Semana de 07 a 13 de abril de 2025
Lucas Milanez de Lima Almeida [i]
Prezado leitor, certamente gostaríamos de iniciar esta análise falando dos feitos brasileiros nos últimos tempos.
Por exemplo, segundo a PNAD contínua, o desemprego no Brasil chegou a 6,8%. Já a renda dos 50% mais pobres da população teve um aumento de 10,7% entre os meses de outubro e dezembro de 2024, quando comparado com o mesmo período de 2023. Dentre os fatores que mais contribuíram para a melhoria de renda dos mais pobres, destacam-se o baixo desemprego e o aumento nos anos de escolaridade dos empregados. Outro indicador importante foi o crescimento do setor de serviços no Brasil, que, enfim, voltou a apresentar um crescimento disseminado. Em fevereiro de 2025, a atividade foi 4,2% maior do que a observada no mesmo mês de 2024.
Estávamos muito interessados em falar de outras coisas daqui, mas um ser humano alaranjado e de ralos cabelos dourados nos obriga a falar sobre seu tarifaço...
Como era de se esperar, as incompreensíveis medidas de Donald Trump afetaram primeiro as bolsas de valores. Causada por aquele famigerado anúncio das tarifas, ainda no dia 02 de abril, a semana passada começou com uma queda generalizada nas principais casas de apostas do mundo: Nasdaq, Dow Jones, Nikkei, Shanghai e Ibovespa. Nada mais normal, os especuladores aproveitando para fazer o que sabem de melhor: ganhar dinheiro em cima do desespero dos outros. Porém, passado o trauma inicial, a semana se encerrou com os índices em trajetória ascendente e apontando para a volta à normalidade.
O motivo para o fim do desespero especulativo foi o recuo dos EUA diante da escalada tarifária de todos os seus parceiros comerciais. Como era de se esperar, não ficaria pedra sobre pedra se a Lei de Talião continuasse em vigor (“olho por olho, dente por dente”). Apontado como principal alvo (ou mesmo o único, desde o começo), os norte-americanos só dobraram a aposta para cima da China. Mas, mesmo neste caso, o recuo não deve demorar.
O motivo principal, como já vimos falando em
outras ocasiões (link),
é que as cadeias produtivas das grandes empresas dos EUA estão espalhadas pelo
mundo. Ou seja, para que as próprias companhias norte-americanas vendam dentro
do seu território pátrio, é preciso trazer partes dos produtos (ou ele todo) de
outros países via importações. Assim, com o aumento das tarifas
Enfim, por mais que o objetivo de Trump seja alterar a atual estrutura produtiva mundial, baseada nas cadeias globais de valor (CGV), não é assim que as grandes transformações ocorrem. Marx já dizia que, antes da decadência do velho, o novo já deve ter surgido e se mostrado melhor. Por exemplo, em meados dos anos 1970 e 1980, as CGV surgiram dentro de um padrão de organização industrial bem estabelecido e baseado na lógica fordista de produção em massa, sob a liderança dos grandes distritos industriais.
[i] Professor (DRI/UFPB; PPGCPRI/UFPB; PPGRI/UEPB) e Coordenador do PROGEB. (@progebufpb, www.progeb.blogspot.com; @almeidalmilanez; lucasmilanez@hotmail.com). Colaboraram: Brenda Tiburtino, Ryann Félix, Ícaro Formiga, Maria Júlia Gomes, Raquel Lima e Antonio Queirós.