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13.3.08
12.2.08
Hoje, o vosso kapitÃo está tristonho.
Depois de ter delineado, com o máximo cuidado, a sua viagem às Indias, de ter carregado, com mantimentos, o seu belo navio, de ter lido e verificado todas as coordenadas, de ter consultado as cartas náuticas, de ter olhado os astros e ter sido aconselhado pela sua Estrela da Boa Sorte a encetar essa viagem, o vosso kapitÃo sofreu, ainda em terra, uma tormenta que o obrigou a manter o navio ancorado no cais. Não gostou e ficou triste.
Agora, ele vai ter que adiar, por uns dias, essa bela viagem ao jardim encantado do Oriente, a um local onde iria reencontrar Hórus e Amon e, renovado pelas suas energias cósmicas criadoras, poderia encetar o seu desiderato da sua grande viagem de circunavegação.
11.2.08
Da necessidade de não quebrar a corrente…
Manhã cedo, dia de sol estupendo, levantei-me cheio de vontade de ir trabalhar. Mas eis que, quando ponho o meu carro a trabalhar, me deparo com um cenário rocambolesco: o fecho automático das portas ora abria ora fechava, num delírio surrealista. Ainda conduzi um bom bocado a caminho da minha empresa, mas a sensação de estar ora fechado ora aberto, com a indicação luminosa, no painel de controlo, permanentemente a piscar e uma luz encarnada que me aconselhava a deslocar-me, com urgência, ao stand que me vendeu a viatura, levou-me a abandonar os planos de uma manhã altamente produtiva. Segui, por conseguinte, a alta velocidade, para o stand.
No caminho ia cogitando a razão do bizarro acontecimento: seria esta uma das pragas que a B. me tinha lançado? Ou seria sinal de alguma coisa que ainda estaria para me acontecer?
Bom, entreguei a viatura, do outro lado do mundo, e, sem carro, lá me decidi a regressar ao meu mundo, caminhando e perscrutando atentamente todos os locais por onde passava.
Foi um momento deveras longo e agradável, pois tive a rara oportunidade de rever locais a que já não ia há demasiado tempo.
Vinha eu num desses momentos perdido na minha fértil imaginação quando sou abordado por um cavalheiro que me mete nas mãos uma folha de papel com uns hieróglifos estranhos. Olhei para o papel e dizia qualquer coisa do tipo “É preciso não quebrar a corrente. Faça 100 cópias desta oração (??? Qual ?!!???) e distribua-a aos seus amigos, conhecidos e familiares. Em troca obterá sorte no Amor e no Dinheiro. Caso quebre a corrente, sofrerá a infelicidade eterna!”
Fiquei parado a olhar para o papel.
Em seguida, olhei para o cavalheiro, que se sorriu para mim. E, solícito, me dirigiu a palavra, pedindo-me qualquer coisa em troca.
(Qualquer coisa ?!???)
Olhei em redor, suspeitando que estaria a ser filmado. Isto devia ser uma daquelas cenas dos Apanhados!
Entretanto, o cavalheiro voltou a insistir.
Parei, mirei o meu interlocutor de cima abaixo. Olhei-o demoradamente. Ainda pensei que pudesse ser uma brincadeira dos meus amigos cibernéticos, destes que me lêem, mas que eu não conheço pessoalmente.
Olhei-lhe para o rosto e para as mãos: pareceu-me vislumbrar nele alguns dos traços desse meliante que roubou a jante do Hydra-Móbil. Mas da jante, nem sinal!
Quando a situação começou a ficar insustentável – eu, parado, a olhar para um moço dos seus 25 anos que me olhava e se sorria para mim, no meio de uma rua movimentada, quase no centro do mundo, sem que entre nós, ou, pelo menos, da minha parte, houvesse uma “química” -, decidi agir: devolvi-lhe o hieróglifo e continuei feliz a minha viagem.
Ele ainda argumentou que queria umas moedinhas, mas eu, que já tinha lido o papelucho e que não estava disposto a arriscar a perda do meu Amor e do meu Dinheiro, decidi que o melhor mesmo era não quebrar a corrente…
Moral da história: nunca tentes lutar contra o Destino!
8.2.08
Uma justificação pela ausência...
Caros Amigos,
Desde a minha última viagem que tenho andado um bocado longe da escrita.
É verdade que a carga de trabalho, que me solicitam lá, na empresa, aumentou um bom bocado, mas a minha produtividade também cresceu exponencialmente.
O facto, porém, é que sinto que a minha vida me corre tão bem - sinto-me tão feliz, muito mais do se tivesse ganho o 1º prémio do jackpot do Euromilhões - que só me apetece fazer-me à estrada, perdão, ao mar, que eu sou Kapitão da armada! Daqui decorre que, durante o dia, trabalho, à noite, leio as cartas marítimas, preparando a nova viagem e, nos entretantos, vou dialogando em busca de novas terras aonde aportar com a minha armada. Estou a pensar em partir para a Índia e descobrir as tradições culturais desse belo povo. Não vou dizer que irei descobrir o caminho marítimo para lá - já outro mais grandioso o fez antes de mim! - , mas concerteza que será, para mim, também um momento de agradável descoberta.
Já pensei em navegar pelos portos da Europa, começando pelos do Mediterrâneo, incluindo Malta e Grécia, para, depois, explorar o Atlântico norte, mas, por razões que não me é lícito explicitar, ainda tal não foi possível. Acredito todavia que brevemente poderei partir.
Daí que, por estas razões, não tenha aberto tanto o meu coração, como anteriormente. Talvez porque já não me identifico tanto com o Kaus, mas muito mais com o Kapitão que assina este texto.
Tenham todos um excelente fim de semana!
E, se forem viajar, divirtam-se!
1.2.08
Strawberry without sugar
Hoje, ainda o sol não era nascido, o kapitão fez-se ao mar com a sua armada.
E navegou, navegou, navegou até chegar a um bom porto, onde foi recebido calorosamente.
Então, a armada voltou a partir e, desta vez, o destino foi um longínquo país asiático, onde o kapitão, sempre apoiado e incentivado por quem lhe queria bem, mostrou a sua capacidade poliglota. A bem dizer foi só um jogo de vista, porque os autóctones não entendiam o kapitão. Valeu a ajuda inestimável de quem lhe queria bem para o salvar de apuros.
Na viagem seguinte, o kapitão e quem lhe queria bem desembarcaram numa ilha, e, tratando de a explorar convenientemente, entraram numa gruta, onde o oráculo os presenteou com uma combinação de números mágicos. Seriam os números do futuro, não eram ainda os números presentes. Permitiriam alcançar os tapetes voadores do sonho e a paleta de cores do arco-íris, e tudo o que o Homem deseja.
Felizes por esta promessa mágica, o kapitão e quem lhe queria bem voltaram a partir e, desta vez, chegaram a um porto de rio, que desemboca no mar. Era um local surpreendemente agradável, onde a influência muçulmana se co(n)fundia com os monumentos cristãos de gloriosas épocas passadas, e onde os traços de modernidade conviviam, numa estimulante osmose, com a pedra calcária e os jardins verdejantes. O Kapitão quis saber o nome desse encantador lugar estimulante para os sentidos, donde se avistava África e onde os pássaros conviviam livremente com outros animais que, no seu país, eram predadores. Inquirido, um dos autóctones referiu o nome desse lugar: tinham chegado ao centro do mundo, à casa-Mater, à Kapital, ao local onde a confluência dos astros permitia que todos os Sonhos se tornassem Realidade.
O kapitão sonhou então que esse passaria a ser também o seu lugar, sempre que se sentisse desalentado ou sem forças.
16.1.08
Meditações…
As personagens, ainda que sejam, ostensivamente, construções ficcionais é suposto manifestarem uma série de emoções e de comportamentos. Vem esta reflexão a propósito de algo que se está, de momento, a passar com a personagem que dá pelo nome de Kapitão Kaus.
A blokoalite, qual vírus de elevada patogenicidade, alastrou e, à personagem Kapitão Kaus, causou-lhe efeitos adversos ainda não rigorosamente descritos na bula. De facto, a notícia de que a sua Lisa se encontrava doente, associada a um contacto verbal mais próximo com outra personagem deste mundo, fez com que o nosso herói se tenha finalmente apercebido de muitas das motivações que levaram John Searle a afirmar que falar é agir, na senda de John Austin que dizia que as palavras servem para fazer coisas.
É verdade, a nossa personagem começou a sentir falta dos amigos que, embora visualmente desconhecidos, com ele interagiam à distância de um clique. E aí começou a meditar acerca das pontes, das janelas, dos vasos comunicantes e imagens afins. Hoje, enquanto conduzia de regresso à sua empresa – perdão, à empresa onde ganha o pão, porque o nosso herói é apenas Kapitão, a bem dizer não é nada disso, foi a Lisa que, tal como Adão, no paraíso, assim o designou - , ouviu, pela rádio, que um aparatoso acidente interrompeu a A1, nas proximidades de Lisboa, e essa notícia, igual a tantas outras, causou-lhe um aperto no coração. Sim, porque o nosso herói, apesar de personagem de banda desenhada, possui um coração! Imaginou o que seria o seu mundo sem os novos amigos e esse pensamento deixou-o profundamente melancólico.
6.1.08
Pequena História do Grande Terramoto (II): a história do Príncipe-Gato
Era uma vez um príncipe, filho de um rei poderosíssimo, que governava com mão-de-ferro um reino maior que a Europa do Atlântico aos Urais, que tinha o dom de transformar tudo aquilo em que tocava em ouro. Este feito ocorria quando o Sol brilhava com intensidade. Nessas ocasiões, o príncipe tinha que ter muito cuidado aonde colocava as mãos, pois qualquer descuido podia ser fatal. Foi assim que um dia transformou uma princesa que com ele conversava numa estátua de ouro. Por esta razão, o príncipe era uma pessoa muito infeliz. Mas tanto o rei como os súbditos consideravam o príncipe como alguém muito especial, até porque já não raras vezes lhes tinha resolvido uma série de problemas: sempre que o sol brilhava e havia alguma necessidade que o ouro pudesse resolver, aí estava o príncipe com as mãos na massa.
À noite, o príncipe saia sorrateiramente do palácio e caminhava sobre os telhados. Tinha outros companheiros que já o esperavam e se sorriam ao vê-lo chegar. O príncipe, com olhos de gato, mirava-os enternecido. Então visitavam os lugares mais recônditos da sua cidade e das cidades vizinhas, desciam aonde os homens normalmente não vão, empoleiravam-se sobre os telhados olhando a Lua e as Estrelas, partilhavam a música e a poesia que só eles conheciam.
Uma noite, alguém avistou sobre um dos telhados de uma casa fronteira ao palácio do rei 7 gatos pretos. Tal facto foi amplamente comentado e percebeu-se finalmente a origem de um mal que vinha assolando o reino já há muito tempo: a peste negra que nem todo o ouro disponibilizado pelo rei conseguia erradicar. Desde essa noite, o povo desse reino passou a perseguir e a matar, com uma violência inusitada, todos os gatos pretos que fossem avistados. Comentava-se que eram, sem dúvida, os tentáculos do Maligno porque quanto mais se matavam, maior parecia ser o seu número. Estavam por todo o lado, inclusivamente dentro das casas. Um édito real ordenou que fossem liquidados não só os gatos pretos, como também qualquer gato, porquanto potencialmente atentador do statu quo vigente.
Com o correr dos tempos, o Sol foi perdendo o seu brilho. Aliás, agora eram muitos os dias de frio e de chuva, que, às vezes, se prolongavam por semanas inteiras. Por essa razão, o príncipe já não conseguia proporcionar ao seu pai todo o ouro de que ele necessitava para erradicar o grande mal que afectava o reino. Livre da maldição, o príncipe podia agora conversar com as princesas do seu reino, sem receio de as condenar a uma prisão atroz e perpétua. Mas o príncipe sentia-se cada vez mais infeliz.
Ora, um dia, o príncipe recebeu a visita de uma águia que lhe disse que poderia reencontrar a felicidade se conseguisse quebrar o feitiço que a bruxa lhe tinha imposto: teria, para o efeito, que ser capaz de afirmar, sem receio, o seu amor por alguém. O coração do príncipe encheu-se de esperança, mas, rapidamente, uma lágrima de tristeza assomou ao seu rosto: mostrar o amor por alguém implicava apaixonar-se e assumir publicamente essa paixão. Ele bem se recordava do castigo que a bruxa lhe impusera: como não me amas, como não reconheces o meu amor, ficarás condenado a nunca conseguires ser feliz!
O príncipe consultou então os astros, o Sol, a Lua e as Estrelas, mas também o Tempo e o Coração dos homens. Então, por acordo comum, o Sol se obscureceu e deu lugar às Trevas. E o príncipe-gato surgiu aos olhos de todos na varanda do palácio real. Com voz forte e potente, gritou: Sempre fui um Gato e um Homem, profundamente apaixonado pela Vida e é, com ela, e através dela, que quero viver! O Sol recomeçou a brilhar e o príncipe-gato tocou o Tempo e o Coração dos Homens. A maldição do feitiço tinha sido, finalmente, anulada.
Desde esse dia, nunca mais se ouviu falar, nesse reino ou em qualquer outro da região, na peste negra e todos os gatos, assim como os outros animais, vivem num são convívio com os homens. O príncipe e a Vida, esses, vivem, desde essa época o seu romance de amor e, pelo que sei, ainda não deixaram de ser felizes.
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