Coaching Integral Sistêmico

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COACHING INTEGRAL SISTÊMICO: UMA

FERRAMENTA PARA O DESENVOLVIMENTO


DE COMPETÊNCIAS EMOCIONAIS DE LÍDE-
RES ECLESIÁSTICOS

INTEGRAL SYSTEMIC COACHING: A DEVE-


LOPMENT TOOL OF ECCLESIASTICAL LEA-
DERSHIP’S EMOTIONAL COMPETENCES

Celimar Morais1

RESUMO: Este artigo apresenta as potencialidades e


limitações da metodologia do Coaching Integral Sistê-
mico no contexto eclesiástico aplicado em um grupo
com cinco líderes de uma igreja batista e, ainda, seus
reflexos no desenvolvimento de Competências Emocio-
nais nesses líderes. Através de um ciclo (quatro sessões
semanais) de coaching em grupo, foram aplicadas ferra-
mentas, teorias, exercícios e auto avaliações do Coaching

1
Pedagoga (UNEB), Coach (Febracis), Educadora Cristã (STBNE), Profes-
sora e Tradutora-Intérprete de Libras/Português (AESOS). Membro do
Grupo de Pesquisa LESTEAM (Laboratório de Educação STEAM Maker)
vinculado ao IFBA Campus Seabra, coordena desde 2020 uma pesquisa
colaborativa para a criação do aplicativo para o Sinalário de Libras da
Chapada Diamantina. Estudante da Especialização em Neurociências
Aplicadas à Educação e Aprendizagem (Universidade Presbiteriana Ma-
ckenzie) e de Língua de Sinais Americana (ASL). Atualmente é coordena-
dora do Ensino de Libras no Município de Seabra-BA, além de empreen-
der socialmente através da Libras Convivência. Membro da Igreja Batista
Metropolitana (IBAM) Salvador, reside em Seabra, Capital da Chapada
Diamantina. (71) 99303-7531 celimarmorais@librasconvivencia.com

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Integral Sistêmico. A metodologia do Coaching Integral
Sistêmico, no formato em que foi aplicada (Life Coaching
para Equipe), mostrou-se compatível ao contexto ecle-
siástico. O escopo da pesquisa atingiu seu objetivo de
sensibilizar o grupo focal. Verificou-se que o Coaching
Integral Sistêmico proporcionou mudanças rápidas, in-
clusive nas crenças (cosmovisão) dos participantes da
pesquisa. Sendo a cosmovisão bíblica o alvo da Educa-
ção Cristã, o Coaching Integral Sistêmico potencializa
esse resultado. O desenvolvimento integral proposto
pela Educação Cristã inclui a Inteligência Emocional,
responsável por grande parte dos resultados humanos.
Os ministros devem zelar por si mesmos e pelos que es-
tão sob seus cuidados e investir no maior recurso das
organizações: as pessoas. Pois investir na saúde emocio-
nal, principalmente a partir da liderança eclesiástica de-
vido ao alcance de sua posição estratégica, proporciona
transformações pessoais e sociais profundas e possibilita
a maturidade espiritual.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Cristã. Competên-


cia Comportamental. Inteligência Emocional. Coa-
ching Integral Sistêmico.

ABSTRACT: This article presents the potentialities


and limitations of the methodology of Integral Sys-
temic Coaching in the ecclesiastical context applied in
a group of five leaders of a Baptist church and also its re-
flexes in the development of Emotional Competences
in these leaders. Through a cycle (four weekly sessions)
of group coaching, we applied tools, theories, exer-
cises and self-assessments of Systemic Integral Coach-
ing. The methodology of Integral Systemic Coaching,
in the format which it was applied (Team Life Coach-

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ing), proved to be compatible with the ecclesiastical
context. The scope of the research reached its goal of
sensitizing the focus group. It was verified that Sys-
temic Integral Coaching provided rapid changes, even
in the beliefs (worldview) of the research participants.
Since the biblical worldview is the target of Christian
Education, Systemic Integral Coaching enhances this
result. The integral development proposed by Chris-
tian Education includes Emotional Intelligence, which
is great responsible for human results. Ministers must
care for themselves and those in their carefulness, and
invest in the greatest resource of organizations: people.
Investing in emotional health, especially from ecclesi-
astical leadership because of the reach of its strategic
position, provides deep personal and social transfor-
mations and enables spiritual maturity.

KEYWORDS: Christian Education; Behavioral


Competence; Emotional Intelligence; Integral Sys-
temic Coaching.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

E m apresentação da obra Competências Emocionais: o di-


ferencial competitivo no trabalho, de Mônica Simionato,
José Emídio Teixeira afirma: “Considerando que são pessoas
e não máquinas que determinam a quantidade e a qualidade
dos resultados, o sucesso das empresas está diretamente ligado
à competência de seus líderes nas relações pessoais” (SIMIO-
NATO, 2006, p. ix).
Não é diferente nas organizações eclesiásticas. A lide-
rança é peça chave em qualquer organização, por sua abran-
gência, posição estratégica e alcance, especialmente em igrejas

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cujas atividades de seus departamentos, ministérios e/ou gru-
pos e seus processos e projetos são desenvolvidos, em grande
parte, por voluntários. Em geral, e comprovando o Princípio
de Pareto2, 20% de nossas ações geram 80% de nossos resulta-
dos, confirmando o pastor Chris Sonksen, da Igreja de South
Hillls, autor do livro Quit Church. Ele constatou que na maio-
ria das igrejas nos Estados Unidos, 80% do trabalho é feito
com apenas 20% ou menos da congregação, e isso tem trazido
desgaste à equipe pastoral. Não é arriscado afirmar que esse
cenário é semelhante nas igrejas brasileiras.
A capacitação e o discipulado dos líderes eclesiásticos
devem ser tarefas prioritárias e permanentes da equipe pasto-
ral e da educação cristã da igreja e, porque não dizer, da deno-
minação. Diversos treinamentos, ferramentas e metodologias
têm surgido e vêm sendo aplicados por várias igrejas visando
aperfeiçoar os ministérios desenvolvidos e cumprir a missão
dada por Cristo.
Porém, quase a totalidade desses programas e treina-
mentos contempla apenas aspectos cognitivos, intelectuais,
sendo que as emoções é que são responsáveis por grande parte
dos resultados humanos – exemplo crucial são as pesquisas
da neurociência que comprovam que o poder de decisão está
diretamente ligado às emoções (GOLEMAN, 2011).
Uma metodologia que tem adquirido visibilidade nos
últimos anos é o Coaching: processo de busca de excelência e
alto desempenho pessoal e profissional que trabalha baseado
em metas e resultados. Dentre as aplicações de Coaching espa-
lhadas pelo Brasil e no mundo, o Coaching Integral Sistêmico é
uma abordagem que integra razão e emoção em todas as áreas

2
Também conhecido como Regra 80/20, o Princípio de Pareto foi sugerido
e nomeado pelo consultor de negócios Joseph Moses Juran em homena-
gem ao economista italiano Vilfredo Pareto que mostrou que 80% das
terras na Itália pertenciam a 20% da população.

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da vida humana e destaca-se pelo seu knowhow de mais de 20
anos de aplicação de sucesso pela abrangência de seus resulta-
dos, e por ser balizada por princípios judaico-cristãos.
Este artigo avaliou a aplicabilidade do Coaching Integral
Sistêmico como ferramenta de Educação Cristã para capaci-
tação da liderança, verificando as possibilidades e limitações
desta metodologia no contexto eclesiástico e os resultados ob-
tidos na Competência Emocional dos líderes.
Neste trabalho, o conceito de Educação Cristã é fun-
damentado por CARVALHO (2015), SANTOS (2008) e pela
Proposta de Projeto Pedagógico da Convenção Batista Brasi-
leira; os conceitos de Competências Emocionais & Inteligência
Emocional são baseados em RABAGLIO (2008), SIMIONATO
(2006) e GOLEMAN (2011); e os conceitos de Coaching & Co-
aching Integral Sistêmico por DINSMORE & SOARES (2007)
e VIEIRA (2018). A justificativa do problema que originou a
pesquisa é embasada por LEME (2005), PAZMIÑO (2008),
HERSEY & BLANSCHARD (1986) e SCAZZERO (2014).
A pesquisa consistiu em realizar um ciclo (quatro ses-
sões) de Life Coaching Integral Sistêmico em grupo com cinco
líderes da Segunda Igreja Batista em Camaçari-BA, durante
quatro semanas, utilizando ferramentas, exercícios, teorias e
práticas do Coaching Integral Sistêmico visando fortalecer a
autoimagem positiva e possibilitar o desenvolvimento da Inte-
ligência Emocional dos participantes.

1 CONCEITOS

Os conceitos fundamentais deste trabalho – Educação


Cristã, Competências Comportamentais, Inteligência Emo-
cional, Coaching e Coaching Integral Sistêmico – serão, neste
primeiro momento, abordados separadamente para, depois
do devido aprofundamento, serem relacionados e discutidos
e, por fim, verificados nos resultados da pesquisa.

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1.1 Educação Cristã

Educação Cristã não deve ser confundida com Educa-


ção Religiosa, uma vez que esta se refere à perpetuação de uma
religião, seja ela qual for, enquanto a primeira, segundo César
Moisés Carvalho (2015), nasceu com o cristianismo e suas raí-
zes é a educação religiosa judaica que, por sua vez, tem origem
na Criação: “o estágio embrionário de todo programa de edu-
cação apresentado na Bíblia, inclusive o da Educação Cristã, se
deu no Éden, tendo como educandos os nossos progenitores
– Adão e Eva – e, como Educador, o Senhor Deus” (CARVA-
LHO, 2015, p. 49).
O autor defende que “Jesus educou cristãmente seus dis-
cípulos e instituiu os fundamentos da Educação Cristã e, além
disso, deixou-nos um legado para que prosseguissem com o
trabalho evangelístico-educacional” (CARVALHO, 2015, p.
58). Essa educação deve, à semelhança do Mestre, nos tornar
plenamente humanos: sociáveis, relacionais e racionais (for-
mação integral).

Para que o ensino da Palavra de Deus não perca sua im-


portância, é preciso haver uma conscientização geral
acerca da necessidade e da imprescindibilidade da Edu-
cação Cristã entre nós. Ela precisa ser planejada, organi-
zada e tratada como o devido respeito que as Escrituras
e a Igreja do primeiro século tinham por essa atividade.
Tendo uma cosmovisão genuinamente cristã, empreen-
deremos as mudanças que são necessárias e a cada dia
seremos aperfeiçoados em todos os aspectos de nossa
vida cristã. (CARVALHO, 2015, p. 72).

Na definição de Valdeci da Silva Santos, a Educação


Cristã é “o processo de abordar todas as áreas do conhecimen-
to a partir de uma cosmovisão cristã da realidade” (SANTOS,
2008, p. 161), ou seja, a perspectiva cristã de educação objetiva

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a transmissão de conhecimento (informação) e a mudança na
vida do aluno (transformação) através de um esforço sistemá-
tico para que o aluno proceda como um autêntico discípulo
de Cristo.
O autor apresenta a estrutura filosófica da perspectiva
cristã de educação, que será mais ou menos bíblica devido à
sua cosmovisão. As sete premissas apontadas pelo autor são:
a centralidade em Deus, o compromisso com a verdade ab-
soluta, a cosmologia criacionista, a antropologia holística, a
prescrição divina sobre o ensino e o aprendizado, a ética nor-
mativa e a sua perspectiva redentiva (SANTOS, 2008).
Santos (2008) mostra, também, algumas implicações
práticas da Educação Cristã: dever de contribuir com o cam-
po acadêmico, com discernimento e manutenção da própria
identidade; não existência de exclusão, mas complementari-
dade quanto ao cumprimento da Grande Comissão (procla-
mação) com o mandato cultural (desenvolvimento cultural,
artístico, educacional e político); propor o currículo cristão,
fiel à cosmovisão bíblica, contextualizado à cultura do aluno;
se ocupar tanto da instrução quanto do treinamento; redenção
como seu mais nobre objetivo; formação do Educador Cristão
que deve contemplar o conhecimento da cosmovisão bíblica,
domínio da matéria ensinada atrelada à capacidade de analisá
-la a partir dos postulados cristãos e cuidado com seu caráter
e procedimento.
A Proposta de Projeto Pedagógico da Convenção Batista
Brasileira afirma que a missão da igreja é tríplice: dirigida a
Deus, ao mundo e a si mesma e é nesta última que o ensino
se localiza tendo “como função preparar o cristão para viver
para a glória de Deus e cumprir o seu papel como cristão
na igreja e no mundo”3. E, uma vez que a Educação Cristã

3
Convenção Batista Brasileira CBB. Proposta de Projeto Pedagógico da
Convenção Batista Brasileira. 90p. Disponível em: <file:///C:/Users/ce-

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faz parte da missão holística da igreja e deve ser executada
de forma também integral (atendendo às necessidades das di-
versas áreas da vida de seus membros e congregados), precisa
ser contextualizada em seu projeto funcional, conforme as de-
mandas específicas da igreja local e seu planejamento global.

1.2 Competências Comportamentais


& Inteligência Emocional

Na conferência TEDx4FAAP, São Paulo, em junho de


2018, Michelle Schneider, Gerente de Vendas e Soluções em
Marketing da LinkedIn5, palestrando sob o tema O Profissio-
nal do Futuro, mostra que, apesar das incertezas no que dizem
respeito às novas profissões devido ao avanço das tecnologias
e ao novo formato das relações de trabalho, o que vai garantir a
empregabilidade no futuro será, acima de todo conhecimento
técnico, as Competências Comportamentais dos indivíduos.
Competências são características mensuráveis que
diferenciam o nível de desempenho de uma pessoa. “Na
linguagem organizacional, competência é um conjunto de
Conhecimentos, Habilidades e Atitudes específicas para
cada cargo” (RABAGLIO, 2008, p.2, grifo nosso), que, de
acordo com Maria Odete Rabaglio (2008), seguindo uma

lim/Downloads/2977891318092017183437>.pdf. Acesso em: 01/11/2022.


4
TEDx é um programa de eventos locais e organizados de forma indepen-
dente, que reúne pessoas para dividir uma experiência estilo TED (acrô-
nimo de Technology, Entertainment, Design; em português: Tecnologia,
Entretenimento, Planejamento) – série de conferências realizadas na Eu-
ropa, Ásia e nas Américas pela fundação Sapling, EUA, sem fins lucrati-
vos, destinadas a compartilhar – ideias que merecem ser disseminadas
–, slogan do evento. Suas apresentações são limitadas a 18 minutos e os
vídeos são amplamente divulgados na internet.
5
O LinkedIn é uma rede social de negócios, atualmente, a maior rede social
profissional do mundo.

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metodologia criteriosa, proporciona benefícios para a or-
ganização e para os indivíduos envolvidos.
Rogério Leme (2005) faz um desdobramento da sigla
CHA, explicando que o “saber” e o “saber fazer” são as Com-
petências Técnicas, enquanto o “querer fazer” é a Competência
Comportamental.
Atualmente as competências técnicas e aptidões com-
portamentais assumiram o mesmo patamar de importância
dentro das organizações, inclusive, pesquisas em pessoas que
sofrem acidentes nos quais comprometem áreas do cérebro
responsáveis pelas emoções perdem a capacidade de tomar
decisões, por não entenderem como se sente em relação às
mesmas (SIMIONATO, 2006).
As Competências Comportamentais estão diretamen-
te relacionadas à Inteligência Emocional, ou EQ (Emocional
Quotient), que de acordo com Mônica Simionato, “refere-se à
capacidade de reconhecimento dos nossos sentimentos e dos
de outros indivíduos, da nossa automotivação, da gerência po-
sitiva de nossas emoções, tanto interna quanto externamente,
e das relações sociais” (SIMIONATO, 2006, p. 8).
Exemplos de Competências Comportamentais: auto-
confiança, comportamento ético, comunicação, cooperação,
criatividade, empreendedorismo, estabelecimento de metas,
flexibilidade, foco em resultados, foco no cliente, fornecer e
receber feedback, humildade, iniciativa, liderança, motivação,
negociação/persuasão, organização, planejamento, relaciona-
mento interpessoal, saber ouvir, solução de conflito, solução
de problemas, tomada de decisão, trabalho em equipe, visão
sistêmica (LEME, 2005).
Em seu treinamento de Inteligência Emocional, o Méto-
do CIS, Paulo Vieira define Inteligência Emocional como a ca-
pacidade individual de se relacionar consigo mesmo e extrair
o melhor de si para seu próprio benefício e de se relacionar
com os outros e extrair o melhor dessa relação para benefício

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de todos envolvidos, ou seja, habilidades pessoais e sociais. Em
seu livro Aplicação Prática de Gestão de Pessoas: mapeamento,
treinamento, seleção, avaliação e mensuração dos resultados de
treinamento, Rogério Leme (2005) mostra como mensurar as
Competências Emocionais.
Atualmente, as Competências Emocionais são um di-
ferencial competitivo no mercado de trabalho. A falta dessas
competências reflete, inclusive, na motivação de demissão:
as maiores taxas estão mais relacionadas à gaps (lacunas) em
Competências Emocionais que a limitações nas Competências
Técnicas. Como afirmou Daniel Goleman, considerado o “Pai
da Inteligência Emocional”, “as habilidades de QE6 — e não
o QI7 ou aptidões técnicas — emergem como a competência
‘discriminatória’ que prevê da melhor forma quem dentre um
grupo de pessoas muito inteligentes será o líder mais hábil”
(GOLEMAN, 2011, p. 17).

Os problemas com que nos defrontamos não podem ser


solucionados unicamente através da ciência e da técni-
ca. Requerem também habilidades humanas. Muitos dos
nossos problemas mais críticos não estão no mundo das
coisas, mas no mundo das pessoas. Nossa maior defici-
ência como seres humanos tem sido nossa incapacidade
de conseguir a cooperação e a compreensão do próximo
(HERSEY & BLANCHARD, 1986, p.1).

Para Daniel Goleman, “[...] todos nós mesclamos QI e


Inteligência Emocional em graus variados. [...] Ainda assim,
das duas, é a Inteligência Emocional que contribui com um
número muito maior das qualidades que nos tornam mais
plenamente humanos” (GOLEMAN, 2011, p. 76). E Sigmund

6
Abreviatura de Quociente Emocional.
7
Abreviatura de Quociente Intelectual.

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Freud acreditava que a maior parte da motivação, ou razão do
comportamento humano, assim como um iceberg, encontra-se
oculto, subconsciente e apenas através do difícil processo de
autoconhecimento, poder-se-á explorar melhor as verdadeiras
intenções humanas.

2.3 Coaching & Coaching Integral Sistêmico

Coaching é um processo de alcance de excelência (e eli-


minação de impedimentos), baseado em metas e resultados.
“O processo de coaching está diretamente relacionado com
mudanças” (DINSMORE & SOARES, 2007, p. 57). Um dos
fundamentos deste processo se encontra na maiêutica de Só-
crates, em que se extrai o autoconhecimento através de per-
guntas crescentes em complexidade. Ainda na filosofia, O
Mito da Caverna de Platão traz uma metáfora do que o coa-
ching proporciona ao indivíduo: aponta um novo mundo, uma
nova forma de sentir, pensar e agir.
O termo surgiu na Idade Média, do húngaro kocsi (car-
ruagem), em que os cocheiros (condutores) promoviam a
transição (mudança espacial) de seus passageiros – semelhan-
te à relação entre coach (profissional que se utiliza das técnicas
de coaching) e coachee (cliente). Em 1840, na Universidade
de Oxford, Inglaterra, o termo coach passou a designar o tu-
tor particular que ajudava um estudante a se preparar para os
exames e, em 1880, foi usado pela primeira vez no sentido es-
portivo.
Nos séculos XIX e XX houve muitos avanços na filoso-
fia ocidental – filosofia analítica, existencial, humanista, feno-
menológica, teológica, integral e ontológica –, além de outras
disciplinas como a psicologia humanista, o construtivismo e
a logoterapia, que contribuíram para a evolução do coaching.
Como disciplina independente, o coaching cresceu e tem
se firmado a partir do século XX, com o desenvolvimento de

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técnicas e conceitos como Modelagem, PNL (Programação
Neurolinguística), Neurociência e Inteligência Emocional e
com o surgimento do Coaching Business (coaching para os ne-
gócios) com Timothy Galway e John Whitmore, o Coaching
Life (coaching aplicado à vida pessoal) com Anthony Robbins
e o Coaching Integral Sistêmico, com Paulo Vieira.
No Coaching Tradicional, a relação coach-coachee é per-
meada de confiança e ética, em que

[...] o coach se refere ao profissional que se utiliza de téc-


nicas e de seu conhecimento pessoal para ajudar o cliente
a atingir suas metas e a obter aquilo a que se propõe. O
cliente, também conhecido como coachee, corresponde
ao jogador. O coach atua como facilitador, é leal a seu
cliente, e, acima de tudo, acredita em sua capacidade de
realização e conquista. A palavra coaching aqui significa
o ato de realizar as sessões de facilitação junto ao cliente
(DINSMORE & SOARES, 2007, p. XVII).

O Coaching Integral Sistêmico (CIS) é a ampliação e


aperfeiçoamento do coaching tradicional, pois avança na es-
trutura integral (razão e emoção) e sistêmica (trabalha todas
as áreas da vida simultaneamente) e é embasado em ramos da
ciência como:

Psicologia Positiva: psique humana voltada a alta per-


formance; Sociologia: relações sociais; Antropologia:
manifestações e comportamentos humanos; Teoria dos
Sistemas: tudo está ligado e interdependente; Filosofia:
compreensão crítica e racional dos princípios humanos;
[...] Pedagogia: estrutura do ensino e do aprendizado;
Administração: compreensão dos princípios de lide-
rança organizacional; Ética: compreensão de valores na
construção do caráter (VIEIRA, 2018, p. 17).

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A concepção do ser humano como um todo, abordado
pelo Dr. Paulo Vieira com o conceito de vida sistêmica, aponta
onze pilares fundamentais e interdependentes – espiritualida-
de (relação com Deus), parentes (relação com pais e irmãos),
conjugal (relação com cônjuge), filhos (relação com filhos),
social (amizades e hobbies), saúde (forma física, exames clí-
nicos e hábitos), servir (contribuição voluntária), intelectual
(crescimento, conhecimento), profissional (relação com o tra-
balho e seus impactos), financeiro (relação com o dinheiro) e
emocional (relação consigo) –, afirmando que um pilar mal
desenvolvido prejudica outros, causando desequilíbrio e im-
possibilitando uma vida plena.
Há diferentes tipos de coaching aplicados através do
Coaching Integral Sistêmico, os já citados Coaching Business
(para os negócios) e o Coaching Life (aplicado à vida pesso-
al), como também o Executive Coaching (para a alta gerên-
cia em sua tomada de decisões estratégicas), Coaching para
Líderes (para trabalhar o modelo de liderança e melhorar a
qualidade de vida desses profissionais), Coaching Emocional
(processo centrado nos aspectos emocionais), Coaching Fi-
nanceiro (aplicado às finanças pessoais), Coaching de Carrei-
ra (com foco nos objetivos profissionais), Coaching de Saúde
(profissional de saúde que potencializa os resultados na vida
como um todo), Coaching Esportivo (para ajudar atletas a
alcançarem alto desempenho no esporte e sucesso em suas
carreiras) e o Coaching para Equipes (sessões em grupo para
objetivos comuns).

3 O PROBLEMA

A tarefa de desenvolver integralmente pessoas em dife-


rentes níveis de maturidade e proporcionar a devida cosmovi-
são cristã em uma igreja vai além do preparo ministerial. Seria
o Coaching Integral Sistêmico uma ferramenta ao alcance

REVISTA ÊPISTÊME – Vol. 12 – 2023 | 203


da Educação Cristã capaz de desenvolver a Inteligência Emo-
cional dos líderes eclesiásticos e, assim, refletir positivamente
em toda igreja?

3.1 O Desafio do Desenvolvimento Integral da Igreja

Em seu livro Aplicação Prática da Gestão por Compe-


tências, Rogério Leme (2005), explica o surgimento de uma
empresa, que se assemelha, com as devidas ressalvas, ao da
Igreja: 1. Surge uma ideia ou serviço (redenção do homem
todo); 2. Cresce a organização (Cristo escolhe e prepara os
apóstolos); 3. Chegam novos colaboradores (novos conver-
tidos); 4. Como alinhar a conduta dos colaboradores com o
perfil desejado pelos idealizadores? (Como ensinar a obede-
cer a “todas as coisas” que o Mestre ordenou? Como garantir
esse discipulado?).
Grande parte da tarefa de planejar, acompanhar e avaliar
o projeto de educação da igreja é função do Educador Cristão.
Robert Pazmiño mostra que “o Educador Cristão é chamado a
combinar e integrar, de modo criativo, percepções de diversas
disciplinas no pensamento e na prática da educação” (PAZ-
MIÑO, 2008, p. 13), apontando diversos aspectos teóricos
como fundamentos bíblicos, teológicos, filosóficos, históricos,
sociológicos, psicológicos e curriculares que o Educador Cris-
tão, enquanto responsável por esta tarefa, deve desenvolver
para dirigir a sua prática, afinal

Sem levantar essas questões, os educadores cristãos são


capazes de perpetuar conceitos e práticas antiquados e
infiéis ao Evangelho; se sujeitar ao cativeiro cultural isen-
to de impacto significativo, não atender ao que diz o Es-
pírito Santo. Conquanto essa tarefa seja responsabilidade
particular dos profissionais chamados para a educação
cristã em diversos níveis, a totalidade do povo de Deus

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precisa reconhecer sua responsabilidade pela direção e
qualidade da educação cristã nas igrejas, nos lares, nas
escolas, comunidades e sociedades. A falta de compro-
misso para com questões fundamentais resulta em pos-
sibilidades limitadas às gerações atuais e futuras (PAZ-
MIÑO, 2008, p. 14).

Assim, conclui-se que o Educador Cristão é um gestor:


Gestor Educacional Eclesiástico, uma vez que atua como
administrador (responsável pelo Projeto Pedagógico Eclesi-
ástico, pela coordenação e consultoria das organizações da
igreja; participante do planejamento geral do programa da
igreja, gestor dos recursos financeiros e espaços físicos des-
tinados à educação), ministro (aconselhamento, visitação,
discipulado e apoio à execução e planejamento dos cultos e
demais ministérios da igreja) e educador (atendimento das
necessidades das pessoas, criação de um programa eficien-
te de ensino para a igreja, orientação e supervisão de todo
trabalho das organizações da igreja, provisão de material
didático e curricular, atualização acerca das tendências em
educação e captação, capacitação e treinamento de profes-
sores, líderes e líderes em potencial).
Como gestor educacional eclesiástico, cabe ao Educador
Cristão, dentre outras atribuições, treinar líderes e criar ações
educacionais que atendam as pessoas em suas necessidades,
como propõe o Projeto Pedagógico da Convenção Batista Bra-
sileira, elaborada com base na antropologia bíblica, em que o
ser humano é considerado um todo – cognição, afetividade,
psicomotricidade e ontologia – e as necessidades humanas de-
vem ser satisfeitas a partir da educação integral: capacitação
na Palavra de Deus, para a vida comunitária, para o trabalho
no Reino de Deus e para a vida pessoal equilibrada – valores/
objetivos cristãos para a Educação Cristã.

REVISTA ÊPISTÊME – Vol. 12 – 2023 | 205


Tabela 1 - Objetivos para a Educação Cristã consoante a dimensão
da vida humana quanto a seus âmbitos de abrangência (domínios)

OBJETIVO/ DIMENSÃO
DOMÍNIO
ENFOQUE DA VIDA

Vida pessoal consagrada SER, TER Ontológico

Novos valores éticos SABER, FAZER Cognitivo, Psicomotor

Autoimagem e relaciona- SENTIR, CON-


Afetivo
mentos equilibrados VIVER

Interdependência comu-
CONVIVER Afetivo
nitária

Ministério dedicado e
FAZER Psicomotor
aperfeiçoado

Fonte: Cf. Proposta de Projeto Pedagógico


da Convenção Batista Brasileira, p. 11.

Como Gestor Educacional Eclesiástico (administra-


dor, educador e ministro), entendendo a dinâmica atual do
mundo corporativo, o Educador Cristão sabe que as pessoas
são o recurso estratégico da organização (RUANO, 2007) e
reconhece que sua tarefa é capacitar e treinar essas pessoas,
levando-as a alcançar a maturidade (HYBELS, 2005). A pro-
posta de Rogério Leme para as organizações é implementar a
Gestão por Competências: “Saber os Conhecimentos, as Ha-
bilidades e as Atitudes ou Comportamentos que a empresa
precisa ter em seus colaboradores para que todos, de forma
orientada e organizada, possam alcançar os objetivos traça-
dos”. (LEME, 2005, 11, 12).
Leme afirma que é grande o desafio de identificar e men-
surar comportamentos, “[...] é um trabalho árduo, pois esta-
mos mexendo com princípios, crenças, hábitos, vícios e com a

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cultura da pessoa” (LEME, 2005, p. 19). No contexto da Edu-
cação Cristã, cuja base e objetivo é a cosmovisão bíblica dos
crentes, essas mudanças comportamentais, grandemente in-
fluenciadas pelo subconsciente e pelas emoções, podem levar
tempo e, a depender do conhecimento do discipulador, nem
ocorrer da forma devida.

3.2 Maturação dos Líderes Eclesiásticos

Em sua obra Psicologia para Administradores: a teo-


ria e as técnicas da liderança situacional, Hersey & Blans-
chard afirmam que “o crescimento e o desenvolvimento
das pessoas é a chave da eficácia duradoura de uma orga-
nização” (HERSEY & BLANSCHARD, 1986, p. 235) e que
organizações bem sucedidas se distinguem das mal suce-
didas, principalmente, em decorrência de uma liderança
dinâmica e eficaz.
O conceito de liderança de Hersey & Blanschard não é,
necessariamente, associado a hierarquias, mas, ao potencial de
liderança (e de ser liderado), ao “processo de influenciar as
atividades de indivíduos ou grupos para a consecução de um
objetivo numa dada situação. Em essência, a liderança envolve
a realização de objetivos com e através de pessoas” (HERSEY
& BLANSCHARD, 1986, p. 105). E esses “líderes situacionais”,
para serem eficazes, devem adaptar seus estilos de liderança e
de uso do poder conforme a maturidade (nível de motivação)
de quem se deseja influenciar.
Após diversas pesquisas teóricas e práticas no campo
das ciências humanas, os autores desenvolveram uma repre-
sentação gráfica do conceito de liderança situacional, em que o
estilo de liderança (E1, E2, E3, e E4) deve ser adotado conforme
o perfil dos liderados e sua evolução em maturidade (M1, M2,
M3, e M4), dosando o comportamento de tarefa (direção) e o
comportamento de relacionamento (apoio).

REVISTA ÊPISTÊME – Vol. 12 – 2023 | 207


Figura 1 - Representação gráfica do conceito de liderança situacional

Fonte: HERSEY & BLANCHARD, 1986, p. 189

Tabela 2 - Relação entre o nível de maturidade


e o estilo apropriado de liderança

NÍVEL
ESTILO APROPRIADO
DE MATURIDADE

M1 E1
Maturidade Baixa Determinar
Pessoas que não têm capacidade Comportamento de tarefa
nem disposição ou são inseguras alta e relacionamento baixo

M2
Maturidade entre baixa e moderada E2
Pessoas que não tem Persuadir
capacidade, mas têm Comportamento de tarefa
disposição ou confiança alto e relacionamento alto
em si

208 | REVISTA ÊPISTÊME – Vol. 12 – 2023


M3
E3
Maturidade entre moderada e alta
Compartilhar
Pessoas com capacidade,
Comportamento de relaciona-
mas sem disposição ou
mento alto e tarefa baixa
inseguras

M4
E4
Maturidade alta
Delegar
Pessoas capazes (compe-
Comportamento de relaciona-
tentes) e dispostas (segu-
mento baixo e tarefa baixa
ras)

Fonte: HERSEY & BLANCHARD, 1986, p. 192

O líder situacional, portanto, é eficaz porque sabe adap-


tar seu comportamento conforme a necessidade de seus li-
derados e ao ambiente. E do mesmo modo, como não existe
uma forma normativa de liderar, também não existe indivíduo
totalmente maduro ou imaturo. Entende-se maturidade, den-
tro do conceito de liderança situacional, “como a capacidade
e a disposição das pessoas de assumir a responsabilidade de
dirigir seu próprio comportamento” (HERSEY & BLANS-
CHARD, 1986, p. 187).
No contexto corporativo, há relação íntima entre a com-
petência funcional (técnica) e a competência pessoal (com-
portamental), agregando valor uma à outra através da troca de
expertises, e por meio de uma gestão por competências, cujo
caráter holístico, sistêmico, considera o indivíduo e sua psico-
logia na totalidade, contribui para que a pessoa certa ocupe
a função certa – o que, por sua vez, dentre outros benefícios,
reduz custos e aumenta o nível de satisfação do colaborador
(RUANO, 2007).
Semelhantemente, no contexto eclesiástico, Bill Hybels
afirma categoricamente que a igreja foi concebida para ser uma
organização fundamentalmente de voluntários e que os ministros

REVISTA ÊPISTÊME – Vol. 12 – 2023 | 209


que são remunerados devem capacitar os demais para exercerem
seus dons conforme suas paixões, além de zelar integralmente
por estes, porque só assim, a sociedade, a igreja, os voluntários e
os ministros, serão beneficiados com a maturidade de comporta-
mento refletida na eficácia das ações desenvolvidas, promoven-
do a edificação do Corpo de Cristo, o desenvolvimento pessoal e
organizacional e a expansão do Reino de Deus (HYBELS, 2005).
Conforme apresentada na figura 2:

Figura 2 - Representação icônica da relação de cuidado mútuo na


igreja e abrangência do resultado desta relação

Fonte: Elaborado pela Autora (2018)

Porém, “igrejas saudáveis precisam de líderes saudáveis


[...] isso deve incluir saúde emocional”, como escreveu Leigh-
ton Ford em prefácio ao livro Igreja Emocionalmente Saudável,
de Peter Scazzero8 & Warren Bird. Os autores confessam: “nós,

8
Peter Scazzero é autor de vários livros, fundador, pastor e presidente da
igreja New Life Fellowship, em Queens, Nova York e fundou, com a esposa,

210 | REVISTA ÊPISTÊME – Vol. 12 – 2023


pastores e líderes, com frequência damos conselhos inadequa-
dos às pessoas espiritualmente doentes que enchem nossas
igrejas. Nosso treinamento é inadequado para tratar das profun-
das necessidades das pessoas” (SCAZZERO & BIRD, 2014, p. 21).
Ainda afirmam categoricamente que “há pouca di-
ferença, em termos de maturidade emocional e relaciona-
mentos, entre o povo de Deus dentro da igreja e aquelas
pessoas lá fora que afirmam não ter um relacionamento
com Jesus Cristo” (SCAZZERO & BIRD, 2014, p. 22). E
confessam algumas atitudes negativas por não atentarem
para o aspecto emocional de suas próprias vidas: vício em
trabalhar para Deus, o que transformou a paixão em peso;
desgaste familiar (matrimonial e parental), que quase levou
ao divórcio; ativismo frenético que impedia de discipular e
trazia sentimento de culpa, quando de férias, por exemplo;
debilidade imunológica que quase ceifou a vida; falta de ha-
bilidades gerenciais que provocaram inúmeros problemas
para a igreja; dentre outras.

3.3 O impacto da vida pessoal


no desempenho do líder

O Coaching Integral Sistêmico entende cada indivíduo


como corpo, alma e espírito e que este faz parte de um sistema
maior, formado por sistemas menores, onde tudo influencia
tudo de forma implícita e invisível ou explícita e visível. Por
exemplo, a vida emocional em situação ruim, prejudica o re-
lacionamento conjugal e, este ruim, interfere no aspecto pro-
fissional, financeiro, o social etc. e, da mesma forma, qualquer
mudança, positiva ou negativa, interfere no ambiente ao redor
e, em sequência, influencia o mundo.

Geri, o ministério Emotionally Healthy Spiritulity, que integra saúde emo-


cional e espiritualidade contemplativa para pastores, líderes e igrejas locais.

REVISTA ÊPISTÊME – Vol. 12 – 2023 | 211


Exemplos dessa abordagem sistêmica da vida relaciona-
das ao ministério pastoral são apresentados a partir de estatís-
ticas por H. B. London Jr. em sua obra Pastors at Grater Risk
(apud CORDEIRO, 2011, p. 32, 33):

• 80% consideram que o ministério pastoral afeta suas


famílias negativamente;
• 75% relatam que já tiveram pelo menos uma vez al-
guma crise importante relacionada a estresse;
• 90% sentem que não estão adequadamente treina-
dos para lidar com as exigências do ministério;
• Os que estão no ministério têm propensão a ver seu
casamento acabar em divórcio na mesma proporção
que os membros da igreja em geral;
• Entre todas as profissões, o clero tem a segunda taxa
mais alta de divórcio;
• 80% dos pastores dizem que não passam tempo sufi-
ciente com a esposa;
• 70% não têm alguém que considerem um amigo
próximo.

Percebe-se grande necessidade de investimento nos lí-


deres, pois como afirma Maria Odete Rabaglio, “as lideranças
têm responsabilidade por grande quantidade de pessoas, por
isso precisam de investimentos contínuos, para influenciarem
e inspirarem suas equipes a produzirem excelência em seus
resultados” (RABAGLIO, 2008, p. 5).
A tese de Scazzero é que “saúde emocional e saúde espi-
ritual são inseparáveis [...] não é possível que um cristão seja
espiritualmente maduro e ao mesmo tempo permaneça emo-
cionalmente imaturo” (SCAZZERO & BIRD, 2014, p. 69). E
acrescenta:

212 | REVISTA ÊPISTÊME – Vol. 12 – 2023


Por isso é preciso empenho, energia, inconveniência,
tempo, coragem, solidão e uma sólida compreensão da
graça de Deus no evangelho para crescer à semelhança
de Cristo. Acredito que essas coisas [vergonha, solidão,
fuga, autoproteção, mentira e outras dores emocionais]
contribuíram para que a fronteira da saúde emocional
fosse tão ignorada na maioria dos discípulos, forma-
ções espirituais e modelos de mentoreamento em nos-
sas igrejas e em nossos seminários. Por isso estamos
pagando o alto preço do crescimento mirrado e de dis-
cípulos superficiais em nossas igrejas (SCAZZERO &
BIRD, 2014, p. 77).

Scazzero afirma que o modelo de discipulado que pro-


move transformações profundas passa por uma revolução
na forma de pensar (paradigma ou cosmovisão, ou crença),
implicando em penetrar nas áreas mais inóspitas do ser, no
subconsciente, nas emoções, de forma cíclica, como que apro-
fundando camada a camada. Essa verdadeira transformação
pessoal alcança todos os relacionamentos e os influencia posi-
tivamente (SCAZZERO, 2013).

A saúde geral de qualquer igreja ou ministério depende


principalmente da saúde emocional e espiritual de sua
liderança. De fato a chave para uma liderança bem su-
cedida está muito mais relacionada à vida interior do lí-
der do que com a sua experiência, dons ou competências
(SCAZZERO & BIRD, 2014, p. 27).

A denominação batista vem desenvolvendo, através


da visão de Igreja Multiplicadora, o Programa Discipular de
Liderança (PDL), uma proposta que visa ao desenvolvimen-
to pessoal, nas diversas dimensões da vida, através de ações
concretas de discipulado intencional e mentoria (BRANDÃO,
2014). Contudo, até o momento, esta proposta não aborda

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como se dá a resolução de questões mais profundas na estru-
tura emocional e subjetiva deste líder que dirige o preparo do
líder em potencial.

4 A PESQUISA

Esta pesquisa avaliou a aplicabilidade do Coaching Inte-


gral Sistêmico como ferramenta de Educação Cristã para ca-
pacitação da liderança, verificando as possibilidades e limita-
ções desta metodologia no contexto eclesiástico e os resultados
obtidos na competência emocional dos líderes participantes.

4.1 Dados da igreja

Apoiou esta pesquisa a SIB (Segunda Igreja Batista) em


Camaçari-BA, organizada em 25 de março de 1989, que faz
parte da ASBARE (Associação das Igrejas Batistas da Região
Metropolitana). À ocasião da pesquisa, aos 29 anos, a igreja
tinha 271 membros e 80 congregados. Contava com 03 pasto-
res, 01 ministro de música e 02 funcionários – destes, o pastor
titular não é remunerado pela igreja. Possuía 05 organizações
missionárias, 06 ministérios, 09 classes de EBD (Escola Bíblia
Dominical), 02 igrejas filhas, 03 projetos sociais e apoiava 02
congregações multiétnicas. Estimava-se que 9% de sua mem-
bresia assumia funções de liderança em algum ministério,
grupo, classe ou projeto da igreja.

4.2 Metodologia

A pesquisa propôs-se a verificar a aplicabilidade do Life


Coaching Integral Sistêmico a um grupo de líderes eclesiás-
ticos com o intuito de desenvolver competências emocionais
na vida pessoal dos líderes e, por consequência, alcançar seus
ministérios e igreja.

214 | REVISTA ÊPISTÊME – Vol. 12 – 2023


Em setembro de 2018, a proposta da pesquisa foi apre-
sentada ao pastor titular e ao pastor auxiliar da igreja. A partir
do dia 30/09/18 foram feitos convites aos líderes dispostos a
participar voluntariamente da pesquisa e disponíveis nas noi-
tes de quarta-feira, quando as sessões seriam realizadas.
No dia 10/10/18 foi apresentada aos presentes a propos-
ta da pesquisa, a metodologia CIS e o cronograma para a reali-
zação das sessões de coaching em grupo. Os líderes que aceita-
ram participar da pesquisa preencheram um formulário com
seus dados pessoais e assinaram um termo de consentimento
livre e esclarecido. No período entre 17/10/18 e 07/11/18, se-
manalmente às quartas-feiras das 19h às 21h, ocorreram ses-
sões de coaching no prédio anexo da igreja.
Um processo completo de Coaching Integral Sistêmico
é composto por 12 sessões9, divididas em três ciclos de qua-
tro sessões cada. Esta pesquisa consistiu em realizar um ci-
clo (quatro sessões) de Coaching Integral Sistêmico em grupo,
cuja estrutura básica foi:

• Mindfulness10 (prática de atenção plena) e o compar-


tilhamento da experiência, por cerca de 15 minutos;
• Mapeamento do estado atual e/ou compartilhamen-
to de ganhos (nível de avanço em relação às metas
pessoais e cumprimento e aprendizado com os exer-
cícios para casa), por cerca de 10 minutos;
• Exposição de teoria, por cerca de 30 minutos, atra-
vés de slides, vídeos;

9
O master coach realiza 10 sessões.
10
Mindfulness é traduzido como meditação, mas o conceito, e especial-
mente a aplicação dentro desta pesquisa, refere-se à atenção plena no
momento presente, numa atitude de curiosidade e compaixão, que pro-
porciona o devido desenvolvimento da Inteligência Emocional.

REVISTA ÊPISTÊME – Vol. 12 – 2023 | 215


• Exercício de sala (ferramentas do Coaching Integral
Sistêmico), por cerca de 40 minutos, e compartilha-
mento da experiência (aprendizado e decisões); e
• Explicação dos exercícios para casa (livros, filmes,
vídeos etc.), em cerca de 10 minutos.

Figura 3 - Representação icônica das sessões


de Coaching Integral Sistêmico realizadas nesta pesquisa

Fonte: Elaborado pela Autora (2018)

Os exercícios de sala, que promovem profunda reflexão


acerca da própria vida e seu contexto (VIEIRA, 2018), con-
sistiram, basicamente, em preenchimento de questionários e
outras ferramentas do método, incluindo a projeção de sua au-
toimagem e desejos através de desenhos. Foram utilizadas fer-
ramentas cognitivas e VAS (Visualização, Audição e Sineste-
sia, reais e imaginárias) – estrutura básica para reprogramação
de crenças (cosmovisão) –, integrando, assim, razão e emoção.
Os exercícios para casa constituem parte fundamental
na reprogramação de crenças do coachee, sendo divididos
em rotineiros e pontuais. Os exercícios rotineiros reprogra-
mam crenças por repetição, livrando de vícios emocionais,

216 | REVISTA ÊPISTÊME – Vol. 12 – 2023


fortalecendo a saúde emocional, contribuindo com a mu-
dança de hábitos e fortalecendo a identidade. Os exercícios
pontuais (filmes, livros, vídeos etc.) agem diretamente com
os sentidos e a forma de pensar.
Os exercícios de sala e de casa consistiram em identificar e
trabalhar as crenças11 de identidade, fortalecendo uma autoima-
gem positiva e abrindo novas possibilidades para o desenvolvi-
mento da Inteligência Emocional. As ferramentas utilizadas no
processo fazem parte do CIS: MAAS (Mapa de Autoavaliação
Sistêmico), Estado Crash, Autoavaliação de Inteligência Emo-
cional, Metáfora da Gaivota, Criando Congruência, Diagnósti-
co Composto e Criação da Autoimagem Positiva.
As teorias apresentadas nas sessões foram: o Coaching
Integral Sistêmico & a Inteligência Emocional; Mindfulness; a
Comunicação & a Química Corporal; e as Matrizes Ativa &
Passiva de Formação de Crenças.
O Time Life Coaching Integral Sistêmico desta pesquisa
foi composto por 05 líderes com idade entre 22 e 50 anos. O
tempo de membresia variou de 03 a 21 anos. Desses líderes,
02 possuem Ensino Superior completo e 03 possuem Ensino
Médio completo. Havia no grupo 03 mulheres (casadas, com
filhos) e 02 homens (solteiros, sem filhos). Apenas um desses
líderes faltou a uma sessão.
Os participantes deste grupo são líderes no ministério in-
fantil, em organizações missionárias, projetos sociais e diaconia,
além de exercerem outras funções, com ou sem liderança, no
ministério de música, ministério de missões, congregação, culto
em núcleo e dança. Todos são voluntários que dedicam de 02 a
09 horas semanais em serviços relacionados à igreja.

11
No Método CIS, Paulo Vieira define crenças como toda programação
neural (sinapses neurais) adquirida como aprendizado durante a vida
que determina os comportamentos, as atitudes, os resultados, as con-
quistas e a qualidade de vida e afirma que, devido à plasticidade neural,
é possível reprogramar nossas crenças a qualquer momento da vida.

REVISTA ÊPISTÊME – Vol. 12 – 2023 | 217


4.3 Resultados da pesquisa

Foram aplicadas três autoavaliações durante o processo.


Na primeira sessão foi feito o teste Estado Crash, em que o
coachee avalia seu nível de estresse atual atribuindo notas de
0 a 10 em 12 aspectos listados. Apenas dois líderes do Time
Coaching estão no nível de alerta para não entrar em Estado
Crash; ainda assim, segundo resultado desta autoavaliação, to-
dos estão com o cortisol (hormônio do estresse) no nível da
normalidade. Destaque para os indicadores de Estado Crash
que receberam a partir de 6 pontos: pensamentos negativos,
desinteresse e apatia, baixa autoestima, desleixo com a aparên-
cia e choro frequente.
Na Autoavaliação de Inteligência Emocional, que avalia
nove competências emocionais pessoais e nove competências
emocionais sociais, também aplicada na primeira sessão, a
menor nota geral foi 60 pontos (crítico) e a maior foi 86 pon-
tos (bom). A proposta era aplicar novamente esta ferramenta
de forma ampliada, como Avaliação Multidirecional de Inteli-
gência Emocional (360º), mas não houve retorno dos envolvi-
dos a tempo da conclusão deste artigo. O comparativo destas
avaliações proporcionaria uma análise da percepção pessoal
de cada líder e de como os seus pares, familiares, líderes e lide-
rados avaliam 18 de suas competências emocionais.
Segundo as Autoavaliações do Processo de Coaching,
aplicados na terceira e quarta sessões, a média das notas do
nível de comprometimento com o próprio processo e mudan-
ças foi de 7,1 (mediano). E as respostas à pergunta Qual tem
sido o maior benefício que o coaching trouxe para você? Quais
resultados você conseguiu? foram:

• “Sinto-me menos estressado(a). Tenho recusado os


pensamentos negativos”

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• ”Autorresponsabilidade12. Despertou-me a sonhar e
fazer algo para realizar”
• “Pensar de forma autorresponsável; despertar em
mim a importância em agir e agir da forma correta”
• “Motivação para alcançar minhas metas”
• “Aprendizado; hoje vejo como sou capaz de realiza-
ção”

Dentre os maiores benefícios do coaching apresentados


pelos envolvidos na pesquisa, catalogou-se as respostas em
quatro competências emocionais pessoais: autoconfiança, au-
tocontrole emocional, superação e iniciativa, atingindo, assim,
o objetivo de proporcionar benefícios na competência emo-
cional e, ainda mais especificamente em relação ao primeiro
ciclo de coaching, cuja proposta foi fortalecer a autoimagem
positiva e abrir novas possibilidades para o desenvolvimento
da Inteligência Emocional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Coaching Integral Sistêmico mostrou-se uma ferra-


menta compatível com os objetivos da Educação Cristã capaz
de desenvolver a Inteligência Emocional e reprogramar cren-
ças (cosmovisão) dos líderes eclesiásticos e, por consequência,
refletir positivamente em toda igreja.
A metodologia do Life Coaching Integral Sistêmico em
grupo mostrou-se aplicável ao contexto eclesiástico, proporcio-
nando contágio social positivo, especialmente no ambiente tão

12
Conceito criado por Paulo Vieira, autorresponsabilidade possui três defini-
ções: 1. A certeza absoluta (crença) de que você é o único responsável pela
vida que tem levado; 2. Capacidade de se responsabilizar completamente
pelos resultados que você tem colhido na vida; e 3. Certeza absoluta de que
ninguém muda nada, nem ninguém, sem mudar a si primeiro.

REVISTA ÊPISTÊME – Vol. 12 – 2023 | 219


diversificado da igreja; outras aplicações da metodologia neste
contexto devem ser adaptadas, como, por exemplo, o Executive
Coaching para pastores e o Business Coaching para a igreja en-
quanto instituição, e também Coaching para Equipes por faixa
etária ou interesse, como coaching para adolescentes ou para ido-
sos, além de outras formas de aplicação, como coaching online.
Mesmo com apenas um ciclo de coaching, a pesquisa
revelou transformações na cosmovisão (crença) dos partici-
pantes – o que muda tudo. E o Coaching Integral Sistêmico
potencializa estes resultados devido à integração da cognição
com a emoção e sua expertise em reprogramar crenças.
Em se completando todo o processo de Coaching Inte-
gral Sistêmico, os resultados seriam ainda mais efetivos devido
ao novo estilo de vida que é desenvolvido ao longo do proces-
so, uma vida equilibrada e abundante em todas as áreas.
Percebe-se, assim, o poder da educação (ensino/treino) na
perpetuação e/ou transformação de conceitos, práticas, filosofias e
crenças (cosmovisão) e a necessidade de um olhar atento e inten-
cional para a Educação Cristã como viabilizadora desse processo.
Sendo que a Inteligência Emocional tem grande influ-
ência e poder sobre o desenvolvimento do ser humano como
um todo, inclusive está intrinsecamente relacionada ao livre
arbítrio e é diretamente proporcional à maturidade espiritu-
al, e, ainda, que a maioria dos gaps (lacunas) relacionados às
competências dos líderes, inclusive eclesiásticos, são emocio-
nais, cabe, sim, à igreja proporcionar atividades (educação
não-formal e informal) e treinamento (educação formal) para
seu devido desenvolvimento, a começar dos líderes.
Afinal, o que há de mais precioso numa igreja? O tem-
plo? A música? O programa educacional? Bom, e se não hou-
vesse mais pessoas? O que seria de uma igreja sem pessoas? O
que seria de uma igreja sem pessoas maduras? Os ministros
devem zelar por si mesmos e pelos que estão sob seus cuida-
dos e investir no maior recurso das organizações: as pessoas.

220 | REVISTA ÊPISTÊME – Vol. 12 – 2023


Assim como muitas corporações, alto executivos, líderes
de diversas áreas, atletas e artistas famosos investem em coa-
ching como meio para alcançar todas as suas potencialidades,
a igreja também pode contar com mais esta especialidade e
suas técnicas para lidar com questões que vão além da forma-
ção ministerial.
Investir no desenvolvimento integral da igreja com ca-
pacitação e treinamento com foco na saúde emocional, como
o Coaching Integral Sistêmico, principalmente a partir da lide-
rança eclesiástica devido ao alcance de sua posição estratégi-
ca, proporciona transformações pessoais e sociais profundas e
possibilita a maturidade espiritual, alvo da vida cristã.

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