Ambientes Glaciais - Assine & Vesely
Ambientes Glaciais - Assine & Vesely
Ambientes Glaciais - Assine & Vesely
Cap.I
Capítulo I
AMBIENTES GLACIAIS
ABSTRACT
Glacial environments include a variety of clast dropping from icebergs, working together
environments, each one characterized by a dis- to produce massive to crudely stratified diamic-
tinctive set of processes and sedimentary facies. tites. Resedimentation takes place when glacier
They embrace areas in direct contact with glacial derived sediment is reworked and gravitationally
ice (subglacial, englacial and supraglacial zones) transported downslope by mass flow processes
and related proglacial sites (glaciofluvial, gla- and turbidity currents, resulting in an association
ciolacustrine and glaciomarine environments). characterized by massive and stratified diamic-
Sediments transported at the base of glaciers tites interbedded with turbidite facies and marine
cause strong erosion on the substratum, origi- shales. Application of Sequence Stratigraphy is
nating glacial pavements and striated surfaces. still in its infancy and many unusual situations are
Deposition takes place in terminal, lateral and expected due to the effects of glacio-isostasy on
basal moraines mainly during glacier retreat, basin margins. Depositional sequence boundar-
and the main facies are represented by texturally ies are associated with erosion and disconformi-
immature sediments called till (tillites are lith- ties during glacial advances. Most of the glacial
ified tills). Meltwater flows form subglacial chan- sedimentation occurs during ice retreat and the
nels or eskers and outwash fans. In terrestrial set- stratigraphic facies succession of this phase has
ting, outwash fans can form braided glaciofluvial been called deglaciation sequences. Ancient gla-
systems and Gilbert-type deltas in distal lakes. cial erosional features and deposits are wide-
In ice-contact glacial lakes, sediment input come spread around the world and represent the record
from subaqueous outwash fans and ice rafting. of past glaciations, like those of the Precambrian
Varve (varvite if lithified) is the most typical gla- and Phanerozoic glaciations found in many areas
ciolacustrine deposit composed of rhythmically of the Brazil. Glacial facies are not much prolific
annual alternation of siltic and clayey layers, in terms of mineral deposits, but some mineraliza-
deposited respectively during the summer and the tions of diamond and gold has been attributed to
winter seasons. Glaciomarine environments are concentration by glacial processes. Glacial suc-
the most important sites of deposition and pres- cessions have no good potential for petroleum
ervation of glacier-derived sediments and their source-rocks, but many oil and gas fields produce
complex deposits are composed mainly meltwater from reservoir rocks of glaciated Gondwana basins
flows, rain-out and resedimentation facies, which in South America and Saudi Arabia.
are frequently interstratified with marine shales.
As in glacial lakes, meltwater bottom currents 1 Introdução
produce a facies association composed of diversi-
fied types of sandstone and conglomerate facies, Ambientes glaciais (latu sensu) são locais onde
deposited in subaqueous outwash fans. In marine o gelo e as águas derivadas de degelo são os princi-
setting adjacent to glacier margins, rain-out is pais agentes de transporte e deposição de sedimentos
typically a combination of fine sediment set- (Figura 1). Englobam tanto os ambientes em contato
tling from dense hipopycnal plumes and ice-raft direto (glaciogênicos), quanto adjacentes e influen-
ciados por geleiras (proglaciais). Não englobam, em grandes áreas da América do Norte, Europa,
contudo, os chamados ambientes periglaciais, que, Ásia e Antártica.
embora caracterizados por climas frios e solos fre- No Brasil, evidências de glaciações pretéritas
qüentemente congelados (permafrost), não estão estão registradas em unidades estratigráficas de di-
necessariamente próximos de geleiras. versas idades, em diferentes partes do país. Fácies
Nos ambientes glaciogênicos (ou glaciais sedimentares glaciais foram reconhecidas em
stricto sensu), os sedimentos estão em contato com muitas unidades do Neoproterozóico (Karfunkel
a geleira e são depositados pelo gelo ou por águas & Hoppe, 1988; Alvarenga & Trompette, 1992)
de degelo. De acordo com a posição em relação à (Figura 2) e do Paleozóico (Rocha-Campos, 1967;
geleira, podem ser subdivididos em subglacial (na Gravenor & Rocha-Campos, 1983; Caputo &
base da geleira), supraglacial (sobre a geleira) e Crowell, 1985) (Figura 3).
englacial (dentro da geleira). A evolução geológica do planeta foi caracteri-
Os ambientes proglaciais abrangem tanto a zada por períodos de aquecimento e resfriamento
zona de contato com a margem da geleira (ice- globais, denominados, respectivamente, de estufa
contact zone) quanto seus arredores, desde que (greenhouse) e geladeira (icehouse). Nos períodos
haja ainda influência do gelo ou da água de dege- de resfriamento global, geleiras avançaram diver-
lo, como no ambiente flúvio-glacial. Nos ambien- sas vezes cobrindo extensas áreas continentais,
tes glácio-lacustres e glácio-marinhos, a geleira caracterizando fenômenos globais conhecidos
e icebergs que dela se desprendem atuam como como glaciações (Figura 4).
fonte de detritos para sítios deposicionais situados Como pode ser visto na figura 4, há relação
além dos domínios da geleira. direta entre as condições climáticas globais e as
Ambientes glaciais existem hoje nas regiões variações eustáticas do nível dos oceanos. Nos pe-
polares e nas porções mais altas de cadeias de ríodos geladeira, parte da água disponível na su-
montanhas, ocupando cerca de 10% da superfície perfície da Terra fica retida nos continentes sob a
emersa da Terra. Mas, como se depreende do forma de gelo ou neve, causando queda global do
registro estratigráfico, os ambientes glaciais nível do mar. Quando a temperatura no planeta se
tiveram expressão geográfica muito maior em eleva, as geleiras derretem e recuam, promovendo
diversas épocas do passado geológico (glaciações). aumento no volume de água e subida do nivel dos
Depósitos glaciais pleistocênicos são abundantes oceanos.
Figura 2: Principais registros de glaciações pré-cambrianas no Brasil: 1 e 2: Formação Puga e unidades correlatas; 3:
Formação Jequitaí; 4: Formação Bebedouro; 5: Formação Ibiá; 6: Grupo Macaúbas; 7: Formação Salobro; 8:
Formação Carandaí; 9: Cinturão Dobrado Sergipano; 10: Cinturão Dobrado Rio Preto; 11: Cinturão Piancó /
Alto-Brígida (modificado de Alvarenga & Trompette, 1992).
Figure 2: Main Precambrian glaciation records in Brazil - 1 and 2: Puga Formation and correlative units; 3: Jequitaí
Formation; 4: Bebedouro Formation; 5: Ibiá Formation; 6: Macaúbas Group; 7: Salobro Formation; 8: Carandaí
Formation: 9: Sergipano Fold Belt; 10: Rio Preto Fold Belt; 11: Piancó/Alto-Brígida Belt (modified from Alvarenga &
Trompette, 1992).
A B
C D
Figura 9: Pavimentos glaciais: E) evidência de escorregamento penecontemporâneo nas bordas de sulcos glaciais em are-
nitos da Formação Dwyka, Permocarbonífero da África do Sul, e F) marca erosiva em grampo sobre calcários (fluxo
da parte inferior para a superior da foto), Canadá (fotos a,b,d,e: Mário L. Assine; foto c: Fernando F. Vesely; foto f:
Shaw, 1994).
Figure 9: Glacial pavements: ; E) Soft-sediment striae and grooves in sandstones of the Dwyka Formation, South Africa; F)
hairpin erosional mark on limestones (flow from bottom to top of photo), Canada (photo a,b,d,e: Mário L. Assine; photo c:
Fernando F. Vesely; photo f: Shaw, 1994).
no caso das geleiras de vale. Quando englobadas pressão insignificante no registro estratigráfico,
pelo gelo, as partículas podem ser transportadas não serão abordados neste capítulo.
na zona sub-, supra- ou englacial. Dentre os ambientes glaciogênicos, o mais
Os detritos supraglaciais podem derivar tam- importante em termos de deposição de sedimen-
bém das zonas sotopostas, sendo carreados para tos é o subglacial (Figura 11). A deposição ocorre
cima através de planos de cisalhamento forma- tanto no avanço quanto no recuo do gelo, produ-
dos por esforços compressivos nas margens es- zindo depósitos de ampla distribuição em área.
tagnadas de geleiras (Flint, 1957; Eyles & Eyles, Sedimentos subglaciais tendem a ficar alojados
1992). Por estar em contato direto com o subs- em irregularidades do substrato, ficando pro-
trato, a zona subglacial é a que transporta maior tegidos da remobilização por outros processos,
quantidade de partículas. especialmente quando são recobertos por outros
Ao contrário do vento e da água, o gelo não depósitos.
é capaz de selecionar as partículas que transporta Depósitos formados por ação direta de gelei-
e por isso sedimentos glaciais possuem alta ima- ras configuram feições conhecidas generica-
turidade textural e mineralógica. A intensa abra- mente como morenas (moraines). As morenas
são das partículas transportadas, entre si e com o ocupam diferentes posições em relação à geleira
substrato, faz com que os clastos sejam facetados e podem ser classificadas em terminais, laterais e
e com as faces polidas e estriadas (Figura 10- A medianas. As morenas terminais formam-se pelo
e B). Clastos em forma de “ferro de passar” ou acúmulo de detritos nas margens estagnadas de
de “bala” (bullet-shaped clasts) formam-se com o geleiras à medida que há o degelo. Com o recuo
deslocamento do gelo, carregado de sedimentos, da geleira, formam-se cristas que registram o
sobre seixos e matacões alojados no substrato. limite máximo atingido pelas últimas fases de
A ação mecânica do gelo é um importante avanço glacial (Figura 12).
meio produtor de partículas tamanho silte, que re- As morenas laterais e medianas são formas
sultam da cominuição dos detritos transportados alongadas típicas de geleiras de vale. As laterais
pelo gelo. Como conseqüência, os depósitos gla- formam-se pelo acúmulo de detritos junto às
ciais possuem porcentagem alta de matriz síltica. paredes dos vales. As morenas medianas desen-
volvem-se ao longo da confluência entre duas ou
2.6 - Sedimentação glacial mais geleiras de vale, através de junção de suas
A sedimentação em ambientes glaciais pode morenas laterais.
ocorrer diretamente a partir da geleira ou à sua Morenas são constituídas por sedimentos
frente, onde os agentes de transporte e deposição clásticos (till), comumente grossos, que na maio-
são correntes de água de degelo e fluxos de gra- ria das vezes apresentam baixa seleção granulo-
vidade. métrica, aspecto maciço e abundância de clastos
Sedimentos supraglaciais e englaciais são facetados e/ou estriados (Figura 13). A produção
muito instáveis, pois com o derretimento e recuo das partículas que compõem o till envolve a com-
da geleira são sujeitos ao retrabalhamento por binação de dois processos, abrasão e fragmenta-
água e redeposição por outros processos. Como ção, o que tende a gerar bimodalidade textural
têm potencial de preservação muito baixo e ex- (Croot & Sims, 1996). Por isso, o aspecto mais
A B
Figura 10: A) Matacão facetado e estriado em depósitos Figura 10: B) Clastos facetados e estriados prove-
glaciais pleistocênicos da Formação Yakataga, Ilha nientes de rochas glaciais do Grupo Itararé,
Middleton, Alasca (Foto: Almério B. França); Permocarbonífero da Bacia do Paraná (foto:
Figure 10: A) Striated and faceted boulder in pleistocene Mário L. Assine).
glacial deposits of the Yakataga Formation, Middleton Figure 10:B. França); B) Faceted and striated clasts from
Island, Alaska (Photo: Almério B. França); Late Paleozoic glacigenic rocks of the Itararé Group,
Paraná Basin, Brazil (photo: Mário L. Assine).
A C
Figura 11: Margem retrátil da geleira Matanuska, Alasca: A) correntes de água de degelo (cabeceiras do Rio Matanuska)
e pequenos lagos proglaciais; B) zona basal do gelo, com coloração escura, rica em detritos transportados; C) cor-
rente de água de degelo fluindo da geleira e transportando areia e cascalho (fotos: Almério B. França).
Figure 11: Retreating margin of the Matanuska Glacier, Alaska: A) meltwater stream (headwaters of the Matanuska River) and
small proglacial lakes; B) dark-colored basal zone rich in debris C) sand and gravel rich-meltwater issuing from the
glacier (fotos: Almério B. França).
3 - Ambiente subglacial
No processo de avanço da geleira, detritos
transportados na sua parte basal alojam-se em ir-
regularidades do substrato, pouco se deslocando
apesar da geleira continuar em movimento. Os
depósitos resultantes são denominados tilitos de
alojamento (lodgement tillites), que constituem
A B
Figura 17: A) Sulcos e cristas lineares sobre tilitos pertencentes à base da Formação Pakhuis (Ordoviciano), África do
Sul; B) Detalhe da foto anterior, mostrando que os tilitos repousam sobre uma superfície planar estriada e são
recobertos por diamictitos estratificados (fotos: Mário L. Assine).
Figure 17: A) Grooves and flutes over tillites in the base of the Pakhuis Formation (Ordovician) South Africa; B) Detail from
the previous photo showing that the tillites overlain a planar and striated surface and are covered by stratified diamictites
(photo: Mário L. Assine).
Figura 21: Lagos em contato com geleiras em imagem de satélite (18 X 30 km), falsa-cor (vegetação em vermelho),
Patagônia (divisa Chile / Argentina). A crista semi-circular (seta nº 1) é uma morena terminal antiga, que teste-
munha fase pretérita de avanço da geleira. A imagem inferior é um detalhe da superior, podendo-se nela observar
uma morena mais jovem (seta nº2), fraturas (crevasses) de desagregação nas geleiras, e icebergs flutuando nos
lagos (imagem do satélite Terra, 02/05/2000, NASA/ASTER).
Figure 21: Ice-contact lakes as seen in satellite image (18 X 30 km), false-color (vegetation appears red), Patagonia (border
between Chile / Argentina). The semi-circular ridge (arrow number 1) is a previous end moraine, testifying that the
glacier was larger in the past. The lower image is a detail of the upper, showing a younger moraine (arrow number 2),
glacier calving crevasses, and icebergs floating in lake waters (Terra satellite image, 05/02/2000, NASA/ASTER).
6 - Ambiente glácio-marinho
Ambientes glácio-marinhos são os mais
importantes sítios de sedimentação glacial, cons-
tituindo a maior parte do registro glacial em
sucessões estratigráficas antigas, o que é enfa-
tizado em diversas publicações (Molnia, 1983;
Eyles et al., 1985; Boulton, 1990; Anderson &
Ashley, 1991; Eyles & Eyles 1992).
Nos ambientes glácio-marinhos há interação
entre processos glaciais e marinhos. A geleira
atua principalmente como fonte de sedimentos e
a deposição ocorre por processos atuantes no in-
terior do corpo d’água, que variam de acordo com
a distância em relação à margem da geleira. Figura 23: Icebergs à deriva em frente à plataforma de
Uma geleira pode avançar mar adentro atra- gelo Larsen, Antártica. A figura tem aproximada-
vés de vales glaciais submersos, conhecidos como mente 90 X 120 km. (imagem do satélite Landsat
7, NASA, 21/02/2000).
fiordes, que são muito comuns nas atuais costas
Figure 23: Drifting icebergs that have split from the Larsen
da Escandinávia e da Groenlândia. Línguas de ice shelf, Antarctica. The figure is roughly 90 X 120
gelo flutuante se formam à medida que aumenta km. (Landsat 7 satellite image, NASA, 02/21/2000).
Figura 24: Ambientes de sedimentação glácio-marinhos (modificado de Hart & Roberts, 1994).
Figure 24: Glaciomarine depositional environments (modified from Hart & Roberts, 1994).
mentos diagnósticos
da presença de gelei-
ras, tais como clastos
estriados, pavimen-
tos glaciais e seixos
caídos (dropstones).
Diamictitos
maciços são fácies
onde mais de 90% da
massa possui aspec-
to maciço, podendo
ocorrer em ambiente
subglacial como ti-
litos de alojamento
e de ablação. Tilitos
de alojamento (lodg-
ment tillites; Figura
26-A) ocorrem como corpos pouco espessos, que com incipiente estratificação dada pelas superfí-
ficam alojados em irregularidades do substrato cies de contato dos vários corpos de diamictitos
quando do avanço da geleira. Suas característi- maciços (Figura 29).
cas mais típicas são a alta compactação e a exis- Quadro 1
tência de planos de foliação indicativos da ação Propriedades Diamictitos Diamictitos subaquosos
cisalhante do gelo (Figura 27). Tilitos de ablação subglaciais
(ablation or melt-out tillites; Figura 26-B) são Espessura Corpos individuais Corpos com espes-
formados com o degelo, principalmente no recuo com espessura no sura muito variável
da geleira, e por isso os planos de cisalhamento geral inferior a
são raros ou inexistentes. 10m
Diamictitos maciços podem também ser ori- Estrutura inter- Maciços, mas Maciços, mas
ginados em ambientes glaciais subaquosos (Eyles na podem apresentar podem apresentar
et al., 1985). Em ambientes glácio-marinhos e planos de cisalha- sutil estratificação
glácio-lacustres, o processo de chuva de detri- mento e foliações
tos (rain-out), a partir da pluma de sedimentos Continuidade Baixa Variável
emanados da geleira (Figura 24), é responsável
Deformações Deformações pene- Dobras de natureza
pela deposição de espessos pacotes de diamictitos penecontempo- contemporâneas gravitacional
maciços ou com sutil laminação (Figura 28). Por associadas a
râneas deslizamentos
ser um processo que envolve movimento verti- Contatos Bruscos Bruscos ou transi-
cal dos clastos maiores e penetração destes em cionais
meio à lama do fundo, a trama granulométrica Fósseis Ausentes Macro e microfósseis
dos diamictitos produzidos por chuva de detritos
Fácies associa- Fácies de eskers Diversas: turbiditos,
apresenta porcentagem mais alta de clastos com das e de leques de folhelhos, ritmitos
ângulo de inclinação maior que 45º em relação à outwash com clastos caídos
horizontal do que diamictitos formados por ou- etc
tros processos (Domack & Lawson, 1985). Orientação dos Eixo maior: pode Geralmente sem
Fluxos de detritos coesivos ou fluxos de clastos se orientar parale- orientação prefe-
lamente ao fluxo rencial
lama (Lowe, 1982), onde as partículas maiores glacial
são mantidas em suspensão pela coesão de uma
matriz lamítica, também podem originar dia-
mictitos maciços, tanto em ambiente subaéreo A distinção entre diamictitos maciços glacio-
quanto subaquoso. Como resultado da ocorrência gênicos (tilitos) e diamictitos maciços subaquo-
de diversos fluxos, são gerados espessos pacotes sos (glácio-marinhos/glácio-lacustres) é muito
Figura 31: Fácies de escorregamento: diamictito estratificado contendo corpos deformados de arenitos, Grupo Itararé
(Permocarbonífero, Bacia do Paraná) (foto: Mário L. Assine).
Figure 31: Slump facies: stratified diamictite containing deformed sandstone bodies, Itararé Group (Permocarboniferous,
Paraná Basin, Brazil) (photo: Mário L. Assine).
Finos laminados caídos Arenito com estratificação hummcky Arenito com ondulação de corrente
Figura 35: Empilhamento estratigráfico das formações Alto Garças (pré-glacial), Iapó (glacial) e Vila Maria (pós-gla-
cial), exemplificando típica sucessão de fácies produzida durante um ciclo glacial (Limite Ordoviciano/Siluriano,
Bacia do Paraná) (Assine et al., 1998).
Figure 35: Stratigraphic stacking of the Alto Garças Formation (preglacial), Iapó Formation (glacial), and the Vila Maria
Formation (postglacial), a good example of a typical facies succession deposited in a glacial cycle (Ordovician/Silurian
boundary, Paraná Basin, Brazil) (Assine et al., 1998).
granodecrescência ascendente são, por analogia, mar (lago) baixo. Sucessões com granodecrescên-
equivalentes a tratos de sistemas trangressivos, cia ascendente são, por analogia, equivalentes a
pois fácies proximais vão sendo recobertas por tratos de sistemas trangressivos, pois fácies proxi-
fácies distais à medida que a geleira recua para mais vão sendo recobertas por fácies distais à me-
as margens. Quando a geleira deixa o mar (lago) dida que a geleira recua para as margens. Quando
e se forma uma planície costeira, passa a ocorrer a geleira deixa o mar (lago) e se forma uma planí-
progradação de leques ou deltas proglaciais e re- cie costeira, passa a ocorrer progradação de leques
trabalhamento por ondas na plataforma em emer- ou deltas proglaciais e retrabalhamento por ondas
gência, caracterizando trato de sistemas de mar na plataforma em emergência, caracterizando tra-
(lago) alto. to de sistemas de mar (lago) alto.
Martini & Brookfield (1995) e Brookfield &
Martini (1999) propuseram uma adaptação dos 9 - Recursos minerais e energéticos em
conceitos clássicos da Estratigrafia de Seqüências sucessões glaciais
como ferramenta para a análise de fácies glá-
cio-lacustres pleistocênicas do sul do Canadá. No Brasil e em diversas outras partes do mun-
Adaptação semelhante foi aplicada aos depósitos do são conhecidas ocorrências minerais e de recur-
glácio-marinhos da seqüência ordovício-siluriana sos energéticos geneticamente ligados a unidades
da Bacia do Paraná por Assine (1996). Segundo as glaciais, tais como: hidrocarbonetos, carvão, água
concepções dos referidos autores, os estágios gla- subterrânea, argila industrial, diamante e ouro alu-
ciais máximos (máximo avanço da geleira), quan- vionares.
do há deposição de tilitos subglaciais e fácies as- Geleiras constituem importante meio de dis-
sociadas, são considerados tratos de sistemas de persão de diamantes, pois podem transportar par-