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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)
C569
As ciências exatas e da terra e a interface com vários saberes 2
[recurso eletrônico] / Organizadores Raissa Rachel Salustriano
da Silva-Matos, Nitalo André Farias Machado, Hosana Aguiar
Freitas de Andrade. – Ponta Grossa, PR: Atena Editora, 2020. –
(As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com Vários
Saberes; v. 2)
Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7247-908-0
DOI 10.22533/at.ed.080201301
1. Ciências exatas e da terra. 2. Engenharia. I. Silva-Matos,
Raissa Rachel Salustriano da. II. Machado, Nítalo André Farias.
III.Andrade, Hosana Aguiar Freitas de. IV. Série.
CDD 507
Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422
Atena Editora
Ponta Grossa – Paraná - Brasil
www.atenaeditora.com.br
contato@atenaeditora.com.br
APRESENTAÇÃO
Os grandes avanços tecnológicos e o desenvolvimento no campo das Ciências
Exatas e da Terra fizeram com que essa grande área do conhecimento ganhasse
uma forte interface com diferentes áreas dos saberes, da agricultura à pedagogia,
completando o aspecto da didática-aprendizagem, recursos ambientais e saúde.
O leitor de “As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com Vários Saberes
2” terá oportunidade de conhecer as discussões atuais sobre e profundas relações
das Ciências Exatas e da Terra permeando com outras áreas do conhecimento, pois
esta obra apresenta uma refinada coletânea de trabalhos científicos relacionados a
essa temática.
Portanto, esta obra é direcionada a todos os técnicos, acadêmicos e profissionais
das áreas das Ciências Exatas e da Terra e das demais áreas que, por ventura,
tenham interesse em comtemplar as relações e interface das Ciências Exatas e da
Terra. Nesse sentido, ressaltamos a importância desta leitura de forma a incrementar
o conhecimento dos nossos leitores.
Desejamos uma ótima leitura.
Raissa Rachel Salustriano da Silva-Matos
Nítalo André Farias Machado
Hosana Aguiar Freitas de Andrade
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................ 1
A IMPORTÂNCIA DA VERTENTE FRANCESA DIDÁTICA PROFISSIONAL NO
CENÁRIO EDUCACIONAL BRASILEIRO
Georgyana Gomes Cidrão
Italândia Ferreira de Azevedo
Francisco Régis Vieira Alves
Maria Cleide da Silva Barroso
DOI 10.22533/at.ed.0802013011
CAPÍTULO 2 .............................................................................................................. 10
ALTERAÇÕES ESPAÇO-TEMPORAIS NA PLANÍCIE FLÚVIO-MARINHA DO RIO
ACARAÚ ENTRE OS ANOS 1993 E 2016
Francisco Oricélio da Silva Brindeiro
Antônio Rodrigues Ximenes Neto
Brígida Miola Rocha
Francisco José Maciel de Moura
Jader Onofre de Morais
DOI 10.22533/at.ed.0802013012
CAPÍTULO 3 .............................................................................................................. 16
APLICAÇÃO DE CONTORNOS ATIVOS NA EXTRAÇÃO DE FEIÇÕES EM IMAGENS
LANDSAT 8 E CBERS 4
Cleberton Reiz
Rodrigo Bruno Zanin
Erico Fernando de Oliveira Martins
Jordan Luiz Dourado Filgueiras
Jader Willian Evaristo
DOI 10.22533/at.ed.0802013013
CAPÍTULO 4 .............................................................................................................. 22
AVANÇOS RECENTES NA OXIDAÇÃO DE ÁLCOOL BENZÍLICO SOBRE
CATALISADORES DE OURO E PALÁDIO
Wiury Chaves de Abreu
Jean Claudio Santos Costa
Carla Verônica Rodarte de Moura
Edmilson Miranda de Moura
DOI 10.22533/at.ed.0802013014
CAPÍTULO 5 .............................................................................................................. 37
DESENVOLVIMENTO DE UM APLICATIVO PARA PROFISSIONAIS DE FÍSICA
MÉDICA
Eduardo Rossato Alessio
Mateus Padoin Brutti
Francine Kohls Schumacker
Gustavo Stangherlin Cantarelli
Ana Paula Schwarz
DOI 10.22533/at.ed.0802013015
SUMÁRIO
CAPÍTULO 6 .............................................................................................................. 46
ELETRODEPOSIÇÃO DE FILMES DE POLIANILINA EM METAIS OXIDÁVEIS A
PARTIR DE MEIO AQUOSO CONTENDO ÁCIDO METANOSULFÔNICO
David Alexandro Graves
Andrea Santos Liu
Liu Yao Cho
DOI 10.22533/at.ed.0802013016
CAPÍTULO 7 .............................................................................................................. 58
ENSINO DAS GEOCIÊNCIAS NO LABORATÓRIO DE PEDOLOGIA E GEOLOGIA
DA UNIOESTE, CAMPUS DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON
Oscar Vicente Quinonez Fernandez
DOI 10.22533/at.ed.0802013017
CAPÍTULO 8 .............................................................................................................. 70
ENSINO DE ASTRONOMIA E TEORIA QUÂNTICA USANDO O FUNCIONAMENTO
DE UMA LÂMPADA FLUORESCENTE
Márcio Francisco dos Santos
Carolina Marla Rodrigues
Vanessa Aparecida Ferreira
DOI 10.22533/at.ed.0802013018
CAPÍTULO 9 .............................................................................................................. 82
ESTUDO DA SÉRIE DE TAYLOR E APLICAÇÃO
Jociléa Rodrigues Cardoso
José Francisco da Silva Costa
Anildo das Chagas Dias
Nayara dos Santos Rodrigues
Raimundo das Graças Carvalho de Almeida
Reginaldo Barros
Genivaldo Passos Correa
DOI 10.22533/at.ed.0802013019
CAPÍTULO 10 .......................................................................................................... 108
ESTUDO DO MÉTODO DE EXTRAÇÃO DE PROTEÍNAS DE CARNE BOVINA
(BOS TAURUS), UTILIZANDO PLANEJAMENTO FATORIAL E METODOLOGIA DE
SUPERFÍCIE DE RESPOSTA
Jane Kelly Sousa de Brito
Tiago Linus Silva Coelho
Darlisson Slag Neri Silva
Jardes Figueredo Rego
Naise Mary Caldas Silva
DOI 10.22533/at.ed.08020130110
CAPÍTULO 11 .......................................................................................................... 121
FERRAMENTA DE REALIDADE AUMENTADA UTILIZANDO KINECT PARA
ESTUDOS TOPOGRÁFICOS
Bruno dos Santos Belaguarda
Alessandro André Mainardi de Oliveira
Gustavo Stangherlin Cantarelli
Guilherme Chagas Kurtz
DOI 10.22533/at.ed.08020130111
SUMÁRIO
CAPÍTULO 12 .......................................................................................................... 135
FITÓLITOS DE PLANTAS E SOLOS DA MATA ATLÂNTICA NA ILHA GRANDE, RIO
DE JANEIRO
Heloisa Helena Gomes Coe
Yame Bronze Medina Ramos
André Luiz Carvalho da Silva
Emily Gomes
Leandro de Oliveira Furtado de Sousa
Kita Damasio Macario
Raphaella Rodrigues Dias
DOI 10.22533/at.ed.08020130112
CAPÍTULO 13 .......................................................................................................... 149
MANUAL DE PROTEÇÕES SOLARES: AUXILIO NO ENSINO DE CONFORTO
AMBIENTAL
Yuri Viana Loiola
Flora Mendes Araújo Lima
DOI 10.22533/at.ed.08020130113
CAPÍTULO 14 .......................................................................................................... 155
MODELAGEM FENOMENOLÓGICA E OTIMIZAÇÃO DE UM SECADOR DE CAFÉ
ROTATIVO
Uilla Fava Pimentel
Gildeir Lima Rabello
Willian Melo Poubel
DOI 10.22533/at.ed.08020130114
CAPÍTULO 15 .......................................................................................................... 162
PRAIAS ABRIGADAS NO LITORAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Ana Beatriz Pinheiro
André Luiz Carvalho da Silva
Maria Augusta Martins da Silva
José Antonio Baptista Neto
Carolina Pereira Silvestre
Jessyca dos Santos Araújo
Valéria Cristina Silva Pinto
DOI 10.22533/at.ed.08020130115
CAPÍTULO 16 .......................................................................................................... 176
PROCESSO DE MODELAGEM PARA FORMAÇÃO DA BASE DE DADOS
ACÚSTICOS PARA O MAPEAMENTO DE RUÍDO DE SINOP-MT
Priscila Maria Gonçalves Guilherme
Cristiane Rossatto Candido
Emília Garcez da Luz
Érika Fernanda Toledo Borges Leão
DOI 10.22533/at.ed.08020130116
SUMÁRIO
CAPÍTULO 17 .......................................................................................................... 190
PROTEÇÃO DA LIGA DE ALUMÍNIO 2024 CONTRA CORROSÃO POR FILMES DE
POLIPIRROL ELETRODEPOSITADOS EM MEIO DE LÍQUIDO IÔNICO
Julio Cesar Verli Chagas
Andrea Santos Liu
DOI 10.22533/at.ed.08020130117
CAPÍTULO 18 .......................................................................................................... 194
REFLEXÕES PROJETUAIS: O CASO DA DISCIPLINA DE CONFORTO AMBIENTAL
Yuri Viana Loiola
Thais Carvalho Cardoso
Ana Paula Nogueira Vidal Menezes
Ana Caroline de Carvalho Lopes Dantas Dias
DOI 10.22533/at.ed.08020130118
CAPÍTULO 19 .......................................................................................................... 198
USO DO MIRITI COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE ANÁILISE
COMBINATÓRIA
Anildo das Chagas Dias
Jociléa Rodrigues Cardoso
José Francisco da Silva Costa
Nayara dos Santos Rodrigues
Raimundo das Graças Carvalho de Almeida
Reginaldo Barros
Genivaldo Passos Correa
DOI 10.22533/at.ed.08020130119
CAPÍTULO 20 .......................................................................................................... 219
VARIABILIDADE MULTITEMPORAL DA LINHA DE COSTA DA PRAIA DO BALBINO,
CASCAVEL – CEARÁ
Francisco Oricélio da Silva Brindeiro
Filipe Maciel de Moura
Francisco José Maciel de Moura
Jader Onofre de Morais
DOI 10.22533/at.ed.08020130120
CAPÍTULO 21 .......................................................................................................... 227
A OSCILAÇÃO MADDEN-JULIAN
Renato Ramos da Silva
Reinaldo Haas
DOI 10.22533/at.ed.08020130121
CAPÍTULO 22 .......................................................................................................... 239
CRITICALIDADE AUTO-ORGANIZADA EM PROTEÍNAS COM REPETIÇÃO EM
TANDEM
Fernando Santos Silva
DOI 10.22533/at.ed.08020130122
SUMÁRIO
CAPÍTULO 23 .......................................................................................................... 249
PROPRIEDADES BIOFÍSICAS DO BIOMA PAMPA: O PAPEL DA VEGETAÇÃO
NATIVA NA REGULAÇÃO CLIMÁTICA
Guilherme Goergen
Roilan Hernández Valdés
Débora Regina Roberti
DOI 10.22533/at.ed.08020130123
SOBRE OS ORGANIZADORES.............................................................................. 256
ÍNDICE REMISSIVO ................................................................................................ 257
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
doi
A IMPORTÂNCIA DA VERTENTE FRANCESA DIDÁTICA
PROFISSIONAL NO CENÁRIO EDUCACIONAL
BRASILEIRO
Data de aceite: 10/12/2019
Georgyana Gomes Cidrão
Mestrado no Programa de pós-graduação em
Ensino de Ciências e Matemática (PGECM),
Fortaleza - CE
Italândia Ferreira de Azevedo
Mestrado no Programa de pós-graduação em
Ensino de Ciências e Matemática (PGECM),
Fortaleza - CE
Francisco Régis Vieira Alves
Doutor em Educação/ Coordenador do Programa
de pós-graduação em Ensino de Ciências e
Matemática (PGECM), Fortaleza - CE
Maria Cleide da Silva Barroso
Doutora em Educação/ Professora do Programa
de pós-graduação em Ensino de Ciências e
Matemática (PGECM), Fortaleza - CE
RESUMO: A Didática Profissional tem
ajudado na formação de professores na
França, especificamente no que se concerne
à atividade do professor, perante o quadro
de aperfeiçoamento na formação inicial ou
continuada. Em meio a essa perspectiva,
esse trabalho enfatizou-se nessa vertente,
perspectivando a formação inicial do professor.
O aporte metodológico da pesquisa evidenciouse nos estudos bibliográficos feitos em artigos,
ao qual exibiram que a Didática Profissional
compreende a competência profissional docente
em sala de aula, os resultados exibiram que
perante a avaliação da Didática Profissional,
pôde-se constatar a noção das concepções
pragmáticas e epistêmicas que o educador leva
durante o seu percurso como profissional. Por
fim, como no Brasil se tem poucas pesquisas
em torno da Didática Profissional, e visto que
essa vertente é muito importante para o campo
do trabalho do educador a fim de compreender
os processos de aprendizagem no seu meio
de trabalho, e que por esse viés a Didática
Profissional deve ser mais explorada no cenário
educacional brasileiro.
PALAVRAS-CHAVE: Didática Profissional.
Competência. Formação dos adultos. Professor.
THE IMPORTANCE OF THE FRENCH
VERDENT PROFESSIONAL TEACHING IN
THE BRAZILIAN EDUCATIONAL SCENARIO
ABSTRACT: Professional Didactics has helped
in teacher training in France, specifically
with regard to teacher activity, in the face of
improvement in initial or continuing education.
In the midst of this perspective, this work
was emphasized in this aspect, focusing
on the initial formation of the teacher. The
methodological contribution of the research was
evidenced in the bibliographical studies made
in articles, which showed that the Professional
Didactics comprises the professional teaching
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 1
1
competence in the classroom, the results showed that before the evaluation of the
Professional Didactics, the notion of pragmatic and epistemic conceptions that the
educator takes during his career as a professional. Finally, as in Brazil there is little
research on Professional Didactics, and since this aspect is very important for the
educator's field of work in order to understand the learning processes in his work
environment, and because of this bias Professional Didactics should be further explored
in the Brazilian educational scenario.
KEYWORDS: Professional Didactics. Competence. Adult training. Teacher.
1 | INTRODUÇÃO
A Didática Profissional (Didactique Professionnelles) - DP é uma vertente
francesa que teve seu início em meados de 1990, sendo elaborada por didatas,
educadores, psicólogos do trabalho, dentre outros. Emergiu dentre quatro correntes:
três teóricas e uma prática (ALVES, 2018). Sendo detalhado melhor na figura 1.
Figura 1. Correntes que formam a Didática Profissional (correntes teóricas à esquerda, corrente
prática à direita).
Fonte: Elaboração dos autores
Pastré (2011) principal autor da vertente, cuja desenvolveu-a em sua tese
intitulada Essai pour introduire le concept de didactique professionnelle : rôle de la
conceptualisation dans la conduite de machines automatisées, na década de 90,
afirma que inicialmente a DP foi criada para analisar o trabalho, mas não envereda
somente isso, a vertente almeja a formação e a aprendizagem dos adultos no
trabalho.
Acentuamos que devido a DP está nos arcabouços da psicologia, didatas e
educadores a mesma, se apoia nas correntes teóricas tidas como conceituação
na ação, didática das disciplinas, e a psicologia ergonômica faz parte do conceito
metodológico, contudo, o diferencial da DP está acerca da formação, esta se
concentra na engenharia de formação, Pastré (2011, p. 84) argumenta que no campo
prático a “Engenharia de Formação averigua as necessidades, define os objetivos, e
constroi dispositivos” para a formação profissional contínua.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 1
2
A conceituação na ação é uma corrente que visa compreender à aprendizagem
do adulto no trabalho, usando um conjunto de classes de situações descritas
por Vergnaud, que de modo limitante não abordaremos profundamente, todavia,
encontra-se nos trabalhos de Pastré, Mayen e Vergnaud (2006); Vergnaud (1990).
Portanto, Vergnaud (1994) inovou suas pesquisas, com a teoria do campo
conceitual no trabalho e no treinamento, objetivando modelar a atividade dos
profissionais mediante o esquema e dos Invariantes Operatórios (IO). O autor anterior
acredita que os IO são ferramentas de pensamento usadas pelo sujeito para adaptar
o mundo e tornar entendível, ou seja, os IO é uma construção feita pelo o indivíduo
a fim de ter um confronto com a realidade. Sua função é orientar a ação, permitindo
um diagnóstico preciso da situação.
Vergnaud (1994) foi orientado por Piaget (1943), assim a relação de Vergnaud
(1994) com o construtivismo é correspondente, o mesmo usou alguns conceitos
neopieagetianos, expressos no parágrafo anterior, tais como esquema e Invariante
operatório, todavia, o foco de Piaget era cerca do desenvolvimento da criança,
Vygotski também contribuiu na zona de desenvolvimento proximal, passando
a investigar a aprendizagem na linguagem. Contudo, Vergnaud (1990) trouxe os
conceitos, adaptando para os adultos perante o trabalho.
Assim, um dos principais objetivos da DP é analisar o trabalho como uma
condição prévia para a formação profissional, o que levou a apreender os conceitos e
métodos da psicologia ergonômica. Para analisar a tarefa no trabalho, a DP procurou
se empenhar nos pressupostos da psicologia do trabalho e da ergonomia (ALVES,
2018). Assim, Leplat (1997) então psicólogo do trabalho francófono, subdividiu a
tarefa em duas categorias:
I) Tarefa prescrita – o que o trabalhador deve fazer
II) Tarefa real – o que o trabalhador realmente faz
Leplat (1997) ainda enfatiza que a tarefa real excede a tarefa prescrita, ou seja,
a tarefa prescrita é muito detalhada e fornece um ponto de partida para acessar
a tarefa real. Primeiro tende a analisar o trabalho na tarefa para assim analisar a
aprendizagem no trabalho, mediante as classes de situações impostas por Vergnaud.
A DP, além de identificar as situações mediante a tarefa, é notável perceber que
para organizar a tarefa é necessário impor o conceito pragmático, esse conceito é
importante para organizar à atividade.
Da mesma forma, nos pressupostos da DP, a diferença e ponto forte da
mesma está na diferenciação entre a Didática das Disciplinas (conjunto de diversas
ciências, Matemática, Física, Química), sendo que a transmissão do conhecimento
de ambas são diferentes, a Didática das Disciplinas se concentra na transmissão
do conhecimento através do saber científico, e a DP se concentra nas atividades de
aprendizagem durante o trabalho.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 1
3
O principal objetivo da DP é desenvolver a aprendizagem nos adultos na
formação profissional contínua (PASTRÉ, 2002). Os autores Pastré, Mayen e
Vergnaud (2006) constataram que a DP serve como um alavanque em vistas à
análise do trabalho, assim, visando à competência profissional, de modo inicial a DP,
teve como foco análise do trabalho, posteriormente, a vertente passou a investigar
a aprendizagem no trabalho. Pastré, (2004, p. 186) enfatiza que “o trabalho possui
ainda outra função: um instrumento poderoso para as aprendizagens.” Logo, a
Didática Profissional tangencia para esse viés, pois ela é uma vertente voltada para
a formação dos adultos em seu campo de trabalho, tornando próximo a formação
profissional da atividade de trabalho.
Os estudos acerca da Didática Profissional têm-se destacado nos países
francófonos (TOURMEN et al, 2017). A DP tornou-se referência na França
revolucionando a formação docente, motivando os educadores a observarem as
situações e problemas do trabalho.
Portanto, a Didática Profissional tem uma objetivação em torno da formação
profissional e sobre o desenvolvimento desses formadores, tanto no âmbito de
formação quanto no seu âmbito individual de trabalho, perante a operacionalização
das suas tarefas. E ao mencionar a ideia de formação profissional, recordamos a
relação que a competência profissional tem com a DP.
A concepção efetiva de competência emergiu no âmbito educacional por volta
dos anos de 1990, pós período taylorismo. Pastré (2004) afirma que durante os anos
de 1980 devido uma crise da estruturação do termo trabalho o modelo do taylorismo
passou por mudanças. A noção de competência tornou-se abrangente em escala
progressiva para sua própria identidade, mediante a representação crescente da
complexidade dos modos exigidos no campo de trabalho (SAVOYANT, 1974).
Na época do taylorismo a competência estava atrelada no saber fazer, ou
saber efetuar uma tarefa. Todavia, o saber executar não condiz realmente com
o aprendizado no trabalho, o saber fazer pode ser uma cópia de alguma tarefa
(PASTRÉ, MAYEN, VERGNAUD, 2006). Esse mecanismo de efetuação no trabalho
passou por mudanças, marcando as habilidades no trabalho de forma inteligente,
ou seja, a competência de um sujeito se mostra mediante ao modo operatório no
trabalho e por enfrentamento de situações não habituais encontradas no trabalho.
Mediante a isso, logo, o termo trabalho chegou para a definir o docente a
respeito da noção de competência, que em epítome deduzia-se a capacidade de
fazer automaticamente e a efetuar tarefas elaboradas, mormente, com uma atenção
voltada para o indivíduo (trabalhador) pessoal (SAVOYANT, 1996).
No campo da investigação desse trabalho, optamos por analisar pesquisas
bibliográficas as quais foram escolhidos artigos submetidos a periódicos, aos quais
evidenciaram que a Didática Profissional é uma vertente relativamente nova, porém,
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 1
4
se mostra relevante sua utilização por parte dos professores a fim de compreender
sua prática de formação no campo de trabalho.
O verdadeiro intuito desse trabalho está em exibir as contribuições que a
vertente da DP leva para a formação profissional no campo do trabalho, e de discutir
a sua inserção no âmbito educacional brasileiro, pois notamos que existe uma lacuna
de pesquisa acerca dessa vertente considerada inovadora no trabalho.
2 | METODOLOGIA
A fim de mostrar como a Didática Profissional é relevante para o campo
educacional, escolhemos evidenciar esse fato realizando um levantamento
bibliográfico de artigos científicos nacionais e internacionais que atendessem a
nossa proposta inicial, que é mostrar como a DP é importante para o professor
entender seu campo de trabalho.
Portanto as características do nosso trabalho têm a base qualitativa de origem
bibliográfica. Escolhemos assuntos que se enquadrassem no objetivo da nossa
pesquisa, ao qual exibissem como a Didática Profissional é uma vertente profícua
para a Educação. Assim, escolhemos quatro artigos que estão expostos no quadro 1.
Autor
Periódico/Ano
A c i o l y - Red de Revistas
Régnier Científicas
de
e Monin América Latina y el
Caribe, España y
Portugal/2009
Parte superior do
formulário
Parte
inferior do formulário
Título
Objetivo Geral
Da teoria dos campos
conceituais
à
Didática
Profissional para a formação
de professores: contribuição
da psicologia e da sociologia
para a análise de práticas
pedagógicas
Evidenciar que a DP tem aporte na
Psicologia Ergonômica, e que a DP
foi criada para atender a análise da
atividade no ensino e a formação do
educador também se encontra na
experiência profissional
A análise do trabalho em Exibir como a DP foi construída e
Allain e R e v . b r a s . Didática Profissional
seus principais precursores, e como
Gruber pedagogica/
ela tem se desenvolvido perante a
2017
construção docente no ambiente de
trabalho
Acta
Didactica The Profissional Didactics
Naponcesia/ 2018
(DP)
and
Didactics
of
Sciences (DS) in Brazil:
Some implications for the
professionalization of the
Science Teacher
Expondo os pressupostos da DP
e relacionando com a Didática
das Disciplinas para acompanhar
os obstáculos profissionais que o
professor tende a possuir no trabalho
Alves e Indagatio Didactica/ Situação Didática Profissional:
Catarino 2019
Um exemplo de aplicação de
Didática Profissional para
a pesquisa objetivando a
atividade do professor de
Matemática no Brasil
Apresenta como a Situação Didática
Profissional é importante na Didática
Profissional, como também mostra
três planos que o professor deve
atender perante a competência que
o seu cargo prescreve.
Alves
Quadro 1. Artigos que abordam a Didática Profissional como uma vertente importante para a
Educação.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 1
5
Fonte: Elaborada pelos autores
A construção do quadro se deu em avaliar algumas partes perante os trabalhos,
tais como introdução, metodologia e resultados, assim tendo uma visão geral das
pesquisas analisadas. Na seção vindoura iremos exibir a síntese dos trabalhos
avaliados, aos quais não expomos na tabela passada.
3 | DISCUSSÃO
Encontramos pesquisas acerca da DP que envolveram a Pedagogia, Sociologia
e a Matemática, como também a análise no campo de trabalho do professor em
formação. Na parte da Pedagogia o trabalho dos autores Acioly-Régnier e Monin
(2009), mostraram que os professores postos a formação se encontram desmotivados
perante a sala de aula, devido à desvalorização imposta na formação em que os
estágios e as práticas pedagógicas são tidos como as únicas fontes impostas a
profissionalização. Essa realidade é vivenciada tanto pelos professores em formação
inicial quanto os professores em formação contínua, devido as horas estendidas nos
estágios e poucas horas resguardadas para a formação teórica. Assim, Vergnaud
(2007) assume que a apesar da experiência fazer parte do desenvolvimento da
competência do professor, necessita-se adquirir uma organização das ideias, em
pôr em prática a abordagem metodológica. E durante a pesquisa os encontros de
formação dos professores tiveram vídeografia, entrevistas a fim de verificar se nos
estágios como eram abordados os conceitos pragmáticos, e no que se concerne aos
resultados o trabalho mostrou que os professores têm que possuir uma certa ação
pedagógica no seio da sua formação.
No trabalho de Allain e Gruber (2017) os autores impõem que a Didática
Profissional tem aporte na psicologia do trabalho e na psicologia do desenvolvimento,
onde são duas correntes distintas e que a DP as conseguiu encaixar no que se
concerne à psicologia ergonômica, pois a ação move a competência do professor
primordialmente, e que os conceitos pragmáticos são praticamente os organizadores
da ação, e as vezes não basta ter o conhecimento epistêmico (conhecimento científico),
mas também o uso dos conceitos pragmáticos necessitam ter uma abordagem no
trabalho. Logo, os conceitos pragmáticos possuem uma dupla identidade, assim são
tidos como objetos de troca no ambiente dos saberes de profissão, adotando uma
prescrição ampla, como os repasses dos profissionais mais experientes para os
novatos.
No trabalho de Alves (2018) é discutido como a Didática Profissional faz uma
relação mediante a Didática das Disciplinas, no trabalho é enfatizado como ambas
são diferentes, a Didática das Disciplinas, de início esteve centrada no conhecimento
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 1
6
científico da Didática da Matemática, visando os elementos clássicos que Brousseau
investiga: professor/aluno/saber, e dos pressupostos da Física, em especial no
trabalho de Bachelard, todavia, por questões não totalmente explicitas no que se
concerne à transposição didática e os obstáculos epistemológicos para o professor,
a Didática das Disciplinas se tornou insuficiente. A Didática Profissional conseguiu
analisar a ação do professor na sua formação (inicial ou continuada). Alves (2018)
ainda acrescenta que na pesquisa desenvolvida no Brasil, é possível fazer uma
complementaridade entre a Didática das Ciências e a Didática Profissional ambas
da França, para investigar como o professor em formação inicial ou continuada
devem compreender um repertório de conhecimentos que regem a profissão, que
não se limita somente no conhecimento teórico, mas sim, em atenuar como mover a
competência profissional mediante a função que exerce.
Alves e Catarino (2019) voltam a pesquisa para o professor de Matemática,
mostrando que a DP está centrada nas situações de trabalho, e que o professor de
Matemática situa-se a sua atividade perante a situação profissional, definida a partir
do desempenho da tarefa prescrita na tarefa real, de modus operandi, o professor
deve acentuar na ação, para que posteriormente possa definir a situação.
Ainda acrescentamos que o trabalho de Alves e Catarino (2019), apontam uma
inovação de pesquisas no Brasil que envolvem a DP na atividade do professor de
Matemática, ao impor que a competência do professor deve atender a três planos,
tais como: i) sala de aula, ii) posto de trabalho, iii) instituição de ensino ou instituição
escolar. No plano i) os autores consideram que os professores mediante as situações
profissionais no trabalho devem mostrar um conhecimento profissional pragmático
em exuberante na ação, e não somente o professor dever dominar o campo
epistêmico (a matemática científica) no campo de trabalho (sala de aula). No plano
ii) é considerado que o professor deve ser circunstanciado no posto de trabalho, e
o núcleo dessa estrutura está acerca do conhecimento pragmático que o professor
deve apresentar perante documentos físicos, ou ofícios que todo trabalho possui. No
plano iii) as situações profissionais que os professores atuam devem está situados
nas regras institucionais, perante as tarefas oficiais que toda instituição tem.
Portanto, nos quatro artigos ficou nítido que a Didática Profissional é uma
vertente muito profícua para o professor, para o mesmo compreender as situações
no seu trabalho, como operar na formação inicial ou continuada ao relacionar-se
com a competência profissional, como também atender perante os planos: posto de
trabalho, sala de aula e instituição. Contudo, identificamos nos trabalhos dos autores
Acioly-Régnier e Monin (2009); Allain e Gruber (2017), Alves e Catarino (2019), Alves
(2018) como a Didática Profissional é uma aliada para avaliar o campo de trabalho do
professor. De modo doravante, acentuamos que a DP necessita ser mais discutida
nas pesquisas brasileiras e analisadas em cenário investigativo no que se concerne
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 1
7
à atividade, análise, formação e competência do professor.
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formação do professor em moldes atuais, atenua-se na preocupação em
compreender como funciona o trabalho, a Didática Profissional se ocupa nesse
quesito, investigando como o trabalhador aprende no trabalho, visando a competência
que o mesmo precisa ter.
Assim, trazemos a Didática Profissional no âmbito educacional para elucidar
como educadores devem se preocupar em analisar o campo de trabalho, objetivando
sua competência em sala de aula. Recordá-lo-emos que no período Behaviorista
a competência de um operário era avaliada no saber fazer, ou saber executar, em
tempos atuais a competência passou por mudanças, agora é avaliada de diversas
maneiras, as quais hoje se chegou em sala. O educador deve estar sincronizado
a compreender como avaliar o seu processo de metamorfose no decorrer da sua
profissionalização, com o uso de conceitos pragmáticos e epistêmicos no exercício
da profissão.
Logo, a Didática Profissional visa compreender melhorias para o campo
de trabalho do professor, por esse viés, a educação brasileira deve adentrar a
sua atenção, pois, na França a Didática Profissional tornou-se referência por ter
um ótimo respaldo por parte dos avaliadores educacioanais. Enquanto no Brasil
notamos ínfimas pesquisas em torno da Didática Profissional, com isso, impomos
uma reflexão aos professores que almejam analisar o campo de trabalho com vistas
a melhoria de suas competências, que utilizem a Didática Profissional no decorrer
da sua formação.
REFERÊNCIAS
ACIOLY-RÉGNIER. N. M; MONIN. M. Da teoria dos campos conceituais à didática profissional para
a Formação de professores: contribuição da psicologia e da sociologia para a análise de práticas
pedagógicas. Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal. v.
13, pp. 5-16, 2009. Disponível em: <http://www.redalyc.org/html/4496/449644448002/>. Acesso: 25 de
julho 2018.
ALLAIN. O; GRUBER. C.
Tradução do Texto Pierré Pastré: A Análise do trabalho em Didática
Profissional. Revista Brasileira Pedagógica. v. 98, pp. 624-637, 2017. Disponível em: <http://
dx.doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.98i250.3368>. Acesso: 25 de julho 2018.
ALVES, F. R. V. The Profissional Didactics (DP) and Didactics of Sciences (DS) in Brazil: Some
implications for the professionalization of the Science Teacher. ACTA Didactica Naponcesia, v. 11, n.
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ALVES, F. R. V. CATARINO, P. M. M. C. Situação Didática Profissional: um exemplo de aplicação da
Didática Profissional para a pesquisa objetivando a atividade do professor de Matemática no Brasil.
Indagatio Didactica. v. 11, n. 1, pp. 103-129, 2019.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 1
8
LEPLAT, J. (1997). Regards sur l’activité en situation de travail. Contributions à la psychologie
ergonomique. Paris: PUF.
PASTRÉ, P. (2002). L´analyse du travail en Didactique professionnelle. Revue Française de
Pédagogie, 3(138), 9 – 17. Disponível em: <http://www.formations.philippeclauzard.com/INRP_
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Faizon, P. Ergonomie. Paris: PUF. Disponível em: <http://benhur.teluq.uquebec.ca/SPIP/inf4018/IMG/
pdf/Pastre.pdf>. Acesso: 15 de julho, 2018.
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Pédagogie, [s.l.], n. 154, p.145-198, 1 mar. 2006. OpenEdition. Disponível em: <http://dx.doi.
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TOURMEN, C et al. The Piagetian Schème: a Framework to Study Professional Learning Through
Conceptualization. Vocations And Learning, [s.l.], p.1-22, 10 mar. 2017. Springer Nature. Disponível
em: <http://dx.doi.org/10.1007/s12186-017-9174-y>. Acesso: 20 de julho, 2018
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 1
9
CAPÍTULO 2
doi
ALTERAÇÕES ESPAÇO-TEMPORAIS NA PLANÍCIE
FLÚVIO-MARINHA DO RIO ACARAÚ ENTRE OS ANOS
1993 E 2016
Data de aceite: 10/12/2019
Data de submissão: 13/10/2019
Francisco Oricélio da Silva Brindeiro
Universidade Estadual do Ceará - Uece
Fortaleza – Ceará
Lattes: Http://Lattes.cnpq.br/0357447890664526
Antônio Rodrigues Ximenes Neto
Universidade Estadual do Ceará – Uece
Fortaleza – Ceará
Lattes: Http://Lattes.cnpq.br/3140578236224142
Brígida Miola Rocha
Universidade de Fortaleza – Unifor
Fortaleza – Ceará
Lattes: Http://Lattes.cnpq.br/9037000773946588
Francisco José Maciel de Moura
Universidade Estadual do Ceará – Uece
Fortaleza – Ceará
Lattes: Http://Lattes.cnpq.br/1315706759935544
Jader Onofre de Morais
Universidade Estadual do Ceará – Uece
Fortaleza – Ceará
Lattes: Http://Lattes.cnpq.br/2171381547908150
RESUMO: A planície flúvio-marinha do
Rio Acaraú apresenta-se em constantes
modificações espaço-temporais ocasionadas
por processos naturais e intervenções
antrópicas. O objetivo deste trabalho foi
analisar as alterações no período 1993-2016
associadas às instalações de tanques de
carcinicultura e dinâmica dos processos fluviais
e marinhos do estuário do Acaraú. Na área
de estudo foi realizada uma análise espaçotemporal através das imagens de satélites
Landsat 5 TM(1993) e Quickbird(2004), além
de imagens obtidas no software Google EarthPro(2003,2009 e 2016). Até 1993 os tanques
de carcinicultura eram restritos a margem
direita do estuário do Rio Acaraú, ocupando um
total de aproximadamente 181 hectares. Entre
1993-2003 houve um crescimento de 66,30% e
já se verificava tanques na margem esquerda.
No período 2003-2009 houve um aumento de
55,14% e entre 2009-2016 o crescimento foi
de 62,7%. Ao longo dos 24 anos analisados a
área ocupada por tanques aumentou em mais
de 580 hectares, mais de 320% em relação a
1993. Destaca-se que a instalação dos tanques
ocorreu em setores de topografia relativamente
plana associadas às planícies de apicum e
alguns setores de manguezais. No estuário e
na planície de maré do Acaraú foram verificados
processos de avulsão de canais, além da
criação e barramento de canais. Desta forma,
foi evidenciado que a atividade de instalação de
tanques de carcinicultura impacta diretamente
nos padrões fluviais e desmatamento.
PALAVRAS–CHAVE: Estuário, Carcinicultura,
Geomorfologia Fluvial.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 2
10
SPATIO-TEMPORAL CHANGES IN THE FLUVIO-MARINE PLAIN OF THE ACARAÚ
RIVER (1993 TO 2016)
ABSTRACT: Fluvial-Marine Plain of the Acaraú River shows several spatio-temporal
changes caused by natural processes and anthropic interventions. The aim of this study
was to analyze the changes in the period 1993-2016 associated with shrimp farming
and natural dynamics of the riverine and marine processes of the Acaraú estuary. A
spatio-temporal analysis using Landsat 5 TM (1993) and Quickbird (2004) satellite
images and Google Earth-Pro software (2003,2009 and 2016) was performed. The
shrimp farming tanks were restricted to the right margin of the Acaraú River estuary
until 1993, occupying approximately 181 hectares. A growth of 66.30% occurred
between 1993-2003 and the tanks on the left bank already existed. An increase of
55.14% and 62.7% occurred between 2003-2009 and 2009-2016, respectively. The
area of the tanks increased more than 580 hectares over the 24 years analyzed, being
320% compared to 1993. It is noteworthy that the installation of the tanks occurred in
sectors of flat topography associated with tidal flats and mangroves. Channel avulsion
processes in the estuary and tidal plain of the Acaraú River were verified, as well as
the channel creation and damming. The shrimp farming installation directly impacts the
river patterns and deforestation.
KEYWORDS: Estuary, Shrimp Farming, River Geomorphology.
1 | INTRODUÇÃO
Os setores de baixo curso fluvial, devido à característica peculiar de interação
entre água doce (rio, exutórios) e água salgada (mar) formam um ambiente de
elevada instabilidade ambiental. De acordo com Souza (2000) as planícies flúviomarinhas do Ceará possuem uma área de 307,4 km², são ambientes fortemente
instáveis com vulnerabilidade alta à ocupação e sustentabilidade de moderada à alta.
As planícies flúvio-marinhas formam um importante ecossistema – o manguezal, o
qual são berçários naturais; o termo mangue é atribuído à flora vegetal típica deste
habitat (THIERS et al., 2016).
Segundo Diniz et al., (2008) o baixo curso do Rio Acaraú apresenta diversos
usos da terra – carcinicultura (cultivo do camarão), fruticultura, manguezal, pastagem,
culturas de subsistências, lazer. Nascimento (2006) destaca a grande modificação no
ecossistema manguezal ocasionada pela atividade da carcinicultura, pois esta causa
impacto associados ao desmatamento, canalizações, poluição e contaminação do
recurso hídrico, além do conflito pelo uso da terra.
Além destas modificações de natureza antrópica, estas regiões possuem
alterações morfosedimentares associadas a avulsões fluviais, processos erosionais
e deposicionais, principalmente, associado a eventos extremos, como relacionado a
fenômenos de La Niña no baixo curso e na parte litorânea associada a processos de
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 2
11
gênese marinha (PESSOA, 2015).
A área de estudo (figura 01) é delimitada pela planície flúvio-marinha do Rio
Acaraú e sistemas lagunares imediatamente associados. O objetivo da pesquisa foi
verificar as principais modificações de gênese natural e antrópica durante o período
de 1993-2016.
Figura 01-Carta imagem de localização da área de estudo
Fonte: Elaborado pelos autores.
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
Para realização desta pesquisa foram adquiridas imagens de satélite do
software Google Earth-PRO dos anos 2003, 2009 e 2016, uma imagem Landsat 5 sensor TM (Thematic Mapper) do ano de 1993 adquirida no catálogo de imagens
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE e uma imagem do satélite
Quickbird 2004. A escolha deste período de análise se deve em virtude do
crescimento da carcinicultura na região a partir dos anos 1990. No software
Qgis (versão 2.18) ocorreu o georreferenciamento e o recorte das imagens.
Neste programa também foi realizado o processo de vetorização das áreas
que apresentam tanques de carcinicultura. O tamanho das áreas em hectares foi
obtido
através
da
ferramenta
calculadora
raster.
As
imagens
foram
georreferenciadas por meio do sistema de coordenadas UTM, Zona 24 Sul,
Datum SIRGAS-2000.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÕES
As pressões antrópicas sobre o setor estuarino do rio Acaraú se desenvolveram
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 2
12
de forma mais intensa em meados da década de 1980 e eram relacionadas às
atividades de pesca, principalmente a lagosta. No início dos anos 1990 a expansão
urbana contribuiu para o desmatamento das áreas de mangue que se intensificou
com a introdução da carcinicultura (PESSOA, 2015; SILVA E SANTOS, 2017).
As imagens que foram obtidas para a realização desta pesquisa permitiram
identificar a evolução da ocupação pela carcinicultura na área. Na figura 02 é notório
que em 1993 a ocupação na área por tanques era restrita ao setor superior da
margem direita do estuário, ocupando um total de aproximadamente 181 hectares.
Em 2003 o avanço da ocupação se intensificou e já atingia a margem esquerda do
estuário, ocupando uma área de 301 hectares, um aumento de 66,30% em relação
a 1993.
Figura 02- Áreas ocupadas por tanques em 1993 e 2003
Fonte: Imagens obtidas no Google Earth-PRO (2009 e 2016)
Em 2009 a área atingida pela implantação de tanques chegou a um total de
467 hectares, um aumento que corresponde a 55,14%% a mais que 2003. Nesta
imagem já é bem nítida a perca de áreas que correspondiam à cobertura vegetal de
mangue. Em 2016 a descaracterização da paisagem natural avançou; a ocupação
das áreas por tanque chegou a um total de 760,200 hectares, um aumento de 62,7%
em relação a 2009. No período analisado (1993-2016) o avanço ultrapassou 580
hectares, mais de 320%.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 2
13
Figura 03- Áreas ocupadas por tanques em 2009 e 2016
Fonte: Imagens obtidas no Google Earth-PRO (2009 e 2016)
É importante destacar que as localizações dos tanques de carcinicultura foram
instaladas principalmente em planícies do tipo apicum e outra parte em áreas de
manguezais. Para estas instalações foram aproveitados alguns canais pré-existentes,
além da criação artificial de outros. Ressalta-se que para a construção dos tanques,
vias de acesso são construídas, estas aterram e destroem setores de vegetação de
mangue e barra alguns córregos, figura 04 (A, B).
Figura 04- Início da instalação em 2004 (A) e ampliação da instalação em 2016 (B)
Fonte: Quickbird (A) e Google Earth-PRO (B).
O estuário do Rio Acaraú apresenta drenagens do tipo meandrantes, sendo
que foram evidenciados processos de avulsão fluvial (alterações do curso fluvial),
abandonamento de meandros, migração lateral de canais e criação e erosão de barras
em pontais. Destaca-se que as canalizações para os tanques das carciniculturas
também influencia neste processo. Na zona litorânea foi verificado um recuo da
linha de costa e consequente erosão da faixa praial, de mangues e modificações
dos percursos dos canais de maré (tidal inlet). Os principais processos avulsivos
ocorreram na planície de maré devido à morfodinâmica de canais de maré. A avulsão
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 2
14
fluvial são processos fluviais comuns em baixo curso de bacias hidrográficas, sendo,
portanto, um importante processo autóctone (TORNQVIST & BRIDGE, 2006).
4 | CONCLUSÃO
A atividade de instalação de tanques de carcinicultura foi realizada aproveitando
as condicionantes geomorfológicas, associadas a planícies – apicum e manguezal.
Desta forma, impactou diretamente nos padrões fluviais e desmatamento. A zona
estuarina do Acaraú devido a sua elevada dinâmica espaço-temporal apresenta o
fator antrópico como fundamental na configuração da paisagem costeira.
REFERÊNCIAS
DINIZ, S. F; MOREIRA, C. A; CORRADINI, F. A. Susceptibilidade erosiva do baixo curso do rio
Acaraú-CE. São Paulo, UNESP, Geociências, v. 27, n. 3, p. 355-367, 2008.
NASCIMENTO, F. R. Degradação ambiental e desertificação no nordeste brasileiro: o contexto
da bacia hidrográfica do rio Acaraú – Ceará. Tese de Doutorado no Programa de Pós-Graduação
em Geografia da UFF, 2006.
PESSOA, P.R.S. Análise Integrada da evolução da Paisagem no estuário do rio Acaraú.
Tese de Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Geografia - UECE, 2015.
SILVA, A.B.F.; SANTOS, C.D.A carcinicultura em Acaraú: processos, agentes e
rebatimentos no espaço urbano e rural. Anais do III Seminário Regional Comércio,
Consumo e Cultura nas Cidades. ISSN: 2318-048X. http://srccc.com.br, 2017.
SOUZA, M. J. N. Bases naturais e esboço do zoneamento geoambiental do Estado do
Ceará. In: Lima, L. C; SOUZA, M. J. N; MORAIS, J. O. Compartimentação Territorial e
Gestão Regional do Ceará. Ed. Funece, 268p, 2000.
THIERS, P. R. L; MEIRELES, A. J. A; SANTOS, J. O. Ecossistema manguezal na costa
oeste cearense: preservação permeada de meias verdades. Fortaleza: Imprensa
Universitária, 2016. 126 p.
TORNQVIST, T. E; BRIDGE, J. S. Causes of river avulsion: insights from the late holocene avulsion
history of the Mississippi river, U.S.A.—discussion. Journal of Sedimentary Research, 2006, v. 76,
959.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 2
15
CAPÍTULO 3
doi
APLICAÇÃO DE CONTORNOS ATIVOS NA EXTRAÇÃO
DE FEIÇÕES EM IMAGENS LANDSAT 8 E CBERS 4
Data de aceite: 10/12/2019
Cleberton Reiz
Rodrigo Bruno Zanin
Erico Fernando de Oliveira Martins
Jordan Luiz Dourado Filgueiras
Jader Willian Evaristo
Universidade do Estado de Mato Grosso,
Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas
Sinop – MT
RESUMO: As imagens digitais provenientes
de plataformas orbitais são a principal fonte
de informação para mapeamento e tomada
de decisão. Seu uso vêm se popularizando
com o passar dos anos e se expandindo para
várias áreas. A extração de feições em imagens
digitais vem sendo amplamente pesquisada
em Análise de Imagens, Fotogrametria e Visão
Computacional. Os trabalhos vinculados à
extração de feições para geração e atualização
de SIG’s são, geralmente, divididos nas feições
antrópicas como edificações e/ou rodovias e
feições naturais como áreas de vegetação ou
corpos d’agua. Uma das metodologias atrativas
para extração de feições e em especial para rios
e corpos d’água baseia-se em contornos ativos,
formulados com base na evolução de curvas,
que podem ter modelos paramétricos (Snakes)
ou geométricos (Level set) (Zanin et al.,
2017). Neste contexto, este trabalho pretende
levantar e comparar algumas características
dos métodos de contornos ativos paramétricos
e geométricos e aplicá-los nas imagens
orbitais dos sensores OLI e PAN dos satélites
LANDSAT 8 e CBERS 4, para extração de
feições, correlacionando essas características
com os parâmetros necessários nos modelos
matemáticos dos contornos ativos. O presente
trabalho faz uso de métodos de Processamento
Digital de Imagens (PDI), sendo que a primeira
etapa de processamento é conhecida como préprocessamento, no qual consiste em tarefas
interconectadas, que podem ser usadas para
retirar algumas informações sobre os objetos
presentes na cena (QUEIROZ, GOMES, 2001).
Posteriormente, na etapa de processamento, as
feições de interesse são extraídas com auxílio
dos softwares Fiji e Icy aplicando Level Set e
Snake, respectivamente. Independente, do
método utilizado, os resultados apresentados
nesse trabalho apresentam um tempo de
extração compatível com as necessidades de
aplicações, pois são elaborados de forma semiautomática.
PALAVRAS-CHAVE: Contorno ativo; Extração
de feições; Sensoriamento remoto
APPLICATION OF ACTIVE CONTOURS
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
IN LANDSAT 8 AND CBERS 4 IMAGE
EXTRACTION
Capítulo 3
16
ABSTRACT: Digital images from orbital platforms are the main source of information
for mapping and decision making. This information has become popular over the years
and expanding to various areas. Feature extraction in digital images has been widely
researched in Image Analysis, Photogrammetry and Computer Vision. Works related
to feature extraction for generation and updating of SIG’s are generally divided into
anthropogenic features such as buildings and/or highways and natural features such
as vegetation areas or water bodies. One of the attractive methodologies for feature
extraction and especially for rivers and water bodies is based on active contours,
formulated based on the evolution of curves, which can have either parametric (Snakes)
or geometric (Level set) models (Zanin et al. al., 2017). In this context, this work intends
to study and compare some characteristics of the parametric and geometric active
contour methods and apply them to the orbital images of the LANDSAT 8 and CBERS
4 satellites for feature extraction, correlating these characteristics with the parameters.
mathematical models of active contours. The present work makes use of Digital Image
Processing methods where the first processing step is known as preprocessing, which
consists of interconnected tasks that can be used to remove some information about
the objects present in the image. scene (QUEIROZ, GOMES, 2001). Later, in the
processing stage, the features of interest are extracted using Fiji and Icy software
applying Level Set and Snake, respectively. Both methods used in this work have an
extraction time compatible with the needs of applications, since they are elaborated
semi-automatically.
KEYWORDS: Active contour; Feature extraction; Remote sensing
1 | INTRODUÇÃO
As imagens digitais provenientes de plataformas orbitais são a principal fonte
de informação para mapeamento e tomada de decisão. Os trabalhos vinculados à
extração de feições para geração e atualização de SIG’s, são geralmente, divididos
nas feições antrópicas como edificações e/ou rodovias e feições naturais como áreas
de vegetação ou corpos d’agua. Uma das metodologias atrativas para extração de
feições e em especial para rios e corpos d’água baseia-se em contornos ativos,
formulados com base na evolução de curvas, que podem ter modelos paramétricos
(Snakes) ou geométricos (Level set) (Zanin et al., 2017).
Neste contexto, este trabalho pretende levantar e comparar algumas
características dos métodos de contornos ativos paramétricos e geométricos e
aplicá-los nas imagens orbitais dos sensores OLI e PAN5M dos satélites LANDSAT
8 e CBERS 4, para extração de feições, correlacionando essas características com
os parâmetros necessários nos modelos matemáticos dos contornos ativos.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 3
17
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
O presente trabalho faz uso de métodos de Processamento Digital de Imagens
(PDI), sendo que a primeira etapa de processamento é conhecida como préprocessamento, no qual consiste em tarefas interconectadas, que podem ser usadas
para retirar algumas informações sobre os objetos presentes na cena (QUEIROZ,
GOMES, 2001).
Neste trabalho utilizou-se cenas que contêm o Rio Teles Pires localizado entre
as cidades de Sorriso e Sinop, Mato Grosso, Brasil, que são imagens orbita/ponto
167/113. Para aplicar o modelo de contorno ativo, a referida imagem precisa estar no
formato pancromático que é uma imagem em tons de cinza, por este motivo utilizouse as câmeras pancromáticas dos satélites CBERS 4 e LANDSAT 8. A resolução
dessas câmaras são de 5m e 15m, respectivamente. As figuras 1 e 2 apresentam o
recorte das imagens utilizadas nas aplicações propostas.
Figura 1 – Imagem PAN do CBERS 4
Figura 2 – Imagem pancromática LANDSAT 8
Entre os modelos de contornos ativos paramétricos, o principal método é a
Snake, inicialmente propostas por Kass et al. (1988). A Snake é definida como “um
modelo deformável de segunda ordem (a energia interna do modelo é constituída
por derivadas de primeira e segunda ordem), com curva parametrizada pelo seu
comprimento s utilizando dois graus de liberdade de deformação (coordenadas
planas da curva x(s) e y(s))” (Zanin et al., 2017). Assim, a energia de deformação da
Snake E(v) é:
(1)
A primeira e segunda integral estão relacionadas com a energia interna e
externa respectivamente. A primeira controla os parâmetros de elasticidade (W1
(S)) e rigidez (W2 (S)) da curva no ponto parametrizado por s enquanto a segunda
controla a atração da curva Snakes por parte da feição de interesse utilizando a
energia da imagem. O parâmetro λ é decorrente das funções dos pesos W1 (S), W2
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 3
18
(S) e W (S) que são utilizados para balancear as energias internas e externas (Zanin
et al., 2017).
Os contornos ativos geométricos, também conhecidos como Level Set são uma
forma alternativa a Snakes e pode ser definido com base em uma curva fechada
e simples y em um domínio Ω onde a evolução dessa curva ocorre em função do
parâmetro velocidade, que é aplicado na direção normal à curva, em cada um dos
seus pontos. A equação (2) é conhecida como a equação de Level Set definida por
Osher e Sethian (1988 apud Zanin et al., 2017).
(2)
Para comparar os modelos de contornos ativos na extração de corpos d’água,
os métodos propostos foram aplicados nos softwares Fiji e Icy. O Fiji é um software
open source de processamento de imagens baseado em uma distribuição do imageJ
também utilizado para manipular as cenas (IMAGEJ, 2017). Semelhante ao Fiji,
o software Icy é uma ferramenta open source desenvolvida pelo instituto Pasteur
(INSTITUT PASTEUR, 2017).
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para realizar a extração das feições de forma semiautomática nas imagens
CBERS4 e LANDSAT 8, foram utilizados os softwares Fiji e Icy, sendo a aplicação
do Level Set no Fiji, e o Snakes no Icy.
A Figura 3 mostra a imagem pancromática do CBERS4 empregada no Fiji para
aplicação do Level Set. O algoritmo, que já exige uma imagem 8-bits, também precisa
de pontos iniciais, que são chamados de pontos sementes, como é exposto na figura
3. A Figura 4 apresenta o resultado da aplicação de contornos ativos Level Set.
Figura 3 – Sementes implantadas nas ROI’s
Figura 4 – Resultado Level Set
O mesmo recorte da imagem pancromática do CBERS4 utilizando o software
Icy com contorno inicial está apresentado na figura 5 e o resultado do Snakes está
na figura 6.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 3
19
Figura 5 – Extração de feições com Snakes
Figura 6 – Resultado Snakes
Nota-se, a partir da comparação das figura 4 e 6, que a aplicação com Snakes
possui melhores resultados visto que na figura 4 os resultados apresentam ruídos
no início e final da feição. Um estudo mais rigoroso para definir esse resultado deve
ser realizado baseando-se nos parâmetros envolvidos no algoritmo, os quais são:
curvatura, limiar de valor cinza, limiar de distância e critério de convergência.
Na aplicação de contornos ativos Snakes e Level Set, na imagem digital
pancromática, advinda do satélite LANDSAT 8 possui próximo ao objeto de interesse
níveis de intensidade na escala de tons de cinza muito similar aos níveis da vegetação.
Isso implica em uma dificuldade em extrair as feições de interesse. Por esse motivo,
na etapa de pré-processamento, é realizado um processo de limiarização. A figura 7
e 8 identificam a aplicação desse processo.
Figura 7 – Aplicação da limiarização
Figura 8 – Resultado da limiarização
As figuras 9 e 10 apresentam respectivamente, os pontos sementes e o resultado
da aplicação do Level Set e resultados da aplicação na imagem pancromática do
LANDSAT 8 após o processo de limiarização indicado na figura 8.
Figura 9 – Extração de feições com
Level Set
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Figura 10 – Resultado Level Set
Capítulo 3
20
Na figura 11 é apresentado a aplicação da Snake com o software Icy e na figura
12 é exposto o resultado da aplicação. Fica perceptível, a partir da comparação
entre as figuras 10 e 12, que a extração de feições com uso do método Snakes
proporcionou um resultado impreciso em relação a figura 2, pois o rio é mais espesso
do que o resultado apresenta.
Figura 11 – Extração de feições com
Snakes
Figura 12 – Resultado Snakes
4 | CONCLUSÃO
Os resultados apresentados indicam que ambos os métodos de contornos
ativos utilizados geram bons resultados. Na imagem advinda do CBERS4 o método
Snakes se mostrou mais vantajoso extraindo o objeto de interesse com poucos ruídos
se comparado a mesma imagem extraída com o método Level Set. Na imagem
LANDSAT 8 a etapa de pré-processamento para extração de feições se tornou mais
prejudicada e, neste caso, o método Level Set apresentou melhores resultados.
Independente, do método utilizado, os resultados apresentados nesse trabalho
apresentam um tempo de extração compatível com as necessidades de aplicações,
pois são elaborados de forma semi-automática.
REFERÊNCIAS
IMAGEJ. Software Fiji, Laboratory for Optical and Computational Instrumentation. Acesso em 01 de
julho de 2017, disponível em Projeto Fiji: <https://fiji.sc/>
INSTITUT PASTEUR. Software Icy, Unidade de Análise Quantitativa de Imagem. Acesso em 01 de
julho de 2017, disponível em Comunidade Icy: <http://icy.bioimageanalysis.org/>
KASS, M., WITKIN, A., TERZOPOULOS D. Snakes: Active Contours Models. International Journal
of Computer Vision, v. 1, n.4, p. 321–331, 1988.
OSHER, S., SETHIAN, J. A. Fronts propagating with curvature-dependent speed: Algorithms
based on Hamilton-Jacobi formulations. Journal of Computacional Physics, v. 79, n. 1, p. 12-49,
1988.
QUEIROZ, Jóse Eustácio Rangel de; GOMES, Herman Martins, Introdução ao Processamento
Digital de Imagens, Revista RITA, Volume III, 2001.
ZANIN, R. B., MARTINS, E. F. O., DAL POZ, A. P.; Comparação dos Contornos Ativos
Paramétricos e Geométricos na Extração de Corpos D’Águas em Imagens Orbitais. In: Simpósio
Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 18., 2017, Santos. Anais... Santos: editora, 2017. p. 7574-7581.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 3
21
CAPÍTULO 4
doi
AVANÇOS RECENTES NA OXIDAÇÃO DE ÁLCOOL
BENZÍLICO SOBRE CATALISADORES DE OURO E
PALÁDIO
Data de aceite: 10/12/2019
Data de submissão: 12/10/2019
Wiury Chaves de Abreu
Universidade Federal do Piauí – UFPI,
Departamento de Química
Teresina-PI
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Maranhão – IFMA
Buriticupu-MA
orcid.org/0000-0001-9889-7124 / lattes.cnpq.
br/5621351995306236
Jean Claudio Santos Costa
Universidade Federal do Piauí – UFPI,
Departamento de Química
Teresina-PI
orcid.org/0000-0002-3037-2329 / lattes.cnpq.
br/1306824345750868
Carla Verônica Rodarte de Moura
Universidade Federal do Piauí – UFPI,
Departamento de Química
Teresina-PI
orcid.org/0000-0002-1192-8336 / lattes.cnpq.
br/8314351279360798
Edmilson Miranda de Moura
Universidade Federal do Piauí – UFPI,
Departamento de Química
Teresina-PI
orcid.org/0000-0002-5662-7764 / lattes.cnpq.
br/0624348825872858
mmoura@ufpi.edu.br
RESUMO: Nas últimas décadas os sistemas
oxidativos utilizando álcool benzílico e
nanopartículas de ouro e paládio foram
exploradas significativamente e desempenharam
papéis importantes na síntese orgânica. Vários
compostos foram sintetizados com controle
do tamanho e dispersão das nanopartículas
metálicas sobre os suportes, visando a
obtenção de materiais cada vez mais ativos.
Além disso, as condições reacionais, incluindo
temperatura, tempo, quantidade de catalisador,
oxidante e solvente foram investigadas
para ajustar a conversão e seletividade. A
exploração do mecanismo de obtenção dos
derivados de álcool benzílico, nos descreve
o efeito dos catalisadores heterogêneos e as
vias reacionais para obtenção dos compostos
benzaldeído, tolueno, eter dibenzílico, benzeno,
ácido benzoico e benzoato de benzila. Por fim,
essa revisão tem a finalidade de apresentar os
principais avanços relacionados a utilização de
nanopartículas de ouro e paládio em reações
de oxidação do álcool benzílico.
PALAVRAS-CHAVE: Ouro; Paládio; Oxidação
álcool benzílico.
ABSTRACT: In recent decades oxidative
systems using benzyl alcohol and gold and
palladium nanoparticles have been explored
significantly and played important roles in
organic synthesis. Several compounds were
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 4
22
synthesized with control of the size and dispersion of metallic nanoparticles on the
supports, aiming to obtain increasingly active materials. In addition, reaction conditions
including temperature, time, amount of catalyst, oxidant and solvent were investigated to
adjust conversion and selectivity. Exploring the mechanism for obtaining benzyl alcohol
derivatives describes the effect of heterogeneous catalysts and the reaction pathways
for obtaining benzaldehyde, toluene, ether dibenzyl, benzene, benzoic acid and benzyl
benzoate compounds. Finally, this review aims to present the main advances related
to the use of gold and palladium nanoparticles in oxidation reactions of benzyl alcohol.
KEYWORDS: Gold; Palladium; Benzyl alcohol oxidation.
1 | INTRODUÇÃO
A reação oxidativa do álcool benzílico (BnOH) em compostos carbonílicos é
uma transformação muito atraente e desafiadora, tanto do ponto de vista sintético
quanto industrial, os produtos formados (benzaldeído, ácido benzoico e benzoato de
benzila) são compostos valiosos e comumente utilizados em produtos farmacêuticos,
perfumarias, cosméticos, corantes e agroquímicos (NAIK et al., 2011). Atualmente
o processo de oxidação mais utilizado industrialmente envolve catálise na presença
de cromatos, brometos e sulfatos em elevadas proporções molares e/ou a presença
de solventes orgânicos tóxicos e voláteis (acetona, clorofórmio, tolueno, n-butanol e
metanol) (NAIK et al., 2011).
Haja visto os impactos ambientais causados por reações oxidativas usuais,
anteriormente citadas, estudos científicos estão sendo realizados com o objetivo de
proporcionar condições alternativas e que minimize a formação de resíduos orgânicos
indesejáveis (MANDAL; CHOWDHURY, 2017). E como foco principal surge reações
livres de solventes, utilização de oxigênio molecular, ar ou peróxido de hidrogênio
como agente oxidante e aplicação de catalisadores heterogêneos, que podem ser
reutilizados posteriormente e ainda apresentam como vantagens razões reacionais
sub-estequiométricas associadas a uma boa capacidade catalítica efetiva (HONG et
al., 2012; MANDAL; CHOWDHURY, 2017).
Diversos catalisadores formados por nanopartículas suportadas (por exemplo
Au, Pd, Cu, Ni e Al) foram investigados para aumentar a conversão e/ou seletividade
da oxidação do álcool benzílico em presença apenas de oxigênio molecular
(CHOUDHARY; DUMBRE; BHARGAVA, 2009; NDOLOMINGO; MEIJBOOM, 2017).
Sendo que aproximadamente 50% da literatura publicada está relacionada a
catalisadores formados por NPs de ouro ou paládio e sistemas bimetálicos com esse
metais (DE ABREU et al., 2018). O ótimo desempenho catalítico das nanopartículas
de metais nobres estão associados ao processo de obtenção, tamanho, morfologia,
valência, propriedades físico-químicas e natureza do suporte utilizado (CHAN-THAW;
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 4
23
SAVARA; VILLA, 2018). Porém a aplicação das partículas pré-formadas diretamente
a sistemas de oxidação, não garante boas conversões, sendo necessário a utilização
de um suporte que melhore a dispersão dessas nanopartículas e aumente a superfície
de contato com o substrato (HARUTA, 2003).
Outro desafio para aplicação das nanopartículas metálicas em reações
oxidativas do álcool benzílico é o controle da seletividade (KARIMI et al., 2015).
Os produtos mais relatados na literatura são benzaldeído, obtido a partir da reação
oxidativa direta do BnOH e ácido benzoico ou benzoato de benzila, sendo esses
formados após reações oxidativas sucessivas com os compostos aldeídos e ácidos
carboxílicos. Porém, reações paralelas também podem ocorrer e gerar tolueno, água
e éter dibenzílico (GALVANIN et al., 2018).
Seguindo o exposto até o presente momento, esta revisão tem o propósito
de apresentar uma descrição dos diversos sistemas catalíticos formados por
nanopartículas de ouro e paládio utilizados na oxidação de álcool benzílico. A
importância do tamanho e da morfologia das nanopartículas individualmente de
ouro e paládio será discutido antes de demonstrarmos as vantagens da formação
de uma liga dos metais. Em seguida, será discutido a influência das condições
experimentais, juntamente com o mecanismo das reações oxidativas.
2 | ESTUDO DOS CATALISADORES
A atividade de sistemas catalíticos formados por ouro e paládio é diretamente
depende da morfologia, tamanho dessas nanopartículas e natureza do suporte,
quando usado. Mostraremos que diversos estudos são realizados para obtenção
de métodos de preparação que apresente modificação no tamanho, dispersão e
morfologia, após adição de agente estabilizante, agente redutor e suporte. Outro
ponto importante é a influência na conversão e seletividade após a interação ouro e
paládio em sistemas bimetálicos.
2.1 Au
No campo das oxidações de álcoois, os primeiros estudos relatam o uso de
nanopartículas de ouro sem a presença de suporte e como resposta foi observado
que o aumento na atividade estava associado ao menor tamanho de partícula, porém
agregados eram facilmente formados (COMOTTI et al., 2004). Com as Au NPs
suportadas em carbono para evitar a agregação das partículas e sem ser observado
a interação suporte e ouro, resultados mostraram que maiores nanopartículas foram
favoráveis a oxidação até um tamanho ótimo de 7,5 nm (PORTA et al., 2000).
Quando aplicada na oxidação do álcool benzílico, estudos demonstram que as
nanopartículas com tamanhos entre 2 e 12 nm apresentam maior efeito catalítico
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 4
24
e melhor seletividade (HARUTA, 1997). Abad et al. sintetizaram nanopartículas de
ouro com tamanhos variando de 5 a 25 nm e utilizaram como catalisadores após
serem suportadas em óxido de cério. Como resultado, observaram que a conversão
do álcool benzílico em benzadeído era inversamente proporcional ao tamanho das
nanopartículas, ou seja, a medida que foram sendo realizados testes com Au NPs
maiores, menores rendimentos eram obtidos (ABAD; CORMA; GARCÍA, 2008).
Alhumaimess
e
coautores
(2012)
realizaram
testes
catalíticos
com
nanopartículas de ouro depositadas em diferentes óxidos de cério, sendo
realizados experimentos com três catalisadores diferentes, onde dois foram
obtidos comercialmente e apresentavam tamanho de 1 a 4 nm para o ouro e um
outro sintetizado a partir de espumas de CeO2 com Au NPs de 8 nm. Os resultados
para oxidação do álcool benzílico mostraram que as nanopartículas com menores
tamanhos apresentaram os piores resultados e ao contrário disso as melhores
conversões foram observadas para as Au NPs com 8 nm. A seletividade também foi
estudada pelos pesquisadores, sendo que em todas reações oxidativas a quantidade
de benzaldeído formado foi superior a 94 % (ALHUMAIMESS et al., 2012).
Diferentes da maioria dos estudos para reação de oxidação de álcool benzílico
catalisada com nanopartículas de ouro, Ballarin et al. pesquisaram a eficiência de
Au NPs com tamanhos de 10 a 20 nm suportadas em óxidos de silício, alumínio
e titânio. Os resultados apresentados nesse artigo mostram que os catalisadores
formados com tamanhos de partículas de 15 ± 4 nm foram os mais eficientes,
obtendo conversão de álcool benzílico aos seus respectivos derivados, superior a
84 %. No que se relaciona a seletividade, nas melhores condições experimentais foi
obtido quantidades de 74 e 26 % de benzaldeído e ácido benzoico, respectivamente
(BALLARIN et al., 2017).
Assim, temos que a síntese de nanopartículas de ouro além de enriquecer a
pesquisa no que tange a obtenção de diferentes tamanhos e morfologias do metal,
também nos proporciona um entendimento relacionado ao desempenho catalítico e
seletivo nas reações de oxidação, principalmente do álcool benzílico.
2.2 Pd
No campo das reações oxidativas de álcool o paládio é um catalisador
heterogêneo capaz de ser aplicado a uma vasta gama de substratos. No artigo
de comunicação publicado por Karimi e colaboradores (KARIMI et al., 2006). Pd
NPs com tamanho médio de 7 nm foram suportadas em SBA-15 e aplicadas na
oxidação de vinte e dois diferentes tipos de álcoois, com a presença de tolueno como
solvente. Os autores afirmam que o catalisador apresentou atividade para oxidação
de álcoois alílicos com excelente seletividade para compostos carboxílicos α-βinsaturados. Na oxidação de álcoois alifáticos primários, foi observado a formação
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 4
25
de ésteres correspondentes como produto predominante. E para os álcoois alifáticos
secundários, conversões moderadas (<53%) foram alcançadas e compostos
cetônicos obtidos majoritariamente.
A utilização de paládio para o processo de oxidação do álcool benzílico passou a
receber expressivo empenho cientifico nas últimas duas décadas. Diferentes estudos
indicaram que o tamanho e a morfologia das nanopartículas de Pd são fatores chave
na determinação da atividade catalítica e seletividade. Li et al. (2008) utilizaram Pd
NPs com tamanhos médios ajustáveis em uma faixa de 2,0 a 10,5 nm sobre zeólita
NaX. Os resultados catalíticos mostram que as nanopartículas de maiores tamanhos
(5,4 e 10,5 nm) tiveram as piores atividades catalíticas e o contrário ocorreu com as
partículas de diâmetro menores que revelaram boas atividades, sendo o rendimento
máximo obtido com Pd NPs de 2,8 nm. A seletividade também foi relatada pelos
pesquisadores, que obtiveram em todos os testes quantidades superiores a 94% de
benzaldeído.
Nanopartículas com diâmetro médio de 15 nm suportadas em anatase, foram
utilizadas por Liu et al. (2015) no processo de oxidação aeróbica na presença de
H2O2. Os melhores resultados de rendimento obtidos foram de 65% com seletividade
para benzaldeído de 96%). Zamani e Hosseini (2014) realizaram uma pesquisa
atípica, utilizando compósito formado por magnetita modificada superficialmente com
cisteína para captura de Pd NPs. Os pesquisadores afirmam que a metodologia de
modificação superficial com o aminoácido foi fundamental para captura e imobilização
das nanopartículas que tiveram tamanho médio de 3 nm. Com relação a oxidação
do álcool benzílico, os melhores resultados foram conversão e seletividade para
benzaldeído de 84 e 99%, respectivamente.
Apesar de mostrarmos nessa seção, alguns estudos que viabiliza o entendimento
da catalise oxidativa frente a Pd NPs, ainda percebemos durante nossas investigações
que a aplicação de paládio a sistema de oxidação ainda é algo desafiador e que
possivelmente tem muitos conhecimentos a serem descobertos.
2.3 Liga AuPd
Materiais catalíticos bimetálicos, compostos de dois elementos metálicos
diferentes, possuem maior interesse em determinadas aplicações quando
comparado aos monometálicos, isso ocorre porque a bimetalização pode melhorar
as propriedades catalíticas (YAN; XIAO; KOU, 2010). Os resultados de melhoramento
após a adição do segundo metal está relacionado em termos do efeito ligante ou
transferência de elétrons entre os metais (SACHTLER; VAN SANTEN, 1977). Tais
aprimoramentos de atividade catalíticas foram observados em diversos sistemas
ouro-paládio, e acredita-se que decorre dos efeitos eletrônicos sinérgicos, nos
quais os átomos de Au extraem a densidade eletrônica dos átomos de paládio e
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 4
26
consequentemente aumentando a interação dos átomos de Pd com o substrato
(DIMITRATOS et al., 2006; SCOTT et al., 2004).
De acordo com Villa e colaboradores (2015) em sistemas oxidativos de substratos
alcoólicos, o passo limitante para catalisadores formados por nanopartículas de ouro
é a abstração do hidreto, enquanto materiais ricos em paládio tem como dificultador
de atividade a transferência do hidrogênio após a formação do intermediário Pd-H.
Com isso, a procura por formação de estruturas bimetálicas AuPd tem a finalidade
de desenvolver catalisadores capazes de oxidar álcoois sem adição de promotores
e em curto tempo reacional.
Hou, Dehm e Scott (2008) realizaram a síntese de ligas metálicas AuPd
em proporções molares de 1:3, 1:1 e 3:1 (Au:Pd), utilizando PVP e NaHB como
4
estabilizante e redutor. As liga metálicas apresentaram diâmetros médios 2,7±0,7 nm
(Au:Pd = 1:3), 2,7±1,2 nm (Au:Pd = 1:1) e 4,0±1,5 (Au:Pd = 3:1) e foram utilizadas
inicialmente na oxidação de álcool benzílico em meio aquoso. Os autores não relatam
os rendimentos, porém afirmam a partir da TOF, obtido após 6 horas de reação, que
o catalisador AuPd 1:3 apresentou melhor atividade catalítica e seletividade de 97,9
% para benzaldeído. Posteriormente o catalisador AuPd 1:3 foi testado frente aos
substratos butan-1-ol, butan-2-ol, but-2-en-1-ol e butano-1,4-diol, sob 1 atm de O e
2
62 ºC. Ambos processos oxidativos apresentaram boas conversões e seletividades
quando utilizado a liga AuPd 1:3 e comparados a utilização na nanopartículas
puras. É interessante frisarmos que durante esse trabalho os autores não utilizaram
materiais para suportar as nanopartículas metálicas.
O álcool benzílico por se tratar de um álcool aromático ativo é bastante utilizado
em reação modelo com ligas metálicas AuPd. Embora se tenha uma rica literatura a
respeito desses sistemas catalíticos, novos estudos ainda buscam modular as taxas
de conversão e seletividade com base na natureza do suporte, condições de síntese
das NPs e dos experimentos oxidativos.
2.4 Efeito do suporte
Os estudos das nanopartículas de ouro e paládio relatados anteriormente
mostraram que o tamanho e morfologia não são os únicos fatores envolvidos nas
atividades catalíticas. Várias pesquisas também indicaram que a natureza do
suporte e suas interações com as NPs influenciam a atividade catalítica (LI et al.,
2013). O suporte normalmente desempenha diversas funções, como aumento da
área superficial e do grau de dispersão das nanopartículas ativas, além de melhorar
a estabilidade térmica do catalisador e diminuir os custos de síntese. Existem
inúmeros tipos de suportes, entre eles os óxidos metálicos, carvão ativo, nanotubos
de carbono, zeólitos, polímeros e estruturas organometálicas (HARADA et al., 2007;
PRATI et al., 2012; QI et al., 2013).
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 4
27
Fang e colegas de pesquisa (2011), após sintetizarem nanopartículas de ouro
menores que 4 nm suportadas nos materiais SiO2, SBA-15, nanotubo de carbono,
Al2O3, TiO2, ZrO2, La2O3, CeO2, MgO e hidrotalcita, observaram que o caráter ácido ou
básico do suporte, influência diretamente na conversão e seletividade das reações
de oxidação do álcool benzílico. Os pesquisadores constataram que os suportes de
caráter básico oferecem maior seletividade em relação ao benzaldeído, enquanto
aqueles com maior acidez são mais ativos para a conversão de álcool benzílico. Os
catalisadores neutros ou de baixa acidez e basicidade eram quase inativos e menos
seletivos, enquanto que o catalisador a base de hidrotalcita, que apresentou acidez e
basicidade forte exibiam alta atividade e excelente seletividade. Ao final foi proposto
que a desidrogenação do álcool benzílico prosseguia através da clivagem da ligação
O-H para formar um intermediário alcóxido adsorvido que posteriormente sofre
eliminação do β-H para produzir benzaldeído. Os locais básicos no suporte facilitam
a formação do intermediário alcóxido. E os sítios ácidos participam na transformação
de hidreto de Au, formado no passo de eliminação β-H, para molecular H2.
Existem outros fatores que influenciam o papel do suporte nos sistemas
catalíticos como por exemplo o estado de oxidação, concentração dos metais,
tamanho das partículas, fases cristalinas, entre outras propriedades físico-químicas
que não especificamos aqui, porem com os relatos apresentados entendemos que
o efeito do suporte ainda estará em debate e necessitara de muitos esforços para
compreender completamente sua importância.
3 | CONDIÇÕES REACIONAIS
Nesta seção, iremos resumir, a partir de resultados recentes, tentativas de
interpretar os efeitos das condições de reação para oxidação do álcool benzílico. As
características das nanopartículas quando necessário serão relatadas, porém aqui
não consistira no foco principal. Os estudos da influência da temperatura reacional,
tempo de reação, quantidade de catalisador, concentração do álcool benzílico, tipo
de oxidante e utilização de solvente, apresentaremos logo em seguida.
3.1 Temperatura
O fator temperatura tem sido fortemente pesquisado, pois afeta diretamente na
conversão e seletividade do produto. De acordo com a literatura, a tendência geral
é obtenção de conversões mais altas ao aumentar a temperatura reacional. Estudos
são publicados com diversos patamares de temperatura, mas sempre na faixa de 40
a 120 °C e poucas vezes acima de 140 °C (BEHERA; PARIDA, 2012; ENACHE et
al., 2007). Porém, Strukul (1998) afirma que reações oxidativas tendem a diminuir a
conversão quando se aumenta a temperatura para valores superiores a 70 °C, mas
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 4
28
vale ressaltar que o pesquisador relacionou tal fato a utilização de H2O2 que sofria
auto decomposição em oxigênio molecular e não poderia participar eficientemente
do processo oxidativo.
Em reações livres de solventes é comum a utilização de temperaturas mais
elevadas aproximadamente 100 °C. Wu, Zhang e Wang (2005) publicaram um
comunicado no qual observaram que o aumento da temperatura de 88 para 100 °C,
aumenta a conversão de 8 para 60 %, mas uma leve queda na seletividade (96 para
90 %, respectivamente) ocorre, o catalisador utilizado pelos autores foi Pd/Al2O3. O
estudo de Cao et al. (2011) com catalisador AuPd/TiO2, mostrou que o aumento de
temperatura ocasionava a obtenção de maiores conversões, porém a seletividade
foi ligeiramente diminuída. 20% de conversão foi observado a 80 °C, ao passo que a
140 °C o álcool era transformado em produtos na quantidade de aproximadamente
84%. A seletividade para benzaldeído diminui de 81% a 80 °C para 56% a 140 °C,
enquanto o tolueno aumenta de 16% a 40% na mesma faixa de temperatura.
3.2 Tempo
O tempo reacional muitas vezes é relatado juntamente com o perfil de saturação
da conversão, ou seja, os pesquisadores ao procurarem as melhores atividades
catalíticas, acabam promovendo reações de 6, 12 e até 24 horas. No grupo de
pesquisa de Moura, vários trabalhos foram realizados com a finalidade de obtenção
da máxima conversão em função do tempo (DE ABREU et al., 2018; GUALTEROS
et al., 2019; MOURA et al., 2015; PEREIRA et al., 2019). Por exemplo, Moura et
al., (2015) sintetizaram nanopartículas de ouro suportadas em MgO/MgFe O e
2
4
atingiram máxima atividade, com 86% de conversão após 10 horas de reação. Outra
observação foi a alteração da seletividade, que inicialmente era para benzaldeído,
mas com o decorre do tempo passou a ser para ácido benzoico.
3.3 Quantidade de catalisador
A dependência da quantidade de catalisador está associada diretamente a
proporção molar das nanopartículas metálicas e do álcool benzílico. Frequentemente
é usado como quantidade padrão 4,1 µmol de metal para 9,6 mmol de álcool benzílico,
ou seja, uma proporção molar de 1:2340 (metal/BnOH). (CASTRO et al., 2018; DE
ABREU et al., 2018; PEREIRA et al., 2019) foram realizados experimentos catalíticos
com proporção molar de aproximadamente 1:1600 (metal/BnOH). Os resultados
apresentados mostraram que as nanopartículas bimetálicas AuPd suportadas em
SrCO3 nas condições favoráveis, apresentou conversão > 90 % e seletividade
aproximada de 80 % para benzaldeído.
3.4 Oxidante
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 4
29
Diversos oxidantes são utilizados nas transformações de álcool benzílico em
seus respectivos produtos carbonílicos. Porém iremos discutir nessa seção apenas
a utilização de peróxido de hidrogênio, ar atmosférico e oxigênio molecular, isso
porque as publicações que utilizam nanopartículas metálicas como catalisadores,
empregam nos processos reacionais um desses materiais oxidantes. Além do mais,
são considerados oxidantes limpos e ambientalmente amigáveis, visto que apresenta
como subproduto H2O e O2 (esse último quando utilizado H2O2) (GALLEZOT, 1997;
PRITCHARD et al., 2010).
Zhan e colaboradores (2012) executaram experimentos oxidativos do álcool
benzílico na presença de nanopartículas de ouro suportadas em TS-1 (silicato de
titânio) e peróxido de hidrogênio. Para os pesquisadores, a quantidade de H2O2 é
crucial na oxidação do álcool benzílico, pois razões molares H2O2/BnOH abaixo dos
valores estequiométricos provocaram pequenas conversões, porém quantidades
maiores de H2O2 aumentaram significativamente as conversões. No entanto, também
foi observado, que o aumento da quantidade de peróxido de hidrogênio provocou a
superoxidação do benzaldeído. Com isso, a atividade ótima foi obtida com razão
molar H2O2/BnOH de 1,25.
Porém a maioria dos estudos são realizados utilizando oxigênio molecular
como oxidante, pois a tendência é que conversão e seletividade tenha influência da
pressão utilizada no sistema (MALLAT; BAIKER, 2004). Para Davis e Barteu (1988) os
átomos de oxigênio disponíveis nos sistemas oxidativos, apresentam características
de reagir como base de Brønsted com doadores de prótons, estabilizar espécies
alcóxido na superfície do catalisador, alterar a interação dos compostos carbonílicos
com o catalisador, promover oxidação nucleofílica de aldeídos em carboxilatos e
eliminar hidrogênio que estaria disponível para reação de hidrogenação.
3.5 Solvente
Mesmo que o atual apelo da comunidade científica esteja relacionado as
reações de oxidação verde, que apresente condições suaves, usando oxigênio
molecular e livre de qualquer tipo de solvente ou aditivo (WANG et al., 2012) aqui
iremos apresentar alguns estudos recentes que fizeram a utilização de solventes e
quais os impactos apresentados. Yang et al. (2008) realizaram estudos oxidativos
na presença de Au/TiO2 e apresentando como objetivo principal o efeito do solvente.
Para isso, experimentos foram realizados sem a presença de solvente, assim como
utilizando p-xileno, etanol e água. De acordo com os dados presente na publicação,
a atividade catalítica na presença de água foi maior do que nos solventes orgânicos
etanol e p-xileno e em condições sem solvente. Esse ocorrido pode estar associado,
não exclusivamente, a solubilidade do oxigênio molecular na água ser maior do que
no etanol e p-xileno. Mas os autores foram mais adiante e pesquisaram a influência
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 4
30
da utilização do sistema bifásico água/p-xileno, onde observaram incialmente que
o catalisador e o substrato ficaram dissolvidos na fase aquosa, porém ao dar início
a agitação vigorosa e uma homogeneidade ser estabelecida, as interfaces das
micropartículas entre a fase aquosa e a fase orgânica favoreceram a transferência
de massa e consequentemente o benzaldeído formado se difundiu em p-xileno,
resultando em seletividade superior a 99%, o que não foi observado quando se
utilizou apenas água como solvente.
4 | MECANISMO
Uma das principais etapas da pesquisa química que envolve utilização de
catalisadores é a compreensão do mecanismo em nível elementar. Os estudos de
Savara et al, ao utilizar Pd/C e AuPd/C e considerando a formação de seis produtos
reacionais: benzaldeído, tolueno, éter dibenzílico, benzeno, ácido benzoico e benzoato
de benzila, nos mostra uma ideia mecanística que iremos resumidamente apresentar
em seguida (SAVARA et al., 2015, 2016, 2017). Ilustraremos as equações propostas
pelos autores, mas de modo reduzido e representando os locais do catalisador por
“C”. Inicialmente o oxigênio e o álcool adsorvem de forma dissociativa na superfície
do catalisador, com a dissociação do álcool ocorrendo em direção a um alcoxi e
facilitada por um oxigênio em superfície (Equações 1 e 2). Em seguida, o alcóxi pode
desidrogenar e formar o benzaldeído (Equação 3).
(Equação 1)
(Equação 2)
(Equação 3)
Porém os autores relatam que alternativamente o alcóxi pode perder um oxigênio
e formar um alquil (Equação 4). Posteriormente, o alquil reage com o hidrogênio da
superfície e forma tolueno (Equação 5), ou então, se estiver em contato também
com o OH e alcóxi na superfície o eter dibenzílico é sintetizado (Equação 6). Essas
equações, são as únicas que explicam o aparecimento de tolueno e eter dibenzílico.
(Equação 4)
(Equação 5)
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 4
31
(Equação 6)
A formação do intermediário carboniloxil a partir da reação do álcool e oxigênio
(Equação 7), leva a formação de benzeno, ácido benzoico e benzoato de benzila
(Equações 8, 9 e 10, respectivamente), o que de certo ponto explica o surgimento
desses produtos concomitantemente em alguns sistemas oxidativos.
(Equação 7)
(Equação 8)
(Equação 9)
(Equação 10)
5 | CONCLUSÃO
A oxidação do álcool benzílico sobre nanopartículas de ouro e paládio foram
exploradas minuciosamente nas últimas décadas. Os primeiros estudos estiveram
relacionados ao modo de obtenção das NPs em menores faixas de tamanhos (2
a 6 nm), pois foram observados em alguns estudos que esses tamanhos eram os
mais ativos. A adição de material sólido como suporte, tem desempenhado um papel
modulátorio nas propriedades de dispersão e estabilização das NPs, assim como as
propriedades eletrônicas em sistemas bimetálicos. Foi observado que nanopartículas
de ouro possuem dificuldade de abstração do hidrogênio, enquanto as nanopartículas
de paládio formam hidretos estáveis que dificultam o efeito catalítico, com isso,
sistemas bimetálicos AuPd foram montados para associar as potencialidades de
ambos metais e assim obter maiores conversões e seletividades. As condições
reacionais variam bastantes, mas estão relacionadas diretamente as conversões
e seletividades, sendo que em condições mais seletivas se obtém os melhores
resultados. O estudo mecanístico apresentado de certo modo detalhou os caminhos
reacionais para obtenção dos derivados do álcool benzílico. Ao analisarmos essa
revisão, percebemos que a extensão do conhecimento relacionados as nanopartículas
de ouro e paládio na oxidação de álcool benzílico avançou significativamente nas
últimas décadas, mas ainda necessita de novas pesquisas para preenchimento de
lacunas relacionadas aos efeitos estruturais dos catalisadores.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 4
32
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232–238, abr. 2012.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 4
36
CAPÍTULO 5
doi
DESENVOLVIMENTO DE UM APLICATIVO PARA
PROFISSIONAIS DE FÍSICA MÉDICA
Data de aceite: 10/12/2019
Eduardo Rossato Alessio
Universidade Franciscana, Sistemas de
Informação
Santa Maria – Rio Grande do Sul
Mateus Padoin Brutti
Universidade Franciscana, Ciência da
Computação
Santa Maria – Rio Grande do Sul
Francine Kohls Schumacker
Universidade Franciscana, Física Médica
Santa Maria – Rio Grande do Sul
residências, pós-graduação, vagas no mercado
de trabalho, estágios, concursos, entre outros.
Para a elaboração do projeto utilizou-se a
metodologia Feature Driven Development, a
linguagem de programação Java, incluindo
as tecnologias Google Maps, Firebase
Authentication, Cloud Storage e o banco de
dados Firebase Realtime Database. Desse
modo, o projeto tem a finalidade de propagar
tais informações, auxiliando estudantes e
profissionais da área.
PALAVRAS-CHAVE:
Tecnologia
Móvel,
Interatividade, Recursos de Informações.
Gustavo Stangherlin Cantarelli
DEVELOPING AN APPLICATION FOR
Universidade Franciscana, Sistemas de
Informação/Ciência da Computação
Santa Maria – Rio Grande do Sul
Ana Paula Schwarz
Universidade Franciscana, Física Médica
Santa Maria – Rio Grande do Sul
RESUMO: Devido à escassez de recursos
tecnológicos que forneçam informações,
oportunidades para estudantes e profissionais
da área da Física Médica, este projeto propõe
desenvolver um aplicativo, para plataforma
Android com a finalidade de viabilizar o aumento
na conscientização sobre este amplo ramo de
estudo e oferecer os mais variados recursos
de informações como congressos, cursos,
PHYSICAL PROFESSIONALS
ABSTRACT: Due to the scarcity of technological
resources that provide information, opportunities
for students and professionals in the field
of Medical Physics, this project proposes to
develop an application for the Android platform
in order to enable increased awareness of this
broad field of study and offer the most varied
information resources such as congresses,
courses,
residences,
postgraduate,
job
vacancies, internships, competitions, among
others. The project was developed using the
Feature Driven Development methodology, the
Java programming language, including Google
Maps, Firebase Authentication, Cloud Storage
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 5
37
and Firebase Realtime Database. Thus, the project aims to propagate such information,
helping students and professionals in the area.
KEYWORDS: Mobile Technology, Interactivity, Information Resources.
1 | INTRODUÇÃO
Steve Jobs, empresário americano no setor da informática, em 2008, lançou
uma loja virtual de aplicativos para o iPhone, iniciando assim a “era dos aplicativos”.
Quase uma década depois, a tecnologia móvel continua sendo uma realidade
crescente na sociedade, influenciando um novo perfil de entrega de informações e
interatividade com seus usuários.
Em vista disso, diversas áreas profissionais têm vivenciado uma nova forma de
melhorar a prestação de serviço e ensino por meio de aplicativos para dispositivos
móveis. Entretanto, uma das barreiras que dificultam esse progresso tecnológico
é a pouca divulgação de informações e a baixa viabilidade de incentivos para que
aplicativos voltados para estudo e pesquisa das diversas áreas da ciência existam.
Os físicos médicos recém-formados, muitas vezes encontram dificuldades de
se inserir no mercado de trabalho devido à falta de informações e a pouca divulgação
de vagas. Na maioria das vezes, a única forma que os indivíduos têm para o acesso
de informações, tais como, eventos, vagas de emprego, residências e estágios, é
por meio de indicações de pessoas.
A tecnologia móvel está em alta e a Física Médica precisa encontrar a melhor
forma de se fazer presente nela. Logo, a utilização de um aplicativo torna-se uma
excelente ferramenta de trabalho, estudo e informatização de dados.
1.1 Objetivos
O principal objetivo deste projeto é desenvolver um aplicativo para a plataforma
Android que seja capaz de proporcionar informações acadêmicas a um amplo
número de pessoas, facilitando assim a comunicação e disseminação de propostas
de estágios, eventos e informações profissionais.
Os demais objetivos, visam realizar pesquisas e estudos sobre temas
importantes para a elaboração do mesmo, tais como: metodologia FDD (Feature
Driven Development), linguagem de programação Java, banco de dados Firebase
Realtime Database, entre outros.
2 | REFERENCIAL TEÓRICO
Esta seção apresenta o referencial teórico do trabalho com a finalidade de
fundamentar a proposta a partir de pesquisas relacionadas.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 5
38
2.2 Informação e disseminação
Disseminar informação pressupõe tornar público a produção de conhecimentos
gerados ou organizados por uma instituição.
Para Leite (2016) os desenvolvimentos em tecnologias de informação e
comunicação influenciam o próprio ciclo da informação, potencializando suas funções
desde a geração até a utilização da informação. E esses avanços proporcionam
novas possibilidades e oportunidades para processos informacionais.
2.3 Tecnologias
Esta seção abordará as tecnologias computacionais essenciais para o
desenvolvimento do aplicativo proposto.
2.3.1 Google Maps
O Google Maps é um produto que pertence à empresa Google, o mesmo,
oferece mapas com o intuito de auxiliar os usuários na localização. A API (Application
Programming Interface) lida automaticamente com o acesso aos servidores do
Google Maps, download de dados, exibição de mapas e resposta a gestos de mapas.
No projeto proposto, o Google Maps tem como função auxiliar na localização,
tanto no cadastro dos eventos como publicação, e os usuários podem visualizar o
endereço em um fragmento de mapa.
2.3.2 Android
O Android é uma plataforma para tecnologia móvel, o qual abrange pacotes
com programas para smartphones, já com um sistema operacional, middleware,
aplicativos, além da interface do usuário.
Seu objetivo principal é criar uma plataforma onde desenvolvedores possam
inserir suas ideias e inovações resultando em um produto que realmente aprimore a
experiência do usuário (ANDROID, 2018).
2.3.3 Firebase
O Firebase é um SGBD (Sistemas de Gestão de Base de Dados) que possui
funções para a construção de aplicativos mobile e web através de ferramentas e
infraestruturas que visam ajudar desenvolvedores a construir aplicativos visando à
qualidade (FIREBASE, 2019).
2.4 Trabalhos correlatos
Esta seção apresenta os trabalhos cujos temas relacionam-se com projeto
proposto.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 5
39
2.4.1 Aplicação Android direcionada para ONGs e projetos objetivando viabilizar
a adoção de animais domésticos
Nesse trabalho Souza e colaboradores (2018) tem como objetivo o
desenvolvimento de um software na plataforma Android, visando facilitar o sistema
de adoção de animais domésticos, assim como, na divulgação de campanha
para os órgãos responsáveis pelos bichos para arrecadação de recursos, sendo
preferencialmente ONGs.
Foi esperado como resultado a contribuição para a minimização da superlotação
de cães e gatos nas ruas, através do crescimento de adoções aguardado pelo
aplicativo.
2.4.2 Aplicação Móvel para Divulgação de Campanhas, Eventos e Pedidos de
Doações por Instituições do Terceiro Setor
O trabalho realizado por Rossdeutscher e colaboradores (2017) teve como
objetivo elaborar uma aplicação móvel para que instituições do terceiro setor
possam realizar divulgações de campanhas, eventos e pedidos de doações, visando
a arrecadação de doações e fundos.
Espera-se que, com a aplicação, o número de doações cresça significativamente,
e proporcionando a instituições do Terceiro Setor, um modelo próprio de captação de
recursos.
2.4.3 Considerações sobre os trabalhos correlatos
Os dois trabalhos apresentados estão enfatizando a problemática do terceiro
setor, fazendo o uso de tecnologias que contém neste projeto, no entanto, este se
distingue dos demais por aplicar técnicas para auxiliar, primeiramente, o curso de
Física Médica. O aplicativo proposto visa proporcionar a divulgação de eventos,
residências e informações que contribuam na formação profissional.
3 | METODOLOGIA
Nesta seção é apresentada a metodologia utilizada no projeto, com o intuito de
mostrar os principais diagramas, fluxos, requisitos, e as principais funcionalidades
do aplicativo.
3.5 Feature driven development (FDD)
O FDD é uma metodologia ágil de desenvolvimento de software. Ela permite
desenvolver sistemas de forma rápida, podendo facilmente ser adicionadas
funcionalidades no decorrer (ou até mesmo depois de concluído) do desenvolvimento
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 5
40
(MONTEIRO, 2013). Segundo Silva et al. (2009) são cinco os processos do FDD:
“Desenvolver um Modelo Abrangente”, “Construir uma Lista de Funcionalidades”,
“Planejar por Funcionalidade”, “Arquitetar por Funcionalidade” e “Construir por
Funcionalidade”. Veja a Figura 1.
Figura 1: Processo do FDD.
Fonte: Adaptado de (STINEBAKER, 2019).
3.5.1 Desenvolver um Modelo Abrangente
Modelo Abrangente é responsável pelo estudo sobre o domínio do negócio e
pela definição do escopo do projeto (SILVA et. al, 2009). A visão geral do aplicativo
pode ser observada através do Diagrama de Domínio, apresentado na Figura 2.
Figura 2: Diagrama de domínio.
Fonte: Produção do autor.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 5
41
3.5.2 Construção da lista de funcionalidades
O objetivo dessa etapa é identificar as funcionalidades agrupadas em conjunto
que satisfarão aos requisitos (SILVA, 2018). Apresenta-se a Tabela 1 de Requisitos
Funcionais (RF).
Requisitos Funcionais
Funcionalidade
Descrição
Complexidade
RF01: Gerenciar usuário
Deve permitir as funções de cadastrar,
buscar, alterar e excluir usuário.
Baixo
RF02: Cadastrar tipo evento
O aplicativo deve permitir o cadastro
do evento, contemplando suas
características.
Baixo
O aplicativo deve possibilitar escolher a
RF02.1: Escolher cidade do evento cidade na qual ocorrera o evento fazendo
o uso do Google Maps
Médio
RF02.2: Validar evento
O administrador deve validar ou invalidar
um evento.
Baixo
RF02.3: Informar aprovação/
reprovação
O aplicativo deve enviar um e-mail para
o usuário informando a aprovação ou
reprovação do cadastro do evento
Médio
RF03: Gerenciar evento
O aplicativo deve permitir as funções
de cadastrar, consultar, alterar e excluir
eventos de acordo com o tipo de usuário.
Baixo
RF04: Exibir eventos
O aplicativo deve exibir a lista de eventos
cadastrados.
Baixo
RF04.1: Apresentar eventos
conforme filtros
O aplicativo deve exibir os eventos cuja a
cidade ou estado seja a mesma do filtro
utilizado.
Médio
RF04.2: Exibir detalhes do evento
O aplicativo deve exibir as informações
do evento e os contatos do responsável.
Baixo
RF04.3: Demonstrar interesse no
evento
O aplicativo deve permitir o usuário
demonstrar interesse no evento.
Médio
RF04.3.1:Notificar usuário do
interesse
O aplicativo deverá informar o interesse
ao usuário principal
Médio
RF05: Visualizar lista de
interessados
Os usuários poderão visualizar a lista de
interessados referente ao(s) evento(s)
cadastrado(s) por ele
Médio
Tabela 1: Requisitos funcionais do sistema
Fonte: Produção do autor.
Apresentam-se na Tabela 2 os Requisitos Não Funcionais do sistema (RNF).
Requisitos Não Funcionais
Funcionalidade
Descrição
RNF01
O aplicativo deverá ser desenvolvido para plataforma Android.
RNF02
O aplicativo deverá ser desenvolvido na linguagem de
programação Java.
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Capítulo 5
42
RNF03
Os dados do software deverão ser armazenados na nuvem,
através do banco de dados Firebase Realtime Database.
RNF04
Para o armazenamento das imagens dos eventos será feito o
uso do Firebase Cloud Storage.
Tabela 2: Requisitos não funcionais do sistema
Fonte: Produção do autor.
3.5.3 Arquitetar por Funcionalidade
Segundo Silva (2009), no processo Arquitetar por Funcionalidade, para cada
funcionalidade da lista é definida uma atividade a ser realizada.
4 | CONSTRUIR POR FUNCIONALIDADE
A construção por funcionalidade do software é a quinta etapa da metodologia
ágil FDD, onde foram elaboradas as codificações, fazendo o uso das tecnologias
propostas no projeto.
Um dos processos com maior relevância para a aplicação é o Cadastro de
Eventos, onde os usuários poderão cadastrar seus eventos, fazendo o uso da API
do Google Maps.
5 | RESULTADOS
O propósito deste projeto conteve a construção de um aplicativo para
Smartphones com sistema operacional Android, no qual, oferece informações
acadêmicas e profissionais, tendo em vista sua disseminação. Veja na Figura 3
algumas interfaces do aplicativo.
Figura 3: Interfaces de login, menu principal e listar eventos.
Fonte: Produção do autor.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 5
43
6 | CONCLUSÃO
Neste projeto verificou-se a carência de aplicativos, ou tecnologias, que
supram as necessidades por buscas de notícias e oportunidades na Física Médica.
Foi realizada uma pesquisa com profissionais, estudantes e professores vinculados
a Física Médica, por meio de questionários via e-mail e Messenger do Facebook, e
analisou a aceitação do público alvo em relação a existência de um aplicativo nesta
área. O levantamento foi realizado com 200 entrevistados, onde mostra que 98% das
pessoas fariam uso de um aplicativo com informações profissionais e acadêmicas
para Física Médica.
Em vista disso, o presente projeto, apresentou o desenvolvimento de um
aplicativo mobile, para a plataforma Android, destinado a disseminar e divulgar
determinadas informações. O sistema contempla principalmente estudantes e
profissionais. Com o uso do aplicativo, aguarda-se que ambos estejam cientes, de
eventos gerais ou de áreas específicas de seu interesse, que ocorrem ao seu redor.
Para o desenvolvimento desse projeto, foi utilizada a metodologia ágil FDD, a
qual, orientou o desenvolvimento desde o escopo inicial, até a implementação dos
requisitos. Por meio dela foram apresentados os principais diagramas da metodologia,
com a finalidade de mostrar os requisitos, as principais funcionalidades do aplicativo
e a arquitetura. Vale evidenciar, a grande importância do uso do banco de dados
Firebase Realtime Database, que possibilitou uma transação de dados com mais
facilidade e rapidez, colaborando positivamente, para a codificação.
Para trabalhos futuros, sugere-se o desenvolvimento de funcionalidades
adicionais, assim como desenvolver o aplicativo para a plataforma IOS da empresa
Apple, devido grande aquisição de smartphones. Assim, abrangendo um maior
público, e tornando o aplicativo multiplataforma.
REFERÊNCIAS
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guide/index.html. Acesso em: outubro de 2018.
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LEITE, F. C. L.; COSTA, S. M. S. “Modelo genérico de gestão da informação científica para
instituições de pesquisa na perspectiva da comunicação científica e do acesso aberto”.
Investigación bibliotecológica, v. 30, n. 69, p. 43-74, ago. 2016.
MONTEIRO, E. A. “Utilização de técnicas ágeis em projetos exclusivos de teste de software”. 58
p. Monografia (Especialização em Curso de Especialização em Informática) Universidade Federal do
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de Doações por Instituições do Terceiro Setor”. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação),
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 5
44
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https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/5488/1/TCC_ALESSANDRA_GALVAO_DA_SILVA%20%281%29.pdf.
Acesso em: outubro de 2018.
SILVA, F. G.; HOENTSCH, S. C. P; SILVA, L. “Uma análise das Metodologias Ágeis FDD e Scrum
sob a Perspectiva do Modelo de Qualidade MPS”. BR. Scientia Plena, v. 5, n. 12, 2009.
SOUZA, M. A. “Aplicação Android direcionada para ONGs e projetos objetivando viabilizar a
adoção de animais domésticos”. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação), Curso de Sistemas
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STINEBAKER, Vernon. “Feature Driven Development (FDD)”. Disponível em: http://atsc.org.my/
download/Feature-Driven-Development.pdf. Acesso em: 1 jun. 2019.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 5
45
CAPÍTULO 6
doi
ELETRODEPOSIÇÃO DE FILMES DE POLIANILINA
EM METAIS OXIDÁVEIS A PARTIR DE MEIO AQUOSO
CONTENDO ÁCIDO METANOSULFÔNICO
Data de aceite: 10/12/2019
David Alexandro Graves
IFSP – Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de São Paulo
São José dos Campos – SP
Andrea Santos Liu
IFSP – Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de São Paulo
São José dos Campos – SP
Liu Yao Cho
IP&D - FEAU, UNIVAP – Universidade do Vale do
Paraíba
São José dos Campos - SP
RESUMO: A síntese de novos materiais para
proteção de metais contra corrosão, tem se
mostrado como um dos ramos de pesquisa
mais promissores, tanto pela importância
científica para se entender tal fenômeno, como
pelo potencial em aplicações tecnológicas. É
de grande conhecimento e de suma relevância
a utilização de metais e de ligas metálicas em
todas aplicações cotidianas, sejam elas em
âmbito alimentício, transportes, construção
civil, dentre outros. Os polímeros condutores
são uma classe de materiais, que têm sido
investigados em diversas aplicações, como
baterias, sensores e revestimento anticorrosivo.
Dentre estes polímeros, a polianilina (PAni) é
o homopolímero da anilina (polímero formado
apenas por um monômero), que tem sido
estudado na proteção de metais oxidáveis contra
corrosão. O objetivo deste trabalho é a síntese
de um filme depositado eletroquicamente a
partir de uma solução aquosa contendo anilina
e ácido metanosulfônico, com tratamento
prévio do eletrodo metálico por meio da
alizarina. A metodologia utilizada envolveu a
deposição eletroquímica do filme polimérico
com auxílio do potenciostato nos eletrodos de
alumínio 2024 e de aço ; 2) seguida da avalição
da morfologia dos filmes por Microscópio
Eletrônica de Varredura (MEV). A composição
dos filmes também foi analisada por EDX
(Energy Dispersive X-ray Detector). 3) Análise
do filme como revestimento protetor, a partir
de curvas de polarização potenciodinâmica em
meio corrosivo contendo cloreto. Os resultados
obtidos indicam que o filme pode proteger a
superfície metálica contra corrosão.
PALAVRAS-CHAVE: Ácido metanosulfônico,
Anilina, Deposição eletroquímica.
ELECTRODEPOSITION OF POLYANILINE
FILMS ON OXIDIZABLE METALS FROM
METANESULFONIC ACID AQUEOUS
MEDIUM
ABSTRACT: The synthesis of new materials to
protection of metallic surface against corrosion
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 6
46
has being considered one of the most promising research branches, concerning
both the scientific importance in understanding this phenomenon and its potential
technological applications. It is of great knowledge and relevance the use of metals and
metal alloys in all daily uses, whether in food, transportation, research, etc. Among the
conductive polymers, polyaniline (PAni), aniline homopolymer (polymer formed only
by one monomer), has been excelled. Therefore, this study aimed at the synthesis
of a new film obtained by the electrochemical deposition of a solution of aniline and
metenesulfonic acid, with pretreatment of the electrode by Alizarin. The methodology
involved, thus, 1) the electrochemical deposition of the film with the aid of the potentiostat;
2) the morphology was studied by SEM (scanning electron microscope), sequentially
in EDX (energy dispersive x-ray detector) checking the components of the electrode,
alizarin and the obtained film, generating, then, comparative data on its effectiveness
and its behavior in an aqueous solution of NaCl, what could permit the analysis on the
electrochemical behavior of film. In view of the results obtained during this research,
it was able to observe the behavior of the film deposited electrochemically in order to
ensure its efficiency as a protective film to the iron surface.
KEYWORDS: Metanesulfonic Acid, Aniline, Electrochemical Deposition.
INTRODUÇÃO
O elemento químico alumínio é o metal mais comum na crosta terrestre,
depois do ferro. O alumínio também é um dos mais utilizados, seja na fuzilaria
de barcos, aviões, metrôs, na construção civil ou até mesmo em revestimento
interno de embalagens de produtos perecíveis. Sua aplicabilidade está associada
as suas importantes propriedades físico químicas, como baixa massa específica,
alta condutividade elétrica e elevada resistência à corrosão, associada à formação
de um filme passivo de óxido de alumínio. Além disso, é facilmente reciclado, sem
perda das suas propriedades físico-químicas, tornando-o extremamente versátil. O
alumínio não é encontrado puro na natureza, se combina com outros elementos,
como o silício, o oxigênio e o hidrogênio, formando assim compostos químicos. As
rochas que contém os compostos são chamadas de minérios de alumínio. No século
XIX, os cientistas desenvolveram uma técnica para a separação do alumínio dos
outros elementos para a obtenção do metal puro (processo Bayer e Hall-Héroult
para a produção de alumínio). Os maiores produtores de alumínio são os Estados
Unidos e o Canadá. A bauxita (minério de alumínio mais comum), da qual se obtém
o alumínio, é encontrada em todo o mundo. A Austrália e a Guiné têm as maiores
reservas desse minério. O Brasil tem a terceira maior jazida de bauxita do planeta,
com importantes reservas na região Norte, no estado do Pará, e na região Sudeste,
em Minas Gerais (ABAL, 2007).
O alumínio puro apresenta baixa resistência mecânica e por isso, são
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 6
47
adicionados elementos de liga, ressaltando a adição de cobre, sobretudo na liga
de alumínio 2024. Entretanto, a presença destes elementos reduz a resistência à
corrosão da liga de alumínio, provocando a formação de pites (LIU, 2019).
Por outro lado, aços são ligas de ferro-carbono, que são classificadas de acordo
com o teor de carbono e compreende três grandes grupos: (i) ferro, quando contém
menos de 0,008% em massa de C; (ii) aço, quando a liga de Fe-C tem um teor de C
superior a 0,008 e inferior a 2,11% em massa de C; (iii) ferro fundido, quando a liga
Fe-C tem um teor de C superior a 2,1% de C (BENAMOR, 2014).
O carbono está geralmente presente no aço à temperatura ambiente como
carboneto de ferro (cementita ou Fe3C). O aço também contém elementos como
silício, fósforo e enxofre que surgem do processo de fabricação, o que pode afetar
negativamente as propriedades e, portanto, devem ser bem controlado.
O aço AISI 1020, de acordo com a designação da norma AISI-SAE, pode
variar sua composição entre 0,18 e 0,23% de carbono. Apesar de ser amplamente
utilizado no setor industrial, é facilmente corroído em determinados meios e métodos
de prevenção devem ser utilizados para evitar os efeitos danosos da corrosão
(FERREIRA, 2016).
As superfícies de aço e de alumínio são consideradas oxidáveis e devem ser
protegidas contra corrosão, uma vez que esse processo pode causar prejuízos
econômico, social e ambiental, além de trazer riscos à segurança. O aspecto
econômico implica na perda de estruturas, através da degradação de materiais
utilizados em tanques, equipamentos de processo, tubulações, plataformas, pontes,
dentre outras. As perdas econômicas incluem o custo de substituição de estruturas
corroídas, equipamentos, custo de pintura, manutenção e monitoramento de proteção
catódica, bem como o custo de fechamento de plantas e instalações para reparos
e a manutenção necessária devido a danos ocasionados pela corrosão. A perda de
material das estruturas devido à corrosão não é apenas uma perda econômica, mas
também faz com que as estruturas enfraqueçam e percam a capacidade de cumprir
as finalidades para as quais foram projetadas. Além disso, estas estruturas podem
sofrer danos estruturais graves e tornar-se um perigo para a segurança das pessoas
(GENTIL, 2011).
De acordo com Balles (2004) a corrosão dos metais pode assumir muitas
formas que se manifestam morfologicamente de maneiras muito diferentes e podem
ser correlacionadas entre si. Algumas das formas mais comuns de corrosão são:
corrosão uniforme, corrosão galvânica, corrosão por corrosão, corrosão por pite,
corrosão intergranular e corrosão por erosão.
Os polímeros condutores, tais como polianilina, polipirrol e politiofeno, consistem
em uma possível alternativa a para a proteção de metais oxidáveis contra corrosão
(VILCA, 2004; LIU, 2007; MOUTARLIER, 2003).
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 6
48
O presente trabalho aborda da deposição eletroquímica de filme de polianilina
(PAni) em superfícies de alumínio 2024 e de aço 1020, a partir de uma solução
aquosa contendo 0,5 mol L-1 de ácido metanosulfônico e 0,12 mol L-1 de anilina,
ácido metanosulfônico, com a intenção de formação de filme protetivo à corrosão
dos metais. A avaliação dos filmes fora efetuada via MEV, EDX e Microscópio
3D. A eficiência do filme contra corrosão foi analisada por curvas de polarização
potenciodinâmica.
PARTE EXPERIMENTAL
As amostras de metais foram superfícies de aço 1020 e liga de alumínio 2024T3, embutidas em teflon e com área exposta de 0,53 cm2.
Os reagentes utilizados no presente trabalho foram: alizarina, anilina, ácido
metanosulfônico, ligas metálicas.
Inicialmente, foi calculada a massa necessária para preparar solução aquosa
contendo 0,5 mol L-1 de ácido metanosulfônico e 0,12 mol L-1 de anilina.
A deposição eletroquímica dos filmes de PANI foi realizada em um potenciostato
da Microquímica, modelo MQPG-01.
A morfologia e a composição dos filmes foram analisadas por MEV e EDS,
utilizando o equipamento Jeol JXA-840A.
PROCEDIMENTOS
Os eletrodos de trabalho (alumínio 2024 e aço 1020) foram desbastados com
auxílio de lixas metalográficas, com granulometria variando entre 400 a 1200.
A deposição eletroquímica dos filmes de PANI foi realizada em um potenciostato
da Microquímica, modelo MQPG-01.
Os testes eletroquimicos foram realizados em uma célula eletrolítica contendo
3 eletrodos: o eletrodo de trabalho (alumínio 2024 ou aço 1020); o eletrodo de
referência (Ag / AgCl); e o eletrodo auxiliar (bastão de platina).
Os filmes de PANI foram depositados por cronoamperometria aplicando-se 5,0
V vs Ag/AgCl durante 30 minutos.
A morfologia e a composição dos filmes foram analisadas por microscopia
eletrônica de varredura (MEV) e energia dispersiva de raio-X (EDX), utilizando o
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 6
49
equipamento Jeol JXA-840A.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente, foi investigada a deposição potenciostática de filmes de PANI
nos substratos de alumínio, em meio aquoso contendo ácido metanosulfônico.
Entretanto, neste meio, não foi depositado nenhum filme de PANI sobre a superfície
do metal (Figura 1).
Figura 1: Eletrodo de alumínio sem revestimento
A presença de uma camada de oxido de alumínio passiva sobre o metal pode
inibir as reações de transferência de carga e consequentemente, inibir o crescimento
do filme de polianilina sobre a liga de alumínio 2014.
Para analisar a influência da composição do eletrodo de trabalho na
eletrodeposição de filmes de PANI, também foi utilizado um eletrodo de aço (ferro/
carbono). A composição do eletrodo de ferro foi analisada por EDX, conforme
apresentado na Figura 2 e 3.
Figura 2: Imagem do equipamento utilizado para obter o EDX do aço
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 6
50
Como evidenciado no EDX, o eletrodo é composto apenas por Ferro e Carbono
em sua composição. Foi reconhecido também a presença de alumínio que é
justificado pela utilização da pasta de alumina para o acabamento superficial fino
realizado durante o pré-tratamento. A Figura 3 apresenta os espectros de EDX da
superfície do eletrodo de aço.
Figura 3: EDX do eletrodo (Ferro e Carbono).
Posteriormente, a eletrodeposição do filme de PANI foi realizada sobre o aço
1020, com auxílio do potenciostato e utilizando-se como meio eletrolítico, a solução
aquosa contendo anilina e ácido metanosulfônico. Obteve-se um filme homogêneo
e que recobriu todo o metal. Entretanto, após o recobrimento do metal com PANI, foi
observada a alteração da cor de preto para marrom avermelhado, devido a oxidação
do ferro, conforme observado na Figura 4.
Figura 4: Eletrodo de trabalho oxidado.
A alternativa para evitar a oxidação do ferro na liga metálica foi realizado um
pré-tratamento com alizarina no eletrodo, e em seguida realizou-se novamente a
deposição eletroquímica do PANI, partindo-se de uma solução de anilina e ácido
metanosulfônico.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 6
51
Realizou-se uma análise, por MEV e EDX da alizarina em pó, utilizada no prétratamento do aço e que pode ser utilizado para aumentar a aderência do filme
polimérico à superfície do aço. A Figura 5 e 6 apresentam esses resultados.
Figura 5: MEV da alizarina em pó.
A análise da alizarina (C14H8O4) no EDX apresentou em sua composição 61,95%
de carbono e 38,05% de oxigênio, conforme a figura a seguir. Como a amostra não
é condutora o ouro foi utilizado para aumentar a resolução da imagem no MEV.
Figura 6: EDX da alizarina em pó.
A Figura 7 apresenta os eletrodos de trabalho (alumínio e aco 1020), após o
ensaio de eletrodeposição da PANI, com o pré-tratamento das superfícies metálicas
com alizarina.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 6
52
Figura 7: Imagem dos eletrodos após a eletrodeposição da PANI, com pré-tratamento com
alizarina.
Observou-se que com o pré-tratamento com alizarina, no eletrodo de alumínio
não foi observado a formação de filme de PANI sobre a superfície metálica. Já com
o eletrodo de aço observou-se o recobrimento completo da superfície exposta com
um filme de coloração escura de PANI.
A Figura 8 apresenta a curva de corrente versus tempo, envolvida na deposição
eletroquímica do filme de PANI sobre a superfície de aço.
Figura 8: Crescimento do filme de acordo com o aumento da corrente.
Pode ser observado que inicialmente, a corrente aumenta com o tempo até
cerca de 0,14mA e depois forma-se um patamar onde decai lentamente, sendo a
região onde ocorre a formação e crescimento do filme polimérico.
O filme obtido sobre o eletrodo de aço foi analisado por MEV e EDX. Para
análise deste filme, também foi realizada a deposição de uma fina camada de ouro
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 6
53
superficial para melhorar a imagem do MEV, conforme a Figura 9.
Figura 9: Equipamento utilizado para a deposição de ouro.
Com os resultados obtidos foi possível avaliar a morfologia do filme. Podese observar a homogeneidade do filme e a formação do polímero, caracterizado
por pequenos grumos ao longo da superfície. As Figuras 10 e 11 apresentam os
resultados.
Figura 10: MEV do filme de PANI obtido sobre o eletrodo de ferro.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 6
54
Figura 11: EDX do eletrodo recoberto com PANI
.
Para analisar a proteção do filme contra corrosão, foi realizado um ensaio de
polarização potenciodinâmica, em solução aquosa 3,5% (m/V) de NaCl, variando-se
o potencial de -1,0 V a +1,5 V vs Ag/AgCl a 1,0 mV.s-1. A Figura 12 apresenta esse
resultado.
Figura 12: Curvas de polarização em NaCl: (1) superfície de aço sem recobrimento e (2) aço
recoberto com PANI
Foi observado que o potencial de corrosão do aço (1) é igual a -0,63V, enquanto
que o valor do potencial de corrosão para o aço revestido com a PANI (2) é -0,25V.
Esse deslocamento do potencial de corrosão para a direção positiva indica proteção
anódica desempenhada pelo filme polimérico (LIU, 2014).
O ramo catódico indica o processo redução e pode ser representado pela
redução da água em meio aerado:
H2O + O2 + e- → OHPode-se observar que as correntes anódicas são menores para superfícies
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 6
55
recobertas com PANI do que para o aço apenas polido, indicando proteção do aço
pelo polimérico (WEI-KANG, 1995).
As superfícies de alumínio recobertas com PANI e submetidas ao ensaio de
polarização também foram analisados no Microscópio ótico 3D: Contour GT-K,
conforme apresentado na Figura 13.
Figura 13: Análise da polarização via Bruker, lente objetiva com aumento de 20x.
Como observado, mesmo o filme sendo polarizado em uma solução corrosiva
de NaCl, manteve-se protetivo e com pequenos focos de oxidação na estrutura do
filme e com baixa rugosidade.
CONCLUSÕES
O filme de polianilina (PANI) obtido em meio de ácido metanosulfônico foi
eletrodepositado sobre o eletrodo de Ferro por meio de ensaio de cronoamperometria.
Pode ser inferido que o filme depositado, após a aplicação da camada de alizarina,
tem uma resistência muito maior a oxidação comparada ao depósito feito sem a
alizarina, possibilitando também ter maior homogeneidade do filme por MEV. Além
disso, os ensaios de polarização potenciodinâmica em meio agressivo de cloreto,
confirmam também a funcionalidade do filme: uma vez que, após a polarização do
filme numa solução de NaCl, mostrou a eficiência da camada protetiva, evitando que
ions agressivos penetrem e ataquem o eletrodo metálico. Pode ser inferido ainda
que o metal que constitui o eletrodo de trabalho é um fator chave no processo de
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 6
56
eletrodeposição do filme de polianilina.
REFERÊNCIAS
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Paulo: ABAL, 2007.
BALLES, A. C. Nitretação a plasma como meio alternativo ou complementar à oxidação negra
na proteção à corrosão do aço de baixo teor de carbono. Revista Matéria, v. 9, n. 4, p. 360, 2004.
BENAMOR, A.; AL-MARRI, M. J. Modeling analysis of corrosion behavior of carbon steel in CO2
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FERREIRA, K. C. Corrosion inhibition of carbon steel in HCl solution by Aqueous Brown onion
peel extract. Int. J. Electrochem. Sci, v. 11, p. 406-418, 2016.
GENTIL, V. Corrosão. 6ª. Edição. São Paulo: Editora LTC, 2011.
LIU, A.S.; SOUZA, A.F.; CHO, L.Y. Eletrodeposição de Filmes de Polipirrol em Superfícies de
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LIU, A. S.; BEZERRA, M. C.; CHO, L. Y. Electrodeposition of polypyrrole films on aluminum
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LIU, A. S. et al. Electrodeposition of polypyrrole films on 2024 aluminum alloy in phosphoric
acid solution. Materials Science Forum, v. 775-776, p. 225, 2014.
MOUTARLIER, V; GIGANDET, M. P; PAGETTI, J; RICK, L. Surface and Coatings Technology.
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WEI-KANG, L.; RONALD L. E.; BERNHARD, W. Corrosion Protection of Mild Steel by Coatings
Containing Polyaniline. Materials Science and Engineering Program, The University of Texas at
Arlington, Box 19031, Arlington, Texas 76019 USA, 1995.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 6
57
CAPÍTULO 7
doi
ENSINO DAS GEOCIÊNCIAS NO LABORATÓRIO DE
PEDOLOGIA E GEOLOGIA DA UNIOESTE, CAMPUS DE
MARECHAL CÂNDIDO RONDON
Data de aceite: 10/12/2019
Oscar Vicente Quinonez Fernandez
Professor da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná (Unioeste), campus de Marechal Cândido
Rondon, curso de Geografia. E-mail: oscar.
fernandez@unioeste.br.
RESUMO: O projeto desenvolvido desde 2013
tem dois objetivos: disponibilizar o laboratório de
Pedologia e Geologia da Universidade Estadual
do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de
Marechal Cândido Rondon, para visitação de
alunos dos ensinos fundamental-médio e realizar
exposições temáticas itinerante em colégios
sobre o Sistema Solar. O Projeto é divulgado
através de folders, enviados para Núcleos de
Educação, e publicado na conta de Facebooks
do curso de Geografia (Unioeste) e no blog do
Projeto (www.geolabmcr.blogspot.com). Nas
atividades se pretende despertar o interesse dos
alunos dos níveis fundamental e médio sobre
as Geociências e a Astronomia. O atendimento
no Laboratório consiste em aulas teóricopráticas sobre o ciclo das rochas, nas quais é
empregado o acervo de rochas e minerais do
Laboratório de Pedologia e Geologia e exibição
de slides e vídeos curtos. A atividade referente
à exposição itinerante sobre o Sistema Solar é
realizada nas escolas e colégios a convite dos
professores das instituições. Desde 2013 até
2019 foram atendidos 6578 alunos, provenientes
dos municípios Mal. C. Rondon, Toledo, Quatro
Pontes, Nova Santa Rosa, Mercedes, Maripá,
Assis Chateaubriand, Jesuítas, Nova Aurora,
Guaíra, Pato Bragado, Entre Rios do Oeste,
Santa Helena, São Pedro do Iguaçu, São Miguel
do Iguaçu e Coronel Vivida. Dessa maneira, o
Projeto coloca a disposição dos professores de
Geografia e Ciências dos colégios da região, os
recursos didáticos para ampliar e enriquecer as
aulas.
PALAVRAS-CHAVE: Geociências; Ensino
Fundamental; Ensino Médio.
GEOCIENCES TEACHING IN THE
PEDOLOGY AND GEOLOGY LABORATORY,
WESTERN PARANÁ STATE UNIVERSITY
(UNIOESTE), CAMPUS OF MARECHAL
CÂNDIDO RONDON
ABSTRACT: The extension project developed
since 2013 has two objectives: to make available
the Pedology and Geology laboratory of the
Western Paraná State University (Unioeste),
campus of Marechal Cândido Rondon, to visit
elementary and middle school students and to hold
itinerant thematic exhibitions in colleges about
the Solar System. The Project is disseminated
through folders, sent to Education Center, and
published in the Geography graduation course
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 7
58
Facebooks (Unioeste) and in the Project blog (www.geolabmcr.blogspot.com). The
activities are intended to arouse the interest of students of fundamental and middle
levels about Geosciences and Astronomy. The attendance at the Laboratory consists
of theoretical-practical classes on the rock cycle, in which the collection of rocks and
minerals from the Pedology and Geology Laboratory is employed and slide shows and
short videos. The activity related to the traveling exhibition about the Solar System is
held in schools and colleges at the invitation of the teachers of the institutions. Since
2013 to 2019, 6578 students were served 16 municipalities (Mal. C. Rondon, Toledo,
Quatro Pontes, Nova Santa Rosa, Mercedes, Maripá, Assis Chateaubriand, Jesuítas,
Nova Aurora, Guaíra, Pato Bragado, Entre Rios do Oeste, Santa Helena, São Pedro
do Iguaçu, São Miguel do Iguaçu e Coronel Vivida). In this way, the Project makes
available to the geography and science teachers of the region’s colleges, the didactic
resources to expand and enrich the classes.
KEYWORDS: Geosciences; Elementary school; High school.
1 | APRESENTAÇÃO
A astronomia e a geologia são ciências que sempre atraem a atenção da cidadania
pelo seu potencial na geração de grandes catástrofes como terremotos, vulcões e
queda de asteroides. Os impactos de corpos extraterrestres com a Terra representam
a classe mais extrema de desastres naturais, combinando uma probabilidade muito
baixa de ocorrência com alto poder destrutivo. Afortunadamente, estes desastres
são previsíveis e poderão ser evitados no futuro através da tecnologia espacial.
Entretanto, os impactos ocorrem tão raramente que seu enorme potencial destrutivo
foi reconhecido somente nas últimas décadas (MORRISON, 2006).
O estudo da Geologia envolve reconhecer e raciocinar sobre os processos
que ocorrem no nosso Planeta, relacionando-os com o passado e suas implicações
para as sociedades que os utilizam e neles atuam. Envolve também a compreensão
e planejamento do uso dos ambientes, sabendo que processos naturais são
profundamente modificados pelas interferências decorrentes dos modos produtivos
com que a sociedade tira seu sustento (ROSA et al., 2009).
Os centros e museus das universidades são instituições que devem buscam
a popularização dos conhecimentos científicos para um público diversificado,
principalmente entre as crianças e adolescentes (PADILLA, 2002). Neste sentido,
o Laboratório de Pedologia e Geologia da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná (Unioeste), campus de Marechal Cândido Rondon, busca criar atividades
educacionais suplementares às realizadas nos colégios, baseadas no contato
dos alunos com amostras de rochas, maquetes, painéis, fotos, etc. Esta atividade
denominada de educação informal (GASPAR, 1993) não envolve avaliação e nem
possui caráter obrigatório e visa a divulgação dos conhecimentos científicos sem
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 7
59
contemplar a estrutura curricular tradicional das disciplinas das Ciências da Terra.
O projeto de extensão visa despertar a atenção dos alunos dos ensinos
fundamental e médio sobre às Geociências e a Astronomia. Para alcançar estas
metas, foi aberto à visitação, o acervo de rochas e minerais do laboratório de
Pedologia e Geologia da Unioeste, campus de Mal. C. Rondon e também foram
organizadas exposições itinerantes sobre o Sistema Solar em colégios.
2 | PROCEDIMENTOS ADOTADOS
2.1 Divulgação do projeto de atendimentos nos núcleos regionais e nos colégios
Folders em formato digital são elaborados e enviados a cada ano às
coordenações das áreas de Geografia e Ciências dos Núcleos Regionais de Educação
de Toledo e Assis Chateaubriand e para colégios de Mal. C. Rondon e municípios
vizinhos (Figura 1). Na divulgação do atendimento do laboratório é enfatizada a
necessidade de agendar as visitas disponibilizando os contatos por telefone ou
endereço eletrônico. O agendamento é feito através do e-mail: geolabmcr@gmail.com.
Figura 1 – Folder do projeto correspondente ao ano de 2019.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 7
60
2.2 Atendimento no Laboratório de Pedologia e Geologia
A visita das turmas no laboratório consiste nas seguintes etapas:
No primeiro momento os alunos observam o acervo de rochas e minerais
expostos em armários e prateleiras. Posteriormente, o professor passa a explicar
as etapas do ciclo das rochas com auxílio de slides, vídeos e amostras de rochas
colocadas nas bancadas do laboratório. O tempo de duração da visita varia de 60 a
90 min.
2.3 Exposição itinerante sobre o Sistema Solar
O professor interessado em levar a exposição ao seu colégio, deve fazer a
reserva da data e horário através do e-mail do projeto.
A exposição itinerante levada aos colégios conta com os seguintes itens:
1) Painéis sobre o Sol, o Sistema Solar e Impacto de asteroides na superfície
da Terra; 2) Desenho em escala (1 cm=2274 km) do diâmetro dos oito planetas e
o Sol feitos em papel craft; 3) Maquetes (em escala) representando a composição
do interior dos oito planetas e a Lua, feitos com esfera de isopor; 4) Representação
da temperatura superficial de todos os planetas; 5) Representação da posição das
orbitas dos planetas ao longo de uma corda de 3 m (escala 1 cm=20.000.000 km);
6) Fotos da superfície de Marte enviadas pela sonda Curiosity; 7) Amostras de
impactitos oriundas da cratera de impacto de Vista Alegre, município de Coronel
Vivida, Sudoeste do Paraná (CRÓSTA et al., 2004). Os impactitos são rochas
formadas pelo choque de meteoritos com a superfície da Terra.
Cada sessão de apresentação da exposição atende turmas de 25 a 30 alunos,
que são convidados inicialmente a percorrer e observar os itens da exposição por 10
a 15 minutos. Após este período, os alunos assistem a exibição de seis vídeos de curta
duração. No intervalo de cada vídeo, o coordenador faz os comentários pertinentes
e responde perguntas dos alunos. Para ilustrar as respostas, o coordenador reúne
numa pasta de computador, dezenas de vídeos e fotos sobre o sol, outras estrelas,
planetas, luas, etc.
Os temas dos vídeos exibidos são: 1) Animação do movimento dos planetas em
torno do Sol (40 seg.); 2) Tamanho dos planetas, o sol e outras estrelas (1:00 min),
3) Tamanho dos planetas e do sol (2:55 min); 4) Formação do sistema solar (1:56
min); 5) A cratera do Meteoro, Arizona, EUA (1:20 min) e 6) Animação da queda de
um grande asteróide (trecho do filme “Impacto profundo”) (2:10 min).
Finalmente, é apresentado os softwares livres NASA’s Eyes e Stellarium (http://
www.stellarium.org/pt), valiosos instrumentos que simulam o céu em três dimensões.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 7
61
3 | RESULTADOS
Na figura 2 é ilustrada a distribuição anual dos alunos atendidos pelo Projeto
entre 2013 e 2019, que alcançou um total de 6578 discentes, provenientes de 16
municípios (Mal. C. Rondon, Toledo, Quatro Pontes, Nova Santa Rosa, Mercedes,
Maripá, Assis Chateaubriand, Jesuítas, Nova Aurora, Guaíra, Pato Bragado, Entre
Rios do Oeste, Santa Helena, São Pedro do Iguaçu, São Miguel do Iguaçu e Coronel
Vivida).
Figura 2 – Número de alunos atendidos pelo Projeto desde seu início em 2013 até agosto de
2019.
A visita das turmas ao laboratório de Pedologia e Geologia mostrou-se essencial
para atrair a atenção dos alunos para o estudo das Geociências devido ao contato
direto dos alunos com as amostras de minerais e rochas (Figura 3). A coleção do
laboratório conta com alguns minerais que chamam poderosamente a atenção dos
alunos como diamante, ouro, esmeralda, belas amostras de quartzo ametista, além
de diversas espécies de fósseis coletadas no Brasil assim como no exterior.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 7
62
Figura 3 - Alunos do Colégio Estadual Ildo Fritzen de Entre Rios do Oeste, em visita ao Lab.
de Pedologia e Geologia (Data: 4 de abril de 2019). Fonte: blog do projeto www.geolabmcr.
blogspot.com.
O atendimento no Laboratório teve uma pequena redução em 2014 em
comparação com 2013. Em 2015 (3ª edição do Projeto), a atividade foi realizada de
julho e outubro de 2015 e atendeu somente 168 alunos de seis instituições oriundas
de Pato Bragado, Toledo e Santa Helena. A greve dos professores da rede estadual
de educação ocorrida naquele ano de abril a junho, afetou de forma considerável
o desenvolvimento do projeto, com a forte diminuição das visitas ao laboratório.
A partir da 4ª edição do Projeto (2016), a quantidade de visitas no Laboratório se
mantiveram elevadas (Figura 2).
No Quadro 1 são listados os atendimentos realizados no Laboratório entre
2013 e 2019.
ANO 2013
Data
Alunos
atendidos
Colégio
05/03
Colégio SESI, Toledo
68
15/03
Colégio Estadual de Novo Horizonte, Mal. C. Rondon
25
27/03
Colégio Estadual Pio XII, Maripá.
27
05/04
Colégio Estadual Germano Rhoden, Toledo
18
08/04
Colégio Incomar, Toledo
101
11/04
Colégio Estadual do Campo Santos Dumont Moreninha, Santa Helena
26
06/05
Colégio Estadual Castelo Branco-Premen, Toledo
39
24/05
SENAI (Marechal C. Rondon)
20
06/06
Colégio Estadual M. Ceretta, Mal. C. Rondon
75
11/06
Colégio Estadual do Campo São Francisco, Sub-Sede, Santa Helena
39
19/06
Colégio Estadual Leonilda Papen (Mercedes)
28
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 7
63
10-24/06
e 1/07
Colégio Estadual Humberto de Alencar Castelo Branco, Santa Helena
67
13/06
Escola Estadual do Campo Teotónio Vilela, Esquina Céu Azul, Santa
Helena.
30
18/09
Escola Estadual do campo Dealmo Selmiro Poersch, São Roque, Mal.
C. Rondon
35
19/09
Colégio Estadual Germano Rhoden, Toledo
9
Esc. Municipal Érico Veríssimo, Mal. C. Rondon
71
27/09
Colégio Estadual Eron Domingues, Mal. C. Rondon
27
17/10
Colégio Estadual de Pato Bragado
20
20-27/09
Total
725
ANO 2014
Data
Alunos
atendidos
Colégio
01/04
Alunos do curso de Engenharia de Pesca-Campus de Toledo (Unioeste)
24
04/04
Colégio Estadual Paulo Freire - Mal. C. Rondon
14
19/5
Escola Municipal Criança Feliz – Mal. C. Rondon
100
23/05
Colégio M. Ceretta - Mal. C. Rondon
65
27/05
Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo (Guaira)
50
17/06
Colégio Comunitário de Toledo – FUNET
40
30/06
Colégio Rui Barbosa – Mal. C. Rondon
50
08/08
Colégio Estadual do Campo São Roque, Santa Helena
20
15/08
Colégio Estadual do Campo São Roque, Santa Helena
30
25/08
Colégio Estadual Humberto de Alencar Castelo Branco, Santa Helena
26
02/10
Colégio Estadual de Pato Bragado
51
12/11
Colégio SESI – Mal. C. Rondon
45
Total
511
ANO 2015
Data
Alunos
atendidos
Colégio
27/7
Colégio Estadual de Pato Bragado
24
11/08
Colégio Est. do Campo Profa. Verônica Zimermann, São Clemente,
Santa Helena
33
19/09
Alunos do curso de graduação de Engenharia de Pesca – Toledo –
Unioeste
13
28/09
Colégio Estadual Humberto de Alencar Castelo Branco –Santa Helena
27
16/10
Colégio Estadual do Campo São Roque – Santa Helena
29
19/10
Colégio Est. Humberto de Alencar Castelo Branco – Santa Helena
42
Total
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
168
Capítulo 7
64
ANO 2016
Data
Alunos
atendidos
Colégio
23/05
Colégio Luterano Rui Barbosa – Mal. C. Rondon
55
06/06
Colégio Estadual Luiz A. M. Rego – Toledo
25
20/06
Centro Educacional Santo Antônio – Santa Helena
20
21/06
Colégio Estadual A. Ceretta – Mal. C. Rondon
54
16/08
Colégio Estadual de Pato Bragado
35
19/08
Colégio Estadual Luiz A. M. Rego –Toledo
44
29/08
Colégio Estadual A. Ceretta – Mal. C. Rondon
60
09/09
Engenharia de Pesca – Unioeste – Toledo
08
09/12
Colégio Estadual Quatro Pontes
40
Total
341
ANO 2017
Data
Alunos
atendidos
Colégio
25/04
Colégio Martin Luther, Mal. C. Rondon
41
18/05
Escola Municipal Criança Feliz, Mal. C. Rondon
44
19/05
Escola Municipal Criança Feliz, Mal. C. Rondon
42
19/06
Colégio Rui Barbosa, Mal. C. Rondon
50
20/07
Acadêmicos do curso de Engenharia de Pesca, Unioeste, Toledo.
12
1-2/08
Escola Municipal Criança Feliz, Mal. C. Rondon.
53
10/08
Escola Estadual de Novo Três Passos, Mal. C. Rondon
35
25/08
Colégio Estadual Antônio M. Ceretta, Mal. C. Rondon
48
01/09
Colégio Estadual Antônio M. Ceretta, Mal. C. Rondon
23
Total
348
ANO 2018
Data
Alunos
atendidos
Colégio
14/06
Turma do curso de Engenharia de Pesca, Toledo, Unioeste.
15
18/06
Colégio Estadual Eron Domingues, Mal. C. Rondon
21
21/06
Escola Municipal Criança Feliz - Marechal C. Rondon
27
27/06
Colégio Estadual Antonio Ceretta, Mal. C. Rondon
24
30/7
Colégio Estadual Antonio Ceretta, Mal. C. Rondon
32
07/8
Colégio Estadual F. Sackser, Mal. C. Rondon
22
09/8
Colégio Estadual F. Sackser, Mal. C. Rondon
27
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 7
65
13/08
Colégio Estadual do Campo Profª Verônica Zimermann - São Clemente
- Santa Helena
80
06/09
Colégio Estadual de Pato Bragado.
32
2/10
Colégio Estadual Paulo Freire – Mal. C. Rondon
10
29/11
Instituto Federal do Paraná- campus Assis Chateaubriand
21
Total
311
ANO 2019
Data
Alunos
atendidos
Colégio
07/03
Colégio Alfa Integral Marechal
26
15/03
Escola Municipal de São Roque - Mal. C. Rondon
50
22/03
Colégio Estadual Paulo Freire - Mal. C. Rondon
07
04/04
Colégio Estadual Ildo Fritzen, Entre Rios do Oeste
32
12/04
Escola Municipal São João Batista, distrito de Novo Três Passos, Mal.
C. Rondon
31
15/04
Colégio Estadual Paulo Freire-EFM – Nova Santa Rosa
19
06/05
Colégio Estadual de Quatro Pontes
28
20/05
Colégio Estadual de Pato Bragado
46
28/05
Colégio Estadual Humberto Castelo Branco - Santa Helena
55
29/05
Colégio Estadual de Pato Bragado
30
18/06
Colégio Martin Luther, Mal. C. Rondon
51
26/06
Escola Estadual do Campo Eronildes Francener, Três Irmãs, Mercedes
46
28/6
Escola Municipal Criança Feliz, Mal. C. Rondon.
20
03/07
Escola Est. do Campo Vinicius de Moraes, Alto S. Fé, Nova S. Rosa
40
04/07
Escola Municipal Criança Feliz, Mal. C. Rondon
19
12/07
Escola Municipal Getúlio Vargas, Nova Santa Rosa
52
22/08
Centro Educacional Santo Antônio, Santa Helena.
47
26/08
Colégio Estadual do Campo Profª Verônica Zimermann - São Clemente
- Santa Helena
30
Total
629
Quadro 1: Lista dos colégios que visitaram o Laboratório entre 2013 e 2019.
Nas exposições itinerantes sobre o Sistema Solar realizadas nas escolas e
colégios entre 2013 e agosto de 2019, foram atendidos 3256 alunos. Tanto os itens
da exposição como as explicações do coordenador, auxiliadas por figuras, fotos e
vídeos exibidas com projetores multimídia, chamaram a atenção dos alunos sobre
questões da Astronomia e ensejaram diversas dúvidas. Dentre as perguntas mais
recorrentes se destacam as questões referentes aos buracos negros, a possível
existência de vida fora da Terra e a alteração do status de Plutão de planeta para
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 7
66
planetoide. A figura 4 registra uma das exposições realizadas em 2019.
No Quadro 2 são listadas as instituições de ensino visitadas para a exposição
sobre o Sistema Solar entre 2013 e 2019.
Figura 4 - Exposição itinerante na Escola Municipal de São Roque (Distrito de São Roque,
Marechal C. Rondon) (Data: 29 de março de 2019). Fonte: blog do projeto www.geolabmcr.
blogspot.com.
ANO 2013
Instituição visitada
Alunos
atendidos
25-26/03
Sala de exposições da Biblioteca da Unioeste (campus de Mal. C.
Rondon)
559
3-4/04
Colégio Estadual Leonilda Papen (Mercedes)
375
2 - 3/05
Colégio Estadual Humberto de Alencar Castelo Branco (Jesuítas)
250
13-14/06
CEEBJA/Escola Mun. Profa. Odila S. Teixeira (Assis Chateaubriand)
209
16/08
Colégio indígena Teko Ñemoingo (São Miguel do Iguaçu)
100
29/08
Colégio Estadual Castelo Branco (Distrito de Vista Alegre-Coronel
Vivida)
52
4-5/09
Colégio Estadual Wenceslau Braz (Distrito de Palmitópolis, Nova
Aurora)
159
Data
Total
1704
ANO 2014
Data
Instituição visitada
Alunos
atendidos
11/03
Colégio Estadual do Campo Zulmiro Trento – Novo Horizonte- Mal. C. Rondon
54
19/03
Escola Bento Munhoz da Rocha Neto - Mal. C. Rondon
142
24/03
Escola municipal São João Batista, Novo Três Passos, Mal. C. Rondon
51
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 7
67
2-4/04
Colégio Martin Luther - Mal. C. Rondon
61
Total
308
ANO 2016
Data
30/06
Alunos
atendidos
Instituição visitada
Colégio Estadual Antônio M. Ceretta, Mal. C. Rondon
70
Total
70
ANO 2017
Data
Alunos
atendidos
Instituição visitada
27/06
Colégio Estadual Novo Três Passos, Mal. C. Rondon
35
12/09
Colégio Estadual Presidente Roosevelt, Guaíra
54
Colégio Estadual São Pedro, São Pedro do Iguaçu
401
20 - 24/10
Total
490
ANO 2018
Data
Instituição visitada
Alunos
atendidos
22/05
Colégio Estadual do Campo Profª Verônica Zimermann - São Clemente
- Santa Helena
235
Total
235
ANO 2019
Data
Alunos
atendidos
Instituição visitada
15/03
Escola Municipal Criança Feliz - Mal. C. Rondon
22
19/03
Sesi - Marechal Cândido Rondon
32
28/03
Escola Municipal Criança Feliz - Mal. C. Rondon
20
29/03
Colégio Estadual de Campo Dealmo Selmiro Poersch – Mal. C. Rondon
53
29/3
Escola Municipal de São Roque - Mal. C. Rondon
47
05/04
Escola Municipal Criança Feliz - Mal. C. Rondon
20
10/04
Escola Municipal Jean Piaget - Mal. C. Rondon
18
16/04
Escola Estadual do Campo Novo Três Passos, Mal. C. Rondon
25
06/05
Colégio Estadual do Campo Professor Nilso Franceski e Escola Municipal
Floriano Peixoto, Iguiporã, Mal. C. Rondon
90
16/05
Escola Municipal do Campo Dez de Maio - Toledo
122
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 7
68
19/06
Colégio Estadual Pio XII, Maripá
249
24/08
Colégio Estadual Antônio M. Ceretta, Mal. C. Rondon
40
Total
738
Quadro 2: Instituições visitadas pela exposição sobre o Sistema Solar.
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
As ações baseadas em visita ao laboratório e exposições itinerantes mostraramse de grande importância no ensino informal das Geociências e da Astronomia. A
experiência mostrou também o papel do ensino informal para sanar as curiosidades
dos alunos, surgidas tanto na sala de aula como através de meios como a televisão
ou a internet.
AGRADECIMENTO
Agradecemos aos professores(as), pedagogos(as) e diretores(as) das diversas
instituições de ensino pelo apoio e interesse no Projeto.
REFERÊNCIAS
CRÓSTA, A. P.; KAZZUO-VIEIRA, C.; SCHRANK, A. Vista Alegre: a newly discovered impact crater in
Southern Brazil. Meteoritics & Planetary Science, v. 39, Supplement, pp. A-28, 2004.
GASPAR, A. Museus e centros de ciências. Conceituação e propostas de um referencial teórico.
Tese de doutorado em Educação. Faculdade de Educação – Universidade de São Paulo. 118 p.,
1993.
MORRISON, D. Asteroid and comet impacts: the ultimate environmental catastrophe. Philosophical
Transactions of the Royal Society A: Mathematical, Physical and Engineering Sciences, 364
(1845), p. 2041-2054, 2006.
PADILLA, J. Conceptos de museos y centros interactivos. In: Crestana, S. et al. (Eds.). Educação
para a ciência. Cursos para treinamentos em centros e museus de ciências. São Paulo. Livraria
da Física, 131-141, 2002.
ROSA, T.P.; SAUER, T.D.; MONTARDO, D.K. Aprendendo geologia na escola: propostas de materiais
didáticos. Anais.. XII Encontro de Geógrafos da América Latina (EGAL), Montevideo. 2009. Disponível
em: <http://egal2009.easyplanners.info/area03/3271_Tamara_Patricia_Rosa.pdf.> Aceso em agosto
de 2018.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 7
69
CAPÍTULO 8
doi
ENSINO DE ASTRONOMIA E TEORIA QUÂNTICA
USANDO O FUNCIONAMENTO DE UMA LÂMPADA
FLUORESCENTE
Data de aceite: 10/12/2019
Márcio Francisco dos Santos
Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais
Barbacena – Minas Gerais
Carolina Marla Rodrigues
Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais
Barbacena – Minas Gerais
Vanessa Aparecida Ferreira
Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais
Barbacena – Minas Gerais
atrelado ao ensino da Teoria Quântica nos cursos
superiores de licenciatura. Para tanto, utilizouse dos princípios quânticos envolvidos na
emissão de luz por uma lâmpada fluorescente,
associando-os aos mecanismos utilizados
para estudos astronômicos, fundamentado na
interação entre energia e matéria, como forma
de introduzir conceitos básicos da Astronomia e
da Teoria Quântica.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Astronomia,
Radiação, Lâmpada Fluorescente
TEACHING OF ASTRONOMY AND
RESUMO: Compreender cientificamente os
fenômenos astronômicos e quânticos que
permeiam o nosso cotidiano é essencial
para uma formação sólida dos estudantes,
principalmente daqueles que ingressam em
cursos de licenciatura, seja ela em Química,
Física ou Biologia. No entanto, estas
ciências não recebem a devida importância
nos referidos cursos, resultando em uma
formação deficitária dos professores, e assim,
contribui para a disseminação de conceitos
equivocados, sobretudo àqueles baseados em
crendices. Além disso, fomenta o desinteresse
dos estudantes com relação a estes assuntos,
uma vez que seu entendimento costuma ser
considerado complexo. Pautando-se nestes
pressupostos, esse trabalho propõe uma forma
didática de abordar conceitos de Astronomia,
QUANTUM THEORY USING A
FLUORESCENT LAMP PERFORMANCE
ABSTRACT: To understand scientifically the
astronomic and quantum phenomena that
permeate our lives daily is essential for a solid
formation of the students, especially those who
enter a graduation course, be it Chemistry,
Physics or Biology. However those sciences
don’t get properly importance in referred courses,
resulting in a deficient formation of teacher
and that way contributing to a dissemination of
mistaken concepts, above all those based on
beliefs. Besides that, induces the disinterest
of the students about said topics, once the
understanding seems to be complex. Relying
on these assumptions, this work suggests
a didactic way of approaching Astronomy
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 8
70
concepts, attached to the teaching of Quantum Theory on graduation courses. To do
so, was used the quantum principles involved in light emission by a fluorescent lamp,
associating to the mechanisms used for astronomic studies, based on the interaction
between energy and matter, as a way to introduce basic concepts of Astronomy and
Quantum Theory.
KEYWORDS: Teaching of Astronomy, Radiation, Fluorescent lamp
1 | INTRODUÇÃO
A Astronomia é considerada uma das ciências mais antigas, e seu estudo teve
papel decisivo no desenvolvimento das primeiras civilizações. Os povos antigos
utilizavam-se da observação de fenômenos celestes para fazer previsões climáticas,
e por consequência saber as épocas certas para plantar e para fazer a colheita
(OLIVEIRA FILHO; SARAIVA, 2010). Nos dias atuais ela ainda desperta o interesse
das pessoas, seja como ciência primordial para o entendimento do presente, passado
e futuro, por envolver escalas de grandeza distantes da nossa realidade cotidiana,
ou por simples admiração dos eventos naturais que acontecem (DEBOM, 2010).
Mesmo estando presente nos conteúdos de Ciências no ensino fundamental
e de Física no ensino médio, respaldado pelos parâmetros curriculares nacionais
(PCNs), a Astronomia não recebe o mesmo grau de importância na matriz curricular
dos cursos superiores de licenciatura em Física, Química ou Biologia (JUSTINIANO
et al, 2012). Isso torna a formação dos novos professores deficitária com relação a
esse tema, oferecendo poucas ferramentas para abordar esse assunto no exercício
da profissão. Um profissional mal preparado, ao abordar estes conteúdos em sala de
aula, desenvolve seu trabalho de forma deficiente e, em grande parte, fundamentado
em fontes pouco confiáveis podendo apresentar erros conceituais disseminando
ideias equivocadas (LANGHI; NARDI, 2007). Os livros adotados nas licenciaturas
citadas acima não abordam nenhum conteúdo claramente voltado para o ensino
de Astronomia tornando este cenário de formação de profissionais ainda mais
preocupante (AMARAL, 2008).
A mesma falta de abordagem conceitual pode ser percebida no ensino da Teoria
Quântica, principalmente nos cursos de Química e Biologia. Uma comprovação disso
são os estudos realizados acerca da inserção de conteúdos da Física moderna na
educação básica, frisando uma reforma curricular que permita englobar as novas
teorias científicas desenvolvidas mais recentemente (ROCHA; HERSCOVITZ;
MOREIRA, 2010). Uma possível solução seria diminuir o tempo dedicado aos temas
clássicos abrindo espaço para os temas mais atuais, desde que se tenha professores
bem preparados e com bons materiais de apoio (OSTERMANN, 2003). Entretanto,
essa tendência não é percebida nas licenciaturas em Física e em Química, a qual
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 8
71
não prioriza conceitos modernos na matriz curricular criando uma situação bastante
delicada para o trabalho docente nestas áreas (OSTERMANN; PRADO; RICCI,
2008).
Astronomia é multidisciplinar, podendo ser trabalhada na Geografia, História,
Biologia, Química e principalmente na Física. Na Química, por exemplo, a estrutura
atômica pode servir de base para introduzir a espectroscopia ou até mesmo os
processos termonucleares como ocorrem nas estrelas, onde podem ser estudados
conjuntamente alguns conceitos de Astronomia (BRETONES, 1999). De modo
semelhante, o funcionamento de uma lâmpada fluorescente, pode ser o ponto de
partida para estudar conceitos quânticos, uma vez que a luz emitida por elas depende
da interação entre radiação e matéria.
As lâmpadas fluorescentes compactas têm em seu interior gases à baixa
pressão, onde tensões elétricas provocam várias reações resultando na emissão
de radiação. Esse ambiente é um excelente laboratório a ser comparado com
regiões do Universo. Além disso, os processos de emissão e absorção da radiação
são explicados somente com base na Física moderna, o que torna Astronomia e
Teoria Quântica assuntos interligados. Baseando-se nesses aspectos, este trabalho
buscou mostrar que é possível utilizar-se de objetos corriqueiros, como a lâmpada
fluorescente, para introduzir conceitos de Astronomia e de Quântica nos cursos de
licenciatura relacionados.
2 | MATERIAL E MÉTODOS
Inicialmente foi realizado um estudo exploratório sobre os processos físicos
e químicos envolvidos no funcionamento da lâmpada fluorescente, visando
compreender de que forma elas emitem luz. Posteriormente realizou-se um estudo
dos fundamentos da Astronomia, principalmente dos processos de radiação estelar
e análise de seus espectros, tendo como objetivo uma comparação entre a emissão
de luz pela lâmpada fluorescente e pelas estrelas. Devido à ausência de conteúdos
de astronomia nos livros didáticos utilizados pelas licenciaturas, recorreu-se aos
artigos científicos e livros destinados especificamente a área de astronomia.
Para obtenção dos espectros, tanto da lâmpada quanto de uma estrela (o sol)
construiu-se um espectroscópio utilizando uma caixa de papelão, como ilustrado na
Figura 1. O instrumento consiste em uma fenda para entrada de luz com espessura
aproximada de 0,1mm, alinhada com uma grade de difração linear introduzida dentro
da caixa, como pode ser visto em na figura em (a). A grade utilizada contém mil
linhas por milímetro (1000 linhas.mm-1) e foi obtida para experimentos realizados
no laboratório de Física. Pelo lado externo e oposto à fenda, em um ângulo de
aproximadamente cinquenta graus (50º) com a horizontal, foi acoplado um cilindro
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 8
72
com diâmetro aproximado de 6,4 cm, por onde introduz-se a objetiva de uma câmera
digital para fotografar os espectros. Este ângulo possibilita que a imagem refratada
seja formada no plano focal da lente, cuja distância focal é de 4mm. A figura 1 (b),
traz um esquema do espectroscópio construído, onde podem ser observados a fenda
para entrada de luz, a posição da grade de difração, o espectro da luz refratada e a
sua projeção no plano da lente da câmera.
Figura 1 – Espectroscópio construído nesse projeto para fotografar os espectros (a), esquema
de funcionamento do mesmo (b)
A partir da montagem do espectroscópio caseiro foram feitas análises dos
espectros fotografados. Por fim, comparou-se os estudos realizados sobre a emissão
de luz pelas estrelas e pelas lâmpadas fluorescentes, relacionando-os com a teoria
quântica.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Emissão de luz por uma lâmpada fluorescente
Uma lâmpada fluorescente típica, como mostra a figura 2, é constituída por um
gás inerte e vapor de Mercúrio (Hg), ambos à baixa pressão envolvidos por tubos de
vidro recobertos com uma camada de pó fluorescente a base de fósforo e elementos
das chamadas terras raras (DURÃO JR; WINDMOLLER, 2008; MARTINS; ISOLANI,
2005).
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 8
73
Figura 2 – Lâmpada fluorescente compacta
O processo de emissão de luz que se inicia dentro da lâmpada pode ser visto na
figura 3. A tensão elétrica aplicada aos eletrodos provoca uma descarga que ioniza
o gás, tornando-o um condutor. O feixe de elétrons originado do cátodo colide com
os átomos do vapor de mercúrio presente dentro do envoltório, excitando-os (1). As
partículas excitadas saltam para níveis energéticos superiores (2) e, ao retornarem
para seu estado fundamental, emitem radiação ultravioleta (~1 a 380 nm) (3). Essa
radiação é, então, absorvida pelo revestimento interno da lâmpada e reemitida como
radiação visível (~400 a 700 nm).
Figura 2: Estrutura interna da lâmpada fluorescente mostrando o processo de emissão de luz.
Durante as colisões, os raios catódicos (elétrons acelerados) transferem
energia cinética para os átomos de mercúrio, e essa transferência de energia ocorre
de maneira quantizada, ou seja, apenas valores discretos de energia são absorvidos
pelos átomos. Sabe-se, de acordo com a teoria quântica, que os elétrons só podem
existir no interior do átomo em níveis de energia definidos. A energia absorvida ou
emitida por um elétron só ocorre em uma faixa de valores permitidos e depende da
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Capítulo 8
74
frequência da onda eletromagnética (f) de acordo com a equação:
(1)
onde h = 6,626 X 10-34 J.s é a constante de Planck. Quando o átomo de mercúrio
recebe energia suficiente para um elétron saltar para um orbital mais energético, em
nano segundos ele retorna para o estado anterior, devolvendo a energia recebida,
sob a forma de radiação. Essa energia emitida pelos átomos de mercúrio se dá na
frequência da radiação ultravioleta em sua grande parte, o que tornaria a lâmpada
ineficaz para a iluminação dos ambientes. No entanto, como a frequência do
ultravioleta é alta, os fótons (“pacotes” quantizados de energia que obedecem à
equação 1) emitidos pelo mercúrio são de alta energia e podem ser absorvidos por
novas estruturas. Por essa razão os tubos das lâmpadas fluorescentes são revestidos
com sais de fósforo. Tais compostos, por meio da fluorescência, são excitados pela
radiação ultravioleta proveniente dos átomos de mercúrio e, em razão dos diferentes
elementos ali existentes, a radiação é reemitida em diferentes comprimentos de
onda, e a superposição deles dá origem a luz branca observada. Todo o processo
físico e químico é extremamente rápido, tornando a emissão de luz instantânea aos
olhos. Os sais de fósforo foram escolhidos como revestimentos para a lâmpada por
apresentarem longo tempo de vida de luminescência, estabilidade morfológica do pó
e boa reatividade e eficiência luminosa (ABRÃO, 1994; MARTINS; ISOLANI, 2005).
3.2 Emissão de luz pelas estrelas
Estrelas são enormes esferas de plasma auto gravitante (OLIVEIRA FILHO;
SARAIVA, 2010). Dentro delas, ocorre uma batalha onde a força gravitacional tenta
comprimi-la ao ponto de destruí-la, enquanto a pressão exercida pela fusão de
núcleos atômicos e a radiação liberada tenta expandi-la. O equilíbrio dessas forças
corresponde a “estabilidade” da estrela (OLIVEIRA; HETEM; MENDES, 2016).
A energia destes astros é produzida no núcleo através de reações
termonucleares, sendo dissipada ao longo da massa estelar por processos de
condução e convecção e, posteriormente, irradiada para o espaço. O processo
pelo qual a energia é produzida, conhecido como ciclo próton-próton, é bastante
complexo e está representado de forma simplificada na figura 3. O ciclo tem início
quando a temperatura no núcleo estelar ultrapassa 8.000.000 K, permitindo que
haja colisões entre prótons. Os prótons (H+ + H+) colidem resultando em um deutério
(2H+), um pósitron (e+) e um neutrino (𝜐) simultaneamente. Em um segundo estágio
o deutério colide com outro próton dando origem ao isótopo (3He), que é pouco
estável. Enquanto o pósitron se choca com sua antipartícula, o elétron (e-), ambos
se aniquilam gerando energia radiante de alta frequência (raios gama 𝛾), conforme
a equação:
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 8
75
(2)
No estágio final, dois isótopos (3He) colidem entre si, resultando no isótopo
de hélio mais estável (4He) e dois prótons livres para reiniciar o ciclo. No interior de
uma estrela como o sol ocorre um ciclo p-p por segundo, o que permite a existência
dessas estrelas por alguns bilhões de anos.
Figura 3 – Esquema simplificado da fusão nuclear.
Fonte: http://astro.if.ufrgs.br/estrelas/node10.html modificado.
Ao considerarmos que uma estrela é, por boa aproximação, comparável a uma
esfera de distribuição infinitesimal de densidade simétrica, podemos dizer que ela
está em equilíbrio térmico, e dessa forma comparar sua emissão de radiação à de
um corpo negro. Deve-se lembrar que um corpo negro é um objeto teórico capaz de
absorver e irradiar em função apenas da sua temperatura de superfície. Isso implica
que é possível aplicar as leis físicas que descrevem esses corpos às estrelas e obter
informações.
Uma das formas de estudar os objetos astronômicos é analisando o seu
espectro. As linhas espectrais do corpo em estudo resultam da interação entre a
energia e a matéria, podendo ser linhas escuras (absorção) ou linhas brilhantes
(emissão). Cada linha corresponde a um estado de transição eletrônica específica.
Ao absorver um fóton de luz, o átomo só terá seu elétron excitado se a energia do
fóton for igual ou superior a diferença de energia entre o estado fundamental e o
estado excitado. O espectro contínuo, por outro lado, representa a emissão de luz
por um corpo quente, denso e opaco, características aproximadas às propriedades
de uma estrela.
A luz do sol que chega até nós, é irradiada na fotosfera (camada visível do sol,
na qual originam-se os fótons que são irradiados para o espaço) sob a forma de um
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 8
76
espectro contínuo. Como a estrela não é um corpo negro perfeito, a sua camada
mais externa absorve a energia emitida correspondente aos comprimentos de onda
específicos dos elementos que a compõem. Como essa camada é relativamente
menos densa e mais fria que a região onde a radiação é emitida, o espectro observado
é de absorção, como mostrado na figura 4. Ou seja, o espectro de cores é resultado
da emissão do núcleo solar denso e as linhas negras representam a absorção de
determinadas frequências de energia dessa radiação.
Figura 4 – Linhas absorção do espectro do sol.
Fonte: http://www.astro.iag.usp.br/~damineli/aga105/livroprof.pdf, modificada.
3.3 Comparação entre as Lâmpadas Fluorescentes e as Estrelas
Estrelas são essencialmente constituídas de uma mistura de cargas elétricas
positivas e negativas, (elétrons e núcleos atômicos de hidrogênio e hélio, que devido
às altas temperaturas encontram-se ionizados). De modo semelhante, no interior
de uma lâmpada fluorescente acesa, há uma abundância destas cargas elétricas.
Essa mistura, que em sua forma global preserva seu estado neutro, é chamada de
plasma e é um excelente condutor de energia. Nas estrelas, a pressão e temperatura
muito elevadas também são fatores responsáveis pela predominância do plasma
em sua constituição, o qual impele a fusão nuclear que, por consequência, emite
a radiação. A fusão dos prótons (2H+) em núcleos de átomos de hélio (4He2+)
também conhecidas como partículas alfa (𝛼), acontece por meios de um processo
denominado tunelamento, fundamentado na probabilidade quântica que dois núcleos
possam vencer as repulsões elétricas de Coulomb (OLIVEIRA FILHO, SARAIVA,
2010). Nas lâmpadas, ainda que a temperatura interna seja alta, não é comparável
à das estrelas, por isso cabe à diferença de potencial entre os eletrodos fornecer as
condições necessárias à formação do plasma induzindo a corrente elétrica nos gases
aí presentes. O processo de tunelamento dá lugar às colisões entre os portadores de
carga e os átomos de mercúrio. As condições de plasma tanto na lâmpada quanto
nas estrelas são imprescindíveis para a emissão de luz.
A liberação de energia pelas estrelas ocorre através da fusão nuclear que se
origina na colisão entre núcleos de átomos mais leves cuja junção origina elementos
mais pesados. Nas lâmpadas a energia elétrica inicial é convertida em energia
luminosa devido aos processos de excitações eletrônicas. Embora as partículas
envolvidas nos processos sejam diferentes, os dois mecanismos se baseiam na
ocorrência de colisões que proporcionam a emissão de radiação eletromagnética.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 8
77
Pode-se destacar também o aspecto quântico da luz e através dele estabelecer
relações entre as estrelas e as lâmpadas. Segundo a teoria quântica, a luz é
constituída fótons, que tanto nas estrelas quanto nas lâmpadas, têm origem na
interação entre radiação e matéria. Nas estrelas a emissão de luz se dá basicamente
por incandescência. As partículas que compõem a fotosfera estelar não possuem
os mesmos graus de liberdade, em outras palavras, cada uma oscila com energia
diferente, como previsto pela teoria quântica, fornecendo uma gama de diferentes
comprimentos de onda na radiação emitida, resultando em um espectro contínuo.
Como já foi mencionado, nas lâmpadas a emissão de luz visível ocorre por
fluorescência onde os diferentes compostos do seu revestimento fosfórico emitem
diferentes frequências (cores) de acordo com a equação 1.
O espectro da lâmpada fluorescente também serve de análise e comparação
com o espectro das estrelas. Na figura 5, pode ser observado o espectro de uma
lâmpada fluorescente em (a) e do Sol em (b) obtidos através do espectroscópio
exibido na figura 1. Em (a), percebemos uma sobreposição de linhas brilhantes ao
espectro contínuo gerado pela emissão dos sais de fósforo, em comprimentos de
onda correspondente ao vermelho (1), verde (2) e azul (3), constituintes do sistema
de cores RGB - Red Green Blue. Cada um destes picos de emissão, apresenta um
alargamento de banda, preenchendo uma grande parte do espectro visível, tornando
a luz emitida com tonalidade branca. Cada cor corresponde a uma frequência de
onda emitida derivada da excitação e, posterior retorno à camada mais estável de um
composto aditivo da lâmpada (um óxido do pó fosfórico) através de um ativador de
terra rara. As aberrações na figura se devem a qualidade do espectroscópio caseiro.
Figura 5: Espectro de uma lâmpada fluorescente (a), e espectro do sol (b).
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 8
78
Na figura 5 (b) pode-se observar a luz do Sol como um espectro contínuo de
cores. O espectro contínuo é resultado da emissão de radiação por um corpo negro.
Devido à baixa precisão do espectroscópio utilizado, não é possível ver na figura as
linhas de absorção reveladas na figura 4.
Através dos espectros da radiação emitida pelos corpos pode-se determinar a
sua composição, temperatura, pressão, estrutura e dinâmica. Por exemplo, as linhas
de absorção que o espectro solar apresenta (figura 4) revelam quais componentes
químicos se encontram nas camadas mais externas da estrela e, desse fato, extraise uma infinidade de outras implicações. No espectro da lâmpada fluorescente
podemos inferir as linhas brilhantes ao espectro de emissão dos elementos que
compõem o revestimento da lâmpada. Estes conhecimentos fornecidos pela
espectroscopia são fundamentais para a compreensão do comportamento de uma
estrela, mais especificamente a emissão de luz por estes astros, bem como para o
desenvolvimento de tecnologias como as lâmpadas fluorescentes.
Tanto o espectro do Sol quanto o da lâmpada permite perceber que a luz branca
é na verdade uma combinação das demais cores, preenchendo o espectro visível.
Outra análise que pode ser feita relaciona-se com as tonalidades de cores
observadas na radiação. Pela lei de Wien para a radiação de um corpo negro,
(3)
tem-se que, à medida que a temperatura de um corpo (T) aumenta, o
comprimento de onda com o máximo de emissão (λmáx) diminui. Ou, de outra forma,
quanto maior a temperatura de uma corpo, o máximo de radiação emitida por ele
corresponde a maiores frequências, pois λ e ƒ são inversamente proporcionais
(OLIVEIRA FILHO, SARAIVA, 2010). O sol tem uma temperatura superficial de 5780
K, portanto a radiação emitida é da ordem de 5 X 10-1 µm, o que corresponde à
faixa do visível. Consequentemente, quanto maior a temperatura de um corpo maior
será a tendência de o ser humano vê-lo em tons azulados. Por isso, estrelas mais
quentes, são também mais massivas e branco-azuladas, enquanto as estrelas mais
frias, ao contrário, são vistas em tons de vermelho. É importante frisar que isso não
quer dizer que elas emitam radiação apenas nesses comprimentos de onda, mas
que essa emissão ocorre em quantidades superiores aos demais comprimentos de
onda.
As lâmpadas fluorescentes também têm sua temperatura caracterizada pela
tonalidade da cor que emitem, chamada temperatura de cor. Por exemplo, as lâmpadas
que atingem temperaturas de 7000 K (temperatura alta para uma lâmpada), pela lei
de Wien, emitem radiação de comprimento de onda de aproximadamente 4,14 X 10-1
µm, mais próximo de tonalidades azuis, e por isso são vistas em uma cor brancoazulada, ou branco-frio. Essas lâmpadas são as mais utilizadas nos domicílios, cuja
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 8
79
potência é de 15 W. Já as lâmpadas que atingem 5000 K, por exemplo aquelas
de 25 W de potência, emitem radiação de aproximadamente 5,80 X 10-1 µm, que
se localiza mais próxima do vermelho no espectro, dando a sensação de que são
branco avermelhadas ou branco-quentes (MILONE et al, 2003). No entanto, quando
se analisa apenas a classe de lâmpadas fluorescentes, o aspecto geral observado
é de luz branca, havendo maiores diferenças de temperatura de cor quando se
compara as lâmpadas fluorescentes com as incandescentes ou com as de vapor de
mercúrio.
Como vimos, o funcionamento da lâmpada fluorescente em muito se assemelha
ao funcionamento de uma estrela, tornando-a um instrumento muito útil ao
aprendizado de Astronomia. Ambas se utilizam de energia química para trabalharem;
a lâmpada por meio da ionização de átomos de mercúrio e consequente colisão de
elétrons, e a estrela por meio da fusão de núcleos de hidrogênio em hélio. Outra
característica comum é a formação do plasma no interior das duas, ou seja, é a
presença de núcleos positivos e elétrons livres que possibilita a obtenção de energia
nos dois casos: na lâmpada a formação do plasma amplifica o processo de colisões
dos elétrons da corrente elétrica gerada com os elétrons dos átomos de mercúrio;
e nas estrelas é esse estado da matéria que gera uma diminuição da repulsão de
cargas e amplifica o efeito tunelamento.
O núcleo estelar, que é onde acontece a produção de energia, se comporta
como um corpo opaco, por sua densidade, e assim emite um espectro contínuo;
enquanto a atmosfera estelar age como um gás frio, absorvendo determinados
comprimentos de onda e fazendo com que o espectro de absorção estelar apresente
linhas negras. São essas mesmas linhas que permitem descobrir quais elementos
químicos compõem as estrelas. Já nas lâmpadas fluorescentes, o revestimento de
sais de fósforo permite a produção de luz com picos de emissão em RGB para cobrir
a maior parte do espectro visível.
4 | CONCLUSÃO
O funcionamento de uma lâmpada fluorescente permite uma aproximação
entre o estudo dos processos químicos e físicos ocorrentes em vários fenômenos da
teoria quântica e da emissão das estrelas. Chegou-se a várias comparações entre
a lâmpada fluorescente e uma estrela, partindo de suas similaridades e diferenças.
Textos com esse tipo de análise podem ajudar os estudantes de licenciaturas em
Física, Química e Biologia a se prepararem melhor para o ensino de Astronomia e
Teoria Quântica nos ensinos fundamental e médio.
O estudo da emissão de luz das lâmpadas fluorescentes possibilita uma
introdução satisfatória de alguns conceitos de astronomia, fornecendo aos futuros
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 8
80
professores uma ferramenta de trabalho que, não só introduz conceitos abstratos,
como também torna a ciência mais contextualizada.
REFERÊNCIAS
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DEBOM, C.R. O aprendizado da Astronomia e das ciências afins com a mediação da
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DURÃO JR, W. A.; WINDMOLLER, C. C. A questão do mercúrio em lâmpadas fluorescentes.
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As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 8
81
CAPÍTULO 9
doi
ESTUDO DA SÉRIE DE TAYLOR E APLICAÇÃO
Genivaldo Passos Correa
Data de aceite: 10/12/2019
Jociléa Rodrigues Cardoso
Universidade Federal do Pará. Faculdade
Ciências Exatas e Naturais-Campus AbaetetubaPa
José Francisco da Silva Costa
Universidade Federal do Pará. Faculdade de
Formação e Desenvolvimento do Campo –
FADECAM. Abaetetuba - Pa
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9492719731740641
Anildo das Chagas Dias
Universidade Federal do Pará. Faculdade
Ciências Exatas e Naturais- Campus AbaetetubaPa
Nayara dos Santos Rodrigues
Universidade Federal do Pará. Faculdade
Ciências Exatas e Naturais- Campus AbaetetubaPa
http:/lattes.cnpq.br/7315572003866689
Raimundo das Graças Carvalho de Almeida
Universidade Federal do Pará. Faculdade
Ciências Exatas e Naturais- Campus AbaetetubaPa
http://lattes.cnpq.br/8447434150719179
Reginaldo Barros
Universidade Federal do Pará. Faculdade
Ciências Exatas e Naturais- Campus AbaetetubaPa
http://lattes.cnpq.br/9658271624403087
Universidade Federal do Pará. Faculdade
Ciências Exatas e Naturais- Campus AbaetetubaPa
http://lattes.cnpq.br/6321452953013620
RESUMO: O presente trabalho procura
apresentar os conceitos e aplicabilidade da
série de Taylor na forma exponencial complexa
e não complexa, mostrando do ponto de vista
gráfico que a função continua considerada
e a expansão dela em série, podem ser
compreendidas no plano cartesiano como
uma convergência de várias funções à medida
que são representadas pelos termos da
série, convergindo para o gráfico da função
original. Para uma melhor compreensão dessa
convergência, utilizam-se a função exponencial,
cosseno e seno levando em conta a tração
delas com os traçados dos gráficos das funções
representadas pelos termos da série. Aplica-se
a série de Taylor em dois importantes problemas
físicos relacionados com movimentos de corpos
em meios fluidos para um pequeno valor de
coeficiente de atrito para mostrar a importância
da série de Taylor nessa área de conhecimento.
A aplicabilidade dessas representações surge
devido algumas dificuldades, como aproximar
o valor numérico de funções na vizinhança de
um ponto específico ou encontrar máximos e
mínimos, que de modo direto não apresenta
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
82
tanta precisão e por isso se torna mais conveniente representar tais funções por
séries. Desse modo, utilizando à pesquisa qualitativa, especificamente de revisão
bibliográfica, a metodologia desenvolvida foi capaz de apresentar de modo satisfatório
a relevância das séries de Taylor no das aproximações numéricas das funções.
PALAVRAS-CHAVE: Série de Taylor. Função exponencial. Aplicações.
ABSTRACT: The present work seeks to present the concepts and applicability of the
Taylor series in a complex and non-complex exponential form, showing graphically that
the function continues to be considered and its expansion in series can be understood
in the Cartesian plane as a convergence of several functions as they are represented
by the terms of the series, converging on the graph of the original function. For a
better understanding of this convergence, we use the exponential, cosine and sine
function taking into account their traction with the graphs of the functions represented
by the terms of the series. The Taylor series is applied to two major physical problems
related to fluid movement of bodies for a small friction coefficient value to show the
importance of the Taylor series in this area of knowledge. The applicability of these
representations arises due to some difficulties, such as approximating the numerical
value of functions in the vicinity of a specific point or finding maximums and minima,
which directly does not present such precision and therefore it is more convenient to
represent such functions by series. Thus, using the qualitative research, specifically
literature review, the developed methodology was able to satisfactorily present the
relevance of the Taylor series in the numerical approximations of functions.
KEYWORDS: Taylor series. Exponential Function Applications.
1 | INTRODUÇÃO
O presente artigo procura abordar um estudo sobre a série de Taylor enfatizando
importantes aplicabilidade nas áreas da Matemática e da Física para que seja possível
mostrar o quanto é útil conhecer a série de Taylor para interpretar e resolver problemas
que exigem aproximações para pequenos intervalos da variável x ou de um outro
parâmetro. O tema se justifica considerando que, por meio desse trabalho, o texto
apresentado permite que na área de matemática seja possível compreender que a
série de Taylor possui muitas aplicabilidade, como por exemplo no desenvolvimento
da trigonometria com o auxilio da fórmula de Euler, nas determinações das tábuas
trigonométricas, logarítmicas e de raízes quadradas, cubicas e etc.
Dessa forma, o estudo permite que as teorias desenvolvidas possa estimular
o leitor, buscando o interesse na compreensão de terçados de gráficos a partir dos
termos da série, levando a uma comparação com a função originária da série. No
estudo de alguns problemas físicos, como lançamento de corpos com resistência do
ar, a série pode ser útil para verificar as funções horárias da posição, velocidade e
aceleração do corpo por aproximações, recaindo no caso ideal. Para o movimento
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
83
harmônico simples, com a utilização da fórmula de Euler oriunda do conhecimento
das expansões em série da exponencial, cossenoide e senoide, tornou-se possível
realizar aplicabilidade para determinação da função horário de um corpo que realiza
um MHS (movimento harmônico simples)
Por isso, este trabalho tem como objetivo apresentar os conceitos e as
aplicabilidades da série de Taylor, abordando a conceituação e algumas relevantes
aplicabilidades. Para tanto, os procedimentos técnicos a serem utilizados é de
pesquisas bibliográficas sendo elaboradas por meio de materiais em sites como livros
e artigos relacionados com o tema, fornecendo conceitos, teoremas, demonstrações,
evidenciando a relevância desse assunto para a matemática.
Quanto aos objetivos específicos, enfatizar um estudo sobre as séries com
aplicação no teste da razão e da raiz para identificar a convergência e e divergência;
Compreender alguns importantes conceitos dos números complexos relacionados
com a forma polar e formulas de Moivre, tendo em vista que a fórmula de Euler é
uma representação desses números; Mostrar um desenvolvimento em série de
Taylor e aplicabilidade em diferentes problemas nas áreas da Matemática e da Física
assim como traçados de gráficos para melhor entender os extremantes da função (
máximo e mínimo).
2 | HISTÓRICO DA SÉRIE, MÁXIMO E MÍNIMO E APLICAÇÕES
Nesse tópico são definidas e desenvolvidas as séries numéricas e suas
propriedades e Algumas vezes se necessário representar funções por séries, mais
especificamente série de potências. Entretanto, é preciso definir série de potência,
estudar as principais propriedades e, além disso, verificar que uma classe restrita de
funções é representada através da mesma.
2.1 Histórico Sobre As Séries
A fim de obter a área de um segmento parabólico, Arquimedes (≅ 250 a.C.)
necessitou calcular a soma da progressão
1 + ¼ + (¼)2 + (¼)3 + ... = 4/3
Que em outras palavras representa uma PG de razão q = 1/4.
Nesse caso se considerar que a sequencia conduz termo para o infinito, podese usar a notação de uma PG infinita. Isto é,
Sendo
, obtém-se para essa soma,
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
84
O que mostra que a soma de todos os termos é dada por 4/3.
Embora o cálculo não tenha sido feito por processos infinitos, que eram mal
vistos naquele tempo, este foi um dos primeiros cálculos de somas infinitas. Por
volta de 1350, utilizando “processos infinitos”, R. Suiseth (mais conhecido como
Calculator) resolveu um problema sobre latitude de formas, equivalente ao cálculo
da soma
Se for realizado nessa série o teste da razão. Isto eé,
Vem que
O que mostra ser a série convergente pelo teste da razão.
(Calculator deu uma longa prova verbal, pois não conhecia representação
gráfica).
Outros avanços relacionados com séries foram obtidos (em 1668) por J. Gregory
e N. Mercator , que trabalharam as chamadas “séries de potências de x” . Estas
séries foram usadas para exprimirem funções conhecidas, como
etc. Gregory utilizou que a área sob a curva da função ( Gráfico 1)
Gráfico 1: Representação gráfica da função y estudado por Gregory.
Fonte: Acervo dos autores
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
85
(gráfico 2). Desse fato, concluiu que
é obtida através da função
Gráfico 2: Esboço do gráfico do
Fonte: Acervo da autora ( JOCILEA , 2019)
Este resultado é conhecido como “série de Gregory”.( Gráfico 3)
Gráfico 3: Representação gráfica das funções y=1/(1+x2) ( cor laranja) e y=arctgx ( cor azul)
Fonte: Acervo dos autores
Por sua vez, Mercator usou que a área sob a hipérbole
entre 0 e x é
( Gráfico 4)
( no mesmo gráfico 4) para chegar à expressão (C. Boyer,
pgs. 265, 266)
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
86
chamada hoje de “série de Mercator” .
Gráfico 4: Esboço do gráfico da função y=1/(1+x) ( em laranja) e da função
Fonte: Acervo dos autores
È obvio que esses matemáticos deveriam chegar a mesma área, pois tendo em
vista que
E que
A menos da constante de integração.
Em 1748, L. Euler publicou o texto Introductio in analysin infinitorum, em
dois volumes. O primeiro deles versava sobre processos infinitos, entre os quais
séries infinitas. Euler era pouco cuidadoso no uso de tais séries, e as manipulava
arriscadamente. Usando a série da função
e de artifícios engenhosos, Euler conseguiu resolver uma difícil questão que
J. Bernoulli não tivera sucesso, a de obter a soma dos recíprocos dos quadrados
perfeitos. Após alguns cálculos, Euler obteve que (C.Boyer pg 307).
Ou
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
87
e se conclui que
Outros nomes ilustres no Sec. XIX compõem o cenário que trata da convergência
das séries numéricas e das séries de funções, como Lagrange, Laplace, Dirichlet,
Fourier, Cauchy, Bolzano e Weierstrass.
2.2 Análise de máximo e mínimo com ênfase na série de Taylor
Considere os intervalos
Seja
uma função contínua no intervalo dado. Suponha que
uma máxima em α. Nesse caso, se
seja
é um máximo pode-se concluir que
, ou seja, a função é crescente no intervalo
e como
.
e, portanto, decrescente no intervalo
. Isto é, a função é
Nesse caso, tem-se que
e crescente em
decrescente no intervalo
.
.
Observa-se ainda do ponto de vista geométrico que
Pode-se usar a fórmula de Taylor para observar esse caso com mais detalhes
e do ponto de vista puramente analítico.
Expondo-se
em série de Taylor, vem que,
E de modo análogo para , vem que,
Vamos considerar apenas os três primeiros termos da série. Isto é,
Como se pode considerar que
Vem que,
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
88
Ou se a função apresenta um mínimo, vem que,
, logo,
e
.
Logo,
Isso mostra que se a função possui uma 2ª derivada positiva a função apresenta
um mínimo em
.
Para o caso de um ponto ser máximo, vem que,
Se a função apresenta um máximo, vem que,
Nesse caso, tem-se que
.
Vamos supor que
Se
Logo, a função passa por máximo.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
89
Em ambos os casos, tem-se que
A função possui um ponto de mínimo.
Assim sendo é possível construir a seguinte propriedade: todas as funções
derivadas de ordem par representa um ponto de máximo ou mínimo na função. .
2.3 Aplicações da série de Taylor
1-Usando a primeira fórmula de Taylor, obtenha os valores dos pontos de
máximo e mínimo da função
2 - Dada a função
Obtenha os pontos de máximo e mínimo
Solução,
Derivando
a
função
,
tem-se
que,
Observando que o valor 1 (um) é raiz da função e fazendo as manipulações
matemática, obtém-se que,
Observando os termos entre parêntese, a função cúbica é ainda divisível por 1
(um). Logo,
De modo análogo, a função quadrática apresenta como raízes os valore 1 e
1/5. Portanto,
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
90
Dessa maneira a função derivável apresenta tres raízes iguais e uma diferente.
As raízes são,
Deve-se investigar para que valores atribuídos a segunda derivada se tem
um máximo ou um mínimo. Dada a função que representa a primeira derivada e
derivando, obtém-se,
Levando o valor de 1/5 em
, obtém-se que,
Que representa um ponto de máximo.
De modo análogo, levando o segundo valor em
, vem que
O que leva a calcular a terceira derivada. Assim sendo, para
Derivando, obtém-se,
Calculando as raízes dessa função, vem que,
Fazendo a quarta derivada, tem-se,
Substituindo o valor de
vem que
O que representa um valor mínimo.
Observe o traçado do gráfico
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
91
3 - Dada a função
. Calcule os pontos de máximo e
mínimo da função.
Solução
Traçado do gráfico
4 - dada a Função,
, Obtenha os pontos máximo e
mínimo e faça um esboço do gráfico
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Capítulo 9
92
2.4 Exponencial
Em série de Taylor, tem-se as seguintes expansões,
A constante de Euler e, que é um número irracional compreendido entre 2 e 3
, é dada pela série
que se obtém com
.
Será tomado o desenvolvimento como base para definir ez com z complexo.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
93
Se ez já tivesse significado para z complexo, e o desenvolvimento fosse válido neste
caso, então se teria, com y real,
Admitindo ainda que seja possível rearranjar os termos desta série, alocando
os termos reais e separando os termos imaginários, obteve-se:
ou seja, em vista de,
Essas considerações, que puramente são formais, não estabelecem a relação,
entretanto servem como motivação para se definir a função exponencial. Isto é
feito tomando a relação como ponto de partida; ela aqui é utilizada para definir
a exponencial no caso de expoente puramente imaginário
. Por outro lado, a
definição da exponencial no caso de um expoente qualquer
é feita de
uma forma a manter a propriedade aditiva da exponencial real:
Define-se, então, a exponencial ez, para um número complexo qualquer
, mediante a expressão
2.5 A fórmula de Euler
Observou-se que,
Se for feito
Como
, tem-se que,
, uma função par e
, uma função ímpar
Vem que,
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Capítulo 9
94
Somando as duas expressões (22) e (23), obtém-se,
Derivando a expressão (24),
Logo,
As expressões dados por (24) e (25) podem ser úteis para o desenvolvimento
da trigonometria
Exemplo 1
Usando a fórmula de Euler, mostre que
Solução:
Tomando (24) tem-se que:
Ou
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Capítulo 9
95
A expressão dado por (26) representa uma função quadrática em
Denotando
.
, vem que
Logo,
Logo,
Ou
Como
Ou
Elevando ao quadrado, obtém-se que,
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Capítulo 9
96
Exemplo 2
Sabe-se que o MHS a elongação ou posição de uma partícula pode ser expressa
da seguinte maneira,
Onde
é a frequência de oscilação e
é a fase inicial. Usando as forças
atuantes na partícula e levando em conta a fórmula de Euler, obtenha a expressão
.
Solução
Como a partícula oscila e não considerando a atrito, a força restauradora F = KX (1) é igual a força resultante
, logo,
Ou
Supondo a priori, que
É na verdade a frequência de oscilação, tem-se que,
Sendo, para as raízes de r, tem-se que,
Supondo que a solução da equação diferencial seja da forma
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
97
Vem que,
Derivando até a 2ª ordem, obtém-se que:
Ou
Elevado (8) e (10) em (6), vem que:
O que mostra que (9) é a solução de (6).
Devemos agora mostrar que a solução é periódica. Assim sendo,
Considerando que,
Vem que,
Como
, vem que tendo em vista que a solução deve ser real,
e
ou
Assim a solução será
Essa é uma solução particular em que a partícula inicia o movimento considerado
uma fase inicial
. Se a partícula iniciar o movimento com
Tem-se
que a posição da partícula será
Como era de se esperar.
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Capítulo 9
98
Para o caso da velocidade da partícula, deriva-se a função x, logo,
E para a aceleração, deriva-se novamente, obtendo,
Como
, vem que,
O que mostra à característica fundamental do MHS em que a aceleração é
proporcional a elongação.
3 | COMPORTAMENTO GRÁFICO DAS FUNÇÕES E APROXIMAÇÕES POR SÉRIE
DE TAYLOR
Nesse item é importante considerar que dada uma função continua num intervalo
(a,b), pode-se considerar o comportamento do gráfico das funções extraídas da série
de Taylor em relação a função que gera tal série.
3.1 Função exponencial
Seja, por exemplo, a função dada por
É preciso compreender o que acontece do ponto de vista gráfico quando se
compara o comportamento do gráfico da função antes do primeiro membro com os
outros termos do segundo membro. O gráfico (Figura 1) representa o gráfico da
função
Se considerar agora as funções
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
99
Considerando essas funções como os termos da função em (18 ) e traçando os
gráficos, tem-se que,
Gráfico :5 Traçado do gráfico da função exponencial e das funções oriundas da soma dos
primeiros termos da série de Taylor.
Fonte: Acervo dos autores
A primeira função que é a linear é denotada por função f, a do segundo grau por
função g, a do terceiro grau por função h e do quarto grau por função p. De acordo
com o gráfico, observa-se que a medida que vai se tomando os termos da serie de
Taylor, do ponto de vista gráfico, eles vão se confundindo até ficarem iguais. Esse
comportamento pode ser observado quando se expande em serie uma detrmindada
função continua num intervalo a e b.
3.2 Função cosseno
Considere a função,
Pode-se usar o mesmo raciocínio anterior e chegar nos seguintes gráficos
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
100
Gráfico 6: Traçado do gráfico da função cosseno e das funções oriundas da soma dos
primeiros termos da série de Taylor.
Fonte: Acervo dos autores
Onde se observa que a função g representa a função constante do primeiro
termo da serie de Taylor, a função h, são os dois primeiros termos, a função q os três
primeiros termos, a função e a função p os quatro primeiros termos da serie. Observe
que á medida que se acrescentam os termos o traçado do gráfico vai tomando o
comportamento da função
o que na verdade é o que se pode esperar.
3.3 Função seno
(19)
Levando em conta os termos da série, tem-se que ,
Essas três primeiras funções traçadas no plano cartesiano e comparando a
função seno, observa-se que há uma convergência para função seno à medida que
os valores de n aumento (Figura 8)
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
101
Gráfico 7: Traçado do gráfico da função seno e das funções oriundas da soma dos primeiros
termos da série de Taylor.
Fonte: Acervo dos autores
Observa-se que desde que uma função seja continua num intervalo [a, b] pode
ser expandida em série e que à medida que se consideram os termos da série cada
gráfico da função considerada vai convergindo para a função continua original. As
aproximações de tais funções são muito utilizadas na área da matemática e da física
quando se pode usar alguns termos da série de Taylor, como são os casos, por
exemplo, de movimentos de corpos com resistência do ar, pêndulos simples e outros
temas onde a série de Taylor é utilizada.
3.4 Utilização da série de Taylor nos movimentos de corpos com forças de atrito
Dessa maneira para o caso de força dependente da velocidade ou força de
retardamento, pode-se usar a notação vetorial,
Verifica-se experimentalmente que para objetos relativamente pequenos
movendo-se no ar,
. Para velocidades menores que algo em torno de
Para velocidades entre este valor e a velocidade do som
resistência é melhor descrita por
A força de
2.
Nesse sentido, podemos usar a 2a lei de Newton para obtenção da
e
, de um objeto que se desloca onde há a força de resistência.
No caso de força aplicada que dependem da velocidade, a equação do
movimento pode ser escrita como:
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
102
Desde que se conheça a forma funcional de
, pode-se realizar integração
de qualquer uma das duas formas da equação do movimento da equação acima.
Conhecida a forma de como F varia com a velocidade, possível obter a função
Para obter a função
,vamos considerar a expressão
Ao integrarmos esta equação, a sua forma funcional é que nos dirá se
conseguiremos expressá-las em função do tempo. Se a força de atrito for muito
pequeno, utiliza-se a seire de Taylor para expressar as funções velocidade, aceleração
e posição do corpo ou da partícula para uma melhor compreensão das grandezas
físicas envolvidas.
Aplicação
Considere um barco navegando nas águas tranquilas de um lago, uma
velocidade
. No instante
desligam-se os motores do barco e considerando
esta posição como o marco zero da posição, Determine as equações do movimento
Considere que a força de atrito entre o barco e a água seja
Solução
Sendo
→ Do enunciado do problema, temos que:
De acordo com essa última expressão, para
velocidade
, o banco tem como
. Isto é:
*Cálculo de
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
103
Sendo
O que mostra a função
como sendo uma função exponencial decrescente.
Para obter a distância percorrida pelo barco no
a
, devemos usar
o seguinte limite:
*Cálculo de
Para
, temos que
Para a utilização da série de Taylor, deve-se considerar o k como uma grandeza
física muito pequena. Nesse caso, levando a serie de Taylor dada pela expressão
em (16). Isto é,
Supondo a expressão que corresponde da posição do barco e considerando
que a água tem um coeficiente de arrastamento muito pequeno, pode-se expandir
em série a exponencial da seguinte expressão,
Seja a função
Considerando a série de Taylor. Isto é,
(16)
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
104
Pode-se obter a seguinte série exponencial,
E tendo em vista que a exponencial em série é dada pela expressão (17).Isto é,
Logo,
Suponha que num determinado problema hipotético, o barco viaje numa água
em que o coeficiente de atrito de arrastamento seja dado por
Nesse caso, levando os valores de K, tem-se que,
Seja a função que determina a posição do barco em cada instante t. Isto é,
Considerando que o barco inicia o movimento com velocidade
e
dado
Levando os valores na expressão em x, vem que,
Substituindo a expressão dentro do parêntese de acordo com a expansão em
serie de Taylor, tem-se que,
Ajustando os termos e substituindo os valores das grandezas k e obtem-se,
Considerando para o traçado as novas funções representadas pelos primeiros
termos da série de Taylor, tem-se que,
Primeira função dada pelos dois primeiros termos da série,
Segunda função dadas pelos três primeiros termos da série,
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
105
A terceira função dadas pelos quatro primeiros termos da série,
A quarta função dadas pelos cinco primeiros termos da série,
A figura abaixo mostra o comportamento dos gráficos das funções em relação
o gráfico da função exponencial.
As funções consideradas para análise física
do problema do barco mostram que como o problema é real ( físico), os valores
temporais devem ser positivos.
Gráfico 8: Traçado do gráfico da função exponencial e dos gráficos das funções oriundas da
soma dos primeiros termos da série de Taylor.
Fonte: Acervo dos autores
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse artigo se propôs estudar o comportamento das funções dos primeiros
termos da série da Taylor o possibilitou como aquelas funções se harmonizavam e
assumindo a forma da função que originou a série.
Esse comportamento foi verificado em alguns problemas visto ao longo do
texto desse trabalho. Outra questão é a verificação da tamanha importância de
estudar e se dedicar no conhecimento da série de Taylor, tendo em vista as inúmeras
aplicações nas áreas do conhecimento humano, principalmente, na Física e na
própria Matemática.
Dessa maneira, observou-se ao longo do texto que as fórmulas de Euler
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
106
representa, a série de Taylor abrem muitos caminhos para interpretações e
soluções para outros desenvolvimentos e formulações matemáticas, que sob certas
particularidades, mostram-se úteis para explicar alguns fenômenos naturais, como
foi o caso por exemplo, do MHS e do lançamento de um corpo com resistência do ar.
A série de Taylor foi usada para restringir a um caso ideal as funções horárias
do corpo, recaindo na função linear para a velocidade e na função quadrática para
a posição em função do tempo. Do ponto de vista gráfico, mostrou-se os intervalos
em que os gráficos gerados pelos termos da série podem ser considerados para a
descrição do movimento do corpo.
REFERÊNCIAS
APOSTOL, Tom M. Cálculo: Variáveis Úteis, com uma Introdução à Álgebra Linear. 2 ed. Nova York:
John Wiley & Sons, 1967.
BUTKOV, E. Física Matemática. Addison Wesley Publishing Company Inc., Estados Unidos da
América, 1968.
CARMO, Manfredo Perdigão do Carmo. MORGADO, A. C. Morgado. Trigonometria- Números
Complexos. IMPAVITAE, 1992.
GARBI, Gilberto G. O Romance das Equações Algébricas. Makron Books, 1997.
GUIDORIZZI, Luiz Hamilton. Um Curso de Cálculo: Volume 1. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
GUIDORIZZI, Luiz Hamilton. Um Curso de Cálculo: Volume 4. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
STEWART, James. Cálculo: Volume 2. 5 ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning,2006.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 9
107
CAPÍTULO 10
doi
ESTUDO DO MÉTODO DE EXTRAÇÃO DE PROTEÍNAS
DE CARNE BOVINA (BOS TAURUS), UTILIZANDO
PLANEJAMENTO FATORIAL E METODOLOGIA DE
SUPERFÍCIE DE RESPOSTA
das proteínas se deu pelo método de Bradford.
O resultado do planejamento 24 mostrou que os
Data de aceite: 10/12/2019
Jane Kelly Sousa de Brito
Universidade Federal do Ceará – UFC
Fortaleza - CE
Tiago Linus Silva Coelho
Universidade Federal do Piauí – UFPI
Teresina – PI
Darlisson Slag Neri Silva
Universidade Federal do Piauí – UFPI
Teresina – PI
Jardes Figueredo Rego
Faculdade Integral Diferencial - FACID
Naise Mary Caldas Silva
Universidade Federal do Piauí – UFPI
Teresina – PI
RESUMO: O objetivo desse trabalho foi
otimizar condições de extração de proteínas
de carne bovina, empregando planejamento
fatorial fracionado e metodologia de superfície
de resposta. Para a triagem das variáveis foi
aplicado um planejamento fatorial fracionário
24-1 e após este fez-se um novo planejamento
Fatorial + Ponto Central + Estrela. A extração
das proteínas foi realizada com Tris/HCl,
pH 7,5 à 50 °C, massa, tempos de extração,
concentração do extrator, energia microondas e ultrassonica, estabelecidos pelos
planejamentos experimentais. A quantificação
fatores: massa da amostra, tempo de extração
e tipo de energia foram significativos ao nível
de 95% de confiança, além das interações
entre a massa da amostra e o tipo de energia,
massa da amostra e tempo de extração. A
concentração do extrator não demonstrou ser
significativa, sendo fixada em nível conveniente
de acordo com a interpretação do seu efeito.
O modelo quadrático proposto não apresentou
falta de ajuste e obteve um coeficiente de
determinação de 0,93. As melhores condições
encontradas para o método proposto foram de:
0,04 g de massa da amostra 0,05 mol L-1 para
concentração do extrator, tempo de extração de
12 minutos e energia micro-ondas. O método
proposto mostra-se um procedimento confiável,
simples, rápido e acessível, capaz de extrair
altos teores de proteínas utilizando pouca
massa e em um tempo relativamente curto.
PALAVRAS-CHAVE: extração de proteínas;
carne bovina; planejamento fatorial; superfície
de resposta.
ABSTRACT: The objective of this work was
to optimize the extraction conditions of beef
proteins, using fractional factorial design and
response surface methodology. In order to sort
the variables, a 24-1 factorial design was applied
and then a new Factorial + Center Point + Star
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 10
108
design was performed. Protein extraction was performed with Tris / HCl, pH 7.5 at 50
° C, mass, extraction times, extractor concentration, microwave and ultrasonic energy,
tests by experimental design. Protein quantification was by Bradford method. The result
of planning 24 showed that the factors: sample mass, extraction time and energy type
were reached at the 95% confidence level, as well as the interactions between sample
mass and energy type, sample mass and time. extraction The concentration of the
extractor does not prove to be significant and is set at the appropriate level according to
the interpretation of its effect. The proposed quadratic model showed no lack of fit and
recorded a coefficient of determination of 0.93. The best conditions described for the
proposed method were: 0.04 g of sample mass 0.05 mol L-1 for extractor concentration,
extraction time of 12 minutes and microwave energy. The proposed method shows a
reliable, simple, fast and affordable procedure capable of extracting high application
contents using low mass and in a relatively short time.
KEYWORDS: protein extraction; beef; factorial design; response surface methodology
1 | INTRODUÇÃO
Proteínas são biomoléculas complexas de cadeia longa e não ramificada,
compostas por aminoácidos ligados covalentemente através de ligação peptídica
entre o radical amino (-NH2) de um aminoácido e o grupo carboxila (-COOH) de
outro (Nelson & Cox, 2014). As proteínas além de serem o componente celular, são
as biomoléculas mais diversificadas quanto a forma e função (Marzzoco & Torres,
2015). Possuem regiões polares, hidrofóbicas e carregadas que desempenham
papéis fundamentais em processos biológicos: atuam como catalisadores,
transportadores, armazenamento, proteção das células; reguladores, movimento;
estruturais; transmissão de impulsos nervosos; diferenciação celular; participação
da homeostase e coagulação sanguínea, entre outras (Motta, 2011; O'sullivan et al.,
2016; Nelson & Cox, 2014).
A maioria das proteínas possuem uma ou mais estruturas tridimensionais,
ou conformações que representam sua função. A forma estrutural da proteína é
estabilizada, principalmente, por interações fracas tais como interações hidrofóbicas
e forças de Wan Der Waals. Ligações de hidrogênio e interações iônicas são
otimizadas nas estruturas termodinamicamente mais estáveis (Nelson e Cox, 2014).
As proteínas sofrem desnaturação quando perdem a estrutura tridimensional,
podendo perder parcial ou completamente a sua função. Várias condições favorecem
a desnaturação proteica tais como temperaturas altas, pH muito ácido, estresse
mecânico, etc (Motta, 2011; Marzzoco & Torres, 2015).
Dentre as principais fontes de proteínas, destacam-se os diversos tipos de
carnes, sendo a carne bovina umas das mais ricas nesse nutriente. A carne bovina é
um dos alimentos mais consumidos mundialmente, isto se deve principalmente ao seu
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 10
109
alto valor nutricional (FAO, 2015). É composta principalmente por proteínas, lipídios,
vitaminas do complexo B e minerais. Esse alimento não possui fibras dietéticas e
praticamente não contem carboidratos (Cattelam, et al., 2013). A qualidade da carne
bovina é atribuída as suas propriedades físico-químicas (maciez, sabor, cor, odor
e suculência) e está relacionada a diversos fatores como o clima, a genética, a
alimentação, idade, sexo, transporte, a precocidade da raça, entre outros (Carvalho,
2013). Este alimento contém aproximadamente 23% de proteínas, as quais são
compostas por aminoácidos essenciais (não sintetizados pelo organismo humano) e
não essenciais (FAO, 2015)
Existem vários métodos de quantificação de proteínas, em especial o método
de Bradford consiste na ligação do corante Coomassie Blue G250 na sua forma
mais aniônica à proteína. A quantidade de proteína é estimada pela quantidade de
corante na forma iônica azul em 590 nm. Apesar de ser um método muito sensível,
o método de Bradford possui limitações, tais como a variação da absortividade
específica para diferentes proteínas, devido à baixa solubilidade ou baixa massa
molecular das mesmas (Marshall e Williams, 1992).
A extração das proteínas, normalmente é complicada de ser realizada,
principalmente pelo fato de serem moléculas complexas. A primeira etapa para a
extração das proteínas é a lise celular, a qual pode ser obtida através de vários
procedimentos tais como lise osmótica, lise por detergentes, maceração da amostra
e mais facilmente através de meios que forneçam altas energias, tais como ultrassom
e micro-ondas (Leary et al., 2013). Há vários estudos que mostram a eficiência
dessas técnicas, por exemplo, Kang et al., (2016) empregaram a energia ultrassonica
para extrair proteínas em carne bovina, Cravotto et al. (2008), estudaram vegetais
utilizando essas duas técnicas para extração de óleo. Chemat, Huma & Khan (2011)
compararam micro-ondas e ultrassom no processo de extração. A eficiência dessas
duas técnicas é atribuída a ruptura celular, permitindo que a solução extratora entre
em contato com o analito e extraia a maior quantidade possível (Cross, Fung, &
Decareau 2013; Chandrapala et al., 2013; Picó, 2013)
O planejamento fatorial é uma estratégia analítica que pode ser utilizada na
otimização de parâmetros experimentais em um determinado sistema analítico. Os
planejamentos fatoriais fracionários possibilitam o estudo de dezenas de fatores de
uma só vez e fornecem exatamente o tipo de informação que o analista deseja
(Barros Neto, Scarmino, & Bruns, 2010). Para maximizar ou minimizar algum
tipo de resposta é conveniente utilizar a Metodologia de Superfície de Resposta
(RSM). O RSM identifica as variáveis experimentais mais importantes e otimiza
simultaneamente seus níveis, para obter a resposta ideal, executando um número
mínimo de experimentos (Barros Neto, Scarmino, & Bruns 2010; Bezerra, 2008).
Na literatura ainda há poucos trabalhos que visam otimizar a extração de
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 10
110
proteínas em carne bovina utilizando metodologias que economizam tempo,
reagentes e que sejam de fácil acesso para a indústria e comunidade científica.
O objetivo desse trabalho é otimizar condições (tempo, concentração do extrator,
massa e tipo de energia) para extração de proteínas da carne bovina empregando
Planejamento Fatorial e Metodologia de Superfície de Resposta.
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Reagentes
Todas as vidrarias utilizadas para a realização deste trabalho foram
descontaminadas em banho de HNO3 10% (v/v) por no mínimo 24h. As soluções
foram preparadas em água ultrapura obtida a partir de um sistema de purificação
Milli-Q (Millipore®, Brasil). Foram empregados os seguintes reagentes e solventes:
água ultrapura; etanol 95% (Vetec®, Brasil); éter de petróleo (Isofar®, Brasil);
tris(hidroximetil)aminometano grau HPLC (J. T. Baker®, Brasil); coomassie brilliant
blue g-250 (Sigma-Aldrich®, Brasil); ácido fosfórico 85% PA (Vetec®, Brasil); ácido
clorídrico 37% (Merk®, Brasil); fosfato de amônio dibásico (Sigma-Aldrich®, Brasil) e
para a calibração do espectrofotômetro utilizou-se albumina de soro bovino.
2.2 Amostra e preparo da amostra
Foram utilizadas amostras da raça bovina Curraleiro Pé-duro adquiridas, na
EMBRAPA Meio Norte. O corte utilizado nas análises foi a picanha, por ser um dos
cortes bovino mais apreciados. Removeu-se o tecido adiposo da amostra de carne
utilizando uma faca de lâmina de cerâmica. Após este procedimento, cerca de 1,0
kg de amostra foi cortada em cubinhos de 1 cm e liofilizada em liofilizador Liobrás®
modelo Liotop L-101 (Liobrás, São Carlos-SP, Brasil) por 48 horas, após uma etapa de
congelamento de 24 horas à -48 ºC. Posteriormente as amostras foram pulverizadas
em moinho criogênico Marconi® modelo MA775, (Marconi, Piracicaba-SP, Brasil),
utilizando o seguinte programa de congelamento com duas etapas e cinco ciclos:
i) 2 min de pré-congelamento; ii) 2 min de congelamento, intercalado por ciclos de
recongelamento de 2 min. As amostras pulverizadas foram transferidas para tubos
falcon e acondicionadas em um dessecador.
2.3 Planejamento Fracionado 24-1
Para a otimização da extração das proteínas presentes na carne bovina,
inicialmente foi utilizado um planejamento fatorial fracionado do tipo 24-1 como fase
de triagem das variáveis. As variáveis selecionadas foram: massa da amostra, tempo
de extração, concentração da solução extratora e tipo de energia (Tabela 1).
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 10
111
Variáveis
Símbolos
Massa (g)
Níveis e código das variáveis
-1
+1
x1
0,1
0,3
Concentração do Extrator (mol/L)
x2
0,05
0,10
Tempo (mim)
x3
20
30
Tipo energia
x4
Ultrassom
Micro-ondas
Tabela 1 - Variáveis e níveis do planejamento fatorial fracionado 24-1.
2.4 Planejamento Fatorial 22 + Ponto Central + Estrela
Após a triagem das variáveis através do planejamento fatorial fracionado 24-1
para a extração das proteínas, partiu-se para um novo planejamento 22 com ponto
central + estrela a fim de se obter um modelo empírico que explicasse os dados e
permitisse maximizar a extração de proteínas. Nesse novo domínio experimental
foram inseridas as variáveis significativas e novos pontos em volta dos níveis que
apresentavam uma maior eficiência na extração das proteínas (Tabela 2). A validação
do modelo empírico gerado foi realizada através de análises de variância (ANOVA),
gráfico de resíduos e valores previstos versus experimentais.
Variáveis
Níveis e código das variáveis
Símbolos
s
-1
0
+1
Massa (g)
x1
0,04
0,07
0,1
0,130
0,160
Tempo (mim)
x3
12
16
20
24
28
Tabela 2 - Variáveis e níveis do planejamento fatorial 22 + Ponto Central + Estrela.
2.5 Extração das proteínas
Para as extrações das proteínas, a massa da amostra foi submetida à energia
micro-ondas e ultrassonica, na presença de 6 mL de solução extratora Tris-HCl, à
50 ºC. As condições de extração como tempo, concentração da solução extratora,
massa da amostra e tipo de energia estão definidas pelo planejamento experimental
(Tabela 1). Em seguida, os extratos obtidos foram submetidos a centrifugação em
uma centrífuga refrigerada por 10 min a 10000 rpm a 25°C.
Após a centrifugação, o sobrenadante foi coletado e misturado com 5 mL de
éter de petróleo. A mistura foi submetida a agitação magnética durante 10 min e
centrifugada por 5 min a 10000 rpm a 25°C, após a centrifugação descartava-se a
fase etérea. Esta etapa que visa a remoção dos lipídios foi repetida três vezes. Os
extratos proteicos obtidos da amostra de carne bovina foram armazenados em tubos
Falcon a -20°C para posteriores análises.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 10
112
2.6 Quantificação das proteínas
Após a realização dos protocolos de extração, a concentração total de proteínas
foi determinada pelo método de Bradford (1976). A quantificação das proteínas foi
realizada por espectrofotometria de absorção molecular, utilizando-se uma alíquota
de 200 μL da amostra ou padrão, juntamente com 2500 μL do reagente de Bradford
ambos em uma cubeta. O tempo de reação antes da leitura realizada no comprimento
de onda de 595 nm foi de 4 minutos.
Usando o padrão de albumina sérica bovina para a calibração do
espectrofotômetro, foi preparado uma solução estoque de 1000 mg L-1 dissolvendose 10 mg de albumina em 10 mL de tampão fosfato (pH 7,2 a 0,1 mol L-1), esta
solução foi agitada em vortex por aproximadamente 1 min. As concentrações dos
padrões da curva analítica foram de 15, 25, 50, 75, e 100 μg mL-1 de albumina
bovina. Todas as medidas foram realizadas em triplicata.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Planejamento Fracionário 24-1
As variáveis para a otimização do método (Tabela 1) foram escolhidas baseandose nas principais condições de extração de proteínas reportadas na literatura por
diversos autores (Selmane, 2008; Seo et al., 2015; Walczyk et al., 2016; Zhao et
al., 2015; Phongthai, Lim & Rawdkuen, 2016; Durmus & Evranuz, 2010). Foram
escolhidos as variáveis e níveis que proporcionassem melhores condições de
extração de custo baixo, com baixa geração de resíduos e de maior acessibilidade
para a indústria e comunidade científica.
Um planejamento fatorial fracionário de dois níveis foi utilizado para determinar
a influência desses quatro fatores e suas interações. Foram definidos dois níveis
(mínimo e máximo) para as variáveis (Bezerra, 2008). O agente extrator utilizado foi o
cloridrato de trihidroxiaminometano (Tris/HCl) que proporciona alta solubilização das
proteínas e é muito utilizado atualmente (Restelli et al., 2014; (Danielsen; Pedersen
& Bendixen, 2011). O pH foi mantido em 7,5, para garantir a quebra das pontes
de metileno, possibilitando maior disponibilidade das proteínas para dissolução
no agente extrator (Guist & Lucacchuni, 2013). A Tabela 3 apresenta a matriz de
planejamento com as determinações do teor de proteína, em duplicata, para cada
ensaio. Adicionalmente são reportados as respectivas médias e variâncias. Com as
variáveis e seus respectivos níveis estudados foi obtido uma média de 66,19 mg g-1
de proteína para os 8 experimentos realizados em duplicata. Os efeitos dos fatores
foram calculados para a realização de uma triagem das variáveis que exercem uma
influência mais pronunciada no teor de proteína extraída.
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Capítulo 10
113
Ensaios
Variáveis Codificadas
(mg g-1)
x1
x2
x3
x4
Rep 1
Rep 2
Média
Variância
E1
-1
-1
-1
-1
37,9835
36,7599
37,3717
0,748579
E2
+1
-1
-1
+1
53,9460
54,9976
54,4718
0,55291
E3
-1
+1
-1
+1
139,476
117,4372
128,456
242,862
E4
+1
+1
-1
-1
61,1493
64,8299
62,9896
6,773151
E5
-1
-1
+1
+1
136,736
133,578
135,157
4,98615
E6
+1
-1
+1
-1
33,6737
31,5789
32,6263
2,194071
E7
-1
+1
+1
-1
45,3157
44,6140
44,9649
0,24623
E8
+1
+1
+1
+1
35,0877
31,9266
33,5071
4,996137
Tabela 3 - Planejamento fatorial fracionário 24-1 para extração de proteínas da carne bovina.
Na Tabela 4 estão expostos os principais efeitos obtidos das variáveis x1, x2,
x3, x4 e suas interações secundárias: x1x2, x1x3 e x1x4. Dentre todos os efeitos
principais calculados podemos destacar os mais significativos como massa da
amostra (x1), tempo de extração (x3), o tipo de energia utilizado (x4), já para os
efeitos secundários temos a interação entre a massa da amostra e tempo de extração
(x1x3), massa da amostra e tipo de energia (x1x4).
x1
-40.59
x2
2.07
x3
-9.26
x4
43.41
x 1x 2
2.13
x 1x 3
-16.41
x 1x 4
-47.23
Tabela 4 – Efeitos calculados.
A Figura 1 mostra a análise dos efeitos, num gráfico escalado pelo erro dos
efeitos, onde podemos observar as variáveis que apresentam efeitos mais intensos
no teor de proteína extraída ao nível de 95% de confiança. Foram significativos os
efeitos de primeira ordem para: massa da amostra (x1); tempo de extração (x3); e tipo
de energia empregada (x4), já para as interações secundárias foram significativas
aquelas entre: massa da amostra e tempo de extração (x1x3); massa da amostra e
tipo de energia utilizada (x1x4).
O tipo de energia apresentou efeito intenso tendendo para o nível mais alto,
ou seja, a energia micro-ondas foi mais eficiente. A eficiência do micro-ondas
foi reportada por Chemat, Huma e Khan (2011), onde aplicaram o ultrassom em
processos de extração e compararam com a eficiência do micro-ondas, sendo
este mais eficiente, já que o aquecimento da amostra ocorre de forma homogênea
por vibração molecular, enquanto que a radiação ultrassonica ocorre por micro
explosões na água gerando um aquecimento não uniforme na amostra. Os próximos
experimento foram realizados empregando apenas a energia micro-ondas, uma vez
que se trata de uma variável qualitativa, sendo otimizada no planejamento fatorial 24-1.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 10
114
A concentração do extrator não demonstrou ser significativa, no entanto, apresentou
valor positivo para o efeito, apontando para a concentração no nível alto (0,05 mol
L-1) para uma maior eficiência de extração. Observou-se neste nível um percentual
de rendimento 2,4% maior em comparação ao nível baixo estudado. Portanto, a
concentração no nível alto (0,05 mol L-1) foi mantida para extrações posteriores.
Estes dados encontrados estão consistentes com trabalhos anteriores de Marcos &
Mullen, (2014), onde empregaram-se o Tris/HCl para extração proteica em músculo
bovino utilizando concentração de 0,05 mol L-1, Rigueira et al., (2016) também extraiu
proteínas utilizando Tris/HCl 0,05 mol L-1 em sementes de aveia.
Figura 1 – Diagrama de efeitos padronizados.
3.2 Planejamento Fatorial 22 + Ponto Central + Estrela
O planejamento fatorial fracionário permitiu a realização da triagem das variáveis
e das interações que se mostraram significativas a um nível de confiança de 95%. A
partir desses dados obtidos foi realizado um planejamento fatorial 22 + Ponto Central
+ Estrela (Tabela 2) com as duas variáveis mais significativas (massa da amostra e
tempo de extração), utilizando o tampão extrator Tris-HCl com concentração 0,05 mol
L-1 e a energia micro-ondas (otimizados anteriormente). Neste planejamento, cada
variável foi estudada em cinco níveis diferentes, os quais abrangem de
. A Tabela 5 mostra o planejamento fatorial efetuado com os níveis codificados e
os resultados obtidos quando todos os ensaios foram analisados. A média global
do teor de proteína para este planejamento foi de 162,49 mg g-1, o que demostra
um aumento de rendimento no processo de extração quando comparado com o
planejamento fracionário 24-1 (66,19 mg g-1).
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 10
115
Tabela 5 - Planejamento Fatorial 22 + Ponto Central + Estrela para a extração de proteínas (teor
de proteína em mg g-1)
Os dados do novo planejamento foram submetidos à análise de variância
(ANOVA), mostrada na Tabela 6. Pode-se observar através da ANOVA que o modelo
não apresentou falta de ajuste, uma vez que o teste F para MQFaj relacionada com
a MQEP mostrou que estas variâncias não são significativamente diferentes com
Fcalculado < Ftabelado. Além disso, as MQR e MQr se mostraram estatisticamente
diferentes (o modelo é signifiativo) com um Fcalculado > Ftabelado. Isto confirma
a robustez do modelo no que diz respeito à previsão do teor de proteína extraído
dentro da janela experimental estudada. Em ambos os casos o nível de confiança
utilizado foi de 95%. O valor de r2 foi igual a 0,9349. Estudo anterior para otimização
da extração de proteínas em sementes de melancia relatou um valor de R2 igual
83,9% (WANI et al., 2008), Durmus & Evranuz (2010) encontrou um R2 igual 96,7%
para sementes de pimenta vermelha & Mizubiti et al., (2000) encontrou R2 igual
74,48% para extração de proteínas do feijão.
Tabela 6 - ANOVA para o Planejamento Fatorial 22 com Ponto Central + Estrela.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 10
116
Na Figura 2 tem-se as respostas obtidas no Planejamento Fatorial 22 + Ponto
Central + Estrela, através da superfície de resposta (2a) e gráfico de contorno (2b)
da massa da amostra em relação ao tempo de extração. Essa Figura mostra que
o aumento na eficiência da extração está tendendo para o nível mais baixo (
)
nos dois eixos (variável massa e variável tempo). Desta forma, a máxima eficiência
de extração ocorre num tempo de 12 minutos, e utilizando pouca massa da amostra
(0,04 g), isso significa uma ótima condição em futuras análises, pois necessita-se de
menos massa, gerando-se menos resíduos e ao reduzir o tempo de extração exigese menos esforço dos analistas, aliado a um menor consumo de energia elétrica com
os equipamentos.
O tempo de extração de proteínas foi estudado por outros autores como Wani
et al., (2006), este mostrou que o tempo ótimo para máxima extração de proteínas foi
15 mim, ele estudou extração de proteínas temperaturas de 5,10,15, 20 e 25 minutos.
Em outro trabalho, Drumus e Evranuz (2010) investigaram o tempo de extração de
20, 30, 40, 50 e 60 minutos, obtendo 20 minutos como o melhor tempo para máxima
extração de proteínas. Nesse contexto, pode-se observar que a quantidade de
proteína extraída diminui a partir de um determinado tempo, ou seja, a quantidade
de produto disponível se mantém constante.
Figura 2 – Respostas obtidas no Planejamento Fatorial + PC + Estrela: a) superfície de
resposta da massa em relação ao tempo; b) gráfico de contorno obtido para a otimização das
variáveis massa da amostra e tempo de extração das proteínas.
O teor total de proteína encontrado no ponto máximo de cada variável otimizada
foi aproximadamente 24,5 g de proteína por 100 g de carne bovina. Este valor é
superior àquele reportado por Bohrer, (2017) onde o teor de proteína variou de 17,17
a 23,27 g por 100g em lombo bovino, Whitesell et al., (2014) investigou o efeito do
tempo de congelamento e encontrou um teor de proteína de 20,82 a 22,13 em carne
bovina. Silva et al., (2002) obtiveram valores de 22,0 a 23,9% para o músculo de
novilhas Euro zebu e Vaz et al., (2001) estudaram diferenças entre bovinos inteiros
e castrados e encontraram um teor médio de proteínas em torno de 26,3 %.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 10
117
4 | CONCLUSÃO
De
acordo
com
os
resultados
apresentados
o
método
obtido
foi
estatisticamente significativo a 95% de confiança. O modelo quadrático proposto
para os dados experimentais não apresentou falta de ajuste e revelou o coeficiente
de determinação de 0,93. Com a equação final do modelo empírico gerado e análise
do gráfico de superfície resposta, foi possível utilizar a otimização multivariada
para maximizar o teor de proteína extraída. Sendo as condições ótimas de trabalho
estabelecidas utilizando forno de micro-ondas, massa da amostra igual a 0,04 g,
0,05 mol L-1 de Tris/HCL e tempo de extração igual a 12 minutos.
O teor de proteína extraído foi significativamente maior do que alguns relatados
na literatura, demonstrando a grande capacidade do método. Portanto, o método
proposto para otimização do processo de extração de proteínas em carne bovina,
revelou-se um procedimento confiável, simples, rápido e acessível, capaz de extrair
altos teores de proteínas utilizando pouca massa e em um tempo relativamente curto.
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As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 10
120
CAPÍTULO 11
doi
FERRAMENTA DE REALIDADE AUMENTADA
UTILIZANDO KINECT PARA ESTUDOS TOPOGRÁFICOS
Data de aceite: 10/12/2019
Bruno dos Santos Belaguarda
Universidade Franciscana
Santa Maria – Rio Grande do Sul
Alessandro André Mainardi de Oliveira
Universidade Franciscana
Santa Maria – Rio Grande do Sul
Gustavo Stangherlin Cantarelli
Universidade Franciscana
Santa Maria – Rio Grande do Sul
Guilherme Chagas Kurtz
Universidade Franciscana
Santa Maria – Rio Grande do Sul
RESUMO: Com o avanço das tecnologias de
ensino, o presente trabalho apresenta a proposta
de um software de realidade aumentada
projetada em uma caixa de areia para estudos
topográficos, com auxílio do Kinect e um projetor.
Para o desenvolvimento desse software, será
usada a linguagem de programação C# junto a
XAML. Com isso, foi escolhida à metodologia
ágil, FDD para criar a documentação necessária
para o desenvolvimento desta ferramenta.
PALAVRAS-CHAVE: Realidade Aumentada,
topografia, kinect.
AUGMENTED REALITY TOOL USING
KINECT FOR TOPOGRAPHIC STUDIES
ABSTRACT: With the advancement of teaching
technologies, the present work presents the
proposal of an augmented reality software
applied to a sandbox for topographic studies,
with the aid of Kinect and a projector. For
the development of this software, the C #
programming language will be used, along
with XAML. With this, was chosen to the agile
methodology, FDD to create the necessary
documentation for the development of this tool.
KEYWORDS: Augmented Reality, Topography,
Kinect
1 | INTRODUÇÃO
O uso de novas tecnologias de ensino,
em escolas, universidades e em outras
instituições vem aumentando, mostrando-se
um método mais prático e atrativo para alunos
e professores, tornando a aprendizagem
mais entendível para o aluno, fazendo com
que o mesmo tenha um maior interesse pelo
assunto tratado, e para o professor uma maior
facilidade de ensino devido a familiaridade que
os jovens tem com ambiente tecnológico, isso
agregando mais conhecimento aos dois lados
[G1 2018].
Conforme Di Maio (2011), existe um
desafio de uso de novas tecnologias para
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 11
121
professores no ensino da geografia, ou seja, da topografia consequentemente,
com a familiarização dos jovens com a tecnologia este trabalho propõe além de
apenas um ensino teórico dentro de uma sala de aula, um contato prático com o
que foi aprendido teoricamente, com isso colaborando para uma maior absorção do
conteúdo por parte dos alunos.
Assim foi desenvolvido um software, que se engaje nesse meio tecnológico de
ensino, tendo como enfoque a aprendizagem em topografia, para isso foi usada a ideia
de realidade aumentada com sobreposição de efeitos digitais que foram projetados
em cima de uma caixa com areia, oferecendo uma maneira prática e atrativa de
explorar os processos da topografia. Além disso, foi utilizado para o desenvolvimento
do mesmo, a linguagem de programação C#, em conjunto com XAML para criação
da interface, utilizando à User Interface WPF (Windows PresentationFundation),
para seu desenvolvimento.
1.1 Objetivo geral
desenvolvido um software integrado ao Kinect com potencial para automatizar
o processo de avaliações topográficas, possibilitando ao professor demonstrar
na prática o aprendizado teórico, mostrando as técnicas da topografia e relevos,
facilitando a interação professor aluno.
1.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos do presente trabalho são os seguintes:
• Estudo do funcionamento do Microsoft Kinect;
• Estudo do Kit de Desenvolvimento (SDK) da Microsoft;
• Estudo sobre a linguagem de programação C# e XAML;
• Estudo dos sensores do Microsoft Kinect;
• Estudo sobre o padrão de cores RGB;
• Estudo sobre topografia, altimetria, relevos;
• Desenvolver uma aplicação para auxilio no ensino da topografia.
2 | REFERENCIAL TEÓRICO
A seguir nesta seção serão apresentados conceitos relativos a área da geografia
etecnológica, que serão necessários para a compreensão desse trabalho.
2.1 Topografia
Segundo Veiga et al. (2007) origem da palavra topografia vem da palavra
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 11
122
TOPOS, em grego, que significa lugar e GRAPHEN que significa descrição, assim,
de uma forma bastante simples, Topografia significa descrição do lugar. Algumas
definições:
“A Topografia tem por objetivo o estudo dos instrumentos e
métodos utilizados para obter a representação gráfica de uma
porção do terreno sobre uma superfície plana” (DOUBEK 1989).
“A Topografia tem por finalidade determinar o contorno, dimensão e posição relativa
de uma porção limitada da superfície terrestre, sem levar em conta a curvatura
resultante da esfericidade terrestre” (ESPARTEL 1987).
Portanto a topografia tem por finalidade determinar o contorno, dimensão e
posição relativa de uma porção limitada de superfície terrestre, sem levar em conta
a curvatura da terra. Ou seja, sempre será possível figurar em um plano horizontal
a imagem da região considerada representando todas as suas particularidades
notáveis, naturais ou artificiais do terreno.
Assim conforme Espartel (1987), a topografia é uma ciência aplicada baseada
na Geometria e na Trigonometria, onde a sua representação pode conter todos os
detalhes da configuração do solo, mesmo que esse tenha detalhes artificiais como
canais, estradas, prédios, etc. Além disso a topografia é subdividida em dois tipos de
casos Planimetria e Altimetria.
A Planimetria é a representação em projeção horizontal dos detalhes existentes
na superfície, ou seja, estuda a posição dos pontos e medidas, considerando todos
em um mesmo plano (Espartel 1987).
A altimetria permite fixar, por meio de cotas ou quaisquer sinais convencionais,
o relevo do terreno, isto é, a expressão exata de sua forma, ou seja, diferente da
planimetria que estuda uma representação a partir de plano horizontal, a altimetria
faz a determinação das alturas dos pontos topográficos em relação a um plano
vertical de referência (Espartel 1987).
Na altimetria é usado um sistema representativo de cores baseados no padrão
RGB, que serão representadas nas escalas do respectivo relevo onde acontece a
mudança de cores como no exemplo da Figura 1.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 11
123
Figura 1. Imagem mostrando a representatividade de cores usadas em um relevo [Furrier 2018].
2.2 Relevo
O relevo é onde as transformações geológicas se expressam mais
nitidamente, conforme Bertolini et al. (2009), o relevo é um aspecto da
natureza e faz parte do espaço físico que exerce grande fascínio sobre os
olhares atentos à paisagem, suas dinâmicas de formação tem base em suas
fisionomias externas que são montanhas, planaltos, planícies e depressões.
2.3 Microsoft Kinect
O dispositivo Kinect (Figura 2), foi desenvolvido pela Microsoft para games,
onde substituiria o apertar de botões de um controle, pelos movimentos do jogador.
Lançado em novembro de 2010 como um acessório para o console Xbox360 e para
competir com o WII da Nintendo (Canaltech 2015).
Figura 2. Imagem mostrando detalhes do Microsoft Kinect [Canaltech 2015].
O Kinect possui um sofisticado algoritmo de processamento paralelo necessário
para extrair o mapa de profundidade a partir da luz estruturada recebida. E segundo
Crawford (2010), para possuir mais precisão nas informações dos sensores, as
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 11
124
imagens são alinhadas pixel a pixel, ou seja, cada pixel de imagem colorida é
alinhado a um pixel da imagem de profundidade. Além disso, o Kinect sincroniza (em
tempo real) todas as informações dos sensores (profundidade, cores e áudio) e as
entrega através do protocolo Serial. A tecnologia inovadora por trás do Kinect é uma
combinação de software e hardware. Além disso Crawford (2010) cita três elementos
inovadores no hardware do sensor Kinect:
• Câmera de vídeo VGA colorida - Esta câmera de vídeo ajuda no
reconhecimento facial e em outros recursos de detecção, detectando
três principais cores: vermelho, verde e azul. A Microsoft chama isso de
"câmera RGB", referindo-se aos componentes de cor que ele detecta.
• Sensor de profundidade - Um projetor infravermelho e um sensor
monocromático, trabalham juntos para se ajustar ao ambiente e “enxergalo” em 3-D, independentemente das condições de iluminação.
• Microfone multi-matriz - Esta é uma série de quatro microfones que podem
isolar as vozes dos jogadores do ruído no ambiente. Isso permite que a
uma distância considerável do Kinect o usuário ainda possa usar controles
de voz.
O principal item do sensor Kinect que será utilizado para o projeto, será seu
sensor de profundidade (Infravermelho), este permite o Kinect escanear o ambiente,
retornando dados de distâncias. Estes dados serão usados como modelo de altitudes,
para serem trabalhados junto com as cores do sistema RGB.
Além disso, foi utilizado o Kit de Desenvolvimento de Software (SDK) do Kinect
para Windows permite que desenvolvedores criem aplicativos que reconheçam
gestos, voz, usando a tecnologia dos sensores do Kinect (MICROSOFT 2013).
2.4 Projetor multimídia
O projetor multimídia é um dispositivo óptico mecânico que é capaz de produzir
imagens a partir de TVs, computadores, notebook etc. Através de uma tecnologia
denominada DLP (Dual Light Processing) em alguns, e outros com a tecnologia LCD
(Liquid Cristal Display), estes equipamentos têm uma lente convergente (objetiva),
quefornece imagens reais, invertidas e maiores que o objeto, podendo ser de um
slide ou filme (Alecrim 2007).
2.5 Microsoft visual studio
Microsoft Visual Studio é um ambiente de desenvolvimento integrado da
Microsoft para desenvolvimento de software utiliza-se das linguagens C, C++, C# (C
Sharp) e J# (J Sharp) (Microsoft 2018).
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 11
125
2.5.1 WPF
Segundo Moreira (2009), de uma forma geral um programa criado em WPF
é composto por duas partes, uma parte criada em XML, chamada de XAML, onde
fica a aparência do programa desenvolvido, ou seja, à interface gráfica, e as
funcionalidades dessas interfaces, implementadas em C#. O WPF suporta interação
com interfaces de aplicação em 2D e 3D.
2.5.1.1 C SHARP
C Sharp ou (C#) é uma linguagem de programação orientada a objetos
desenvolvida pela Microsoft, faz parte da plataforma .NET e está entre as mais
utilizadas no mundo. Apesar de possuir uma sintaxe bem parecida com outras
linguagens populares como C, C++, Java e Object Pascal, foi uma linguagem criada do
zero, mesmo assim possui muitos elementos da linguagem pascal e Java. De acordo
com a Microsoft (2016), C# é compilado para Common IntermediateLanguage(CIL)
que é interpretado pela máquina virtual Common LanguageRuntime(CLR). É uma
linguagem de programação multi-paradigma fortemente tipada.
2.5.1.2. XAML
Conforme Marcoratti (2015), XAML é uma linguagem de marcação declarativa,
ou seja, ela simplifica a criação de uma interface de usuário para um aplicativo
feito em WPF. O XAML além de ser baseado em XML, representa diretamente a
instanciação de objetos em um conjunto específico de tipos de suporte definidos em
assemblies. Isso é diferente da maioria das outras linguagens de marcação, que são
geralmente uma linguagem interpretada sem um vínculo direto para um sistema de
tipos de suporte. Ou seja, XAML habilita um fluxo de trabalho em partes separadas
que podem trabalhar juntas na interface do usuário e na lógica da aplicação, usando
ferramentas potencialmente diferentes no caso C# e XML juntos na mesma aplicação.
2.6 FDD
FeatureDrivenDevelopment – FDD, foi criado em 1997, por Peter Coad a partir
de experiência de análise e modelagem. E segundo Goyal (2007), o FDD não possui
uma restrição quanto ao tamanho da equipe, que neste projeto foi executado por
somente uma pessoa. Além disso Goyal (2007) descreve o FDD em cinco processos.
As etapas do FDD, onde a primeira é de concepção e planejamento, executada
apenas uma vez durante todo o projeto, e a fase de construção que ocorre enquanto
existirem funcionalidades a serem implementadas. Essas duas etapas são formadas
por cinco processos, que serão descritos abaixo.
• Desenvolver um modelo abrangente: Aqui se faz o entendimento do produto
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 11
126
através dos requisitos, junto as especificações de cada funcionalidade.
• Construir a lista de funcionalidades: Fase em que é criada uma lista de
funcionalidades, através do que foi identificado na etapa anterior, devendo
cada item dessa lista ter a aceitação do cliente.
• Planejar por funcionalidades: Aqui cada função criada deve ser executada,
seguindo suas prioridades.
• Detalhar por funcionalidades: Onde cada funcionalidade vai ser modelada
de acordo com as necessidades, como: protótipos de telas, diagramas de
domínio etc.
• Construindo por funcionalidades: Fase final onde o Código de cada
funcionalidade do produto deve ser desenvolvido.
3 | TRABALHOS CORRELATOS
Nesta seção, são descritos trabalhos similares a proposta do presente trabalho.
3.1 Sandbox
Segundo Kreylos (2016), o projeto SandBoxcombina aplicativos de visualização
3D com uma exposição prática para ensinar conceitos geográficos. A caixa de areia
de realidade aumentada (AR) permite que os usuários criem modelos de topografia
moldando a areia real, que é então aumentada em tempo real por um mapa de
cores de elevação, linhas de contorno topográficas e água simulada. O sistema
ensina conceitos geográficos, geológicos e hidrológicos, como a leitura de um mapa
topográfico, o significado de linhas de contorno, bacias hidrográficas, áreas de
captação, diques etc.
A aplicação SandBox funciona apenas no Sistema Operacional Linux Mint,
utiliza de um kit de ferramentas para desenvolvimento das cores chamado VruiVr
Toolkit, o kit de ferramenta do Kinect, um projetor e computador, como mostra a
Figura 3.
Figura 3. Layout simplificado da sandbox (Kreylos 2016).
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 11
127
A Figura 4 mostra o exemplo do projeto SandBox já concluído.
Figura 4. Sandbox em funcionamento. (Kreylos 2016).
A sua diferença com a proposta desse trabalho, é que em vez de ser uma
aplicação que funcione apenas no Linux mint como o SandBoxe use ferramentas
para criação das cores, a aplicação proposta no trabalho foi desenvolvida usando C#
e XAML, então a intenção que com desenvolvimento deste software seja facilitado
o uso aos usuário e também com seu funcionamento em Windows, seja alcançando
uma maior quantidade de usuários já que conforme o site G1 (2017) o Windows
ainda é o sistema operacional mais usado em 84% dos computadores.
4 | METODOLOGIA
Esta seção tem por objetivo seguir cada processo do desenvolvimento do
projeto, seguindo os padrões da metodologia FDD.
Segundo o autor Sommerville (2011), os métodos ágeis “destinam-se a entregar
um software rapidamente aos clientes”, já que legislação muda frequentemente,
e a metodologia ágil em geral conta com interação para certas especificações,
assim sendo capaz de acompanhar o desenvolvimento no qual os requisitos têm
mudanças tão frequentes. Com isso é de fundamental importância que se tenha um
planejamento e uma organização, para auxiliar no desenvolvimento do projeto. E a
fim de ter uma boa organização, documentação e otimização do tempo, é necessário
que se utilize uma metodologia adequada.
4.1 Projeto do software
Para o desenvolvimento do software foi usado a UI (User Interface) WPF, e
definiu-se C# como linguagem de programação e XAML para desenvolvimento da
interface, já a metodologia ágil que foi utilizada, a FeatureDrivenDevelopment(FDD),
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 11
128
com intuito de obter um melhor resultado, pois esta metodologia atende as
necessidades demandadas deste trabalho.
4.1.1 Desenvolvendo um modelo abrangente
Responsável por apresentar uma visão geral do objetivo do projeto, é observado
o Diagrama de Domínio (Apêndice A).
4.1.2 Requisitos funcionais e não funcionais
Aqui são apresentados os requisitos funcionais e não funcionais do sistema,
assim como uma descrição e a complexidade dos mesmos. Seguindo a metodologia
utilizada.
4.1.3 Planejamento por funcionalidade
Na etapa de planejamento por funcionalidade foi definido o ordenamento para
implementação, onde será estimado um tempo de desenvolvimento para cada
funcionalidade da ferramenta.
4.1.4 Detalhando por funcionalidade
Nesta etapa, foi desenvolvido o Diagrama de Caso de Uso, com o objetivo de
obter uma melhor visão do cenário da aplicação, sendo possível visualizar as ações
do ponto de vista do usuário.
Segundo Booch (2006) o Diagrama de Atividade, é um diagrama que demonstra
o fluxo, ou seja, mostra o fluxo de controle de uma atividade para outra, e a interação
entre o usuário, o sistema, o Kinect e o projetor.
4.1.5 Construindo por funcionalidade
Na última fase da metodologia será mostrado Diagrama de Classes que ilustra
um conjunto de classes, interfaces, colaborações e as relações entre os objetos.
5 | IMPLEMENTAÇÃO
A implementação do software foi realizada utilizando o WPF(Windows
Presentation Foundation), que separa o sistema em partes que facilitam o seu
desenvolvimento, separado na programação em C# e as interfaces usando XAML.
A partir disso, a principal função do software começa com o processamento
de cores, o que dará a ideia da altimetria, para isso é usado um Kinect, este que
retorna os dados de distância que são capturados pela sua câmera, através de um
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 11
129
método chamado DepthImageFrame, este método informa acesso as dimensões
da imagem, os dados e permite o mapeamento das coordenadas, e retorna valores
de distância e detecção de jogadores, no trecho de código mostrado na Figura 5,
pode ser visto a parte de verificação do DepthImageFrame. onde a partir de que ele
exista, seja gerado bytes coloridos para imagem, após isso é recebido os valores de
distância e os valores das cores, então estes valores são passados para a imagem.
Figura 5. Código de conexão com a câmera de profundidade do Kinect.
No próximo trecho de código Figura 6, é mostrado como é conseguido as
distâncias de profundidade, através da variável depth no método GerarBytesDeCor,
este depth recebe apenas os bits que definem os valores referentes a distância, ou
seja, a profundidade, com esses dados em milímetros. Após isso são definidas as
variáveis onde serão informados os valores das cores: vermelho, verde e azul. Então
é definido que a cada 1cm de distância será informada uma cor, tirando a base e o
topo que são distâncias diferentes das demais. Os valores das cores informadas a
cada 1cm de distância são de cores usadas em mapas altimétricos.
A partir disso, foi desenvolvida uma interface principal com um menu, contendo
3 opções: Iniciar, Câmera e Ajuda como pode ser visto na Figura 6.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 11
130
Figura 6. Interface do menu.
Com isso selecionado a opção “Iniciar”, é começado o trabalho com as cores
onde, estas serão projetada em cima da areia, e com movimento da areia poderá
ser criado a ideia de altimetria, e diferentes tipos relevos, atualizados em “tempo
real”, a cada movimento, podendo ser vista as atualizações na tela do computador
em fullscreen, e projetas na areia. Ao selecionar a opção “Câmera”, é mostrado a
imagem da câmera do Kinect, sem o trabalho de cores, para melhor visualização e
ajuste do mesmo como mostra a Figura 7, um comparativo com o Iniciar e abaixo a
Câmera.
Figura 7. Comparativo das interfaces da “Câmera” e “Iniciar”, ambas em “fullscreen”.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 11
131
Ao selecionar a opção “Ajuda”, será mostrada uma janela com dicas de
distância ideal do Kinect, ajustes no projetor, tamanho de caixa entre outras, também
é mostrado nesta interface um exemplo do software em execução, com os níveis
altimétricos e cores usadas em cada nível, Figura 8.
Figura 8. Interface de ajuda.
6 | RESULTADOS
Após a implementação, começou-se o desenvolvimento do projeto, onde foi
criado uma caixa com 1m de comprimento e 0,75cm de largura, com o Kinect a 91cm
do fundo da caixa, e o projetor a 1,30m.
Os resultados obtidos, foram os desejados, onde com a projeção feita pelo
projetor teve-se a sensação de realidade aumentada e em “tempo real”, podendo ser
modificadas as formas da areia para criação de relevos como planícies, planaltos,
montanhas entre outros, também com a ideia de altimetria inclusa, onde são mostrado
os níveis de altitude em cores no relevo que foi criado na areia, como pode ser visto
na Figura 9.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 11
132
Figura 9. Projeto desenvolvido.
7 | CONCLUSÃO
Com o desenvolvimento da proposta deste trabalho, tem se uma nova ferramenta
tecnológica para o ensino na área da Geografia em instituições de ensino, e que
o desenvolvimento feito para Windows facilite o seu uso, abrangendo uma área
maior. Busca-se, também que quando os usuários remodelem a areia, eles acabem
reconhecendo suas ações e acabem sendo atraídos pela ferramenta que dará a
percepção de uma realidade aumentada, e acabe servindo para demonstrar uma
ampla gama de conceitos sobre a geografia, isso interativamente.
Para isso foi usada uma sobreposição de efeitos digitais que serão projetados em
cima de uma caixa com areia, oferecendo uma maneira prática e atrativa de explorar
os processos da topografia. Além disso, será utilizado para o desenvolvimento do
mesmo, a linguagem de programação C#, em conjunto com XAML para criação da
interface, utilizando à User Interface WPF, para seu desenvolvimento.
Subsequente a isso, haveria a possibilidade de implementar a ferramenta dados
planimétricos, como distâncias entre pontos, isso a partir de uma implementação
de escalas também onde o Kinect mediria a caixa e a partir do cálculo de escalas,
também efeitos de água, e chuva como são mostrados no exemplo do trabalho
correlato.
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Capítulo 11
134
CAPÍTULO 12
doi
FITÓLITOS DE PLANTAS E SOLOS DA MATA ATLÂNTICA
NA ILHA GRANDE, RIO DE JANEIRO
Data de aceite: 10/12/2019
Heloisa Helena Gomes Coe
Faculdade de Formação de Professores da UERJ,
Departamento de Geografia; São Gonçalo - RJ
Yame Bronze Medina Ramos
Programa de Pós-graduação em Dinâmica dos
Oceanos e da Terra, Departamento de Geologia,
Universidade Federal Fluminense; Niterói - RJ
André Luiz Carvalho da Silva
Faculdade de Formação de Professores da UERJ,
Departamento de Geografia;
São Gonçalo - RJ
Emily Gomes
Faculdade de Formação de Professores da
UERJ, Departamento de Ciências Biológicas; São
Gonçalo - RJ
Leandro de Oliveira Furtado de Sousa
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde,
Universidade Federal Rural do Semi-árido;
Mossoró – RN
Kita Damasio Macario
Instituto de Física, Universidade Federal
Fluminense; Niterói - RJ
Raphaella Rodrigues Dias
Programa de Pós-graduação em Dinâmica dos
Oceanos e da Terra, Departamento de Geologia,
Universidade Federal Fluminense; Niterói – RJ
RESUMO: Este estudo objetivou contribuir
para o conhecimento das condições ambientais
da Ilha Grande no Holoceno, usando como
indicadores os fitólitos e os isótopos do carbono.
Na Ilha Grande, maior ilha do litoral do estado
do Rio de Janeiro, predomina a vegetação
de Mata Atlântica, com florestas, restinga e
vegetação de afloramentos rochosos. Foram
estabelecidas inicialmente as coleções de
referências modernas de assembleias fitolíticas
de plantas e solos, para posterior comparação
com assembleias fósseis. Foram analisadas 28
plantas de diferentes famílias, 5 assembleias
modernas de solo e 5 amostras retiradas
de um perfil de solo. Os fitólitos das plantas
foram extraídos por via ácida e os de solo por
eliminação de carbonatos, matéria orgânica,
óxidos de ferro e por separação densimétrica.
As análises fitolíticas indicam que nos últimos
4.000 anos cal AP a vegetação da Ilha Grande
foi predominantemente arbórea; resultado
corroborado pelas análises de isótopos estáveis
de Carbono, que mostraram predomínio de
plantas do tipo C3. Não foram observadas
grandes mudanças nas características das
formações vegetais em relação às atuais, com
predomínio da floresta ombrófila, demonstrando
um padrão bioclimático semelhante ao atual
e evidenciando que a cobertura vegetal da
Ilha Grande tem mantido uma condição de
equilíbrio com as características climáticas e
edáficas da região neste período. Os fitólitos
das assembleias fósseis se encontram
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Capítulo 12
135
profundamente alterados, como resultado da intensidade dos processos erosivos na
região, relacionados à elevada pluviosidade e gradiente do relevo.
PALAVRAS-CHAVE: reconstituição paleoambiental; bioindicadores; Mata Atlântica.
PHYTOLITHS OF PLANTS AND SOILS IN THE ATLANTIC FOREST OF ILHA
GRANDE, RIO DE JANEIRO
ABSTRACT: This study aims to contribute to the knowledge on environmental
conditions on Ilha Grande during the Holocene, using phytoliths and carbon isotopes as
proxies. Ilha Grande, the largest island on the coast of the state of Rio de Janeiro, has
a predominant vegetation of Atlantic Forest, with forests, “restinga” and rocky outcrop
vegetation. Modern reference collections of phytolith assemblages from plants and soils
were established for later comparison with fossil assemblages. We analyzed 28 plants
from different families, 5 modern soil assemblages and 5 samples taken from one soil
profile. Plant phytoliths were extracted using acid and soil phytoliths through removal
of carbonates, organic matter, iron oxides and densimetric separation. The phytolith
analyses indicated that during the last 4,000 years cal BP the vegetation has been
predominantly arboreal, a result corroborated by the Carbon stable isotope analyses,
which showed a predominance of C3 plants. No major changes were observed in the
characteristics of the vegetal formations in relation to the present ones, demonstrating
a bioclimatic pattern similar to the current one, with predominance of the rainforest,
showing that the vegetation cover of Ilha Grande has maintained a condition of balance
with the climatic and edaphic characteristics of the region in this period. Phytoliths from
fossil assemblages are profoundly weathered, as a result of the intensity of the erosive
processes in the region, related to the high rainfall and high relief gradient.
KEYWORDS: paleoenvironmental reconstruction; bioindicators; Atlantic Forest.
1 | INTRODUÇÃO
O trabalho apresentado neste capítulo buscou contribuir para o conhecimento
das condições ambientais da Ilha Grande no Holoceno. Esta ilha, localizada
no município de Angra dos Reis, no litoral sul do estado do Rio de Janeiro, era
originalmente coberta por uma floresta tropical densa. Atualmente e após séculos
de devastação, a Mata Atlântica se encontra mais preservada na porção centro-sul
da ilha, devido à criação de Unidades de Conservação nessas áreas; o que não
acontece com a porção norte-nordeste, que abriga inúmeras construções voltadas
para atender à crescente demanda de atividades ligadas ao turismo. Apesar dos
esforços para a preservação da Ilha Grande, o cenário atual é preocupante, devido
à expansão das atividades ligadas ao turismo e às indústrias petrolíferas e nucleares
na região. Estudos voltados para o conhecimento das condições ambientais e
paleoambientais na Ilha Grande são escassos, apesar de se tratar de um ambiente
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 12
136
de grande importância ecológica, devido à rica biodiversidade local.
Estudos que utilizam a integração de dados obtidos através de diferentes
indicadores permitem compreender a evolução de ambientes e reconstituir cenários
bioclimáticos, sob as mais variadas escalas espaciais (globais ou locais) e temporais.
Essas mudanças podem ser identificadas através de estudos paleoambientais que
utilizam diferentes indicadores (biológicos, geológicos, etc).
Neste trabalho, para a reconstituição das condições ambientais na Ilha Grande
foram empregados como principais indicadores os fitólitos, que são partículas de
opala (SiO2nH2O) microscópicas que se formam por precipitação de sílica amorfa
entre e no interior das células de diversas plantas vivas (PIPERNO, 2006). Com
a morte da planta ou de partes dela, as partículas de sílica são depositadas no
solo, constituindo-se em bons indicadores, pois podem ser preservadas na natureza
ao longo do tempo (COE et al., 2014). Neste sentido, objetivou-se caracterizar a
ocorrência, o tipo e a distribuição dos fitólitos preservados em solos sob bioma
de Mata Atlântica, como subsídio ao entendimento das condições ambientais
e paleoambientais da Ilha Grande. Para tal, foi necessário o estabelecimento de
coleções de referência de fitólitos de plantas e de assembleias fitolíticas modernas
de solos e sedimentos para posterior comparação com assembleias fósseis extraídas
de um perfil de solo.
2 | ÁREA DE ESTUDO
A Ilha Grande (44ºO e 44º40’O; 23ºS e 23º40’ S), localizada no município
de Angra dos Reis, litoral sul fluminense (Figura 1), possui uma área total de 193
km². Trata-se da maior ilha do litoral fluminense, coberta em sua maior parte por
remanescentes de Mata Atlântica.
O relevo da ilha é bastante montanhoso e acidentado. A topografia, em sua
maior parte, encontra-se situada abaixo dos 500 m de altitude em relação ao
nível do mar (MACIEL et al., 1984). A geomorfologia da área é representada, em
grande parte, pelas vertentes e por uma estreita planície costeira flúvio-marinha,
que ocorre desde o sopé das vertentes até o contato com o mar, sendo as mais
extensas localizadas na borda sul da ilha (GAMA et al., 2009) (Figura 1). Os solos
na região são representados na sua quase totalidade por Cambissolos, associados
às encostas, e Espodossolos, encontrados na planície litorânea (EMBRAPA, 2006).
O clima na região é tropical, com temperatura média anual entre 20°C (mínima)
e 26ºC (máxima), com ocorrência de chuvas abundantes e índice pluviométrico em
torno de 2000 mm por ano. Essas chuvas provocam grandes enxurradas e promovem
a saturação do solo, responsável pela ocorrência eventual de movimentos de massa
(SALGADO e VASQUEZ, 2009).
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Capítulo 12
137
Figura 1: Ilha Grande no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, com os locais de amostragem
(A). Litoral de Lopes Mendes (B) e Dois Rios (C).
A vegetação da ilha é composta por formações características da Mata
Atlântica, tais como: Floresta Ombrófila Densa Montana, Floresta Ombrófila
Densa Submontana (floresta de encosta), Floresta Ombrófila Densa das Terras
Baixas, Formação Pioneira de Influência Marinha (restinga), Formação Pioneira de
Influência Fluviomarinha (mata alagadiça de planície e manguezal) e Vegetação de
Afloramentos Rochosos (SALGADO e VASQUEZ, 2009) (Figura 2). Constituem-se
em áreas muito ricas em diversidade biológica e que contam ainda com florestas em
bom estado de preservação devido, principalmente, à dificuldade de ocupação do
solo pelo relevo acidentado (MESQUITA, 2004). A Ilha Grande possui uma grande
área preservada, protegida por Unidades de Conservação, devido a sua importância
para a preservação da biodiversidade local. São elas: o Parque Estadual da Ilha
Grande, a Reserva Biológica da Praia do Sul e o Parque Estadual Marinho do
Aventureiro (OLIVEIRA, 2002, 2004).
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Capítulo 12
138
Figura 2: Fotos das principais formações vegetais da Ilha Grande: (A, B) floresta ombrófila; (C)
restinga; (D) mata alagadiça; (E) manguezal; (F) vegetação de afloramentos rochosos.
3 | MATERIAIS E MÉTODOS
Nas amostras coletadas foram feitas análises granulométricas, do teor de
matéria orgânica, pH do solo e extração de fitólitos. A geocronologia dos principais
eventos deposicionais foi estabelecida a partir de datações do carbono 14 pelo
método do AMS. Também foram realizadas análises de isótopos estáveis de carbono,
a fim de identificar o tipo de vegetação predominante no período estudado (plantas
C3 ou C4).
No total, foram coletadas 10 amostras de solo, sendo 5 de assembleias modernas
(AM), 3 localizadas em Lopes Mendes e 2 na Vila de Dois Rios; e 5 de assembleias
fósseis provenientes de um perfil de solo em trincheira com 1 metro de profundidade,
na Vila de Dois Rios (Figura 1). Em cada AM foram coletadas pelo menos quatro
amostras superficiais em diferentes locais, buscando uma representatividade da área
amostrada. As plantas localizadas imediatamente acima dos sedimentos superficiais
também foram identificadas e coletadas, num total de 28 espécies pertencentes a
16 famílias botânicas, objetivando a comparação entre os fitólitos encontrados nos
sedimentos com os das plantas produtoras em cada área.
Granulometria, Matéria Orgânica e pH do solo/sedimentos: as amostras
foram analisadas no Laboratório de Sedimentologia da UFF, com base no método
desenvolvido pela EMBRAPA (1997). As frações areia grossa, média e fina foram
separadas por peneiramento. A fração fina foi analisada pelo método da pipetagem,
permitindo a separação entre as frações silte e argila. A medição do pH das amostras
de solo foi realizada por meio de eletrodo combinado imerso em suspensão contendo
solo/sedimento e água (EMBRAPA, 1997). O teor de MO do solo foi determinado
pelo método da calcinação (Loss of Ignition) (adaptado de DAVIES, 1974).
Extração e microscopia dos fitólitos: a extração dos fitólitos foi realizada no
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 12
139
Laboratório de Sedimentologia da UFF. Os fitólitos das plantas foram extraídos
através da oxidação por via úmica, utilizando uma solução de ácido nítrico e ácido
sulfúrico. A extração de fitólitos de solos consistiu na secagem e peneiramento de
materiais inferiores a 2 mm de diâmetro; descarbonatação com ácido clorídrico;
eliminação da matéria orgânica com Ácido Nítrico e Peróxido de Hidrogênio;
eliminação dos óxidos de ferro com Citrato de Sódio e Ditionito de Sódio; remoção
de argilas, com o Hexametafosfato de Sódio e EDTA. Após essas etapas, os fitólitos
são separados por densidade através do uso de Politungstato de Sódio (com 2,3
g/cm3 de densidade). As lâminas permanentes foram preparadas com Entelan.
Foi utilizado um microscópio modelo Zeiss Axio Scope A1, com aumento de 500 a
630x, de propriedade do Laboratório de Microscopia Óptica e Morfoscopia da FFPUERJ. Em cada lâmina foram contados no mínimo 200 fitólitos classificáveis. Os
fitólitos que se apresentaram muito alterados ou quebrados foram contabilizados
como não classificáveis. A identificação foi feita baseada no Código Internacional de
Nomenclatura dos Fitólitos (MADELLA et al., 2005).
Índices fitolíticos: Foram calculados os seguintes índices fitolíticos: D/P - índice
de densidade arbórea [globular granulate / (bulliform parallelepipedal + bulliform
cuneiform + acicular + short-cells)]; Bi % – índice de estresse hídrico [(bulliform
parallelepipedal + bulliform cuneiform) / (bulliform parallelepipedal + bulliform
cuneiform + acicular + short-cells) x100] (COE et al., 2014).
4 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fitólitos de Plantas
De um total de 28 plantas de 16 famílias analisadas, em apenas três não
foram observados fitólitos e/ou tipos de silicificação. São elas: Ouratea cuspidata
(Ochnaceae), Tibouchina sp. e Miconia latifolia (Melastomataceae). As famílias que
produziram maior quantidade de fitólitos foram Bromeliaceae, Fabaceae, Clusiaceae,
Commelinaceae, Hypoxidaceae, Meliaceae e Pteridaceae. Da família Myrtaceae
foram analisadas três espécies, duas delas boas produtoras e apenas uma apresentou
baixa produção de fitólitos e/ou tipos de silicificação. Já as famílias Araceae e
Rubiaceae apresentaram baixa produção de fitólitos e/ou tipos de silicificação. A
família Melastomataceae também não se mostrou boa produtora. Entre as quatro
espécies analisadas apenas duas produziram fitólitos (Figura 3) (COE et al., 2018).
Os tipos de fitólitos observados variam de acordo com as famílias, com o
predomínio de globulares (granulate e psilate), traqueídeos, células da epiderme
em forma de puzzle e elongate. A ocorrência desses morfotipos está diretamente
relacionada à predominância de vegetação lenhosa. A família Bromeliaceae produz,
sobretudo, o tipo globular echinate (Figura 3).
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 12
140
Assembleias fitolíticas modernas (AM)
Foram identificados um total de cinco tipos de formação vegetal, distribuídas
em diferentes áreas da Ilha Grande (Figura 1): AM1 (restinga arbórea próxima a um
brejo); AM2 (restinga arbórea próxima à praia); AM3 (mata de transição); AM4 (mata
densa secundária) e AM5 (mata densa).
Na AM1 foram identificadas plantas das famílias Rubiaceae, Myrtaceae,
Ochnaceae, Bromeliaceae (2 gêneros), Araceae, Pteridaceae e Cyperaceae. Na
AM2 identificou-se plantas das famílias Melastomataceae (2 gêneros), Clusiaceae
e Commelinaceae. Na AM3 verificou-se a presença de plantas das famílias
Bromeliaceae, Cyperaceae, Piperaceae, Hypoxidaceae e Myrtaceae. As plantas
identificadas na AM4 são das famílias Melastomataceae (2 espécies), Bromeliaceae
(2 gêneros) e Cyatheaceae. Na AM5 foram identificadas plantas das famílias
Myrtaceae, Fabaceae, Meliaceae, Nyctaginaceae, Rubiaceae e Araceae. Os
resultados das análises fitolíticas nas assembleias modernas refletiram a vegetação
atual e puderam ser usados como coleção de referência na interpretação dos
resultados das assembleias fósseis encontradas no perfil de solo (COE et al., 2018).
Figura 3: Fitólitos observados nas plantas coletadas: (1) Myrtaceae 1: (a) traqueídeo; (b) puzzle;
(c) globular granulate; (2) Vriesea neoglutinosa (Bromeliaceae): (a, c) globular echinate e
elongate (b) globular echinate; (3) Aechmea gracillis (Bromeliaceae): (a, c) globular echinate, (b)
traqueídeo; (4) Acrostichum danaeifolium (Pteridaceae): (a) elongate, (b) estômato, (c) puzzle;
(5) Clusia criuva subsp. parviflora (Clusiaceae): (a, b) globular granulate, (c) elongate; (6)
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Capítulo 12
141
Myrtaceae 2: (a) traqueídeo, (b) puzzle, (c) globular granulate; (7) Curculigo sp. (Hypoxidaceae):
(a, b, c) globular echinate; (8) Miconia prasina (Melostomataceae): (a) globular psilate, (b)
traqueídeo, (c) elongate; (9) Canistropsis microps (Bromeliaceae): (a, b, c) globular echinate;
(10) Billbergia pyramidalis (Bromeliaceae): (a) globular echinate, (b) traqueídeo, (c) elongate;
(11) Myrtaceae 3: (a) poliédrico, (b) traqueídeo, (c) elongate; (12) Bauhinia sp. (Fabaceae): (a)
globular granulate, (b) puzzle, (c) traqueídeo; (13) Trichilia hirta (Meliaceae): (a, b) traqueídeo,
(c) elongate; (14) Guapira opposita (Nyctaginaceae): (a, b, c) elongate.
O estoque de fitólitos não foi muito elevado nas AM analisadas (COE et al.,
2018). Os menores estoques foram verificados nas AM1 e AM2, constituídas por
vegetação de restinga arbórea sobre substrato arenoso. Os maiores estoques foram
observados na AM3 (Mata de transição) e AM5 (Mata densa). Estas áreas apresentam
vegetação de mata mais fechada, desenvolvida sobre o embasamento alterado e em
substrato com presença de finos (solo siltoargiloso) (Tabela 1 e Figura 4).
Figura 4: Resultados das análises fitolíticas das Assembleias Modernas: (A) Estoque de fitólitos;
(B) Classificação dos fitólitos; (C) Tipos de fitólitos.
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Capítulo 12
142
Tabela 1: Resultados dos indicadores fitolíticos e isótopos do carbono
As amostras de AM analisadas apresentaram uma porcentagem maior de
fitólitos classificáveis em relação aos não classificáveis, evidenciando, assim, uma
boa preservação desses bioindicadores (COE et al., 2018). A AM2 exibiu a menor
porcentagem de fitólitos classificáveis, provavelmente porque está mais próxima à
praia em relação às demais e por isso mais suscetível à ação erosiva dos ventos e
maior facilidade de percolação e alteração no substrato arenoso (Tabela 1 e Figura
4). As assembleias modernas coletadas sob matas em solo mais desenvolvido (AM3,
AM4 e AM5) apresentaram porcentagens elevadas de preservação dos fitólitos
(Figura 4).
Quanto aos tipos de fitólitos observados (COE et al., 2018), na AM1 (restinga
arbórea com muitas raízes) e na AM2 (restinga arbórea), predominaram os morfotipos
acicular e bulliform, que possuem maior resistência aos processos intempéricos
e por isso conseguem se preservar com maior eficiência (Tabela 1 e Figura 4).
As plantas coletadas nessas assembleias modernas, como as Bromeliaceae
Vriesea neoglutinosa e Aechmea gracilis, a Araceae Anthurium, a Commelinaceae
Dichorisandra thyrsiflora produzem fitólitos em abundância, como os morfotipos
globular granulate e elongate. Entretanto, esses morfotipos não foram encontrados
nas análises dos sedimentos (Tabela 1 e Figura 4). Isso se deve, provavelmente,
às características do substrato, já que as AM1 e AM2 estão localizadas em uma
restinga arbórea próxima à praia, desenvolvida sobre sedimentos arenosos com
pouca capacidade de retenção de fitólitos.
A AM3 (mata de transição), diferentemente das AM1 e AM2 (restinga arbórea),
possui um percentual elevado de fitólitos do tipo globular granulate, comum em áreas
de mata com plantas lenhosas, além dos tipos elongate e globular psilate (Tabela
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 12
143
1 e Figura 4). A presença desses dois últimos morfotipos se dá, provavelmente,
pela existência das Bromeliaceae Aechmea weibachii e Aechmea gracilis, ambas
coletadas nesta AM, além da Cyperaceae Scleria e da Hypoxidaceae Curculigo, que
são grandes produtoras de fitólitos do tipo globular psilate e elongate (Figura 3). A
preservação desses morfotipos mais sensíveis se dá provavelmente pelo fato da
assembleia ter sido coletada em uma mata de transição, sobre um substrato menos
arenoso e mais pedogeneizado, quando comparado com as AM1 e AM2.
Na AM4 há o predomínio de tipos mais resistentes à alteração, como o bulliform
parallelepipedal, mas também uma pequena porcentagem de globular granulate
(Tabela 1 e Figuras 4 e 5), que podem ter sido produzidos pelas Bromeliaceae
Canistropsis microps e Bilbergia pyramidalis (Figura 3).
Na AM5, além dos morfotipos bulliform cuneiform e parallelepipedal e acicular,
foi encontrado também o tipo globular psilate, que pode ter sido produzido pela
Myrtaceae 3 e a Rubiaceae coletadas nesta assembleia (Tabela 1 e Figuras 3, 4 e 5).
Figura 5: Fitólitos observados nas Assembleias Modernas: (A) bulliform cuneiform; (B) bulliform
parallelepipedal; (C) elongate crenate; (D) elongate psilate; (E) globular granulate; (F) globular
psilate; (G) saddle; (H) rondel; (I) bilobate; (J) acicular.
Assembleias fitolíticas fósseis
A análise granulométrica indicou o predomínio da fração areia grossa, desde
a base (95 cm) até o topo, variando entre 520 e 590 g/kg, em relação às demais
frações encontradas (areia média, areia fina, silte e argila). Os finos encontrados
são pouco representativos (100 g/kg de silte e 60 g/kg de argila) e se destacam na
profundidade de 35 cm (Figura 6) (COE et al., 2018).
Quanto a MOS, o perfil apresentou teores similares na base (95 cm) e nas
camadas superficiais (15 a 5 cm) e teores menores (7,5 g/kg) nas profundidades de
55 a 35 cm, contrastando com o padrão normal de distribuição com a profundidade
(Figura 6) (COE et al., 2018).
O estoque de fitólitos, tal como observado em relação à MOS, não segue a
tendência normal de diminuição com o aumento da profundidade. Neste caso, foi
observada uma tendência de aumento do estoque da base até a profundidade de
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 12
144
35 cm, onde se encontra o máximo do perfil. A partir daí ocorre uma diminuição, do
estoque na direção da superfície (Figura 6). Isso talvez possa ser explicado devido
a processos de eluviação e acumulação que ocorrem nesse solo, especialmente no
horizonte B, caracterizado pelo acúmulo de MOS e de fitólitos (COE et al., 2018).
O perfil apresentou uma porcentagem de fitólitos classificáveis muito superior à de
não classificáveis (Tabela 1 e Figura 6), possivelmente pelas mesmas características
apontadas anteriormente (COE et al., 2018). Na camada onde os percentuais de silte
e argila são mais expressivos notou-se um pequeno aumento no estoque de fitólitos
(tabela 1 e figura 9), evidenciando a maior capacidade de retenção destes em meio
aos sedimentos finos. Foram encontrados fitólitos dos tipos bulliform parallelepipedal
e cuneiform, acicular, globular psilate, globular granulate, elongate, trapeziform e
uma pequena porcentagem do morfotipo bilobate. Os tipos de fitólitos encontrados
mostraram coerência com a produção pelas plantas da região (COE et al., 2018). Os
valores do δ13C variaram entre -24,10 e -28,54‰, indicando o predomínio de plantas
C3, provavelmente lenhosas (Figura 6).
Figura 6: Resultados das análises de matéria orgânica, granulométricas, fitolíticas e isotópicas
do perfil de solo
Foram realizadas duas datações de MOS, uma a 95 cm de profundidade, na
base do perfil 3, que apresentou idade de 3829-3639 anos cal AP, e outra a 55
cm de profundidade, com idade de 919-794 anos cal AP (Figura 6). Essas idades,
juntamente com os resultados das análises fitolíticas e da composição isotópica,
indicam que não ocorreram grandes mudanças nas características das formações
vegetais deste local da Ilha Grande nos últimos 4000 anos, quando comparadas à
composição da cobertura vegetal atual (COE et al., 2018).
Os resultados obtidos nessa pesquisa são corroborados por outros estudos
realizados na Ilha Grande e no Sudeste do Brasil. Silva (2015), através de análise
multiproxy de um testemunho coletado na Ilha Grande, identificou condições
ambientais estáveis na Ilha nos últimos 2300 anos cal AP, com dois períodos
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Capítulo 12
145
distintos: entre 5147 e 2856 anos cal AP, sem evidências de enxurradas, e entre
2856 e o presente, com enxurradas frequentes. É possível que a ocorrência dessas
enxurradas tenha contribuído para a não preservação dos fitólitos em algumas
amostras analisadas nesse estudo. Vidotto (2008), em cinco perfis analisados no
Sudeste do Brasil, observou que os valores de
13
C obtidos (~-27‰) apontam para
uma fase de expansão de florestas nos últimos 15.000 anos AP, provavelmente
associada à presença de um clima mais úmido que o período anterior. Análises feitas
por Coelho et al. (1999) na Baía de Sepetiba caracterizaram uma fase úmida entre
6300 e 1350 anos AP, apesar de uma pequena redução na umidade a partir dos
4650 anos AP. Para o período entre 1350 a 10 anos AP, evidenciou-se um padrão
climático mais úmido em relação ao atual. Neste estudo, os valores de
13
C obtidos
evidenciaram um clima mais úmido nas amostras mais superficiais. Tal tendência
também foi vista por Ybert et al. (2003) a partir de estudos desenvolvidos na região
de Cananéia-Iguape (litoral do estado de São Paulo), distante cerca de 370 km a
oeste da Ilha Grande. Os autores afirmam que, no período compreendido entre 5.000
anos cal AP e o presente, o clima não mudou significativamente, exceto por três
episódios ligeiramente mais úmidos: entre 3.410 e 2.615 anos cal AP, em 1.695 anos
cal AP e entre 1.300 e 660 anos cal AP, sendo este último o mais úmido. Barreto
et al. (2005), através de estudos palinológicos em testemunho coletado na porção
oriental da Baía de Guanabara, observaram que a Floresta Ombrófila predominava
na região desde 4210 anos AP, apresentando expressiva concentração e grande
riqueza de tipos polínicos, indicando a existência de uma exuberante Mata Atlântica
(COE et al., 2018).
5 | CONCLUSÕES
A integração de dados, obtidos a partir de análises de fitólitos, isótopos
estáveis, granulometria de solos e sedimentos e idades do 14C, permitiu caracterizar
as condições ambientais e paleoambientais relacionadas à evolução do bioma Mata
Atlântica na Ilha Grande durante o Holoceno.
As análises de fitólitos e de isótopos do carbono indicaram que a vegetação
arbórea predominou sob condição de clima tropical úmido. As amostras apresentaram
valores característicos de vegetação com predomínio de plantas C3, provavelmente
de mata bastante desenvolvida, com predominância de morfotipos de fitólitos de
lenhosas, demonstrando que não houve variação no tipo de vegetação durante o
período analisado. Apesar da pequena variação dos valores isotópicos ao longo do
perfil, foi observada a tendência de valores mais empobrecidos nas amostras mais
superficiais, sugerindo uma pequena redução da umidade em períodos mais antigos.
Não foram observadas grandes mudanças nas características das formações
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vegetais em relação às atuais, demonstrando um padrão bioclimático para os últimos
4000 anos semelhante ao atual e evidenciando que a cobertura vegetal da Ilha
Grande tem mantido uma condição de equilíbrio com as características climáticas e
edáficas da região.
As plantas analisadas são, em geral, boas produtoras, a granulometria e o pH dos
solos amostrados são favoráveis à preservação dos fitólitos. Desta forma, a escassez
de fitólitos só pode ser atribuída à intensidade dos processos geomorfológicos de
encostas, devido à declividade da maior parte das vertentes da Ilha, assim como ao
clima caracterizado pela alta pluviosidade.
Apesar das limitações encontradas, principalmente nos pontos que sofrem com
processos erosivos muito intensos e com muita declividade, o uso de fitólitos se
mostrou eficiente na compreensão da evolução da paisagem e das características do
ambiente ao longo do tempo, principalmente quando associado a outros indicadores.
REFERÊNCIAS
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As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 12
147
PIPERNO, D. R. Phytoliths: a comprehensive guide for archaelogists and paleoecologists. New
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SALGADO, C. M., VAZQUES N. D. Clima, in: BASTOS, M., CALLADO, C. H. (organizadores). O
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As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 12
148
CAPÍTULO 13
doi
MANUAL DE PROTEÇÕES SOLARES: AUXILIO NO
ENSINO DE CONFORTO AMBIENTAL
Arquitetura e Conforto Ambiental, está situada
Data de aceite: 10/12/2019
no 4 Semestre do curso de arquitetura e
Yuri Viana Loiola
Universidade de Fortaleza – Programa de
Monitoria Institucional ou Voluntária
Flora Mendes Araújo Lima
Universidade de Fortaleza – Docente do curso de
Arquitetura e Urbanismo
Yuriarq@edu.unifor.br
urbanismo da Universidade de Fortaleza –
UNIFOR, e a segunda disciplinas de projeto
arquitetônico do curso e a primeira disciplina
de Conforto Ambiental.
Nesta disciplina são introduzidos os
primeiros conceitos a respeito de arquitetura
bioclimática de uma forma mais técnica e é
em uma de suas etapas que as estratégias
RESUMO: O manual de proteções solares
é um material didático desenvolvido durante
a disciplina Ateliê II – Projeto de Arquitetura
e Conforto Ambiental, a primeira disciplina
da graduação em arquitetura e urbanismo da
UNIFOR, a abordar Conforto Ambiental, em
uma de suas etapas é estuda a insolação e
como controla-la a favor do edifício, o manual
de proteções solares surge como produto
da dificuldade do autor ainda como aluno em
compreender o tema , o intuito foi condensar
em um material único o passo a passo de como
se ler a insolação e como se proteger dela,
usando dispositivos arquitetônicos .
PALAVRAS-CHAVE:
Proteções
Solares.
Controle Solar. Conforto Ambiental
de controle solar são abordadas, seguida da
apresentação da carta solar, que nada mais é
que um gráfico que representa o movimento
aparente do sol sob a superfície terrestre,
através das cartas solares.
É possível fugir do empirismo e obter as
respostas para as perguntas que tantas vezes
são feitas pelos alunos; ‘’quantas horas minha
fachada receberá insolação? ’’ ‘’a partir de
que horas a insolação se inicia e que horas
ela termina? ’’ E a principal pergunta que é um
dos objetos da disciplina ‘’o que eu faço para
proteger minha fachada dessa insolação?
’’, são essas perguntas que o manual de
proteções solares procura auxiliar a responder,
unindo o conhecimento teórico envolvido na
1 | INTRODUÇÃO
A disciplina Ateliê II – Projeto de
temática, exemplificando-o através de um
conjunto de imagens, todas comentadas para
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 13
149
que o processo de aprendizado não seja apenas de se repetir o que está sendo
ensinado no manual, mas também para a fixação do conteúdo através da prática no
projeto desenvolvido durante a disciplina de projeto de arquitetura.
2 | METODOLOGIA
Para a realização do manual, foi feita uma primeiramente uma revisão
bibliográfica em livros e artigos de conforto ambiental que abordassem
principalmente as questões relacionadas a: proteções solares, controle da insolação
e dimensionamento de elementos arquitetônicos de proteção solar, em paralelo a
essa revisão teórica, o convívio em sala de aula com os alunos, observando suas
dificuldades e também suas facilidades foram parte fundamental para a confecção
do manual.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Implantação
O primeiro contato da turma com o Manual de Proteções Solares se dá no
momento da implantação no terreno do edifício proposto na disciplina, nesse momento
é aonde a carta solar e introduzida a turma e através dela e possível verificar as
possibilidades de implantação com relação a insolação, até que se encontre uma
orientação não só favorável a insolação, mas também a ventilação.
Após a implantação ser definida e feita a leitura da insolação das respectivas
fachadas do edifício, com o objetivo de descobrir as horas de insolação que cada
fachada virá a receber ao longo do ano, como se pode ver nas figuras abaixo, na fig.
01 uma imagem do manual e na fig. 02 de um trabalho desenvolvido por um aluno
com o auxílio do manual.
Figura 01: Trecho do Manual de Proteções Solares Fonte: Acervo Pessoal
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 13
150
Figura 02: Trabalho de aluno Fonte: Acervo da disciplina Ateliê II
3.2 Solucionando a insolação excessiva
Tendo em mãos a leitura da insolação, o aluno já sabe quais fachadas receberão
insolação ao longo do ano, então é a hora que se escolhe um horário de proteção
solar para que seja feito o dimensionamento do elemento de proteção solar eficiente.
Para o dimensionamento do elemento de proteção solar é necessário que seja
utilizado um segundo gráfico chamado ‘’Transferidor de Ângulos de Sombra’’ (fig.3),
segundo Frota (2003), esse método chamado de ‘’método do traçado de máscaras’’
os valores dos ângulos solares (Alfa, Beta e Gama), são expressos não em valores
numéricos, mas sim em ângulos através de suas projeções estereográficas no plano
do horizonte do observador’’.
No manual e dedicado um capítulo a cada tipo de proteção solar, seja ela,
vertical, horizontal ou mesclada, o tipo de proteção vai ser definido de acordo com o
projetista e sua eficiência será verificada se o mesmo seguir corretamente o uso dos
ângulos de sombra fornecidos pelo transferidor auxiliar.
Figura 02: Transferidor de ângulos de sombra.
Fonte: Acervo Pessoal
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 13
151
Após a leitura dos ângulos de sombra e hora de partir para o dimensionamento
do elemento de proteção solar, como já foi dito, o elemento de proteção fica a cargo
do projetista, nas fig. 04, uma imagem de um passo a passo de um dimensionamento
de um brise-soleil no manual e na fig. 05 um brise-soleil dimensionado por um aluno
da disciplina:
Figura 04: Trecho do Manual de Proteções Solares
Fonte: Acervo pessoal
Figura 05: Trabalho de aluno
Fonte: Acervo da disciplina Ateliê II
3.3 Visualizando a sombra produzida
Como produto final dessa etapa de trabalho da disciplina e solicitado aos
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 13
152
alunos que seja confeccionado uma maquete da fachada em estudo com o elemento
projetado, em escala, para que seja feita uma análise no laboratório de conforto
ambiental no equipamento solarscópio, um equipamento que faz a simulação do
movimento solar e nesse momento e quando os alunos conseguem vislumbrar a
sombra produzida pelo elemento projetado, na fig. 06 abaixo, um trabalho de um
aluno em momento de sombra parcial.
Figura 06: Maquete de Aluno
Fonte: Acervo da Disciplina
4 | CONCLUSÃO
Sob a ótica de monitor, foi possível observar como o manual auxiliou na
desenvoltura dos alunos durante o desenvolvimento do trabalho de proteção solar da
disciplina de Ateliê II, ficou nítido também a imensidão de soluções de dispositivos
arquitetônicos criados pelos alunos com o auxílio do manual , devido ao sucesso
da implementação do material nas turmas , ele se encontra atualmente fixado no
material didático básico da disciplina de Ateliê II e também está disponível online
através de uma revista eletrônica .
5 | AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a professora Flora Lima, minha maior referência na
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 13
153
construção da minha vida profissional, mas também aos professores, Amando Costa
e Vládia Sobreira, que gentilmente cederam a sua sala de aula para a apresentação
desse manual para suas turmas.
REFERÊNCIAS
BITTENCOURT, Leonardo. USO DAS CARTAS SOLARES: DIRETRIZES PARA ARQUITETOS. 4
Edição: EDUFAL, 2003.
CORBELLA, Óscar & YANNAS, Simos. EM BUSCA DE UMA ARQUITETURA SUSTENTÁVEL PARA
OS TRÓPICOS – CONFORTO AMBIENTAL .2 Edição. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2016.
FROTA, Anésia Barros & Schiffer, Sueli Ramos. MANUAL DE CONFORTO TERMICO. São Paulo:
Editora Nobel, 2003.
FROTA, Anésia Barros. GEOMETRIA DA INSOLAÇÃO. São Paulo: Editora Geros. 2016.
SZOKOLAY, Steve V. INTRODUCION TO ARCHITETURAL SCIENCE. 1 Edição. Estados Unidos:
Taylor & Francis USA, 2014.
OLGYAY, Victor & OLGYAY, Aladar. SOLAR CONTROL AND SHADING DEVICES. New Jersey:
Princeton University, 1957.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 13
154
CAPÍTULO 14
doi
MODELAGEM FENOMENOLÓGICA E OTIMIZAÇÃO DE
UM SECADOR DE CAFÉ ROTATIVO
Data de aceite: 10/12/2019
Uilla Fava Pimentel
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola
de Química.
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro
Gildeir Lima Rabello
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropédica – Rio de Janeiro
Willian Melo Poubel
Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de
Ciências Agrárias e Engenharias
Alegre – Espírito Santo
RESUMO: A secagem é uma das etapas do
processamento do café, que exerce grande
importância no que se refere aos gastos
energéticos e quanto a conservação da qualidade
do produto. A preservação da qualidade é
decorrente da redução da quantidade de
água (umidade) devido as trocas (massa e
calor) realizadas entre o café e o ar, durante
o processo de secagem. Inúmeras pesquisas
foram realizadas dedicando-se ao estudo da
operação de secagem em equipamentos de
leito fixo e/ou móvel, partindo da obtenção de
modelos empíricos (experimentais), contudo
pouco se sabe a respeito da modelagem
fenomenológica (proveniente de balanço de
massa, energia ou quantidade de movimento).
Neste contexto, o presente estudo utilizou uma
modelagem com base fenomenológica para um
secador rotativo horizontal, utilizando o software
Scilab, para obter a variação da umidade do
produto pelo tempo e a eficiência energética do
processo. Foi realizado a verificação do modelo
implementado. Para os estudos de Otimização
do processo de secagem foi implementado
a meta-heurística Simulated Annealing. A
partir deste estudo, foi possível obter uma
metodologia capaz de modelar a secagem do
café e a meta-heurística.
PALAVRAS-CHAVE:
Secado
de
café,
Modelagem, Meta-heurística.
PHENOMENOLOGICAL MODELING AND
OPTIMIZATION OF HORIZONTAL ROTARY
COFFEE DRY
ABSTRACT: Drying is one of the stages of coffee
processing, which is of great importance in terms
of energy expenditure and the conservation
of product quality. The preservation of quality
is due to the reduction of the amount of water
(moisture) due to the changes (mass and heat)
between coffee and air during the drying process.
Numerous researches have been made on the
study of the drying operation in fixed and / or
mobile equipment, starting from the obtaining
of empirical (experimental) models, but little is
known about the phenomenological modeling
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 14
155
(from mass balance, energy or amount of movement). In this context, the present study
used a phenomenological model for a horizontal rotary dryer, using Scilab software, to
obtain the variation of the moisture of the product by the time and the energy efficiency
of the process. Verification of the implemented model was performed. For the studies
of Optimization of the drying process was implemented the meta-heuristic Simulated
Annealing. From this study, it was possible to obtain a methodology capable of modeling
coffee drying and metaheuristics.
KEYWORDS: Coffee drying; Modeling; Meta-heuristics.
1 | INTRODUÇÃO
A preservação da qualidade do café está relacionada ao pós-colheita,
principalmente as práticas adotadas no processamento (PIMENTEL; RABELLO;
POUBEL, 2017). A secagem representa um dos maiores custos energético e
operacionais do processamento dos grãos em relação às demais operações
(JOAQUIN, 2015).
Existem vários métodos de secagem dos frutos do café, desde métodos
tradicionais como os de secagem natural, existentes por um longo tempo, até
mais sofisticado (VIRGÍNIA, 2010). A secagem dos grãos pode ser conduzida de
forma natural ou artificial, e segundo Silva e Berbert (1999) a escolha do método de
secagem depende da tecnologia disponível na unidade produtiva e do fim ao que se
destina o produto.
Embora existam inúmeros estudos referentes a esta etapa do processamento do
café, esses voltaram-se a determinação de propriedades termodinâmicas, obtenção
de modelos empíricos e estimação de parâmetros. Pouco se sabe a respeito
condições ótimas de operações e comportamento fenomenológico das variáveis do
processo (FORTUNATO et al., 2015).
Atualmente, existem diferentes modelos de secadores. Um dos modelos
disponíveis e bastante aceito é o rotativo horizontal, porém pouco se conhece
a respeito do comportamento desses equipamentos, de maneira que muitas
decepções podem ocorrer durante a sua utilização como, por exemplo, ineficiência
no desempenho, elevado consumo de energia e baixa qualidade do produto.
Neste contexto, o presente trabalho buscou realizar a modelagem de um
secador rotativo horizontal, utilizando dos balanços de massa e energia; e a gerar
dados a respeito do estudo de um secador rotativo horizontal, utilizando o software
Scilab. Foi realizado a verificação do modelo implementado. Para os estudos de
Otimização do processo de secagem foi implementado a meta-heurística Simulated
Annealing.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 14
156
2 | METODOLOGIA
A realização da simulação do processo de secagem aplicado a secadores
rotativos se baseou nas equações do modelo Yliniemi (1999), equações 1 a 3.
As equações do modelo foram discretizadas em relação ao tempo. Foi utilizado o
método explicito para a integração das equações.
Onde, Cg é a capacidade calorífica do ar de secagem (KJ / Kg K); Cs é a
capacidade calorífica dos sólidos (KJ / Kg K); Fg é a densidade linear do ar de
secagem (Kg / m); Fs é a densidade linear dos sólidos (Kg / m); Rw é a taxa de
secagem (1 / s); Tg é a temperatura do ar de secagem (K); Ts é a temperatura dos
sólidos (K); Uv é o coeficiente volumétrico de transferência de calor (KJ / m3 K s);
Vv é o volume do tambor por unidade de comprimento (m3 / m); X é a umidade dos
sólidos; Y é a umidade do gás; vg é a velocidade linear do ar de secagem na direção
axial (m / s); vs é a velocidade linear dos sólidos na direção axial (m / s).
A eficiência do processo foi calculada de acordo com Leonel 2014, equação
4, que relaciona a quantidade de calor transferido, do ar para o sistema, com a
quantidade de calor fornecida ao ar para aquece-lo da temperatura ambiente (Ta)
até a temperatura na qual o mesmo é inserido no equipamento. Essa definição leva
em consideração a temperatura do ar inicial (in); de saída (out) e ambiente (amb).
(4)
Em sequência, os dados obtidos computacionalmente foram comparados aos
obtido por Yliniemi (1999), realizando assim a verificação do modelo implementado.
A partir deste modelo validado, foi implementado a meta-heurística Simulated
Annealing objetivando obter melhores respostas para o modelo implementado. Os
dados iniciais de entrada foram definidos, de acordo com os dados de Yliniemi
(1999). Propôs utilizar-se a heurística construtiva aleatória para a criação da solução
inicial. Os limites dos parâmetros da solução inicial, representados na Tabela 01,
foram definidos por base nas condições reais de processo, onde, L é o comprimento
do secador; Var é a velocidade do ar; Vp é velocidade do produto; Tp é temperatura
do produto; t é o tempo real de processo.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 14
157
Mínimo (inicial)
Máximo
Unidade
L
3
9
m
Var
0.7
1.2
m/s
Vp
0.02
2
m/s
Tp
293
623
K
t
0
120
s
Tabela 1 - Condições de processo. Mínimo e máximo
Fonte: Autor (2017).
Após definir a construção da solução de entrada, pode-se utiliza-la para as
simulações do modelo validado, e assim, foi possível obter os valores de umidade e
eficiência.
A Imagem 01 representa uma esquematização do procedimento computacional
utilizado para a implementação dos códigos computacionais, no qual se definiu as
condições de entrada, a função objetivo. Sendo a função objetivo dada fo =α*umidadeβ*eficiência, na qual se buscou, portanto, minimizar a fo a fim de obter os menores
valores para a umidade do café e maior eficiência do processo, simultaneamente. Os
valores de beta e alfa foram definidos empiricamente, assim como os parâmetros da
meta-heurística Simulated Annealing.
Figura 1 - Esquematização do procedimento computacional para a minimização da
função objetivo
Fonte: Autor (2017).
As simulações foram realizadas no software Scilab 6.0.0. em um computador
pessoal com configuração Intel® Core™ i5-3317U CPU @ 1.70GHz-2.60GHz com
uma memória RAM instalada de 8,00 GB.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 14
158
3 | RESULTADOS
Os valores de umidade dos grãos de café pelo tempo obtidos pelo modelo
implementado estão representados da na Imagem 2, onde é possível perceber que
a umidade dos grãos diminui à medida em que se aumenta o tempo de secagem,
o que condiz com os resultados experimentais obtidos por Pimentel, Rabello e
Poubel (2017). Nesta mesma Imagem é possível verificar que os dados obtidos
pelo modelo implementado e por Yliniemi (1999) estão sobrepostos, o que garante a
funcionalidade do modelo para realizar previsões dos dados de secagem.
Figura 2- Variação da Umidade dos grãos de café, eixo y, pelo tempo em s. A Linha vermelha
corresponde aos dados obtidas pelo modelo implementado e a preta pelos dados do artigo de
Yliniemi (1999).
Fonte: Autor (2017).
A meta-heurística foi executada 5 vezes com sementes aleatórias obtidas
dentro das condições de processo definidas na metodologia, os resultados médio e
melhor, e o respectivo desvio, estão apresentados na Tabela 02.
Melhor FO
FO média
Desvio (%)
Tempo Médio
(seg.)
Tempo Melhor
(seg.)
-359,1501
237,5370
2,511975
2,7481
1,123841
-427,4243
2,96806
145,008
2,1021
0,919974
-365,3091
650,73562
1,561379
2,3688
0,865430
-216,2749
136,36334
2,586019
2,8719
1,512661
-366,8692
473,98868
1,774004
1,2980
1,010514
Tabela 2 - Resultados obtidos pela meta-heurística Simulated Annealing.
Fonte: Autor (2017).
Os valores obtidos para eficiência foram de 98.54% a 89.84%. E tempo de
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 14
159
execução da simulação de 2,245452 a 0,249041 segundos. Percebe-se os valores
de Fo obtidos apresentaram valores médios variáveis, assim como os desvios.
Acredita-se que tais discrepâncias ocorreram devido a meta-heurísticas utilizada, e
principalmente devido a forma de criação de semente que se baseou na randomização
dentro dos limites estabelecidos, sem utilizar nenhum método para melhora-las de
acordo com as realizações das simulações. O tempo de simulação foi pequeno,
porém variável isso possivelmente ocorreu devido ao método utilizado.
Não foi possível comparar os resultados obtidos pela meta-heurística com o
artigo científico que foi utilizado como base para a simulação, uma vez que o esse
não implanta nenhuma meta-heurística, ele realiza a simulação para aplicar controle.
Pretende-se realizar, no próximo etapa de trabalho, uma comparação dos resultados
obtidos pela meta-heurística com os resultados que serão obtidos no Toolbox do
Matlab.
Desta forma, a realização deste trabalho permitiu obter um modelo
fenomenológico e apresentar um procedimento computacional adequado para
implementação da a meta-heurísticas Simulated Annealing.
4 | CONCLUSÃO
Neste trabalho, foi realizada a modelagem da secagem do café para um
secador rotativo horizontal. Com isso, foi possível obter um modelo fenomenológico
para a secagem dos grãos de café e realizar a sua validação por comparação de
dados. Logo, o modelo obtido utilizando a metodologia apresentada foi considerado
satisfatório, uma vez que consegue realizar previsões. Sugere-se, para estudos
futuros realizar experimentos em distintas condições de secagem a fim de para
averiguar se o modelo consegue descrever o processo.
Desta forma, a realização deste trabalho permitiu implementar a metaheurísticas Simulated Annealing partindo de um procedimento computacional
proposto pelos autores, mas tido como adequado para a implementação da metaheurística. Contudo, outra proposta é de utilizar outras meta-heurísticas a fim de
comparar sua eficiência referente ao problema proposto, ou alterar a criação das
sementes. Pretende-se realizar, na próxima etapa de trabalho, uma comparação dos
resultados obtidos pela meta-heurística implementadas com os resultados que serão
obtidos no Toolbox do Matlab.
REFERÊNCIAS
SILVA, J. S., BERBERT, P.1999. Colheita, secagem e armazenamento. Viçosa: Aprenda Fácil, p.146147.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 14
160
FORTUNATO, T. B., ALVES, C. H. A., ALVES, K. S., da SILVA, W. B.; DUTRA, J. C. S. Modelagem e
simulação da secagem de grãos de café. Anais do XI Congresso Brasileiro de Engenharia Química
em Iniciação Científica, 2015. São Paulo, Brasil. 2624-2629.
PIMENTEL, U. F.; RABELLO, G. L.; POUBEL, W. M. Aplicação do Controle estatístico de processo
(CEP) como método de controle da qualidade para a secagem de café em um secador rotativo
horizontal e análise do processo. XXI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVII
Encontro Latino Americano de Pós-graduação, XI Inic Jr da Univap, VII Inid, 2017. São José dos
Campos, Brasil. 1-6.
GEANKOPLIS, C. J. 2003. Transport Processes and Separation Process Principles: Includes
Unit Operations. Upper Saddle River: Prentice-hall.
JOAQUIN, T. N. M. 2015. Modelagem e Simulação de um secador intermitente de fluxos
contracorrentes para frutos do cafeeiro. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Espírito
Santo.
VIRGÍNIA, P. R. 2010. Secagem de café: Uma Revisão. Monografia de Graduação, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul.
LEONEL, E. C. 2014. Análise da Eficiência Energética e Otimização de secadores rotativos.
Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de São Carlos.
YLINIEMI, L. 1999. Advanced Control of Rotary drayer. Dissertação de Mestrado, University of
Oulu.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 14
161
CAPÍTULO 15
doi
PRAIAS ABRIGADAS NO LITORAL DO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO
de Geografia, Niterói – RJ. Endereço eletrônico:
valeriapinto@id.uff.br
Data de aceite: 10/12/2019
Ana Beatriz Pinheiro
Universidade Federal Fluminense, Departamento
de Geologia e Geofísica, Niterói – RJ. Endereço
eletrônico: ana_pinheiro@id.uff.br.
André Luiz Carvalho da Silva
Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Faculdade de Formação de Professores,
Departamento de Geografia; São Gonçalo – RJ.
Endereço eletrônico: andrelcsilvageouerj@gmail.
com.
Maria Augusta Martins da Silva
Universidade Federal Fluminense, Departamento
de Geologia e Geofísica, Niterói – RJ. Endereço
eletrônico: mariaaugustasilva0@gmail.com
José Antonio Baptista Neto
Universidade Federal Fluminense, Departamento
de Geologia e Geofísica, Niterói – RJ. Endereço
eletrônico: jabneto@id.uff.br
Carolina Pereira Silvestre
Universidade Federal Fluminense, Departamento
de Geologia e Geofísica, Niterói – RJ. Endereço
eletrônico: carolinasilvestregeouff@gmail.com
Jessyca dos Santos Araújo
Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Faculdade de Formação de Professores,
Departamento de Geografia; São Gonçalo – RJ.
Endereço eletrônico: jessycasantosgeo@gmail.
com
Valéria Cristina Silva Pinto
Universidade Federal Fluminense, Departamento
RESUMO: O presente estudo objetivou
entender o comportamento de praias abrigadas
em baías e estuários a partir da aquisição de
dados de topografia praial e caracterização dos
sedimentos que compõem esses ambientes.
Para tal, foram selecionadas algumas praias
localizadas na Baía de Guanabara e na borda
oeste da Baía da Ilha Grande, no estado do Rio
de Janeiro. As praias de baixa energia são, em
geral, protegidas das ondas de tempestades;
exibem um perfil estreito e geralmente íngreme;
e apresentam uma baixa ciclicidade na troca de
sedimentos, por isso tendem a preservar melhor
as características morfológicas herdadas de
eventos de maior energia. Situadas na entrada
da Baía de Guanabara, na cidade do Rio de
Janeiro, a praia do Flamengo exibiu variações
expressivas entre os perfis topográficos,
enquanto que a praia de Botafogo apresentou
variações morfológicas discretas. As praias
da Barra de Corumbê e São Gonçalinho, em
Paraty, são menos dinâmicas e apresentaram
perfis semelhantes entre as estações. Os
sedimentos dessas praias variam bastante em
tamanho, desde areia fina até cascalho.
PALAVRAS-CHAVE: praias abrigadas; Baía
de Guanabara; Baía da Ilha Grande.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 15
162
SHELTERED BEACHES ON THE COAST OF RIO DE JANEIRO STATE
ABSTRACT: This study aimed to understand the behavior of sheltered beaches in bays
and estuaries through the acquisition of data from beach topography and sediments
which form these environments. Some beaches located in Guanabara Bay and on
the western sector of Ilha Grande Bay in the state of Rio de Janeiro were selected for
this purpose. Low-energy beaches are generally protected from storm waves; exhibit
a narrow and generally steep profile; and present low cyclicity in sediment exchange,
so they tend to better preserve the morphological characteristics inherited from higher
energy events. Situated at the entrance of Guanabara Bay, in Rio de Janeiro city,
Flamengo beach showed significant variations among the topographic profiles, while
Botafogo beach showed discrete morphological variations. The beaches of Barra de
Corumbê and São Gonçalinho in Paraty are less dynamic and present similar profiles
between seasons. The sediments of these beaches vary greatly in size from fine sand
to gravel.
KEYWORDS: sheltered beaches; Guanabara Bay; Ilha Grande Bay.
1 | INTRODUÇÃO
A zona costeira possui diversas finalidades, tais como: atividades turísticas,
industriais, portuárias, pesca, exploração de recursos naturais, entre outras. Mais da
metade da população do mundo vive atualmente nas cidades litorâneas e um grande
número de pessoas visita os litorais com frequência. Os ambientes costeiros (como
praias, dunas, barreiras e lagunas) estão sempre em constante transformação,
buscando alcançar um estado de equilíbrio dinâmico (DAVIS, 1985; CARTER, 1988;
DAVIS e FITZGERALD, 2004; BIRD, 2008), devido a interação entre os processos
litorâneos e continentais e as diferentes formas de uso e ocupação do litoral
(DAVIDSON-ARNOTT, 2010).
O ambiente de praia é um dos mais diretamente afetados pelas mudanças
no litoral. Ele é muito susceptível às modificações e, por isso, faz-se necessário
um gerenciamento eficiente visando à proteção dessas áreas. Dentre os principais
problemas que podem alterar a estabilidade do litoral e dos seus ecossistemas,
destacam-se: a ocupação desenfreada, destruição de construções e inundações
durante a ocorrência de ressacas, erosão costeira, o uso indevido do solo e o despejo
de poluentes (como óleo e esgoto). Os estudos realizados no litoral podem orientar
as diversas formas de uso e ocupação, de maneira que não afete os ecossistemas
e a população local.
2 | PRAIAS ABRIGADAS
A praia é considerada um depósito sedimentar formado por sedimentos
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 15
163
inconsolidados ao longo de uma costa e sujeito à ação das ondas (FRIEDMAN e
SANDERS, 1978). As ondas, correntes e marés são os fatores primários causadores
das modificações no ambiente de praia, levando em conta também a importância
dos ventos e a longo prazo as variações no nível do mar (DAVIS, 1985). A interação
desses processos com os materiais que compõem a praia é responsável pela
dinâmica deste ambiente.
Segundo Bird (2008), muitas praias estão geograficamente expostas ao
oceano ou a mares mais agitados; já outras são abrigadas e sujeitas à baixa energia
hidrodinâmica, geralmente em baías, atrás de ilhas, em estuários ou recifes. As
praias são facilmente encontradas dentro de estuários no mundo inteiro; entre as
32 maiores cidades do mundo, 22 estão abrigadas dentro desse tipo de ambiente
(HARDAWAY et al., 2015). Apesar disso, as praias abrigadas são pouco estudadas,
quando comparado às praias oceânicas. Praias em baías/estuários são praias
formadas por areias, cascalhos ou conchas, sem vegetação ou parcialmente
vegetadas (JACKSON et al. 2002; HARDAWAY et al., 2015). De modo geral, esse
tipo de praia tende a apresentar um perfil mais estreito (largura), com pós-praia pouco
desenvolvido, zona de intermaré geralmente íngreme e uma área de arrebentação
estreita ou inexistente (NORDSTROM, 1977; HEGGE et al., 1996; NORDSTROM,
1989; JACKSON et al., 2002; NORDSTROM et al., 2016; JACKSON et al., 2017).
Essas praias são geralmente abrigadas e caracterizadas pela ação de ondas de
pequena amplitude sob condições climáticas normais e podem ser consideradas
como ambientes de baixa energia (JACKSON et al. 2002). O termo baixa energia tem
sido aplicado a locais sujeitos a altura de onda de poucos centímetros sob condição
de tempo bom (por exemplo, 0,25 m); durante a ocorrência de tempestade, essas
ondas podem alcançar mais de 0,5 m de altura. Segundo Hardaway et al. (2015), nem
todos os locais dentro de um estuário são de baixa energia: exceções podem ocorrer,
principalmente em áreas mais abertas, susceptíveis às ondas maiores devido à sua
proximidade com o oceano aberto. Na Baía de Guanabara, as praias voltadas para a
entrada da baía são mais dinâmicas em comparação com as demais, e apresentam
problemas ocasionados por ressacas (SILVA, et al., 1999; SILVA et al., 2016).
As praias estuarinas e em baías exibem uma variedade de configurações
geomorfológicas (HARDAWAY et al., 2015): algumas possuem uma faixa de areia
mais alongada, retilínea ou suavemente curvada (Figura 1A,B); localizam-se em frente
a áreas de manguezal (Figura 1C); outras, são mais curtas e se formam encaixadas
entre promontórios rochosos e são denominadas pocket beaches (DAVIS, 1985)
ou praias de bolso (AMADOR, 1997), também conhecidas como praias confinadas
(Figura 1D,E).
Pocket beaches são praias curtas quanto ao comprimento, confinadas e
limitadas entre promontórios rochosos, e são comuns ao longo de costas rochosas
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 15
164
de todo mundo. Apesar de serem protegidas por promontórios, ilhas ou baías, não
são necessariamente ambientes de baixa energia, pois podem também ser expostas
a ondas de alta energia, devido à baixa dissipação de um fundo marinho geralmente
inclinado ou por estarem eventualmente localizadas fora de estuários. Essas praias
são normalmente alimentadas por pequenas bacias hidrográficas; os sedimentos são
depositados por riachos locais que tendem a apresentar sedimentos mais grossos
e mal selecionados e que não são facilmente removidos para áreas adjacentes
devido à pouca energia das ondas incidentes, em determinados contextos litorâneos
(PRANZINI et al, 2013; BOWMAN et al, 2014).
Segundo Nordstrom (1989) e Jackson et al. (2002), a dinâmica em praias de baías
é influenciada pela: ação das ondas locais, correntes, marés, ventos, configuração
do fundo e da linha de costa (Figura 2). As ondas são geralmente formadas dentro
das baías pela ação dos ventos locais sobre uma pista reduzida, com períodos e
comprimentos de onda curtos, embora, eventualmente ocorra a entrada de ondas
de swell. Praias abrigadas são caraterizadas por apresentar uma baixa troca de
sedimentos, devido à baixa energia das ondas; além disso, a orientação irregular
costa pode isolar setores da praia, reduzindo ou eliminando a troca de sedimentos
entre eles. As correntes de maré são importantes no transporte de sedimentos em
áreas onde a ação das ondas é pouco eficiente. Podem chegar a ser tão eficientes
no transporte de materiais, quanto as correntes observadas nos eventos de alta
energia em praias oceânicas (NORDSTROM, 1989; JACKSON et al, 2002).
Hegge et al. (1994) desenvolveu um modelo de classificação morfológica a
partir de observações realizadas ao longo de 15 praias de baixa energia na costa
sudoeste da Austrália. Foram definidos quatro morfotipos de praias (Figura 3),
levando em conta a dimensão, declividade, curvatura e a granulometria das praias:
(1) côncavo; (2) moderadamente côncavo; (3) moderadamente íngreme; e (4)
escalonado (stepped). Essa classificação é bastante utilizada para classificar praias
em baías (HEGGE et al., 1996; JACKSON et al., 2002; NORDSTROM et al., 2016;
JACKSON et al., 2017).
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Capítulo 15
165
Figura 1: Exemplos de praias abrigadas em estuários e baías. Fotos: A - Jessyca Araújo (2018);
B, C, D, E - André Silva (2016).
(1) Praias côncavas - caracterizam-se por apresentar um pós-praia e zona de
espraiamento (swash zone) íngreme; com uma morfologia côncava que muda de
declividade, tornando-se menos íngreme na porção submersa. Essas praias exibem
uma ampla variedade de sedimentos, com tamanho e grau de selecionamento dos
grãos que variam bastante.
(2) Praias moderadamente côncavas - são semelhantes às praias côncavas;
no entanto, a parte emersa do perfil é menos íngreme e côncava. Os sedimentos são
mais homogêneos, quando comparados aos materiais comumente encontrados em
praias côncavas.
(3) Praias moderadamente íngremes – são caracterizadas por um perfil
linear, íngreme e com uma face de praia mais ampla. As praias são compostas
principalmente por areia moderadamente bem selecionadas.
(4) Praias escalonadas (Stepped) - exibem perfis muito estreitos, relativamente
íngremes; no entanto, sua característica mais marcante é a presença de um degrau
proeminente na zona de intermaré. Os sedimentos são geralmente bem selecionados.
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166
Figura 2: Fatores que influenciam a dinâmica de praias protegidas em baías.
Figura 3: Morfotipos de praia de baixa energia.
Fonte: Adaptado de HEGGE et al., 1996.
As praias dentro de baías normalmente apresentam uma redução do perfil em
resposta a incidência de ondas de tempestades, como ocorre em praias oceânicas. No
entanto, após a ocorrência de ressacas, o perfil não se recupera e mantém a mesma
morfologia herdada durante os eventos de maior energia (NORDSTROM, 1980).
Jackson et al. (2002) e Nordstrom (1989), atribuem essa característica morfológica
a baixa troca de sedimentos, comum a esse tipo de ambiente. A não recuperação de
um perfil em praias de baixa energia após uma ressaca está associada, muitas vezes,
ao fornecimento restrito de sedimentos ao longo da costa e à energia insuficiente
das ondas após uma tempestade para a reposição de materiais.
A dinâmica sedimentar de praias abrigadas ainda não é bem compreendida,
apesar de muitas delas terem um grande valor ecológico e um papel importante
na proteção do litoral (NORDSTROM e JACKSON, 1993; JACKSON et al.,
2002). Os sedimentos que formam esse tipo de ambiente são representados
predominantemente por areias, seguida de cascalhos (NORDSTROM, 1977; SAINI
et al 2011; NORDSTROM e JACKSON, 2012; SILVA et al., 1999). Para Nordstrom
e Jackson (1993), o aumento gradual no tamanho dos sedimentos da porção
emersa para a submersa da praia, ocorre porque a fração cascalho se acumula
mais facilmente na parte submersa das mesmas. As areias mais finas são facilmente
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Capítulo 15
167
removidas pela ação direta das ondas sob condição de tempestade, deixando as
frações mais grossas, que tendem a se acumular nessa região (NORDSTROM e
JACKSON, 1993). A presença expressiva de sedimentos mais grossos em praias
abrigadas dentro de baías é comum nesse tipo de ambiente (NORDSTROM e
JACKSON, 1993). Para Nordstrom (1977), essa abundância de sedimentos grossos
se deve a três fatores: (1) a ausência de ondas de tempo bom com competência
para transportar sedimentos mais finos até a praia; (2) as frações mais grossas,
resultante da deposição de ondas de tempestade, são pesadas demais para serem
removidas por ondas de baixa energia (tempo bom); (3) ausência de mecanismos de
transporte e deposição de areia fina entre as tempestades.
As praias dentro de baías tendem a ser mais intensamente modificadas pela
ação humana do que as praias oceânicas (NORDSTROM, 1989). Para o autor,
a baixa topografia, a largura reduzida e as ondas de menor energia são fatores
que favorecem a introdução de obras de engenharia junto às praias. Mas, por
essas mesmas características, essas áreas são facilmente inundadas durante às
tempestades, principalmente quando combinadas com marés altas de sizígia (Figura
4). As ressacas causam preocupações nesse tipo de ambiente, como foi verificado
na praia de Icaraí em Niterói (SILVA et al., 1999; SANTOS et al., 2004), nas praias
do Flamengo e Botafogo no Rio de Janeiro (CUNHA, 2016; SILVA et al., 2016),
todas localizadas dentro da Baía de Guanabara; e nas praias de São Gonçalinho,
Prainha e Jabaquara em Paraty, localizadas na borda oeste da Baía da Ilha Grande
(PINHEIRO, 2018).
As estruturas de proteção da costa contra erosão e inundações, quando
adequadamente instaladas, tendem a se constituir numa solução viável para praias
abrigadas. No entanto, em alguns casos, essas estruturas de controle podem ser um
mecanismo para a perda de sedimentos e pode acelerar as taxas de erosão, como
destaca Hardaway et al. (2015) e Nordstrom (1989). As ondas dentro de baías são
um agente de transporte menos eficaz, mas tendem a se romper mais perto da praia,
onde as estruturas são comumente localizadas. Esse tipo de praia muitas das vezes
não tem uma zona de surf bem desenvolvida. As ondas se quebram e espraiam
na praia, resultando em uma maior influência no transporte de sedimentos nesse
ambiente (NORDSTROM, 1989; JACKSON et al., 2017; NORDSTROM et al., 2016).
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168
Figura 4: Eventos de ressacas na Baía de Guanabara e Ilha Grande. Fotos: A -http://www.
revistasurfar.com.br/portal/online/online13.pdf; B - Tereza (2011); C - André Silva (2017); D http://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/noticia/2016/09/mare-alta-invade-ruas-do-centrohistorico-de-paraty-rj; E - Nelson Costa (2016); F - André Silva (2016).
3 | DINÂMICA DE ALGUMAS PRAIAS NAS BAÍAS DE GUANABARA E DA ILHA
GRANDE
Baía de Guanabara
As praias da Baía de Guanabara (Figura 5) estão em ambiente de baixa energia
das ondas, abrigadas dos eventos de ressacas, porém não são imunes aos mesmos.
As praias mais próximas da entrada da baía ou posicionadas de frente à entrada das
ondas de tempestade se apresentam dinâmicas e até vulneráveis a energia das ondas
(SILVA et al., 2016). Para caracterizar as praias da Baía de Guanabara, conduziu-se
levantamentos sazonais de dados sobre o perfil topográfico, acompanhado por coleta
de sedimentos para a caracterização granulométrica das areias. Foram estudadas
29 praias na Baía de Guanabara abrangendo os municípios do Rio de Janeiro,
Magé, São Gonçalo e Niterói (SILVA et al., 2016). Porém, no presente estudo são
apresentados apenas os resultados dos monitoramentos realizados nas praias de
Botafogo e Flamengo, como exemplo de estudo de caso.
As praias da cidade do Rio de Janeiro estão localizadas na borda oeste da Baía
de Guanabara (Figura 5). Essas praias apresentam diferentes níveis de exposição
a dinâmica de ondas e correntes (SILVA et al., 2016). Na Enseada de Botafogo,
encontram-se localizadas as praias de Botafogo, Urca e de Dentro, que estão entre
as praias mais antropizadas da cidade do Rio de Janeiro; a praia do Flamengo se
situa mais ao norte da enseada e fora da mesma (Figura 5). Nas áreas mais internas
à baía, inúmeras praias desapareceram devido à expansão urbana da cidade do Rio
de Janeiro, marcada por sucessivas reformas e construção de aterros, ocorridas
principalmente no século XX. Como consequência, restaram apenas algumas poucas
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Capítulo 15
169
praias de baixa energia, bastante poluídas e modificadas, como é o caso das praias
da Bica e Freguesia, na ilha do Governador, e da Moreninha e Guarda, em Paquetá,
entre outras (Figura 5).
Figura 5: Principais praias da Baía de Guanabara (Silva et al., 2016).
A praia de Botafogo (Figura 6) situa-se ao fundo da Enseada de Botafogo, sendo
limitada nos seus 670 metros de extensão pelo calçadão da Avenida das Nações
Unidas. Esta praia, orientada no sentido norte-sul, apresenta uma extensa faixa de
areia, o que favorece a prática de esportes como futebol e vôlei. A poluição das águas
da Baía de Guanabara e o tráfego intenso de embarcações ancoradas na enseada
contribuem para que esta praia esteja imprópria para o banho. A largura do perfil
praial, bastante antropizado, praticamente não oscilou (92 a 123 metros) ao longo
dos monitoramentos realizados entre o verão de 2014 e a primavera de 2015 (CUNHA
et al., 2016) (Figura 6). O mesmo ocorreu com a morfologia, bastante estável, com
pós-praia plano e frente de praia ligeiramente inclinada (8°). Os sedimentos da praia
de Botafogo são compostos de areia fina a média, moderadamente selecionada,
com aumento da fração 0,125 mm na frente de praia, que chega a 67-71% (CUNHA
et al., 2016). Pequenas dunas com altura em torno de 1 metro marcam a porção
norte desta praia, evidenciando a eficiência dos ventos em acumular sedimentos
mais finos.
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Capítulo 15
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Figura 6: Enseada de Botafogo (A), com a praia de Botafogo (B) e praia do Flamengo (D), na
entrada da Baía de Guanabara (Cunha et al., 2016). Perfis topográficos de praia (C, E, F, G).
Imagem Google Earth, 2015 (A); Fotos das praias (B, D), Silva, A. (2014).
A praia do Flamengo (Figura 5) possui 1.660 metros de extensão, sendo a maior
praia da borda ocidental da Baía de Guanabara. Limitada pela Marina da Glória
ao norte e pelo Parque (Aterro) do Flamengo ao sul, esta praia foi parcialmente
construída por meio de aterros sobre o mar na década de 1960, o que proporcionou
a diminuição do espelho d’água da Baía de Guanabara e o desaparecimento de
diversos ecossistemas marinhos (SERRA e SERRA, 2012). É importante destacar
que a praia do Flamengo, assim como a de Botafogo, já existiam antes dos aterros,
mas eram praias menores em comprimento e largura (GERSON, s/d apud CAMINHA,
2013). A praia do Flamengo conta com uma boa infraestrutura de lazer. Apesar
disso, apresenta problemas devido à presença de esgoto, acúmulo de lixo e falta
de segurança. O monitoramento da praia do Flamengo (entre o verão de 2014 e
a primavera de 2015) mostra um comportamento distinto ao longo do arco praial,
com variações na morfologia e na largura em resposta a dinâmica de ondas na
entrada da baía (Figura 6); apresenta em perfil típico com presença de berma no
pós-praia e uma frente de praia com 13-20° de inclinação, delimitada por uma crista
de berma. A largura da praia diminui para norte, que oscilou entre 36 e 57 metros, em
comparação com os 56-66 metros observados no extremo sul do arco praial (Figura
6). No entanto, as maiores diferenças na largura e na morfologia foram registradas
no meio do arco praial, que se mostrou mais dinâmico e vulnerável às ressacas
em relação as demais áreas (Figura 6). Os sedimentos da praia do Flamengo são
compostos basicamente por areia quartzosa média (51-71%), seguida de areia fina
(11-45%), moderadamente selecionadas (CUNHA et al., 2016).
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 15
171
Baía da Ilha Grande
A Baía da Ilha Grande (Figura 7) está localizada no litoral sul do Estado do Rio
de Janeiro. Essa região é caracterizada por um litoral afogado, com inúmeras ilhas
e com a escarpa da Serra do Mar formando a linha de costa, com uma sucessão de
pequenas enseadas e planícies costeiras. Esse litoral apresenta muitas praias de
enseadas, do tipo pocket beach, separadas por pontões de embasamento cristalino.
A propagação de ondas e a direção do transporte de sedimentos ao longo das
praias no interior da baía é influenciada pela presença da Ilha Grande, que atua
como uma barreira à aproximação de ondas. Segundo Godoi et al. (2011), durante
a ocorrência de ressacas, as ondas tendem a atingir regiões que são normalmente
protegidas, podendo causar impactos nas estruturas costeiras, principalmente
quando associadas à maré de sizígia (PINHEIRO, 2018).
As praias estudadas no litoral de Paraty, no setor oeste da Baía da Ilha Grande
(Figura 7) apresentam características geográficas, geomorfológicas e sedimentares
bem distintas. Com algumas poucas exceções, a maioria das praias em Paraty são
do tipo pocket beach, com extensão de poucas centenas de metros, como é caso
das praias de Barra de Corumbê e São Gonçalinho (Figura 8), selecionadas para
serem apresentadas no presente estudo.
Figura 7: Litoral de Paraty, no setor oeste da Baía da Ilha Grande.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
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Figura 8: Praias de Barra de Corumbê (A,B) e São Gonçalinho (D,E), no setor oeste da Baía da
Ilha Grande. Perfis topográficos de praia (C,F). Imagem Google Earth de 2018 (A,D); Fotos das
praias (B,E), André Silva (2016).
A praia da Barra de Corumbê (Figuras 7) tem cerca de 160 m de comprimento
e orientação NE-S. Nela, há uma colônia de pescadores, com residências e alguns
poucos quiosques na beira da praia. É uma praia de baixa energia com um perfil
suave com 11° de inclinação na frente de praia e uma morfologia típica de praias com
perfil moderadamente côncavo. Os perfis topobatimétricos são muito semelhantes
entre as estações monitoradas (Figura 8). Houve uma ligeira redução na largura
na estação de inverno e uma posterior recuperação no verão subsequente. No
entanto, a ocorrência de ressacas, combinada com a maré alta de sizígia, tem
causado inundações e problemas para algumas construções, conforme relatado por
moradores. A granulometria das areias dessa praia apresentou um predomínio de
areia quartzosa média no pós-praia, grossa a muito grossa na frente de praia e areia
muito grossa na face de praia (PINHEIRO, 2018).
A praia de São Gonçalinho (Figura 7), com orientação E-W, possui 392 m de
extensão. Entre promontórios, a estreita faixa de areia é seccionada por um rio, que
desemboca na praia formando um pequeno delta. Possui uma baixa dinâmica, com
perfis suaves, com 11° de inclinação na frente de praia e muito semelhantes entre
as estações (Figura 8). O tamanho dos sedimentos varia desde areia média no póspraia, seguida por areia grossa na frente de praia e areia muito grossa na face de
praia (PINHEIRO, 2018). Esse aumento gradual no tamanho dos grãos em direção
à porção submersa, observado em Paraty, é comum em praias abrigadas, conforme
Nordstrom e Jackson (1993).
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4 | CONCLUSÕES
Em um ambiente com ondas de baixa energia e de micromaré, a dinâmica das
praias abrigadas reflete a energia das ressacas, a localização destas em relação
à entrada de ondas nas baías e como estas vão se modificando em função da
batimetria e geomorfologia. A praia do Flamengo, na entrada da Baía de Guanabara,
exibiu variações expressivas entre os perfis topográficos; diferentemente da praia de
Botafogo, que apresentou variações morfológicas discretas. Em Paraty, as praias da
Barra de Corumbê e São Gonçalinho são menos dinâmicas e apresentaram perfis
semelhantes entre as estações. Os sedimentos dessas praias variam bastante em
tamanho, desde areia fina até cascalho. Os problemas existentes se devem, quase
sempre, às mudanças causadas pela ocupação inadequada desses ambientes os
quais, durante as ressacas, são vulneráveis as ondas de tempestades, que podem
causar destruição das construções públicas ou privadas.
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Janeiro. Revista Brasileira de Geomorfologia, São Paulo, v.17, n.2, p.205 - 225, 2016.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 15
175
CAPÍTULO 16
doi
PROCESSO DE MODELAGEM PARA FORMAÇÃO DA
BASE DE DADOS ACÚSTICOS PARA O MAPEAMENTO
DE RUÍDO DE SINOP-MT
Data de aceite: 10/12/2019
Data de submissão: 14/10/2019
Priscila Maria Gonçalves Guilherme
Universidade do Estado de Mato Grosso,
Departamento de Engenharia Civil
Sinop – Mato Grosso
http://lattes.cnpq.br/7278880380261592
Cristiane Rossatto Candido
Universidade Federal do Paraná, Departamento
de Engenharia Civil
Curitiba – Paraná
http://lattes.cnpq.br/9106176065499458
Emília Garcez da Luz
Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de
Física
Cuiabá – Mato Grosso
http://lattes.cnpq.br/5960137943241493
Érika Fernanda Toledo Borges Leão
Universidade do Estado de Mato Grosso,
Departamento de Engenharia Civil
Sinop – Mato Grosso
a confecção de um mapa de ruído para o
município de Sinop-MT. A metodologia está
baseada em critérios internacionais do processo
de criação de mapas de ruído, devido a falta de
diretrizes brasileiras, aliada a adequações que
consideram a realidade do objeto de estudo
e os recursos disponíveis. As adequações e
aferições em campo de grandezas acústicas
são necessárias, principalmente, na aplicação
dos métodos para a modelagem acústica
necessária ao utilizar o software PredictorLimA. Com os resultados foi gerado um mapa
de ruído pertencente a avenidas dos Tarumãs,
para os parâmetros nível equivalente contínuo
para o dia-tarde-noite (Lden), que possibilita
avaliar a incomodidade, e o nível equivalente
contínuo noturno (LNight), que possibilita avaliar
o distúrbio do sono.
PALAVRAS-CHAVE: Modelagem acústica;
Mapeamento de Ruído; Base de dados.
MODELING PROCESS FOR ACOUSTIC
DATABASE FORMATION OF NOISE
http://lattes.cnpq.br/8535093780127446
MAPPING OF SINOP-MT
RESUMO: O mapeamento acústico vem sendo
adotado como ferramenta para a avaliação da
exposição populacional ao ruído e tomada de
decisões relacionadas à regulamentação das
dinâmicas urbanas. O objetivo desse estudo
foi criar um banco de dados que torne possível
ABSTRACT: Acoustic mapping has been
adopted as a tool for the assessment of
population exposure to noise and decisionmaking related to the regulation of urban
dynamics. In Brazil, there are no standards for
the elaboration of noise maps and many studies
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 16
176
have shown results with different acoustic indexes to use diversified methodologies. In
this study, the methodology is based on international criteria of the process of creating
noise maps, together with the adjustments that they consider the reality of the object
of study and resources available. The adjustments and measurements in the field of
acoustic quantities are needed, especially in the application of the methods for acoustic
modeling required when using the Predictor-LimA software. The goal of the research in
question is a database format that makes possible the manufacture of a noise map for
the city of Sinop/MT. With the expected results for this step in the process of mapping,
the map show continuous equivalent noise to the day-late-night (Lden), which makes it
possible to evaluate the discomfort, as well as continuous equivalent Nocturne (LNight)
, which makes it possible to evaluate the sleep disorder.
KEYWORDS: Acoustic mapping. Acoustic modeling. Database.
1 | INTRODUÇÃO
A poluição sonora ganhou visibilidade nos estudos de impacto ambiental
ao ser relacionado os seus efeitos a problemas de saúde pública, como sono e
estresse. O mapeamento acústico cada vez mais é adotado como ferramenta para a
avaliação da exposição populacional ao ruído e a tomada de decisões relacionadas
à regulamentação das dinâmicas urbanas. Sendo assim, em 20 de julho de 2016 a
prefeitura de São Paulo instituiu a Lei 16.499, que objetiva a criação de mapa de
ruído para a cidade de São Paulo.
Apesar da aprovação desa lei, não existem, no Brasil, normas para a
regulamentação da confecção de mapas de ruído. Analisando pesquisas realizadas
em diversos países, percebe-se que são adotadas metodologias diferenciadas
em cada uma delas, tendo-se como resultado, uma diversidade de parâmetros e
procedimentos para as coletas de dados.
O principal foco de estudo para o mapeamento sonoro é o ruído ambiental,
sendo caracterizado pelas diversas fontes sonoras presentes no local da medição.
No caso de mapeamentos urbanos, tem sido comprovado que o tráfego rodoviário
representa um dos maiores poluidores ambientais (NUNES et al., 2000). Desse
forma, a elaboração de mapas de ruído pode servir como referencial na gestão
pública, para melhorar as condições de conforto na cidade, assim como também
servir de base para valorização de imóveis (SILVA et al., 2017).
Conforme Guedes e Stelamaris (2014), os principais resultados que podem
ser obtidos com a elaboração de mapas de ruído são: (1) quantificar e avaliar a
exposição da população ao ruído em uma dada região; (2) formar banco de dados
para o planejamento urbano, apontando principais atividades ruidosas, e oferecendo
subsídios para um zoneamento acústico municipal; (3) identificar zonas de conflito
entre níveis de ruído medidos ou simulados com níveis estabelecidos por normas
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 16
177
(internacionais e/ou nacionais) e legislações municipais; (4) fornecer informações
para planos de controle da poluição sonora; (5) predizer cenários futuros, avaliandose o impacto sonoro de infraestruturas e medidas mitigadoras do ruído.
O processo de modelagem tem papel fundamental na elaboração dos mapas
de ruído, pois a partir dessa que será realizada simulação, tendo como resultado
o nível equivalente contínuo para o dia-tarde-noite (Lden), que possibilita avaliar a
incomodidade, assim como nível equivalente contínuo noturno (LNight), que possibilita
avaliar o distúrbio do sono. Diante disso, é importante que a modelagem seja feita
com coerência, mas também que seja levado em consideração a simplificação de
algumas edificações com alturas similares e próximas, a fim de diminuir o tempo de
simulação, que pode ser muito grande, dependendo do perímetro urbano estudado.
O objetivo geral dessa pesquisa é criar um banco de dados que torne possível
a confecção de um mapa de ruído para o município de Sinop, Mato Grosso. Com
essa avaliação é possível aferir os níveis de ruídos aos quais a população está
sendo exposta e, a partir de então, definir propostas de melhoria das condições de
conforto na cidade.
2 | REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Ruído Ambiental
O ruído ambiental é caracterizado como ruído proveniente de qualquer fonte
que emane som (ISO 1996). Os estudos de ruído urbano em geral podem ser
apresentados como mapas de ruído (NAGEM, 2004). Vários fatores podem influenciar
a geração de ruído em um meio urbano, porém tem sido indicado sistematicamente
em estudos que o ruído gerado pelo tráfego de veículos é o mais presente nos
grandes centros urbanos (NUNES, DORNELES, SOARES, 2000; NAGEM, 2004;
BRASILEIRO, 2017).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) os ruídos considerados
prejudiciais à saúde são: para o período diurno acima de 55 dB(A) e para período
noturno 40 dB(A) (WHO, 1999). Estudos como de Brasileiro (2017) e Nagem (2004)
demonstraram que, pelo menos, na situação atual do Brasil, não são atendidas as
recomendações da OMS.
Brasileiro (2017) avaliou o impacto sonoro provocado por ruído de tráfego em
um bairro de João Pessoa, na Paraíba. Para tanto foram realizadas simulações para
três situações, primeiramente com o cenário atual em período de férias, depois o
cenário atual no período de aulas e cenário futuro para o ano de 2026. Os níveis
sonoros encontrados nas três situações foram acima do recomendado pelas normas.
Já Nagem (2004) realizou o mapeamento sonoro do terreno da Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP) a partir de medições em campo a fim de coletar
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 16
178
grandezas acústicas, meteorológicas, de tráfego e geométricas. Os resultados
demonstraram que, para todo o período de medição nos 28 pontos, os níveis de
pressão sonora estavam acima do estabelecido pelas normas.
Os diversos tipos de transporte veicular, tanto automóveis, motocicletas, ônibus,
vans ou caminhões, trazem benefícios a população, mas sua concentração em locais
específicos produz a contaminação sonora do ambiente e prejudica o bem-estar da
população (GAVINOWICH e RUFFA, 2000).
2.2 Mapas acústicos
De acordo com Guedes (2014), o mapa acústico objetiva principalmente a criação
de representações visuais do ruído ambiental referente à uma área geográfica, onde
os níveis de ruído são representados de maneira semelhante às curvas topográficas
de mapas convencionais.
Segundo Holtz (2012), os países pioneiros no desenvolvimento de mapas de
ruído, geralmente realizados pelos órgãos de planejamento urbano e meio ambiente,
levantam dados necessários para a simulação, com medições e cálculos da potência
sonora das fontes principais de ruído do local de estudo. A partir desses dados,
criam-se modelos tridimensionais das edificações e das fontes sonoras coletadas,
que resultam em mapas indicativos das áreas com excesso de ruído, causadoras
de perturbações na população local. Com esses resultados, estratégias e planos de
ação podem ser elaborados para reduzir os níveis de ruído a patamares aceitáveis.
Brito (2017) ressalta a importância dos mapas acústicos no planejamento
urbano, permitindo distribuir as edificações para conformar a paisagem sonora visada,
definir recuos necessários entre edificações e vias de tráfego a fim de otimizar rotas
e reduzir o nível de ruídos em zonas residenciais, praças e parques, entre outros.
De acordo com a A Diretiva 2002/49/EC do Parlamento Europeu e do Conselho,
três etapas principais precisam ser cumpridas em sequência para a elaboração de
mapas acústicos: 1) Levantamento e confecção de uma base de dados gerais e
dados georeferenciados, das condições topográficas e acústicas da região; 2)
Produção de mapas estratégicos de ruído das principais fontes de ruído, através
da criação de modelos provisionais em software de simulação acústica em conjunto
com normas vigentes; e 3) Criação de planos de ação junto aos órgãos competentes
para a aplicação e disponibilização dos resultados para o público.
Assim, o mapeamento acústico além de visar a melhoria da qualidade ambiental,
também, é uma importante ferramenta de controle do ruído urbano. As informações
presentes nas Cartas de Ruído permitem a integração com o Plano Diretor das
cidades, que auxiliam em decisões para as estratégias de intervenção e elaboração
de leis contra a poluição sonora. Também possibilitam a identificação de fontes de
ruído, como o ruído do trânsito rodoviário, aéreo, industrial, ferroviário, e de locais de
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 16
179
entretenimento (AKKERMAN, 2013).
2.3 Mapas de ruído no Brasil
No Brasil, a elaboração de mapas acústicos não tem sido feita de forma
sistemática no cenário municipal (GUEDES, 2014). De acordo com Holtz (2012),
existem apenas alguns exemplos isolados, como a carta acústica de Fortaleza (CE)
de iniciativa da Secretaria do Meio Ambiente e Controle Urbano. Porém, esse assunto
passou a ser mais debatido, com o desenvolvimento de trabalhos acadêmicos
(NAGEM, 2004; GUEDES, 2005; ZANNIN, et al, 2013) e também devido ao aumento
da poluição sonora em médias e grandes cidades.
Segundo Guedes (2014), a elaboração desses mapas pode ser feita utilizando
diversas escalas, como de uma quadra, de um bairro ou até mesmo de uma cidade,
a partir de medições de níveis de ruído, utilizando uma malha de pontos prédeterminados, ou a partir de softwares de simulação acústica.
A BRÜEL & KJÆR (2000) aponta as vantagens da elaboração de mapas acústicos
com base nos softwares de simulação, uma vez que apresentam informações mais
detalhadas das fontes de ruído principais, além de possibilitarem análises de uma
rede mais ampla de pontos na área em estudo, avaliações de situações hipotéticas e
rápidas atualizações. No entanto, para garantir maior confiabilidade nos resultados,
as coletas de dados geométricos e acústicos, com os quais é feita a calibração
do modelo proposto, além da habilidade e conhecimento técnico em modelagem
acústica por parte do usuário, são necessários.
Conforme indicado por Guedes (2014), os softwares para simulação acústica
utilizam diferentes métodos de cálculo considerando variados tipos de fonte de
ruído, no qual são adotados modelos matemáticos que descrevem a propagação
sonora ao ar livre, considerando-se a influência das características acústicas das
fontes (nível de potência sonora), geométricas da área (topografia, edifícios, muros,
etc.), meteorológicas (vento, temperatura, umidade relativa), além de importantes
fenômenos acústicos (reflexão e difração).
2.4 Índice para a avaliação do ruído
Em diversos países criaram-se índices para avaliação do ruído de comunidades,
entretanto, frente a multiplicidade de dados, que podem variar conforme a fonte
sonora avaliada, as comparações entre eles pode ser dificultada. Dessa forma, o
índice mais usado é o LAeq, definido pela ISO 1996 (ISO, 2007).
A Diretiva 2002/49/EC firmou o índice Lden, indicativo dos níveis diurnos,
vespertino e noturno. O índice é medido em decibéis (dB) e pode ser obtido a partir
do LAeq, fonforme a Equação 1, sendo aplicado para qualquer fonte sonora.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 16
180
Equação [1]
Onde:
Lday - nível sonoro médio de longa duração, ponderado A, conforme definido na
ISO 1996-2: 1987, determinado durante todos os períodos diurnos de um ano;
Levening - nível sonoro médio de longa duração, ponderado A, conforme definido
na ISO 1996-2: 1987, determinado durante todos os períodos vespertinos de um
ano;
Lnight - nível sonoro médio de longa duração, ponderado A, conforme definido
na ISO 1996-2: 1987, determinado durante todos os períodos noturnos de um ano.
Para realizar a medição do Lden, o microfone do aparelho deve estar posicionado
a 4 metros de altura do piso.
3 | METODOLOGIA
Esta pesquisa está inserida dentro de uma proposta de maior dimensão, que
tem como finalidade o mapeamento de ruído do município de Sinop/MT. Assim, a
metodologia é dedicada às duas primeiras etapas descritas na Diretiva 2002/49/EC,
com enfoque na coleta de parâmetros geométricos, acústicos e meteorológicos e
confecção do mapa acústico da região definida pelos pontos de medição.
3.1 Área de estudo
O local escolhido para o mapeamento sonoro, onde serão coletados os dados, é
o município de Sinop – MT, que segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA) apresentou no mês de março de 2015 um avanço de 150% no seu campo
industrial. Além disso, apresentou um crescimento de até cinco vezes maior do que
a média nacional. Conforme o órgão, Sinop tem crescido em média anual 10%,
chegando a 13%, um índice muito superior ao nacional, que tem girado em torno
de menos de 2%. Macedo e Ramos (2015) ressaltam que o crescimento recente na
economia do município gerou um aumento populacional e ampliou as demandas por
serviços urbanos.
A Figura 1 apresenta o mapa da região principal do município escolhido para o
desenvolvimento da pesquisa.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 16
181
Figura 1. Polígono principal de Sinop/MT.
No entanto, o Plano Diretor do município está desatualizando e a fiscalização
não é efetiva, sendo as atividades humanas as principais responsáveis pela geração
do ruído ambiental, conforme já mencionado, por vezes a população fica exposta a
poluição sonora oriunda de fontes fixas, erigidas em locais inapropriados, além de
outros tipos de fontes emissoras.
Portanto, um estudo visando mapear e caracterizar o ruído no município
escolhido, é de suma importância, uma vez que assim pode-se utilizar o resultado
desta pesquisa como ferramenta na adoção de diretrizes para mitigar os problemas
gerados pelo ruído urbano.
3.2 Modelagem do ambiente acústico
A modelagem do ambiente urbano que compreende esse estudo é um dos
primeiros e principais passos a serem efetuados para um bom mapa de ruído. A
modelagem já efetuada está delimitada no sentido norte-sul pela Avenida dos
Jequitibás e Avenida dos Flamboyants, e no sentido leste-oeste pela BR-163 e
Avenida dos Guarantãs.
O processo de modelagem foi efetuado na interface do software Predictor-LimA
versão 11.2, o qual possibilita a importação de dados de imagem e arquivos *.dwg
e *.dxf, como base para realizar a modelagem, também foi utilizado o método de
cálculo da norma LimA – ISO 9613. ½. O programa descrito apresenta diversas
ferramentas para a realização da modelagem, como a “building”, que permite a
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 16
182
criação de um bloco de edificação em 3 dimensões, sendo o fator de reflexão destas
edificações igual a 0,80.
Para obtenção dos isovalores referentes ao ruído ambiental, foi necessário
inserir fontes de ruído no programa Predictor-LimA. Essas variam devido ao emissor
de ruído, para a modelagem com finalidade de avaliar o ruído do tráfego de veículos
foi utilizado a ferramenta fonte “Road”.
As imagens utilizadas foram retiradas do software livre Google Earth. Para melhor
precisão nos resultados e posteriormente do mapeamento de ruído, a modelagem
efetuada previu a construção da modelagem não só das edificações, mas também
das árvores, reservas e material de cobertura do solo. Consequentemente, após
o processo de modelagem, foi realizado medições em campo para aferir os dados
de ruído de tráfego, realizadas nos meses de agosto e setembro de 2017. Essa
aferição de dados é importante para inserção correta das Roads, como indicado
anteriormente.
As alturas das edificações modeladas foram determinadas através de aferição a
campo e observações utilizando o Google Street View, que possibilita a visualização
vertical delas. As construções no município estudado apresentam alturas similares
entre as categorias com as mesmas características, portanto foram estipuladas as
alturas para diferentes tipos de edificações existentes, conforme apresentado na
Tabela 1.
Categorias
Alturas (m)
Residência térrea
3,5
Residência c/ 2 pavimentos
7
Comercial c/ platibanda
6
Comercial c/ sobrado
7
Institucional
6
1 Pavimento – Comercial
4
2 Pavimentos – Comercial
9
1 Pavimento – Residencial Edifício
3
Vegetação
7
Tabela 1. Alturas das edificações
Os elementos modelados possuem propriedades físicas distintas, que de
acordo com as suas características, influenciam na absorção, transmissão e reflexão
do ruído incidente. Portanto, utilizando as ferramentas do programa que permitem
determinar as características dos elementos, é realizada a modelagem do local
amostrado.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 16
183
3.2.1 Definição da malha de pontos de medição
Uma etapa importante para a realização da modelagem foi a determinação dos
nós da malha de amostragem, que corresponde ao local de posicionamento das
estações de medição em campo. A determinação da malha não é simples, uma vez
que diversas bibliografias apresentam espaçamentos distintos entre os “nós”.
Conforme Nagem (2004), as distâncias dos pontos onde serão posicionadas as
estações podem ser de 450 a 2000 metros. Portanto, a pesquisa em questão, optou
por determinar um número mínimo de dados que deverão ser coletados, através
da elaboração de um semivariograma que é um medida da variabilidade geológica
condicionada pela distância. Sua análise gráfica possibilita o conhecimento de
elementos importantes como o alcance, que é a distância, dentro da qual, as amostras
apresentam- se correlacionadas espacialmente (LANDIM, 2006), ou seja, é possível
descobrir a distância máxima necessária entre os nós da malha de pontos, onde será
posicionada a estação de medição de ruído ambiental através do semivariograma.
Para gerar um semivarigrama são necessários pelo menos 30 pares de dados
(LANDIM, 2006), portanto o número mínimo de dados coletados deve ser 60. Optouse então pela utilização de 62 pontos dispostos como pode ser observado na Figura
2.
Figura 2. Localização dos pontos de medição.
3.3 Equipamentos utilizados
O sonômetro utilizado é o modelo ITDEC-4020 da marca Instrutemp, classe 2,
montado com um tripé a 1,5 metros de altura e posicionado a 2,5 metros de todas as
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 16
184
superfícies refletoras presentes no local, assim como pode ser visualizado na Figura
3.
Figura 3. Montagem do equipamento utilizado nas coletas de dados
As medições em campo são importantes nesse tipo de estudo pois auxiliam na
validação do nível sonoro obtido em campo e do simulado (GUEDES e BERTOLI,
2014). Nas medições em campo além de medir o nível sonoro foi feita a contagem
de veículos que passaram nas vias adjacentes ao ponto de medição.
4 | RESULTADOS
O resultado da modelagem pode ser visualizado tanto em 3D como em 2D.
Dessa forma é possível fazer avaliações dos níveis de ruído tanto em plano verticais,
como em fachadas, quanto em planos horizontais, como a propagação do ruído
horizontal no meio urbano.
A Figura 4 mostra a visualização 3D da modelagem, nela é possível observar
a modelagem das edificações em cinza, a modelagem da vegetação em verde, e o
grid vertical para análise de ruído no plano vertical.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 16
185
Figura 4. Representação em 3D com o grid vertical.
Um dos resultados que podem ser obtidos pela simulação com o modelo no
PredictorLimA é o Nível Sonoro Equivalente Contínuo para o dia-tarde-noite (Lden),
que pode ser entendido como o nível sonoro médio durante um período de 24 horas,
avaliando incomodidade.
A Figura 5 é uma demonstração de parte da modelagem já efetuada com
respectivos resultados do tráfego veicular da Av. Tarumãs em Sinop, MT. Para
realização da simulação foi utilizado um grid de 10x10 metros, a fim de obter-se
resultados mais precisos de interpolação para resolução do mapa sonoro. Além
disso, foi utilizado o recurso do software denominado road para indicar a fonte de
ruído do tráfego de veículos ao longo da extensão da avenida estudada.
Figura 5. Mapa acústico horizontal.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 16
186
Os valores simulados para o trecho da Figura 5 demonstraram que ao longo
da via aonde o ruído é originado e na altura do passeio público, o nível sonoro ficou
entre 70 dB e 75 dB, valor acima do recomendado pela legislação vigente, podendo
causar desconforto aos transeuntes da via. Além disso, percebe-se que próximo as
edificações mais próximas da via os valores encontrados ainda são mais altos dos
que os recomendados, ficando entre 65 dB a 70 dB. Esses valores ainda continuam
altos ate cerca de 90 metros em relação a fonte do ruído de tráfego o que é alarmante.
Nesse sentido é possível perceber que existe a necessidade de se implantarem
políticas públicas que diminuam ou minimizem os efeitos do ruído ao longo da Avenida
dos Tarumãs, essas medidas podem ser, entre outras, o uso de vegetação, que é
um importante elemento de absorção sonora, diminuição da velocidade de tráfego,
imponto limites menores e sendo mais rigorosos na fiscalização.
Evidencia-se ainda que o mapa simulado só levou em consideração o ruído
de tráfego da própria Avenida dos Tarumãs, não levando em consideração as vias
adjacentes. Isso pode indicar que o nível sonoro, nesse mapa, está indicando valores
abaixo da realidade.
5 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
A modelagem do processo de mapeamento de ruído deve ser sempre que
possível otimizada e simplificada, a fim de evitar simulações muito extensas em
tempo e que podem gerar erros.
A modelagem parcial apresentada nesse estudo resultou em um mapa de
nível sonoro resultante do tráfego de veículos na Avenida dos Tarumãs, em Sinop,
Mato Grosso. Os resultados mostraram que a exposição de quem transita, mora ou
trabalha no trecho pesquisado, está acima do recomendado pela legislação vigente.
Além disso, recomenda-se visando obtenção de maior aproximação entre o
valor físico e a sensação humana, considerar o nível de pressão sonora ponderado
na curva A - o dB(A). Esse é o parâmetro mais utilizado na descrição do ambiente
sonoro vinculada à percepção do ruído pelas pessoas.
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SILVA, G.; CÔRTES, P. L.; DIAS, A. G.; LIMA, I. S.; GRANGEIRO, A. L. D.; FERNANDES, H. C...
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Ciências Ambientais, v.8, n.2, p.61-72, 2017.
SUÁREZ, H.; PÉREZ, M. A. Desarrollo y aplicación de una metodología simples para determinar
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 16
188
índices de contaminación acústica en una zona urbana (caso Comuna Talcahuano). In: Congresso
Iberoamericano De Acústica, 1; Simpósio De Metrologia E Normatizaçào Em Acústica Do Mercosul,
1; Encontro Da Sociedade Brasileira De Acústica, 18, 1998, Florianópolis. Anais... Florianópolis:
SOBRAC, 1998. p. 467-470.
STEVENS, S. S. Perceived Level of noise by Mark VII and Decibels (E). Journal of the Acoustical
Society of America, vol. 51, n. 2 part 2, p. 575-601, 1972.
ZANNIN, P. H. T, et al. Incômodo causado pelo ruído urbano à população de Curitiba, PR. Rev. Saúde
Pública, v. 36, n. 4, p. 521-524, 2002.
WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Guidelines for Community noise, 1999. Disponível
em: http://www.euro.who.int/en/health-topics/environment-and-health/noise/environmental-noiseguidelines-for-the-european-region. Acesso em: out. 2019.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 16
189
CAPÍTULO 17
doi
PROTEÇÃO DA LIGA DE ALUMÍNIO 2024 CONTRA
CORROSÃO POR FILMES DE POLIPIRROL
ELETRODEPOSITADOS EM MEIO DE LÍQUIDO IÔNICO
Data de aceite: 10/12/2019
Julio Cesar Verli Chagas
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de São Paulo
São José dos Campos – São Paulo
Andrea Santos Liu
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de São Paulo
São José dos Campos – São Paulo
RESUMO: O alumínio é um metal muito
utilizado no setor industrial devido às excelentes
propriedades físico-químicas. A liga de alumínio
2024, empregada no setor aeronáutico,
contém cobre em sua composição e apresenta
excelente resistência mecânica. Entretanto,
a presença de pares galvânicos torna essa
liga mais susceptível à corrosão localizada.
Atualmente, no setor aeronáutico, as ligas
de alumínio são protegidas contra a corrosão
por tratamentos que utilizam compostos à
base de cromo hexavalente que, apesar da
alta eficiência, tem efeitos carcinogênicos e
provoca graves impactos ambientais. Dentre
as alternativas ambientalmente favoráveis para
proteger a liga 2024, destacam-se os polímeros
condutores, principalmente o Polipirrol (PPy)
e a Polianilina (PANI). Os líquidos iônicos
também têm sido estudados como inibidores
de corrosão. Nesta perspectiva, o presente
trabalho objetivou investigar o desempenho
de filmes de Polipirrol eletrodepositados em
meio contendo Líquido Iônico. Os filmes
foram depositados por cronoamperometria
e a morfologia das superfícies recobertas
pelo Polipirrol foi analisada por Microscopia
Eletrônica de Varredura. Os resultados
mostraram a formação de filmes homogêneos
e aderentes sobre a liga de alumínio. Ensaios
eletroquímicos realizados em meio agressivo de
cloreto indicaram que o filme depositado a 1,2
V apresenta bom desempenho para a proteção
do metal contra corrosão.
PALAVRAS-CHAVE: liga de alumínio 2024;
polipirrol; líquido iônico; eletrodeposição.
CORROSION PROTECTION OF ALUMINUM
2024 ALLOYS BY POLYPYRROLE
DEPOSITED IN IONIC LIQUID
ABSTRACT: Aluminum is a metal largely
employed in industry due to its excellent physicalchemical properties. Aluminum alloy 2024,
widely used in the aviation industry, contains
copper (Cu) in its composition and presents
excellent mechanical strength. However, the
presence of galvanic couples makes this
alloy more susceptible to localized corrosion.
Currently, in the aeronautical industry, aluminum
alloys have been protected against corrosion by
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 17
190
a treatment using compounds of hexavalent chromium which, even though effective
corrosion inhibitor, has carcinogenic effects, causing severe environment impacts.
Among the environmentally friendly alternatives to protect the 2024 alloy, conducting
polymers stand out, particularly Polypyrrole (PPy) and Polyaniline (PANI). Ionic
Liquids are also studied as corrosion inhibitors. In this perspective, this study aimed to
investigate the performance of electrodeposited Polypyrrole films in solution containing
Ionic Liquid. The films were deposited by chronoamperometry. The morphology of the
surface covered by Polypyrrole, investigated under Scanning Electron Microscope,
indicate that homogeneous films adherents had been obtained by chronoamperometry.
Electrochemical tests performed in aggressive chloride medium, indicated that the
film deposited at 1.2 V had provided good performance on protecting the corrosion of
aluminum alloys.
KEYWORDS: aluminum alloy 2024; polypyrrole; ionic liquid; electrodeposition.
1 | INTRODUÇÃO
O alumínio é amplamente utilizado no setor industrial devido às suas excelentes
propriedades físico-químicas. Entretanto, apresenta baixa resistência mecânica, o
que torna necessária a adição de elementos de liga, que resultam em combinações
que conferem propriedades mecânicas ajustadas ao produto desejável (ABAL, 2007).
A liga 2024, que contém cobre em sua composição, tem sido largamente utilizada
no setor aeronáutico (QUEIROS, 2008). Entretanto, a incorporação de constituintes
torna a liga mais suscetível à corrosão localizada, em que se desenvolvem pites na
superfície metálica em determinados meios agressivos (ABAL, 2012).
Atualmente, as ligas de alumínio são protegidas contra corrosão por tratamentos
que utilizam compostos à base de cromato que, apesar de eficiente inibidor de
corrosão, tem efeitos carcinogênicos e provoca graves impactos ambientais. Desta
forma, grupos de pesquisa têm investigado possíveis alternativas para substituílo. Os polímeros condutores, como Polianilina (PANI) e Polipirrol (PPy), têm sido
investigados para a proteção do alumínio e suas ligas (PALOUMPA, 2004).
Ressalta-se que o eletrólito utilizado no processo de eletrodeposição do PPy
desempenha um papel chave na eletropolimerização, pois é necessário que o
eletrodo metálico não oxide concorrentemente com o monômero. Devido à elevada
estabilidade química, eletroquímica e térmica, baixa pressão de vapor e alta
condutividade iônica, os líquidos iônicos são considerados eletrólitos interessantes
a serem utilizados na eletropolimerização de polímeros condutores (LU, 2009).
Nessa perspectiva, o presente trabalho objetivou a eletrodeposição e
investigação do desempenho anticorrosivo do filme de PPy eletrodepositado em
meio contendo o líquido iônico brometo de 1-butil-3-metilimidazólio (BMImBr) na
proteção da liga.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 17
191
2 | MATERIAL E MÉTODOS
Os ensaios eletroquímicos foram realizados em um potenciostato modelo
MQPG-01 da Microquímica. Foi utilizado uma célula eletrolítica contendo 3 eletrodos:
o eletrodo de trabalho (liga Al 2024 embutida em teflon e com área exposta de 0,53
cm2); o eletrodo de referência (Ag/AgCl); e o eletrodo auxiliar (fio de platina).
A superfície de alumínio foi polida com lixas granulométricas de 220, 400,
600 e 1200, respectivamente, e lavada com água destilada antes de cada ensaio
eletroquímico. A solução eletrolítica foi preparada diluindo-se 0,15 mol.L-1 de líquido
iônico (BMImBr) e 0,2 mol.L-1 de pirrol em acetonitrila. A eletrodeposição do polipirrol
foi realizada por cronoamperometria, aplicando-se o potencial de 1,2V vs Ag/AgCl.
A morfologia das superfícies revestidas com os filmes de polipirrol foi analisada
por Microscopia Eletrônica de Varredura, utilizando o equipamento Jeol JXA-840A.
A proteção contra a corrosão de superfícies de alumínio por filmes de polipirrol foi
investigada por meio de curvas de polarização potenciodinâmica em uma solução de
cloreto de sódio 0,1 mol.L-1 (pH = 5,9), à temperatura ambiente. Os parâmetros de
corrosão foram obtidos a partir das curvas de Tafel.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para analisar o desempenho dos filmes de PPy eletrodepositados na proteção
da liga contra corrosão realizou-se ensaios de polarização potenciodinâmica em
meio agressivo de cloreto. Os parâmetros eletroquímicos, potenciais de corrosão
e densidades de correntes de corrosão, foram obtidos a partir das curvas de Tafel
(Figura 1).
FIGURA 1. Curvas de polarização potenciodinâmica para a liga sem recobrimento (curva (A)) e
com recobrimento (curva (B)) do filme de polipirrol eletrodepositado - (à esquerda). Microscopia
eletrônica de varredura da superfície da liga de alumínio recoberta com o filme de polipirrol - (à
direita).
Pode ser observado, através das curvas de Tafel, que o potencial de corrosão
para as superfícies de alumínio recobertas com os filmes de polipirrol é deslocado
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 17
192
para a região para mais positiva, indicando proteção anódica.
A morfologia da liga de alumínio recoberta com filme de polipirrol foi analisada
por Microscopia Eletrônica de Varredura (Figura 1). Foi observado que a camada
depositada é compacta e homogênea, o que justifica a proteção do metal contra
corrosão, pois o filme dificulta a penetração de espécies corrosivas, como o cloreto,
inibindo a formação de pites no alumínio.
4 | CONCLUSÕES
Pode ser inferido que filmes de PPy homogêneos e aderentes foram obtidos
por cronoamperometria em meio contendo liquido iônico. Conclui-se também que
as superfícies de alumínio recobertas com as camadas poliméricas são menos
suscetíveis à corrosão, conforme constatado pelos parâmetros eletroquímicos
provenientes das curvas de Tafel.
5 | AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela
bolsa de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação e ao Laboratório de
Eletroquímica Orgânica do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade
do Vale do Paraíba (Univap) pela infraestrutura.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO ALUMÍNIO (ABAL). Fundamentos e aplicações do alumínio. São
Paulo: ABAL, 2007.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALUMÍNIO (ABAL). Fundamentos e aplicações do alumínio. São
Paulo: ABAL, 2012.
LU, J. et al. Advanced applications of ionic liquids in polymer science. Progress in Polymer
Science, v. 34, p. 431–448, 2009.
PALOUMPA, I.; YFANTIS, A.; HOFFMANN, P. BURKOV Y, YFANTIS D, SCHMEIBER D. Mechanisms
to inhibit corrosion of Al alloys by polymeric conversion coatings. Surface and Coatings
Technology. v.180, p.308-312. 2004.
QUEIROS, F.M. Estudo do comportamento de corrosão dos intermetálicos presentes nas ligas
AA2024-T3, por meio de técnicas de microscopia associadas a técnicas eletroquímicas. Tese de
doutorado - Universidade de São Paulo, São Paulo. 2008.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 17
193
CAPÍTULO 18
doi
REFLEXÕES PROJETUAIS: O CASO DA DISCIPLINA DE
CONFORTO AMBIENTAL
Data de aceite: 10/12/2019
Yuri Viana Loiola
Universidade de Fortaleza – Programa de
Monitoria Voluntária
Yuriarq@edu.unifor.br
Thais Carvalho Cardoso
Universidade de Fortaleza – Programa de
Monitoria Voluntária
Ana Paula Nogueira Vidal Menezes
Universidade de Fortaleza – Programa de
Monitoria Voluntária
Ana Caroline de Carvalho Lopes Dantas
Dias
Universidade de Fortaleza – Docente do Curso de
Arquitetura e Urbanismo
RESUMO: O presente artigo aborda a análise
de um método de ensino aplicado em uma das
etapas de avaliação de nota parcial da disciplina
de Conforto Ambiental, do Curso de Arquitetura
e Urbanismo da UNIFOR. O trabalho consiste
em fazer com que o aluno procure refletir sobre
as decisões projetuais acatadas na proposta
desenvolvida na disciplina Ateliê I – Projeto
de Arquitetura e Interiores, que é ofertada no
3 semestre da graduação em arquitetura e
urbanismo da UNIFOR, antecedendo as duas
disciplinas obrigatórias de conforto ambiental
presentes na matriz curricular do curso, que só
serão ofertadas no 4 e 5 semestres. O objetivo
final do trabalho desenvolvido na disciplina de
Conforto Ambiental é fazer com que o aluno some
o conhecimento teórico abordado na disciplina
de Ateliê II – Arquitetura e Conforto Ambiental
ao da disciplina de Conforto Ambiental e faça
uma análise crítica sobre as deficiências acerca
da adequabilidade bioclimática do projeto
desenvolvido na disciplina Ateliê 1 – Projeto
Arquitetônico e Interiores, e faça as alterações
projetuais após o amadurecimento teórico
acerca do tema da arquitetura bioclimática e do
conforto ambiental.
PALAVRAS-CHAVE:
Conforto Ambiental.
Estratégias Ativas. Adequação Ambiental
1 | INTRODUÇÃO
O ensino de Conforto Ambiental na
Universidade de Fortaleza – UNIFOR é dado em
dois momentos. Primeiramente, na disciplina
Ateliê II – Projeto de Arquitetura e Conforto
Ambiental que é ofertada no 4 semestre,
são
aos
abordadas
aspectos
questões
bioclimáticos
relacionadas
de
insolação
e ventilação natural, ou seja, estratégias
passivas de condicionamento ambiental.
Em um segundo momento, a disciplina de
Conforto Ambiental está situada no 5 semestre
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 18
194
do currículo da graduação em arquitetura e urbanismo e nela são discutidos aspectos
relacionados a acústica, morfogenia sonora, condicionamento acústico, eficiência
energética, além das estratégias artificiais de condicionamento ambiental, tais como,
iluminação artificial e climatização artificial.
O trabalho proposto como requisito de avaliação da segunda nota parcial da
disciplina, propõe que o aluno deva utilizar o projeto da residência unifamiliar que
foi desenvolvido na disciplina de Ateliê I -Projeto de Arquitetura e Interiores , é após
o somatório de conhecimento amealhado após já ter cursado a disciplina de Ateliê
II e após o conteúdo de eficiência energética ministrado na disciplina de Conforto
Ambiental , ele possa aprimorar suas decisões projetuais, somando soluções
concretas voltadas à utilização racional da insolação e ventilação visando à eficiência
energética.
Projeto desenvolvido
sem aprofundamento
em conforto ambiental
Projeto desenvolvido
com aprofundamento
em conforto ambiental
ATELIÊ 1
ATELIÊ 2
CONFORTO
AMBIENTAL
Soma do conteúdo
teórico abordado em
duas disciplinas
Foto: Ordem das disciplinas da Graduação
Fonte: Elaborado pelo autor
2 | METODOLOGIA
Para a concepção deste artigo, foi realizado um paralelo entre o conteúdo
teórico ministrado em sala de aula e as soluções projetuais desenvolvidas na
disciplina de Ateliê I – Arquitetura e Interiores, buscando identificar as deficiências,
com o auxílio dos monitores e do docente em sala de aula, tudo isso fundamentado
em uma revisão bibliográfica em livros e artigos de conforto ambiental que visam
as estratégias passivas de condicionamento ambiental e a promoção da eficiência
energética em edificações.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Refletindo o projeto
A primeira etapa do trabalho consiste em uma breve revisão sobre o conteúdo
ministrado na disciplina Ateliê II – Arquitetura e Conforto Ambiental, seguido da
introdução do conteúdo de eficiência energética, iluminação artificial, condicionamento
artificial do ar, proposto pela disciplina.
Nesta etapa, o aluno, com o auxílio em sala de aula do professor/monitor,
avalia as decisões projetuais tomadas no projeto antes do conteúdo de conforto
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 18
195
ambiental ser abordado diretamente no curso e a partir daí ele constata os possíveis
problemas, que variam desde: esquadrias mal posicionadas, erros de implantação,
ambientes com excessiva insolação e ambientes com pouco ou nenhum uso da
iluminação e da ventilação natural.
3.2 Solucionando os problemas
O segundo passo do trabalho consiste em solucionar os problemas
diagnosticados no projeto, propondo as modificações que vão desde: mudança de
implantação com o intuído de buscar uma melhor orientação da edificação com relação
a vento e insolação, utilizar dispositivos arquitetônicos de controle da insolação tais
como: brises, toldos e beirais, como se pode ver na fig. 01, em seguida e feito o
lançamento dos condicionadores de ar, que são dimensionados com o auxílio de
simuladores disponibilizados pelos próprios fabricantes.
Em paralelo ao projeto de condicionamento artificial do ar, é feito o lançamento
da iluminação artificial, tendo como foco a iluminação geral e de tarefa. Para o
dimensionamento da iluminação é utilizado um método de cálculo que vai expressar
em Lux, qual a necessidade de iluminação do ambiente, tendo como base a NR
17. Com essas informações, os alunos selecionam as lâmpadas e luminárias
suficientes em catálogos de fornecedores, e por fim são lançados todos os circuitos
de acendimento das luminárias, como se pode ver no trabalho desenvolvido por uma
equipe na fig. 02 abaixo.
Figura 01: Projeto modificado
Fonte: Acervo da disciplina
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 18
196
Figura 02: Projeto luminotécnico
Fonte: Acervo da disciplina
4 | CONCLUSÃO
Podemos concluir após o fim desse trabalho o amadurecimento projetual do
aluno, tendo em vista a ordem das disciplinas de conforto ambiental da ementa
do curso. É perceptível a evolução do ‘’traço’’ do aluno enquanto futuro arquiteto,
saindo do campo empírico, para uma tomada de decisões pautadas no conhecimento
técnico, e com a consciência de que cada decisão projetual, desde a implantação
até a especificação dos materiais tem consequências positivas e negativas e ambas
são de inteira responsabilidade do projetista.
5 | AGRADECIMENTOS
Agradeço ao programa de monitoria da Universidade de Fortaleza, minhas colegas
monitoras, Thais Cardoso e Ana Paula Nogueira e a minha orientadora, Ana Caroline.
REFERÊNCIAS
CORBELLA, Óscar & YANNAS, Simos. EM BUSCA DE UMA ARQUITETURA SUSTENTÁVEL PARA
OS TRÓPICOS – CONFORTO AMBIENTAL .2 Edição. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2016.
FROTA, Anésia Barros & Schiffer, Sueli Ramos. MANUAL DE CONFORTO TERMICO. São Paulo:
Editora Nobel, 2003.
LAMBERTS, Roberto; DUTRA, Luciano; PEREIRA, Fernando. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA
ARQUITETURA. 3 Edição – Rio de Janeiro: Editora Eletrobrás\Procel, 2014.
SZOKOLAY, Steve V. INTRODUCION TO ARCHITETURAL SCIENCE. 1 Edição. Estados
Unidos: Taylor & Francis USA, 2014
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 18
197
CAPÍTULO 19
doi
USO DO MIRITI COMO RECURSO DIDÁTICO NO
ENSINO DE ANÁILISE COMBINATÓRIA
Genivaldo Passos Correa
Data de aceite: 10/12/2019
Anildo das Chagas Dias
Universidade Federal do Pará. Faculdade
Ciências Exatas e Naturais- Campus AbaetetubaPa
Jociléa Rodrigues Cardoso
Universidade Federal do Pará. Faculdade
Ciências Exatas e Naturais-Campus AbaetetubaPa
http://lattes.cnpq.br/9702082117284782
José Francisco da Silva Costa
Universidade Federal do Pará. Faculdade de
Formação e Desenvolvimento do Campo –
FADECAM. Abaetetuba - Pa
http://lattes.cnpq.br/9492719731740641
Nayara dos Santos Rodrigues
Universidade Federal do Pará. Faculdade
Ciências Exatas e Naturais- Campus AbaetetubaPa
http:/lattes.cnpq.br/7315572003866689
Raimundo das Graças Carvalho de Almeida
Universidade Federal do Pará. Faculdade
Ciências Exatas e Naturais- Campus AbaetetubaPa
http://lattes.cnpq.br/8447434150719179
Reginaldo Barros
Universidade Federal do Pará. Faculdade
Ciências Exatas e Naturais- Campus AbaetetubaPa
http://lattes.cnpq.br/9658271624403087
Universidade Federal do Pará. Faculdade
Ciências Exatas e Naturais- Campus AbaetetubaPa
http://lattes.cnpq.br/6321452953013620
RESUMO: Este artigo estuda a relevância
da experimentação no ensino da análise
combinatória levando em conta o miriti como um
recurso no processo de ensino e aprendizagem
o que pode descomplicar o conteúdo, causando
motivação e interesse nos alunos pelo
conteúdo. O recurso do miriti pode proporcionar
um melhor ensino de análise. A relevância do
artigo está no fato de considerar que por meio
das experimentações nas aulas de matemática,
especialmente de análise combinatória, o
aluno passa a entender o conteúdo sob outra
ótica, o que proporciona um significado maior
na aprendizagem. Acredita-se, portanto, que
a experimentação tendo como recurso o miriti
confeccionado com materiais para o ensino de
análise combinatória, proporciona que o aluno
consiga aprofundar o conhecimento, pois está
diante de situações problemas voltados para o
cotidiano. Assim sendo, o trabalho se restringe
na metodologia de característica qualitativa,
que por meio de pesquisas bibliográficas, de
consultas a trabalhos relacionados a temática,
serviram de referência para o desenvolvimento
do estudo. A forma de ensinar a análise
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
198
combinatória sobre o aspecto da experimentação tendo como recurso o miriti, pode
ser utilizada em escola pública ou particular e que possa abordar sobre essa ótica
o estudo de análise combinatória. Dessa maneira, o trabalho dispõe de proposta de
experimentações que o professor pode realizar, possibilitando que o aluno perceba
que a importância de que as práticas comuns do cotidiano pode ampliar a visão da
aplicabilidade da matemática.
PALAVRAS-CHAVE: Matemática. Análise Combinatória. Experimentação
ABSTRACT: This article studies the relevance of experimentation in the teaching of
combinatorial analysis considering miriti as a resource in the teaching and learning
process which can complicate the content, causing motivation and interest in the
students for the content. The miriti resource can provide better teaching of analysis.
The relevance of the article lies in the fact that through experiments in math classes,
especially combinatorial analysis, the student comes to understand the content from
another perspective, which provides greater meaning in learning. Therefore, it is
believed that experimentation using the Miriti made with materials for the teaching of
combinatorial analysis, allows the student to deepen the knowledge, because it is facing
problems situations turned to daily life. Thus, the work is restricted to the methodology
of qualitative characteristic, which through bibliographic research, consultations to
works related to the theme, served as a reference for the development of the study. The
method of teaching combinatorial analysis on the aspect of experimentation using miriti
can be used in a public or private school that can address the study of combinatorial
analysis. Thus, the work has a proposal of experiments that the teacher can perform,
enabling the student to realize that the importance of common everyday practices can
broaden the view of the applicability of mathematics.
KEYWORDS: Mathematics. Combinatorial analysis. Experimentation
1 | INTRODUÇÃO
Em termos históricos a Análise Combinatória surgiu no século XVII, com a
necessidade de calcular o número de possibilidades existentes de resultados dos
jogos de azar, e isso foi o que incentivou o estudo dos métodos de contagem (BOYER,
2001). Por solucionarem problemas de jogos de azar, Blaise Pascal (1623-1662) e
Pierre de Fermat (1601-1665) impulsionaram essa área. Pascal escreveu, em 1654,
o Tratado do Triângulo Aritmético, uma exposição das propriedades dos coeficientes
binomiais e das relações entre eles.
Assim a Análise Combinatória visa desenvolver métodos que permitam contar
o número de elementos de um conjunto, sendo estes elementos, agrupamentos
formados conforme algumas condições. Por sua vez, pode-se dizer que a teoria das
probabilidades decorre da necessidade de avaliar hipóteses e de tomar decisões. A
primeira vista pode parecer desnecessária a existência destes métodos, isto de fato
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
199
é verdade, se o número de elementos que se quer contar for pequeno. Entretanto, se
o número de elementos a serem contados for grande, esse trabalho, torna-se quase
que impossível, sem o uso de métodos especiais. Tais métodos são as combinações,
arranjos e permutações.
A Análise Combinatória é um tema de fundamental importância para o ensino
médio e o professor pode utilizar de recursos, como por exemplo o miriti como
estratégia metodológica para realizar uma abordagem capaz de aguçar, motivar e
causar um maior interesse nos alunos. Para alcançar essa motivação, é preciso que
ele construa uma relação entre o conteúdo de analise combinatório com situações
problemas vivenciado pelos alunos. De que forma seria capaz de aprimorar esse
estudo fazendo essa correspondência biunívoca?
Para responder essa pergunta, segundo os autores, D’Ambrósio (2010) e
Ogliari (2008) consideram que a Matemática ganha destaque, quando o assunto é a
necessidade de mudança no modelo de ensino adotado. Nessa questão vale ressaltar
que por modelo de ensino se pode referir a necessidade de mudança na forma de
como o professor pode desenvolver o trabalho pedagógico sobre determinado tema
da matemática. È importante que ele possa construir uma metodologia que venha
aflorar a experiemnetação onde consiga mostrar a aplicabilidade do conteudo com
o cotidiano do aluno.
Isto é aquilo que pode chamar atenção dele sobre o tema que o professor
aborda, teroricamente em sala. Assim sendo, os autores consideram que se o
professor não ministrar um conteudo ligado com a experiemntação e outros recuros
que podem facilitar, os alunos podem apresentar dificuldade de aprendizagem.
Nesse sentido o professor pode fazer que os alunos aprendem melhor o
conteúdo de analise combinatório, buscando melhorar o processo de ensino a paritr
de usos de recursos que podem auxiliar a aprendizagem. Para o autor Lorenzato
(2006), o professor tem um papel relevante no sucesso ou fracasso do aluno,
pois depende da metodologia que desenvolve. Para Lorenzato ( 2006).não basta o
professor dispor de um bom material didático para que se tenha a garantia de uma
aprendizagem significativa é preciso saber utilizar estes materiais.
O que o autor procura mostrar é que o professor deve saber manipular os
diferentes recursos para saber utilizar nos conteúdos ministrados. È preciso ter
conhecimento, por exemplo, se for utilizar um recurso computacional, é necessário
conhecer os aplicativos para que consiga construir uma metodologia que venha
auxiliar e ensinar também os alunos. Nesse aspecto, a experiência ou a prática
docente é importante para que o conteúdo cause motivação e interesse no alunado
ao ponto de conseguir uma melhor aprendizagem. .
Levando em conta esse contexto, tem-se como objetivo geral: verificar que o
uso do miriti como recurso didático para as aulas de estudo de análise combinatória
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
200
pode auxiliar que o aluno adquire uma aprendizagem muito mais prazerosa a partir
de situações problemas que estejam ligados com a vivencia ou com a aprendizagem
significativa. Nesse sentido, procura-se mostrar como requisito crucial para o
desenvolvimento desse trabalho uma proposta de experimentação para melhorar
a compreensão do conteúdo ministrado e considerando o miriti como um recurso
capaz de auxiliar o aluno para o desenvolvimento de competências, na organização
do pensamento e do raciocínio dedutivo e dessa maneira será possível com base
na proposta de experimentação, compreender e avaliar a escolha da contagem dos
elementos de um conjunto considerando o miriti como um recurso didático como um
auxiliador para interpretação e compreensão dos problemas a serem tratados nesse
trabalho.
A partir dessa proposta para o estudo do tema a que propõe esse trabalho,
o desenvolvimento de capacidades cognitivas, como: analisar, investigar, refletir,
levantar hipóteses, testar, argumentar, generalizar serão possíveis pelo fato de que a
proposta experimental é capaz de preencher a lacuna para uma melhor compreensão
da contagem, tomando o miriti como uma maneira de mostrar problemas que estarão
ligados com o cotidiano do aluno, como por exemplo, as diferentes maneiras de se
vestir, de comer uma sala de frutas ou até mesmo de escolher um determinado
caminho entre duas ou mais cidades e de dispor os livros numa instante.
Assim, a Análise Combinatória visa desenvolver métodos que permitam contar
o número de elementos de um conjunto, sendo estes elementos, agrupamentos
formados conforme algumas condições. Por sua vez, pode-se dizer que a teoria das
probabilidades decorre da necessidade de avaliar hipóteses e de tomar decisões.
As aplicações são diversas e ela tem tido um crescimento muito grande nas últimas
décadas, devido sua utilização em teoria dos grafos, em análise de algoritmos,
etc. muitos problemas importantes podem ser modelados, matematicamente,
como problemas de teoria dos grafos. (problemas de pesquisas operacional, de
armazenamento de informações em bancos de dados nos computadores, e também
problemas de matemática pura, como o famoso problema das 4 cores).
No contexto de sala de aula é visível a existência de uma problemática que
são evidenciadas informalmente por meio de trocas de experiências docentes e
formalmente através dos resultados das avaliações. De maneira simples, este trabalho
é direcionado como objetivos específicos, oferecer propostas de experimentação
com a utilização de miriti como um recurso didático para auxiliar na contagem de
elementos relacionados a permutação, arranjo e combinações; compreender a partir
desse recurso didático um melhor processo de ensino aprendizagem de modo a
superar dificuldades no repasse dos conceitos de Análise Combinatória em sala de
aula; mostrar que a contextualização no estudo de análise combinatória levando
em conta a aprendizagem significativa do cotidiano do aluno pode enriquecer o
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
201
conhecimento sobre o tema proposto.
Dessa maneira, a proposta é destacada como experimentação que pode
ser capaz de responder a problemática vivenciada pelos alunos quando sentem
dificuldades de aprenderem o conteúdo longe da realidade das vivencias e
da aprendizagem significativa.
Nesse sentido, torna-se
indispensável que
a experimentação esteja sempre presente ao longo de todo o processo de
desenvolvimento das competências em matemática, privilegiando-se o fazer,
manusear, operar, agir, em diferentes formas e níveis. É dessa forma que se pode
garantir a construção do conhecimento pelo próprio aluno, desenvolvendo sua
curiosidade e o hábito de sempre indagar, evitando a aquisição do conhecimento
científico como uma verdade estabelecida e inquestionável.
Por meio da experimentação o conhecimento é levado juntamente com a
motivação para o aluno, pois deste modo àquele que não conseguiu entender um
determinado conteúdo abstratamente, tem ainda a chance de experimentá-lo,
visualizando ou tocando objetos relacionados a um determinado conteúdo de modo
a facilitar a aprendizagem. Os experimentos matemáticos além de sua importância
teórica possuem o papel de conseguir esta aproximação, pois quando o aluno
consegue compreender que o assunto estudado está sendo experimentado, inclusive
com a possibilidade de manipulação de objetos concretos, acaba por perceber a
utilidade daquele conhecimento, tornando o estudo efetivamente significativo.
O trabalho, em termos metodológicos, é qualitativo que seguiu as seguintes etapas.
De princípio, foi realizado levantamentos bibliográficos, cuja preocupação é extrair
elementos capazes de fundamentar a compreensão do tema proposto, partindo
para a sistematização e exposição das propostas de experiências que poderão ser
utilizadas.
2 | TEORIA, CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE ANÁLISE COMBINATÓRIA
Nesse tópico será abordado
métodos utilizados para resolver problemas de
análise combinatória, O Princípio Fundamental da Contagem, Arranjos, Permutação
e Combinações Simples. Essa abordagem tem como princípio mostrar conceitos,
definições e formulações matemáticas para consolidar o estudo com futuras
aplicações.
2.1 Fatorial
Antes de iniciar o conceito de fatorial do ponto de vista matemático é importante
para aplicar a utilidade do ponto de vista cotidiano. Assim sendo, o uso do fatorial
envolve muitas situações práticas e para introduzir os conceitos de permutações
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
202
e combinações são necessários compreender o conceito de fatorial onde tanto a
permutação quanto a combinação dependem do fatorial, como será observado.
Antes de verificar exemplos de aplicação de fatorial, combinação e permutação
é importante compreender o que significa, matematicamente, o conceito de fatorial.
Assim sendo, dado um número natural qualquer n , sendo n > 1 define-se o fatorial
de n, o que denotamos por n!, o produto decrescente de n até 1( IEZZI,2000, p-19)
n ! = n.(n − 1).(n − 2)...3.2.1
Nos casos particulares n = 1 e n = 0 define-se:
1! = 1
E
0! = 1
Note que:
2.2 Princípio fundamental da contagem
Se um evento é composto por duas etapas sucessivas e independentes
de tal maneira que o número de possibilidades na 1ª. Etapa é m e o número de
possibilidades na 2ª. Etapa é n, então o número total de possibilidades de o evento
ocorrer é dado por m.n.( IEZZI, 2000,p-2)
Pode-se generalizar este resultado para qualquer número finito de etapas: Se a
1ª. Etapa ocorre de
possibilidades, a 2ª. Etapa de
a n-ésima etapa de
possibilidades, o número total de possibilidades é dada por:
possibilidades e assim até
A questão nesse ponto é de indagar qual a importância de aprender sobre o
principio fundamental da contagem?
Para responder a essa pergunta, considere que se Deseja sair de uma cidade
de A e chegar à cidade C, passando, necessariamente, por uma cidade B, onde de
A até B, tem-se 3 caminhos possíveis para seguir e de B para C temos 4 caminhos
possíveis para seguir. De quantas são as maneiras de partir da cidade A e chegar a
cidade C, passando, necessariamente, por B?
Para responder a essa questão, considere o seguinte diagrama:
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
203
Fonte: Acervo do autor( ANILDO< 2019)
Observando a figura, pode-se considerar que uma pessoa pode tomar o
caminho 1 de A a B e escolher quaisquer um dos quatro caminhos que vai de B para
C. Em seguida, pode escolher o segundo caminho de A a B e optar, novamente,
pelos quatro quais quer dos caminhos de B a C e por fim, poderá ir pelo caminho 3
( A a B) e escolher os outros quaisquer dos quatro caminhos de B a C. Observe o
diagrama a seguir,
Ou seja, o numero de pares ordenados serão,
(1,1), (1,2), (1,3), (1,4)
(2,1) (2,2), (2,3), (2,4)
(3,1) (3,2), (3,3), (3,4)
Verifica-se, portanto que há 12 possibilidades de escolhas.
então pelo Princípio Fundamental da Contagem, existem 12 caminhos possíveis
para sair da cidade A e chegar à cidade C, pois 3.4 = 12.
2.3 Permutações Simples
Denomina-se permutações simples de n elementos distintos dados a toda
sucessão de n termos formada com esses n elementos distintos. Tal permutação é
obtida fazendo ( IEZZI, 2000,p-18) :
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
204
Os exemplos 1 e 2 que ilustram algumas aplicações envolvendo as permutações
simples, uma bem direta e outra que requer um pouco mais de raciocínio, além da
utilização da fórmula da permutação simples.
Exemplo 1: Quantos anagramas1 pode-se formar com a palavra AMOR.
Solução:
Como a palavra AMOR é formada por quatro letras distintas, logo:
P=
4!
= 4.3.2.1
= 24
4
Assim pode-se formar 24 anagramas distintos com a palavra AMOR.
Exemplo 2: De quantos modos é possível sentar 7 pessoas em cadeiras em fila
de modo que duas determinadas pessoas dessas 7 não fiquem juntas?
Solução:
O número total de modos de sentar 7 pessoas em 7 cadeiras é o número de
modos de arrumar 7 pessoas em fila, ou seja, 7!. Só que o problema quer que duas
determinadas pessoas dessas 7 não fiquem juntas, logo do total de 7!, temos que
retirar a possibildade de duas pessoas A e B ( AB ou BA ), estejam juntas. Assim
estando A e B ( AB ou BA ), não têm 7 pessoas e sim 6 e como pode ser AB ou BA,
logo faz-se 2.6! = 1.400. Desta forma a solução do problema é dada por:
2.4 Permutações circulares
De quantas maneiras distintas pode-se formar uma ciranda (um círculo formado
de objetos, pessoas, etc.)?
Suponhamos que se queira formar uma ciranda com três pessoas, por exemplo,
com Antônio, Beatriz e Fernando, logo pode-se pensar na ciranda conforme ilustra
a Figura
Três posições, três pessoas então pelo princípio Fundamental da Contagem
existem 3!, ou melhor, quando girar a ciranda da figura 3, ter-se-á a ciranda distribuída
conforme a figura 4.
Figura 4- Ciranda da figura
Fonte: Acervo do autores
1
Os anagramas são alterações da sequência das letras de uma palavra.
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Capítulo 19
205
Fonte: Acervo do autores
Pela Figura 4 pode-se perceber que ao girar a ciranda ela não deixa de ser a
ciranda original.
Formada então uma disposição inicial, qualquer outra disposição que gire a
ciranda, sempre consegue voltar à disposição inicial na verdade é a mesma roda
formada pela disposição inicial!. A figura 5, apresenta a posição inicial da ciranda
diferente da disposta na figura 3.
Note que a Figura 5 é totalmente diferente da figura 4, não importa o quanto a
ciranda gire.
Pode-se ver então que cada roda formada conta como 3 no número total
apresentado pelo princípio da contagem (que contou todas as possíveis maneiras
de se montar uma roda com 3 pessoas).
Suponha uma ciranda formada por quatro pessoas, por exemplo, Angélica,
Felipe, Bernardo e Cleide. Pode-se pensar na ciranda conforme a Figura 6.
Figura 6: Ciranda rotacionada 3
Fonte: Acervo dos autores.
Pode-se perceber que com 3 elementos, tem-se 3 rodas iguais, para 4 elementos
4 rodas iguais, continuando desta maneira, tem-se n para pessoas brincando de
roda uma quantidade de n rodas iguais a inicial.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
206
Como fazer então para saber a quantidade total de rodas distintas possíveis?
Solução:
Analisando a situação, para o caso de 3 elementos compondo a ciranda, temse a seguinte regra de três simples:
Analisando a situação, para o caso de 4 elementos compondo a ciranda, temse a seguinte regra de três simples:
Assim por diante, analisando a situação, para o caso de n elementos compondo
a ciranda, tem-se a seguinte regra de três simples:
Conclusão: Uma permutação circular com elementos é obtida fazendo:
Considere os exemplos 3 e 4 como aplicações da expressão de
Exemplo
De quantos modos n casais podem formar uma roda de ciranda de modo que
cada homem permaneça ao lado de sua mulher e que pessoas de mesmo sexo não
fiquem juntas?
Solução:
Há
modos distintos de formar uma roda com as n mulheres. Depois disso, há dois
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
207
modos de pôr os maridos na roda: à direita ou à esquerda de suas mulheres.
Portanto existem
modos distintos de formar à roda de ciranda.
2.5 Permutação de Elementos Nem Todos Distintos
Conforme foi estudado no item 2.3.1, o número de anagramas da palavra
PRATICO é dado por: 7!, que a palavra PRATICO é formada por 7 letras todas
distintas, mas como calcular o número de anagrama da palavra ANA?
Resposta:
Como ANA é uma palavra pequena, ela pode ser escrita com todas suas
possibilidades do anagrama. Assim:
AAN, ANA, NAA.
Ou seja, o número de anagramas da palavra ANA são 3.
Note que ao utilizar a fórmula da permutação simples tem-se:
E se fosse o da palavra ARARA?
Resposta:
Escrevendo todas as possibilidades do seu anagrama, temos:
AAARR, AARAR, AARRA, ARARA, ARRAA, RARAA, RRAAA, ARAAR, RAARA,
RAAAR.
Ou seja, o número de anagramas da palavra ARARA são 10.
Pela fórmula de Permutação Simples teríamos:
O que está acontecendo?
Note que supondo que podemos enumerar as letras iguais
.
Quando utilizamos o princípio da multiplicação contamos para
A1A2A3R1R2, A1A3A2R1R2, A2A1A3R1R2, A2A3A1R1R2, A3A1A2R1R2, A2A3A1R1R2,
A1A2A3R2R1, A1A3A2R2R1, A2A1A3R2R1, A2A3A1R2R1, A3A1A2R2R1, A2A3A1R2R1
Como sendo todas diferentes, quando na verdade são todas iguais ao anagrama
AAARR.
No total conta-se 3!.2! quando na verdade deveria ter contado apenas 1.
Logo, o total de anagramas da palavra ARARA é
.
Para a palavra ANA tem-se:
Ou seja, de modo geral se existe uma palavra com n letras onde destas n temse n1 , n2 ,..., n p iguais de modo que n1 + n2 + ... + n p = n então o número de anagramas
diferentes com estas letras é
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
208
n!
n1!...n p !
e denota-se este tipo quociente por
Pn
n1 , n2 ,..., n p
.
Abaixo são apresentados alguns exemplos de aplicações da fórmula da
permutação com alguns elementos repetidos
Exemplo 5: Quantos números com 5 algarismos podem ser formados usando
apenas os algarismos 1,1,1,1,2 e 3?
Solução:
Tem-se 1, 1, 1, 1 e 2 onde
Usando 1, 1, 1,1 e 3 onde há outros 5 números, pois, 1, 1, 1, 2 e 3 há
Assim;
.
2.6 Arranjos Simples
Dado um conjunto com
taxa
elementos distintos, chama-se arranjo simples de
, a todo agrupamento de
elementos distintos dispostos numa certa ordem.
Dois arranjos diferem entre si, pela ordem de colocação dos elementos. Assim, no
conjunto
, tem-se:
a) Arranjos de taxa 2: ab, ac, bc, ba, ca, cb.
b) Arranjos de taxa 3: abc, acb, bac, bca, cab, cba.
Representa-se pelo símbolo
o número de arranjos de n elementos
distintos tomados k a k e calculamos usando a fórmula:
Note que
Veja os exemplos 7 e 8 que são característicos de Arranjos Simples.
Exemplo 7: Um cofre possui um disco marcado com os dígitos 0,1,2,...,9. O
segredo do cofre é marcado por uma sequência de 3 dígitos distintos. Se uma pessoa
tentar abrir o cofre, quanta tentativa deverá fazer (no máximo) para conseguir abrilo?
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
209
2.6.1 Arranjos com repetição
Define-se arranjo com repetição, de n elementos tomados p a p, a todo grupo
ordenado de p elementos escolhidos entre os n elementos disponíveis. Para tais
problemas tais elementos p a serem escolhidos podem ser repetidos.
Considere o conjunto A = {2,3,4,5}, pode-se escrever todos os números com 2
elementos escolhidos entre os 4 elementos de A.
São eles: 23, 24, 25, 32, 42, 52, 34, 43, 45, 54, 22, 33, 44, 55, 35, 53.
Neste caso, o número de arranjos é representado por
e que pelo
PFC, tem-se:
Assim de maneira geral para um conjunto com n elementos tomados p a p seu
arranjo com repetição é dado por:
Os exemplos 9 e 10 típicos de arranjos com repetição.
Exemplo : Quantos números de 3 algarismos podemos formar com os algarismos
1,2,3,4,5,6,7,8 e 9?
Solução:
Como os algarismos não são distintos, isso possibilita que se usem as
mesmas quantidades de números tanto para a 1º, 2º e 3º posição, assim tem-se;
9 = 729.
Exemplo 10: Qual é o número total de anagramas que pode ser formado
juntando três letras quaisquer de um alfabeto de 23 letras?
Solução:
Neste caso o número de anagramas será calculado utilizando a fórmula
anagramas formadas com 3 letras, começando por AAA e terminando com ZZZ.
2.7 Combinações Simples
Define-se combinações simples de n elementos distintos tomados k a k aos
conjuntos formados de k elementos distintos escolhidos entre os n elementos dados.
Representa-se pelo símbolo
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Capítulo 19
210
o número de combinações de n elementos tomados k a k e calcula-se usando
a fórmula:
A diferença do Arranjo Simples para a Combinação Simples é que para o Arranjo
Simples a ordem dos elementos é importante, ou seja faz diferença, enquanto para
a Combinação Simples a ordem dos elementos não é importante, ou seja, se trocar
a ordem dos elementos o resultado é o mesmo. Os exemplo 11 e 12 envolvem
combinações simples.
2.7.1 Combinações Completas ou Com Repetição
Para introduzir a ideia de combinações com repetições, é apresentado um
exemplo: De quantos modos é possível comprar 3 sorvetes em uma sorveteria que
os oferece em 5 sabores?
Normalmente utiliza-se a seguinte solução
Esta resposta não está correta. Ela estaria certa caso a pergunta fosse: De
quantos modos podemos escolher 3 sorvetes diferentes, em uma sorveteria que
os oferece em 5 sabores? Essas 10 possibilidades representam as combinações
simples de 5 elementos, tomados 3 a 3.
Na questão apresentada, a resposta correta seria
que são as combinações completas de 5 elementos, tomados 3 a 3, ou seja,
nesse caso admitiríamos a hipótese da pessoa escolher sabores repetidos.
O cálculo das combinações completas, seguirá um raciocínio com
as
permutações com elementos repetidos.
Para que haja uma melhor compreensão do problema inicial, deve-se supor
supor que a sorveteria oferecesse os sabores: manga, abacaxi, goiaba, cereja e
limão. Nas combinações simples, desses 5 sabores, tomados 3 a 3, só existiria
composições do tipo: manga, abacaxi, goiaba ou goiaba, cereja, limão ou abacaxi,
goiaba, limão, etc...Como se pode perceber, essa opção das combinações completas
dará um resultado maior que na primeira, que gerou 10 possibilidades de escolha.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
211
Pode-se encarar a solução do problema das combinações completas da escolha
de 3 sabores (distintos ou não), numa sorveteria que oferece 5 opções de escolha,
como sendo as soluções inteiras e não negativas da equação:
Tem-se, portanto, 5 variáveis que representam a quantidade comprada, de
cada um dos sabores oferecidos.
No exemplo da sorveteria:
Pode-se então concluir, sobre as combinações completas de n elementos, p a
p.
Uma importante propriedade: As combinações com repetição podem também
ser transformadas em combinações simples equivalentes de acordo com a relação:
Os exemplos 13, 14 e 15 são de aplicações das Combinações Completas.
Exemplo: De quantos modos pode comprar 4 salgadinhos em uma lanchonete
que oferece 7 opções de escolha de salgadinhos?
Solução:
Tem-se que em primeiro lugar determinar a quantidade de soluções inteiras
positivas de uma equação do tipo:
Logo a solução será dada por;
Exemplo 14: Podendo escolher entre 5 tipos de queijo e 4 marcas de vinho, de
quantos modos é possível fazer um pedido num restaurante, com duas qualidades
de queijo e 3 garrafas de vinho?
Solução:
Primeiramente escolhe-se os dois tipos de queijos entre os 5 disponíveis
(distintos ou não), isto será igual a
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Capítulo 19
212
depois se escolhe 3 garrafas entre os 4 vinhos disponíveis, ou seja,
assim o número de pedidos de queijos e vinhos, de acordo como proposto na
questão, deverá ser dado por 15x 20 = 300
3 | PROPOSTAS DE EXPERIMENTAÇÃO PARA A ANÁLISE
COM O AUXÍLIO DE MATERIAL CONFECCIONADO DE MIRITI
COMBINATÓRIA
Nesse tópico é apresentado proposta de trabalho em sala de aula que podem
ser utilizados pelos professores quando ministrarem análise combinatória. Devese atentar que é necessária a atenção do professor para as escolhas de cada
experimentação, isso deve levar em consideração o contexto do aluno, o nível
de entendimento e a disponibilidade de se trabalhar na sala ou no laboratório de
matemática. Para esses problemas, utilizam plaquinhas de material concfeccionados
de miriti como recurso na aplicabilidade e slução do problema proposto
ATIVIDADE
OBJETIVOS
Construção de Anagramas
Mostrar as diversas formas de se realizar a permutação dos nomes dos
alunos com o uso de blocos de miriti
Números de vestimentas
De quantas maneiras o aluno pode se vestir se tiver calças, camisas e sapatos de cores diferentes
Permutação de livros Permutar os livros de forma que cada coleção especifica não se misture
Tabela 1: Atividades de experimentação
Fonte: Acervo dos autores
3.1 A construção de anagramas com o recurso de blocos de miriti
3.1.1 Material utilizado
O material utilizado para a confecção desse experimento consiste em em
considerar o alfabeto da língua portuguesa construído em quadrados de miriti (
Figura 1)
2º PASSO cosntrução dos anagramas a partir dos seguintes nomes:
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Capítulo 19
213
ALICE CARLOS
MARIA
ANA JOÃO VIVIANE
Nesse caso, o professor poderá mostrar por meio do uso do fatorial explicar o
numero de anagramas que cada aluno pode ter. Observe o esquema a seguir
A
L
I
C
E
L
I
C
E
5
I
C
E
4
C
E E
3
2
1
Ou seja, há 5 maneiras de escolher uma letra para a primeira posição, 4 para a
segunda, 3 para a terceira, 2 para a quarta e 1 para a quinta.
Usando a notação fatorial, tem-se que
Quer dizer que com a palavra ALICE, existem 60 anagramas.
3.1.2 A construção de maneiras de se vestir de maneiras distintas
Masculino
Para n pequeno
Fonte: Acervo dos autores
- Procedimento:
Primeiramente distribuem-se três casas sobre a mesa (A, Z e R), em seguida,
coloca-se uma estrada entre A e Z e outra entre Z e R. Sucessivamente vai sendo
colocadas mais estradas entre elas. O objetivo desta primeira etapa é que o sujeito
compreenda a diferença entre “estradas” e “caminhos”, visto que ligando mais de
uma estrada podemos obter um único caminho. Em sala de aula o professore poderá
levar as plaquinhas de miriti e aplicar esse problema para os alunos, mostrando a
importância do recurso para uma melhor compreensão do problema.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
214
3.1.3 Permutação de livros de mesma coleção
Um dos problemas que o professor poderá utilizar em aulas experimentais,
consiste em levar para a sala de aula plaquinhas de miriti com diferentes cores
escritos em nomes de livros de Química, Física e Geografia . O objetivo desse
problema consiste ensinar o aluno como deve permutar as coleções entre si sem no
entanto, separá-las das coleções.
A solução desse problema se baseia em determinar o número de possibilidades
que se deve permutar cada coleção sem que os separe entre si.
Solução do problema.
Considere que cada coleção seja representada por quadrinhos ( Figura 2)
Podem-se permutar essas coleções. Assim sendo, existem 3 possibilidade de
escolher cada coleção. Suponha-se que a primeira coleção escolhida seja de Física.
Logo, tem-se que há apenas duas restantes. Considere que a segunda possibilidade
seja a de Química ou de Geografia e por fim há apenas uma possiblidade. Logo,
pode-se concluir que as permautações das coleções dadas de Química, Física e
Geografia seja de 3!.
Desse modo, pode-se considerar que o numero de possibilidade para as
permutações das coleções, será
N = 6.
Deve-se considerar as permutações para cada coleção.
Para a coleção de Quimica, Tem-se que
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
215
Como as coleções devem ser permutadas entre si, pode-se considerar que.
Existem três possibilidades de colocar na primeira posição qualquer um dos tres
livros de química, duas possibilidade para a segunda posição e uma possibilidade
para a terceira posição.
4 | CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a abordagem do tema, por meio das revisões bibliográficas, a proposta de
se trabalhar com a experimentação é muito válida e permite o aluno possa interagir
com a construção da solução do problema estudado. A experimentação em sala de
aula é útil porque o professor poderá realizar, considerando o conhecimento que o
aluno possui e a partir disso organizar os planos de aula.
A experimentação por si não suficiente para que problemas de ensino e
aprendizagem sejam solucionados de maneira rápida e efetiva. A experimentação é
na verdade uma proposta direcionada ao professor, que por meio de suas análise de
turma consegue criar em sala de aula um ambiente de participação de todos. Essa
participação é inerente na experimentação, em que o aluno tem que interagir com
a teoria, sabendo dos conceitos e definições para poder ter eficiência na prática de
sala de aula.
Por meio do trabalho desenvolvido, tornou-se evidente que a experimentação
nas aulas de matemática se torna um auxílio substancial para a ocorrência a
aprendizagem significativa, melhorando o processo de ensino e aprendizagem em
todos as etapas e anos de ensino.
Dada à importância do assunto, e a limitação do tema, torna-se necessário
um aprofundamento nessa área de conhecimento que venha contribuir para que
pesquisas nesse sentido sejam desenvolvidas de maneira significativa no ensino
de matemática com ênfase na experimentação, considerando a aprendizagem
significativa. Desse modo, a proposta aqui apresentada é uma parte de um todo que
ainda está em desenvolvimento e precisa ser aprimorado, investigado de maneira
sistemática para que outras propostas sejam apresentadas e que venham contribuir
para o ensino de matemática de maneira significativa.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
216
REFERÊNCIAS
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Autores Associados, 2006. p. 3-38.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 19
218
CAPÍTULO 20
doi
VARIABILIDADE MULTITEMPORAL DA LINHA DE COSTA
DA PRAIA DO BALBINO, CASCAVEL – CEARÁ
Data de aceite: 10/12/2019
Data de submissão: 13/10/2019
Francisco Oricélio da Silva Brindeiro
Universidade Estadual do Ceará - Uece
Fortaleza – Ceará
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0357447890664526
Filipe Maciel de Moura
Universidade Estadual do Ceará - Uece
Fortaleza – Ceará
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0020018953154453
Francisco José Maciel de Moura
Universidade Estadual do Ceará - Uece
Fortaleza – Ceará
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1315706759935544
Jader Onofre de Morais
Universidade Estadual do Ceará - Uece
Fortaleza – Ceará
– DSAS, que é uma extensão do software
ArcGIS 10.1. Os resultados apontaram uma
tendência erosiva para todo o trecho costeiro.
O processo é mais acentuado nos setores onde
há uma maior dinâmica ocupacional, associada
a presença de residências e barracas em áreas
de transpasse sedimentar para praia, como
nas dunas frontais e pós-praia. Atualmente
a ação da maré atinge constantemente
as barracas de praia, principalmente em
períodos de ressaca, causando destruição e
prejuízos socioeconômicos para população
local. A simplicidade de aplicação deste
método representa um importante auxílio
ao gerenciamento ambiental de municípios
costeiros que sofrem com a problemática da
erosão.
PALAVRAS–CHAVE: Praia, Linha de costa,
Erosão costeira.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2171381547908150
MULTITEMPORAL VARIABILITY OF THE
RESUMO: O recuo da linha de costa que
atualmente é verificado em diversas praias,
é resultado de processos erosivos intensos
que não são apenas de origem natural, mas
possuem estreita relação com as atividades
humanas. O objetivo deste trabalho e analisar
a variabilidade (2004- 2018) da linha de costa
da praia do Balbino, Cascavel/CE, através da
ferramenta Digital Shoreline Analisys System
BALBINO BEACH COASTLINE, CASCAVEL CEARÁ
ABSTRACT: The coastline retreat that is
currently observed in several beaches is the
result of strong erosion processes, due to the
natural and anthropic origin. The aim of this
work was to analyze the variability (2004-2018)
of the Balbino beach coastline, Cascavel / CE,
through the Digital Shoreline Analyzes System
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 20
219
- DSAS tool, which is an extension of ArcGIS 10.1 software. The results showed an
erosive tendency for the entire coastal stretch. The process is more pronounced in
sectors where there is higher occupancy, associated with the presence of residences
and huts in areas of beach by-pass, such as the backshore and foredune. The tide
action constantly reaches the beach huts, especially in periods of storm surge,
causing destruction and socioeconomic damage to the local population. The simplicity
of application of this method represents an important support to the environmental
management of coastal cities that are in coastal erosion.
KEYWORDS: Beach, Shoreline. Coastal erosion.
1 | INTRODUÇÃO
A erosão costeira, caracterizada pelo recuo da linha de costa em direção ao
continente, é atualmente um dos principais fatores de destruição de empreendimentos
instalados na costa, gerando prejuízos e preocupação para as populações que
habitam essas áreas.
Nas praias arenosas oceânicas a erosão ocorre em virtude do balanço
sedimentar negativo, quando é ocasionado um déficit de material sedimentar
que alimenta as praias. Esse fenômeno está ligado tanto a fatores naturais como
antrópicos (MORAIS, 1996).
No Estado do Ceará, o recuo da linha de linhas de costa pelo avanço da erosão
já foi verificado em diversas praias, tais como: Caponga, Iguape, Morro Branco,
Icaraí, Paracuru, Lagoinha, além do litoral do município de Fortaleza e Icapuí. A ação
combinada de agentes naturais como as ondas, marés, ventos, configuração da
costa e as intervenções em áreas de aporte sedimentar como as dunas móveis são
as principais causas (PINHEIRO, 2000; MEIRELES, 2012, BARROS, 2018).
No município de Cascavel, localizado na Região Metropolitana de Fortaleza
no litoral leste Cearense, o avanço dos processos erosivos na praia de Caponga
danificou diversas estruturas instaladas na orla do município como calçadas, vias de
acesso, casas de veraneio e barracas de praia e trouxeram prejuízos econômicos
para setores como o turismo, a pesca, o artesanato e o comércio.
A área do presente estudo é a praia do Balbino, também localizada no
município de Cascavel (figura 01). A intensificação da erosão costeira nos últimos
anos ocasionou a destruição de residências e barracas de praia, gerando prejuízos
socioambientais significativos para a comunidade local. O objetivo deste trabalho
é analisar as taxas de variação da linha de costa, utilizando dados multitemporais
(2004 a 2018).
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 20
220
Figura 01- Carta imagem de localização da área de estudo
Fonte: Elaborado pelos autores.
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
A ferramenta Digital Shoreline Analysis System-DSAS é uma extensão vinculada
ao software ARCgis® e foi elaborada pelo United States Geological Survey(USGS), é
utilizada para analisar a variação da linha de costa durante um determinado período
de tempo através de cálculos estatísticos gerados pelo próprio programa que permite
a análise quantitativa das tendências de erosão e deposição. Esta metodologia foi
utilizada em diversas áreas costeiras que sofrem com a problemática da erosão
como nos trabalhos de Farias e Maia (2010), Oliveira (2014) e Barros (2018).
Inicialmente é necessário o estabelecer no DSAS uma linha de base (baseline)
pelo usuário que também define sua distância em relação a linha de costa. Em
seguida, é preciso gerar no programa transectos ortogonais que saem desta linha
de base e cruzam as linhas de costas. Posteriormente são calculadas as taxas de
mudanças por métodos estatísticos que são expostos no programa em uma tabela
de atributos (figura 02).
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 20
221
Figura 02: Linha de base e transectos estabelecidos no DSAS
Fonte: Elaborado pelos autores
Neste trabalho foram utilizados os seguintes métodos estatísticos, dentre
outros que o DSAS é capaz de executar: Shoreline Change Envolope (SCE); Net
Shoreline Moviment (NSM); End Point Rate (EPR) e o Linear Regression Rate
(LRR)), (HIMMELSTOSS, 2009).
Os indicadores para identificar a linha de costa são variados. Em inúmeros
trabalhos é comum encontrar autores que utilizam a base de dunas frontais, base de
falésias, máxima linha de água alcançada e até mesmo o lixo marinho depositado
pela ação das ondas (BOAK E TURNER, 2005). O critério escolhido pode depender,
dentre outros fatores, da nitidez de certas feições em imagens e fotografias ou das
morfologias mais representativas em determinados trechos costeiros.
Neste trabalho as linhas de costa foram obtidas através de imagens de satélite
que foram adquiridas no Google earth – pro. Os anos de cada imagem foram: 2004,
2009, 2014 e 2018. A linha de costa foi vetorizada, considerando a diferença entre a
tonalidade da areia seca e molhada, bastante nítida em cada imagem.
A linha de costa mais recente (2018) foi obtida em um trabalho de campo,
através de um caminhamento realizado com um GPS de navegação (modelo garminetrex 10). Nesta etapa também foi possível obter o registro fotográfico de impactos
do avanço erosivo na área.
3 | RESULTADOS E DISCUSSÕES
O primeiro dado estatístico analisado para a linha de costa da praia do Balbino
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 20
222
foi o referente ao SCE que considera a distância máxima e mínima da linha de costa
em relação a linha de base. Os dados apontaram uma distância mínima de 5, 3 m
(transecto 28) e máximas de 48,4m (transecto 48) (gráfico 01).
Gráfico 01: Distância máxima entre as linhas de costa
O NSM, considera a variação máxima entre a linha de costa mais atual e a
mais antiga, neste caso, 2018 e 2004 respectivamente. O menor registro foi de -4,7
metros (transecto 29) e o valor máximo foi de -56, 9 metros (transecto 49) (gráfico
02).
Gráfico 02:Distância entre a linha de costa mais antiga e mais atual
O EPR expõe o valor da média de variação da linha de costa, considerando
a distância em metros entre a linha mais recente (2018) e a mais antiga (2004),
dividida pelo período de tempo (14 anos). A variação média entre os transectos foi
de -0,34 (transecto 29) e -4,14 metros (transecto 49) (gráfico 03).
Gráfico 03:Média de variação da linha de costa no período analisado
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 20
223
O método LRR, também apresenta a média anual, porém, considerando todas
as linhas de costa, através de um cálculo computacional de regressão linear. Os
dados registrados apontaram um mínimo de -0,45 m (transecto 29) e máximo de
-3,97 m (transecto 50) (gráfico 04).
Gráfico 04:Variação da linha de costa conforme a taxa de regressão linear
A execução dos métodos estatísticos SCE, NSM, EPR e LRR apontou um
predomínio dos processos erosivos em todo trecho analisado. Do transecto 37 ao 50
observa-se, de maneira geral, valores mais acentuados que podem estar associados
a uma maior dinâmica ocupacional local, principalmente pela presença de residências
e barracas em áreas de transpasse sedimentar para praia, como as dunas frontais.
Segundo Silva (2002), a linha de preamar máxima localizava-se a
aproximadamente 20 metros das barracas de praia. Nos últimos anos, os moradores
locais recuaram as barracas inúmeras vezes devido ao avanço do mar e a
consequente erosão. Atualmente a ação da maré atinge constantemente as barracas
de praia, principalmente em períodos de ressaca, como a ocorrida em outubro de
2016 (figuras 03 – A e B).
Figura 03: Destruição de barracas
Fonte: autores
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 20
224
É válido ressaltar que outros fatores como barramentos de rios para construção
de barragens e os campos de dunas urbanizados, principalmente na região
metropolitana de Fortaleza, aprisionam extensos pacotes de sedimentos e impedem
sua distribuição ao longo das praias. Além de fatores ligados a dinâmica global,
como a subida do nível do mar.
4 | CONCLUSÃO
A aplicação da metodologia permitiu a análise da variação da linha de costa em
14 anos (2004 a 2018), através dos procedimentos estatísticos SCE, NSM, EPR e
LRR. Não foi identificado nenhum trecho com progradação costeira e a erosão tem
um grau de intensidade maior na área de influência de barracas de praia.
É de suma importância uma intervenção do poder público, principalmente em
relação ao atual quadro de ordenamento das barracas que se localizam muito próximo
ao mar, estando bastante susceptível a novos desmoronamentos, principalmente em
períodos de ressacas do mar.
Este estudo é uma contribuição importante para um trecho costeiro ainda pouco
estudado, e sua simplicidade de aplicação pode ser método importante de auxílio ao
gerenciamento ambiental de municípios costeiros que sofrem com a problemática
da erosão.
REFERÊNCIAS
BARROS.E. L. (2018). Erosão costeira no litoral do município de icapuí na última década:
causas, consequências e perspectivas futuras.Tese (doutorado em ciências marinhas tropicais).
Universidade federal do Ceará, Fortaleza.
BOAK, E.H.; TURNER, I.L. 2005. Shoreline Definition and Detection: A Review. Journal of Coastal
Research, v.21, n. 4, p. 688-703
FARIAS, G. G. F.; MAIA, L. P. Uso de técnicas de Geoprocessamento para a análise da evolução
da linha de costa em ambientes litorâneos do Estado do Ceará, Brasil. Revista de Gestão
Integrada da Zona Costeira, v. 10, n. 4, p. 521-544, 2010.
HIMMELSTOSS, E.A. 2009. “DSAS 4.0 Installation Instructions and User Guide”. In: THIELER, E.R.,
HIMMELSTOSS, E.A., ZICHICHI, J.L., AND ERGUL, AYHAN. Digital Shoreline Analysis System
(DSAS) version 4.0 — An ArcGIS extension for calculating shoreline change: U.S. Geological Survey,
2009.
MAIA.G. O. (2014). Erosão costeira no litoral do município de icapuí na última década: causas,
consequências e perspectivas futuras. Tese (doutorado em ciências marinhas tropicais).
Universidade federal do Ceará, Fortaleza.
MEIRELES, A. J. A. Geomorfologia costeira: funções ambientais e sociais. Fortaleza: Edições
UFC, 2012.
MORAIS, J.O. de. Processos e impactos ambientais em zonas costeiras. Geologia do
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 20
225
Planejamento Regional. Revista de Geologia. UFC. v. 9. 1996.
PINHEIRO, L. S. Compatibilização dos processos erosivos com o uso e ocupação da praia da
Caponga-Ceará. Dissertação (Mestrado em Geografia). Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza
(2000).
SILVA. E. A. Zoneamento geoambiental e diretrizes para o desenvolvimento sustentável: o
litoral do município de cascavel-ce. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO (PRODEMA-UFC),(2002).
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 20
226
CAPÍTULO 21
doi
A OSCILAÇÃO MADDEN-JULIAN
Data de aceite: 10/12/2019
Data de submissão: 04/11/2019
Renato Ramos da Silva
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
Departamento de Física
acumulada observada e também permitiu
representar a propagação para leste do
fenômeno observado.
PALAVRAS-CHAVE: Oscilação Madden-Julian,
Previsão atmosférica
THE MADDEN-JULIAN OSCILLATION
Florianópolis-SC
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3714-0870
Reinaldo Haas
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
Departamento de Física
Florianópolis-SC
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3435-0477
RESUMO: A Oscilação Madden-Julian (OMJ) é
uma perturbação atmosférica que tem origem
geralmente sobre o Oceano Indico e pode se
propagar pelos oceanos Pacífico e Atlântico
tropical influenciando o clima regional de muitas
regiões do planeta. Neste capítulo, fizemos uma
breve introdução sobre a OMJ e apresentamos
resultados de um caso observado com o modelo
Ocean-Land-Atmosphere Model (OLAM). Os
resultados mostraram que a capacidade de
refinamento de grade do modelo para a região
equatorial em combinação com a correção
semanal da Temperatura da Superfície do
Mar (TSM) e da adoção da parametrização
física de cumulus Grell-Freitas proporcionaram
os melhores resultados para a precipitação
ABSTRACT: The Madden-Julian Oscillation
(MJO) is an atmospheric disturbance that
generally originates over the Indian Ocean and
can move across the Pacific and tropical Atlantic
oceans influencing the regional climate of many
regions of the planet. In this chapter, we made a
brief introduction to MJO and presented results
from a case observed using the Ocean-LandAtmosphere Model (OLAM). The results showed
that the model's grid refinement capacity for the
equatorial region in combination with the weekly
Sea Surface Temperature (SST) boundary
correction and the adoption of the Grell-Freitas
cumulus physical parameterization provided
the best results for the observed accumulated
precipitation and also allowed to represent
the eastward propagation of the observed
phenomenon.
KEYWORDS:
Madden-Julian
Oscillation,
Atmospheric forecast
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 21
227
1 | A OSCILAÇÃO MADDEN-JULIAN
A Oscilação Madden-Julian (OMJ) é a principal variabilidade na escala
intrasazonal (i.e. 20-90 dias) da atmosfera tropical (Madden & Julian, 1994,
1971)172W. Dados observacionais mostram que esta oscilação propaga-se ao
longo da região equatorial na forma de um pulso organizado de convecção úmida de
oeste para leste. Ao considerar o pulso convectivo posicionado inicialmente sobre
o Oceano Indico, observa-se a propagação zonal, entrando no Oceano Pacífico,
podendo atingir a região do continente americano (Zhang, 2013) e, posteriormente,
África e finalmente de volta ao Oceano Índico.
A propagação nem sempre ocorre com velocidade uniforme e frequentemente
surgem situações em que o pulso convectivo principal fica estacionado em alguma
região ou surgem novos pulsos que reiniciam o processo (Kiladis et al., 2014).
Esta oscilação possui vários estágios de evolução incluindo formação,
desenvolvimento e dissipação (Waliser et al., 2009). Durante a propagação existe
um notável acoplamento entre a dinâmica dos campos de larga escala e a convecção
local (Dias, Silva Dias, Kiladis, & Gehne, 2013) que modula a velocidade de
propagação e a extensão meridional da perturbação associada a fonte de calor da
OMJ. Embora o sinal da convecção associada á OMJ frequentemente desapareça no
leste do Oceano Pacífico, perturbações nos ventos e pressão atmosférica continuam
se propagando na forma de ondas que podem atingir velocidade da ordem de 30-35
m/s (Matthews, 2000).
2 | INFLUÊNCIAS GLOBAIS DA OMJ
Estudos de dados meteorológicos e climáticos tem mostrado que a OMJ
influencia a variabilidade climática em várias partes do planeta. Sua influencia inclui:
a África do Sul (Pohl, Richard, & Fauchereau, 2007), o Ártico (L’Heureux & Higgins,
2008), a América do Norte (Jones & Carvalho, 2014; Jones, Hazra, & Carvalho,
2015), a China (Jia, Chen, Ren, & Li, 2011), o Canadá (Lin, Brunet, & Mo, 2010),
a Indonésia (Kanamori, Yasunari, & Kuraji, 2013), e a Austrália (Wheeler, Hendon,
Cleland, Meinke, & Donald, 2009). Além disto, análises climáticas mostraram também
que a OMJ é um importante mecanismo na formação de ciclones tropicais (Ching,
Sui, Yang, & Lin, 2015); que durante seu desenvolvimento ocorre interação com a
variabilidade das concentrações estratosféricas da camada de Ozônio (Tian et al.,
2007); e pode provocar eventos de precipitação extremas (Jones & Carvalho, 2014).
A Figura 01 apresenta os principais efeitos da OMJ nas várias regiões para o período
do inverno austral..
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 21
228
Figura 1- Padrão global dos impactos da MJO durante o inverno austral (JJA). Os impactos
identificados são: (1) períodos alternados de condições mais úmidas e secas; (2) modulação
das monções; (3) modulação da atividade de ciclones tropicais. Adaptado de NOAA/CPC/
NCEP/NWS.
3 | INFLUÊNCIAS DA OMJ NA AMÉRICA DO SUL
Além dos efeitos nas localidades supra-citadas existe também importantes
efeitos na América do Sul (Figura 2). Estes efeitos podem ser observados na Amazônia
(De Souza & Ambrizzi, 2006; Ventura De Oliveira, Vitorino, Deane De, Sá, & De
Oliveira, 2015); no nordeste do Brasil (Valadão, Lucio, Chaves, Carvalho, & Valadão,
2015)"abstract":"The influence of the Madden Julian Oscillation (MJO, e no sudeste
do Brasil (Alvarez et al., 2016). Além destes impactos existem também potenciais
conexões com padrões de teleconexão de impacto global (Grimm & Reason, 2015).
Figura 2- Padrão global dos impactos da MJO durante o verão austral (DJF): (1) períodos
alternados de condições mais úmidas e secas; (2) extensão de uma pluma tropical de
umidade (o 'Pineapple Express') para latitudes mais altas, alimentando eventos de chuvas;
(3) modulação de sistemas de monção; (4) modulação da atividade do ciclone tropical; (5)
modulação do ENSO através das ondas oceânicas de Kelvin. Adaptado de NOAA/CPC/NCEP/
NWS.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 21
229
4 | PREVISIBILIDADE DA OMJ
Devido ao impacto dos efeitos da OMJ no clima regional, tornou-se de
grande importância para a sociedade melhorar a capacidade do entendimento dos
processos envolvidos na sua formação, evolução e de sua previsão, da expectativa
do aumento do número de eventos (Jones & Carvalho, 2011) e do potencial impacto
na previsibilidade dos modelos de previsão de tempo (Jones et al., 2015).
Vários estudos tem procurado modelar sua formação e evolução com objetivo
de entender os fenômenos físicos envolvidos e também melhorar sua previsibilidade.
Estes estudos numéricos incluem modelos climáticos como o BCC (Zhao, Ren,
Song, & Wu, 2015), o ECHAM (Crueger, Stevens, & Brokopf, 2013), o GLA-NASA
(Jones, Waliser, Lau, & Stern, 2004) e o modelo CFS (Jones et al., 2015). No
entanto, os resultados de modelagem da OMJ ainda não conseguem representar
suas características de evolução e propagação corretamente. Embora alguns
modelos consigam reproduzir a propagação da OMJ estes modelos não conseguem
reproduzir a correta velocidade de propagação, as distribuições espaciais ainda
não são realísticas e existe um desacoplamento entre a dinâmica dos ventos e a
convecção (Ching et al., 2015; Hung et al., 2013; Kim et al., 2009).
Testes recentes com o modelo do ECMWF apresentaram relativo sucesso na
representação da OMJ através mudanças no tempo de escala do ajuste convectivo
da parametrização de cumulus e nos parâmetros de mistura da parametrização de
turbulência (Bechtold et al., 2008). Por outro lado, aparentemente, melhorias na
resolução espacial horizontal e vertical podem ser fundamentais para simular de forma
mais realística o comportamento da OMJ. A escolha do modelo mais conveniente
deve, portanto, possuir grade global devido á propagação da OMJ pelo cinturão
tropical e deve ter capacidade de resolver espacialmente os processos envolvidos
em sua formação e evolução da convecção dinâmica associada, e principalmente
o ciclo diurno como foi detectado através do uso de imagens do satélite TRMM
(Peatman, Matthews, Stevens, & Peatman, 2014).
Uma opção que se aplica bem ao problema de modelar a OMJ é o modelo
Ocean Land Atmosphere Model (OLAM) (Walko & Avissar, 2008). O modelo OLAM
possui a capacidade de representar simultaneamente os vários processos através
do refinamento da grade para uma região de interesse. Este modelo usa uma grade
do tipo não estruturada em que as células possuem um formato triangular na direção
horizontal e, portanto, formam um prisma pentaedral. Esta estrutura de células
equilaterais permite preencher totalmente uma esfera, sendo conveniente para a
representação da atmosfera terrestre. Cada um dos triângulos originais é subdividido
em outros triângulos, permitindo assim, refinamento na resolução espacial (Ramos da
Silva, Silva-Dias, Moreira, & Souza, 2009). Em recente estudo, Medivgy et al. (2008)
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 21
230
avaliaram o desempenho do modelo OLAM na representação das características
envolvidas na interação entre o fenômeno El Niño/Oscilação Sul (ENOS) e sua
influência na variabilidade interanual do hidroclima da Amazônia. Neste estudo
eles verificaram que a representação nos modelos climáticos da cadeia dos Andes
com resoluções mais grosseiras do que 100km podem causar um efeito reverso do
ENSO na região da Amazônia. Verificaram, portanto, que somente simulações com
resolução espacial com malhas mais finas do que 100km sobre a região dos Andes
é que se consegue representar bem o efeito do ENSO na Amazônia. Comparações
entre os resultados do modelo mostraram que as simulações de precipitação e
radiação comparam-se muito bem com dados observados (Medvigy et al., 2010).
Adicionalmente, outros resultados mostraram que o modelo pode ser usado em
previsão numérica de tempo (Ramos da Silva, Gandú, Cohen, Kuhn, & Mota, 2014), e
que se fornecermos boas condições oceânicas como condição de fronteira superficial
o modelo tem alta capacidade de prover previsões climáticas sub-sazonais (Ramos
da Silva, Vitorino, Kuhn, Dos, & Ananias, 2014) e também permite produzir estudos do
impacto do aquecimento global dos oceanos nos cenários climáticos para a América
do Sul (Ramos da Silva & Haas, 2016). Resultados recentes mostraram que o modelo
conseguiu simular bem um caso recente de MJO (Ramos-da-Silva et al., 2017),
principalmente através do uso de novas opções de parametrizações da convecção
cumulus como a opção Grell-Freitas (Grell & Freitas, 2014). Portanto, o uso deste
modelo pode produzir importantes resultados para a melhoria do entendimento da
evolução da OMJ e se seus efeitos no clima da América do Sul. Resultados deste
estudo são apresentados a seguir.
5 | ESTUDO DO DESEMPENHO DA SIMULAÇÃO DA OMJ COM O MODELO OLAM
O modelo OLAM foi configurado para a região da ocorrência de um evento
da OMJ que se propagou por toda a região equatorial do globo (Figura 03). Outras
características importantes do modelo OLAM são: (i) sendo global, independe de
condições atmosféricas de fronteira durante a integração numérica; (ii) usa o método
de volumes finitos que conserva momento, energia térmica, e massa; (iii) usa as
equações de Navier-Stokes em sua forma de fluxos e portanto conservativa; (iv)
usa uma grade icosaédrica que não necessita transformação de coordenadas; (v)
a comunicação entre grades de diferente resolução é feita através de transporte
conservativo advectivos e difusivos; (vi) usa as parametrizações físicas do modelo
BRAMS que tem sido amplamente usado em vários centros de previsão de tempo e
climática.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 21
231
Figura 3- Diagrama de Wheeler-Hendon mostrando a propagação de uma OMJ por toda a
região equatorial entre 24 de Março a 04 de Abril de 2015. As componentes RMM1 e RMM2
são estimadas para estabelecer a intensidade e localização da OMJ. Por conveniência, as
localizações são divididas em 08 fases.
Uma grade global foi estabelecida com espaçamento das células hexagonais
da ordem de 200km. Experimentos numéricos foram executados para avaliar o
impacto do refinamento da resolução espacial com a inclusão de grades refinadas
no cinturão de latitudes tropicais de 100km e 50km, respectivamente (Figura 04).
Esta região tropical foi escolhida pois corresponde á região onde a OMJ se forma
e se propaga. Além da estrutura de grade foram feitos experimentos considerando
a TSM média climatológica e em outros experimentos foi considerado sua correção
semanal e também foram testadas as parametrizações cumulus de Kain-Fritsch e
Grell-Freitas (Tabela 01). Na vertical o modelo foi configurado com 50 níveis até a
altitude de 35km. O período escolhido para simulação compreende os dias entre 05
de Março e 04 de Abril de 2015, quando foi observada a formação e propagação da
OMJ (Fig. 03). Como condição atmosférica inicial foi usado os campos de reanálise
versão 2 do NCEP para o dia 05 de Março (00 UTC). O modelo é global e não houve
necessidade de aplicar o nudging lateral como ocorre com os modelos regionais.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 21
232
Figura 4- Configuração da grade numérica do Modelo OLAM mostrando a grade global e as
células de refinamento horizontal na região equatorial.
Dados do satélite TRMM foram usados para avaliar os campos de precipitação
acumulada simulados pelo modelo.
Parametrização Física
Opção
Parametrização Cumulus
Kain-Fritsch / Grell-Freitas
Difusão Turbulenta
Smagorinski-Lilly-Hill
Solo-Vegetação
Modelo LEAF (Walko)
Radiação
RRTMG
Microfísica de Nuvens
Walko-Meyers
Tabela 1- Opções de parametrização física adotadas na simulação com o modelo OLAM.
6 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 05 mostra que os resultados da precipitação acumulada simulada
pelo modelo OLAM para o período da ocorrência da OMJ foi bem representada
pelo modelo. Os resultados mostraram que o modelo consegue representar os
principais centros de precipitação convectiva tropicais como a Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT) e a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Análise da
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 21
233
precipitação média espacial (Tabela 02) mostra que a combinação de TSM corrigida
semanalmente com a parametrização Grell-Freitas produziu os melhores resultados
tanto para a região equatorial quanto para as regiões nordeste e sul do Brasil.
Análises através de um diagrama hovmoller da componente do vento média
zonal para as simulações do OLAM, mostraram que o modelo consegue representar
a propagação da OMJ pelo cinturão tropical, principalmente sobre o Oceano Pacífico
e Atlântico (Fig. 06).
Figura 5- Precipitação acumulada para o período entre 05 de março a 04 de abril de 2015
observada TRMM (topo) e simuladas pelo modelo OLAM com TSM Climatológica e TSM
corrigida semanalmente e parametrizações Kain-Fritsch (KF) e Grell-Freitas (GFs.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 21
234
Tabela 2- Precipitação média acumulada estimada pelo satélite TRMM e simuladas pelo modelo
OLAM para os três experimentos numéricos com TSM climatológica e corrigida semanalmente
para as duas parametrizações cumulus de Kain-Fritsch (KF) e Grell-Freitas (GF).
Figura 6 - Diagrama Hovvmoler da componente zonal do vento (m/s) a 10.9 km de altitude para
o cinturão de latitude entre 5N e 5S, simulados com o modelo OLAM com células de grade
regional de 50km, TSM corrigida semanalmente e parametrização cumulus de Grell-Freitas
(GF) .
7 | CONCLUSÕES
Os resultados do modelo OLAM para o caso da OMJ estudada mostraram que
a consideração da correção da TSM semanalmente em combinação com a opção de
parametrização cumulus de Grell-Freitas apresentaram os melhores resultados. Esta
nova opção de parametrização cumulus GF permite boa transição na representação
para o caso de grades não estruturadas como ocorre no modelo OLAM, permite
boa representação das frentes de rajadas e considera os aerosois como núcleos de
condensação (Grell & Freitas, 2014). As melhorias na resolução espacial através do
refinamento de grade para a região equatorial permite simular a propagação para
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 21
235
leste da OMJ estudada. Em geral, os resultados mostram que o OLAM consegue
representar a evolução e propagação para leste da OMJ estudada e, portanto é uma
importante ferramenta para avaliar a previsão de sua ocorrência.
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As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 21
238
CAPÍTULO 22
doi
CRITICALIDADE AUTO-ORGANIZADA EM PROTEÍNAS
COM REPETIÇÃO EM TANDEM
Data de aceite: 10/12/2019
Fernando Santos Silva
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
(UESB), Departamento de Ciências Exatas e
Tecnológicas (DCET), Vitória da Conquista - Bahia
RESUMO: As proteínas são biopolímeros
essenciais a vida, constituídas por uma
longa sequência de aminoácidos. A
presença de repetições em tandem de
aminoácidos, de 20 a 50 aminoácidos,
tem despertado grande interesse em diversas
áreas. As proteínas de repetição em tandem
possuem como vantagem os percursos
dobráveis que são passíveis de serem
planejadas. Este artigo propõe a aplicação da
q-Gaussiana para justificar o comportamento
fractal de 1213 proteínas de repetição
em tandem. Nossos resultados mostram
que a criticalidade auto-organizada é uma
explicação para enovelamento de proteínas.
PALAVRAS-CHAVE:
Enovelamento;
Criticalidade; Fractal;
ABSTRACT: Proteins are biopolymers
essential to life, constituted by a long amino
acid sequence. The presence of tandem
repeats of amino acids, 20-50 amino acids, has
aroused great interest in several areas. The
tandem repeat proteins have the advantage
of the folding pathways that are likely to be
planned. This article proposes the application
of q-Gaussian to justify the fractal behavior
1213 repeat proteins in tandem. Our results
show that the self-organized criticality is an
explanation for protein folding.
KEYWORDS: Folding; Criticality; Fractal;
1 | INTRODUÇÃO
As proteínas adotam uma estrutura
tridimensional específica para executarem
corretamente várias funções em todos os
processos biológicos mantenedores da vida.
O nível mais simples da estrutura da proteína,
a estrutura primária, é simplesmente uma
sequência de aminoácidos em uma cadeia
polipeptídica. Sendo que está sequência
determina parcialmente a eventual estrutura
tridimensional da proteína, e a similaridade no
nível da sequência proteica implica similaridade
de função (ANFINSEN, 1973; HOU et al.,
2005). A compreensão do processo que conduz
uma proteína do estado desnaturado até a
sua conformação nativa constitui um dos mais
desafiadores enigmas da biologia molecular.
De acordo com Marcotte et al. (1999)
cerca de 14% de todas as proteínas possuem
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 22
239
segmentos repetidos. Nessa perspectiva, no banco de dados de proteínas
UNIPROT, aproximadamente 25% das proteínas possuem segmentos repetidos com
comprimento de pelo menos 20 aminoácidos (PELLEGRINI; RENDA; VECCHIO,
2012). Tais repetições quando ocorrem in tandem (lado a lado) desencadeiam
estruturas terciárias regulares, exatamente pela sua multiplicidade, de diversos
tamanhos e, por sua vez, geram várias famílias de proteínas ditas de repetição
(ANDRADE; PEREZ-IRATXETA; PONTING, 2001).
A espontaneidade do enovelamento é explicada pela termodinâmica, uma vez
que o sistema evolui na direção do estado termodinamicamente mais estável, isto é,
de mais baixa energia livre (JACKSON, 2006). Além disso, essas estruturas nativas
podem sofrer flutuações (grandes) para garantir o seu adequado funcionamento
(STEINBACH et al., 1991), isto é, elas não são sólidos clássicos. De fato, segundo
Banerji e Ghosh (2013) a distância não constante entre dois átomos (≠ constante)
em qualquer proteína biologicamente funcional pode ser facilmente verificado.
Dessa forma, trata-se de um fenômeno molecular complexo que depende da ação
cooperativa de muitas interações não ligadas (KARPLUS; MCCAMMON, 2002).
O principal motivo que leva uma proteína ao enovelamento são as forças
hidrofóbicas (MORET et al., 2006). As macromoléculas estão sob ação de forças de
dobras e de repulsão, devido à sua constituição eletrônica. Além disso, segundo as
leis da termodinâmica um sistema de partículas tende a seguir os caminhos de menor
consumo de energia até que encontre um ponto de equilíbrio e ali permanecerá
enquanto não for perturbado. Kaya e Chan (2000) descreveram proteínas como
“sistemas complexos” ao passo que Fitzkee et al. (2005) como polímeros deformáveis.
Além do mais, verificou-se recentemente que as proteínas existem em um estado
de comportamento crítico auto-organizado (SOC) (MORET, 2011; PHILLIPS, 2009).
De acordo com Bak, Tang e Wiesenfeld (1988), os sistemas críticos autoorganizados evoluem para um estado complexo crítico sem a interferência de qualquer
agente externo. O processo de auto-organização acontece depois de um período
muito longo de transiente. Em outras palavras, não podemos querer entender um
determinado sistema, olhando apenas para um pequeno intervalo temporal. Ademais,
Bak (1996) afirma que “a criticalidade auto-organizada é a maneira da natureza fazer
enormes transformações em escalas de curto prazo”.
Antes de discutirmos a base matemática e estatística da escala de proteínas,
devemos primeiro considerar a complexidade do problema. Uma cadeia proteica
típica pode conter 200 locais, cada um potencialmente ocupado por um dos 20
aminoácidos. O número resultante de possíveis sequências de aminoácidos é 20020
~ 1046, um número muito maior do que o normalmente encontrado na física, mesmo
na astrofísica.
Neste artigo investigamos a auto-similaridade de famílias de proteínas de
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 22
240
repetição em tandem, utilizamos o método de Gomes (1987) e Moret et al (2005)
e, consequentemente, a geometria fractal dessas famílias. Apresentamos uma
distribuição q-Gaussiana para representar esse sistema complexo. Dentro desse
contexto, o objetivo do estudo é investigar as características de fractalidade das
famílias de proteínas.
2 | MATERIAIS E MÉTODOS
Embora, do ponto de vista estritamente formal, uma proteína não seja um
objeto fractal, uma vez que não possui a mesma regularidade geométrica invariável
sob a mudança de escala, é possível estudar sua geometria, as irregularidades de
sua conformação, seu grau de compactação, por meio das famílias. As proteínas de
uma família descendem de um ancestral comum e geralmente possuem processo
de enovelamento semelhantes, funções, padrões conservados no posicionamento
geométrico dos átomos e estruturas tridimensionais semelhantes.
Para a realização dos testes foram selecionadas 1213 estruturas de proteínas,
armazenadas no RCSB Protein Data Bank (http://www.rcsb.org/pdb/home). A
estratégia foi a de estudar o enovelamento pelas propriedades coletivas, e não por
propriedades individuais de cada proteína.
2.1 Proteínas de Repetição em Tandem
A partir do trabalho de Andrade, Perez-Iratxeta e Ponting (2001), obtivemos a
lista de arquivos PDB (*.pdb) utilizados para nossa análise. A razão dessa escolha
das classes estruturais é devido à importância delas nos estágios iniciais do
enovelamento proteico e por serem blocos fundamentais na formação de estruturas
terciárias. Foram extraídos, de forma aleatória, 1213 arquivos de proteínas da
base de dados RCSB Protein Data Bank: Anquirina, beta-Propeller, beta-Tetrafoil,
Tetratricopeptídeos, Armadillo/HEAT e Ricas em Leucina. Para cada arquivo PDB foi
então processado com um script C++ personalizado que faz a leitura de cada linha
do arquivo PDB, em seguida lê a sequência de aminoácidos presentes no arquivo
e compara o aminoácido lido com valor aproximado da Tabela 1. O Script retorna o
valor da massa do aminoácido e adiciona em uma variável, o processo é repetido até
que todo o arquivo possa ser lido pelo programa para retornar a massa da proteína
analisada. Com relação ao raio de giração, também foram utilizados os dados do
arquivo PDB. O programa SURFMDS (MORET; ZEBENDE, 2007) foi utilizado para o
cálculo da área de superfície acessível ao solvente das proteínas, com raio da esfera
de prova de 1.4 Å.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 22
241
Aminoácido
Peso (u)
Aminoácido
Peso (u)
ALA
71
ARG
157
CYS
103
LEU
113
SER
87
PHE
147
TYR
163
ILE
113
PRO
97
GLU
128
VAL
99
GLN
128
ASN
126
THR
137
105
HIS
TRP
186
LYS
129
MET
131
ASP
115
GLY
59
Tabela 1: Massa aproximada dos 20 aminoácidos
O raio de giração (Rg), ou raio de giro, é a distância a um ponto no qual se
poderia concentrar a massa total (M) do corpo de modo que reproduziria o mesmo
momento de inércia (I ). Por definição, o raio de giro (Rg) de uma proteína, tratada
como uma esfera hipotética, é dado por:
(1)
onde rj sendo as posições dos átomos de
da cadeia polipeptídica, rCM,
a posição do centro de massa definido por estes átomos em um instante N, o
número total destes átomos. Além disso, ele pode ser usado como um indicativo da
compactação da estrutura tridimensional de proteínas (LOBANOV; BOGATYREVA;
GALZITSKAYA, 2008). Logo, altos valores de raio de giro indicam uma estrutura
mais aberta, com cadeias mais distantes do centro de massa. Enquanto que valores
menores indicam cadeias mais próximas de um ponto central e com maior grau de
compactação.
Segundo Spoel et al. (2009) o raio de giração auxilia na verificação do estado de
enovelamento da proteína, pois à medida que o colapso hidrofóbico ocorre, diferentes
valores de Rg em função do tempo indicam as etapas sucessivas do folding. Como é
suposto o caso em que a proteína se encontra enovelada em um mínimo de energia
e transita para outro estado através de pequenas oscilações, o centro de massa é
considerado como estando em repouso.
2.2 Revisitando o modelo de Flory-Huggins
A partir do modelo de Flory-Huggins (Flory, 1953), num espaço euclidiano
conveniente, a energia livre é a soma de uma energia elástica ou entrópica
mais uma energia de auto-exclusão
. A energia elástica
, com k > 0
e n é o expoente dimensional. Além disso, o termo elástico está associado a fatores
entrópicos envolvidos no empacotamento e as interações hidrofóbicas que tem
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 22
242
sua origem microscópica no princípio de exclusão de Pauli que tende a privilegiar
configurações estendidas da proteína com uma força elástica
(2)
A outra parcela
aparece como consequência da interação entre dois
.
corpos, portanto proporcional ao quadrado da densidade média de massa
está associada a uma força não-linear para o exterior
Dessa forma,
(3)
Fases do processo de enovelamento pode ser caracterizado pelo raio de
giração Rg numa lei de potência massa X raio de giro,
. Segundo Moret et
al. (2009) encontramos o expoente D a partir de um simples modelo de campo médio
baseado na modelo de Flory-Huggins. Nesse modelo, a energia total associada com
a estrutura dobrada da proteína é da forma
(4)
Ao minimizar a energia total em relação
, obtemos a excepcional
relação de dependência do tamanho da massa no equilíbrio como função de n, com
e
(5)
2.3 Distribuição de q-gaussiana
A distribuição q-gaussiana ou de Tsallis surge no estudo da mecânica estatística
não extensiva (GELL-MANN; TSALLIS, 2004) quando aplicado o princípio da máxima
entropia, utilizando a entropia apresentada por Tsallis (1988). Nesse formalismo, a
distribuição de Tsallis tem a forma:
(6)
Onde
é um fator de normalização para esta distribuição e
o parâmetro
de Lagrange correspondente. Para q > 1, a distribuição tem cauda longa quando
comparada com a gaussiana, com comportamento assintótico do tipo lei de
potência,
. A literatura de mecânica estatística não extensiva é vasta
e recomendamos (TSALLIS, 2009) como livro texto para seu estudo. Para o corrente
. Estes limites
trabalho, estamos interessados nas q-gaussianas onde
são bastante interessantes, pois, sendo
gaussiana e para
a distribuição de Tsallis retorna a
ela converge para a distribuição de Cauchy-Lorentz.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 22
243
3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO
Definidos os arquivos PDB das proteínas com repetição de interesse realizouse o preparo dos mesmos para a execução dos cálculos computacionais de extração
das massas e os raios de giro de todas as 1213 proteínas. De um ponto de vista
físico uma proteína é perfeitamente modelada por uma esfera, grosseiramente uma
função exclusiva de sua massa, visto que seu raio de giro depende de sua massa
molecular.
A Figura 1 representa a auto-similaridade da área da superfície acessível ao
solvente como função do número de aminoácidos N e obedece a seguinte lei de
potência
com
. A dimensão fractal
fornece uma indicação
quantitativa do grau de acessibilidade da superfície em relação a diferentes solventes,
caracterizando a irregularidade das superfícies moleculares de repetição em tandem.
A massa M de uma proteína é diretamente proporcional ao número N de seus
de aminoácidos que compõe sua cadeia. A dependência do raio de giração com o
tamanho da cadeia é dado por
(7)
A relação Massa X Raio de Giro das 1213 proteínas foi analisada, veja
Figura 2, sendo encontrado a lei de potência da Equação 7,
e coeficiente de correlação
distante de
, com
. Este resultado está bem
para proteínas globulares (MORET et al., 2009). A
análise mostra que dimensão fractal encontrada está bem próxima de 2, o que leva a
concluir que a família de proteínas de repetição em tandem tem um comportamento
de um objeto suavemente amassado (GOMES, 1987).
Figura 1: Área acessível ao solvente em função do raio de Giração (Rg), com γ = 0,95 ± 0,01 e
o coeficiente de correlação de Pearson 0,98.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 22
244
A dimensão encontrada acima reflete a compactação das proteínas de repetição,
i. e., o quão compactas estão estas macromoléculas. Para verificar esta afirmação,
basta encontrar a densidade de compactação onde a massa de cada proteína fica
aproximadamente contida numa esfera bem determinada pelo seu raio de giro.
A saber, para cada proteína tome a esfera dada pelo seu raio de giro, ou seja, a
j-ésima proteína tem densidade
respectivamente, onde
onde Mj e Vj são massa e o volume,
.
A Figura 3 descreve a densidade média das proteínas de repetição. Assim,
como consequência da análise do ajuste, segue a lei de distribuição q-Gaussiana,
, próximo do valor
com valor médio de
para as proteínas globulares encontrada no trabalho de Moret e colaboradores (Moret
et al., 2006). O achado é interessante pois corrobora com Ficher Hannes (FISCHER;
POLIKARPOV; CRAIEVICH, 2004) segundo o qual a densidade de proteínas não
independente da natureza da proteína.
pode ser considerada igual a
Figura 2: Relação Massa X Raio de Giro das 1213 proteínas de repetições em tandem. A
, com coeficiente de correlação de Pearson
.
dimensão fractal
Vale observar que massas e volumes de proteínas são variáveis extensivas e
o comportamento não-extensivo observado na Figura 3 é devido à auto-similaridade
que é uma característica inerente a este sistema complexo. Observando o índice
entrópico
uma lei de potência do tipo
a distribuição encontrada segue assintoticamente
, sugerindo que o dobramento de proteínas se
comporta como um objeto SOC.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 22
245
Figura 3: A distribuição q-Gaussiana das 1213 densidade das proteínas de repetição em
tandem com índice entrópico
, com coeficiente média de compactação
.
A partir de um simples modelo de campo médio justifica-se a forma das proteínas
de repetição serem alongadas pois o expoente
,
mostra que a força de restituição não obedecem à lei de Hooke,
.
Dessa forma, para massas muito grande uma proteína de repetição tem um formato
muito fino e próximo a uma folha lisa de papel levemente amassado devido as forças
de restituições serem muito inferior a Lei de Hooke, o que não ocorre nas proteínas
globulares com o mesmo raio de giração (MORET, 2009).
4 | CONCLUSÃO
Ao aplicar o modelo da distribuição q-gaussiana em 1213 massas das proteínas
de repetição em tandem foi possível associar, de um estado enovelado, a ideia de
um processo recursivo de um sistema dinâmico. Aqui, a estrutura primária pode
ser tratada como um análogo a um ponto inicial e o processo de dobra como regra
recursiva, o caminho aleatório de dobragem como órbita e, finalmente, a dobra nativa
como um fractal.
Do modelo de campo médio revisitado de Flory, as proteína de repetição em
tandem no estado nativo tem comportamento de mola dura, e a força elástica de
restauração
não obedece à lei de Hooke. Esta força está associada a
energia hidrofóbica, uma vez que a ligação de hidrogênio é significativa nesta fase.
Além disso, o comportamento médio da família das proteínas tem característica do
tipo “mola dura” ou mola não linear. Ou seja, fica cada vez mais difícil deformá-la à
medida que aumenta a solicitação por tração, compressão, flexão ou cisalhamento.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 22
246
Sendo estas proteínas ricas em estruturas secundárias α-hélices e folhas-β, devem
ser mais rígidas porque possuem um grande número de ligações de hidrogênio,
exatamente como a família β-propeller, conforme Fülöp e Jones (1999).
Nas reações químicas é sabido que há vários sistemas que mostram
comportamentos aditivos e, por vezes, não extensivos. Observamos que nas
proteínas de repetição em tandem as áreas, volumes e massas se comportam
como objetos fractais. A densidade média das proteínas segue uma distribuição
. Do
q-Gaussiana, com índice entrópico observado
comportamento assintótico da densidade média de compactação, a distribuição
das massas e volumes das proteínas de repetição seguem uma lei de potência e,
portanto, o enovelamento de proteínas com repetição em tandem pode ser visto
como um sistema SOC.
A densidade de empacotamento é uma quantidade biofísica básica para
determinar o número de moléculas por células unitárias (MATTHEWS,1968). É também
um parâmetro de entrada útil para a determinação da estrutura macromolecular em
cristalografia de raios X de cristal único. A aplicação prática do valor da densidade
média de macromoléculas para a determinação do número de moléculas por célula
unitária tem sido bem conhecido por cristalógrafos. Nossos resultados indica que a
famílias de proteínas pode ser a chave para entender seu empacotamento.
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As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 22
248
CAPÍTULO 23
doi
PROPRIEDADES BIOFÍSICAS DO BIOMA PAMPA: O
PAPEL DA VEGETAÇÃO NATIVA NA REGULAÇÃO
CLIMÁTICA
Data de aceite: 10/12/2019
Data de submissão: 04/11/2019
Guilherme Goergen
Universidade Federal do Pampa
Bagé – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/0281142461061985
Roilan Hernández Valdés
Universidade Federal de Santa Maria
Santa Maria – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/2034564343767972
Débora Regina Roberti
Universidade Federal de Santa Maria
Santa Maria – Rio Grande do Sul
http://lattes.cnpq.br/6952076109453197
RESUMO:
Estudos
têm
identificado
ultimamente a regulação climática como um
importante serviço ambiental prestado pelos
ecossistemas. Uma forma de avaliarmos o papel
da vegetação na regulação biofísica do clima é
através da simulação dos fluxos entre a superfície
da terra e a atmosfera por meio de modelos
de superfície, comparando os resultados das
simulações com dados observados. Em biomas
como o Pampa, que tem sofrido nas últimas
décadas uma expressiva expansão agrícola e
uso para pecuária, ainda não é claro como as
propriedades biofísicas estão sendo afetadas.
Nesse sentido, este trabalho avalia os serviços
ambientais do bioma Pampa, através da
comparação entre as forçantes biofísicas em
simulações com vegetação representativa do
bioma em relação ao solo nu. Para tanto, foi
utilizado o modelo Simples da Biosfera (SiB2).
Os resultados mostraram que a conversão da
vegetação nativa (VN) em solo nu tem impacto
significativo nas forçantes radiativas, através
da diminuição do albedo médio diário (em
torno de 11%) e da diminuição do saldo de
radiação (aproximadamente 6%). Além disso,
houve significativa redução na magnitude da
média diária do fluxo de calor latente (-21 W/
m²) e aumento do fluxo de calor sensível (+14
W/m²). Observou-se também, no inverno e
verão um aumento médio da temperatura da
superfície de aproximadamente 0,2ºC e 1,5ºC,
respectivamente. De forma geral, os resultados
deste trabalho mostraram que a presença da
vegetação nativa é componente essencial
para a regulação climática, tanto em relação
a alteração das componentes do balanço de
energia quanto das variáveis climáticas.
PALAVRAS-CHAVE: regulação climática,
propriedades biofísicas, Pampa, SiB2.
PAMPA BIOME PHYSICAL PROPERTIES:
THE ROLE OF NATIVE VEGETATION IN
CLIMATE REGULATION
ABSTRACT: Studies have recently identified
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 23
249
climate regulation as an important environmental service provided by ecosystems. One
way to evaluate the role of vegetation in biophysical climate regulation is by simulating
the fluxes between the earth's surface and the atmosphere using surface models,
comparing the simulation results with observed data. In biomes such as Pampa, which
has undergone significant agricultural expansion and livestock use in recent decades,
it is still unclear how biophysical properties are being affected. In this sense, this work
evaluates the environmental services of the Pampa biome by comparing the biophysical
forcing in simulations with representative vegetation of the biome in relation to the
bare soil. For this, the Simple Biosphere model (SiB2) was used. The results showed
that the conversion of native vegetation (NV) to bare soil has a significant impact on
radiative forcing, by decreasing the average daily albedo (around 11%) and decreasing
the net radiation (approximately 6%). In addition, there was a significant reduction in the
magnitude of the daily average latent heat flux (-21 W/m²) and increased sensitive heat
flux (+14 W/m²). In winter and summer, there was also an average increase in surface
temperature of approximately 0.2ºC and 1.5ºC, respectively.. In general, the results of
this work showed that the presence of native vegetation is an essential component for
climate regulation, both regarding the alteration of energy balance components and
climate variables.
KEYWORDS: climate regulation, biophysical properties, Pampa, SiB2.
1 | INTRODUÇÃO
Muitos estudos têm identificado ultimamente a regulação climática como um
importante serviço ambiental prestado pelos ecossistemas (West et al. 2011, Zhao
e Jackson, 2014, Shen et al. 2019). A absorção e o armazenamento de carbono (ou
outros gases do efeito estufa) na forma de biomassa nas plantas ou matéria orgânica
no solo não é a única maneira dos ecossistemas regularem o clima. Eles também
desempenham um papel fundamental na composição dos balanços de energia, água
e momentum, e têm influência sobre o clima local e regional.
Esses processos constituem a chamada regulação biofísica do clima. Uma
forma de avaliarmos o papel da vegetação nessa regulação é através da simulação
dos fluxos entre a superfície da terra e a atmosfera por meio de modelos de superfície,
comparando os resultados das simulações com dados observados.
As características inerentes dos biomas têm papel significativo nos fluxos de
energia (fluxo de calor latente - LE e fluxo de calor sensível - H) e CO2 (fluxo de
carbono - Fc), albedo (α), razão de Bowen (β) e temperatura da superfície (Tsup).
Entretanto, em biomas como o Pampa, que tem sofrido nas últimas décadas uma
expressiva expansão agrícola e uso para pecuária (Vélez e Chomenko, 2009; Pillar
et al. 2009), ainda não é claro como essas propriedades estão sendo afetadas.
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é avaliar os serviços ambientais
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 23
250
do bioma Pampa, através da comparação entre o comportamento das forçantes
biofísicas em simulações com vegetação representativa do bioma em relação ao
solo nu. Utilizamos o modelo Simples da Biosfera (SiB2) para realizar as simulações,
com forçantes coletadas no sítio experimental localizado na cidade de Santa Maria,
RS.
2 | METODOLOGIA
As simulações dos processos de transferência de energia, massa e momentum
que ocorrem no sistema solo-vegetação-atmosfera foram realizadas utilizando o
modelo Simples da Biosfera (SiB2) (Sellers et al., 1996). Baseado em aspectos
físicos e biológicos, o SiB2 procura representar os processos de transferência de
energia, massa e momentum que ocorrem no sistema solo-vegetação-atmosfera.
A caracterização do solo nu (SN) foi realizada a partir da configuração do tipo de
vegetação “7”, no qual o parâmetro fração de cobertura da vegetação (vcover) é
igual a 10% da área.
O modelo foi calibrado para o bioma Pampa (BP) utilizando o algoritmo de
calibração multiobjetivo geneticamente adaptativo (AMALGAM), desenvolvido
por Vrugt e Robinson (2007). O AMALGAM usa uma metodologia de calibração
multicritério, que minimiza um vetor com várias funções objetivo simultaneamente.
Este algoritmo tem sido amplamente utilizado na calibração de diversos modelos
de superfície do ecossistema terrestre (Rosolem et al., 2012; Wöhling; Samaniego;
Kumar, 2013; Mahyar; A., 2015)
As
análises
das
simulações
foram
realizadas
a
partir
de
dados
micrometeorológicos observados em um sítio experimental localizado em uma área
com vegetação representativa do bioma Pampa, na cidade de Santa Maria, RS,
(Figura 1a e b) durante o período de 20/11/2013 a 07/09/2015.
Figura 1: a) Localização do sítio experimental sobre o estado do Rio Grande do Sul (escala de
cores indicando a elevação do terreno). b) Imagem da torre micrometeorológica instalada no
sítio experimental.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 23
251
O sítio experimental faz parte da Rede Sul Brasileira de Fluxos Superficiais
e Mudanças Climáticas – SULFLUX, que realiza pesquisas a cerca das trocas
de carbono, água e energia entre a superfície e a atmosfera em importantes
ecossistemas do sul do Brasil. Maiores detalhes sobre a instrumentação da torre
podem ser consultados em Rubert et al. (2018).
A Figura 2 mostra as séries temporais das forçantes atmosféricas do modelo
SiB2. Os dados horários foram preenchidos utilizando estações meteorológicas
automáticas (EMAs) vizinhas mantidas pelo Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET).
Figura 2: Séries temporais dos dados horários das forçantes atmosféricas utilizadas no modelo
SiB2: precipitação (Prec, mm/dia), velocidade do vento (ws, m/s), temperatura do ar (temp,
ºC), umidade do solo (um.solo, m³/m³) e radiação global (Rg, W/m²). Dados observados no sítio
experimental localizado em Santa Maria, RS.
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 23
252
3 | RESULTADOS
A Figura 3 mostra, através dos diagramas de dispersão, que o modelo SiB2
conseguiu reproduzir satisfatoriamente o saldo de radiação (Rn) e os fluxos de calor
latente (LE) e sensível (H) observados no sítio experimental.
Figura 3: Diagramas de dispersão do a) saldo de radiação (Rn), b) fluxo de calor latente (LE) e
c) fluxo de calor sensível (H).
Na Figura 4 podemos observar que o modelo SiB2 conseguiu reproduzir com boa
acurácia a média sazonal do albedo observado (obs), e que a conversão da vegetação
nativa (sim.bp) em solo nu (sim.sn) reduz o albedo da superfície em aproximadamente
11%. Adicionado a isso, a média diária do saldo de radiação apresentou redução de
aproximadamente 6% (não mostrado). Essa característica, em geral, tem grandes
impactos sobre as componentes dos balanços de energia em superfície.
Figura 4: Média sazonal do albedo da superfície observado (obs), simulado para o bioma
Pampa (sim.bp) e simulado para o solo nu (sim.sn).
Isso pode ser comprovado a partir da análise das Figuras 5 e 6. A Figura 5
mostra ciclo médio diário do fluxo de calor latente (LE), fluxo de calor sensível (H) e
temperatura da superfície (tsup) simulados para o bioma Pampa (bp) e para o solo
nu (bar). Nelas é possível observar que houve diminuição na magnitude do LE e da
Tsup na comparação entre as simulações com vegetação nativa (bp) e com solo
nu (bar). Por outro lado, é claro o aumento da magnitude do H nessa configuração
simulada. Enquanto LE e Tsup diminuiram a média diária em aproximadamente 27 e
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 23
253
4%, respectivamente, H aumentou 52%.
Figura 5: Ciclo médio diário do fluxo de calor latente (LE), fluxo de calor sensível (H) e
temperatura da superfície (tsup) simulados para o bioma Pampa (bp) e para o solo nu (bar).
A Figura 6 mostra a série temporal da temperatura média diária da superfície
simulada para o bioma Pampa (tsup.bp) e para o solo nu (tsup.bar). Aqui é possível
destacar que, apesar do aumento da tsup média diária para todo o período ser de
apenas 0,8ºC, a magnitude da diferença no verão é expressiva (cerca de 1,5ºC),
evidenciando que nesta estação do ano a eventual retirada da cobertura vegetal pode
causar grande impacto na condição atmosférica em superfície.
Figura 6: Temperatura média diária da superfície simulada para o bioma Pampa (tsup.bp) e
para o solo nu (tsup.bar). As regiões sombreadas em amarelo (azul) correspondem a estação
de verão (inverno). Ao lado do gráfico, as médias diárias para o verão, inverno e todo o período.
4 | CONCLUSÕES
Neste trabalho avaliamos os impactos das mudanças da cobertura do solo
(conversão da vegetação nativa, bioma Pampa – BP, em solo nu - SN) nas forçantes
biofísicas e no clima local.
Neste trabalho avaliamos os impactos das mudanças da cobertura do solo (conversão
da vegetação nativa, bioma Pampa – BP, em solo nu - SN) nas forçantes biofísicas e
no clima local.
Os resultados mostraram que a conversão BP-SN ocasionou uma redução de
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Capítulo 23
254
aproximadamente 11% do albedo da superfície e uma leve diminuição do saldo de
radiação (~6%). Apesar de termos menos energia disponível, observou-se um aumento
do H (média diária +14 W/m²) e diminuição do LE (média diária -21 W/m²). Associado
a isso, a média diária da Tsup para todo o período analisado aumentou 0,8ºC, sendo
mais expressiva sua elevação no verão (+1,5ºC) do que no inverno (+0,2ºC).
De forma geral, os resultados deste trabalho mostraram que a presença da
vegetação nativa é componente essencial para a regulação climática, tanto em
relação a alteração das componentes do balanço de energia quanto das variáveis
climáticas.
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As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Capítulo 23
255
SOBRE OS ORGANIZADORES
Raissa Rachel Salustriano da Silva-Matos: Graduada em Ciências Biológicas pela
Universidade de Pernambuco - UPE (2009), Mestre em Agronomia - Solos e Nutrição
de Plantas pela Universidade Federal do Piauí - UFPI (2012), com bolsa do CNPq.
Doutora em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba - UFPI (2016), com
bolsa da CAPES. Atualmente é professora adjunta do curso de Agronomia do Centro
de Ciências Agrárias e Ambientais (CCAA) da Universidade Federal do Maranhão
(UFMA). Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em fitotecnia, fisiologia
das plantas cultivadas, propagação vegetal, manejo de culturas, nutrição mineral de
plantas, adubação, atuando principalmente com fruticultura e floricultura. E-mail para
contato: raissasalustriano@yahoo.com.br; raissa.matos@ufma.br Lattes: http://lattes.
cnpq.br/0720581765268326
Nitalo André Farias Machado: Possui graduação em Agronomia (2015) e mestrado
em Ciência Animal (2018) pela Universidade Federal do Maranhão. Atualmente é aluno
regular do doutorado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal do Ceará
(UFC). Possui experiência na área de Engenharia Agrícola, com ênfase em Ambiência
e Bioclimatologia, atuando principalmente nos seguintes temas: biometeorologia, bemestar animal, biotelemetria, morfometria computacional, modelagem computacional,
transporte de animais, zootecnia de precisão, valorização de resíduos, análise de
dados e experimentação agrícola. E-mail para contanto: nitalo-farias@hotmail.com.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3622313041986385
Hosana Aguiar Freitas De Andrade: Graduada em Agronomia (2018) pela
Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Atualmente é mestranda no Programa
de Pós-Graduação em Ciência do Solo pela Universidade Federal do Ceará (PPGCS/
UFC) como bolsista CAPES. Possui experiência na área de fertilidade do solo,
adubação e nutrição de plantas, com ênfase em aproveitamento de resíduos na
agricultura, manejo de culturas, propagação vegetal, fisiologia de plantas cultivadas e
emissão de gases do efeito estufa. E-mail para contato: hosana_f.andrade@hotmail.
com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5602619125695519
As Ciências Exatas e da Terra e a Interface com vários Saberes 2
Sobre os Organizadores
256
ÍNDICE REMISSIVO
A
Ácido metanosulfônico 46, 49, 50, 51, 56
Adequação ambiental 194
Análise combinatória 198, 199, 200, 201, 202, 213, 217, 218
Anilina 46, 49, 51
Aplicações 16, 18, 21, 26, 46, 57, 81, 83, 84, 90, 106, 193, 201, 202, 205, 207, 209, 212, 217
Aplicativo 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 126
B
Baía da Ilha Grande 162, 168, 172, 173, 174
Baía de Guanabara 146, 147, 162, 164, 168, 169, 170, 171, 174, 175
Base de dados 39, 176, 179
Bioindicadores 136, 143
C
Carcinicultura 10, 11, 12, 13, 14, 15
Carne bovina 108, 109, 110, 111, 112, 114, 117, 118
Cbers 4 16, 17, 18
Cenário educacional 1
Competência 1, 4, 5, 6, 7, 8, 168
Conforto ambiental 149, 150, 153, 154, 194, 195, 197
Contorno ativo 16, 18
Controle solar 149
D
Deposição eletroquímica 46, 49, 51, 53
Didática profissional 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8
E
Eletrodeposição 46, 50, 51, 52, 53, 57, 190, 191, 192
Ensino 1, 5, 7, 38, 58, 67, 69, 70, 71, 80, 81, 121, 122, 133, 134, 149, 194, 198, 200, 201,
216, 217, 218
Ensino das geociências 58
Ensino de astronomia 70, 81
Ensino fundamental 58, 71, 81
Ensino médio 58, 71, 200, 217, 218
Erosão costeira 163, 219, 220, 225
Espaço-temporais 10
Estratégias ativas 194
Estuário 10, 13, 14, 15, 164
Estudos topográficos 121
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Capítulo
Índice Remissivo
Índice
Remissivo
257
Experimentação 198, 199, 201, 202, 213, 216, 227
Extração de feições 16, 17, 20, 21
Extração de proteínas 108, 110, 111, 112, 113, 114, 116, 117, 118
F
Filmes de polianilina 46
Física médica 37, 38, 40, 44
Fitólitos de plantas 135, 137, 140
Formação dos adultos 1, 4
Função exponencial 82, 94, 99, 100, 104, 106
G
Geociências 15, 58, 60, 62, 69, 81, 175
Geomorfologia fluvial 10
I
Interatividade 37, 38
K
Kinect 121, 122, 124, 125, 127, 129, 130, 131, 132, 133, 134
L
Lâmpada fluorescente 70, 72, 73, 74, 77, 78, 79, 80
Landsat 8 16, 17, 18, 19, 20, 21
Liga de alumínio 2024 48, 49, 190
Linha de costa 14, 165, 172, 219, 220, 221, 222, 223, 224, 225
Líquido iônico 190, 191, 192
M
Mapeamento de ruído 176, 181, 183, 187
Mata atlântica 135, 136, 137, 138, 146
Matemática 1, 3, 5, 6, 7, 8, 83, 84, 90, 102, 106, 107, 198, 199, 200, 201, 202, 213, 216, 217, 218
Meta-heurística 155, 156, 157, 158, 159, 160
Metais oxidáveis 46, 48
Métodos 3, 12, 16, 17, 18, 19, 21, 24, 45, 48, 72, 110, 111, 123, 128, 139, 147, 156, 176, 180,
192, 199, 200, 201, 202, 221, 222, 224
Modelagem 126, 155, 156, 160, 161, 176, 178, 180, 182, 183, 184, 185, 186, 187, 227
Modelagem acústica 176, 180
O
Ouro 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 32, 52, 53, 54, 62, 217
Oxidação álcool benzílico 22
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Capítulo
Índice Remissivo
Índice
Remissivo
258
P
Paládio 22, 23, 24, 25, 26, 27, 32
Planejamento fatorial 108, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117
Planície flúvio-marinha 10, 12
Polipirrol 48, 57, 190, 191, 192, 193
Praia 138, 141, 143, 147, 162, 163, 164, 165, 166, 167, 168, 169, 170, 171, 173, 174, 219,
220, 222, 224, 225, 226
Praias abrigadas 162, 163, 164, 165, 166, 167, 168, 173, 174
Professor 1, 5, 6, 7, 8, 58, 61, 68, 81, 121, 122, 195, 199, 200, 213, 214, 215, 216, 217
Proteções solares 149, 150, 152
R
Radiação 70, 72, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 114
Realidade aumentada 121, 122, 127, 132, 133
Reconstituição paleoambiental 136
Recursos de informações 37
Rio Acaraú 10, 11, 12, 14
S
Secado de café 155
Sensoriamento remoto 16, 21
Série de taylor 82, 83, 99
Superfície de resposta 108, 110, 111, 117
T
Tecnologia móvel 37, 38, 39
Teoria quântica 70, 71, 72, 73, 74, 78, 80
Topografia 10, 121, 122, 123, 127, 133, 134, 137, 162, 168, 180
V
Variabilidade multitemporal 219
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Capítulo
Índice Remissivo
Índice
Remissivo
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