O tempo passa mas as minhas crises existenciais e as minhas dúvidas parece que são sempre as mesmas. Parece não, são-no, efectivamente.
O tempo passa e só vejo amigos meus a comprar casa, colegas meus a casar e toda a gente cheia de planos para concretizar a curto prazo, enquanto eu nem por isso.
Claro que gostava de comprar casa, já me estou a imaginar a morar no meu T2, a comprar cortinados com a minha mãe e a obrigar o meu namorado a pendurá-los maravilhosamente. Claro que me imagino numa casa só minha e é um dos meus projectos futuros, também a curto prazo. O meu problema não é a casa, não é bem morar com o meu namorado porque nos damos lindamente e mesmo nas lides domésticas. Ele já se tornou um expert a pôr a mesa e a lavar a loiça, não gosto mais dele por isso, mas ajuda. Estou agora a tentar iniciá-lo no acto de passar a ferro, mas esta tarefa está mais complicada, principalmente porque o que eu quero que ele aprenda a passar são as camisas e as calças vincadas dele. Mas retomando o raciocínio, o que me assusta passa por não ter a minha casa para me refugiar quando nos zangamos, não ter uma cama só para mim quando me apetece estar sozinha, ter alguém à minha espera quando saiu com os meus amigos e chego tarde para caraças. Estes são, basicamente, os meus problemas. São estúpidos, ridículos e significam que, provavelmente, eu não estou assim tão empenhada nesta relação porque penso nestas aspectos. Eu sei disso. Provavelmente é verdade. Mas eu também tenho a certeza absoluta que gosto dele e que quero ficar com ele. Então, serão estas ideias incompatíveis? Sim, provavelmente são. Mas o que posso eu fazer?