografia e deste modo compuseram os híbridos: Perfógrafo e Perfografia. Contudo, cabe frisar aqui que esta aproximação, em suas amplas acepções, não é de todo inaudita no terreno movediço da performance, desde o seu âmbito antropológico, sociológico e até o artístico. Richard Schechner (2006), no subcapítulo Maps as Performance do seu já clássico Performance Studies: an Introduction, second edition, salienta o aspecto performativo dos mapas, uma vez que estes performam uma interpretação específica do mundo, para além de uma pretensa neutralidade dos mesmos. Já o mexicano Guillermo Gó- 156 importa. na quinta página concluí que o livro era desinteressante demais e re(parei) nos olhares. muitos. diversos como às subjetividades que os produziram. vislumbrei, com a que me compôs naquele momento, um comum no olhar: a desconfiança. atravessei a rua e pedi um saco plástico transparente que coloquei na cabeça para turvar um pouco a(quela) visão. voltei a fuçar os sacos, agora com um deles envolvendo a cabeça, preso no pescoço. uma espécie de homem-lixo, espécie de camuflagem forjada. simultaneamente: alguns olhares desapareceram por conta da transparência plástica, outros se distanciaram com receio pela extracotidianidade do ato, supus; um sujeito gritou: é performance! aí muitos que estavam mez-Peña(2005), um dos artistas mais influentes da arte da performance, em seu artigo “Endefensa del arte del performance”, propõe a si mesmo e por consequência ao artista performático, como um cartógrafo experimental.O performero, como o próprio Gómez Peña prefere para referir-se ao performer, seria um refugiado, seja ele estético, político, étnico e/ou de gênero e, seria justamente esta condição de exilado que o colocaria à deriva não só pelas linguagens artísticas, como também pela cultura instituída, de forma que, em seu êxodo para fora das instituições e categorias oficiais da arte, o artista da performance com frequência elege a rua como espaço privilegiado de atuação. Este movimento pode ser observado de maneira proeminente, sobretudo nos países da América Latina, do Leste Europeu e no Japão em meados do século XX, nos quais “performadores” asfixiados ou mutilados por contextos ditatoriais e/ou bélicos encontram na interação entre espaço urbano, corpo e performance artística a possibilidade de reafirmar a aliança entre arte e política, em detrimento do conluio arte e consumo. Ainda neste sentido, podemos observar em diversos movimentos artísticos ou em artistas diretamente ou indiretamente relacionados com a arte da performance, uma série de ações performáticas em diálogo com múltiplos entendimentos de mapa e/ou cartografia como chave para a experimentação da relação corpo e cidade. Alguns exemplos podem ser encontrados nos mapas afetivos desenvolvidos pela Internacional Situacionista, em suas derivas pela Europa do pós-guerra ou, em Map Piece, no qual Yoko Ono, no verão de 1962, instruía os transeuntes a desenharem mapas imaginários para em seguida performá-los pe- 157 las ruas dos Estados Unidos e, ainda mais recente- parados na observância rumaram à atividades mente, nas performances do artista belga Francis outras; apareceu um morador de rua, aparente Alys, que, por exemplo, em The Collector passeou frequentador daquele lixão e soltou: “parceiro, pelas ruas da cidade do México entre os anos de trabalhe um pouco mais pra lá, porquê os carros 1991 e 1992, com uma espécie de cachorro mag- passam voando aqui” e apontou. parei. estacionei nético de brinquedo confeccionado pelo próprio o corpo na reverberação do gesto. um outro ex- e para a qual o artista encontrou no mapa a pos- certo pulsante da lembrança do instante: “parceria sibilidade de organizar uma narrativa cartográfica no reconhecer e que(!) reconhecimento”. achei de como forma de registro da ação performática. uma beleza tão paradoxal tão verbalmente indizí- Esta breve e incipiente genealogia das ramificações entre os diversos conceitos de performance e cartografia tenta não só ilustrar a multiplicidade de configurações que esta discussão tem tomado vel que o que posso descrever é que o saco ficou úmido. turvou ainda mais a visão. ele ajeitou algumas “compras” ao meu lado, deviam estar reservadas por ele e pra ele e partiu [...]. ao longo do tempo, como também procura observar como estas estão constantemente em contato com a relação corpo e cidade, de modo que talvez ... possamos deduzir que proposições como os híbridos Perfógrafo e Perfografia, estejam interessados em insistir na natureza politicamente incorreta da performance como linguagem artística, uma vez que esta pode vir a ser uma potente forma de ativação de micro resistências urbanas (JACQUES, 2010) ao desdomesticar a relação entre corpo e cidade, ao investir nas formas de vida imanentes às zonas urbanas opacas ou ainda, ao reafirmar o sentido público do espaço urbano comumente estranhado dos cidadãos, sobretudo no que diz respeito às zonas urbanas luminosas. (SANTOS, 1996) 158 Partimos da tentativa de construção de um texto coletivo, que levantasse às experiências individuais e coletivas do grupo que participou da Oficina “Perfografia”, oferecida pelo Coletivo Parabelo, no Corpocidade 3. Neste contexto, Yuri Tripodi, muito observador durante as discussões, com poucas intervenções com sua fala, sucedeu às propostas iniciais e lançou uma escrita da (e como) experimentação. Relato ficcional que aborda o exercício proposto no primeiro dia da Oficina, em que os integrantes deveriam seguir Nesta perspectiva, o Perfógrafo em suas Perfogra- uma instrução individual, oferecida de forma es- fias não estaria interessado na regulação de um crita num pequeno papel, pelos proponentes do espaço autônomo e privado em relação à cida- Parabelo. No segundo dia, o encontro ocorreu de, pelo contrário, ele deseja ir sem ver, de corpo numa esplanada, em mesas que pertenciam a inteiro mergulhado no fluxo cotidiano urbano, um restaurante e, sem consumirmos nada, sen- experimentando as chamadas errâncias urbanas tamos e discutimos textos previamente lidos. Le- (JACQUES, 2012) ora fazendo visitas a lugares inu- vantamos questões sobre performance, cartogra- sitados da metrópole, como faziam os Dadaístas bitar um território existencial no espaço urbano, no começo do século passado, ora em um Delirium uma vez que toda obra de arte é uma habitação. Ambulatorium, no qual descobre a rua através do (PASSOS apud BARDAWIL, 2011) Arte entendida andar, acionando o estado de criação ali, na vida aqui não como monumento, ornamento, deco- cotidiana, como fazia Hélio Oiticica pelo Rio de Ja- ração ou espetáculo, mas como engendramento neiro nos anos 1970. O Perfógrafo experimenta a com o mundo, em um encontro incontornável e precariedade das formas errantes durante os seus irreversível com o outro urbano. Para Eleonora movimentos de territorialização, desterritorializa- Fabião, esta seria a força da performance: turbinar ção e reterritorialização e testa a composição de a relação do cidadão com a polis, do agente com uma performance urbana pelo trajeto, ao mesmo seu contexto histórico, do vivente com o tempo, o tempo em que faz da errância uma interrogação espaço, o corpo, o outro, o consigo. A potência da política das cidades. (BOURRIAUD, 2011) Performance residiria em seu poder de des-habitu- Se estivermos de acordo com Clarice Lispector, que dizia que perder-se também é caminho, podemos entender o Perfógrafo como um ser errante. Em suas Perfografias este convoca os transeuntes ar, des-mecanizar, escovar à contra pelo. Uma vez que, parafraseando novamente Fabião: se o performer evidencia o corpo é para tornar evidente o corpo cidade. a transformarem os espaços ordinários da metrópole em espaços extraordinários, ao realizarem não uma intervenção, o que poderia dar margens ao entendimento da ação de um sujeito sobre um objeto, mas uma Composição Urbana. (AQUINO; AZAMBUJA; MEDEIROS, 2008) Proposição feita pelos Corpos Informáticos, grupo de performancede Brasília, Distrito Federal, as CU’s transfazem os sinais normatizantes que nos condicionam e automatizam no cotidiano citadino, oferecendo-nos uma visão dada e ordeira do mundo, em sinais nomadizantes que consistem em instantes singulares, inevitáveis e irrepetíveis, nos quais transeuntes experimentam uma espécie de cesura no espaço-tempo, ao serem nocauteados por um questionamento perturbador e obsceno. “Que porra é essa?”, costuma ouvir o Perfógrafo. Mais que respostas, as CU’s produzem perguntas. Assim, o Perfógrafo investe no híbrido performance arte e cartografia como possibilidade de ha- 159 NOTAS 1 Coletivo Parabelo de performance urbana atua na cidade fia, cidade e as mais diversas relações possíveis de São Paulo e é composto por Bárbara Kanashiro, Denise Rachel, Diego Marques, Eliane Andrade e Thalita Duarte. Os sites de referência para acompanhar o trabalho do coletivo são: www.coletivo-parabelo.blogspot.com e http://coletivoparabelo.wix.com/standby sobre esses temas. Ali mesmo, a poucos metros, foi realizada uma ação coletiva do grupo que demandava sincronia, numa performance a partir de improvisações, e uma relação foi construída com os pedestres e carros que passavam rápidos ou paravam no semáforo. Yuri preferiu não REFERÊNCIAS participar deste momento, nem eu. Participamos AQUINO, F. M.; AZAMBUJA, D.; MEDEIROS, M.B. Composição urbana (CU) e Ueb arte iterativa (UAI): práticas e teorias artísticas do Corpos Informáticos. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTICAS PANORAMA DA PESQUISA EM ARTES VISUAIS, 17.2008. Disponível em: http:// www.anpap.org.br/anais/2008/artigos/171.pdf. Acesso em: dez. 2012. como observadores. Uma outra experiência... BARDAWIL, A. Corpo, dança e performance: uma breve reflexão. Revista Reticências... Crítica de arte, Fortaleza, n. 3, p. 46-51, 2011. BOURRIAUD, N. Estética radicante. São Paulo: Martins Editora, 2011. CARVALHAES, A. G. Persona performática: Alteridade e Experiência na Obra de Renato Cohen. São Paulo: Perspectiva, 2012. COHEN, R. Performance como linguagem. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2009. FABIÃO, E. Performance e teatro: poéticas e políticas da cena contemporânea. Sala Preta, Revista de Artes Cênicas, São Paulo, n. 8, p. 235-246, 2008. FISCHER-LICHTE, E. The transformative power of performance: A new aesthetics. Oxon: Routledge, 2004. GÓMEZ-PEÑA, G. Endefensa del arte del performance. 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