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O Carnaval Medieval

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Apesar do controle da Igreja, muitas festas e hábitos de origem pagã foram praticados durante toda a Idade Média e chegaram até os nossos dias, com modificações e adaptações. Uma dessas festas era o carnaval.  Veja o que Peter Burke escreveu sobre o assunto.

A estação do carnaval começava em janeiro, ou mesmo em finais de dezembro, sendo que a animação crescia à medida que se aproximava a Quaresma. O local era ao ar livre no centro da cidade. O carnaval pode ser visto como uma peça imensa, em que as principais ruas e praças se convertiam em palcos.

O carnaval servia como forma de contestação do controle social e moral realizado pela Igreja e pelos governantes, mas também servia como uma vávula de escape das tensões sociais.

(Adaptado de Burke, Peter. Cultura popular na Idade Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p.206-26)

O combate entre o carnaval e a Quaresma, de Pieter Brueghel, o Velho

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A segunda fase de formação dos reinos bárbaros

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A segunda onda das invasões germânicas se distingue da primeira por seus resultados duradouros, marcando profundamente a formação da futura Europa. Houve a conquista da Gália  pelos francos  e o domínio da Inglaterra pelos anglo-saxões, no século V. No século VI os lombardos conquistaram a península Itálica.

Os povos que chegavam nessa fase tinham sua região de origem bem mais próxima que os povos anteriores, podendo enviar reforços de contingentes para consolidar as conquistas. Além disso, migraram lentamente, o que gerou um povoamento seguro e concentrado. Não se associavam aos romanos, como os povos da primeira fase, mas confiscavam as terras e as distribuíam entre seus guerreiros.

À medida que os francos, lombardos e anglo-saxões tomavam as regiões da Europa, as antigas villae (latifúndios romanos) desapareciam, cedendo lugar a diversas formas de propriedade: pequenos proprietários arrendando terras, camponeses dependentes de aristocratas bárbaros, aldeias de camponeses que utilizavam terras comunais.

Nessa segunda etapa das invasões afirmou-se uma sólida aristocracia territorial e consolidaram-se as aldeias comunitárias de camponeses. Tanto a aristocracia territorial como as aldeias comunitárias são características do futuro sistema feudal. Outra importante característica dessa fase é que as leis romanas deixaram de prevalecer, sendo utilizado um sistema de leis baseado em antigos costumes bárbaros (direito consuetudinário). Esse fato ajudou a consolidar os novos reinos bárbaros.

    • O reino dos francos. Originários da Bélgica atual, os francos fixaram-se na Gália do Norte, onde se aliaram aos romanos. No entanto, a partir de 481, os romanos (funcionários, soldados, colonos, clérigos) abandonaram a região, deixando poucos sinais da sua presença. O rei franco Meroveu deu início a dinastia merovíngia.
    • Os reinos anglo-saxões. Os povos anglo-saxões desembarcaram nas ilhas Britânicas por volta de 450, juntamente com os daneses ou jutos (originários da Dinamarca). Os romanos já tinham abandonado a região havia 50 anos. Os camponeses que se estabeleceram ali inauguraram um novo sistema de propriedade individual nos lares camponeses e agricultura comunitária nos campos abertos. Os chefes e aristocratas anglo-saxões consolidavam o seu poder pessoal e, por volta do século VII, já havia uma aristocracia hereditária. Politicamente os anglo-saxões - e mais tarde os daneses - formaram sete reinos, que lutavam constantemente entre si, impedindo uma eventual unificação (a chamada heptarquia anglo-saxônica). A invasão dos normandos vindos da Normandia no século XI acelerou a implantação de um feudalismo típico na Inglaterra.

Os reinos bárbaros formados nessa segunda fase conseguiram estabelecer-se mais solidamente em território europeu, superando as heranças do velho Império Romano. Esses novos reinos bárbaros organizavam-se em bases culturais e sociais mais germânicas. Não conseguiram estabelecer um Estado  de características  fortes. A falta de um Estado organizado acentuou-se  quando os muçulmanos tomaram o Mediterrâneo, nos séculos IX e X, impedindo uma atividade comercial mais ativa. A partir daí, o isolamento rural dos povos europeus tornou-se cada vez maior. A Europa se feudaliza.

PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.

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A primeira fase de formação dos reinos bárbaros

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Esta fase teve como marco importante a noite de ano novo de 406, quando uma confederação de povos germânicos (vândalos, suevos e alanos) iniciou a penetração no Império Romano. Nesse momento, o império já estava desmantelado e não houve resistência concreta aos guerreiros bárbaros.

A presença dos bárbaros causou profundo temor aos romanos São Jerônimo, que se encontrava em Bizâncio, escreveu uma carta demonstrando seu espanto: "Chega-nos do Ocidente um rumor terrível: Roma atacada... A minha voz estrangula-se e os soluços interrompem-se enquanto digo estas palavras, foi conquistada, essa cidade que conquistara o universo..."

Os bárbaros, tinham uma noção rudimentar ( pouco desenvolvido) do que era o Estado e ignoravam a escrita. Por essas razões, tiveram de se inspirar nas instituições romanas para formar seus primeiros Estados.

A aristocracia guerreira germânica, de certa forma, associava-se à decadente aristocracia, pois um terço das terras ficou com os germanos, juntamente com os escravos e trabalhadores; o restante ficou com a antiga nobreza provincial romana. Os pequenos proprietários e camponeses livres que ainda existissem tornavam-se dependentes dos aristocratas bárbaros ou romanos. Por  esse processo, as diferenças sociais aumentavam ainda mais.

A autoridade da aristocracia bárbara foi crescendo com o aumento de seus domínios territoriais e de seus trabalhadores. Surgiram realezas rudimentares, onde os reis eram apoiados por bandos de nobres armados e fiéis à liderança real. Esses reinos bárbaros preservaram o escravismo e o colonato, formas de trabalho herdadas do Império Romano.

No nível religioso, houve a conversão gradativa dos bárbaros ao cristianismo, o que fazia desaparecer as velhas religiões comunitárias.

Vários reinos bárbaros se destacaram nesta primeira fase:

    • Reino Vândalo. Após atravessarem a fronteira do Império, no ano 406, os vândalos avançaram pela Gália e pela península Ibérica até se estabelecerem no norte da África, em 429.
    • Reino dos Ostrogodos. Eles fixaram-se na península Itálica em 488, sob a liderança de Teodorico. Utilizaram-se das instituições romanas para a administração.
    • Reino dos visigodos e dos borgúndios. Os visigodos ocuparam a Gália em 519 e depois dominaram grande parte da península Ibérica. Os borgúndios organizaram seu reino ao sul da Gália, entre os anos 443 e 534. Como os outros reinos bárbaros, adaptaram-se às instituições romanas. Com a invasão dos francos este reino desapareceu.

Os reinos germânicos dessa época tiveram uma breve duração. No entanto, essa fase de invasões abriu caminho para outra onda de bárbaros, que se fixou na Europa e que marcou mais nitidamente o mapa desse continente.

São Jerônimo: Nascido em 350 na Dalmácia, foi um dos autores cristãos mais importantes do período final do Império Romano. Traduziu a bíblia do grego para o latin, criando a vulgata (versão latina), o cânon da Escritura cristã. Escreveu muitas obras e epístolas (cartas) nas quais registrou sua visão sobre os terrores de seu tempo: as invasões bárbaras a algumas regiões do Império Romano foram consideradas por ele como prenúncio do apocalipse (fim dos tempos).

 

PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.

A formação do feudalismo

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Com a decadência do Império Romano, os povos germânicos começaram a se estabelecer onde antes estavam os territórios dominados pelos romanos.

Esses povos habitavam as regiões além do rio Reno, até o sul da Escandinávia. Antes do contato com os romanos, os povos germânicos eram seminômades e viviam do pastoreio e da agricultura. A terra era comunitária e os rebanhos pertenciam aos principais guerreiros da tribo. Só em época de guerra surgia uma autoridade com poder de comando na tribo. Esse era o chamado sistema comunitário primitivo.

Mas o contato que os germanos tiveram com os romanos acelerou várias mudanças que já vinham ocorrendo nas comunidades primitivas bárbaras. Em primeiro lugar, começaram a surgir diferenças sociais entre os membros das tribos e os chefes que tomavam as terras para uso próprio. Nessas terras eles criavam gado para trocar por mercadorias com os romanos. Chegavam a atacar outras tribos para vender os prisioneiros como escravos.

A partir dessas mudanças, formou-se uma aristocracia hereditária, que guerreava para aumentar sua propriedade. Os chefes tinham poderes semelhantes aos dos futuros reis.  Formou-se assim uma nobreza, que não trabalhava mais no campo e se mantinha com o trabalho de alguns camponeses escravizados ou dependentes. Dessa forma, consolidou-se uma camada de nobres possuidora de propriedades com escravos e guerreiros, que se distanciou definitivamente do restante da comunidade.

Os romanos incentivavam essas transformações e provocavam guerras  entre os bárbaros, pois isso mantinha os germanos divididos e facilitava a manutenção da autoridade imperial sobre os povos bárbaros. Exércitos de bárbaros foram admitidos por Roma  nas fronteiras para impedir a entrada de outros  bárbaros. Muitos desses novos soldados entravam diretamente para as forças militares romanas em troca de terras. Dessa forma, muitos deles tornaram-se altos oficiais do exército romano.

Da mistura da sociedade romana, que se achava em decadência, com a sociedade germânica, que se achava em transformação, nasceu um novo sistema, chamado feudalismo

Os reinos bárbaros

A formação dos reinos bárbaros na Europa efetuou-se em duas fases, com  características diferentes.

Na primeira fase, os povos bárbaros associados ao Império Romano estabeleceram reinos rudimentares e efêmeros. Na segunda, os reinos bárbaros deram origem a instituições mais duradouras, bases para as monarquias feudais.

PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.

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A cultura medieval

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A arquitetura religiosa foi a mais expressiva das manifestações artísticas medievais.

Dois grandes estilos definem a estética arquitetônica medieval: o românico e o gótico.

O românico, mais antigo, teve seu apogeu entre fins do século XI e meados do século XII. Suas características marcantes são a monumentalidade da construção e a horizontalidade, com grossas paredes de pedra, maciços pilares e abóbadas circulares. As igrejas românicas representavam “fortaleza de pedra”, locais em que os homens experimentavam a proteção de Deus e a sua autoridade, e assumiam uma atitude introspectiva (provocada pela pouca luz e pelo predomínio da horizontalidade).

O gótico, ao contrário do românico, apresenta paredes finas, sustentadas por arcobotantes (suportes externos ao edifício), janelas enormes e luminosos vitrais, arcos em forma de ogiva, torres esguias e pontiagudas. A construção gótica expressava uma concepção teológica – a da escolástica nascente: é uma arquitetura de luz, lucidez e lógica. Na igreja gótica, o homem sente-se partícipe da criação divina e assume uma atitude de busca de Deus através da transcendência (verticalidade).

A escolástica: o pensamento medieval

No século XII ampliou-se o interesse pelas letras e pelo conhecimento. Os mosteiros foram cedendo lugar às escolas das catedrais, e o ensino passou para as mãos de leigos que dependiam de licença da Igreja para o estudo e o ensino. Professor passou a ser um ofício, e estudante, se não uma carreira, pelo menos um estilo de vida.

Já no século XII surgiram novos elementos na cultura medieval, como um maior interesse pelo estudo da natureza. Ocorreu uma redescoberta da Antiguidade Clássica iniciada com a tradução de textos bizantinos e posteriormente discutida nas universidades. Além disso formaram-se corporações de estudantes. Um dos resultados dos trabalhos dessas corporações foi a autonomia da universidade.

A escolástica, corrente teológica e filosófica característica da Idade Média, tentava conciliar a fé cristã com um ideal de racionalidade calcado na tradição grega. A Igreja passava por mudanças: Lutava-se contra as heresias e presenciava-se o surgimento das ordens mendicantes que resgataram a respeitabilidade intelectual da Igreja, através de doutores como santo Alberto Magno e Santo Tomás de Aquino, o mais importante nome do pensamento escolástico, autor de Suma teológica.

A literatura medieval

A produção literária medieval foi, durante a Alta Idade Média, privilégio dos clérigos que liam e escreviam em latim. A partir do século XI a literatura diversificou-se com o aumento da produção em línguas vulgares, ou seja, faladas no cotidiano, em contraposição  ao latim, a língua erudita. Nessa nova produção destacam-se a poesia trovadoresca, que exprime principalmente os sofrimentos de amor; a canção de gesta, que enaltece os feitos e as aventuras épicas da cavalaria; o romance cortês, onde a trama das batalhas é penetrada pelas paixões impossíveis da poesia trovadoresca; a poesia goliarda, manifestação boêmia dos estudantes da época, que criticavam todas as instituições; o romance didático, cuja obra mais relevante é o Romance da rosa.

A literatura medieval deu origem a formas e temas que viriam marcar profundamente a evolução da mentalidade ocidental e, principalmente, produziu grandes obras-primas da literatura, como a Divina Comédia, de Dante Alighieri. Nessa obra, Dante critica a Itália de seu tempo, revela questões de fé, de política e de poesia, realizando na literatura a síntese das concepções escolásticas.

Também pertencem a esses conjunto de grandes autores Boccaccio, italiano, autor de Contos de Canterbury. Esses autores e suas obras, contudo, já anunciavam os novos tempos do Renascimento e da chamada  .

fonte: PEDRO, Antônio. História da Civilização Ocidental.ensino médio.volume único.

A Baixa Idade Média – Transformações do Feudalismo

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A partir do final do século X, a Europa passou por um período de paz e segurança. Além disso, estavam ocorrendo alguns avanços na economia e na sociedade feudal. A população crescia, ao mesmo tempo em que a economia se dizimava. A técnica empregada na agricultura também passava por profundas transformações. O antigo arado foi sendo substituído pela charrua, um arado que fazia sulcos mais profundos na terra, aumentando as possibilidades de produzir mais. Aos poucos generalizou-se também uma nova maneira de atrelar os animais, o que permitiu aproveitar melhor a força de bois e cavalos. Os moinhos de água e de vento pouparam trabalho e tempo do camponês, aumentando a produção. O mesmo efeito teve o rodízio trienal (que dura três anos), isto é, a alternância de tipos de cultura em faixas de terra diferentes. Além disso, o desbravamento de terras incultas de florestas e pântanos, bem como o uso da adubação, também melhorava a produtividade agrícola. Essas inovações proporcionaram a produção de excedentes destinados à troca.

Esse aumento da produção, uma diminuição das epidemias e uma relativa paz depois das grandes invasões resultaram em um sensível aumento populacional. Esse crescimento pode ser visto nos seguintes números:

  • Século X      - 20 milhões de habitantes.
  • Século XIV   - 51 milhões de habitantes.

Camponesas  levando seus grãos ao moinho

O renascimento comercial  e urbano

O aumento da população foi acompanhado do crescimento urbano, ligado ao progresso geral da sociedade feudal.

A população que crescia encontrou alimento suficiente graças ao aumento da produção agrícola. As cidades, antes pequenas, cresciam com o excedente populacional. Essa população, que em parte se dedicava ao artesanato, necessitava cada vez mais de matéria prima para suas atividades. Isso exigia que o campo aumentasse sua produção para vende-la às cidades. Essa troca entre cidade e campo aprofundou a especialização de produção. O campo produzia matéria-prima e alimento que eram vendidos para as cidades. Por isso os camponeses tinham todo o seu tempo ocupado nas atividades agrícolas e pastoris. Dessa forma, compravam produtos manufaturados nas cidades, como calçados, tecidos e ferramentas, que antes eram confeccionados por eles mesmos. Isso aumentou a dependência do campo em relação às cidades e ao comércio.

As cidades tinham de proteger seu artesanato e seu comércio da concorrência estrangeira. Para isso, foram criadas as corporações de ofício, que controlavam a qualidade dos produtos, os horários de funcionamento de cada oficina e dos respectivos trabalhadores, o preço das mercadorias e o método de fabricação. Esse controle impedia o desenvolvimento de novas técnicas, pois as corporações temiam que isso barateasse os produtos.

Cada corporação era organizada segundo um rígida hierarquia. Havia o mestre artesão, que possuía uma oficina, ferramentas e matéria-prima. Ele tinha de conhecer profundamente sua profissão, pois era submetido a uma série de provas pela corporação para receber esse grau. Abaixo dele estava o companheiro, que trabalhava com o seu mestre. Havia ainda o aprendiz, o jovem que se empregava na oficina do mestre apenas para aprender a profissão, e o jornaleiro, que trabalhava por jornadas previamente combinadas.

As atividades comerciais passaram a ser praticadas também a longa distância, estimulando o comércio internacional e atividade bancária. Com isso, numerosas feiras surgiram nos entroncamentos das rotas comerciais. 

O crescimento urbano, o artesanato e a expansão comercial

De início as feiras eram realizadas dentro de castelos fortificados ou dos burgos (cidade medieval). Isto propiciava aos senhores feudais uma fonte de rendas adicional, pois os comerciantes lhes pagavam taxas para comerciar em seus territórios. Além disso, as feiras colocavam os senhores em contato com os produtos de luxo vindos do Oriente. Por essa razão, os senhores davam garantias aos comerciantes, para atraí-los aos seus territórios.

As cidades medievais eram cercadas por altas muralhas protetoras que ajudavam a defende-las durante as guerras. Tinham de 5 a 10.000 habitantes, não possuíam infra-estrutura nem havia qualquer planejamento urbano.

Essas cidades nasceram dentro das terras da aristocracia laica e clerical.

O sistema feudal podia limitar o desenvolvimento do comércio, pois as taxas pagas aos senhores diminuíam o lucro dos comerciantes. Além disso, o poder quase absoluto do senhor dentro de seus domínios colocava o comerciante numa posição de dependência.

As cidades queriam conquistar sua independência em relação aos senhores feudais. Isso se dava de suas formas: ou os cidadãos lutavam de armas na mão contra a nobreza, ou pagavam pelo direito de se tornarem livres.

Com o passar do tempo as cidades foram adquirindo, por força das armas ou do dinheiro, direitos que lhes garantiam autonomia administrativa e judiciária. O documento que lhes assegurava essa autonomia administrativa e judiciária era chamado de franquia, foral ou carta de privilégios  e era obtido com o pagamento de taxas ao senhor do feudo.

A direção das cidades passou a ser tarefa das camadas mais altas dos mercadores e artesãos; estes se agrupavam em associações chamadas corporações ou guildas.

As guildas, que dirigiam a economia das cidades, eram originárias de associações de ajuda mútua entre artesãos e mercadores. Com o tempo, esse caráter igualitário desapareceu, dando lugar a uma oligarquia urbana (governo em que a autoridade é exercida por um pequeno número de indivíduos ou por uma classe)  de mercadores.

Essa diferenciação entre os grandes mercadores que dirigiam as cidades e os pequenos artesãos gerou tensão entre os dois grupos: em alguns lugares, formaram-se governos municipais só de artesãos, como em Florença, Estrasburgo e Basiléia; ou então formaram-se governos exclusivos de mercadores, como em Veneza, Viena e Nuremberg.

Na região norte da Europa ´em especial na Flandres e no norte da península Itálica surgiu o maior número de cidades com atividades manufaturas. As manufaturas abrangiam diversos setores: artigos de madeira, osso, couro e principalmente tecidos de lã. Havia uma acentuada divisão social do trabalho no setor têxtil, isto é, o produto passava por diversas etapas de fabricação em diferentes pontos da cidade, onde cada artesão especialista executava sua parte da tarefa. Várias invenções contribuíram ainda mais para o desenvolvimento do ramo têxtil, como a roca, o tear horizontal e o pisão.

Os lucros, nesse período, não vinham da produção artesanal, mas da circulação de mercadorias, isto é, os mercadores compravam os produtos por um preço baixo e os revendiam por um preço mais alto.

A região de Champagne, localizada a nordeste da atual França, era um importante centro de comércio internacional: aí realizavam-se feiras onde eram comercializados tanto os produtos europeus como os produtos orientais.

fonte: Pedro, Antônio. História da civilização ocidental: ensino médio: volume único.

Este vídeo elaborado pelo professor Lício apresenta a segunda parte da História do Feudalismo um sistema politico e econômico que surgiu na Idade Média.

 

A igreja medieval ocidental

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A Igreja sobreviveu às crises e mudanças do final da Antiguidade e da Alta Idade Média. O clero monopolizava o saber em um mundo de analfabetos e foi responsável por conservar a cultura letrada da Antiguidade Clássica. Apesar de manter essa cultura atrelada a seus interesses de grande senhora de terras, a Igreja muito contribuiu para que o conhecimento não estagnasse.

A Igreja romana acumulou poderes que derivavam de sua riqueza material e da influência espiritual que exercia sobre as pessoas.

A Igreja organizava-se hierarquicamente, o que a ajudava a manter o poder. Havia o alto e o baixo clero. O primeiro ligado à aristocracia, detinha os cargos de direção (bispos, abades etc..) O segundo era composto de elementos vindos das camadas mais baixas. O chefe dessa hierarquia era o bispo de Roma, que, em 455, recebeu o título de papa, isto é, chefe da igreja cristã. Ao clero secular, que estava em contato com as coisas do mundo, coube a tarefa de converter os bárbaros que invadiram a Europa. Ao clero regular o (submetido a regras), que ficava nos mosteiros, cabia a preservação da cultura e o aumento do poder econômico da Igreja.

As doações de terras feitas pelos reis e senhores laicos (leigos) à Igreja faziam com que seu poder político aumentasse, pois ia se transformando num “grande senhor feudal”. Essa posição fazia com que a Igreja tivesse que lutar pela defesa de seus interesses tanto quanto os demais senhores feudais.

Mas o mais importante é que a Igreja católica exercia uma poderosa influência na sociedade, O controle que o clero detinha sobre a cultura reproduzia uma visão de  mundo da Igreja; os padres, em seus sermões, passavam essa visão de um mundo dividido em classes,  naturalmente desiguais.

Muitos membros enriquecidos da Igreja esqueciam-se da humildade e do amor ao próximo para levar uma vida de luxo e de ociosidade. Alguns cristãos reagiram a isto protestando contra o acúmulo de riquezas por parte da Igreja e se propondo a viver de acordo com os ensinamentos de Cristo.

Eles se retiravam e iam viver em grutas ou se juntavam a religiosos insatisfeitos e iam morar em mosteiros ou abadias que eles próprios fundavam. Essas comunidades eram formadas de monges ou monjas. A diferença entre uma e outra é que as abadias eram governadas por um superior, o abade. Os monges trabalhavam também como agricultores e pastores eram ajudados pelos seus servos nas tarefas mais pesadas.

Já existiam vários mosteiros na Europa do século V. Mas a vida monástica se difundiu no Ocidente a partir de 529, ano em que Bento de Núrsia fundou na Itália o Mosteiro de Monte Cassino e organizou a Ordem dos Beneditinos. São Bento como mais tarde ficou conhecido, estabeleceu normas  (Regras de São Bento) a serem seguidas pelos monges. De acordo com elas, os monges deviam fazer votos de pobreza pessoal, de obediência e de castidade ( abstenção de relações sexuais).

São Bento dizia que:

Se os monges se virem obrigados, por necessidade ou pobreza, a trabalhar eles próprios nas colheitas, que não se aflijam; serão, então, verdadeiros monges quando viverem do trabalho de suas mãos.

(AQUINO, Rubin Santos Leão de et alii.História das sociedades. p. 367.)

As regras de São Bento serviram de inspiração para o regulamento de várias outras ordens religiosas criadas na Idade Média. Entre elas cabe destacar a Ordem dos Franciscanos, a Ordem das Clarissas, a Ordem das Carmelitas e a Ordem dos Agostinianos.

O trabalho desses religiosos foi de grande importância no período medieval: instruíram os camponeses na prática da agricultura, mantiveram orfanatos, leprosários, escolas, hospitais e asilos. Um outro trabalho feito pelos monges e monjas no Ocidente medieval foi estudar e copiar textos greco-romanos nas enormes bibliotecas de seus mosteiros e abadias.

BOULOS JUNIOR, Alfredo – coleção História Sociedade & Cidadania.

Vídeo Aula - Feudalismo

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Este vídeo elaborado pelo professor Lício apresenta a primeira parte da História do Feudalismo um sistema politico e econômico que surgiu na Idade Média.

As características políticas do feudalismo

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Politicamente o feudalismo caracterizou-se pela fragmentação política. As relações pessoais tornavam-se mais fortes com o enfraquecimento da atuação do Estado. Essas relações, denominadas feudo-vassálicas ou de suserania e de vassalagem, originaram-se das tradições romanas e germânicas. Consistiam no ato de um senhor doar bens, sobretudo terras e direitos a outro senhor em troca de alguns favores e obrigações. O aristocrata que doava o bem era o suserano, e o que recebia era o vassalo. Essa prática de doações não terminava aí: o aristocrata que recebia a terra a redistribuía para outros aristocratas, que passavam a ter as mesmas obrigações. Teoricamente, os senhores feudais recebiam as terras do rei, o soberano; mas com o parcelamento do poder político ligado ao parcelamento da terra, o rei se transformou em um tipo de suserano-mor.

O vassalo, em troca da terra, deveria auxiliar o suserano com seu exército quando ele precisasse, além de participar dos conselhos senhoriais. Ao suserano cabiam obrigações semelhantes para com seu vassalo.

Caso um vassalo se rebelasse, os outros vassalos eram convocados para combate-lo. Os vassalos também podiam ser chamados para combater uma rebelião de servos ou uma disputa entre suseranos , ou ainda lutar contra outros povos em caso de guerra.

Os feudos nunca eram vendidos ou divididos entre os filhos do senhor. O único herdeiro era seu primeiro filho, ou primogênito. Por isso o tamanho das terras de uma família nunca diminuía.

Os filhos mais jovens de um senhor, que não herdavam as terras, podiam se tronar cavaleiros, defendendo as terras do irmão mais velho. As filhas, por sua vez, geralmente se casavam com outros senhores feudais ou com cavaleiros e mudavam de feudo. Outra opção dos filhos e filhas de um senhor que não herdavam suas terras era fazer parte do clero.

cavaleiro medieval

Cavaleiro Medieval

Quando um senhor tinhas apenas filhas, podia realizar um torneio entre cavaleiros e escolher um dos concorrentes para marido de uma delas.

Esses cavaleiros disputavam provas que envolviam o uso de armas e a recitação de poemas. O escolhido tornava-se sucessor do senhor feudal, conquistando assim não só a dama, mas também um título de nobreza.

Carta do bispo Fulbert a Guilherme, duque de Aquitânea, c. 1030

Aquele que jura fidelidade ao seu senhor deve ter sempre na memória estes seis princípios: saúde, segurança, honra, interesse, liberdade, faculdade. Saúde quer dizer que nada deve ser feito em dano do corpo do senhor. Segurança, nada em prejuízo das suas residências e fortalezas […]. Honra, nada em detrimento da sua justiça ou de quer que seja de que sua honra depender, Interesse, nada contra os seus bens. Liberdade e faculdade, nada que torne impossível ou dificulte ao senhor o fazer o bem […].

Além disso, […] nessas seis ordens de deveres, preste o vassalo ajuda e conselho fielmente ao seu suserano[…]

O suserano deve ao vassalo a contrapartida de todas essas coisas.

fonte: FREITAS, Gustavo de, 900 textos e documentos de História. Lisboa, s.d., v. 1, p. 139.

As características militares do feudalismo

O cavaleiro foi a figura característica da organização militar do feudalismo. Ser cavaleiro, com escudos, lanças, espadas, cota de malha e armadura, era privilégio da aristocracia, pois o acesso à cavalaria dependia da origem e da riqueza. Essa característica estava ligada à separação entre guerreiros e chefe que se dera na tribo germânica e também ao custo do equipamento completo de um cavaleiro, que era muito alto para os mais pobres. Era preciso ter muitas terras e servos trabalhando para sustentar um cavaleiro. Ou seja, somente a aristocracia feudal era capaz disso.

Uma das principais funções militares da cavalaria era garantir e ampliar os domínios dos senhores e reprimir rebeliões camponesas que ameaçassem o poder da aristocracia. Mas a militarização servia também para defender a cristandade contra seus inimigos,  por exemplo, os muçulmanos, ao mesmo tempo que garantia a conquista de mais terras.

Os constantes combates acabavam destruindo as plantações e os campos. No século X, a Igreja interveio, propondo a Trégua de Deus, que determinava que não se poderia guerrear entre a quinta-feira e a segunda-feira pela manhã.

fonte: Pedro, Antônio. História da civilização ocidental: ensino médio.volume único.

A sociedade feudal

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A sociedade feudal era rigidamente estratificada, isto é, dificilmente havia mobilidade, pois a  posição dos grupos era determinada pela relação com a terra. Segundo a mentalidade da época, a sociedade estava dividida porque Deus determinara diferentes funções para cada camada. Havia três camadas fixas. O clero (sacerdotes) era a camada mais importante, considerada intermediária entre Deus e os homens. Sua função era orar pela salvação de todos. Os guerreiros (nobreza e aristocracia) lutavam para proteger o resto da sociedade dos males do mundo. O seu poder vinha do fato de serem donos da terra e terem o monopólio militar. Os trabalhadores deveriam produzir o necessário para o sustento de toda a sociedade.

Na verdade, cada uma dessas ordens se subdividia em vários estratos internos. Havia diferentes tipos de trabalhadores: os pequenos proprietários, que cultivavam seus lotes (alódios); antigos proprietários, que se ligaram a um senhor (vilões, porque habitavam as vilas); e o trabalhador escravo, que não desaparecera totalmente da Europa medieval. Mas o principal trabalhador durante o período feudal era o servo, originário do antigo colonus. O servo não era um trabalhador livre, mas também não era um escravo. Estava ligado à terra, não podendo ser retirado dela para ser vendido. Outra diferença entre um servo é que o servo era dono dos instrumentos de produção.

Servos e Vilões

Quando um servo passava a viver e trabalhar  nas terras de um senhor feudal, todos os seus descendentes ficavam obrigados a permanecer nessa propriedade e trabalhar para os descendentes  desse senhor. Por mais explorados que fossem, os servos não podiam sair dos feudos onde viviam.

Além dos servos, o trabalho nos feudos era executado pelos vilões ou vilãos. Eles tinham de pagar os mesmos impostos que os servos, mas não eram obrigados a permanecer nas terras do senhor para sempre. Eram portanto, indivíduos livres, ao contrário dos servos que estavam presos à terra.

Servos e vilões estavam submetidos apenas à autoridade do senhor  feudal, pois não havia nenhuma outra autoridade acima dele. Não existiam leis escritas. Os senhores feudais definiam as regras de seu feudo de acordo com os costumes do lugar e julgavam tudo o que acontecia nele.

Assim o poder centralizado nas mãos do imperador ou do rei praticamente desapareceu nos reinos da Europa ocidental. Em seu lugar surgiu o poder local.

A figura do rei continuou a existir, mas ele perdeu poder de decisão. Cada senhor feudal exercia o governo e administrava a justiça no interior de seu feudo. Todos os que viviam no feudo lhe deviam lealdade e obediência – é isso que se chama poder local. O rei não tinha ali praticamente nenhum poder. É claro que o rei também tinhas seus domínios territoriais, isto é, seu próprio feudo, onde quem mandava era ele. Mas no feudo dos outros ele dificilmente conseguia intervir.

As relações sociais no feudalismo

O feudalismo foi constituído pela articulação entre dois eixos de relações: as relações feudo-vassálicas e as relações servis de produção. As relações feudo-vassálicas estabeleciam-se entre membros da aristocracia militar e territorial e baseavam-se no feudo e na reciprocidade. As relações servis de produção estabeleciam-se entre o senhor da terra e o trabalhador e estavam baseadas na desigualdade de condições e na exploração do trabalho.

A aristocracia feudal tirava seu sustento e garantia seu poder e sua riqueza por meio do trabalho do servo, da guerra das alianças. Os servos recebiam um lote para cultivar e eram defendidos pelo senhor, deviam a este uma série de obrigações: deviam trabalhar na reserva senhorial alguns dias por semana, e todo o produto desse trabalho era do senhor feudal (corvéia); entregava uma parte do que produziam na reserva servil (talha; pagavam pelo uso do moinho ou do lagar (banalidades); quando um servo morria, os filhos deveriam pagar para continuar em suas terras (mão-morta).

Havia um forte componente religioso nessa exploração do senhor sobre os servos, pois estes viam os senhores como protetores e patronos, que os ajudavam em tempos difíceis.

Mas de alguma forma, os servos conseguiam ter algumas atividades independentes. Os servos se ajudavam mutuamente nas pequenas plantações, nas pastagens das terras comunais ou em algumas festas. Tudo isso pode ser considerado como resistência ao poder dos senhores.

fonte: Pedro, Antônio. História da Civilização: ensino médio: volume único. p. 99 – editora FTD.

As características socioeconômicas do feudalismo

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O conceito feudalismo deriva da palavra feudo, que significa “bem dado em troca”. Assim, feudalismo é o nome que damos ao sistema no qual o feudo – um bem, que poderia ser um ou mais senhorios (territorial), uma quantia  anual (bolsa), a armadura de um cavaleiro (loriga), um conjunto de direitos de cobrança e obrigações camponesas (ban) – é o fundamento das relações socioeconômicas e políticas.

O feudalismo foi um sistema tipicamente europeu. Desenvolveu-se entre os séculos X e XI, mas atingiu seu auge no século XII, quando começou a entrar em decadência. A agricultura era a  atividade econômica que preponderava durante a época feudal e envolvia toda  a população, direta ou indiretamente. O senhorio, a unidade básica de produção do sistema feudal, era praticamente auto-suficiente. Produzia tudo ou quase tudo de que tivesse necessidade: leite, madeira, ferro etc. O que não era produzido pelo senhorio, era adquirido nos pequenos mercados das aldeias.

Veja a funcionalidade de um feudo ou senhorio

histblogsu010   feudalismo

Um Senhorio 

  1.   1 – Celeiro; estábulo
  2.   2 -  Igreja
  3.   3 -  Ferraria
  4.   4 -  Campos de pastagem comuns
  5.   5 -  Campos cultivados senhoriais
  6.   6 -  Pântano
  7.   7 -  Forno
  8.   8 -  Solo improdutivo
  9.   9 -  Terra de pousio
  10. 10-  Bosque
  11. 11-  Campos cultivados pelos camponeses
  12. 12-  Pomar
  13. 13-  Prado
  14. 14-  Moinho
  15. 15- Castelo
  16. 16- Casa do pároco
  17. 17- Aldeia

Os feudos territoriais ou senhorios (“do senhor”) eram divididos em três partes: a reserva senhorial ou manso senhorial, que eram terras de uso exclusivo do camponês ou manso servil, que eram terras exploradas pelos camponeses e suas famílias; as terras comunais, constituídas por pastos, florestas e baldios que forneciam frutas, madeiras, mel, castanhas etc. A caça era direito exclusivo do senhor.

As sociedades Feudais – Cronologia

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  • Séculos III e IV – Tem início importantes transformações no Império romano do Ocidente com a transferência de muitas pessoas da cidade para o campo e o surgimento de colonos.
  • 476 – O império romano do Ocidente se desintegra
  • Século V - Formam-se diversos reinos germânicos no território antes ocupado pelo Império romano do Ocidente.
  • Séculos V a VIII – Período em que começam a se desenvolver relações feudais de produção na Europa ocidental.
  • Séculos VIII e IX – A península Ibérica é ocupada pelos muçulmanos e outras regiões da Europa são conquistadas pelos vikings; o comércio decai e acentua-se a formação do sistema feudal.
  • séculos IX ao séc. XIII – Consolida-se a sociedade feudal em quase toda a Europa Ocidental.

A consolidação do feudalismo

O feudalismo resultou da síntese entre a sociedade romana em decadência e a sociedade bárbara germânica em transformação.

A sociedade romana era eminentemente agrária, mas com a vida urbana intensa. Com as crises dos séculos III e IV, a escassez de mão-de-obra escrava levou os grande proprietários a abandonarem as cidades e rumar para suas Villae (latifúndios), onde exploravam o trabalho dos coloni (antigos escravos ou camponeses que se tornaram vinculados à terra e dependentes de seus senhores). Os coloni eram juridicamente livres, mas não podiam abandonar a terra. Esses trabalhadores são os precursores dos servos medievais.

A condição social passava, assim, a ser determinada pela relação com a terra. A sociedade romana passava por um processo de ruralização, acentuado pelo desaparecimento dos grupos médios ligados ao comércio e às atividades urbanas em geral. Esse processo foi importante para a formação do feudalismo, pois reforçou o poder político dos senhores locais, enfraquecendo o poder central do império.

A descentralização política mencionada acima se acentuou com os bárbaros: o comitatus era uma velha instituição bárbara que estabelecia uma relação de fidelidade mútua entre chefes e guerreiros, o que reforçava os laços de dependência pessoal e diminuía um eventual poder central. Os chefes bárbaros remuneravam seus colaboradores com terras, o chamado beneficium, que dava alguma autonomia aos guerreiros que o recebiam, principalmente quando recebiam a imunidade, ou seja, independência para administrar seu território.

A sociedade germânica era também eminentemente agrária e pastoril, o que acentuou o processo de ruralização da economia e da sociedade depois da invasão.

Uma das maiores contribuições da sociedade bárbara para a concretização do feudalismo foi seu sistema de leis, que se baseava no direito consuetudinário, isto é, nos antigos costumes herdados dos antepassados, para os quais as práticas fundavam a lei oral, que regulava as relações pessoais.

A contribuição dos árabes, eslavos e normandos para a formação da Europa feudal

No século IX as sociedades européias encontravam-se em avançado estado de ruralização. As invasões que ocorreram nesse século fizeram com que os senhores rurais tentassem organizar uma defesa individualizada, erigindo castelos e fortificações.

Após conquistar o norte da África, invadir a Europa e dominar a península Ibérica, os muçulmanos, nos séculos IX e X, transformaram o Mediterrâneo em seu domínio quase exclusivo. Os postos comerciais desse mar ficaram em suas mãos, o que dificultava a atividade comercial  e provocava o isolamento da Europa.

As tribos de eslavos que haviam sido submetidas pelos francos se libertaram e passaram a saquear as vilas e os domínios rurais, aumentando a insegurança. Ao mesmo tempo, os nômades magiares (húngaros) fixaram-se no médio Danúbio e daí organizaram ataques para saquear terras e vilas.

Também os normando ou vikings (povos que viviam na atual Dinamarca) transformaram seu padrão de relação com o continente europeu: começaram a incursionar por variados pontos da costa norte da Europa também para saquear. Vinham para vender  peixe seco e peles, mas também se dedicavam ao saque e a pilhagem das aldeias e domínios rurais. A Europa estava sendo ‘sitiada’ pelas invasões do século IX. Esse fato não foi determinante, mas ajudou a Europa a se feudalizar.

 fonte:Pedro, Antônio. História da Civilização Ocidental: ensino médio:volume único. p.97-8.

 

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