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Newsletter Fevereiro 2012

#2 Fevereiro Arqueologia Baixo Sabor AHBS Aproveitamento Hidroelétrico do Baixo Sabor No seguimento da Newsleter n.1 de Dezembro de 2011, apresentamos agora a segunda publicação. Este segundo número reúne um conjunto de textos que abordam sítios arqueológicos que vão desde a pré-história até ao período contemporâneo. Dando lugar a diferentes interpretações, procuramos uma maior heterogeneidade no conteúdo desta newsleter, cabendo a cada autor optar por um cunho mais pessoal ou cientíico na sua exposição dos trabalhos ligados ao património desenvolvidos no vale do Sabor. Se no primeiro número assumimos um carácter mais introdutório, neste procuramos ser mais incisivos na descrição e caracterização de sítios e trabalhos arqueológicos. Convidamos assim todos os interessados a partir connosco na descoberta deste rico e vasto património. 40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 Fotograia: Adriano Borges 10 000 9 000 8 000 7 000 6 000 5 000 4 000 3 000 2 000 1 000 100 200 0 Nascimento de Jesus 300 500 700 900 1 100 1 300 1 500 1 700 1 900 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 estudo da arte rupestre Fotograia: Adriano Borges Dois Abrigos, Dois Mundos Associadas à arte rupestre, foram construídas e projectadas diversas ideias nem sempre correctas. Uma delas prende-se com as técnicas usadas na sua realização. Vulgarmente designadas de pinturas rupestres, as graias e imagens da arte rupestre podem ser pintadas e/ou gravadas. A primeira técnica implica a adição de pigmentos à rocha enquanto a segunda se realiza a partir da remoção/abrasão de partes da superfície rochosa. Os exemplos que aqui trazemos localizam-se nas imediações do Escalão de Montante e tornam-se interessantes por conterem as duas técnicas citadas. Será aqui de referir que, pese o facto de algumas técnicas se associarem mais ou menos a determinados períodos de produção artística da humanidade, as duas foram utilizadas desde a pré-história antiga até ao período contemporâneo. Relativamente às pinturas presentes do vale do Sabor, foram até ao momento detectados quatro sítios, três dos quais enquadrados na pré-história recente (5.500 a.C. a 800 a.C.). A arte pintada relativa a este período designa-se, nas áreas da especialidade, de ‘Arte Esquemática’. Caracteriza-se por se situar em abrigos a meia encosta, paredões rochosos junto a linhas de água e perto de povoados enquadrados na pré-história recente. São representadas, sobretudo a vermelho, iguras humanas e de animais, bem como motivos geométricos e abstractos. O nome ‘Esquemático’ advém do facto de aqui, ao contrário do que acontece no Paleolítico onde os motivos (sobretudo animais) são representados de forma extremamente naturalista, os motivos serem reduzidos a esquemas básicos. Assim, se olharmos para uma gruta pintada do paleolítico e a seguir para um abrigo com arte esquemática, temos a impressão de ter passado de um museu de arte renascentista para outro de arte contemporânea. Isto é, de Leonardo da Vinci para, por exemplo, Miró. 40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 Fotograia: Adriano Borges 10 000 9 000 8 000 7 000 5 500 6 000 5 000 4 000 3 000 800 2 000 1 000 Pré-História Recente 100 0 200 300 500 700 900 1 100 1 300 1 500 1 700 1 900 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 estudo da arte rupestre Abrigo com Pinturas e Gravuras (Promenor de pintura). No abrigo que constitui o Elemento Patrimonial 109 – ‘Abrigo com Gravuras e Pinturas (A45)’, encontram-se três painéis com arte rupestre. Em dois podem observar-se gravuras e, no terceiro, pinturas. São extremamente raros os sítios deste período que combinam as duas técnicas sendo que, geralmente, ou se tratam só de pinturas ou só de gravuras. Ainda se encontram por estudar e explicar as causas que levam a este fenómeno. Mas estas deverão estar ligadas aos motivos que se pretendem representar, aos sítios na paisagem que escolheram marcar e aos seus signiicados no passado. Ainda hoje, aquando dos inquéritos orais realizados pela equipa de antropologia do Baixo Sabor, foi recolhida uma lenda relativa a este abrigo onde se fala do aparecimento de uma menina com olhos muito grandes a cantar. Em nenhum dos três painéis os motivos são igurativos, apresentando-se antes graias geométricas e abstractas e de difícil classiicação. Ainda assim, o painel com pinturas encontra-se extremamente erosionado pelo passar do tempo pelo que poderia, no passado, representar o que nos parecem ser formas humanas. No que concerne as gravuras, optamos por falar um pouco do abrigo que constitui o Elemento Patrimonial 525 - ’Abrigo 2 do Ribeiro das Relvas’. Esta escolha prendeu-se com dois motivos: por um lado a sua proximidade física com o EP109, por outro, a sua distância face ao EP 109 relativamente às representações gráicas aí presentes. 40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 10 000 9 000 8 000 7 000 5 500 6 000 5 000 4 000 3 000 800 2 000 1 000 Pré-História Recente 100 0 200 300 500 700 900 1 100 1 300 1 500 1 700 1 900 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 arte rupestre O EP 525, à semelhança do EP109, corresponde a um abrigo junto a uma linha de água. Este abrigo é mais pequeno e profundo que o anterior e, no seu interior foram detectadas gravuras de diferentes períodos cronológicos. Um primeiro conjunto, mais antigo1, conhece uma grande distribuição no painel e, entre os seus motivos geométricos e abstractos, encontram-se umas gravuras peculiares que fazem lembrar uma escrita. Trata-se de quatro alinhamentos que se dispõe segundo um eixo horizontal onde iguram pequenas graias constituídas por motivos angulares. O vértice surge maioritariamente direccionado para cima. Não está claro se os motivos aqui presentes se tratam ou não de caracteres ou alguma forma de escrita. Nalguma bibliograia por nós consultada, as graias aqui presentes assemelham-se, por exemplo, ao sistema de escrita venético, bem como ao designado céltico continental. A semelhança tipológica não indica, no entanto, tratar-se de alguma destas formas de escrita. Sabemos que no Vale da Casa (Rio Douro - Vila Nova de Foz Côa), foram identiicadas rochas com arte rupestre e inscrições ibéricas da Idade do Ferro pelo que não podemos descartar totalmente esta hipótese. A escrita ibérica deriva das línguas faladas na Penín40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 10 000 9 000 8 000 7 000 Abrigo 2 do Ribeiro de Relvas (Promenor de gravura iliforme). sula Ibérica antes da chegada dos romanos. A continuação do estudo e o registo de aloramentos com arte rupestre no vale do Sabor poderá levar a uma melhor compreensão deste e outros aspectos. 1 A antiguidade dos traços gravados é perceptível através do que designamos de patine. De uma forma simpliicada traduz a semelhança/diferença entre o negativo da gravura e a superfície da rocha. Ou seja, quanto mais gasto, logo parecido com a superfície da rocha for o traço, mais antigo é e mais difícil se torna a sua visualização. Neste caso diríamos que a patine é antiga. 5 500 6 000 5 000 4 000 3 000 800 2 000 1 000 Pré-História Recente 100 0 200 300 500 700 900 1 100 1 300 1 500 1 700 1 900 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 estudo da pré-história abrigo natural do lombo de relvas O Elemento Patrimonial 99, designado de Abrigo Natural do Lombo de Relvas, localiza-se na reguesia de Cardanha, concelho de Torre de Moncorvo e distrito de Bragança. Este abrigo natural vai ser afectado por submersão devido ao Empreendimento do Aproveitamento Hidroeléctrico do Baixo Sabor. Deste modo, foi necessária uma intervenção arqueológica que decorreu durantes os meses de Outubro e Novembro de 2011. 40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 10 000 9 000 8 000 7 000 5 500 6 000 5 000 4 000 3 000 800 2 000 1 000 Pré-História Recente 100 0 200 300 500 700 900 1 100 1 300 1 500 1 700 1 900 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 estudo da pré-história SOUSA, A. C.; SOUSA, F. (2006) - Ilustrar para compreender ou compreender para ilustrar? As ilustrações da exposição “Penedo do Lexim: povoado pré-histórico”. Boletim Cultural. Mara, p. 439-465. Sondagem efectuada no Abrigo natural do lombo de Relvas. Abrigo Natural do Lombo de Relvas Este sítio arqueológico situa-se numa vertente acentuada na margem esquerda 7000 até 1500 a.C. e inclui o Neolítico, o Calcolítico e Idade do Bronze. Dada a proximidade deste local com outros sítios intervencionados na margem direita da ribeira de Relvas, aluente da margem direita do rio Sabor. A ribeira de do rio Sabor (a cerca de 2km), nomeadamente na zona da “Pedreira de Relvas”, Relvas nasce próxima da localidade de Cabreira, apresentando um leito de o mais provável é estarmos perante um abrigo enquadrado no Calcolítico. pequenas dimensões e algo sinuoso encontrando-se seca durante os meses Na região de Trás-os-Montes e Alto Douro foram já escavados e estudados de Verão. Este local caracteriza-se pela presença de alguns aloramentos sítios integrados nesta cronologia. A título de exemplo podemos menem xisto, que por vezes coniguram pequenos abrigos naturais, como é cionar o recinto de Castelo Velho de Freixo de Numão, local musealio caso que nos ocupa. zado em Vila Nova de Foz Côa. É um período em que o homem se A área intervencionada no interior do abrigo apresentava uma apropria do território e passa a ter um controle mais efectivo sobre dimensão de aproximadamente 4 m², ou seja, um espaço o mesmo. O facto de se tratar de sociedades que adoptaram um bastante reduzido de modo a ser ocupado permanentemodo de vida agrário e pastoril, implica uma nova gestão de mente pelo homem. Não obstante, a escavação do sítio recursos o que leva naturalmente ao surgimento de elites. permitiu recuperar um conjunto de vestígios materiEm Portugal, para além do Recinto do Castelo Velho já ais constituídos por líticos (produtos e subprodutos mencionado e geograicamente próximo do vale do Sabde debitagem, seixos rolados com e sem vestígios de uso, or, surgem no sul grandes povoados como é o caso do Castro utensílios e núcleos) sem presença alguma de cerâmica. de Leceia (Oeiras) ou o Castro do Zambujal (Torres Vedras) que, De entre estes materiais líticos destaca-se uma ponta de seta dadas as intensivas campanhas de escavação aí realizadas e as suas talhada em calcedónia e um machado de pedra polida. grandes dimensões, se tornaram referências internacionais para este No que se refere à cronologia, estamos perante um local ocupado período no contexto europeu. num período da pré-história recente. Entende-se por Pré-História recente um período longo na História da Humanidade que se estende desde 40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 10 000 9 000 8 000 7 000 5 500 6 000 5 000 4 000 3 000 800 2 000 1 000 Pré-História Recente 100 0 200 300 500 700 900 1 100 1 300 1 500 1 700 1 900 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 estudo da romanização O sítio do Cabeço da Grincha (EP 529) A intervenção arqueológica, desenvolvida ao longo de Janeiro, no sítio do Cabeço da Grincha (Remondes –Mogadouro) permitiu por a descoberto um conjunto de estruturas de cronologia romana, cujos contornos ainda não foi possível deinir na totalidade. Tendo em conta as evidências arqueológicas registadas, até ao momento, podemos distinguir dois edifícios. O primeiro, a nascente, parece tratar-se de um pequeno anexo rectangular, com uma pequena divisória interna, que o segmenta em duas partes. O segundo edifício, de maiores dimensões, 400 m2 aproximadamente, apresenta uma maior complexidade de muros ou estruturas, um pequeno tanque, cujos contornos ainda não estão totalmente estabelecidos. Parece estarmos na presença de uma unidade exploração rural, tipo granja, não se excluindo, para já, outros cenários. Dado que a escavação ainda não se encontra terminada, bem como a análise do espólio, apenas nos parece seguro referir que a implantação do sítio terá ocorrido entre a segunda metade do século I d. C. e os inícios do século II. Sobre o abandono do sítio não foi possível recolher elementos cronológicos seguros, no entanto, o motivo poderá relacionar-se com um episódio de incêndio, observável em alguns compartimentos. 40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 10 000 9 000 8 000 7 000 6 000 5 000 4 000 3 000 2 000 1 000 200 100 200 300 500 700 900 1 100 1 300 1 500 1 700 1 900 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 0 Romanização da Península Ibérica estudo etno-arqueológico de cilhades O sítio do Laranjal Cilhades Daremos destaque, dentro dos trabalhos de arqueologia que se encontram em desenvolvimento pelo Estudo Etno-Arqueológico de Cilhades, à intervenção do sítio do Laranjal. A identiicação de algumas sepulturas, ainda aquando das primeiras sondagens de diagnóstico realizadas nesta pequena propriedade agrícola de Cilhades, propriedade essa que acabaria por designar o próprio sítio arqueológico – Laranjal -, onde já era previsível o seu reconhecimento dadas as informações orais prestadas por populares sobre a mesma, acabou por despoletar um alargamento da área em torno da escavação inicial ali realizada. A subsequente intervenção arqueológica acabou por revelar, inequivocamente, a existência naquele espaço de uma necrópole de dimensões assinaláveis. À data, encontram-se contabilizadas um total de 90 sepulturas, bem como um elevado número de ossários (12). Não existe uma grande variedade formal em relação aos sepulcros identiicados, podendo os mesmos ser subdivididos, ainda que com ligeiras variantes, em três grandes grupos. A par com enterramentos em caixa, no que constitui o universo mais representativo deste cemitério, encontramos enterramentos coninados a fossas simples, achando-se também, por último, enterramentos em simples covachos mas delimitados por pedras avulsas. Estes últimos, estratigraicamente, encontram-se sobrepostos a sepulturas em caixa, podendo, ao que tudo parece indicar, corresponder à última fase de sepultamentos desta necrópole. 40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 Laranjal, vista geral sobre os trabalhos arqueológicos em curso Laranjal (Cilhades), planta de pormenor do(s) edifício(s) identiicado(s) e sepulturas mais próximas. Tendo em conta a tipologia das sepulturas, assim como as próprias características que as inumações apresentam, seja ao nível da sua própria orientação, seja ao nível da sua disposição anatómica, encontramo-nos, claramente, perante uma necrópole de cronologia medieval (muito provavelmente da Baixa Idade Média). Não podemos, no entanto, descurar a existência de materiais arquitectónicos reaproveitados nas construções dos muros de divisão da propriedade do Laranjal, a este propósito será não só de salientar a existência de silhares almofadados, como o que parece corresponder a uma pilastra com decoração enchacotada, elemento este elaborado a partir, também, de um silhar almofadado. A área de necrópole escavada, assim como a grande maioria das sepulturas com ela relacionadas, localiza-se em zona de vertente, de substrato xistoso e com uma orientação norte/sul, a escassos 300 m para noroeste da actual capela de São Lourenço. 10 000 9 000 8 000 7 000 6 000 5 000 4 000 3 000 2 000 1 000 450 100 0 200 300 1980 500 700 900 1 100 1 300 1 500 1 700 1 900 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 Período de Ocupação de Cilhades A par com as sepulturas já referidas, foram também identiicadas as ruínas do que nos parecem ser duas construções distintas, embora as mesmas possam ter constituído, a dada altura, um único edifício. Localizadas na extremidade sul da área intervencionada, apresentam os tramos de muros originais que as compõem claras diferenças ao nível do aparelho construtivo – há tramos de muro mais largos no corpo sul, sendo também evidente a sobreposição destes ao que parece tratar-se de um muro pré-existente. No corpo perfeitamente delimitado a norte, de coniguração rectangular, medindo 4, 66 m de comprimento por 1, 88 m de largura, foi identiicado, no que deverá corresponder ao nível de abandono deste espaço – em associação a um nível de derrube da cobertura deste edifício, constituído por telhas de meia-cana, e sobre o que julgamos poder tratar-se do piso de circulação deste espaço, em terra batida -, um conjunto de cerâmicas que, ainda que sem cronologias seguras para as mesmas, apontam para uma cronologia da Baixa Idade Média. As mesmas reportam-se a loiça de ir ao lume – loiça de cozinha -, sobressaindo algumas formas perfeitamente associáveis a panelas, de peril em S e bojos globulares, apresentando-se decoradas ora por linhas incisas onduladas ou por cordões plásticos, digitados, aplicados. Todas estas questões serão desenvolvidas em altura própria, remetendo-nos, por ora, a um conjunto de considerações gerais sobre a intervenção arqueológica do Laranjal. Estratigraicamente, o(s) edifício(s), sobrepõem-se a pelo menos uma sepultura (nº66), esta subjacente ao tramo de muro este daquele que julgamos tratar-se de uma construção primitiva ali existente e onde, posteriormente, se “acoplou” uma construção mais recente, aproveitando esta, como já o dissemos, tramos da construção primitiva a que aludimos. No interior, e sob o piso de circu- 40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 10 000 9 000 8 000 7 000 estudo etno-arqueológico de cilhades lação do espaço primitivo, foi também identiicada uma outra sepultura (nº78), correspondendo esta, dadas as suas dimensões, a um enterramento infantil. Salvo raras excepções, a estratigraia observada no Laranjal reporta-se a contextos claros de destruição, acreditando-se que a própria reformulação daquele espaço pela criação da pequena propriedade agrícola que lhe deu o nome, já em meados do século XX, tenha contribuído, nomeadamente pela criação de alguns socalcos agrícolas e outras estruturas, para uma destruição de larga escala desta importante estação arqueológica. Tal como já o referimos em trabalho anterior, não descuramos a possibilidade de parte do(s) edifício(s) posto(s) a descoberto neste local, nomeadamente o corpo sul, corresponder, eventualmente, à antiga Capela de São Lourenço. A este propósito deve atender-se, por exemplo, à própria orientação destas construções, sendo que, ainda que existam algumas variações, se encontram orientadas de acordo com a generalidade das próprias sepulturas. Para terminarmos a pequena abordagem ao sítio arqueológico do Laranjal, é de referir que apenas com o alargamento da intervenção arqueológica deste sítio, já contemplada, se poderão conhecer, da melhor forma, alguns dos contextos e estruturas arqueológicas entretanto identiicadas. Actualmente, e embora a intervenção arqueológica ainda não tenha terminado, a mesma decorre, sobretudo, pela intervenção antropológica que ali se encontra em desenvolvimento. É credível que uma boa parte das 37 sepulturas seladas, possam conter enterramentos bem preservados, havendo a registar, fora deste conjunto, evidências de enterramentos simples em fossa por intervencionar, assim como é previsível a identiicação de um grande número de ossários, alguns dos quais se estabeleceram sobre o espaço interno de antigas sepulturas. 6 000 Laranjal. Pormenor do ossário 7 localizado no interior da sepultura.20 5 000 4 000 3 000 2 000 1 000 450 100 0 1980 300 500 700 900 1 100 1 300 1 500 1 700 1 900 200 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 Período de Ocupação de Cilhades estudo dos elementos edificados de carácter etnográfico Fotograia: André Rolo O último Moleiro do Sabor Fotograia: André Rolo Fotograia: André Rolo 40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 10 000 9 000 8 000 7 000 6 000 No âmbito dos trabalhos de registo etnográico do Baixo Sabor, o estudo dos Sistemas de Moagem deste vale veio a revelar parte da grande riqueza patrimonial deste rio. No decorrer destes trabalhos, quando a nossa equipa se encontrava a localizar todos os moinhos do Baixo Sabor, conhecemos o Sr. Freitas, o último moleiro do Baixo Sabor que, com o advento das moagens eléctricas e a grande onda de emigração das décadas de 60 e 70, viu o abandono progressivo desta actividade e das estruturas a ela associadas. Demos com ele e o seu rebanho na margem esquerda do rio, num sítio prístino, a 31 de Janeiro do ano passado e precipitadamente concluímos que seria mais um pastor do povo, do cimo do vale. Após cordiais saudações, embora sempre com um olho nos cães do Sr. António (não pareciam aceitar a nossa cordialidade...), lá lhe explicamos ao que andávamos e ele confessou-nos ser ilho de moleiros. Mais ainda, ele próprio ainda moía cereal no seu moinho, espanto o nosso pois ainda não tínhamos testemunhado tal fenómeno no âmbito do nosso trabalho no Rio Sabor. Assim lá nos explicou que “lá mais para o verão” fazia uma “palhota” por cima da mó “como os antigos”, e lá punha o moinho a trabalhar, com o objectivo de mostrar aos mais novos esta arte em extinção. Trocamos contactos e icou a promessa de o visitar aquando do funcionamento do engenho. Tal aconteceu a 30 de Setembro último, e tivemos desta vez a companhia de Lois Ladra, antropólogo, e de André Tereso, técnico de conservação e restauro, ambos membros da equipa de Arqueologia do ACE e ávidos aprendizes das artes rurais. Assim foi que o Sr. António que acreditamos, embora sem certezas, ser o último moleiro do Baixo Sabor, nos mostrou o que também pensamos ser o último moinho em funcionamento, pelo menos na área afectada por este empreendimento. Já havíamos feito o registo de alguns moinhos mas nunca tínhamos visto um trabalhar e, pormenor mágico, ouvir o cantar de uma andadeira: uma mó, um bloco maciço pétreo, a girar a alta velocidade sobre a mó dormente enquanto agita o chamadouro que precipita o cereal para o olho da mesma. Já nos deslumbravam os moinhos mas não lhes conhecíamos, até então, a sua alma... 5 000 4 000 3 000 2 000 1 000 100 0 200 300 500 700 900 1 100 1 300 1 500 1 700 1 900 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 Paisagem Tradicional estudo da proto-história A Idade do Ferro na zona de Trás-os-Montes desenvolve-se durante o I milénio a.C., desde, aproximadamente, no ano 800 a.C., até a conquista da Península Ibérica pelos romanos. A zona de Trás-os-Montes, e as zonas ronteiriças de Zamora e Salamanca, mantêm grandes similitudes em quanto ao povoamento durante a Idade do Ferro, no referente à cultura material, povoados, fortiicações, modos de vida, armamentos, etc. Na zona do Baixo Sabor contamos com um importante número de povoados fortiicados. Estes sítios se situam no alto de cerro ou lugares com um importante carácter estratégico. Contam geralmente com muralhas de xisto ou granito, em alguns casos com torreões, pedras incadas. Actualmente se desenvolvendo trabalhos de escavação arqueológica no castro do Castelinho (Felgar), com o objectivo de poder determinar as características do mesmo, como sistemas defensivos, estruturação interna, características do povoamento, fossos, etc. Nesta zona do Baixo Sabor encontram-se castros e povoados da Idade do Ferro de grande importância como são o Castelo Marruça (Parada), Cigadonha (Carviçais), Castelo da Junqueira (Adeganha), Castelo dos Mouros (Adeganha), Castelo de Reginal (Meirinhos), Castelo dos Mouros (Vilarinho 40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 10 000 9 000 8 000 7 000 dos Galegos), Fraga do Castelo (Lagoa), Cerca dos Mouros (Talhas), Castelo de Santa Justa (Eucisia), Cabeço de Agilhâo (Cerejais), Castelo de Cizonha (Ferradosa), Nossa Senhora dos Anúncios (Vilarelha), etc. A causa de esta grande concentração de sítios da Idade do Ferro, que se estende por toda a zona de Trás-os-Montes, e as vizinhas províncias espanholas de Salamanca e Zamora, é indispensável a realização de um estúdio sobre o povoamento durante a Idade do Ferro do Baixo Sabor, que permita situar o povoado que actualmente esta sendo intervencionado do Castelinho dentro da situação geral da Idade do ferro no NW da Península Ibérica. A romanização da Península Ibérica afecto determinantemente às populações indígenas que aqui se assentavam, modiicando seus modos de vida de uma maneira radical, em ocasiões mediante o abandono de seus originais lugares de habitat, para se transladar a outras zonas mas proveitosas desde o ponto de vista agrícola, e onde se pudesse controlar de uma maneira mas efectiva às populações locais. Por isso vemos, como em muitos casos, estes povos são obrigados a abandonar sua situação em lugares estratégicos elevados, para se transladar ao plano onde são mas facilmente controlados. É importante poder conhecer como este processo de romanização afecto aos povos de Trás-os-Montes, e especialmente ao povoado do Castelinho. 6 000 5 000 4 000 3 000 2 000 1 000 100 0 200 300 Proto-história 500 700 900 1 100 1 300 1 500 1 700 1 900 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 gabinete de espólio Conservação de Metais Arqueológicos e Etnográicos No Gabinete de Espólio são realizados tratamentos de conservação de objectos arqueológicos e etnográicos recolhidos pelas equipas dos diversos estudos especíicos. Nesta exposição vamos introduzir algumas noções sobre a Conservação de Metais. porquê de o objecto apresentar determinados danos ou alterações) é necessário compreender os fenómenos de alteração e degradação dos materiais e a sua relação com os aspectos anteriormente referidos. De seguida pode ser delineada a base de intervenção. Conservação As intervenções desenvolvidas no Gabinete de Espólio visam a estabilização ou mitigação dos mecanismos de deterioração, favorecendo desta forma o prolongamento da existência material do objecto. Estes objectivos são conseguidos através de acções complementares enquadradas no âmbito da Conservação Directa e da Conservação Indirecta ou Ambiental, tal como representado no seguinte esquema: Antecedentes Para deinir a estratégia de intervenção mais adequada para cada objecto há determinados aspectos que têm de ser tidos em conta. Este encontram-se relacionados com: - a composição química; - o estado de conservação e; - condições a que esteve sujeito. Na realidade, todos estes aspectos encontram-se inter-relacionados e o Conservador-Restaurador deverá ter essa consciência ao intervir num determinado objecto, em detrimento de se potenciarem alterações irreversíveis e inesperadas que poderão por em risco a integridade do mesmo. Para realizar um bom diagnóstico do estado de conservação de um objecto (o Paralelamente a este aspecto material há também que preservar todos os valores de que um objecto é portador e que o tornam único, tais como: valor arqueológico, artístico, histórico, religioso, sentimental, económico, etc.. Os principais tratamentos desenvolvidos no Gabinete de Espólio são: - Remoção mecânica e química de produtos de alteração; - Conversão/ estabilização; - Aplicação de camada protectora; - Marcação, inventariação e acondicionamento em reserva. No Gabinete de Espólio são seguidas os princípios e normas que regem a actividades de conservação do património presentes em cartas e recomendações internacionais, tais como: intervenção mínima, reversibilidade, compatibilidade e respeito pela autenticidade. Antes, durante e após as intervenções é realizado um registo fotográico e documental, através de uma base de dados, de todas as acções desenvolvidas. Após o tratamento conservativo directo é importante deinir as condições de acondicionamento adequadas a cada objecto/ colecção. As condições de temperatura e humidade relativa (HR), assim como qualidade do ar (nível de poluentes), são aspectos importantes a ter em conta. Por este motivo na reserva de metais do Gabinete de Espólio está implementado um programa de monitorização dos parâmetros de temperatura e HR. Desta forma poderão ser tomada medidas correctivas de forma atempada, se necessário. 40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 10 000 9 000 8 000 7 000 6 000 5 000 4 000 3 000 2 000 1 000 100 0 200 300 500 700 900 1 100 1 300 1 500 1 700 1 900 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 estudo antropológico Toponímia O Plano de Salvaguarda do Património do Aproveitamento Hidroeléctrico do Baixo Sabor refere a necessidade de se realizar um levantamento toponímico para que os nomes de lugar correspondentes aos locais que vão icar debaixo das águas da albufeira sejam convenientemente registados. O acto de nomear um território constitui uma maneira simbólica das comunidades humanas que interagem com o território se apropriarem simbolicamente do mesmo. Os nomes de lugar podem ser classiicados genericamente em macrotopónimos e microtopónimos. Os primeiros correspondem às designações habituais das povoações e dos principais acidentes geográicos. Por sua vez, os microtopónimos abrangem todos e cada um dos nomes dados a pequenos elementos locais: ribeiros, montes, prédios… Os topónimos podem ser ordenados em diversas categorias, como por exemplo geotopónimos, itotopónimos, hidrotopónimos, hagiotopónimos, arqueotopónimos… Os elementos da equipa de antropologia do ACE, em estreita colaboração 40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 15 000 10 000 9 000 8 000 7 000 6 000 com vários investigadores da zona, estão a desenvolver toda uma série de inquéritos às populações locais com o propósito de fazer o levantamento da microtoponímia do Baixo Sabor. A nossa área de actuação prioritária corresponde a Silhades, isto é, aos terrenos da margem direita do rio pertencentes à reguesia de Felgar. No entanto, também estão a ser recolhidos os microtopónimos luviais e o resto da toponímia felgarense, tanto urbana como rural. O nosso objectivo no que se refere ao estudo dos nomes de lugar passa pela realização inal de um inventário e de uma carta de microtopónimos apoiada na fotograia aérea local. Até à data foram recolhidos numerosos geotopónimos correspondentes a nomes de cabeços e elevações do terreno, itotopónimos relativos a designações baseadas em elementos de origens vegetais, hagiotopónimos ou nomes de capelas, santuários, alminhas e cruzeiros… Um dos trabalhos que tencionamos vir a realizar uma vez rematado o inventário de nomes de lugar e a cartograia microtoponímica é o de um pequeno ensaio que ajude a explicar e compreender o signiicado de todas e cada uma das designações recolhidas, sem esquecer os etnotopónimos e as etimologias populares. 5 000 4 000 3 000 2 000 1 000 100 0 200 300 500 700 900 1 100 1 300 1 500 1 700 1 900 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 acompanhamento Acompanhamento arqueológico A lei portuguesa relativa ao património baseia-se na Convenção Europeia para a Protecção do Património Arqueológico, conhecida como Convenção de Malta. Nesta lei, encontram-se estabelecidas as bases da política e do regime de protecção e valorização do património, como realidade de maior relevância para a compreensão e construção da identidade nacional e para a democratização da cultura. No âmbito do Aproveitamento Hidroeléctrico do Baixo Sabor, e conforme a legislação acima indicada, o Acompanhamento Arqueológico é uma prática corrente. Assim, o mesmo consiste na observação permanente pelo arqueólogo, em cada rente de trabalho, das acções de abertura de valas, trabalhos de remoção de terras, desmatação e escavações no subsolo. Deste modo e a título de exemplo, qualquer trabalho de movimentação de terras implica a presença de uma equipa de arqueologia, sem a qual estes trabalhos não poderão decorrer. Apenas deste modo se podem detectar realidades arqueológicas atempadamente e agir de forma a salvaguardar o património. Damos aqui o exemplo do EP 627, designado de Quinta do Rio 16, detectado em Julho de 2010 no decurso de trabalhos de acompanhamento realizados no limite da pedreira do Escalão de Montante. Dependendo da tipologia e cronologia, os materiais arqueológicos podem ser de difícil distinção no terreno. Isto torna-se ainda mais verdadeiro quando se tratam de vestígios pré-históricos onde não são visíveis quaisquer estruturas. No caso do EP 627 e como se pode ver nas imagens, foram apenas detectados ragmentos cerâmicos e uma mó (movente). No decorrer do mês de Agosto e Setembro foram aí realizadas sondagens pela equipa responsável pelo Estudo da Pré-História. Os trabalhos revelaram um sítio com duas ocupações, a mais antiga atribuída ao Neolítico (7000 – 2900 a.C.) e a mais recente ao Calcolítico (2900 – 2500 a.C.). Entre os materiais descobertos destaca-se a cerâmica penteada, pequenas lareiras e industria lítica talhada entre a qual martelos em quartzo. A detecção deste sítio só foi possível dado o acompanhamento arqueológico realizado, aquando da remoção de terras no local. 40 000 35 000 30 000 25 000 20 000 1 2 3 4 5 6 7 1. Área a intervencionar. 2. Inicío dos trabalhos de acompanhamento. 3. Remoção de terras. 4. Fragmento cerâmico detectado em corte. 5. Pormenor do ragmento após limpeza. 6. Escavação do sítio detectado durante o acompanhamento. 7. Vista geral da área intervencionada. 15 000 10 000 9 000 7 000 8 000 6 000 5 000 3 000 4 000 2 000 1 000 100 0 200 300 500 700 900 1 100 1 300 1 500 1 700 1 900 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 para mais informações: Publicações e Comunicações no âmbito do AHBS SANTOS, Filipe João C. e LADRA, Lois; “A cabeça antropomorfa do Castelinho” Filipe João C. Santos e Lois Ladra; Os celtas da Europa Atlântica - III Congresso internacional sobre cultura celta. SANTOS, Filipe João C.; PINHEIRO Eulália e ROCHA, Fábio; “O sítio e a laje com gravuras do Castelinho (Felgar, Torre de Moncorvo). Contributos para o conhecimento da II Idade do Ferro em Trás-os-Monte Oriental” - Artes Rupestres da Pré-história e da Proto-história 2011 SANTOS, Filipe João C.; PINHEIRO Eulália e ROCHA, Fábio; “O povoado fortiicado do Castelinho (Felgar, Torre de Moncorvo, Portugal). Dados preliminares de uma intervenção arqueológica por um sítio da II Idade do Ferro em Trás-os-Montes Oriental” - I Jornadas de Jóvenes Investigadores del Valle del Duero. Del Neolítico a la Antigüedad Tardía (Zamora). FEIO, Jorge; SANTOS, Filipe João C.; PINHEIRO Eulália e ROCHA, Fábio; “A intervenção arqueológica do sítio do Laranjal (Cilhades, Felgar, Torre de Moncorvo): contributo para o estudo da topograia cristã tardo-romana e alto-medieval no conventus Bracaraugustanus” I Jornadas de Jóvenes Investigadores del Valle del Duero. Del Neolítico a la Antigüedad Tardía (Zamora). FIGUEIREDO, Soia Soares; XAVIER, Pedro; NEVES, Dário, DIAS, Rodrigo, COELHO, Sílvia; “As teorias da arte no estudo da arte rupestre: limites e possibilidades.” Mesa Redonda Artes Rupestres Pré eProto-História, 26 a 28 de Novembro de 2010, no Museu do Côa, em Foz Côa. COELHO, Sílvia; XAVIER, Pedro; NEVES, Dário; DIAS, Rodrigo; CARVALHO, Luís; MORAIS, Renata; FIGUEIREDO, Soia Soares; “A rocha do Pitogaio (Ferradosa, Alfândega daFé): imagens rupestres Modernas e Contemporâneas e as suas possibilidades de estudo”, IV Jornadas de Jovens em Investigação Arqueológica – JIA 2011, Faro, 2011, no prelo. NEVES,Dário; XAVIER, Pedro; NEVES, Dário; DIAS, Rodrigo; CARVALHO, Luís; MORAIS, Renata; FIGUEIREDO, Soia Soares; “A rocha 1 da Quinta do Feiticeiro (Cardanha,Torre de Moncorvo): contribuições para o estudo do imaginário guerreiro e cinegético da Idade do Ferro”, IV Jornadas de Jovens em Investigação Arqueológica – JIA 2011, Faro, 2011, no prelo. FIGUEIREDO, Soia Soares; NEVES, Dário; DIAS, Rodrigo; COELHO, Sílvia; XAVIER, Pedro; CARVALHO, Luís; “Aproximação a um modelo estatístico aplicado à arte esquemática do Nordeste transmontano”, IV Jornadas de Jovens em Investigação Arqueológica – JIA 2011, Faro, 2011, no prelo. FIGUEIREDO, Soia Soares; NUNES, Cristiana; ROSA, Lourenço e GARCIA, Joaquim; “Preservação in situ de maciços rochosos com arte rupestre. Estudos preliminares para a elaboração de um projecto” - Mesa Redonda Artes Rupestres Pré eProto-História, 10, 11 e 12 de Novembro de 2011, Faculdade de Letras da Universidade do Porto. LADRA, Lois e PINHO, Valdemar; “Embarcacións luviais tradicionais en Trás-os-Montes: as bateiras do río Sabor”. Revista de Investigación “ETNOGRAFIA”, nº3, 2011. I.S.S.N. 1989 - 8541. PEREIRA, Sérgio; GOMES, Hugo; COSTA, Pedro e BARBOSA, Teresa; “Estudo da Romanização no Vale do Rio Sabor: Primeira Abordagem” - I Jornadas de Jóvenes Investiga- dores del Valle del Duero. Del Neolítico a la Antigüedad Tardía (Zamora). ficha técnica coordenação: Soia Soares de Figueiredo design gráfico: Renata Morais redacção: Soia Soares de Figueiredo Glória Danoso Sérgio Pereira Filipe Santos André Rolo e Sara Oliveira Lourenço Rosa e André Tereso Valdemar Pinho e Lois Ladra fotografia: André Rolo Adriano Borges Equipa Arqueologia AHBS desenhos: Renata Morais periocidade: Bimestral