Políticas e práticas de Educação em museus ibero-americanos - ISSN 2175-0173
DOI: http://dx.doi.org/10.22562/2021.54.16
Programa Vamos ao Museu?
Educação e Cultura
Let's go to the museum? Education and Culture
Andreia Menezes De Bernardi*
Ives de Oliveira Santos Melo**
Lindaura Maia Klimkievicz Moreira***
Adriana Piva****
Patrícia Marinho de Carvalho*****
Palavras chave:
Educação patrimonial
Arte educação
“Vamos ao Museu?”
Resumo: Apresentaremos as características do Programa Vamos ao Museu?, iniciativa realizada em
Minas Gerais de 2006 a 2016 com o objetivo de aproximar estudantes, professores e comunidades
ligados a escolas públicas e espaços museais, visando contribuir para despertar um olhar mais curioso e
sensível em relação à arte e ao patrimônio cultural, e promover o fortalecimento dos processos de
construção identitária nas comunidades bene ciadas. Destacaremos as ações realizadas em duas
edições emblemáticas do Programa: a edição “Natureza, Educação e Cultura”, em 2013, que teve
como foco o patrimônio arqueológico de Pains, Minas Gerais, e a edição “Interpretar para
Empreender”, com foco na obra de Vassily Kandinsky e realizada em 2015 no âmbito do V Prêmio
Ibero-Americano de Educação e Museus, concedido pelo Ibermuseos.
Keywords:
Heritage education
Art education
“Let's go to the Museum?”
Abstract: We will present the characteristics of the Let's go to the Museum? Education and Culture
Program, an initiative carried out in Minas Gerais from 2006 to 2016 in order to bring students,
teachers and communities together, all linked to public schools and museum spaces, aiming to
contribute to awakening a more curious and sensitive view regarding the art and cultural heritage,
and promote the strengthening of identity construction processes in the communities targeted at. We
will highlight the actions taken in two emblematic editions of the Program: the “Nature, Education
and Culture” edition, in 2013, which focused on the archaeological heritage of Pains, Minas Gerais,
and the “Interpreting for Entrepreneurship” edition, focused on Vassily Kandinsky's work, held in
2015 within the scope of the V Ibero-American Education and Museum Award, granted by
Ibermuseos.
Recebido em 30 de novembro de 2020. Aprovado em 12 de maio de 2021.
* Arte Educadora pela Escola Guignard/UEMG, Mestre em Educação pela UFMG, Doutoranda em Design pela UEMG. Professora da
Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais e coordenadora geral do Programa Vamos ao Museu? E-mail:
andreia.bernardi@uemg.br.
** Engenheiro civil pela FUMEC, especializado em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas/FGV, gestor cultural e educador. Presidente da
Akala, organização da sociedade civil proponente do Programa Vamos ao Museu? E-mail: contato@akala.org.br.
*** Arte educadora formada pela Escola Guignard/UEMG, educadora da edição 2015 do Programa Vamos ao Museu?, “Interpretar para
Empreender” E-mail: zeldarebelda@gmail.com.
**** Bacharel em Filoso a pela USP, Licenciada em Pedagogia pela Newton Paiva, Mestre em Educação pela UFMG, Professora do Centro
Universitário UNA. E-mail: adrianapiva9@gmail.com.
***** Doutora e Mestre em Arqueologia pelo MAE-USP, Especialista em Arqueologia pela UNISA e bacharel em Ciências Sociais pela
FFLCH-USP, Assessora Técnica de Comunidade Quilombola Atingida por Barragem. E-mail: patymarinho@yahoo.com.br.
Programa Vamos ao Museu? Educação e Cultura
Andreia Menezes De Bernardi, Ives de Oliveira Santos Melo, Lindaura Maia Klimkievicz Moreira, Adriana Piva, Patrícia Marinho de Carvalho
transdisciplinar, eram os professores de arte que eu
visava como protagonistas destas ações, uma vez que
eu estava prestes a me formar no curso de
Licenciatura em Artes Plásticas.
Com o intuito de me aproximar daquele
universo e ouvir a opinião de professores do ensino
básico, procurei a Escola Estadual João Felipe da
Rocha, a instituição pública de ensino mais próxima
de minha casa, em Nova Lima, Minas Gerais.
Conversei com a direção da escola que me
apresentou a professora de arte, Silvânia Faria, que
no ato se interessou a realizar comigo a experiência
que seria a ‘edição piloto’ do projeto. Nascia ali o
“Vamos ao Museu? Educação e Cultura”.
Hoje estou aqui para contar um pouquinho
sobre esse projeto que, com um histórico de dez
edições realizadas em dez anos, passou a ser um
programa. Muitas mudanças ocorreram nesse
intervalo de tempo: me formei, z o curso de
mestrado na Faculdade de Educação da Universidade
Federal de Minas Gerais/UFMG e hoje sou
doutoranda em Design na Universidade do Estado
de Minas Gerais/UEMG, onde atuo também como
professora no curso de Licenciatura em Artes
Visuais. Uma das disciplinas que ministro tem como
foco o ensino-aprendizagem das artes e culturas
visuais em espaços não formais de educação, estando
as temáticas da mediação cultural e da curadoria
educativa presentes nas bibliogra as, debates e
práticas.
Com minha dedicação à educação superior e
ao doutoramento o Programa está “hibernando”,
como digo aos que me perguntam “– E o Vamos ao
Museu?”. Digo isso porque sinto que ele está vivo
em mim, assim como nas equipes de educadores que
trabalharam comigo, nos estudantes, professores e
membros das comunidades que participaram do
projeto. E também, talvez, vivo em forma de
sementes ofertadas aos futuros professores de arte
que estou ajudando a formar.
Vamos ao Museu? teve suas primeiras edições
viabilizadas por meio de parcerias, apoios e recursos
captados via Lei Federal de Incentivo à Cultura em
que eu era a proponente, como pessoa física. A
partir de 2010 o projeto passou a ser proposto pela
Akala, organização da sociedade civil sem ns
lucrativos fundada por mim em parceria com Ives de
Oliveira Santos Melo, que passou a ser responsável
Introdução
Meu nome é Andréia Menezes De Bernardi,
sou brasileira, mineira de Belo Horizonte e arte
educadora formada pela Escola Guignard, da
Universidade do Estado de Minas Gerais, tendo
iniciado os estudos na Universidade do Estado do
Rio de Janeiro/UERJ. Durante todo o meu
percurso na graduação, atuei como estagiária no
atendimento ao público em museus e exposições e,
mais adiante, atuei também como mediadora,
coordenadora de programas educativos e diretora do
Museu Mineiro, instituição museal vinculada à
Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas
Gerais.
Ao acolher grupos de escolares, no entanto,
por vezes me questionava sobre as potencialidades da
visita entendida como uma ação cultural. Naquela
época, as discussões acerca da mediação cultural e
curadorias educativas eram, ainda, incipientes. Mas
havia inquietações acerca de nosso trabalho como
mediadores que compartilhávamos entre colegas.
Dentre elas, uma em especial chamava minha
atenção: o fato de muitos grupos de escolares
chegarem ao espaço expositivo sem saber que
exposição ou coleção iriam visitar. Por vezes nem
mesmo os acompanhantes sabiam. Não que eu
acreditasse que essa fosse uma condição para se ter
uma boa experiência, mas esse fato despertou em
mim o desejo de pesquisa sobre a noção de visita
como ação cultural.
A ideia que se delineava para mim era a de um
movimento que começaria na escola com pesquisas
acerca da programação cultural da cidade naquele
momento, a escolha da coleção ou exposição a ser
visitada e da concepção, pelos professores, de um
projeto a ser realizado com os estudantes, incluindo
um momento anterior à visita, a visita em si, e um
momento posterior à visita.
Havia, no entanto, uma série de entraves para
a consecução desse tipo de projeto por professores de
escolas públicas tais como falta de recursos
nanceiros para a contratação de transporte e
aquisição de materiais, entre outros, além da pouca
experiência da maior parte dos professores na
realização de ações culturais a partir da escola.
Mesmo considerando a importância de professores
de diferentes disciplinas atuarem de forma
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pela coordenação administrativa e gestão nanceira
de todas as edições do Programa. Passamos a realizar
o projeto por meio da Lei Estadual de Incentivo à
Cultura de Minas Gerais e de editais especí cos
como o edital do Prêmio Ibero-Americano de
Educação e Museus, lançado pelo Ibermuseos em
2014. Nesta edição do prêmio, foram apresentados
mais de 130 projetos provenientes de 14 países,
avaliados por um comitê técnico formado por 10
especialistas ibero-americanos e o Programa Vamos
ao Museu? conquistou o primeiro lugar na
Categoria II, destinado a iniciativas em fase de
elaboração e/ou planejamento.
Ter recebido o Prêmio Ibermuseos em 2014
foi reconhecimento importante para mim e para
todos os que participaram da construção do
programa, coroando um trabalho “de formiguinha”,
como dizemos por aqui, e que nasceu do sonho de
uma estudante universitária, arte educadora e
mediadora cultural apaixonada, sonhadora... E
convicta do potencial transformador da educação
artística e cultural.
Faço aqui uma ressalva quanto à transição da
primeira pessoa do singular para a primeira pessoa
do plural. A partir da parceria estabelecida com Ives
de Oliveira Santos Melo e da fundação da Akala em
2010, passamos a ser um grupo de pessoas
trabalhando na execução do Vamos ao Museu?.
Além dos sócio fundadores da Akala, que atuam em
todas as edições, outros pro ssionais são convidados
de acordo com a especi cidade de cada edição do
Programa, caso das educadoras Adriana Piva,
Lindaura Maia Klimkievicz Moreira (Zelda) e
Patrícia Marinho de Carvalho (Paty Marinho),
também autoras desse relato de experiência.
Assim sendo, escolhemos apresentar aqui
duas edições do Programa Vamos ao Museu? que
consideramos emblemáticas: a edição “Natureza,
Educação e Cultura”, realizada em 2013 em parceria
com o Museu Arqueológico do Carste do Alto São
Francisco, no município de Pains, Minas Gerais,
com patrocínio da EIMCAL e da ICAL por meio da
Lei Estadual de Incentivo à Cultura; e a edição
“Interpretar para Empreender”, realizada em 2015
em parceria com o Centro Cultural do Banco do
Brasil na exposição “Kandinsky – Tudo começa
num ponto”, edição realizada com os recursos do V
Prêmio Ibero-Americano de Educação e Museus.
A proposta do Vamos ao Museu?
Vamos ao Museu? é programa de estímulo a
iniciativas de educação que visem ao usufruto
cultural pelas comunidades. Para além do convite de
visitar museus, o programa traz em si a missão de
ampliar as experiências culturais de estudantes,
professores e comunidades. Pioneiro em Minas
Gerais, Vamos ao Museu? une escolas e espaços
culturais em projetos únicos elaborados a partir das
demandas especí cas de cada comunidade e
características das regiões que recebem o projeto.
Tem por objetivo, portanto, promover o
fortalecimento dos processos de construção
identitária das comunidades envolvidas, a partir de
uma aproximação com a cultura local e do contato
com culturas outras, representadas material e
imaterialmente nas coleções e acervos visitados.
Entre 2006 e 2016, Vamos ao Museu? atuou
em Belo Horizonte e em cidades vizinhas,
privilegiando escolas públicas em bairros distantes
dos principais espaços culturais da cidade. O público
bene ciário foi formado majoritariamente por
moradores de regiões desprovidas de ofertas culturais
e/ou de infraestrutura para promoção de encontros e
trocas culturais. As escolas foram convidadas de
acordo com critérios que consideraram sua
localização geográ ca, a carência de ofertas culturais
nas proximidades, a demanda da comunidade por
atividades culturais e o interesse pelas propostas do
Programa. A realização do Vamos ao Museu? ao
longo de dez anos ajudou a suprir a carência das
instituições de ensino em relação à formação docente
no trabalho com conteúdos que envolvam a arte e a
cultura, a falta de recursos para garantir transporte,
alimentação, materiais para atividades práticas,
aquisição de livros para pesquisa e atualização, entre
outros itens necessários à consecução de ações
culturais de qualidade.
A metodologia do Vamos ao Museu? foi
elaborada a partir da teoria e da prática da mediação
cultural tendo como premissa o respeito à cultura, à
identidade local e ao saber dos sujeitos envolvidos,
assim como a centralidade do diálogo como
principal meio de construção de conhecimento. A
ação cultural do Programa envolve três movimentos
relacionados às visitas aos espaços e eventos
culturais, promovidos com cada grupo – primeiro
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Programa Vamos ao Museu? Educação e Cultura
Andreia Menezes De Bernardi, Ives de Oliveira Santos Melo, Lindaura Maia Klimkievicz Moreira, Adriana Piva, Patrícia Marinho de Carvalho
com os professores, em seguida com os estudantes e
num terceiro momento com a comunidade –, em
etapas distintas e com objetivos especí cos:
ANTES – Encontros de sensibilização e
re exão acerca dos conceitos de cultura, memória e
patrimônio partindo dos referenciais locais e
experiências de vida dos envolvidos. Ocorrem na
própria escola ou em espaços alternativos no
entorno;
DURANTE – Visitas ao museu ou espaço
cultural, podendo ser um núcleo patrimonial
urbano ou espaço de preservação ambiental.
Momento em que a descoberta, a fruição, a
socialização e a autonomia são estimuladas. Durante
as visitas, Vamos ao Museu? atua conjuntamente
com o programa educativo do espaço cultural
parceiro, mediando as visitas de forma
compartilhada
e
aprofundando
questões
relacionadas ao trabalho realizado anteriormente na
escola;
DEPOIS – Momentos em que a expressão e a
construção coletiva de conhecimentos são
estimuladas a m de promover experiências que
provoquem nos participantes o cultivo de um olhar
mais atento e crítico para si, para sua realidade, seu
bairro, sua cidade.
Formuladas de acordo com o contexto de
cada edição, as ações do Programa envolvem leitura
de imagens, contextualização, crítica, produção
artística, debates entre outras formas de fruição e
expressão. Os encontros incluem o cinas criativas
por meio das quais os participantes reinventam as
experiências vividas durante o processo e delas se
apropriam, tornando-se, talvez, sujeitos mais
conscientes de si e do mundo.
Rodarte e Escola Estadual Maria Luíza das Dores,
esta última situada na zona rural.
A equipe foi formada por Andréia Menezes
De Bernardi – na coordenação geral –, Ives de
Oliveira Santos Melo – na coordenação
administrativa –, e pelas educadoras Adriana Piva e
Patrícia Marinho de Carvalho, arqueóloga. O
público-alvo do Programa consistiu em 25
pro ssionais da Educação, 95 estudantes do 4.o ao
6.o ano do Ensino Fundamental, 50 representantes
da comunidade e aproximadamente 200 visitantes
na abertura da exposição que apresentou os
resultados do projeto, perfazendo o total de 370
bene ciários diretos e cerca de 800 indiretos.
Cada público envolvido – estudantes,
professores e comunidades – participou dos três
momentos: antes, durante e depois da visita ao
Museu Arqueológico do Carste do Alto São
Francisco,
MAC/Pains.
Material
didático
pedagógico foi especialmente desenvolvido: Caderno
do Professor, no qual foram abordados aspectos do
patrimônio museológico e arqueológico da Província
Cárstica do Alto São Francisco, e o material que
chamamos de Cartas Patrimoniais, que estimulou o
reconhecimento de outras expressões do patrimônio
de Pains de forma lúdica e instigante.
Assim como o o condutor da formação de
professores, o Caderno do Professor propôs re exões
e vivências práticas a partir da história pessoal das
participantes, passando pelo patrimônio material,
imaterial e natural do município e seus arredores, até
chegar ao patrimônio arqueológico e sua relação
com o Museu Arqueológico do Carste do Alto São
Francisco, MAC/Pains.
As Cartas Patrimoniais destacaram elementos
da história e da cultura de Pains, sugerindo re exões
e práticas de pesquisa que levem educadores e suas
turmas a conhecerem mais profundamente o
patrimônio do município a partir de estudos
interdisciplinares desenvolvidos no cotidiano escolar.
Vamos ao Museu? – Natureza, Educação e
Cultura (2013)
A sétima edição do Vamos ao Museu?
intitulada Natureza, Educação e Cultura, foi
realizada em Pains, cidade de 8 mil habitantes
localizada no centro-oeste de Minas Gerais. Teve
como museu parceiro o MAC/Pains – Museu
Arqueológico do Carste do Alto São Francisco e
atuou em três escolas públicas: Escola Estadual Padre
José Venâncio, Escola Estadual Prof. João Batista
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Cadernos do CEOM, Chapecó (SC), v. 34, n. 54, p. 211-226, Jun/2021
aquilo que mais lhes chamou a atenção. A partir das
fotogra as produzidas, um Mapa Afetivo de Pains
foi construído coletivamente com técnicas de
colagem e desenho.
Figuras 1 e 2 – Caderno do Professor e Cartas
Patrimoniais: materiais educativos desenvolvidos
para a edição “Natureza, Educação e Cultura”.
Fotos: Akala.
Formação de professores
1.o momento: Antes
Figuras 3 e 4 – Primeiros encontros de formação de
professoras da edição “Natureza, Educação e
Cultura”
Fotos: Andréia De Bernardi e Ives Melo.
Com os grupos de professores, foram
realizados sete encontros que totalizaram 24 horas de
formação, incluindo a visita ao MAC/Pains. No
primeiro encontro, foram organizadas vivências e
re exões com o objetivo de promover a
sensibilização dos professores quanto ao patrimônio
de Pains. Iniciou-se pela expressão mais singular
presente na história de vida dos participantes a partir
das memórias guardadas em objetos de valor afetivo.
Bens pessoais carregados de emoção e histórias que
também contam sobre valores, acontecimentos e
traços da coletividade foram trazidos e
compartilhados pelo grupo. No segundo encontro,
foi proposto o (re)olhar para o patrimônio da
cidade: igrejas, casario, praças, pessoas, expressões
culturais, saberes e fazeres. Os participantes foram
convidados a trilhar seus caminhos cotidianos como
quem os descobre pela primeira vez e a fotografar
No terceiro encontro, pela manhã, foi
proposta caminhada nas cercanias da cidade e o
lançamento de um olhar mais amplo para a paisagem
e as formações rochosas que deram origem à
ocupação humana na região: abrigos, grutas e
cavernas que são características de regiões cársticas.
Com o apoio do ambientalista Pablo Hendrigo
Alves de Melo, foi possível conhecer melhor o
patrimônio natural de Pains: o relevo cárstico, os
cursos d’água, a fauna e a ora local. À tarde, foram
abordadas as descobertas arqueológicas encontradas
ali que dizem respeito às primeiras atividades
humanas na região, instigando os participantes para
a visita ao Museu.
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debate sobre as evidências encontradas. Como a
escavação foi organizada em três níveis distintos, foi
possível entender claramente as três principais
ocupações humanas que caracterizam a região. Ao
nal, foi organizado seminário em que cada
subgrupo apresentou o resultado das análises
realizadas no Gabinete e as inferências (origem,
datação, tipo de população que produziu o artefato e
seu suposto uso) para o restante do grupo. Essa
experiência foi fundamental para a compreensão do
acervo exposto no MAC/Pains na mesma medida
em que a observação e a re exão sobre o acervo
ajudaram na compreensão dos vestígios encontrados
na o cina de escavação.
Figuras 5 e 6 – Caminhada nas cercanias de Pains
realizada com as professoras participantes da edição
“Natureza, Educação e Cultura”.
Fotos: Andréia De Bernardi.
2.o momento: Durante
A visita ao MAC/Pains, no quarto encontro
com professores, foi momento de muitas
descobertas. Para que o processo de investigação e
produção de conhecimento relacionado ao trabalho
arqueológico pudesse ser apropriado pelas
participantes, realizamos uma O cina de
Arqueologia dividida em dois momentos: a
Escavação – quando os professores puderam escavar
e recolher achados arqueológicos cuidadosamente
selecionados e enterrados em três níveis distintos –, e
o Gabinete – etapa em que os participantes
higienizaram e analisaram os vestígios encontrados
com a ajuda de livros e apostila especialmente
elaborada para esta atividade. A partir dessa
experiência, as professoras puderam perceber o
complexo trabalho desenvolvido pelos arqueólogos,
desde suas atividades em campo até a análise e o
Figuras 7 e 8 – O cina de Escavação Arqueológica e
visita ao Museu Arqueológico do Carste do Alto São
Francisco com professoras participantes do projeto.
Fotos: Andréia De Bernardi.
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Figuras 9 e 10 – O cina de Escavação Arqueológica e
visita ao Museu Arqueológico do Carste do Alto São
Francisco com professoras participantes do projeto.
Fotos: Andréia De Bernardi.
Figuras 11 e 12 – O cina de Elaboração de Projetos
de Educação Patrimonial para professoras
participantes da edição.
Fotos: Andréia De Bernardi.
O sétimo encontro consistiu na participação
dos professores na abertura da exposição, momento
em que o Mapa Afetivo de Pains, os registros de todo
o processo de formação e os projetos elaborados
pelos professores foram expostos à comunidade.
3.o momento: Depois
No quinto encontro, desenvolvemos a
O cina de Elaboração de Projetos. Além de
aproximar os professores da prática de elaboração de
projetos, objetivou-se a transformação de toda a
experiência vivida por eles durante a formação
(re exões, metodologias, recursos didáticos) em
instrumento prático de ação no cotidiano escolar.
Cada participante elaborou um projeto educativo a
partir de um bem patrimonial de Pains abordado nas
Cartas Patrimoniais e, no sexto encontro, cada
projeto foi apresentado para o restante do grupo,
provocando discussão coletiva.
Formação de estudantes
Foram realizados cinco encontros de três
horas de duração, além da visita ao MAC/Pains. Os
encontros descritos a seguir foram realizados tanto
na Escola Municipal Prof. João Batista Rodarte
como na Escola Estadual Padre José Venâncio.
Estudantes da Escola Estadual Maria Luíza
localizada na Vila Costina, zona rural de Pains,
participaram de um dia de atividades que
contemplou a visita ao Museu.
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Andreia Menezes De Bernardi, Ives de Oliveira Santos Melo, Lindaura Maia Klimkievicz Moreira, Adriana Piva, Patrícia Marinho de Carvalho
1.o momento: Antes
No terceiro encontro, a re exão gerada sobre
patrimônio, memória e história de cada estudante foi
ampliada para o entorno das escolas em passeio
fotográ co pelas ruas de Pains. Utilizando visores,
eles enquadraram e selecionaram paisagens, cenas e
curiosidades do lugar onde vivem. Cada subgrupo
foi orientado por educadores da escola e do Vamos
ao Museu? que registraram com câmeras digitais o
que foi selecionado pelos estudantes. As fotogra as
foram então impressas e com elas os estudantes
também elaboraram Mapas Afetivos de Pains. Após
essa vivência de olhar a cidade, no quarto encontro
os estudantes participaram de caminhada nos
arredores de Pains, quando puderam ver de perto
algumas formações rochosas; parar na ponte sobre o
Rio São Miguel, e observá-lo; conhecer diversos
tipos de plantas e animais endêmicos e, com isso,
entender melhor o que é o Carste. A ação teve por
objetivo promover o contato dos estudantes com
características típicas da Província Cárstica do Alto
São Francisco, que são relevantes para o
entendimento do potencial arqueológico da região, e
rea rmar a importância da preservação do
patrimônio natural de Pains. O percurso foi
concluído com a apresentação de diversos tipos de
rochas e a visita a uma cavidade.
No primeiro encontro com os estudantes, a
equipe do Vamos ao Museu? estabeleceu o contato
inicial com as turmas e apresentou as atividades
previstas, momento em que houve distribuição dos
materiais elaborados, como a Bolsa e o Caderno de
Campo. O segundo encontro explorou a identidade
e o patrimônio pessoal de cada um. Após
apresentação dos estudantes pautada em imagens e
objetos signi cativos trazidos por eles, exibição de
imagens com autorretratos criados por diversos
artistas ao longo da história da arte e realizados por
meio de diferentes técnicas foi mostrada ao grupo. A
seguir, teve início a O cina de Autorretrato, na qual
os estudantes elaboraram seus próprios retratos com
tinta guache em formato A3. Os autorretratos
formaram um grande painel na exposição nal do
projeto.
Figura 15 – Caminhada no entorno da escola e
produção de fotogra as.
Foto: Andréia De Bernardi.
Figuras 13 e 14 – O cina de Autorretrato com
estudantes participantes da edição.
Fotos: Andréia De Bernardi.
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Alto São Francisco, esclarecendo, em diálogo com
eles, o signi cado do nome do Museu. Durante a
visita, a coleção foi investigada pelos estudantes. Eles
puderam, também, tocar peças arqueológicas
genuínas que foram reunidas com o apoio do Museu
de História Natural e Jardim Botânico da
Universidade Federal de Minas Gerais. Também no
quinto encontro, os estudantes assistiram
apresentação em vídeo de registros rupestres do
Brasil e do exterior, discutindo formas, cores e
temáticas. Ao nal, eles participaram da O cina de
Pintura Rupestre utilizando como suporte lascas de
pedras calcárias, carvão, gravetos e tintas fabricadas
com pigmentos minerais. O resultado das O cinas
de Pintura Rupestre – mais de 70 pedras pintadas
por participantes do projeto –, foram exibidas na
exposição do Vamos ao Museu?.
Figura 16 – Elaboração do mapa de Pains.
Foto: Andréia De Bernardi.
Figuras 17 e 18 – Caminhada nas cercanias de
Pains e visita a uma cavidade.
Fotos: Andréia De Bernardi.
Figuras 19 e 20 – O cina de Pintura Rupestre e
conjunto de pedras calcárias pintadas.
Fotos: Andréia De Bernardi e Pedro Queiroz.
2.o momento: Durante
Estudantes da Escola Estadual Maria Luíza,
localizada na Vila Costina, zona rural de Pains,
puderam permanecer mais tempo no Museu. Além
Para as visitas dos estudantes ao museu, foram
recuperados conceitos como Arqueologia, Carste,
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da visita orientada, o grupo participou da O cina de
Autorretratos e de caminhada no entorno do museu
para conhecer a ressurgência de um pequeno curso
d’água. Lá, numa clareira, os estudantes produziram
poemas com palavras distribuídas pela equipe do
Vamos ao Museu? antes da saída da escola. Como
num sarau, os estudantes leram suas criações para o
grupo e as penduraram no Varal de Poesias.
Figuras 23 e 24 – Coreto da Praça Tonico Rabelo
transformado pelo Programa Vamos ao Museu? em
espaço expositivo especialmente para acolher os
resultados das o cinas realizadas com professoras,
estudantes e comunidade ao longo do projeto.
Fotos: Andréia De Bernardi.
Formação com a comunidade
Figuras 21 e 22 – O cina de Autorretrato e Varal de
Poesias realizados na visita da Escola Estadual Maria
Luíza ao MAC/Pains.
Fotos: Andréia De Bernardi e Pedro Queiroz.
Funcionários
da
ICAL,
empresa
incentivadora do projeto, e seus familiares, além de
membros da comunidade de Pains, foram
convidados a participar de duas visitas ao Museu
Arqueológico do Carste do Alto São Francisco,
MAC/Pains. Nelas, puderam participar de
experiências tais como o toque de artefatos
arqueológicos e de O cinas de Pintura Rupestre.
Envolver as comunidades é maneira de garantir e
incentivar sua participação nas propostas de re exão
e ação do Vamos ao Museu?. Ao convidar as famílias
dos estudantes, pretendeu-se que a participação da
vida cultural da cidade passasse a ser mais frequente
entre os grupos familiares, fortalecendo a cidadania
cultural.
3.o momento: Depois
Consistiu na exposição de fotogra as e
trabalhos plásticos produzidos pelos estudantes –
pedras pintadas produzidas das O cinas de Pintura
Rupestre e Mapas Afetivos. Momento em que os
resultados das ações culturais desenvolvidas bem
como os registros fotográ cos de todo o processo
desencadeado pelo Vamos ao Museu? foram expostos
à comunidade.
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Figuras 25 e 26 – Visita ao MAC/Pains com a
comunidade.
Fotos: Andréia De Bernardi.
A exposição
Ao nal do processo, foi realizada a exposição
dos resultados no coreto da Praça Tonico Rabelo: as
pedras pintadas por estudantes e membros da
comunidade, os mapas afetivos de Pains produzidos
pelos professores e estudantes; os projetos educativos
dos professores, além dos registros das ações
empreendidas pelo Vamos ao Museu?
Expor o resultado do trabalho em espaço
público, na principal praça de Pains, em uma
construção que foi inteiramente adaptada para
acolher a mostra, com projeto expográ co
especialmente elaborado, fez parte dos objetivos do
projeto: devolver à comunidade o resultado dessa
ação coletiva de forma emblemática. Na abertura da
exposição, houve apresentação da tradicional Banda
de Música Santa Cecília, ativa desde 1920,
representativa do patrimônio imaterial de Pains.
Figuras 27, 28, 29 e 30 – Dia da abertura ao
público da exposição do Programa Vamos ao
Museu?, com presença da comunidade,
apresentação da Banda de Música Santa Cecília e
o cina de Pintura Rupestre.
Fotos: Andréia De Bernardi.
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Vamos ao Museu? – Interpretar para
Empreender (2015)
A nona edição do Vamos ao Museu? intitulada
Interpretar para Empreender foi realizada no bairro
José de Almeida em Nova Lima, Minas Gerais. A
instituição de ensino convidada foi a Escola
Municipal Harold Jones, que atende estudantes da
educação infantil e do ensino fundamental. Em
diálogo com a coordenação da escola, optou-se por
trabalhar com duas turmas do 3.o ano do ensino
fundamental, totalizando 42 estudantes de 10 a 11
anos e seus professores.
A exposição Kandinsky – Tudo começa num
ponto, de Wassily Kandinsky, foi realizada no Centro
Cultural Banco do Brasil, CCBB, de 15 de abril a 22
de junho de 2015, em Belo Horizonte. As ações com
os estudantes foram realizadas em cinco encontros e
a equipe foi formada por Andréia Menezes De
Bernardi – na coordenação geral –, Ives de Oliveira
Santos Melo – na coordenação administrativa –, e
pela educadora Lindaura Maia Klimkievicz Moreira
(Zelda).
Figuras 31 e 32 – Primeiro encontro com estudantes,
narração artística da estória “Vassilissa, a Bela” e
produção dos círculos cromáticos pelos estudantes.
Fotos: Webert Debarry.
Formação de estudantes
1.o momento: Antes
Se no primeiro encontro foram trabalhadas as
cores, no segundo os estudantes trabalharam com as
formas. Por meio de caminhadas no entorno na
escola os estudantes foram estimulados a observar as
diversas formas existentes no percurso: formas
geométricas, formas orgânicas, formas que têm nome
e formas que não têm nome, uma maneira de iniciar
a conversa sobre gurativismo e abstracionismo
utilizando uma linguagem acessível para eles. Em
lugar com vista privilegiada, os estudantes puderam
olhar para a paisagem do bairro onde moram
observando atentamente detalhes e formas. Ao
retornar à escola, fotocópias das fotogra as do
entorno foram usadas para encontrar e dar destaque
a formas diversas. Utilizar essas imagens que
retratam o cotidiano do bairro promoveu momento
de identi cação dos estudantes com o território que
habitam, reconhecendo lugares, moradores e
edi cações. Permitiu também criar empatia
fortalecendo a identidade do grupo por meio da
No primeiro encontro, visando aproximar os
estudantes do universo de Wassily Kandinsky de
forma lúdica, narramos a história Vassilissa, a bela,
conto tradicional que, assim como outros contos
com os quais o artista teve contato na infância,
in uenciou seu imaginário. Os estudantes
conheceram também um pouco da história de vida
de Kandinsky, que quando jovem viajou ao interior
da Rússia onde o contato com peças de artesanato
in uenciaria fortemente sua decisão em se tornar
artista. Por meio de seleção de fotogra as os
estudantes puderam observar também algumas
paisagens tipicamente russas e, a partir dessas
vivências, foi proposta experimentação com cores e a
produção de círculos cromáticos.
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Cadernos do CEOM, Chapecó (SC), v. 34, n. 54, p. 211-226, Jun/2021
a rmação do bairro onde moram, a escola em que
estudam, as pessoas da comunidade.
Figuras 35 e 36 – Deslocamento dos estudantes da
escola, em Nova Lima, até a Praça da Liberdade, em
Belo Horizonte, onde se situa o Circuito Liberdade e
o Centro Cultural Banco do Brasil/CCBB-BH.
Fotos: Webert Debarry.
Figuras 33 e 34 – Caminhada no entorno da escola
para observação das formas que têm nome e formas
que não têm nome, seguida de o cina na escola.
Fotos: Webert Debarry.
Já na instituição museal, os educadores do
CCBB dividiram o grupo de 42 estudantes em dois
subgrupos para a visita à exposição, que incluiu a
participação em atividades de ateliê, totalizando duas
horas de atividade em que os estudantes tiveram
contato com obras de Kandinsky e de vários outros
artistas que o in uenciaram e que integravam a
exposição.
Durante a visita, com o intuito de promover
uma experiência signi cativa, os educadores do
Vamos ao Museu? estimulam a observação e o
estabelecimento de conexões, pelos envolvidos, entre
suas experiências de vida e as obras e ideias presentes
na exposição.
2.o momento: Durante
O terceiro encontro com os estudantes
consistiu em visita à exposição Kandinsky – Tudo
começa num ponto, no Centro Cultural Banco do
Brasil, CCBB, localizado na Praça da Liberdade em
Belo Horizonte, Minas Gerais. Pelas janelas do
ônibus os estudantes foram estimulados a observar
as transformações da paisagem desde a saída da
escola.
Antes de iniciar a visita à exposição, os
estudantes puderam conhecer a Praça da Liberdade,
caminhar, observar e descobrir o prédio do CCBB,
espaço que integra o Circuito Liberdade, um dos
maiores circuitos culturais da América Latina e o
maior do Brasil.
223
Programa Vamos ao Museu? Educação e Cultura
Andreia Menezes De Bernardi, Ives de Oliveira Santos Melo, Lindaura Maia Klimkievicz Moreira, Adriana Piva, Patrícia Marinho de Carvalho
3.o momento: Depois
Após a visita à exposição Kandinsky – Tudo
começa num ponto, as o cinas de experimentação
artística iniciaram com a elaboração de composições
utilizando a técnica da colagem. Os estudantes
criaram colagens utilizando recortes das fotogra as
do bairro e papel do tipo Color Set. Em suportes de
madeira do tipo MDF pintados de preto os
estudantes criaram composições individuais e
também coletivas utilizando exclusivamente formas
que não têm nome. No momento de experimentação
o Programa incentiva a liberdade, a imaginação e a
expressão criativa utilizando técnicas e suportes
também encontrados na exposição. Nessa o cina os
estudantes criaram composições abstratas, algo
totalmente novo para eles, assim como a utilização
do suporte preto, como fazia Kandinsky, para realçar
as cores de suas composições.
Figuras 41 e 42 – O cina de colagem utilizando
formas que não têm nome – realizada na escola após
visita à exposição –, e composição coletiva que
integrou a mostra.
Fotos: Webert Debarry.
Figuras 37, 38, 39 e 40 – Chegada ao prédio, visita
dos estudantes à exposição Kandinsky – Tudo
começa num ponto e atividades de ateliê promovidas
pela Ação Educativa do Centro Cultural Banco do
Brasil.
Fotos: Webert Debarry.
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Cadernos do CEOM, Chapecó (SC), v. 34, n. 54, p. 211-226, Jun/2021
que foram criadas no âmbito das o cinas do Vamos
ao Museu?.
O espaço foi aberto ao público em 6 de
outubro de 2015 e a visita dos estudantes à exposição
foi dividida em dois momentos. O primeiro, de
descoberta individual, em que percorreram a mostra
de forma espontânea, observando, procurando os
trabalhos que zeram, investigando e interagindo
com seus pares e professores, trocando impressões
ou fotografando.
No quinto encontro, os estudantes ouviram a
narração da história O Reino Branco e
experimentaram a pintura em aquarela com a técnica
do papel molhado. Wassily Kandinsky também
pintou inspirado por contos de fadas tradicionais
russos, sendo a aquarela uma das técnicas utilizadas
em sua primeira exposição individual, o que
justi cou nossa escolha. A pintura em aquarela com
a técnica do papel molhado tem como característica
a imprevisibilidade do movimento da tinta. Esta
qualidade ampliou ainda mais a experiência dos
estudantes no universo da abstração.
Figuras 43 e 44 – O cina de aquarela sobre papel
molhado, realizada a partir da narração artística do
conto O Reino Branco.
Fotos: Webert Debarry.
Figuras 45 e 46 – Exposição das colagens e aquarelas
produzidas ao longo do projeto no dia da abertura
da Mostra Vamos ao Museu? – Interpretar para
Empreender 2015.
Fotos: Webert Debarry.
Mostra Vamos ao Museu? – Interpretar
para Empreender 2015
E outro, em que os educadores do Vamos ao
Museu? promoveram diálogo entre os estudantes e a
mostra, convidando-os a olharem mais detidamente
para o conjunto e também para um trabalho
especí co de cada técnica, a dizerem o que viam, o
que sentiam, o que mais despertou-lhes a atenção.
Foi proposto trabalho de leitura de imagens, a
exemplo do realizado quando da visita à exposição de
Parceria estabelecida com o Shopping Ponto
Verde, centro comercial próximo à Escola Municipal
Harold Jones, possibilitou cessão em caráter de
comodato de loja de 40 m2 para a realização da
mostra das aquarelas, colagens individuais e coletivas
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Programa Vamos ao Museu? Educação e Cultura
Andreia Menezes De Bernardi, Ives de Oliveira Santos Melo, Lindaura Maia Klimkievicz Moreira, Adriana Piva, Patrícia Marinho de Carvalho
Kandinsky; no entanto, agora feito com os trabalhos
criados pelos próprios estudantes ao longo do
projeto.
comunidades e, também, pelos espaços expositivos e
suas equipes de educadores. Aprendemos muito
com cada pessoa que encontramos e, apesar das
di culdades, esperamos que esse trabalho possa ter
despertado em pro ssionais da cultura e da
educação, estudantes e comunidades o interesse pela
arte e pelo patrimônio cultural. Não como um m,
mas como um meio para a formação de sujeitos mais
críticos e conscientes de sua condição e de seu papel
no mundo.
Figura 49 – Após entrega dos certi cados, abraço
coletivo entre estudantes, educadoras do Programa
Vamos ao Museu? professora da turma e diretora da
escola.
Foto: Webert Debarry.
Figuras 47 e 48 – Interação dos estudantes com o
espaço expositivo e suas próprias colagens e
aquarelas. Bate papo e troca de impressões
conduzida pela educadora Lindaura Maia no dia da
abertura da Mostra.
Fotos: Webert Debarry.
A todos os que acreditaram e abraçaram essa
ideia, a nossa gratidão!
Vamos ao Museu?
Para concluir
Políticas públicas têm sido criadas a partir da
experiência do Vamos ao Museu?, mas ainda são
insu cientes para atender às demandas de ampliação
do acesso aos bens culturais de forma quali cada.
Nesta perspectiva, o Programa formou professores
para que pudessem replicar as propostas do Vamos
ao Museu?, elaborando e executando projetos
próprios.
Por onde passamos com o Vamos ao Museu?
ao longo desses dez anos fomos recebidos com muito
interesse por parte de professores, estudantes,
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