ESTIMATIVA DA DENSIDADE APARENTE, com significativos coeficientes de correlao e ampla

RESISTNCIA COMPRESSO E MDULO faixa de aplicao.

DE ELASTICIDADE DA MADEIRA POR MEIO
DO RESISTGRAFO Palavras chave: Ensaios no destrutivos, resistgrafo,
caractersticas fsicas e mecnicas.
ESTIMATION OF APPARENT DENSITY
COMPRESSIVE STRENGTH AND ELASTIC Abstract
MODULUS OF WOOD THROUGH The resistograph has become a quick and reliable
RESISTOGRAPH evaluation of the characteristics of the wood. The
goal of this study is to estimate the apparent density,
Edgar Vladimiro Mantilla CARRASCO1; Nara Cristina compressive strength and modulus of elasticity parallel to
Santos PEREIRA ; the fibers due to the penetration rate obtained in five wood
Rejane Costa ALVES3 species through non-destructive evaluation methods,
using resistograph. The determination of the humidity
1 Professor Departamento de Engenharia de Estruturas, of the wood, apparent density compressive strength
Escola da Engenharia, UFMG, mantilla@dess.ufmg.br and modulus of elasticity parallel to grain according to
2 Graduanda em Engenharia Civil, UFMG, narasantos_ the standard NBR7190. We also determined the rate of
eng@yahoo.com.br penetration into the wood obtained from resistgrafo.
3 Doutoranda em Engenharia de Estruturas, UFMG, The wood used in this work were Angelim-pedra,
rejanecosta@ufmg.br Cumaru, Paraju, Pinus and Sucupira, with six replicates
per timber. It was used regression analysis to determine
the correlations between the IP and their physical and
Resumo mechanical characteristics of wood. The R2 coefficients
ranged from 75.66% to 86.64%. It was concluded that
O resistgrafo vem se tornando uma alternativa the resistograph is an effective instrument and its use
rpida e confivel de avaliao das caractersticas da in the field, with significant correlation coefficients and
madeira. O objetivo deste estudo estimar a densidade wide application range.
aparente, a resistncia compresso e o mdulo de
elasticidade paralelo s fibras em funo do ndice de Keywords: Non-destructive testing, resistograph,
penetrao obtido, em cinco espcies de madeiras por physical and mechanical characteristics.
meio de mtodos de avaliao no destrutivos, com
o uso de resistgrafo. Determinou-se a umidade da
madeira, densidade aparente, resistncia compresso Introduo
e mdulo de elasticidade paralela s fibras de acordo
com a norma NBR7190. Determinou-se tambm o A madeira quando utilizada como material estrutural
ndice de penetrao na madeira (IP) obtido a partir do apresenta uma relao resistncia/(peso x custo)
resistgrafo. As madeiras utilizadas neste trabalho foram superior a todos os outros materiais. Por tratar-se de um
o Angelim-pedra, Cumaru, Paraj, Pinus e Sucupira, material biolgico a determinao das caractersticas
com seis repeties por madeira. Foi utilizada anlise fsicas e mecnicas atravs de ensaios no destrutivos
de regresso para a determinao das correlaes torna-se mais difcil.
entre o IP e as respectivas caractersticas fsicas e
mecnicas da madeira. Os coeficientes R2 variaram de A amostragem para determinao das caractersticas da
75,66% a 86,64%. Concluiu-se que o resistgrafo um madeira normalmente implica na destruio do elemento
instrumento eficiente quanto sua utilizao em campo, estrutural, o que impede que futuras observaes

45
Construindo, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, Jan/Jun. 2013
sejam efetuadas (LIMA et al., 2007). Os mtodos no umidade, densidade aparente, compresso paralela s
destrutivos vm se tornando importante alternativa para fibras e mdulos de elasticidade das madeiras seguindo
predies das caractersticas da madeira. So utilizados as prescries da NBR 7190 e os padres rigorosos
para verificao de existncia de descontinuidades ou dos requisitos e procedimentos do sistema de qualidade
defeitos nas peas, sem alterar suas caractersticas implantado nos laboratrios do Centro de Pesquisa
fsicas, qumicas, mecnicas ou dimensionais e sem Avanado da Madeira e novos Materiais (CPAM3).
interferir em seu uso posterior (ABENDI, 2011). Visando
reduzir essa limitao, neste trabalho, foi utilizado o A umidade e a densidade aparente da madeira foram
aparelho resistgrafo. determinadas no Laboratrio de Caracterizao Fsica
da Madeira (LACAF). Todos os aparelhos (paqumetros,
O aparelho resistgrafo tem sido muito utilizado no balanas e estufas) foram calibrados por um organismo
Brasil para a avaliao do lenho de rvores. O princpio acreditado pelo INMETRO. Todo o sistema de medida
do resistgrafo simples. Consiste de uma broca de automatizado sem nenhuma interferncia do operador.
3 mm de dimetro, feita de ao, a qual direcionada Para a determinao da resistncia compresso
para dentro da madeira a uma predeterminada taxa de paralela, foram realizados ensaios em um corpo-de-
velocidade, dependendo da espcie de madeira, e do prova (CP) extrado de cada tbua. Os CPs possuam
modelo empregado (RINN et al.,1996). Ao atravessar a seo transversal nominal quadrada de lados iguais
madeira, a broca encontra intensidades diferentes de a 3,0 cm e comprimento nominal de 9,0 cm. Esses
resistncia, refletindo a condio estrutural das paredes ensaios foram realizados numa mquina universal da
celulares (LIMA et at.,2007). A medio fornecida pelo marca EMIC com capacidade de 300 kN (Figura 1).
resistgrafo denominada ndice de penetrao e Figura 1 Mquina universal com capacidade de 300
expressa em porcentagem. kN

A utilizao do resistgrafo, na maior parte dos casos,

estava restrita a determinao do estado fitossanitrio
da madeira. Assim o objetivo deste trabalho determinar
atravs do ndice de penetrao do resistgrafo a
densidade da madeira, a resistncia a compresso
paralela as fibras e o mdulo de elasticidade. A finalidade
de utilizar-se vrias espcies de madeira foi obter uma
gama maior de validade das correlaes obtidas.
O carregamento aplicado foi monotnico crescente
Material e mtodos com uma taxa de 10 MPa/min, conforme a prescrio
da NBR 7190 (1997). A carga de ruptura encontrada
Para a realizao dos ensaios utilizou-se cinco foi empregada para a determinao do diagrama de
espcies de madeira, especificamente, angelim-pedra carregamento utilizado nos ensaios de compresso
(Hymenolobium petraeum), cumaru (Dipteryx odorata), paralela s fibras, visando a determinao do mdulo
paraju (Manilkara spp.), pinus (Pinus spp.) e sucupira de elasticidade.
(Bowdichia spp.), com seis replicas por madeira. O mdulo de elasticidade compresso paralela s
fibras foi determinado em um CP de cada tbua com
2.1 Ensaios destrutivos de caracterizao fsica e seo transversal nominal quadrada de lados iguais a
mecnica da madeira 5,0 cm e comprimento nominal de 15,0 cm, Figura 2.
Figura 2- Corpos de prova para o ensaio de compresso
Foram determinados para cada espcime os teores de paralela s fibras.

46
Construindo, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, Jan/Jun. 2013
Estes ensaios tambm foram realizados na mquina
universal da marca EMIC com capacidade de 300 kN. A
carga foi aplicada, conforme a prescrio da NBR 7190
(1997), com dois ciclos de carga e descarga e com uma
taxa de carregamento igual a 10 MPa/min, como mostra
a Figura 3.

Figura 3 Diagrama de carregamento

Fonte: NBR-7190, 1997, p. 79.

47
Construindo, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, Jan/Jun. 2013
Os deslocamentos foram medidos atravs de abscissas, enquanto o eixo das ordenadas apresenta
extensmetros (clip-gage) fixados em dois lados o ndice de penetrao do pino quando perfurada a
opostos do CP, conforme Figura 4. madeira (VALLE et al.,2006). Na faixa que est com
destaque em vermelho, possvel ver que em 4 cm
de penetrao no interior do elemento, apresenta um
ndice de penetrao mdio de perfurao mais baixa
que o restante da seco. Esta reduo do ndice de
penetrao o parmetro que relaciona densidade
da madeira, a resistncia e mdulo de elasticidade da
madeira.

Figura 4 Arranjo para ensaio de compresso paralela

s fibras

Os deslocamentos foram medidos at 70% da carga de

ruptura prevista, quando, por medida de segurana, os
extensmetros foram retirados. As deformaes foram
determinadas dividindo-se os deslocamentos medidos
pelo comprimento padro dos extensmetros (100 mm).
Quanto ao mdulo de elasticidade, este foi admitido
numericamente igual inclinao da reta de regresso
linear, no grfico da tenso em funo da deformao.
O intervalo levado em considerao foi 10% e 50% da a Aparelho resistografo
carga de ruptura ou da carga prevista, conforme o caso.

Ensaios no destrutivos

O ensaio do resistgrafo consiste na introduo de uma

agulha que perfura um microfuro, a uma velocidade
constante, medindo a resistncia que a madeira tem
rotao e progressiva penetrao da agulha.
medida que a agulha vai penetrando ao longo da pea
de madeira, o perfil registrado em papel e gravado b Seo transversal analisada
na memria interna do equipamento para posterior Fonte: Valle et al (2006)
analise pelo computador. Este registro efetuado pelo
resistgrafo, permite detectar zonas da madeira com Figura 5 Aparelho resistografo e vista de uma seo
variaes de densidade e de resistncia devido a transversal analisada
descontinuidades fsicas, podendo estas ser devido a
fendas ou outras anomalias e at mesmo degradao O ensaio foi realizado nos CPs prismticas. A penetrao
devido a agentes xilfagos, Valle et al (2006). da broca foi feita na direo do comprimento do CP, isto
Na Figura 5, pode ser observado um exemplo da , na direo paralela s fibras. O ensaio foi realizado
sada de dados do resistografo, sendo estes relativos nos 30 CPs (6 de cada as 5 espcies de madeira),
seco presente na mesma figura. A largura da pea obtendo-se o ndice de penetrao mdio de cada CP.
examinada de 11 cm, indicada na escala do eixo das 3. Resultados e discusso

48
Construindo, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, Jan/Jun. 2013
A Tabela 1 apresenta os valores mdios de umidade
das cinco espcies de madeiras. Todas foram secas e
estabilizadas umidade relativa do ar.

Tabela 1- Mdia do teor de umidade das cinco espcies

de madeira

Na tabela 2 apresentado para cada espcie de

madeira e cada CP: a densidade aparente, a resistncia
a compresso paralela, o mdulo de elasticidade e o
ndice de penetrao mdio do resistgrafo (IP).
Com estes resultados dos ensaios destrutivos e o ndice
Tabela 2- Resultados de ensaio destrutivo e no de penetrao mdio de cada CP, foram confeccionados
destrutivo os seguintes grficos: ndice de penetrao x densidade
aparente (figura 6), ndice de penetrao x resistncia a
compresso (figura 7) e ndice de penetrao x mdulo
de elasticidade (figura 8).
Na tabela 3 mostrado o ndice de penetrao
mdio das cinco espcies ensaiadas.

Tabela 3 ndice de penetrao mdia e caractersticas

fsicas e mecnicas mdias das espcies ensaiadas
Figura 6- Relao entre densidade aparente e o ndice
de penetrao.

49
Construindo, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, Jan/Jun. 2013
 penetrao do resistgrafo x o mdulo de elasticidade
paralelo s fibras. A correlao entre as duas variveis
mostra uma boa significncia com um R2 igual a 75,68
%. Tambm importante indicar que a faixa de validade
desta regresso relativamente ampla (16897 MPa. a
44133 MPa.).

No grfico da figura 6 pode-se observar que a correlao

entre o indice de penetrao e a densidade aparente
altamente significante tendo um coeficiente de regresso
R2 = 86,64%. Gouva et al. (2010) encontram valores de
R2 igual a 74% para madeira de clones de Eucalyptus.
A correlao encontrada com uma maior significancia
devido a grande variao da densidade da madeira,
de 426 kg/m3 a 1164 kg/m3. Isto indica que o aparelho
resistgrafo tem uma boa preciso quanto deseja-se Figura 8 - Relao entre o mdulo de elasticidade e o
estimar a densidade da madeira. ndice de penetrao.

Concluses

Com base nas condies experimentais em que este

trabalho foi realizado, podem-se inferir as seguintes
concluses:

- O resistografo um aparelho muito eficiente para

estimar a densidade aparente, resistncia a compresso
e o mdulo de elasticidade paralela s fibras da madeira.
- As equaes para determinar estas caractersticas so
dadas pelas equaes:
Figura 7 Relao entre a resistncia compresso
paralela s fibras e o ndice de penetrao. Dap = 327+8,6x(IP), (R2 = 86,64%), vlido
para Dap (426 kg/m3 a 1164 kg/m3).
Observando-se a Figura 7, nota-se que a correlao fco = 27+0,78x(IP), (R2 = 75,66%), vlido
entre o ndice de penetrao obtida pelo resistografo e a para fco (30.88 MPa a 108.92 MPa).
resistncia compresso paralela s fibras altamente Eco = 11889+313,82x(IP), (R2 = 75,68%), vlido
significante, com um coeficiente de correlao R2 igual a para Eco (16897 MPa a 44133 MPa).
75,66 %. importante ressaltar que a faixa de variao
das resistncias da madeira bastante ampla (30.88 5. Agradecimentos
MPa. a 108.92 MPa.).
Na Figura 8 apresentado um grfico entre o ndice de FAPEMIG e a CAPES pela ajuda financeira na forma

50
Construindo, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, Jan/Jun. 2013
de auxlio financeiro e bolsa. C. R.; VIEIRA, R. S. Sartrio. Uso do resistgrafo para
estimar a densidade bsica e a resistncia perfurao
da madeira de Eucalyptus. Scientia Forestalis,
Referncias Piracicaba, n. 75, p.85-93, ago. 2007.

ASSOCIAO BRASILEIRA DE ENSAIOS NO RINN, E, SCHWEINGRUBER, E.; SCHAR, E.

DESTRUTIVOS E INSPEO ABENDI. Disponvel Resisitogaph and X-ray density charts of wood:
em: <http://www.abende.org.br/analise_vibracoes.html> Comparative evaluation of drill resistance profiles
Acesso em: 15 out. 2011. and X-ray density charts of different wood species.
Holzforschung, vol. 4, p.303-311. 1996.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS.
NBR-7190:1997, Associao VALLE A., BRITES R.D. e LOURENO P.B. Uso da
Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT. Projeto de perfurao controlada na avaliao de degradao
Estruturas de Madeira. NBR-7190:1997. Rio de Janeiro: da madeira em edificaes antigas: caso de estudo.
ABNT, 107p. 1997 10 ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM
ESTRUTURAS DE MADEIRA , 10, 2006. Anais... So
CALDEIRA, B. R. P. P. Caracterizao das propriedades Paulo: S EBRAMEM, 2006. 1 CD-ROM.
fsico-mecnicas e determinao da percentagem de
cerne da madeira de Tectona grandis. Universidade
Tcnica de Lisboa. Instituto Superior de Agronomia.
Dissertao (Graduao). 84p., 2004.

DIAS, F. M.; LAHR, F. A. R. Estimativa de propriedades

de resistncia e rigidez da madeira atravs da densidade
aparente. Scientia forestalis. n. 65, p. 102-113, jun. 2004.

GOUVA; A. F. G.; TRUGILHO; P. F.; GOMIDE; J. L.;

SILVA; J. R. M.; ANDRADE; C. R.; ALVES; I. C. N.
Determinao da densidade bsica da madeiras de
Eucalyptus por diferentes mtodos no destrutivos.
Revista rvore, Viosa-MG, v. 35, n. 2, p.349-358, 16
dez. 2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E

DOS RECURSOS NATURAIS RENOVVEIS IBAMA.
Madeiras Tropicais Brasileiras. Braslia: IBAMA-LPF,
1997. 152p.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLGICAS

DO ESTADO DE SO PAULO IPT. Fichas de
Caractersticas das Madeiras Brasileiras. 2 ed. So
Paulo: IPT, 1989. 418p.

LIMA, J. T.; SARTRIO, R. C.; TRUGILHO, P. F.; CRUZ,

51
Construindo, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, Jan/Jun. 2013